Engenharias / Engenharia Ambiental e Sanitária
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO SOLO EXPOSTO À CONTAMINAÇÃO POR BORRAS DE PETRÓLEO
PROVENIENTE DE ATIVIDADES PETROLÍFERAS NO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO CONDE, BAHIA.
Lorena Bomfim Hellström
[email protected]
Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária - Universidade Salvador – UNIFACS
José Ângelo Sebastião Araujo dos Anjos
Prof. Dr. / Orientador
Introdução
São Francisco do Conde, localizado no estuário do rio Subaé, é um dos municípios do estado brasileiro que detém um
alto Produto Interno Bruto em função da exploração e refino de petróleo. A região apresenta impactos relacionados ao
uso e ocupação do solo e, principalmente, pelas atividades da indústria química e petrolífera. Ao longo dos anos, o rio
Subaé e seu estuário foram intensamente contaminados por resíduos de variadas fontes, em especial, da metalurgia do
chumbo proveniente da Plumbum, localizada em Santo Amaro/Bahia e dos poços de petróleo da Petrobras, localizados
no mar e continente do estuário do rio Subaé. Os impactos provenientes das atividades petrolíferas foram registrados,
por meio de derramamento de óleo, supressão de aterros de mangue e deposição de borras no substrato rochoso.
Esse trabalho teve como objetivo avaliar preliminarmente, o solo contaminado pelos poços de petróleo localizados na
zona costeira do município de São Francisco do Conde.
A pesquisa foi desenvolvida por intermédio de levantamento bibliográfico, de campo e laboratório. A atividade
desenvolvida em campo teve como objetivo a investigação dos passivos ambientais por meio de registros fotográficos e
percepção visual de áreas passíveis a degradação. Enquanto as atividades laboratoriais realizaram preliminarmente
aspectos texturais e físico-químico do solo e água superficial.
Métodos
A pesquisa bibliográfica identificou as áreas mapeadas com ocorrências de derramamentos de borra oleosa. Enquanto
na pesquisa de campo foram visitadas as seguintes ocorrências: Porto de Dom João (Rio Dom João), Marapé, o Gerador
de Marapé, um poço inativo próximo a refinaria Landulfo Alves, além de três poços inativos e sem registro de borra.
O poço escolhido para coleta de material encontra-se na Fazenda Dom João e está desativado desde junho/2011. Para
coleta do solo fora utilizado luva de nitrila, pote de vidro 250mL, papel alumínio, etiqueta auto adesiva, caixa de isopor,
divisórias de papelão, faca, trena, colher e gelo.
Foram coletadas três amostras de solo próximas à borra oleosa de petróleo. A primeira coleta manteve uma distância de
2m do raio da borra, a segunda amostra 20m e a terceira 30m do ponto inicial, acompanhando o fluxo do gradiente do
solo. O primeiro solo coletado caracteriza-se como uma mistura de concreto e solo arenoso, a segunda coleta foi
identificada uma mistura de resíduo da indústria química com o solo argiloso e, na terceira amostra composta
predominantemente por solo argiloso. Também foram coletadas três amostras de água superficial em um barramento
próximo a coleta do solo. As coletas de solo e água superficial foram realizadas de acordo com os procedimentos
estabelecidos pelas normas da ABNT/2004.
Resultados e Discussão
Nos solos contaminados identificados na pesquisa bibliográfica não foram registrados ocorrência visual de
derramamento de óleo ou deposição de borras oleosas. Os terrenos não apresentavam impacto visual, além de não se
identificar degradação das espécies vegetais.
No ponto de coleta do Poço Dom João 44, as amostras de solo foram encaminhadas para análises no laboratório do
NEA (Núcleo de Estudos Ambientais) localizado no Campus do Instituto de Geociências, da Universidade Federal da
Bahia – UFBA.
Foram analisadas as proporções de areia, silte e argila nas amostras de solo, além da densidade real e aparente de
partículas e os teores de matéria orgânica.
Para a análise das amostras de água superficial foi realizado estudo de Cromatografia - técnica de separação de
misturas e identificação dos seus componentes. Nesta análise foi verificado que não há contaminação da água pelo solo
contaminado com petróleo. O pH das amostras de água superficial variaram entre 7,5 e 8.
Considerações finais
Os produtos de petróleo geralmente consistem de misturas complexas, apresentando diferentes características, tanto
físicas como químicas. O solo tem a capacidade de filtrar, reter ou liberar hidrocarbonetos de petróleo. Essa capacidade
do solo é fundamental para se determinar o tipo e a extensão da contaminação ambiental. Análises físicas de solo, como
granulométrica, densidade real e aparente foram realizadas nas amostras de solo da região costeira de São Franciso do
Conde. Os resultados preliminares caracterizaram que os hidrocarbonetos alteram o comportamento das partículas do
solo, modificando os resultados da granulometria, pois o elevado teor de matéria orgânica prejudica a dispersão da
argila. As associações fortes entre superfícies minerais, matéria orgânica e petróleo podem severamente limitar os
processos físico-químicos e biológicos convencionais.
Segundo o conceito de sustentabilidade não se pode pensar em desenvolvimento econômico ou social sem enfatizar as
questões ambientais, priorizando tanto a sua conservação quanto a recuperação.
Recomenda-se um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas para a região, com o objetivo de se caracterizar
efetivamente todos os impactos ambientais que ocorrem na região, assim como as medidas de controle ambiental
efetivadas pelas empresas de petróleo atuantes na região.
Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB
Agradecimento: NEA – Núcleo de Estudos Ambientais do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chaves: Poço Dom João / Solo / Petróleo
Download

Lorena Bomfim Hellström - Pesquisa e Extensão Comunitária