Necessidades Educativas »» Sara Louro Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação www.clinicadaeducacao.com A Disortografia na infância Alguns sinais indicadores: – Substituição de letras com sons semelhantes; – Omissões (chocolate-chocoate) e adições (ambulância-ambunlância); – Uniões (na casa-nacasa) e separações (automóvel-auto móvel); – Omissão e/ou adição de “h“ (hotelotel;) – Dificuldade na perceção dos sinais gráficos (parágrafos, pontuação e acentuação); – Escrita de “n“ em vez de “m“ antes de “p“ ou “b“; – Substituição de “r“ por “rr“; – Trocas (SS - S; S - Ç; CH - X); – Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia semelhante: a-o; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u etc; – Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; d-b; d-p; d-q; n-u; a-e; – Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x;c-g;m-b-p; v-f; – Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; escola-secola. “O meu filho escreve com muitos erros”, “O meu filho esquece-se de escrever letras e noutras alturas acrescenta letras que não existem numa palavra”, “O meu filho nunca está com atenção, frequentemente troca sílabas quando escreve palavras do dia a dia”… Afirmações como estas não são novidade para quem trabalha ou convive com pais de crianças com Disortografia. P FOTO: GELPI ela definição, Disortografia é “o conjunto de erros da escrita que afetam a palavra mas não o seu traçado ou grafia” (Vidal, 1989). Resultam na incapacidade de estruturar gramaticalmente a linguagem, podendo manifestar-se no desconhecimento ou negligência das regras gramaticais, confusão nos artículos e pequenas palavras e, em formas mais banais, na troca de plurais, falta de acentos ou erros de ortografia em palavras correntes ou na correspondência incorreta entre o som e o símbolo escrito (omissões, adições, substituições, etc.). Por sua vez, Moura (2000), diz-nos que Disortografia é uma perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor textos escritos. Estas dificuldades centram-se na organização, estruturação e composição de textos escritos, sendo que a construção frásica é pobre e geralmente curta, observando-se a presença de muitos erros ortográficos. AVALIAÇÃO/DIAGNÓSTICO Tal como na Dislexia é da máxima importância fazer atempadamente a avaliação, para posteriormente se poder intervir. Infelizmente, nem sempre o diagnóstico de uma criança com disortografia é realizado logo no início da sua escolaridade, permitindo uma intervenção mais precoce e mais célere. Apesar de pequenos sintomas estarem certamente presentes anteriormente, raramente são diagnosticados antes dos 6 anos de idade, dado que só nesta altura a criança toma contacto com as aprendiza- 14 gens escolares. Existem testes e avaliações formais, pelo que cabe não só aos professores mas também aos pais, que passam mais tempo com a criança, aperceberemse de alguns sinais que possam revelar uma possível dificuldade na aprendizagem da escrita. Preste atenção a alguns sinais: desde a infância, a criança com disortografia poderá manifestar alguma dificuldade a nível das atividades que requerem coordena- ção óculo-manual e óculo-pedal, sendo frequente uma sensação de insegurança e desequilíbrio em relação à gravidade. Podem surgir atrasos no desenvolvimento da marcha, dificuldade em subir e descer escadas, dificuldade em aprender a andar de bicicleta e a jogar à bola. As tarefas que envolvem a coordenação visuo-motora podem ser complicadas: construções com blocos, jogos de encaixe, utilização da tesoura, atar os cordões dos sapatos.... Devido a estes “erros e trocas”, é frequente a criança com disortografia apresentar textos muito reduzidos e ler devagar por causa das suas dificuldades; poderá ser algo desorganizada, bem como distraída ou esquecida, independentemente do quanto se esforce; outra característica comum é ter alguma dificuldade em seguir uma sequência de instruções. Após o diagnóstico, deve então passar à fase de reeducação e reintegração sócioescolar das crianças com Disortografia. Assim, a intervenção não deve centrar-se apenas na correção dos erros ortográficos, mas atuar também ao nível da perceção auditiva, visual e espacio-temporal, memória auditiva e visual, vocabulário e outros. Estas lacunas e dificuldades ao ní- vel da escrita, estão relacionadas com um défice nos processos fundamentais para a aprendizagem, pelo que deverá ser neste âmbito que a intervenção deve incidir prioritariamente: Perceção: - Memória visual e auditiva, fundamental para a memorização dos esquemas gráficos ou para discriminação dos fonemas; - Estruturação espacio-temporal, essencial para a discriminação de grafemas com traços semelhantes e adequado acompanhamento da sequência e ritmo da cadeia falada; - Atenção: se esta é instável ou frágil, não - Fraco conhecimento e utilização do vocabulário. Afetivo-emocional: - Baixo nível de motivação. Pedagogia: - Métodos de ensino não adequados à problemática, não se ajustando às necessidades individuais e não respeitando o ritmo de aprendizagem de cada aluno. Todas as actividades de estimulação da linguagem escrita devem ser realizadas de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras divertidas, para que a criança sinta que escrever é algo positvo. Acima de tudo, não sobrecarregue a crian- Crianças com Disortografia: o que fazer As crianças com disortografia têm uma maior necessidade de acompanhamento constante, não só dos pais, mas também dos professores que as seguem e que são responsáveis pela sua aprendizagem. Partindo do princípio de que não existe uma receita para “curar” a disortografia, ficam algumas sugestões de trabalho que poderão ajudar e que são facilmente aplicáveis: - Encoraje todas as tentativas de escrita, mostre interesse pelos trabalhos escritos e elogie o seu filho; - Incite a criança a elaborar os seus próprios postais e convites, a escrever o seu diário no final do dia como rotina; - Chame a atenção da criança para as situações diárias em que é necessária a utilização da escrita; - Incite a criança a ajudá-la na elaboração de uma carta ou uma lista de compras; - Não valorize demasiado os erros ortográficos, uma vez que estes já são frequentemente motivo de repreensão e frustração; - Ao invés de corrigir simplesmente os erros, tente procurar a solução juntamente com a criança (ex.: “qual a outra letra que podemos usar para fazer esse som?”); - Utilize cadernos de atividades que sejam do agrado do seu filho (que existem no mercado) e que permitam à criança trabalhar os vários casos de ortografia; - Estabeleça uma boa relação com os professores do seu filho, assegurando-se de que eles têm consciência das suas necessidades, e articule com eles um trabalho conjunto de apoio ao seu filho; - Na escola, sente o aluno próximo do professor, para que possa captar-lhe a atenção e ajudá-lo nas suas dificuldades; - Elimine possíveis focos de distração (materiais desnecessários, janelas abertas, barulhos…); - Ajude o aluno a organizar o material de trabalho (dossier, pasta de trabalhos realizados…); - Tente marcar menos trabalhos de casa de forma a possibilitar que o aluno os termine com sucesso; - Quando possível, aceite respostas orais; - A nível gramatical, sublinhe o que está certo em vez do que está errado; - Não insista demasiado em cópias e ditados. permite a fixação dos grafemas ou dos fonemas corretamente. Linguística: - Problemas de linguagem – dificuldades na articulação (dislalias/disartrias); ça com trabalhos e fichas que a cansem demasiado e a levem a ver as atividades académicas como desagradáveis. Tem de haver tempo para trabalhar mas também muito para brincar!!! ■ Cadernos de Atividades para o pré-escolar com objectivos pedagógicos específicos www.coisasdecrianca.com TUTTIRÉV Editorial, Lda. - Rua da Bica, Núcleo Empresarial II Escritório AA • 2665-593 Venda do Pinheiro • Telef. 21 966 68 80 • Fax. 21 966 14 75 • [email protected]