O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CNA - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA
O AGRONEGÓCIO NA ECONOMIA BRASILEIRA
1994 A 1999
JOAQUIM JOSÉ MARTINS GUILHOTO
Universidade de São Paulo e University of Illinois
MARIA CRISTINA ORTIZ FURTUOSO
Universidade de São Paulo
GERALDO SANT’ANA DE CAMARGO BARROS
Universidade de São Paulo
SETEMBRO – 2000
1
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
PREFÁCIO
O trabalho aqui apresentado é o resultado de uma pesquisa conduzida no Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA-USP), com o suporte da
Confederação Nacional da Agricultura (CNA),
cujo objetivo final foi o de fornecer subsídios para a
estimação do crescimento mensal do PIB do Agronegócio Brasileiro.
A metodologia e os resultados apresentados, portanto, fornecem a base para o delineamento do
Agronegócio Brasileiro. Desta forma é feito um estudo detalhado do Agronegócio Brasileiro no período de
1994 a 1999.
Deve ser deixado um agradecimento especial ao suporte recebido da CNA e do seu departamento
econômico,
em especial nas pessoas de Vicente Nogueira Netto, Getúlio Pernambuco, e Paulo Mustefaga,
cujos comentários e apoio certamente contribuíram para a qualidade final do trabalho. Os comentários e o
apoio recebido dentro do CEPEA-USP e do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da
ESALQ-USP são também reconhecidos. Ao estagiário Gustavo de Souza e Silva é deixado o nosso
agradecimento pelo trabalho na entrada dos dados e na confecção das figuras aqui apresentadas. Como em
todo trabalho, as falhas que ainda permanecem são de responsabilidade dos autores.
Piracicaba
Setembro de 2000
Joaquim Guilhoto
Cristina Furtuoso
Geraldo Barros
- i-
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
ÍNDICE
Página
PREFÁCIO ........................................................................................................................................................................................I
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................1
1.1. AEVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS RELAÇÕES ENTRE A A GRICULTURA E A INDÚSTRIA.....................................................................................................1
1.2. OBJETIVOS....................................................................................................................................................................................................................................................................11
2. FORMULAÇÕES GERAIS SOBRE O AGRONEGÓCIO .......................................................................................13
3. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................................................................35
3.1. FONTE E TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES BÁSICAS..................................................................................................................................................................35
3.2. LIGAÇÕES INTERINDUSTRIAIS E SETORES-CHAVE .............................................................................................................................................................................37
3.2.1. Os índices de Rasmussen-Hirschman .........................................................................................................................................................................................37
3.2.2. O índice puro de ligações interindustriais................................................................................................................................................................................39
3.3. OS SETORES INDUSTRIAIS LIGADOS À AGRICULTURA.....................................................................................................................................................................43
3.4. CÁLCULO DO PRODUTO INTERNO BRUTO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO..................................................................................................................44
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................................................................................53
4.1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................................................................................................................53
4.2. UMA ANÁLISE SETORIAL DA ECONOMIA BRASILEIRA.................................................................................................................................................................54
4.3. COMPOSIÇÃO DO A GRONEGÓCIO BRASILEIRO...................................................................................................................................................................................65
4. 4. ESTRUTURA DO A GRONEGÓCIO NO BRASIL EM 1995..................................................................................................................................................................99
4.5. A EVOLUÇÃO DO PIB DO A GRONEGÓCIO NO BRASIL DE 1994 A 1999 ........................................................................................................................110
5. COMENTÁRIOS FIN AIS ...............................................................................................................................................125
A.1. CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES E PRODUTOS DA MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO DE 1995
........................................................................................................................................................................................................127
A.2. COMPOSIÇÃO DOS SETORES DO AGRONEGÓCIO...................................................................................130
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................................134
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1
A evolução histórica das relações entre a Agricultura e a Indústria
A história da agricultura brasileira mostra o papel fundamental que esse setor sempre desempenhou
no desenvolvimento da economia do país. A literatura econômica apresenta publicações que detalham os
surtos econômicos brasileiros durante os “ciclos” do gado, da cana-de-açúcar, da borracha, do cacau1 , etc.
Ainda hoje, a atividade agrícola continua contribuindo de maneira significativa sob vários aspectos
econômicos e sociais.
Essa tradição econômica que o país possui na agricultura, ainda que com diferentes graduações, é
uma tendência que deverá prevalecer no futuro, principalmente em razão dos seus vastos recursos naturais.
No entanto, o avanço da economia em muito dependerá da “performance” dos
produtos primários, quer
tenham como destino a exportação ou o consumo interno. Neste sentido, existe uma extensa literatura2 que
apresenta evidências empíricas que comprovam o processo de inversão da tendência do padrão de
crescimento que o setor agrícola brasileiro vem experimentando desde a crise econômica dos anos 80,
quando ocorre a perda da dinâmica das exportações em favor do maior dinamismo do mercado interno.
1
FURTADO (1976), PAIM (1957), SZMRECSÁNYI (1990), SIMONSEN (1969).
2
LOPES (1987), MANOEL & BARROS (1987), DIAS(1989), RESENDE (1988).
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Porém, é de importância fundamental salientar as mudanças substanciais que vêm ocorrendo em nível
mundial no relacionamento da agricultura com os outros setores da economia.
Para efeitos desta apreciação, lembremos da figura originária do camponês europeu. “A unidade
familiar, que coincidia com a unidade rural, operava próxima à auto-suficiência, seus integrantes se
dedicavam à plantação e criação comercial, ao mesmo tempo em que criavam seus animais de tração,
produziam seus instrumentos de transporte, suas ferramentas e demais itens necessários. Seus membros
produziam o próprio pão, bebiam o próprio vinho e até as roupas eram feitas em casa e todo o
processamento do alimento era doméstico. Todas as operações relacionadas com o cultivo, o processamento,
o armazenamento e a comercialização dos produtos eram funções da fazenda” (Barros de Castro, 1969).
Nessas circunstâncias, era perfeitamente coerente aglutinar todas essas atividades dentro do significado do
termo agricultura.
Ao passarmos à análise do caso brasileiro, há que assinalar preliminarmente que este país contou
com dois modelos agrícolas: “plantation” e de subsistência.3 Como descreve Jank et al. (1995), a agricultura
de “plantation” caracterizou os ciclos econômicos de nossa história: gado, cana-de-açúcar, café, cacau e
borracha. Esta forma de agricultura se distingue por apresentar grandes extensões de terras e monocultura, os
grandes latifúndios, com alto grau de independência operacional, sendo explorados por técnicas de
agricultura extensiva, em que o produto final fundamentalmente destinava-se ao mercado externo. Até
o
início da Segunda Guerra Mundial, a economia brasileira dependia grandemente das lavouras de exportação.
O outro modelo de agricultura − de subsistência − coexistia com o primeiro, através da pequena propriedade,
apresentando pequenas extensões de terra e policultivo. Cabe salientar que apesar de pobre e ineficiente, a
agricultura de subsistência atendeu à procura de alimentos e matérias-primas pela população urbana e a mão-
3
Coexistem neste campo teses discrepantes a respeito do desempenho da agricultura no desenvolvimento brasileiro. A esse respeito
pode-se consultar os trabalhos de: LAMBERT(1967), GUIMARÃES (1977), OLIVEIRA (1946), FURTADO (1964),
FRANK (1967), DELFIM NETTO (1966), entre outros.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
de-obra rural das “plantations”.4 Nessa época, a unidade produtiva agrícola era praticamente autosuficiente que constituía o chamado “setor primário”.
Juntamente com a revolução tecnológica da agricultura em nível mundial no período do pós-guerra,
as atividades agrícolas tiveram ampla expansão e crescente especialização, influenciadas decisivamente pelo
desenvolvimento econômico e a crescente urbanização. Esse processo, basicamente, impôs uma nova ordem
agrícola em que o moderno agricultor é um especialista envolvido com as operações de cultivo e criação de
animais, transferindo as funções de armazenar, processar e distribuir produtos agropecuários, bem como de
suprimento de insumos e fatores de produção, para organizações além da fazenda.
A agropecuária antes voltada exclusivamente para a auto-suficiência, modernizou-se, inserindo-se
na economia de mercado e constituindo novos elos ou segmentos do sistema alimentar. Basicamente, esse
processo resultou na estruturação de um moderno parque industrial que fornece bens de capital e insumos
para o campo, setor denominado a montante da fazenda. Por outro lado, formaram-se complexas redes de
armazenamento, transporte, processamento, industrialização e distribuição, setor a jusante.
Atualmente, o valor das atividades ligadas à agricultura, realizadas fora da fazenda, são
substancialmente maiores do que o total das operações nela realizadas. Como exemplo, Pinazza (1986) cita o
caso dos Estados Unidos, segundo dados de 1975, cuja composição percentual do complexo agroindustrial5
já representava: 35% para insumos, 15% para agricultura e 50% para indústria e distribuição. Evidência clara
desse fenômeno é que, em nível mundial, esse complexo engloba mais da metade dos ativos totais, emprega
mais da metade da mão-de-obra e representa metade das despesas dos consumidores. Em 1989 o Produto
Interno Bruto (PIB) agrícola dos EUA foi de U$161 bilhões e o PIB do complexo agrícola foi de U$1.600
bilhões, ou seja, são gerados cerca de dez dólares para cada dólar de produto agrícola (Jank et al., 1995).
4
DELFIM NETTO (1966) baseando-se numa análise de projeções de demanda de produtos alimentares e confrontando-as com o
crescimento da respectiva oferta, conclui que: “não existem razões... para que a procura de alimentos aqui considerada tenha
crescido mais rapidamente que sua oferta”.
5
Na capítulo seguinte apresenta-se uma discussão mais rigorosa dos conceitos e abordagens relativas as atividades relacionadas à
agricultura.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Em decorrência deste fenômeno, o conceito tradicional da economia que classifica as
diferentes atividades em setores “primário, secundário e terciário”, como setores estanques e não integrados
deu lugar a uma análise que enfoca um sistema interligado de produção, processamento e comercialização
dos produtos de origem agrícola  O Complexo do Agronegócio.
A contribuição acadêmica pioneira para quantificar essa abordagem conceitual surgiu em 1957,
quando os economistas norte-americanos Ray Goldberg e John H. Davis
criaram o termo Agribusiness.
Os autores, fazendo uso das técnicas matriciais de insumo-produto, desenvolvidas por Wassily Leontief,
estudaram as transformações e a reestruturação da agricultura. Analisando os problemas relacionados com o
setor agrícola da economia afirmavam que esses eram muito mais complexos e não se restringiam a simples
atividade rural. Daí a necessidade de se tratar os problemas agrícolas sob um enfoque sistêmico
(Agribusiness) e não mais estático (agricultura).
Davis e Goldberg (1957) e Goldberg (1968), analisando o agronegócio norte-americano entre 1910,
1947 e 1965, observaram que a soma das funções ligadas à agricultura, realizadas fora da fazenda, cresceram
significativamente nesse período, e se tornaram consideravelmente maiores que o total das operações
realizadas no âmbito da fazenda propriamente dita. Estimaram que, após a consolidação das grandes
transformações no setor rural, na nova estrutura do agronegócio norte-americano, em 1965, da produção
agropecuária comprada pelos consumidores, o campo produziu somente 11% e a cidade o restante,
aproximadamente 89% (Tabela 1, Davis & Goldberg, 1957, citado por Lauschner, 1993).
No que se refere aos investimentos é analisado o ativo total em comparação com a produção o que
indicará a renda (ou valor adicionado) gerada por cada unidade de investimento nas diferentes etapas do
agronegócio. Observa-se que a agricultura gerava renda de US$16 bilhões, em 1965, com o emprego de
US$237,6 bilhões de investimentos ou ativo total, representando renda de 0,067 por cada unidade de
investimento.
Esse
comportamento
contrasta
com
os
setores
de
insumos
rurais
e
de
processamento−distribuição do agronegócio. Note que o setor a montante empregou US$27 bilhões para
produzir renda de US$32 bilhões, enquanto o setor a jusante empregava US$87 bilhões para uma renda de
US$102 bilhões, em 1965. Isso significa que cada investimento gerava 1,185 e 1,172 de renda,
respectivamente, mostrando que a produtividade do capital é significativamente maior no segmento a
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
montante e a jusante do agronegócio, o que sem dúvida deveria ser considerado em conta para qualquer
política rural.
Sabe-se que o processo de expansão e especialização da agricultura não ocorreu de forma
homogênea em todas as regiões do planeta, pois depende do estágio de desenvolvimento econômico e social
de cada uma delas. Ou seja, a participação e a interação dos agentes  agricultores, fornecedores de
insumos e fatores de produção, processadores e distribuidores  ocorreram em graduações diferentes nos
vários níveis do sistema agroalimentar (Pinazza & Araújo, 1993).
Tabela 1
Produção, Ativo total (Investimentos) e Emprego de Mão-de-Obra Ativa do Agronegócio dos
Estados Unidos: 1910, 1947, 1964 e 1965
Agregados do
Complexo
Agroindustrial
Valor (US$ bilhões)
1910
1947 1965
Produção
Porcentagem
1910 1965
Evolução
1910
1965
Ativo total
(US$ bilhões)
1947
1964
Emprego
(US$ Milhões)
1947
1965
Produção/
Ativo Total
1947 1965
I. Produção e distribuição
de insumos rurais
(Montante)
1,0
12,8
32
11
21
1
32,0
8,0
27,0
5,0
6,6
1,600
1,185
II. Produção rural
4,8
16,5
16
54
11
1
3,3
132,0
237,0
10,0
6,1
0,125
0,067
III Armazenamento,
Processamento, Dis tribuição (Jusante)
3,1
33,6
102
35
68
1
32,9
29,8
87,0
9,5
11,0
1,128
1,172
IV. Complexo Rural
8,9
62,9
150
100
100
1
16,9
169,8
351,6
24,5
24,0
0,370
0,427
Fonte: LAUSCHNER (1993)
É indubitável que o crescimento do agronegócio mundial continuará se processando de forma
desigual entre os diferentes níveis da cadeia vertical. Entretanto, projeções realizadas do agronegócio
mundial até o ano 2028 mostram que as funções de processamento e distribuição representarão cerca de
81,6% de todo o faturamento do sistema, contra 62,4% e 50,0%, respectivamente, em 1980 e 1950. A
agricultura terá sua participação reduzida de 32,4% em 1950 para 9,6% em 2028, enquanto os fornecedores
de insumos e fatores de produção também terão sua participação reduzida no período de 17,6% para 8,8%
(Goldberg, 1990).
- 5-
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
A agricultura brasileira incorporou esse processo de transformações ocorridas em nível
mundial. A atividade agropecuária foi redirecionada, modernizando-se e integrando-se ao mercado. Essas
transformações e reestruturações do setor rural iniciaram-se a partir dos anos 50, que, paralelamente ao
crescimento extensivo da produção agrícola, passa por um processo de modernização de sua base técnica,
com atuação efetiva do Estado.
O processo de modernização da agricultura brasileira se inicia com a introdução de maquinários, de
elementos químicos (fertilizantes, defensivos, etc.), novas ferramentas e culturas. É definida como uma
mudança na base técnica da produção em que há a substituição da produção artesanal rural por uma
agricultura moderna, intensiva e mecanizada.6 Segundo Kageyama (1990), esse processo implica tanto
numa integração intra-setorial como na mercantilização da agricultura promovendo a substituição de
componentes internos usados no setor rural por compras extra-setoriais (máquinas e insumos), oferecendo
condições para o desenvolvimento de indústrias de bens de capital e insumos para a agricultura.
Dados apresentados por Kageyama (1990) mostram que o crescimento do consumo intermediário7
como porcentagem do valor bruto da produção agropecuária passou de uma participação de cerca de 10%,
em 1949, para 25% no final da década de 60 e atingindo aproximadamente 40% em 1980. A participação do
consumo intermediário no valor da produção representa uma medida do processo de modernização, que
indica a dependência da agricultura de compras industriais para a produção de suas mercadorias. Ressalte-se
que a intensificação do crescimento da participação do consumo intermediário na agricultura ocorre a partir
dos anos 60.
No período pós-65, o processo de modernização entra numa fase mais avançada, a de
industrialização da agricultura brasileira, “... que representa mudança qualitativa fundamental no longo
6
“Em certa medida, a modernização do campo é restringida pela capacidade de importar, enquanto depende da importação dos
insumos de sua nova base técnica” (KAGEYAMA, 1990).
7
O consumo intermediário significa o valor de todos os insumos de bens e serviços que desaparecem no decorrer do processo de
produção. Englobam as despesas com sementes, defensivos, fertilizantes, rações e medicamentos para animais, aluguel de
máquinas, embalagens e outros itens que possam ser considerados matérias-primas ou insumos produtivos (RIBEIRO &
GHEVENTER,1983).
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
processo de transformação da sua base técnica, o que torna o processo de modernização
irreversível”.(Ver Kageyama, 1990)
Kageyama (1990) discorre sobre três transformações básicas que diferenciam a modernização
agrícola do processo de industrialização. Primeiro, não se resume apenas à utilização de insumos modernos
na produção agrícola. A industrialização do campo envolve um processo de mudança nas relações de
trabalho, passando a ser essencialmente uma relação de trabalho coletivo (cooperativo) onde o trabalhador
individual é substituído por trabalhadores assalariados voltados para uma determinada atividade. A segunda
alteração qualitativa é quando se incorpora a mecanização de todo o processo produtivo. A terceira grande
mudança qualitativa é a internalização do Departamento de Meios de Produção para a Agricultura (D1), ou
seja, implantação e desenvolvimento dos setores produtores de bens de capital e insumos para a agricultura.
Segundo a autora, a partir daí, a capacidade de modernização do setor passa a ser endógena. Deve-se lembrar
que a modernização em seu início se processava através de importações, o que restringia grandemente a
generalização deste processo.
A análise da evolução do setor industrial produtor de bens de produção para a agricultura está
razoavelmente tratada na literatura sobre modernização e produtividade do setor agrícola brasileiro. Com
efeito, os estudos mostram uma importante expansão do setor nas últimas décadas, especialmente a partir da
implantação da estratégia de modernização agrícola. Para uma análise mais pormenorizada da constituição
do setor, ver entre outros, Baum (1977), Barros et al. (1980) e Contador & Ferreira (1984).
A propósito do processo de consolidação do D1 (Departamento de Meios de Produção para a
agricultura), vale ressaltar que esse setor industrial desenvolveu-se concomitantemente com o processo de
substituição de importações de outras indústrias de base nacional. No entanto, seu grande momento ocorre
somente após a metade dos anos 60 quando a produção nterna
i
se acelera. Os dados revelam que a produção
nacional de fertilizantes inorgânicos atinge volume significativo em 1973 e a indústria de tratores e
implementos agrícolas pesados, que iniciou suas atividades em 1960 apresentou taxas de crescimento
expressivas, entre o período 1960-1986 (18% ao ano em média) (Barros & Manoel, 1992).
Essas transformações foram dinamizadas, em grande parte, pelo Sistema Nacional de Crédito Rural,
através de grandes disponibilidades de crédito subsidiado, conjugado com a implantação de novos blocos de
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
substituição de importações de meios de produção para a agricultura através do II Plano Nacional de
Desenvolvimento (1974/79)(Barros, 1983).
Neste contexto, como conseqüência, a agricultura brasileira registra profundas transformações a
partir de meados da década de 60 até os anos 80: “o setor cresce a taxas expressivas; o crescimento da
produtividade da terra passa a explicar cerca de 61,4% do crescimento da produção; a produtividade do
trabalho cresce em torno de 1,9% ao ano; altera-se o mix da produção com a evolução da cultura da soja, por
exemplo; ocorre também uma expansão da fronteira agrícola em direção aos limites geográficos do Brasil
Central e região Norte” (Alves, 1989).
Vale lembrar que, embora estas transformações tenham sido intensas e dominantes, não ocorreram
de forma uniforme entre regiões e produtos.
Esse processo culmina na constituição dos complexos agroindustriais (Agronegócios) nos anos 70,
que se dá a partir da integração intersetorial entre as indústrias que produzem para a agricultura, a agricultura
(moderna) propriamente dita e as agroindústrias processadoras. A produção agrícola passa então a fazer parte
de uma cadeia e a depender da dinâmica da indústria, ou seja, há uma crescente integração da agricultura à
indústria onde o corte setorial agricultura/indústria perde importância. 8
Um papel-chave nesse padrão atual de desenvolvimento da agricultura é o desempenhado pelo
Estado
como
elemento
aglutinador,
através
das
políticas
governamentais
específicas
(fundos de
financiamento para determinadas atividades agroindustriais, programas de apoio a certos produtos agrícolas,
etc. (Kageyama, 1990).
Silva (1993) explicita os impactos fundamentais esperados da formação dos Agronegócios sobre a
estrutura produtiva do país. Para o autor, a concentração e centralização de capitais tende a crescer nos
próximos anos, em função da esperada consolidação dos Agronegócios na década de 90. Cálculos
disponíveis, com base em dados censitários de 1975, 1980 e 1985, mostram que menos de 10% dos
estabelecimentos rurais brasileiros estariam engajados no novo sistema de produção. Essas informações
8
Ver Silva, 1993.
- 8-
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
mostram o caráter heterogêneo da chamada modernização da agricultura brasileira, tanto no que se
refere ao tamanho dos produtores como a região de localização que atinge principalmente os médios e
grandes produtores e as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Entretanto, para Silva a heterogeneidade da
modernização agrícola não deve ser associada a idéia de atraso, uma vez que esses 10% de estabelecimentos
rurais representavam um terço da produção agropecuária do país já em 1975, subindo para cerca de 50% em
1980 (Silva, 1993). Estudo da FAO (Guazirole, 1994) mostra que a agricultura familiar para 15 produtos
importantes produz mais de 50% deles. Ratificando as
estatísticas nacionais, pesquisas mais recentes de
mercado realizadas pelas indústrias de insumos indicam a ocorrência de uma crescente concentração de
produção e profissionalização dos empresários do campo.
A especialização e a busca de economia de escala são os meios pelos quais os produtores rurais
procuram acompanhar o movimento de modernização. Os desenvolvimentos tecnológicos esperados tanto
no que diz respeito a colheita, carregamento e transporte irão contribuir para a redução dos custos de
produção das “commodities” agrícolas. Pesquisas feitas pela Universidade de Brasília, citados por Wedekin
(1994), mostram que o “custo de produção de soja nos cerrados chega a diminuir 40-45% quando a área de
cultivo passa de 50 para 1 mil hectares. Para obter melhores resultados na comercialização da safra, os
representantes do segmento mais dinâmico do setor agrícola brasileiro pressionam as indústrias de insumos e
bens de capital por novos e melhores produtos; aderem a novos processos de produção e aprimoram o
sistema de informações”.
Outra importante tendência em relação à estrutura produtiva diz respeito à crescente integração com
o setor de serviços e com os fornecedores de insumos gerando os “Agronegócios completos”, os quais
apresentam ligações específicas com a agroindústria tanto “à frente” (agroindústria processadora) como
“para trás”(indústria fornecedora de insumos e equipamentos) (Silva, 1993).
Barros (1985) num estudo sobre agroindústria e comercialização estima o grau de integração da
agricultura brasileira aos segmentos do Complexo Agroindustrial. O procedimento adotado foi o de
empregar os parâmetros utilizados pela Fundação Getúlio Vargas na elaboração das Contas Nacionais. Cada
segmento do setor produtor de insumos foi avaliado em termos da proporção do valor da produção
agropecuária que absorve. Quanto aos segmentos referentes à comercialização e industrialização, sua
- 9-
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
importância foi avaliada em termos da proporção que o produto agrícola a ele referente representa no
produto de cada segmento. Os resultados mostram que 90,9% do valor da produção agropecuária se destina
à comercialização. Já o setor distribuição conta com 52% do valor de sua produção provenientes da
agricultura. No segmento agroindustrial, a produção agropecuária varia, sendo que a indústria têxtil e a de
alimentos são as que apresentam as maiores relações insumo-produto (56% e 46,2% respectivamente).
Dados apresentados por Jank (1990) mostram como a recente “performance” das exportações
agrícolas brasileiras reflete, na verdade, as profundas alterações ocorridas na agricultura brasileira nas últimas
décadas. Os produtos agrícolas tradicionais (açúcar, café, cacau e algodão) que representavam 70% das
exportações totais da agroindústria no início da década de 70 passaram para menos de 30% nos anos 90, e os
novos complexos agroindustriais ganharam maior espaço no cenário mundial, particularmente os produtos
com maior agregação de valor. Por sua vez, Pfeifer Filho (1990) aponta a agroindústria como um segmento
de dupla importância, conquistando mercados externos e garantindo o abastecimento interno.
Em síntese, as considerações anteriores deixam patente que a integração da agricultura à indústria
implica uma verdadeira reestruturação do setor rural, estabelecendo profundas relações tecnológicas,
produtivas, financeiras e de negócios com as demais atividades da economia. Amplia-se a visão sistêmica no
fluxo produção−consumo e as cadeias agroalimentares ganham espaços junto ao mercado interno e ao
mercado mundial de alimentos.
No Brasil, são escassos os levantamentos sobre
o Complexo Agroindustrial, e as pesquisas
disponíveis comumente apresentam problemas em relação a abrangência e a periodicidade. Nos aspectos
ligados a questão alimentar ainda prevalece o enfoque funcional assim como na literatura econômica
predomina a análise da agricultura propriamente dita. Por sua vez, a Fundação IBGE, que é a instituição
responsável pelo cálculo das Contas Nacionais do Brasil, adota metodologia em que apresenta
separadamente os três setores econômicos

agricultura, indústria e serviços
intersetorial.
- 10 -

dificultando a análise
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
1.2
Objetivos
Partindo da percepção dessa nova dinâmica de inserção da agricultura à indústria, que se caracteriza
por um fenômeno de alcance mundial e irreversível, a perspectiva deste trabalho é estudar a evolução do
Agronegócio Brasileiro no contexto dessas transformações, em seus múltiplos aspectos.
A compreensão da articulação agricultura/indústria permite aprofundar a teoria sobre o mesmo,
explicitando alguns aspectos estruturais que orientem a reflexão. Do mesmo modo, é indiscutível sua
validade para efeito de subsídios ao planejamento das políticas setoriais como também ao gerenciamento do
Agronegócio.
Desta forma, objetiva-se:
Ø Delinear uma metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) para o Agronegócio
Brasileiro;
Ø Decompor as estimativas por segmentos, isto é: a) indústria de insumos para a agropecuária; b)
agropecuária; c) indústria de base agrícola; e d) distribuição;
Ø As estimativas obtidas para o setor agropecuário como um todo serão também estimadas para os
dois componentes do setor agropecuário, isto é, lavoura e pecuária.
No capítulo seguinte é feita uma revisão de trabalhos que abordam a agricultura sob uma perspectiva
sistêmica tanto no que se refere a descrever as transformações agrícolas nas últimas décadas como no de
conceituar as diferentes noções usualmente empregadas.
No terceiro capítulo encontram-se as informações básicas dos dados utilizados bem como dos
procedimentos metodológicos adotados. A análise dos índices de ligações interindustriais visando a
determinação de setores-chave tem o intuito de propiciar uma visão mais compreensiva da economia a nível
nacional e em especial do desempenho e potencial dos setores agrícola e agroindustriais. As abordagens de
identificação de setores-chave tem importância, uma vez que permitem desenvolver um procedimento
analítico de delimitação dos componentes do Agronegócio. Complementando, apresenta-se o procedimento
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
adotado para o cálculo do PIB do Agronegócio brasileiro. No capítulo 4 encontram-se os resultados
obtidos. Enquanto que os comentários finais são realizados no último capítulo.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CAPÍTULO 2
FORMULAÇÕES GERAIS SOBRE O AGRONEGÓCIO
O Agronegócio pode ser definido formalmente como um conjunto formado pela sucessão de
atividades vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e florestais (Müller, 1989).
Entre os grupos econômicos atrelados ao setor agrícola, podemos visualizar um conjunto de atividades
econômicas envolvendo empresas
que oferecem produtos e serviços para a agricultura, denominado de
indústria para a agricultura, compondo a cadeia retrospectiva da agropecuária, setor a montante, ou seja,
as empresas que se incumbem da produção de bens de capital e de insumos industriais para o setor rural.
Também, há aqueles grupos que adquirem da agricultura suas matérias-primas, denominados de
agroindústria e constituindo a cadeia prospectiva da
agropecuária, setor a jusante. Como argumenta
Santana (1994) estes grupos, muitas vezes influenciados pela política econômica, imprimem à agricultura
uma dinâmica industrial auxiliando na superação da forma tradicional de produzir no campo. Assim, a
agricultura pode estar vinculada a setores industriais e até mesmo comerciais, dependendo não somente do
crescimento da agroindústria, do mercado interno e de exportação, como também da indústria produtora de
insumos e máquinas e das instituições de ensino e pesquisa. Esse conjunto de atividades, agrícolas e
industriais, são interdependentes, mas heterogêneos quanto ao grau de importância na evolução do
Agronegócio.
Esta definição foi batizada pelo termo “Agribusiness” por Davis & Goldberg (1957), que o
descreveram como sendo a “soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas;
das operações de produção na fazenda; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos
agrícolas e itens produzidos à partir deles”.
O conceito enfatiza a mudança nas interrelações entre o setor agrícola e o restante da economia.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Este conceito procura abarcar todos os vínculos intersetoriais existentes no setor agrícola
deslocando o centro de análise de dentro para fora da fazenda, substituindo a análise parcial usualmente
utilizada em estudos sobre economia agrária pela análise sistêmica da agricultura. Cabe ressaltar que a
aferição das interrelações agricultura —indústria-serviços só aconteceu quando do desenvolvimento das
técnicas de insumo-produto, através da
matriz de
relações intersetoriais especificada por LEONTIEF
(1946).
No Brasil, a abordagem sistêmica de Davis e Goldeberg foi utilizada explicitamente por ARAÚJO
et al. (1990), que realizaram um levantamento das dimensões básicas do Agribusiness Brasileiro, no seu
todo e na decomposição dos seus agregados principais. As estimativas consolidadas pelos autores foram
baseadas a partir de um conjunto de informações constantes dos censos econômicos, relatórios de produção e
faturamento de setores industriais, dentre outros. Pelos dados de 1980, têm-se os seguintes valores expressos
em bilhões de dólares, decompostos nos grandes elos da cadeia: o valor dos insumos e dos bens de produção
para a agricultura foi de 8,5 bilhões de dólares ou 11,4%; o valor dos bens produzidos pela agricultura
atingiu 29,3 bilhões de dólares, assim distribuídos: produção vegetal − 17,8 bilhões, produção animal − 11,5
bilhões, com uma participação de 27,8% no valor adicionado; o setor de processamento alcançou 52,1
bilhões de dólares, com uma participação de 30,5% no valor adicionado; e o setor de distribuição registrou
um valor de produção de 74,7 bilhões de dólares, com uma participação de 30,3% no valor adicionado.
Desta forma, os negócios do Agribusiness Brasileiro representaram 46% dos gastos relativos ao consumo
total das famílias, correspondendo a uma magnitude equivalente a 32% do PIB brasileiro.
É importante destacar que os autores ao estudarem a evolução do Complexo Agroindustrial
Brasileiro com relação a repartição de seu valor adicionado, verificaram uma mudança acentuada no período
compreendido entre 1970 e 1980 (Tabela 2).
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 2
Distribuição do Valor Adicionado entre os Agregados no
Agronegócio Brasileiro entre 1970 e 1980
Anos
Agregado
I - Produção insumos agrícolas
II - Produção dos agricultores
III – Armazenagem, processamento, distribuição final, etc.
1970
12%
38%
50%
1980
11,4%
27,8%
60,8%
Fonte: ARAÚJO et al. (1990)
Malassis (1968), oriundo da Escola Francesa de Organização Industrial, também se empenhou em
estudar o sistema agroindustrial, levando a cabo diversos trabalhos teóricos e empíricos dirigidos ao
desenvolvimento do corpo conceitual e metodológico desse novo ramo da economia. Para esse autor há uma
perspectiva histórica na análise do “Agribusiness”, em que o Agronegócio se constitui numa etapa do
desenvolvimento capitalista onde a agricultura se industrializa.
Louis Malassis adota, ainda, uma ótica nova para analisar a inserção da agricultura no
desenvolvimento econômico global. No primeiro momento, o autor examina a industrialização da
agricultura e seus reflexos. No segundo momento, adota o conceito de complexo agrícola integrado, com o
propósito de descrever e analisar os resultados dos processos de integração em nível macroeconômico.
Assim, introduz a análise dos fluxos e encadeamentos por produto dentro de cada um desses subsetores,
utilizando a abordagem de cadeia ou “filière” agroalimentar.
Define cadeia agroindustrial como a seqüência de ações físicas e o conjunto de agentes e
operações envolvidos na obtenção de um produto agroalimentar ou agroindustrial (Malassis, 1968).
Atreladas às cadeias agro-industriais estão as atividades correlatas como a pesquisa voltada à produção, os
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
serviços financeiros, os serviços de transporte e de informação, como também os mecanismos de
regulação (estrutura de funcionamento dos mercados, a intervenção do Estado, etc.).
Outro ponto fundamental, exposto tanto por Davis & Goldberg como por Malassis é que com o
desenvolvimento da agroindústria, a produção agrícola se organiza cada vez mais em grupos complexos e
combinações agroalimentares. Se o grupo de “Agribusiness” se ocupou em estudar esta articulação em
termos de eficiência econômica na integração vertical (em nível de agricultura, de empresas e grupos de
empresas de transformação e de comercialização), a economia agroalimentar na interpretação francesa, e
fundamentalmente de Malassis, se preocupou em demonstrar as relações de dominação da agricultura pela
agroindústria e as transformações históricas da economia agroalimentar.9
É interessante a esse respeito a colocação de Silva (1991), de que a terminologia utilizada pelo grupo
francês, embora seja marxista, incorpora basicamente a mesma linha dos pesquisadores norte-americanos, já
citados, que conceituaram “Agribusiness”, ou seja, os seus desdobramentos são sistêmicos, enfocando as
relações de interdependência entre a agricultura e a indústria, exprimindo uma complementaridade entre as
empresas capitalistas e os produtores rurais em relação a um produto dado.10
Müller (1989) define o Agronegócio como “as relações entre indústria e agricultura na fase em que a
agricultura apresenta intensas conexões para trás, com a indústria para a agricultura, e para frente, com as
agroindústrias. O Agronegócio é uma forma de unificação das relações interdepartamentais com os ciclos
econômicos e as esferas de produção, distribuição e consumo, relações estas associadas às atividades
agrárias”. O autor introduz na análise uma série
de informações técnicas e econômicas, que apontam a intensificação da relação entre agricultura e indústria,
com a crescente oligopolização dos setores industriais a montante e a jusante.
9
MALASSIS & PADILLA (1986) propõem uma classificação geral da economia da produção e consumo de alimentos,
identificando quatro estágios: 1. Economia agroalimentar pre-agrícola; 2. Economia alimentar agrícola e doméstica; 3.
Economia alimentar agrícola comercializada e diversificada; e, 4. Economia alimentar agro-industrial internacionalizada.
10
Esta revisão bibliográfica baseou-se, em grande parte, no extenso estudo sobre complexos agroindustriais desenvolvido por SILVA
(1991).
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
É importante notar que, na definição de Müller, a modernização da agricultura é o resultado da
interação entre industrialização do campo, agroindustrialização das atividades agrárias e mudanças sociais e
políticas entre os grupos sociais.11 Ou seja, a constituição do Agronegócio é produto da modernização e a
sua manutenção e expansão constituem-se no principal vetor da modernização. Cabe salientar que o autor
enfatiza que a agricultura brasileira não pode ser vista como uma produção industrial “stricto sensu”, mas
sim como um movimento de industrialização. No Brasil não ocorreu o que se verificou em países centrais do
capitalismo: a universalização da industrialização das atividades agrárias. Ou seja, houve a modernização de
uma parcela da agricultura tradicional, com a manutenção de uma grande faixa atrasada (Tabela 3). A
magnitude do setor agrícola dinâmico revela que a industrialização do campo foi parcial segundo regiões,
produtos e tipos de produtores. Ademais, enfatiza a enorme participação do Estado no processo de
incorporação das atividades agrárias à lógica da forma industrial de produzir e distribuir. Neste texto, Müller
dá ênfase aos aspectos das mudanças e alterações de cunho sócio-político nas interrelações do Agribusiness.
Para esse autor, a modernização da agricultura deve ser encarada como um processo geral que
acelera e prepara a base do seu desenvolvimento capitalista, passando a predominar na atividade agrária a
racionalidade empresarial. Esta postura difere grandemente da interpretação de Guimarães (1979), que
considera a conexão agricultura/indústria e a conseqüente mudança da base técnica da produção agrícola,
resultado de um desvirtuamento e numa apropriação indevida da indústria do lucro e da renda da terra dos
agricultores.
11
Industrialização do campo é definida como uma forte interdependência entre a agricultura e indústria para a agricultura;
agroindustrialização é o processo em que ocorre forte interdependência entre agricultura e a indústria beneficiadora e
processadora; e mudanças sociais referem-se às alterações nas relações de trabalho, basicamente.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 3
Tipologia da Agricultura Brasileira.
Tipo 1
(*) Grande
empresa
Tipo 2
e
(*) Latifúndio
(*) Pequena empresa
(*) Minifúndio
média Grande
1.000 ha +
Médio
50-1000 ha
Pequeno
10-50 ha
Micro
Até 10 ha
Agricultura (%)
Atrasada Dinâmica
76,0
24,0
67,0
33,0
78,0
63,0
83,0
68,0
91,0
77,0
22,0
37,0
17,0
32,0
9,0
23,0
% do total
Est.
Área
VP
0,6 39,6
12,
0,9 45,0
6
16,1
15,4 45,0
39,6
16,9 42,2 44,0
32,3 12,3 29,9
31,5 10,1 16,7
50,6
3,1 17,9
40,8
2,5 12,4
Fonte: MÜLLER (1989).
Obs.: Vide especificações no texto.
Agricultura dinâmica: o índice expressa a percentagem de
tomaram empréstimos bancários para investimento e/ou custeio
de estabelecimentos que declararam haver feito despesas
insumos, juros); a agricultura atrasada é complementar à dinâmica.
Est.: percentual de estabelecimentos em relação ao total
recenseados.
Área: área total ocupada pelos estabelecimentos recenseados.
VP: valor da produção total.
Ano
1970
1980
1970
1980
1970
1980
1970
1980
estabelecimentos que
em relação ao total
(com mão-de-obra,
dos estabelecimentos
Como salientado por Leite (1990), está presente em toda a análise de Müller o papel fundamental da
indústria para a agricultura como elemento dinâmico do Agronegócio. “A forma de difusão do progresso
técnico na agricultura passa a depender não somente da diferença de preços relativos dos insumos dos
mercados de fatores, como principalmente das inovações tecnológicas, introduzidas pelo setor a montante. É
sobretudo este segmento que dá o caráter nacional às mudanças na agricultura, por se tratar de unidades de
capital oligopolizadas cuja estratégia de acumulação tem o mercado nacional como horizonte”.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Fazemos aqui referência ao trabalho de Delgado (1985), que analisa o desenvolvimento
agropecuário brasileiro, fazendo um corte histórico de 1960 a 1980, utilizando a abordagem de macrocomplexo, em dois blocos analíticos, que enfatizam, num primeiro momento, os aspectos históricos desse
processo recente e, no segundo momento, uma abordagem teórica, centrada na experiência brasileira, do
desenvolvimento do capital financeiro na agricultura. O autor descreve um minucioso estudo sobre a
evolução do setor rural, destacando os elementos de mudança significativa na estrutura econômica, as
transformações que ocorreram na sociedade como um todo, enfocando o processo de urbanização, o
comércio exterior agrícola, mudanças na base técnica de produção rural e a consolidação concomitante do
sistema nacional de crédito rural, que leva a cabo o projeto de modernização agrícola.
Delgado corrobora o estudo de Müller (1989) no que se refere ao papel desempenhado pelo setor a
montante no movimento de industrialização agrícola, identificando-o como o cerne da mudança na base
técnica da produção rural que modifica efetivamente o processo produtivo. É deste ramo industrial que
emanam as inovações que estão incorporadas aos novos meios de produção adotados. A ele se integra todo o
aparato de pesquisa e extensão rural, formando o Departamento de Meios de Produção para a agricultura
(D1), que dirige tecnologicamente a modernização agrícola. Embora o ramo industrial a jusante (indústria
processadora de alimentos e matérias-primas) também induza a mudanças nas técnicas de produção agrícola,
no que se refere a tipos de produto, exigências sanitárias, qualidade e homogeneidade da matéria-prima,
regularidade de sua entrega, impondo um perfil tecnológico à produção que deve ser seguido pelos
agricultores, por si só, essas exigências não são suficientes para induzir em geral o movimento de alteração
da base técnica de produção.
Da análise realizada por Delgado, queremos destacar o fato desta fundamentar-se na integração de
capitais e não na integração técnico-produtiva. Concebe a integração técnica como um momento do
processo mais geral de integração de capitais ou de fusão de capitais múltiplos em conglomerados, operantes
também no setor rural. Segundo o autor, “... o processo de integração de capitais na agricultura brasileira
revela a presença de uma nova estratégia do grande capital na agricultura e é o que distingue a constituição
do Agronegócio e não a integração das atividades agrárias numa cadeia produtiva. A agricultura passa a se
constituir num ramo da indústria onde ocorre grandes aplicações de capitais. Esse capital financeiro organiza
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
a aplicação dos excedentes financeiros da sociedade, tendo como primordial objetivo uma taxa média
de lucro do conjunto de atividades e mercados onde opera. Entre as formas citadas pelo estudo de como se
dá o processo de integração de capitais tem-se: as grandes sociedades anônimas e grupos econômicos,
organizados sob a forma de “holdings”, “empresas de participação e administração”, “bancos de
investimento”, “multicooperativas” e grandes atacadistas. Outra linha de integração é a disseminação dos
chamados contratos formais ou acordos informais de quase-integração entre a grande agroindústria e os
pequenos e médios produtores rurais”.
Para Delgado (1985), o Agronegócio brasileiro está atrelado ao Estado, que desempenha funções
patrocinadora, financiadora
ou reguladora. “Essa dominação crescente da regulação estatal, através de seus
aparatos de política agrícola, possibilita a captura de margens diferenciais de lucro e ganhos extraordinários
por parte dos capitais que se integram, ou mais profundamente organizam-se como conglomerados na
agricultura”. É importante perceber que, para o autor, o eixo de articulação fundamental do Estado é a
regulação financeira, administrando os financiamentos, redirecionando os capitais para os diversos ramos
através de mecanismos monetários-financeiros, de penalizações e incentivos fiscais.
O trabalho de Fonseca (1987), citado por Leite (1990), detalha um pouco mais os aspectos ligados
as inovações tecnológicas na agricultura, colocando o setor rural como o segmento demandante de
inovações de fornecedores especializados e “science based”, e identificando como a fonte de geração de
nova tecnologia o setor produtor de bens de produção para a agricultura (máquinas e implementos) e o setor
químico, concluindo que estes ramos determinam uma trajetória que reflete decisivamente nos demais
setores formadores do Agronegócio.
Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), coordenado por
Ramalho (1988), teve por objetivo analisar a lógica de crescimento do setor agropecuário e identificar os
núcleos pressionadores de seu dinamismo, onde a abordagem escolhida foi a do Agronegócio.
O trabalho constata a importância do progresso tecnológico no desenvolvimento do Agronegócio e
na definição adotada através da qual os autores consideram o setor fornecedor para a agropecuária formado
basicamente pelas indústrias produtoras de bens de capital e a indústria química, que desempenham o papel
de núcleo gerador do progresso técnico do Agronegócio, modernizando-o e proporcionando um aumento de
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
produtividade. O setor agropecuário é visto como sendo o segmento dominado tecnologicamente pelos
fornecedores de máquinas, equipamentos e
insumos que
promovem as inovações. Por sua vez, a
viabilização da introdução do progresso técnico fica a cargo da agroindústria e da indústria de alimentos
através da pressão que exercem sobre os produtores, estabelecendo suas compras com base na escala
produtiva, nas especificações e nos custos da matéria-prima, promovendo uma adequação da forma de
organização da produção deste setor aos requisitos que viabilizam a introdução do padrão tecnológico.
Lauschner (1993) valendo-se dos conceitos desenvolvidos por Davis & Goldberg (1957) e
denominando-os de complexo rural, procura analisar o que significa no contexto da agricultura o complexo
rural, a agroindústria e o futuro da estrutura fundiária das explorações rurais. A questão central do trabalho é
analisar se a grande empresa pode ser benéfica para o pequeno produtor se ela for agroindústria, procurando
através da análise de insumo-produto verificar a importância da agroindústria como agente de geração de
renda e emprego.
Embora Lauschner considere conveniente, para a análise da problemática rural, a visão sistêmica de
complexo rural (ou “Agribusiness”) centraliza sua análise no segmento de transformação e processamento
agropecuário, reconhecendo que essa abordagem não dá conta de entender a dinâmica do setor. Argumenta
que “as decisões do complexo rural situam-se cada vez mais ao nível dos que transformam os produtos
rurais, ou seja, ao nível dos gestores das agroindústrias, decorrendo que o setor motriz do complexo é dado
pela agroindústria, que transforma a agricultura cada vez mais em uma economia de uso de capital
intensivo”. E conclui que “a agroindústria é o agente econômico que pode oferecer o melhor apoio aos
produtores, como forma de agregar valor, ampliar a renda e o emprego rural, dinamizar as pequenas cidades,
fortalecer a economia frente ao exterior e como instituição de apoio direto das explorações rurais”. O autor
ainda conclui que “... a agroindústria cooperativa é o modelo ideal de organização e de autopromoção do
pequeno produtor rural”.
É preciso destacar que quando se estuda a agroindústria dentro de uma visão sistêmica, um dos
problemas metodológicos que surgem é referente a sua delimitação. Amaro et al.(1987) baseando-se em
conceituações de alguns organismos internacionais, entre eles a FAO (Food of Agriculture Organization),
BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e ONUDI (Organizações das Nações Unidas para o
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Desenvolvimento Industrial) sobre a agroindústria apresenta a seguinte definição: “no Complexo
Agroindustrial a agroindústria é a unidade produtora integrante dos segmentos funcionalmente localizados
nos níveis de suprimentos à produção (indústria a montante), transformação e acondicionamento, e que
transforma o produto agrícola, em primeira ou segunda transformação, para a sua utilização intermediária ou
final”.
A FUNDAÇÃO SEADE  Sistema Estadual de Análise de Dados (1990), em seu trabalho sobre a
agroindústria paulista, que teve como principais objetivos, analisar as causas do desenvolvimento recente da
agroindústria no Estado de São Paulo, sua localização e concentração, considera a agroindústria como o setor
que realiza o beneficiamento dos produtos agrícolas em sua primeira fase, não computando os produtos
agrícolas em sua fase final.
Por sua vez, Lauschner (1993), mediante critérios específicos, diferencia as agroindústrias em
sentido amplo e restrito. O conceito de agroindústria em sentido amplo “refere-se a unidade produtiva que
transforma o produto agropecuário natural ou manufaturado para utilização intermediária ou final”.
Considera a agroindústria em sentido restrito como sendo “a unidade produtiva que, por um lado,
transforma, para a utilização intermediária ou final, o produto agropecuário ou seus subprodutos não
manufaturados; e que, por outro lado, adquire diretamente do produtor rural o mínimo de 25% do valor total
dos insumos utilizados”.
Assim, a agroindústria em sentido restrito engloba o setor de transformação dos
produtos rurais mais próximo à produção rural, não no que tange ao espaço geográfico mas em relação ao
grau de participação dos insumos no processo produtivo. Na definição restrita o autor exclui as indústrias que
utilizam como matéria-prima o produto agropecuário já transformado, não considerando, por exemplo, a
indústria têxtil, a indústria de calçados, indústrias de massa e biscoito, por serem segmentos industriais que
utilizam como matéria-prima um produto rural já industrializado e a parcela de insumos que adquirem
diretamente do setor produtivo rural é insignificante quando não nula.
No entanto, tanto a distinção entre processar e beneficiar quanto a separação feita por Lauschner
entre agroindústria ampla e restrita levam a uma restrição conceitual grande, uma vez que só consideram a
agricultura industrializada (Müller, 1989).
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Müller (1989) reconhece que a distinção entre transformar e beneficiar é fundamental no
estudo de cadeias agroalimentares mas questiona esta segmentação no âmbito da agroindústria, julgando tão
relevante a mudança radical na forma do valor de uso quanto seu beneficiamento e conservação. Ressalta
que o mais importante é o porte e a concentração tecnoeconômica dos capitais investidos nos ramos
agroindustriais como também a distinção entre as formas de produzir.
O autor reconhece que ao se estipular 25% do valor total dos insumos utilizados na transformação
objetiva-se operacionalizar o conceito e delimitá-lo. Mas argumenta que este índice além de ficar na
dependência dos preços relativos, uma magnitude diminuta do mesmo pode estar dizendo pouco sobre seu
impacto na agricultura. Como exemplo, cita os casos das indústrias de papel e papelão e borracha. Conclui
ser um corte que deverá ser feito “ad-hoc”, para fins específicos, dependendo do que se quer enfatizar
(agricultura, indústria) e do nível de agregação.
Um outro ponto citado por Müller que adquire relevância para a agricultura brasileira é que os
setores industriais fornecedores para a agricultura abastecem com suas produções tanto os segmentos
agrícolas que produzem matérias-primas, como soja, trigo, como os segmentos produtores de bens “in
natura”, como o arroz, feijão, hortifrutigranjeiros, que representam um mercado altamente significativo.
Desta forma conclui que, na análise do Agronegócio, a conceituação de agroindústria no sentido restrito deve
ser vista com cautela, uma vez que há fluxos associados à industrialização do campo que não passam pela
transformação.
Por sua vez, Delgado (1985) define o grupo de indústrias a jusante, componente do Complexo
Agroindustrial, usando os critérios de origem agropecuária das matérias-primas utilizadas e estabelecendo o
limite inferior de 50% de sua participação no valor da produção industrial. Além disso, faz uma classificação
de ramos industriais neste segmento composto de: produtos alimentares; química; fumo; madeiras;
mobiliário; couros e peles; bebidas; têxtil; papel e papelão.
Essa ambigüidade que o conceito Agronegócio apresenta ainda não está definitivamente
equacionada, havendo bastante controvérsia, e provocando dificuldades metodológicas e operacionais.
Contudo, não se pode esquecer das limitações provenientes da forma como as estatísticas nacionais são
computadas.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
No caso de Ramalho (1988), as indústrias compradoras de matérias-primas agropecuárias
foram tratadas em duas categorias  a agroindústria e a indústria de alimentos. O argumento do autor é o de
que a distinção entre esses dois ramos deve-se a lógicas concorrenciais distintas (diferenciação do produto,
economia de escala) que poderão influenciar de forma diferenciada o setor agropecuário.
Para Ramalho (1988) “a agroindústria é caracterizada como sendo o primeiro processamento da
matéria-prima oriunda do setor agropecuário. Seus produtos são homogêneos tendo como mercado a
exportação e outras indústrias. Os principais ramos formadores da agroindústria são: açúcar e álcool, moinho
de trigo, óleos vegetais e suco de laranja. As lógicas concorrenciais adotadas são semelhantes, independente
do segmento de atuação, o que permite tratá-los de uma forma agregada. A maior parte desses produtos são
“commodities” tendo seus preços definidos no mercado internacional. A influência que exerce sobre o setor
agropecuário é no sentido de obter grandes lotes de produção e a custos compatíveis com o processamento
agroindustrial. Grande parte das empresas agroindustriais atua também na indústria de alimentos,
verticalizando-se, já que seu porte financeiro e a dimensão do mercado conferem capacidade competitiva
para atuação conjunta nos dois ramos de atividade, o que faz com que no Brasil a separação entre
agroindústria e a indústria de alimentos não seja tão nítida. A indústria de alimentos tanto pode executar o
processamento da matéria-prima adquirida do produtor rural como o da obtida da agroindústria. O que a
diferencia da agroindústria é o fato de estabelecer uma relação com o consumidor final, conferindo-lhe
estratégias de comercialização mais elaboradas. Da mesma forma que na agroindústria, a estrutura da
indústria de alimentos pode ser melhor visualizada se segmentada. Também, para esse setor as estratégias
concorrenciais são muito semelhantes em todos os subsetores”. Neste trabalho, a estrutura das indústrias de
alimentos foi dividida em: massas, café solúvel, torrefações, laticínios, conservas, frigoríficos e diversos.
Especificamente, em relação a afirmação do autor de lógicas concorrenciais semelhantes, cabe
lembrar sempre que há uma “falsa” homogeneidade do processo de produção de “commodities” pois na
verdade são ramos distintos, como por exemplo, pecuária, soja e outros, com formas de concorrências
particulares e processos de formações de preços peculiares a cada mercado.
“No Brasil, a produção de vários segmentos da indústria de alimentos é descentralizada, com
participações de pequenas e médias unidades localizadas nas proximidades das zonas de produção agrícola.
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
No entanto, o capital, a propriedade ou o controle do mesmo é concentrado. A diferenciação de
produtos tem sido a principal forma de expansão da indústria alimentar, que muitas vezes se restringe a
alterações de embalagens, não ocorrendo modificações na composição. A procura de novos campos de
valorização do capital, depois de esgotados os produtos tradicionais de cada empresa, leva-a a investir
pesadamente em novos campos, desenvolvendo novos produtos. Esse perfil de administração tem reflexos
na estrutura de consumo alimentar da população, modificando-a e incorporando novos hábitos alimentares.
A produção agropecuária não fica imune a esse processo, tendo de se adequar ao novo tipo de demanda
criada pela indústria de processamento alimentar” (Ramalho, 1988).
O fundamental a ressaltar é que, independentemente da conceituação adotada para agroindústria, há
um consenso entre os analistas econômicos de que o desenvolvimento agroindustrial é o caminho mais
eficiente de um país adicionar valor sobre o produto agrícola produzido (Goldberg, 1957; Lauschner, 1993).
O desenvolvimento do Agronegócio propicia novos mercados que possibilitam, além da ampliação da
exportação, gerar rendas e impostos para o país.
Sorj (1980), utilizando também uma perspectiva intersetorial, realiza um trabalho com o objetivo de
caracterizar as transformações ao nível da estrutura de classes e do papel desempenhado pelo Estado. O
trabalho focaliza o ciclo histórico de expansão agroindustrial brasileiro, e apresenta uma série de dados que
corrobora a intensidade das relações entre agricultura/indústria, sobrepujando os interesses industriais,
apoiados pelas políticas de Estado. Analisa, também, a estrutura do Complexo Agroindustrial e as diferentes
formas de inserção da produção agrícola, englobando no exame desde o setor D1 (indústria de insumos para
a agricultura) até o setor de supermercados. O autor apresenta a seguinte conceituação para o Agronegócio:
“conjunto formado pelos setores produtores de insumos e maquinarias agrícolas, de transformação industrial
dos produtos agropecuários e de distribuição, e de comercialização e financiamento nas diversas fases do
circuito agroindustrial”.
Para Sorj “... a integração da agricultura com a indústria remonta às origens da colonização do
Brasil, onde a produção agrícola de exportação já era processada internamente. Entretanto, a agroindústria
fornecedora de insumos e bens de capital para o setor agrícola assim como o segmento de processamento de
alimentos em grande escala para o mercado interno podem ser visualizados como um acontecimento
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O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
contemporâneo. Atuaram, concomitantemente, os níveis crescentes de acumulação de capital, a
expansão do mercado urbano e o próprio crescimento da agricultura, para a utilização crescente de
tecnologia avançada”. O surgimento do Complexo Agroindustrial só foi possibilitado, na opinião do autor,
pelo desenvolvimento agrícola anterior e se transformou no maior acelerador das transformações na
agricultura. As características presentes no Agronegócio são: alto grau de concentração do capital,
concorrência oligopólica, presença de recursos estrangeiros e nacionais.
Farina (1988) formula o conceito de Sistema Agroindustrial de alimentos objetivando uma
abordagem sistêmica, mas privilegiando o setor alimentar, ancorado nos estudos de organização industrial.
Para tal, denomina Sistema Agroindustrial de Alimentos (SAA), “a cadeia que se inicia na produção agrícola
de culturas alimentares, passa pelo processo de transformação industrial e através da rede de distribuição
chega ao consumidor final. O perfil e complexidade de tal sistema estão diretamente associados ao grau de
desenvolvimento econômico do país e o elo industrial será tão mais importante quanto mais avançado o
processo de industrialização e urbanização”.
No que tange a contribuição do sistema alimentar para a formação do Produto Interno Bruto
Brasileiro, a autora calcula, através dos dados dos Censos Comercial, Agrícola e Industrial, a sua
participação em 1980, chegando aos seguintes resultados: o sistema agroindustrial de alimentos responde por
17% do PIB, com a agricultura, a atividade industrial e a distribuição, contribuindo com 72%, 20% e 8%,
respectivamente, no valor de produção (Tabela 4).
Em que pese as diferenças metodológicas dos diferentes trabalhos e que levam a resultados
diferentes, deve-se observar que Farina trabalha com Valor de Produção para a agricultura e Valor de
Transformação Industrial para a indústria alimentar. Cabe ressaltar que a forma de cálculo utilizada leva a
uma superestimativa da importância do setor agrícola, na medida em que não desconta o valor dos insumos
industriais, o que é salientado pela própria autora. No que se refere ao ramo industrial não inclui as indústrias
ofertantes de insumos e de bens de capital para a agricultura, além de focalizar somente as indústrias
alimentares.
- 26 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 4
Contribuição do Sistema Alimentar para o PIB do Brasil - 1980
No DE ESTABELECIMENTOS
1. Agricultura (V.P.)
2 . Ind. Alimentar (V.T.I.)
Alimentos
Rações
TOTAL (2)
3 . Distribuição (V.A.)
Atacado
Varejo
TOTAL (3)
TOTAL (1 + 2 + 3)
% PIB
48.876
490
49.366
VALOR
ADICIONADO
(Cz$ mil)
PARTICIPAÇÃO NO SISTEMA
ALIMENTAR
1.430.181.770
72%
372.940.358
21.818.733
394.759.091
19%
1%
20%
34.249.962
125.302.537
159.552.499
1.984.493.360
17%
2%
6%
8%
100%
Fonte: FARINA (1988)
PIB-80 = 11..929.648.800 (Cr$ mil)
Embora a análise trate o Sistema Agroindustrial de Alimentos como um todo, a premissa básica é de
que “o segmento industrial que define sua dinâmica, onde a indústria de transformação é um segmento
chave nesse sistema, respondendo pela composição do “design” dos produtos, principalmente os menos
tradicionais, que cada vez mais são incorporados na cesta alimentar da população. Salienta, também, o fato
da indústria transportar, estocar e tornar menos perecíveis os alimentos. Particularmente, admite-se que o
comando de direção é articulado pelas grandes empresas nacionais e estrangeiras responsáveis por novas
técnicas que permitem uma sincronização dos fluxos de produção no mercado, diferenciando-a das outras
indústrias de bens de consumo pelo fato de utilizarem insumos agrícolas. A autora adota a teoria do
crescimento da firma onde as unidades básicas de análise são as firmas e as estruturas. Dada as
peculiaridades do crescimento da indústria de alimentos (crescimento da renda e do emprego), as inovações
concentram-se na diversificação dos produtos alimentares finais, numa clara utilização de estratégias de
- 27 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
mercado. É importante ressaltar que Farina aponta entre outras falhas, na metodologia usual do
Agronegócio, a não consideração na análise das estratégias concorrenciais”. Streeter et al. (1991), citado por
Santana (1994), seguem a mesma lógica de Farina, abarcando na visão ampla do Complexo Agroindustrial
(Agronegócio), somando à cadeia retrospectiva e prospectiva, o consumidor, como agente influente na
localização dos nichos de mercados. A Figura 1 apresenta esquematicamente tal processo, onde o
Agronegócio é visto como um encadeamento de atividades inter-relacionadas, compostas pelas empresas
fornecedoras de insumos para a agricultura, a produção agrícola, as atividades de armazenamento,
distribuição, processamento e os consumidores. Integrando esses segmentos e oferecendo uma estrutura de
apoio,
visualiza-se
as
pesquisa/desenvolvimento.
firmas
Streeter
e
o
e
governo,
seus
atuando
colaboradores
na
área
reconhecem
de
a
serviços, financiamentos e
importância
crescente
do
comportamento do consumidor, que passa a atuar decisivamente no desenvolvimento do Agronegócio e
salientam o esforço do setor varejista de comercialização no atendimento dos gostos e preferências do
consumidor, no sentido de adequá-los aos sinais da demanda. Nesta visão, os produtos trarão inseridos uma
gama de serviços deles indissociáveis e refletirão um novo perfil de demanda. O consumo de alimentos
passa a ser analisado por uma ótica que abrange critérios de saúde, além dos nutricionais (proteína e energia),
como também aumentam os padrões de exigências quanto à qualidade e diversificação de produtos dos
consumidores. Neste cenário, a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico tem contribuído decisivamente
para o aperfeiçoamento do processo de comercialização, no que se refere às preferências do consumidor e
também no fortalecimento das ligações de produção, dentro do Agribusiness. Concluem os autores que “o
mercado é a força motora que coordena e imprime a dinâmica competitiva do complexo agroindustrial”.
O estudo extenso e detalhado de Santana (1994) apresenta uma análise em que o objetivo é avaliar,
sob vários cenários de política econômica, os impactos que a expansão do Agronegócio brasileiro exerce
sobre a produção, o emprego e a distribuição da renda em toda economia.
Utiliza o conceito de “macroeconomic linkage”, para estimar as influências das diferentes políticas
econômicas sobre as relações intersetoriais. Como modelo empírico faz uso da estrutura de equilíbrio geral
da economia brasileira, através da matriz de contabilidade social, e interpretada por meio da análise dos
multiplicadores e da estrutura de passos da economia. Para tal utiliza dados de 1975 e 1985.
- 28 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Entre os resultados obtidos ressalta-se os referentes à análise dos multiplicadores globais que
mostra forte dependência intersetorial entre as atividades do Agronegócio e destas com toda economia. As
análises de interdependência econômica e de estrutura de passos mostram que as atividades do Agronegócio
apresentam as maiores “linkages” para frente e/ou para trás, como também os melhores canais para a
transmissão dos efeitos, na estrutura da economia brasileira, indicando ser este bloco de atividades
especialmente importante, para receber estímulos visando um crescimento sustentado.
Farina & Zylberstajn (1992), em resenha em que debatem o Sistema Agroindustrial Brasileiro,
analisam as diferentes formas pelas quais os diferentes segmentos componentes do sistema se
interrelacionam para garantir seu processo de acumulação. Essas ligações podem assumir a forma de uma
completa integração vertical, relações impessoais de mercado por meio de sistema de preços, ou podem darse através de contratos formais e informais.
Os autores reconhecem que a visão sistêmica contém elevado grau de abstração, uma vez que as
cadeias produtivas apresentam heterogeneidade na dinâmica, organização e desempenho, o que leva a que a
análise através das cadeias agroindustriais expressem melhor as relações comerciais e tecnológicas presentes
nos diferentes setores. Entretanto, consideram que a “cadeia produtiva pode ser definida como um recorte
dentro do complexo agroindustrial mais amplo privilegiando as relações entre agropecuária, indústria de
transformação e distribuição, em torno de um produto específico (frango, leite, laranja, etc.)”.
- 29 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
AGENTE
VAREJISTA
Relacionado ao
CONSUMIDOR
Tem
Tem
Estratégia
de Compra
Estratégia de
Marketing
Com base em
Gostos e
Preferências
para
de
COMPLEXO
AGROINDUSTRIAL
sobre
Descoberta
Ligado por
Atributos do
Produto
Preço
Facilita
Revela
Acordos
Institucionais
Variedade
Atacadista
INFORMAÇÃO
TECNOLÓGICA
Valor Adicional
Conveniência
Estabilidade de Preço
de
Processamento
Usando
Valor
Coordenação
Qualidade
Todo
Armazenamento
e Distribuição
Valor Nutritivo
Via
Consistência/
Segurança
Agricultores
Fornecedores
de Insumos
requer
Segurança
Alimentar
Ambiente
Empresarial
Fonte: STREETER et al. (1991), citado por SANTANA (1994).
Figura 1
Estrutura Representativa da Dinâmica e da Coordenação de Atividades do Agronegócio
- 30 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Outra tendência deste artigo é o de sustentar um novo padrão de crescimento para o sistema
agroindustrial, voltado para a crescente diversidade de produtos, onde o papel do consumidor é decisivo no
sentido de exercer, cada vez mais, seu poder de compra de forma a orientar as estratégias empresariais.
Assim, o mercado consumidor pode ratificar ou rejeitar as estratégias de crescimento das empresas, e a
crescente organização, informação e conscientização dos consumidores tem alterado o “super ambiente”12
em que as empresas industriais operam, condicionando suas estratégias competitivas.
Em suma, a relevância da análise sistêmica do Agronegócio já é amplamente disseminada
na literatura brasileira onde há um crescente reconhecimento da importância de uma perspectiva
intersetorial na economia agrícola em substituição aos enfoques tradicionais de análise econômica
que utilizam a ótica de setores primário − secundário − terciário na economia. Sendo assim, o
conceito analítico de “Agribusiness” se afigura como unidade de análise adequada para se estudar a
dinâmica da agricultura considerando as múltiplas relações do setor rural com a indústria e os
correspondentes mercados.
No entanto, percebe-se claramente que quando se estuda a agricultura dentro de uma visão global
um dos problemas que surgem é referente a noção de complexo a ser adotada. Trata-se de uma conceituação
que depende do que se quer enfatizar.
Furtuoso (1998) tendo como base as matrizes insumo-produto do Brasil de 1980 a 1994 analisa o
comportamento do complexo agroindustrial brasileiro (Agronegócio). Faz uso dos conceitos de índices de
ligações, para a definição de setores-chave e desenvolve um procedimento, a partir do Índice Puro de
Ligações Interindustriais, visando a identificação dos componentes do complexo agroindustrial. Foram
estimados, também, o Produto Interno Bruto do setor agrícola e do conjunto de setores vinculados ao setor
rural. Este estudo permite concluir que a agricultura brasileira apresenta um estágio avançado com alto grau
de interligação entre os setores produtivos nacionais e que o complexo agroindustrial brasileiro responde por
aproximadamente 32% do Produto Interno Bruto (PIB). (Tabela 5). Visto de uma perspectiva desagregada,
12
“Superambiente” é definido, pelos autores, como um conjunto de fatores externos à empresa, e que dificilmente são afetados por
suas estratégias de crescimento.
- 31 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
no período 1980/93, os resultados mostram a expressiva perda de peso da agropecuária no PIB do
Agronegócio, passando de 33,8% para 24,6%. A Indústria de Base Agrícola e o segmento de Distribuição
sobressaem-se como pólos mais dinâmicos, passando de 56% para 66,1%, enquanto a Indústria Para a
Agricultura diminui gradativamente sua participação, passando de 10,3% em 1980 para 9,4% em 1993.
(Tabela 6)
O método de fracionamento matricial13 utilizado (GU) para delimitação do complexo agroindustrial
permite uma mensuração mais precisa do Agronegócio e confirma o firme processo de integração entre
essas atividades. Isso é importante por mostrar o potencial do setor agrícola dentro da estrutura econômica,
por meio dos altos efeitos para trás e para frente.
O modelo analítico desenvolvido neste trabalho foi a base metodológica utilizada na presente
pesquisa com algumas alterações introduzidas visando o seu refinamento.
Com base no exposto acima, pode-se definir o Agronegócio como sendo um conjunto formado por:
a) setores industriais que fornecem bens e serviços para a agricultura, que se denominará de Indústria para a
Agricultura; b) a agricultura propriamente dita que se subdividirá em agricultura e pecuária; c) setores
industriais que têm na agricultura seus mercados fornecedores, que denominaremos de Indústria de Base
Agrícola; e d) o Setor de Distribuição, que englobará os segmentos de transporte, comércio e serviços. A
metodologia utilizada no delineamento do Agronegócio é apresentada no próximo capítulo, enquanto que os
resultados são apresentados no capítulo 4.
13
Para maiores detalhes metodológicos consultar Furtuoso (1998).
- 32 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 5
Produto Interno Bruto a Custo de Fatores do
Complexo Agroindustrial Brasileiro e do Brasil: 1980 a 1994
(1)
Complexo
Agroindustrial
Produto Interno Bruto
US$
68.508
206.077
100,00
US$
117.229
1990
1991
(1)
Cr$ milhões
%
US$
Cr$ milhões
8.027.778 29,70 100.376 41.128.411
%
28,46
394.900
27.039.473 100,00 352.604 144.479.802
100,00
US$
108.096
1992
1993
(1)
Cr$ milhões
%
US$
CR$ milhões
475.624.242 30,73 121.570 10.764.985
%
31,98
351.744
1.547.675.795 100,00 380.096
100,00
(1)
Complexo
Agroindustrial
Produto Interno Bruto
US$
146.471
1994
R$ milhões
%
93.580,2 31,71
461.772
295.026,2 100,00
(1)
Complexo
Agroindustrial
Produto Interno Bruto
10.267.828 100,00 180.444
%
36,15
1.117.245
(1)
Complexo
Agroindustrial
Produto Interno Bruto
1980
1985
(1)
Cr$ milhões
%
US$
Cr$ bilhões
3.401.432 33,13 65.333
403.848
(1)
Calculado pela taxa média de câmbio.
Fonte: Furtuoso (1998)
- 33 -
33.657.539
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 6
Produto Interno Bruto a Custo de Fatores do
Complexo Agroindustrial Brasileiro: 1980 a 1994
Agregados do
Complexo Agroindustrial
I – Indústria para a Agricultura
II – Agropecuária
III – Indústria de Base Agrícola
IV – Distribuição Final
Complexo Agroindustrial
Agregados do
Complexo Agroindustrial
I – Indústria para a Agricultura
II – Agropecuária
III – Indústria de Base Agrícola
IV – Distribuição Final
Complexo Agroindustrial
Agregados do
Complexo Agroindustrial
I – Indústria para a Agricultura
II – Agropecuária
III – Indústria de Base Agrícola
IV – Distribuição Final
Complexo Agroindustrial
Agregados do
Complexo Agroindustrial
I – Indústria para a Agricultura
II – Agropecuária
III – Indústria de Base Agrícola
IV – Distribuição Final
Complexo Agroindustrial
1980
US$(1) Cr$ milhões
7.182
348.718
23.204
1.147.902
15.470
772.443
22.652
1.132.369
68.508
3.401.432
1990
(1)
US$
Cr$ milhões
12.048
825.652
33.012
2.261.619
25.863
1.770.211
46.305
3.170.296
117.229
8.027.778
1992
(1)
US$
Cr$ milhões
10.762
47.352.969
27.434
120.708.295
24.481
107.713.622
45.420
199.849.356
108.096 475.624.242
1994
US$(1)
R$ milhões
13.332
8.517,92
48.107
30.735,35
30.668
19.593,98
54.364
34.732,96
146.471
93.580,20
1
Calculado pela taxa média de câmbio
Fonte: Furtuoso (1998)
- 34 -
1985
%
US$(1) Cr$ bilhões
10,25
6.667
40.860
33,75 20.889
130.418
22,71 15.111
92.528
33,29 22.667
140.042
100,00 65.333
403.848
1991
(1)
%
US$
Cr$ milhões
10,29
9.980
4.087.830
28,17 27.691 11.346.876
22,05 23.329
9.559.197
39,49 39.376 16.134.507
100,0 100.376 41.128.411
1993
(1)
%
US$
Cr$ milhões
9,96
11.371 1.006.887
25,38
29.880 2.645.906
22,65
27.788 2.460.617
42,01
52.530 4.651.575
100,0
121.570 10.764.985
%
9,10
32,84
20,94
37,12
100,0
%
10,12
32,29
22,91
34,68
100,0
%
9,94
27,59
23,24
39,23
100,0
%
9,35
24,58
22,86
43,21
100,0
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CAPÍTULO 3
REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Fonte e Tratamento das Informações Básicas
Para efeito desse trabalho utilizam-se as informações provenientes das matrizes de insumo-produto
calculadas oficialmente pelo IBGE correspondente ao período de 1985 a 1996 e integradas ao Novo Sistema
de Contas Nacionais do IBGE. Vale mencionar que se tratam das últimas informações disponíveis na
matéria apresentando, assim, o máximo grau de atualidade possível. Utilizam-se, também, dados das Contas
Nacionais e do Censo Agropecuário de 1995/1996, e através de várias técnicas de análise e de delineamentos
de complexos produtivos faz-se o delineamento e mensuração do complexo do agronegócio no Brasil.
Tendo em vista o objetivo do presente trabalho, de quantificação do PIB do Agronegócio, a Matriz
de insumo-produto é um instrumento adequado para esse fim, uma vez que a análise dos fluxos de bens e
serviços na economia e dos aspectos básicos do processo de produção − estrutura de produção e de insumos
das atividades, assim como a geração primária da renda (Salários, Encargos Sociais e demais Rendimentos
do trabalho; Excedente Operacional Bruto das Atividades Econômicas; Impostos e Subsídios sobre as
Atividades Econômicas)  são os principais objetos das Tabelas de insumo-produto.
As matrizes de insumo-produto de 1980 a 1996 fazem parte fundamental do Novo Sistema de
Contas Nacionais (NSCN) do IBGE e apresentam alterações metodológicas em relação às matrizes
anteriormente publicadas, 1970 e 1975, principalmente no que diz respeito ao conceito de produção. Nos
anos em questão, utilizou-se um conceito amplo de produção com o intuito de englobar, por exemplo, a
parcela da economia não computada nos censos econômicos. O tratamento dos dados básicos se encontra no
- 35 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
texto Novo Sistema de Contas Nacionais  Metodologia e Resultados Provisórios  Ano Base 1980
− volume I − no 10 − dez. 1988 − DPE.
O princípio básico adotado pelo IBGE na definição do processo de produção é o de considerar “a
unidade produtiva, o estabelecimento (local físico) onde se realiza uma única atividade econômica. As
atividades são formadas agregando-se os estabelecimentos com estruturas relativamente homogêneas de
consumo e produção. É levado em conta que as unidades produtivas podem produzir produtos típicos de
outras atividades; os estabelecimentos são classificados pela produção principal, resultando assim uma
produção secundária de produtos não representativos de sua atividade” (FIBGE, 1988).
Segundo o IBGE, a construção da classificação de atividades nas Tabelas de Insumo-Produto é feita
baseada no conjunto de estabelecimentos já classificados nos censos econômicos e inquéritos especiais, e
adota critérios de homogeneidade quanto a mercados (destino de bens e serviços produzidos) e tecnologia
(semelhança de insumos ou processos de produção). Em relação aos bens e serviços, são reunidos
considerando-se a homogeneidade quanto à origem  atividade produtora e procedência nacional ou
importada  e ao destino  tipo de consumidor e/ou usos específicos  dentro de cada grupo.
Os dados setoriais contendo as informações da agropecuária foram desagregados em dois setores: a)
Agricultura (incluindo extrativa vegetal); e b) Pecuária. O restante da agregação original (IBGE) foi mantida,
resultando em uma matriz de 43 setores.14
O procedimento utilizado para a desagregação do setor agropecuário, em dois subsetores,
Agricultura e Pecuária, foi realizado ponderando-se os valores de produção e de insumos pela participação
de cada produto no valor de produção total e de consumo intermediário total, de acordo com os dados do
Censo Agropecuário de 1995 e quando não disponível dos Censos de anos anteriores.
No caso da Agricultura são consideradas as informações disponíveis para: café em coco, cana-deaçúcar, arroz em casca, trigo em grão, soja em grão, algodão em caroço, milho em grão e outros produtos da
14
Os dados disponíveis têm a sua apresentação numa abordagem do tipo produto por setor, permitindo que cada produto seja
produzido por mais de um setor e que cada setor produza mais de um produto, ou seja, a matriz de produção e a matriz de
insumos devem ser combinadas gerando o enfoque de Leontief (setor x setor) conforme descritos em Miller e Blair (1985).
- 36 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
lavoura. Para a Pecuária, utilizam-se os dados referentes a bovinos e suínos, leite natural, aves vivas e
outros produtos da pecuária.
3.2
Ligações interindustriais e setores-chave
Visando o delineamento do Agronegócio brasileiro realiza-se a análise dos setores-chave que nos
permite visualizar a economia em questão e em especial os setores agrícola e agroindustriais.
A identificação de setores-chave passa necessariamente pela definição de índices de ligações
interindustriais. Neste campo existem recentes metodologias para estimativas de ligações, mais consistentes
matematicamente. Os novos métodos de medição possibilitam uma visão mais ampla da economia, mas não
substituem as abordagens tradicionais, uma vez que os vários procedimentos são complementares entre si.15
Essas análises permitem obter informações sobre a economia em questão e inferir como se
comporta frente às políticas setoriais.
3.2.1 Os índices de Rasmussen-Hirschman
Segundo Leontief (1951), os fluxos intersetoriais, em uma dada economia, podem ser determinados
por fatores econômicos e tecnológicos a partir de um sistema de equações simultâneas, da forma:
X = AX + Y
(1)
onde X é um vetor (n x 1) que denota o valor da produção total por setor; Y é um vetor (n x 1) do valor da
demanda final setorial; e A representa a matriz (n x n) dos coeficientes técnicos de produção, isto é, a matriz
de coeficientes diretos de insumos de ordem (n x n). Neste modelo, o vetor de demanda final é geralmente
tratado como exógeno, assim o vetor de produção total é determinado apenas pelo vetor de demanda final:
X = BY
15
Para uma discussão do conceito de setores-chave, ver Guilhotto, Sonis,Hewings e Martins, 1994.
- 37 -
(2)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
B = ( I − A) −1
(3)
onde B representa a matriz de insumos diretos e indiretos (n x n), ou a matriz de Leontief.
Em B = ( I − A) −1 , o elemento bij deve ser interpretado como sendo a produção total do setor i que é
necessária para produzir uma unidade de demanda final do setor j.
A partir da equação (3) pode-se obter os valores dos multiplicadores de produção do tipo I (ver
Miller e Blair, 1985) que correspondem à soma das colunas da matriz B. Tais multiplicadores fornecem
informações a respeito do aumento, em unidades, do produto total causado pelo aumento de uma unidade na
demanda final do produto de um setor, dada as ligações intersetoriais na economia.
A partir deste modelo, é possível calcular os Índices de Ligações para Frente e para Trás de
Rasmussen-Hirschman, que permitem determinar os setores que mais contribuem para o desenvolvimento
da economia em termos de ligações dentro da estrutura produtiva. Os setores que apresentam esses índices
maiores que a unidade são considerados setores-chave.
Os índices de Ligações para Trás (poder da dispersão) e para Frente (sensibilidade da dispersão) são
determinados, respectivamente, através das expressões:
.
U j = B• j / n / B*
(4)
U i = Bi • / n / B *
(5)
.
onde define-se bij como sendo um elemento da matriz inversa de Leontief B; B* como sendo a média de
todos os elementos de B; B∗j e Bi* como sendo, respectivamente, a soma de uma coluna e de uma linha
típica de B; e n o número de setores na economia.
O Índice de Ligações para Trás denota o quanto um setor demanda dos outros setores, enquanto o
Índice de Ligações para Frente denota o quanto um setor é demandado pelos outros.
- 38 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
3.2.2
O índice puro de ligações interindustriais
Os índices de ligações de Rasmussen-Hirschman, embora muito utilizados para identificação de
setores-chave, têm recebido alguns comentários críticos na literatura, por não computarem a influência dos
diferentes níveis de produção em cada setor da economia. [McGilvray (1977) e Hewings (1982)]. com o
intuito de corrigir essa deficiência, foi proposto inicialmente o enfoque Cella-Clements (Cella, 1984 e
Clements, 1990), posteriormente a visão do índice puro de ligações (Guilhoto et al., 1994) e, mais
recentemente, a abordagem do novo índice puro de ligações, também denominada GHS (Guilhoto et al.,
1996). 16
No presente trabalho propõe-se utilizar a abordagem GHS uma vez que ela leva em consideração a
importância de dado setor em termos de seu nível de produção bem como sua interação com outros setores
na economia, além de corrigir um erro de decomposição contidos nos trabalhos de Cella (1984) e Clements
(1990) e de aprimorar a versão inicial do índice puro de ligações apresentada em Guilhoto et al. (1994).
O método GHS pode ser interpretado como uma tentativa de unir dois métodos muito utilizados na
análise de insumo-produto que, além de apresentarem pontos comuns em suas formulações, são
considerados importantes para entender dada estrutura econômica e distinguir o impacto de um setor/região
em determinada economia sobre seus vários componentes (Guilhoto et al., 1996).
O primeiro originou-se das limitações do método tradicional de identificar setores-chave
(Rasmussen, 1956 e Hirschman, 1958) e é proposto com o objetivo de separar os impactos de dado
setor/região do resto da economia onde está inserido (Cella, 1984, Clements, 1990 e Guilhoto et al., 1994).
O segundo método, apresentado com propósito inteiramente diferente por Miyazawa (1976), é uma tentativa
de identificar as fontes de mudanças na economia e o papel das ligações internas e externas nas propagações
destas mudanças.
16
Para uma evolução cronológica das várias abordagens de índices de ligações anteriores ao GHS ver Guilhoto et al. (1994),
Clements e Rossi (1991 e 1992), e para mais detalhes sobre a abordagem GHS ver Guilhoto et al. (1996).
- 39 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
O novo índice puro de ligações intersetoriais para frente, para trás e total objetiva medir a
importância de dado setor para o resto da economia em termos do seu valor da produção.
Partindo da consolidação da abordagem GHS apresentada em Guilhoto et al. (1996), tem-se que a
matriz de coeficientes de insumos diretos, A¸ representando um sistema de insumo-produto para dado setor j
e o resto da economia é dada por:
 A jj
A=
 A rj
A jr 

A rr 
(6)
onde Ajj e Arr são matrizes quadradas de insumos diretos do setor j e do resto da economia (economia
menos o setor j), respectivamente;
Ajr e Arj
são matrizes retangulares mostrando, respectivamente, os
insumos diretos comprados pelo setor j do resto da economia e os insumos diretos comprados pelo resto da
economia do setor j.
Da equação (6) pode-se chegar a:
L = (I − A )
−1
 L jj
=
 Lrj
L jr   ∆ jj
=
Lrr   0
0  ∆ j
∆ rr   0
0  I

∆ r   Arj ∆ j
A jr ∆ r 
I 
(7)
cujos elementos são definidos como:
∆ j = (I − A jj )−1
(8)
∆ r = ( I − Arr )−1
(9)
∆ jj = (I − ∆ j A jr ∆ r Arj )−1
(10)
∆ rr = (I − ∆ r Arj ∆ j A jr )−1
(11)
Assim, a partir da equação (7), é possível verificar como ocorre o processo de produção na
economia e derivar um conjunto de multiplicadores/ligações representados pelas matrizes:
- 40 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
∆ jj
 0

0 
∆ rr 
(12)
interpretada como o multiplicador externo de Miyazawa (1976) para o setor j e o resto da economia, r;
∆ j
0

0
∆ r 
(13)
interpretada como o multiplicador interno de Miyazawa (1976) para o setor j e o resto da economia, r;
A jr ∆ r 
I 
 I
A ∆
 rj j
(14)
onde as linhas desagregam a demanda final por sua origem, isto é, a primeira linha separa a demanda final
interna ao setor j (I) da demanda final externa ao setor j
dA
jr
∆ r i, enquanto a segunda separa a demanda
final externa ao resto da economia d
Arj ∆ j i da demanda final interna ao resto da economia (I).
Conjugando a equação (7) com a formulação de Leontief dada por:
X = (I − A) −1 Y
(15)
é possível derivar um conjunto de índices que podem ser usados tanto para ordenar os setores em termos de
sua importância no valor da produção gerado quanto para verificar como ocorre o processo de produção na
economia. Estes índices são obtidos de:
 X j  ∆ jj
X  =  0
 r 
0 ∆ j
∆ rr   0
0  I

∆ r   Arj ∆ j
A jr ∆ r  Y j 
I  Yr 
(16)
Primeiramente, multiplicando-se os dois últimos termos do lado direito da equação (16), pode-se
derivar:
 X j   ∆ jj
X  =  0
 r 
0  ∆ j
∆ rr   0
0  Y j + A jr ∆ r Yr 


∆ r   Arj ∆ j Y j + Yr 
- 41 -
(17)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
onde Ajr ∆ r Yr é o impacto direto da demanda final do resto da economia sobre o setor j, ou seja,
fornece o nível de exportações do setor j necessário para satisfazer o nível de produção do resto da economia
para uma demanda final dada por Yr e Arj ∆ jY j é o impacto direto da demanda final do setor j sobre o resto
da economia, isto é, representa o nível de exportações do resto da economia que é necessário para satisfazer
o nível de produção do setor j para determinada demanda final dada por Yj.
Em seguida, fazendo o produto dos dois últimos termos do lado direito da equação (17) chega-se a:
 X j  ∆ jj
X  =  0
 r 
0   ∆ j Y j + ∆ j A jr ∆ r Yr 


∆ rr   ∆ r Arj ∆ jY j + ∆ r Yr 
(18)
onde pode-se derivar novas definições de índice puro de ligação para trás (PBL) e do índice puro de ligação
para frente (PFL) dadas por:
PBL = ∆ r Arj ∆ j Y j
(19)
PFL = ∆ j A jr ∆ r Yr
(20)
O PBL fornece o impacto puro do valor da produção total do setor j sobre o resto da economia,
∆ j Yj , ou seja, expressando um impacto que é livre da demanda de insumos que o setor j realiza do próprio
setor j e dos retornos (feedback) do resto da economia para o setor j e vice-versa.
O PFL fornece o impacto puro do valor da produção total do resto da economia sobre o setor j,
∆ rYr . Uma vez que o PBL e o PFL são expressos em valores correntes, o índice puro do total das ligações
(PTL) de cada setor na economia pode ser obtido pela adição de ambos como:
PTL = PBL + PFL
- 42 -
(21)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
3.3 Os setores industriais ligados à agricultura
A composição do Agronegócio, formado pelos seus principais ramos a montante e a jusante da
agricultura, pode ser vista como um indicador síntese da ordem de magnitude desse complexo industrial, e a
partir dessa composição obter inferências das relações interindustriais do tipo insumo-produto. Isto é o que se
pretende fazer através da análise da composição e evolução do PIB do Agronegócio Brasileiro.
Para tal, necessário se faz definir os critérios que vão permear a escolha dos setores compreendidos
no grupo de industrias processadoras de alimentos e matérias-primas da agricultura (indústria de base
agrícola).
Como já abordado no capítulo 2, referente a revisão bibliográfica, a expressão agroindústria tem sido
utilizada com diferentes objetivos, ou seja, com diferentes dimensões. Percebe-se nitidamente que há
divergências sobre a questão conceitual de Agronegócio e agroindústria ainda não havendo um consenso, o
que provoca dificuldades metodológicas em estabelecer o que realmente deve ser englobado nestes
conceitos. Na verdade, a conceituação a ser utilizada fica a critério do analista, dependendo do que se quer
enfatizar, do nível de análise e da disponibilidade de informações.
Neste trabalho, um novo procedimento é apresentado visando a delimitação dos componentes do
Agronegócio.
Numa outra perspectiva, pode-se derivar da equação (18) uma matriz retangular que mostra,
respectivamente, os insumos diretos e indiretos adquiridos pelo setor j do resto da economia (economia
menos o setor j) e os insumos diretos e indiretos adquiridos pelo resto da economia do setor j. Em essência,
pode-se imaginar que estas divisões representam duas economias separadas sem relações comerciais. Assim,
tem-se:
GU j = ∆ r A rj ∆ j Y j
onde as variáveis são definidas como anteriormente.
- 43 -
(22)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
O GU nos dá, em cada coluna, o impacto direto e indireto na economia do valor da produção
total do setor j. Este impacto é dissociado da demanda de insumos que o setor j realiza do próprio setor j. Por
outro lado, nas linhas, tem-se o impacto direto e indireto no setor j da produção total do resto da economia.
A derivação obtida fornece um procedimento analítico que permite quantificar a influência de um
setor específico sobre o resto da economia. Esta metodologia pode ser usada para auxiliar na análise da
importância dos diferentes setores que compõem a economia em termos dos impactos globais. O principal
problema dos métodos estudados é que, apesar de analisarem a importância dos setores em termos dos
impactos globais não permitem mensurá-los.
A partir desse modelo gera-se uma matriz GU que permite identificar as inter-relações entre as
atividades agropecuárias e os demais setores da economia. Nas colunas da matriz GU, referente ao setor
agropecuário (primeira e segunda colunas) têm-se as estruturas de consumo (direto e indireto) das
respectivas atividades, como demandantes de insumos do resto da economia, em valores correntes.
Excetuando o primeiro elemento, ao longo da primeira linha dessa matriz lê-se o destino da produção
agrícola em valores correntes, como insumos dos diferentes setores (impacto direto e indireto). O mesmo
procedimento se processa para a Pecuária. Note que em cada coluna da Matriz GU, exclui-se o elemento do
setor a ele correspondente.
Dessa forma, os valores da primeira coluna, quando ordenados em ordem decrescente, mostram a
importância dos diferentes setores da economia como ofertantes de insumos para o setor agrícola. Os valores
da primeira linha, quando ordenados da mesma forma, revelam os principais setores demandantes de
produtos agrícolas.
3.4 Cálculo do Produto Interno Bruto do Agronegócio Brasileiro
Para a análise do agronegócio brasileiro, como já mencionado, utiliza-se a matriz de insumo-produto
que fornece um número elevado de setores que caracterizam o agronegócio brasileiro.
- 44 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
A técnica de insumo-produto foi desenvolvida visando a análise das relações entre os setores
produtivos e de consumo de uma economia nacional, permitindo uma análise sistêmica e integrada de todo
fluxo do produto.
Os pressupostos implícitos no uso da matriz insumo-produto são:
•
os coeficientes técnicos de insumo-produto são fixos, o que significa supor funções de produção
lineares;
•
ignoram-se mudanças nos preços relativos;
•
supõe-se que as mudanças tecnológicas são lentas;
•
todos os bens e serviços incluídos na matriz apresentam uma oferta infinitamente elástica, ou
seja, toda a demanda adicional será coberta expandindo-se a produção aos custos representados
na matriz.
O Complexo do Agronegócio no Brasil será definido e mensurado em dois grandes setores:
Agricultura e Pecuária. O Complexo do Agronegócio da Agricultura será composto além do setor da
Agricultura dos setores industriais que apresentam as maiores interligações setoriais. Para o Complexo do
Agronegócio da Pecuária será utilizado, para a sua composição, o mesmo critério.
O valor total do PIB do Agronegócio em cada um dos seus complexos será dividido em: a) insumos;
b) o próprio setor; c) processamento; e d) distribuição e serviços.
O procedimento adotado para a estimativa do PIB do Agronegócio brasileiro se dá pelo enfoque do
Produto, ou seja, do cálculo do Valor Adicionado a preços de mercado.
Assim, tem-se que o Valor Adicionado a preços de mercado é obtido pela soma do valor adicionado
a preços básicos aos impostos indiretos líquidos de subsídios sobre produtos e subtração da dummy
financeira, resultando na seguinte expressão:
VAPM = VAPB + IIL – DuF
onde:
- 45 -
(23)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
VAPM = Valor Adicionado a Preços de Mercado
VAPB = Valor Adicionado a Preços Básicos
IIL = Impostos Indiretos Líquidos
DuF = Dummy Financeiro
Para o cálculo do PIB do Agregado I (insumos para a agricultura e pecuária) são utilizadas as
informações disponíveis nas tabelas de insumo-produto referentes aos valores dos insumos adquiridos pela
Agricultura e Pecuária. As colunas com os valores dos insumos são multiplicadas pelos respectivos
coeficientes de valor adicionado (CVAi). Para obter-se os Coeficientes do Valor Adicionado por setor (CVAi)
divide-se o Valor Adicionado a Preços de Mercado (VAPM i ) pela Produção do Setor (Xi), ou seja,
CVAi =
VAPM i
Xi
(24)
Desta forma, o problema de dupla contagem, apresentado em estimativas anteriores do PIB do
Agronegócio, quando se leva em consideração os valores dos insumos e não o valor adicionado
efetivamente gerado na produção destes, foi eliminado. Tem-se então:
n
PIB I = ∑ Z ik ∗ CVAi
k
i =1
k = 1, 2 setor agricultura e pecuária
(25)
i = 1, 2, ..., 43 setores restantes
onde:
PIB I k = PIB do agregado I (insumos) para agricultura (k=1) e pecuária (k=2)
zik = valor total do insumo do setor i para a agricultura ou pecuária
CVAi = coeficiente de valor adicionado do setor i
Para o Agregado I total tem-se:
- 46 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
PIB I = PIB I1 + PIB I2
(26)
onde:
PIBI = PIB do agregado I
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
Para o Agregado II (Agricultura e Pecuária) considera-se no cálculo os valores adicionados gerados
pelos respectivos setores e subtrai-se dos valores adicionados destes setores os valores que foram utilizados
como insumos,
desta forma,
mais uma vez elimina-se o problema de dupla contagem presente em
estimativas anteriores do PIB do Agronegócio. Temos então que:
2
PIB II k = VAPM k − ∑ z ik ∗ CVAi
i =1
(27)
k = 1, 2
onde:
PIB IIk = PIB do agregado II para agricultura (k=1) e pecuária (k=2)
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
Para o Agregado II total tem-se:
PIB II = PIB II1 + PIB II2
(28)
onde:
PIB II = PIB do agregado II
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
Para a definição da composição das Indústrias de base agrícola (Agregado III) adotaram-se vários
indicadores, como por exemplo: a) os principais setores demandantes de produtos agrícolas, obtidas através
da estimação da matriz GU; b) as participações dos insumos agrícolas no consumo intermediário dos setores
agroindustriais; e c) as atividades econômicas que efetuam a primeira, segunda e terceira transformação das
- 47 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
matérias-primas agrícolas.17 Desta forma, o ramo da Indústria de base agrícola (agroindústrias) será
constituído pelas seguintes atividades:
Ø Madeira e Mobiliário;
Ø Celulose, Papel e Gráfica;
Ø Fabricação de Elementos Químicos (Álcool);
Ø Indústria Têxtil;
Ø Fabricação de Artigos do Vestuário;
Ø Fabricação de Calçados;
Ø Indústria do Café;
Ø Beneficiamento de Produtos Vegetais;
Ø Abate de Animais;
Ø Indústria de Laticínios;
Ø Fabricação de Açúcar;
Ø Fabricação de Óleos Vegetais;
Ø Fabricação de Outros Produtos Alimentares.
Os Agregados II e III,
portanto, expressam a renda ou o valor adicionado gerado por esses
segmentos. Saliente-se que os dados das matrizes de insumo-produto mostram que, em média, do total da
produção da agricultura e da pecuária destinada à utilização intermediária, 21,8% são absorvidos pelo setor
rural, 71,8% são vendidos à agroindústria e somente 6,4% são destinados aos setores restantes.18
No caso da estimação do Agregado III (Indústrias de Base Agrícola) adota-se o somatório dos
valores adicionados pelos setores agroindustriais subtraídos dos valores adicionados destes setores que foram
17
Ver o Capítulo 4 para um maior detalhamento sobre a composição do agronegócio brasileiro.
18
Dados da Pesquisa
- 48 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
utilizados como insumos do Agregado II, como mencionado anteriormente esta subtração visa a
eliminação da dupla contagem presente em estimativas anteriores do PIB do Agronegócio, ou seja:
(
PIB III k = ∑ VAPM q − z qk ∗ CVAq
q∈ k
)
(29)
k = 1, 2
onde:
PIB IIIk = PIB do agregado III para agricultura (k=1) e pecuária (k=2)
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
Para o Agregado III total tem-se:
PIB III = PIB III1 + PIB III 2
(30)
onde:
PIB III = PIB do agregado III
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
No caso do Agregado IV, referente à Distribuição Final, considera-se para fins de cálculo o valor
agregado dos setores relativos ao Transporte, Comércio e
segmentos de Serviços. Do valor total obtido
destina-se ao Agronegócio apenas a parcela que corresponde à participação dos produtos agropecuários e
agroindustriais na demanda final de produtos. A sistemática adotada no cálculo do valor da distribuição final
do agronegócio industrial pode ser representada por:
DFG − IILDF − PIDF = DFD
(31)
VATPM + VACPM + VAS PM = MC
(32)
- 49 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
DFk + ∑ DFq
PIB IVk = MC *
q ∈k
(33)
DFD
k = 1,2
onde:
DFG = demanda final global
IILDF = impostos indiretos líquidos pagos pela demanda final
PIDF = produtos importados pela demanda final
DFD = demanda final doméstica
VATPM = valor adicionado do setor transporte a preços de mercado
VACPM = valor adicionado do setor comércio a preços de mercado
VASPM = valor adicionado do setor serviços a preços de mercado
MC = margem de comercialização
DFk = demanda final da agricultura (k=1) e pecuária (k=2)
DFq = demanda final dos setores agroindustriais
PIB IVk = PIB do agregado IV para agricultura (k=1) e pecuária (k=2)
Para o Agregado IV total tem-se:
PIB IV = PIB IV1 + PIB IV2
onde:
PIB IV = PIB do agregado IV
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
O PIB total do Agronegócio é dado pela soma dos seus agregados, ou seja:
- 50 -
(34)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
PIB Agronegóciok = PIB I k + PIBII k + PIB IIIk + PIB IVk
(35)
k = 1,2
onde:
PIB Agronegóciok = PIB do agronegócio para agricultura (k=1) e pecuária (k=2)
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
Para o Agronegócio total tem-se:
PIB Agronegócio = PIB Agronegócio1 + PIB Agronegócio2
(36)
onde:
PIB Agronegócio = PIB do agronegócio
e as outras variáveis são como definidas anteriormente.
A metodologia descrita acima pode ser vista de uma forma esquemática na Figura 2 que apresenta o
processo de obtenção do PIB do agronegócio. Observa-se então que o PIB do agronegócio pode ser obtido
tanto pela soma ponderada do PIB dos agregados como pela soma ponderada dos PIBs da agricultura e da
pecuária.
Por último merece-se chamar atenção aqui o fato importante que é o de se mensurar também a
dimensão do quanto que cada setor industrial adiciona ao agronegócio. O processo de obtenção deste valores
se dá através do seguinte: a) estima-se o valor do agronegócio caso não existissem os setores industriais,
segundo a metodologia acima; e b) ainda segundo a mesma metodologia inclui-se, um a um, cada setor
industrial no complexo do agronegócio, por diferença, obtém-se então a contribuição de cada indústria
processadora para o total do agronegócio.
No capítulo seguinte são apresentados e discutidos os resultados obtidos da aplicação das
metodologias aqui apresentadas.
- 51 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Insumos
Agricultura
Insumos
Pecuária
Indústria
Dist. e Serv.
Indústria
Dist. e Serv.
PIB Agricultura
Agribusiness
PIB Pecuária
PIB Agronegócio
Ins. Pecuária
Ins. Agricultura
Pecuária
Ins. Agroneg.
Agropecuária
Agricultura
Ind. Agroneg..
Ind. Agricultura
PIB Agronegócio
Dist. e Serv. Agri.
Dist. e Serv. Agroneg.
Ind. Pecuária
Dist. e Serv. Pec.
Figura 2
REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO
- 52 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CAPÍTULO 4
ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1. Introdução
Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados referentes ao delineamento e mensuração
do PIB do Agronegócio na economia brasileira.
Devido ao fato do ano de 1995 ter sido o último ano para o qual o censo agropecuário foi realizado,
este foi tomado como ano base da análise. Isto porque através da combinação de informações existentes
tanto no censo como nas matrizes de insumo-produto existentes para este ano foi possível se fazer a abertura
do setor agropecuário entre agricultura e pecuária.
Na seção 4.2 deste capítulo é feita uma análise de como o setores da Agricultura e da Pecuária se
inserem dentro da economia e como se interrelacionam com os outros setores. A seção 4.3 define a
composição do complexo do agronegócio assim como faz um estudo da estrutura e da interrelação entre os
setores que o compõem. Na seção 4.4 é feita a apresentação da estrutura detalhada do agronegócio em 1995,
que servirá como base para definir a ponderação a ser utilizada nas estimativas mensais de crescimento do
PIB do agronegócio na economia brasileira. Na seção 4.5 é feita uma análise da evolução do complexo do
agronegócio entre 1994 a 1999.
- 53 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
4.2 Uma Análise Setorial da Economia Brasileira
Através da utilização de multiplicadores setoriais e de índices de ligações esta seção faz uma análise
de como os setores se interrelacionam na economia brasileira.
A Tabela 7 apresenta os multiplicadores do tipo I para a economia brasileira em 1995, os resultados
mostram que os setores de Agricultura e Pecuária apresentam os valores de 1,66 e de 1,56, indicando que
para cada real que é produzido deste setores com destino a demanda final, é gerado um valor total de
produção de R$ 1,66 na Agricultura e de R$ 1,56 na Pecuária. Estes valores posicionam os setores acima na
30a e 36a posições na economia. A baixa colocação destes setores em termos de multiplicadores setoriais,
como será visto adiante, não é uma indicação da importância destes setores na economia, pois outros
elementos necessitam ser levados em consideração, o que este valores indicam é que os setores de
Agricultura e Pecuária,
quando comparados com os outros setores são pouco demandantes de insumos
dentro do processo produtivo.
Por sua vez, os setores ligados diretamente com a atividade da agricultura e pecuária apresentam
multiplicadores bem maiores, isto é: a) Madeira e Mobiliário (2,00 - 20o); b) Celulose Papel e Gráfica (2,13 17o);
c) Elementos Químicos (1,95 - 23o); d) Indústria Têxtil (2,23 - 10o); e) Fabricação de Artigos de
Vestuário (2,18 - 14o); f) Fabricação de Calçados (2,19 - 13o); g) Indústria do Café (2,42 - 4o); h)
Beneficiamento de Produtos Vegetais (2,22 - 11o); i) Abate de Animais (2,32 - 6o); j) Indústria de Laticínios
(2,40 - 5o); l) Fabricação de Açúcar (2,45 - 3o); m) Fabricação de Óleos Vegetais (2,54 - 1o); e n) Fabricação
de Outros Produtos Alimentares (2,30 - 7o). Indicando que estes setores são mais demandantes de insumos
da economia do que os setores de Agricultura e Pecuária.
Conforme já mencionado anteriormente os índices de ligação para trás, segundo Rasmussen (1956)
e Hirschman (1958), retratam a importância dos diferentes setores como demandantes de insumos dos outros
setores da economia. Por sua vez, os índices de ligação para frente revelam os setores cujas produções são
altamente utilizadas pelos demais setores no processo produtivo. Este enfoque é utilizado para se determinar
os setores com maior poder de encadeamento dentro de uma economia, sendo que valores maiores que 1
indicam setores acima da média.
- 54 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 7
Multiplicadores Setoriais do Tipo I, Brasil – 1995
Código
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
Setores
Agricultura
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
Fab. De minerais não metálicos
Siderurgia
Metalurgia de não ferrosos
Fab. Outros produtos metalúrgicos
Fab. E manutenção de máq. E tratores
Fab. De material elétrico
Fab. De elementos eletrônicos
Fab. De automóveis, caminhões e ônibus
Fab. De peças e outros veículos
Madeira e mobiliário
Celulose, papel e gráfica
Indústria da borracha
Fab. Elementos químicos
Refino do petróleo
Fab. De produtos químicos diversos
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Fab. De artigos do vestuário
Fab. De calçados
Indústria do café
Beneficiamento de produtos vegetais
Abate de animais
Indústria de laticínios
Fab. De açúcar
Fab. De óleos vegetais
Fab. De outros produtos alimentares
Indústrias diversas
Serviços industriais de utilidade pública
Construção civil
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
Serviços prestados às famílias
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
Administração pública
Serviços privados não mercantis
Multiplicador Tipo I
1,66
1,56
1,98
1,67
2,00
2,52
2,12
2,29
1,78
2,20
1,66
2,18
2,25
2,00
2,13
2,13
1,95
1,80
2,07
1,83
1,91
2,23
2,18
2,19
2,42
2,22
2,32
2,40
2,45
2,54
2,30
1,91
1,58
1,63
1,55
1,65
1,24
1,35
1,62
1,41
1,09
1,47
1,12
Fonte: Dados da Pesquisa
- 55 -
Ordem
30
36
22
29
21
2
18
8
28
12
31
15
9
20
17
16
23
27
19
26
24
10
14
13
4
11
6
5
3
1
7
25
35
33
37
32
41
40
34
39
43
38
42
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
A Tabela 8, ilustrada na Figura 3, apresenta os índices de ligação para trás e para frente em
1995. Considerando-se os seis setores com os maiores índices de ligação para trás tem-se os setores 30 −
Fabricação de Óleos Vegetais, 6 − Siderurgia, 29 – Fabricação açúcar, 25 − Indústria do café, 28 − Indústria
de laticínios e 27 − Abate de animais, ocupando as seis primeiras posições para o período em análise. Vê-se
que entre esses segmentos os de produtos alimentares têm um peso importante nas relações da economia
brasileira compondo cinco das seis principais atividades. Com relação aos índices de ligação para frente
destacam-se os setores 1 − Agricultura, 18 − Refino do Petróleo, 6 − Siderurgia, 35 − Comércio, 33 −
Serviços industriais de utilidade pública e 2 − Pecuária, ocupando posições chave no período. Deve-se
mencionar a relevância da Agricultura e da Pecuária que apresentam índices de ligação superiores a 1
referindo-se, respectivamente, à primeira posição para Agricultura (2,63) e sexta posição para Pecuária
(1,44).
Usando como base a conceituação de índices de ligação para trás e para frente pode-se definir o
conceito de setores chave. Segundo McGilvray (1977) são considerados setores chave aquelas atividades
com ambos coeficientes (índices para trás e para frente) maiores do que 1. Pela Figura 3 pode-se observar
que, no caso brasileiro, para o período em análise (1995) tem-se
a
seguinte composição: 6 −
Siderurgia, 7 − Metalurgia de não ferrosos, 8 − Fabricação de outros produtos metalúrgicos, 15 − Celulose,
Papel e Gráfica, 19 − Químicos diversos e 22 − Indústria Têxtil. O problema desta definição é o de ser um
critério restrito deixando de lado setores que apresentam altos valores em apenas um dos índices.
Para o caso de se adotar um conceito menos limitativo e estabelecer setores chave como aqueles que
apresentam ou o índice de ligação para trás ou o índice de ligação para frente com valores maiores do que 1,
corre-se o risco dessa classificação ser demasiadamente extensa.
- 56 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 8
Índices de Ligações de Hirschman-Rasmussen, Brasil – 1995
Código
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
Setores
Agricultura
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
Fab. de minerais não metálicos
Siderurgia
Metalurgia de não ferrosos
Fab. Outros produtos metalúrgicos
Fab. e manutenção de máq. e tratores
Fab. de material elétrico
Fab. de elementos eletrônicos
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Fab. de peças e outros veículos
Madeira e mobiliário
Celulose, papel e gráfica
Indústria da borracha
Fab. elementos químicos
Refino do petróleo
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Fab. de artigos do vestuário
Fab. de calçados
Indústria do café
Beneficiamento de produtos vegetais
Abate de animais
Indústria de laticínios
Fab. de açúcar
Fab. de óleos vegetais
Fab. de outros produtos alimentares
Indústrias diversas
Serviços industriais de utilidade pública
Construção civil
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
Serviços prestados às famílias
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
Administração pública
Serviços privados não mercantis
Fonte: Dados da Pesquisa
- 57 -
Índ. Trás
Ordem
Índ. Frente
Ordem
0,87
0,81
1,03
0,87
1,04
1,31
1,11
1,19
0,93
1,15
0,86
1,13
1,17
1,04
1,11
1,11
1,02
0,93
1,08
0,95
1,00
1,16
1,14
1,14
1,26
1,16
1,21
1,25
1,28
1,32
1,20
1,00
0,82
0,85
0,81
0,86
0,64
0,70
0,84
0,74
0,57
0,77
0,58
30
36
22
29
21
2
18
8
28
12
31
15
9
20
17
16
23
27
19
26
24
10
14
13
4
11
6
5
3
1
7
25
35
33
37
32
41
40
34
39
43
38
42
2,63
1,44
0,79
0,79
0,95
1,78
1,03
1,32
1,17
0,73
0,60
0,55
0,94
0,71
1,20
0,92
0,91
2,49
1,32
0,56
0,83
1,39
0,53
0,64
0,71
0,68
0,68
0,67
0,71
0,80
0,75
0,69
1,44
0,67
1,71
1,42
0,72
1,01
0,82
1,14
0,76
0,86
0,52
1
6
25
24
16
3
14
10
12
28
39
41
17
31
11
18
19
2
9
40
21
8
42
38
32
34
35
37
30
23
27
33
5
36
4
7
29
15
22
13
26
20
43
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Lavoura
Serviços privados não mercantis
Administração pública
Pecuária
Extrativa mineral
3,00
Aluguel de imóveis
Extração de petróleo e carvão
Serviços prestados às empresas
Fab. de minerais não metálicos
2,50
Serviços prestados às famílias
Siderurgia
Instituições financeiras
Metalurgia de não ferrosos
2,00
Comunicações
Fab. outros produtos metalurgicos
1,50
Transporte
Fab. e manutenção de máq. e tratores
1,00
Comércio
Fab. de material elétrico
0,50
Construção civil
Fab. de elementos eletrônicos
0,00
Serviços industriais de utilidade pública
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Indústrias diversas
Fab. de peças e outros veículos
Fab. de outros produtos alimentares
Madeira e mobiliário
Fab. de óleos vegetais
Celulose, papel e gráfica
Fab. de açucar
Indústria da borracha
Indústria de laticínios
Fab. elementos químicos
Abate de animais
Refino do petróleo
Beneficiamento de produtos vegetais
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria do café
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Fab. de calçados
Fab. de artigos do vestuário
Indústria têxtil
Indústria de artigos de plásticos
Ind. Trás (BL)
Fonte: Tabela 8
Figura 3
Índice de Ligações de Hirschman-Rasmussen, Brasil - 1995
- 58 -
Ind. Frente (FL)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Como hipótese alternativa para determinação dos setores chave há uma definição menos
restrita, sugerida por Guilhoto e Picerno (1995), onde definem-se setores chave como sendo aqueles que
apresentam os maiores índices de ligação para trás e para frente, assim como aqueles que satisfazem o
conceito mais restrito de setor chave. Utilizando-se essa definição para selecionar os principais setores da
economia, e estabelecendo como ponto de corte os seis maiores índices, temos a seguinte composição: 1 −
Agricultura, 2 − Pecuária, 6 − Siderurgia, 7 − Metalurgia de não ferrosos, 8 − Fabricação de outros produtos
metalúrgicos, 15 − Celulose, papel e gráfica, 18 −
Refino do Petróleo, 19 − Químicos diversos, 22 −
Indústria têxtil, 25 − Indústria do Café, 27 − Abate de animais, 28 − Indústria de laticínios, 29 − Fabricação
de açúcar, 30 − Fabricação de óleos vegetais, 33 − Serviços industriais de utilidade pública e 35 − Comércio.
Para o caso dos índices puros, os índices de ligações para trás e para frente são somados, de modo a
gerar o índice total de ligações (Tabela 9 e Figura 4) onde a agregação possibilita uma nova base para
determinação de setores chave na economia. 19
Os setores chave, no caso do enfoque dos índices puro total são: 1 − Agricultura, 18 − Refino do
petróleo, 34 − Construção Civil, 35 − Comércio, 39 − Serviços prestados às famílias e 42 – Administração
Pública.
Quando se considera os seis setores com os maiores índices de ligações para frente, têm-se que, para
o índice puro, os setores mais importantes são: 1 – Agricultura, 2 − Pecuária, 18 − Refino do Petróleo, 35 −
Comércio, 36 − Transporte e 40 − Serviços prestados às empresas.
As estimativas empíricas das ligações interindustriais da economia brasileira demonstram o
importante papel da agropecuária, tanto no que diz respeito a Agricultura como a Pecuária, como insumos
para o resto da economia, uma vez que estes setores têm índices altos no encadeamento a jusante.
19
O trabalho de Guilhoto, Sonis, Hewings e Martins (1994) que apresenta uma análise da estrutura produtiva da economia brasileira,
respectivamente em 1959, 1970, 1975 e 1980, introduz o conceito de índice de ligação puro e faz um paralelo com as
metodologias mais tradicionais oferecendo uma visão ampla do papel dos índices de ligações interindustriais nas análises de
insumo-produto.
- 59 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 9
Índices Puro de Ligações, Brasil – 1995 (R$ Milhões)
Cód.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
Setores
Agricultura
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
Fab. de minerais não metálicos
Siderurgia
Metalurgia de não ferrosos
Fab. outros produtos metalúrgicos
Fab. e manutenção de máq. e tratores
Fab. de material elétrico
Fab. de elementos eletrônicos
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Fab. de peças e outros veículos
Madeira e mobiliário
Celulose, papel e gráfica
Indústria da borracha
Fab. elementos químicos
Refino do petróleo
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Fab. de artigos do vestuário
Fab. de calçados
Indústria do café
Beneficiamento de produtos vegetais
Abate de animais
Indústria de laticínios
Fab. de açúcar
Fab. de óleos vegetais
Fab. de outros produtos alimentares
Indústrias diversas
Serviços industriais de utilidade pública
Construção civil
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
Serviços prestados às famílias
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
Administração pública
Serviços privados não mercantis
Trás
Ordem
7.685,9
13
5.386,9
21
2.214,6
33
43
−26,0
1.107,4
38
3.246,9
27
1.895,5
35
3.172,9
29
7.974,7
12
7.219,7
17
7.250,3
15
20.756,0
5
5.891,4
19
5.687,8
20
3.497,85
26
575,4
42
3.648,0
25
2.249,5
32
1.495,2
36
7.236,5
16
1.043,1
40
3.051,6
30
10.231,0
11
4.156,7
23
3.813,5
24
15.039,5
8
15.184,4
7
5.979,7
18
3.188,5
28
7.461,6
14
19.458,9
6
2.434,1
31
2.185,8
34
48.075,4
2
25.558,9
4
11.512,6
10
1.120,3
37
13.332,1
9
34.155,6
3
1.085,3
39
4.775,2
22
57.602,7
1
946,6
41
Fonte: Dados da Pesquisa
- 60 -
Frente
Ordem
30.653,6
2
16.689,6
6
3.124,5
33
4.253,2
28
12.835,3
12
15.478,1
9
5.854,9
23
15.575,6
8
10.067,1
16
5.088,3
27
896,8
38
533,7
40
11.255,3
14
4.037,3
30
13.243,3
11
5.465,8
26
6.749,8
20
32.939,2
1
12.645,0
13
980,4
37
6.489,0
22
10.196,0
15
208,3
42
383,1
41
603.,3
39
4.251,4
29
2.396,2
34
1.080,4
36
1.985,3
35
3.798,1
31
7.044,4
19
3.580,4
32
15.864,4
7
5.553,8
25
30.026,8
3
18.370,0
5
5.832,4
24
9.335,3
17
14.090,4
10
24.142,1
4
7.700,9
18
6.745,7
21
0
43
Total
Ordem
38.339,6
5
22.076,5
11
5.339,1
38
4.227,2
42
13.942,7
22
18.725,0
15
7.750,3
32
18.748,5
14
18.041,8
17
12.308,2
25
8.147,1
31
21.289,7
12
17.146,7
19
9.725,0
29
16.741,1
20
6.041,2
36
10.397,8
28
35.188,7
6
14.140,2
21
8.216,9
30
7.532,1
33
13.247,7
23
10.439,2
27
4.539,7
40
4.416,9
41
19.290,8
13
17.580,5
18
7.060,1
34
5.173,7
39
11.259,7
26
26.503,2
8
6.014,5
37
18.050,3
16
53.629,2
3
55.585,6
2
29.882,6
7
6.952,7
35
22.667,4
10
48.246,0
4
25.227,4
9
12.476,1
24
64.348,3
1
946,6
43
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Lavoura
Serviços privados não mercantis
70000000
Administração pública
Aluguel de imóveis
Serviços prestados às empresas
Serviços prestados às famílias
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
60000000
Fab. de minerais não metálicos
Siderurgia
50000000
Instituições financeiras
Metalurgia de não ferrosos
40000000
Comunicações
Fab. outros produtos metalurgicos
30000000
Transporte
Fab. e manutenção de máq. e tratores
20000000
Comércio
Fab. de material elétrico
10000000
0
Construção civil
Fab. de elementos eletrônicos
-10000000
Serviços industriais de utilidade pública
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Indústrias diversas
Fab. de peças e outros veículos
Fab. de outros produtos alimentares
Madeira e mobiliário
Fab. de óleos vegetais
Celulose, papel e gráfica
Fab. de açucar
Indústria da borracha
Indústria de laticínios
Fab. elementos químicos
Abate de animais
Refino do petróleo
Beneficiamento de produtos vegetais
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria do café
Fab. de calçados
Fab. de artigos do vestuário
Índ. Puro trás ligações
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Índ. Puro frente ligações
Fonte: Tabela 9
Figura 4
Índices Puro de Ligações, Brasil - 1995 (R$ Mil)
- 61 -
Índ. Puro total ligações
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Note-se, dessa forma, que altos índices de ligações para frente não é especificidade exclusiva
de atividades industriais modernas, visto que tanto a agricultura como alguns setores de serviços e comércio
apresentam alguns dos maiores índices de encadeamento para frente.
A hierarquização normalizada das ligações interindustriais são apresentadas na Tabela 10 e Figura 5,
onde os valores de ligações para trás, para frente e total estão divididos pela média da produção dos setores,
fornecendo estimativas de ligações por unidade produzida. Essas medidas revelam que diversos setores
agroindustriais (26 – Beneficiamento de produtos vegetais, 27 − Abate de animais, 31 – Fabricação de outros
produtos alimentares) têm um alto índice de ligações para trás por unidade de produção setorial. Cabe
ressaltar que entre os maiores índices para frente por unidade de produção estão os setores 1 − Agricultura e
2 – Pecuária que, respectivamente, geram interligações 3,40 e 1,85 a mais do que a média da economia,
ocupando a segunda e a sexta posição entre todos os setores em termos de ligações para frente por unidade
de produção. A medida de ligação total reafirma a posição de destaque da agropecuária, com estimativas de
2,12 e 1,22 para as atividades 1 − Agricultura e 2 − Pecuária, respectivamente.
Uma comparação dos resultados dos diversos índices mostra que, embora a metodologia de
determinação de setores chave entre os diferentes enfoques apresentem diferenças básicas, podem e devem
ser vistos como complementares entre si, propiciando uma visão mais ampla do sistema econômico. Como
observa Guilhoto et al. (1994), a abordagem de Rasmussen-Hirschman leva em conta o comportamento da
estrutura interna da economia, independente do valor da produção total, enquanto o Índice Puro analisa a
estrutura produtiva levando em consideração os níveis de produção setorial. Para o autor, quando a estrutura
interna da economia não é levada em conta ao se delinearem setores chave, podem surgir gargalos que
restrinjam o seu crescimento. No entanto, o nível de produção setorial é, também, fator importante uma vez
que auxilia na identificação dos principais setores que respondem por alterações nos níveis do PIB e de
outras variáveis macroeconômicas.
- 62 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 10
Índice Puro Normalizado, Brasil – 1995
Cód.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
Setores
Agricultura
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
Fab. de minerais não metálicos
Siderurgia
Metalurgia de não ferrosos
Fab. outros produtos metalúrgicos
Fab. e manutenção de máq. e tratores
Fab. de material elétrico
Fab. de elementos eletrônicos
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Fab. de peças e outros veículos
Madeira e mobiliário
Celulose, papel e gráfica
Indústria da borracha
Fab. elementos químicos
Refino do petróleo
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Fab. de artigos do vestuário
Fab. de calçados
Indústria do café
Beneficiamento de produtos vegetais
Abate de animais
Indústria de laticínios
Fab. de açúcar
Fab. de óleos vegetais
Fab. de outros produtos alimentares
Indústrias diversas
Serviços industriais de utilidade pública
Construção civil
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
Serviços prestados às famílias
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
Administração pública
Serviços privados não mercantis
Trás
0,85
0,59
0,24
0,00
0,12
0,36
0,21
0,35
0,88
0,80
0,80
2,29
0,65
0,63
0,39
0,06
0,40
0,25
0,17
0,80
0,12
0,34
1,13
0,46
0,42
1,66
1,68
0,66
0,35
0,82
2,15
0,27
0,24
5,31
2,82
1,27
0,12
1,47
3,77
0,12
0,53
6,36
0,10
Ordem
13
21
33
43
38
27
35
29
12
17
15
5
19
20
26
42
25
32
36
16
40
30
11
23
24
8
7
18
28
14
6
31
34
2
4
10
37
9
3
39
22
1
41
Fonte: Dados da Pesquisa
- 63 -
Frente
3,40
1,85
0,35
0,47
1,42
1,72
0,65
1,73
1,12
0,56
0,10
0,06
1,25
0,45
1,47
0,61
0,75
3,65
1,40
0,11
0,72
1,13
0,02
0,04
0,07
0,47
0,27
0,12
0,22
0,42
0,78
0,40
1,76
0,62
3,33
2,04
0,65
1,03
1,56
2,68
0,85
0,75
0,00
Ordem
2
6
33
28
12
9
23
8
16
27
38
40
14
30
11
26
20
1
13
37
22
15
42
41
39
29
34
36
35
31
19
32
7
25
3
5
24
17
10
4
18
21
43
Total
2,12
1,22
0,30
0,23
0,77
1,04
0,43
1,04
1,00
0,68
0,45
1,18
0,95
0,54
0,93
0,33
0,58
1,95
0,78
0,45
0,42
0,73
0,58
0,25
0,24
1,07
0,97
0,39
0,29
0,62
1,47
0,33
1,00
2,97
3,07
1,65
0,38
1,25
2,67
1,40
0,69
3,56
0,05
Ordem
5
11
38
42
22
15
32
14
17
25
31
12
19
29
20
36
28
6
21
30
33
23
27
40
41
13
18
34
39
26
8
37
16
3
2
7
35
10
4
9
24
1
43
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Lavoura
Serviços privados não mercantis
Administração pública
Aluguel de imóveis
Serviços prestados às empresas
Serviços prestados às famílias
7,00
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
6,00
Fab. de minerais não metálicos
Siderurgia
5,00
Instituições financeiras
Metalurgia de não ferrosos
4,00
Comunicações
Fab. outros produtos metalurgicos
3,00
Transporte
Fab. e manutenção de máq. e tratores
2,00
Comércio
Fab. de material elétrico
1,00
0,00
Construção civil
Fab. de elementos eletrônicos
-1,00
Serviços industriais de utilidade pública
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Indústrias diversas
Fab. de peças e outros veículos
Fab. de outros produtos alimentares
Madeira e mobiliário
Fab. de óleos vegetais
Celulose, papel e gráfica
Fab. de açucar
Indústria da borracha
Indústria de laticínios
Fab. elementos químicos
Abate de animais
Refino do petróleo
Beneficiamento de produtos vegetais
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria do café
Fab. de calçados
Fab. de artigos do vestuário
Índ. Puro trás normalizado
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Índ. Puro frente normalizado
Fonte: Tabela 10
Figura 5
Índice Puro Normalizado, Brasil - 1995
- 64 -
Índ. Puro total normalizado
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Portanto, temos que os setores chave podem diferir entre os índices de determinação, onde o
enfoque de Rasmussen-Hirschman mostra o potencial dos impactos de mudanças estruturais, enquanto o
índice puro avalia o impacto realizado através da consideração do volume de atividade.
É importante chamar a atenção para o fato de que nas diferentes análises realizadas existe um
predomínio dos setores Siderurgia, Metalurgia e Agropecuária em quase todos os enfoques. Alguns setores
que compõem os Produtos Alimentares também assumem papel de importância dentro das relações
intersetoriais, no que diz respeito ao encadeamento para trás. Por outro lado, a importância de setores como
Celulose,
Papel - Gráfica e Têxtil é captada pelo enfoque de Rasmussen-Hirschman. Ao mesmo tempo, os
resultados mostram uma crescente importância do setor Serviços dentro da economia, seguindo a tendência
deste segmento dentro de economias mais desenvolvidas.
4.3 Composição do Agronegócio Brasileiro
A partir das estimativas da matriz GU (definida no Capítulo 3), para o ano de 1995, pode-se inferir
sobre os grupos de indústrias, a partir da classificação da Matriz de Insumo-Produto, que comporão os
setores formadores do Agronegócio brasileiro. Essa composição constitui fonte de subsídios importantes
para a análise das tendências do Agronegócio ao longo do tempo.
A Tabela 11
apresenta as interligações da atividade Agropecuária (Agricultura e Pecuária) com os
setores produtivos do país, em termos de compra de produtos e insumos. Em outras palavras, são analisados
os efeitos diretos e indiretos para trás da cadeia produtiva agrícola. Selecionando as atividades que
apresentam percentuais acima de 1%, temos as relações listadas a seguir, que respondem por cerca de 93%
dos impactos diretos e indiretos ocasionados pela atividade agrícola:20
20
A relação das classificações das atividades do IBGE com os correspondentes produtos constam do Anexo 1.
- 65 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Ø Agricultura:
v
Extração de Petróleo e carvão
v
Siderurgia
v
Fabricação de outros produtos metalúrgicos
v
Fabricação de máquinas e tratores
v
Celulose, papel e gráfica
v
Fabricação de elementos químicos
v
Refino do petróleo
v
Fabricação de produtos químicos diversos
v
Indústria de artigos de plástico
v
Indústria têxtil
v
Fabricação de óleos vegetais
v
Fabricação de outros produtos alimentares
v
Serviços industriais de utilidade pública
v
Comércio
v
Transporte
v
Instituições financeiras
v
Serviços prestados às famílias
v
Serviços prestados às empresas
v
Administração pública
- 66 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Ø Pecuária:
v
Agricultura
v
Extrativa mineral
v
Extração de petróleo e carvão
v
Fabricação de minerais não-metálicos
v
Siderurgia
v
Fabricação de outros produtos metalúrgicos
v
Fabricação de máquinas e tratores
v
Celulose, papel e gráfica
v
Fabricação de elementos químicos
v
Refino de petróleo
v
Fabricação de produtos químicos diversos
v
Farmácia e Veterinária
v
Beneficiamento de produtos vegetais
v
Fabricação de óleos vegetais
v
Fabricação de outros produtos alimentares
v
Serviços industriais de utilidade pública
v
Comércio
v
Transporte
v
Instituições financeiras
v
Serviços prestados às famílias
v
Serviços prestados às empresas
v
Administração pública
- 67 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 11
Matriz GU - Setores Ofertantes de Insumos para a Agricultura e Pecuária
Brasil – 1995
Código
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Setores
Agricultura
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
Fab. de minerais não metálicos
Siderurgia
Metalurgia de não ferrosos
Fab. outros produtos metalúrgicos
Fab. e manutenção de máq. e tratores
Fab. de material elétrico
Fab. de elementos eletrônicos
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Fab. de peças e outros veículos
Madeira e mobiliário
Celulose, papel e gráfica
Indústria da borracha
Fab. elementos químicos
Refino do petróleo
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Fab. de artigos do vestuário
Fab. de calçados
Indústria do café
Beneficiamento de produtos vegetais
Abate de animais
Indústria de laticínios
Fab. de açúcar
Fab. de óleos vegetais
Agricultura
( R$ milhões )
%
15,6
55,8
134,2
45,5
117,1
31,7
120,0
139,7
17,1
6,5
3,9
53,5
44,5
117,7
34,6
287,4
1.258,8
2.047,9
31,5
107,9
97,1
2,0
3,3
1,3
34,0
6,9
4,0
22,3
84,2
0,20
0,73
1,75
0,59
1,52
0,41
1,56
1,82
0,22
0,08
0,05
0,70
0,58
1,53
0,45
3,74
16,38
26,64
0,41
1,40
1,26
0,03
0,04
0,02
0,44
0,09
0,05
0,29
1,10
Pecuária
( R$ milhões )
%
450,5
8,36
99,7
56,4
68,6
63,8
15,3
95,9
87,8
10,4
4,0
2,6
23,8
16,0
104,2
16,5
71,8
530,7
310,2
99,0
52,9
51,1
1,3
12,7
1,3
176,8
45,9
10,6
47,7
359,7
1,85
1,05
1,27
1,18
0,28
1,78
1,63
0,19
0,07
0,05
0,44
0,30
1,93
0,31
1,33
9,85
5,76
1,84
0,98
0,95
0,02
0,24
0,02
3,28
0,85
0,20
0,89
6,68
... (Continua)
- 68 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 11 (Continuação)
Código
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
Setores
Fab. de outros produtos alimentares
Indústrias diversas
Serviços industriais de utilidade pública
Construção civil
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
Serviços prestados às famílias
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
Administração pública
Serviços privados não mercantis
Agricultura
( R$ milhões )
%
156,9
2,04
34,8
0,45
204,1
2,66
23,4
0,30
771,8
10,04
673,6
8,76
46,4
0,60
233,8
3,04
111,2
1,45
230,1
2,99
62,4
0,81
211,7
2,76
0
0,00
Pecuária
( R$ milhões )
1.208,0
20,1
161,3
13,6
336,4
246,8
28,6
88,9
76,2
172,9
38,3
108,6
0
%
22,42
0,37
2,99
0,25
6,24
4,58
0,53
1,65
1,42
3,21
0,71
2,02
0,00
Fonte: Dados da Pesquisa
Note que a ligação para trás da agropecuária com os setores Fabricação de óleos vegetais e outros
produtos alimentares se explica pelo fato desses ramos abrangerem, respectivamente, tortas, farelos e rações
balanceadas. Esses resultados mostram, também, que a agropecuária, de uma maneira geral, tem maiores
interligações para trás com os setores ligados aos ramos de “química”, “óleos vegetais”, “tortas e farelos”,
rações balanceadas” e “serviços”. Especificamente, em relação ao segmento serviços, pode-se ressaltar a
grande participação do comércio, transporte, instituições financeiras e administração pública.
As Figuras 6 e 7 apresentam as participações percentuais dos principais insumos por setor no
consumo intermediário total da agropecuária brasileira (Agricultura e Pecuária). Os dados mostram que, do
total dos insumos não agrícolas utilizados na produção rural 4/5 correspondem a atividades que abrangem a
produção dos itens “Adubos”, “Rações”, Óleos combustíveis”, “Farmácia e Veterinária”, “Comércio”,
“Transporte” e “Serviços”.
Por sua vez, as Figuras 8 e 9 apresentam as participações dos insumos no consumo intermediário da
Agropecuária (Agricultura e Pecuária), em termos dos insumos diretos e indiretos. Os dados referendam, em
grande parte, os resultados obtidos na Matriz GU.
- 69 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
50
45
40,21
40
% da participação
35
30
24,33
25
20
15
10
8,05
6,89
6,50
1,68
5
1,53
Tr
an
sp
Ins
ort
titu
e
içõ
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Se
fina
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ep
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sd
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s
0
Setores
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 6
Participação dos Principais Insumos no Consumo Intermediário da Agricultura
Brasil - 1995
- 70 -
2,02
- 71 Tr
an
sp
or
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C
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1,53
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10
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5
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50
In
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str
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Fa
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de
Ex
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a
% da participação
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
45,92
45
40
35
30
25
23,11
20
15
4,86
4,31
1,13
3,00
2,17
Setores
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 7
Participação dos Principais Insumos no Consumo Intermediário da Pecuária
Brasil - 1995
1,89
0
1,23
de
pe
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leo
% da participação
30
15
5
1,25 1,09 1,12 1,30 1,10
2,68
- 72 C
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In
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o
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
50
45
40
35
28,42
25
19,07
20
11,72
10
7,19 6,27
1,90
1,00 1,46
2,18
Setores
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 8
Participação dos Insumos no Consumo Intermediário da Agricultura
(Efeitos diretos e indiretos), Brasil - 1995
1,04 2,14 1,97
0
20
10
5,85
5
6,89
4,03
1,29 1,24
1,14 1,35
1,28 2,29
- 73 C
om
Se
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% da participação
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
50
45
40
35
30,10
30
25
15,68
15
4,67
2,09
4,36
3,20
Setores
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 9
Participação dos Insumos no Consumo Intermediário da Pecuária
(Efeitos Diretos e Indiretos), Brasil - 1995
1,15 2,24 1,41
0
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Comparando a nível de setores demandantes de produtos agrícolas, observa-se que, em relação
a 1995, a Agricultura apresenta as maiores interligações para frente em 16 setores, os quais juntos
representam cerca de 93% dos efeitos diretos e indiretos das atividades econômicas sobre a Agricultura.
Assim, têm-se os seguintes setores compondo o conjunto da Indústria de base agrícola, através do método
GU, Tabela 12:
Ø Pecuária
Ø Madeira e mobiliário
Ø Fabricação de elementos químicos
Ø Farmácia e veterinária
Ø Indústria têxtil
Ø Fabricação de artigos do vestuário
Ø Indústria do café
Ø Beneficiamento de produtos vegetais
Ø Abate de animais
Ø Fabricação de açúcar
Ø Fabricação de óleos vegetais
Ø Fabricação de outros produtos alimentares
Ø Construção civil
Ø Comércio
Ø Serviços prestados as famílias
Ø Administração pública
- 74 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 12
Matriz GU - Setores Demandantes de Produtos da Agricultura e Pecuária
Brasil – 1995
Código
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Setores
Agricultura
Valor ( R$ milhões )
Agricultura
Pecuária
Extrativa mineral
Extração de petróleo e carvão
Fab. de minerais não metálicos
Siderurgia
Metalurgia de não ferrosos
Fab. outros produtos metalúrgicos
Fab. e manutenção de máq. E tratores
Fab. de material elétrico
Fab. de elementos eletrônicos
Fab. de automóveis, caminhões e ônibus
Fab. de peças e outros veículos
Madeira e mobiliário
Celulose, papel e gráfica
Indústria da borracha
Fab. elementos químicos
Refino do petróleo
Fab. de produtos químicos diversos
Indústria farmacêutica e de perfumaria
Indústria de artigos de plásticos
Indústria têxtil
Fab. de artigos do vestuário
Fab. de calçados
Indústria do café
Beneficiamento de produtos vegetais
Abate de animais
Indústria de laticínios
Fab. de açúcar
Fab. de óleos vegetais
450,5
30,0
−0,3
32,6
291,2
55,8
77,1
131,1
100,3
115,7
292,4
92,6
1.303,9
241,6
56,4
1.097,1
44,7
91,9
508,5
11,6
342,5
320,7
80,9
2.315,0
7.341,8
320,4
156,7
1205,8
3358,9
%
1,46
0,10
0,00
0,11
0,94
0,18
0,25
0,42
0,33
0,38
0,95
0,30
4,23
0,78
0,18
3,56
0,14
0,30
1,65
0,04
1,11
1,04
0,26
7,50
23,79
1,04
0,51
3,91
10,89
Pecuária
Valor (R$ milhões )
15,6
%
0,09
2,7
−0,0
1,1
3,6
1,7
2,0
7,0
5,6
11,0
17,3
4,7
144,1
7,3
1,1
4,3
1,9
2,3
40,1
0,9
71,2
72,6
332,1
3,0
38,9
8717,9
3334,2
4,5
52,5
0,02
0,00
0,01
0,02
0,01
0,01
0,04
0,03
0,07
0,10
0,03
0,86
0,04
0,01
0,03
0,01
0,01
0,24
0,01
0,43
0,43
1,99
0,02
0,23
52,13
19,94
0,03
0,31
... (Continua)
- 75 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 12 (Continuação)
Código
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
Setores
Fab. de outros produtos alimentares
Indústrias diversas
Serviços industriais de utilidade pública
Construção civil
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
Serviços prestados às famílias
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
Administração pública
Serviços privados não mercantis
Total:
Agricultura
Valor ( R$ milhões )
3.986,9
46,3
24,8
834,8
512,8
150,0
12,9
143,3
2.525,5
18,1
29,7
2.037,2
64,7
30.854,5
%
12,92
0,15
0,08
2,71
1,66
0,49
0,04
0,46
8,19
0,06
0,10
6,60
0,21
100,00
Pecuária
Valor (R$ milhões )
670,5
10,7
4,1
70,0
45,4
20,6
2,8
58,7
1.443,1
2,5
3,0
1.424,1
67,8
16.723,7
%
4,01
0,06
0,02
0,42
0,27
0,12
0,02
0,35
8,63
0,01
0,02
8,52
0,41
100,00
Fonte: Dados da Pesquisa,
Em relação a Pecuária, através do método GU (Tabela 12), observa-se que as interligações mais
significativas (1% ou mais) se concentram em 6 setores, os quais juntos representam cerca de 96% dos
efeitos diretos e indiretos das atividades econômicas sobre a pecuária. Assim, têm-se:
Ø Fabricação de calçados
Ø Abate de animais
Ø Indústria de laticínios
Ø Fabricação de outros produtos alimentares
Ø Serviços prestados às famílias
Ø Administração pública
Através da utilização do método GU e complementarmente de outros indicadores pode-se definir o
Complexo do Agronegócio como sendo composto dos seguintes setores industriais, além dos setores de
Agricultura e Pecuária:
- 76 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
1. Agricultura
1.1. Madeira e Mobiliário
1.2. Celulose, Papel e Gráfica
1.3. Fabricação de Elementos Químicos (Basicamente Álcool)
1.4. Indústria Têxtil
1.5. Fabricação de Artigos do Vestuário
1.6. Indústria do Café
1.7. Beneficiamento de Produtos Vegetais
1.8. Fabricação de Açúcar
1.9. Fabricação de Óleos Vegetais
1.10. Fabricação de Outros Produtos Alimentares
2. Pecuária
2.1. Fabricação de Calçados
2.2. Abate de Animais
2.3. Indústria de Laticínios
Sendo que o sub-complexo do Agronegócio da Agricultura é composto além do Setor da
Agricultura dos setores industriais numerados de 1.1 a 1.10, enquanto que o sub-complexo do Agronegócio
da Pecuária é composto além do Setor da Pecuária dos setores industriais 2.1 a 2.3.
O único setor que aparece na relação acima e que em princípio não pode ser explicado pela
utilização do método GU é o setor de Celulose, Papel e Gráfica. Isto se dá pelo fato deste setor ser muito
heterogêneo em termos da sua composição, incluindo o segundo, terceiro e quarto processamento do insumo
madeira. Pela Figura 10 tem-se que da produção que se destina ao consumo intermediário, 30,67% fica
dentro do próprio setor, sendo esta uma forte indicação de interdependência entres os sub-setores
componentes deste setor maior. Se fosse feita a desagregação deste em 3 outros setores (Celulose, Papel e
Gráfica), certamente teríamos o setor de Celulose fortemente dependente do setor agrícola, assim como o
- 77 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
setor de Papel seria dependente dos setor de Celulose e na mesma linha o setor de Gráfica seria
dependente do setor de Papel. Desta forma justifica-se a inclusão deste setor dentro do complexo do
agronegócio.
Por outro lado temos que a exclusão do setor de Farmácia e Veterinária, relacionado pelo método
GU, se justifica pelo fato de que uma análise mais detalhada dos complexos produtivos dentro da matriz de
insumo-produto mostra que este setor está muito mais relacionado com o complexo produtivo da indústria
química do que com o complexo da agroindústria.21
A Tabela 13 apresenta como se distribui a produção dos setores que compõem o complexo do
agronegócio. A produção destes setores se destina ou ao consumo intermediário, isto é, será utilizada por
outro setor da economia, ou aos diversos componentes da demanda final, i.e.: a) formação bruta de capital
fixo; b) exportações; c) variação de estoques; e d) consumo das famílias.
Temos que os setores de Agricultura, Pecuária, Celulose, Papel e Gráfica, Elementos Químicos, e
Têxtil têm a maior parte da sua produção destinada ao consumo intermediário. Os setores de Madeira e
Mobiliário, Fabricação de Açúcar, e Fabricação de Óleos Vegetais apresentam mais ou menos o destino da
sua produção dividida entre consumo intermediário e demanda final. Os outros setores têm a maior parte da
sua produção destinada à demanda final. As exportações são nitidamente importantes para alguns dos setores
apresentados, e em especial dos setores industriais de Calçados, Café, Açúcar e Óleos Vegetais que em 1995
exportaram mais de 25% da sua produção.
Continuando a análise acima, através do estudo de como se dão as interrelações entre os setores
dentro do consumo intermediário (porcentagem das vendas) é possível de se visualizar a interdependência
entre os setores componentes do agronegócio. Neste aspecto, as Figuras 10 a 12 mostram, com nitidez, as
principais interligações da atividade agropecuária com os setores produtivos do agronegócio, confirmando a
grande articulação entre este setores. Desta forma,
por exemplo, a seta da Figura 10 que vai do setor
Agricultura para o setor Beneficiamento de Produtos Vegetais indica que da produção do setor Agricultura
que se destina ao consumo intermediário (67,58% do total, Tabela 13): a) 22,22% é consumido dentro do
- 78 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
próprio setor; b) 6,4% se destina à Indústria do Café; c) 23,65% ao Beneficiamento de Produtos
Vegetais; e d) assim sucessivamente.
Na Figura 10 são apresentados os resultados para o sub-complexo da Agricultura, enquanto que nas
Figuras 11 e 12 são apresentados os resultados para o sub-complexo da Pecuária.
Tabela 13
Destino da Produção dos Setores do Complexo do Agronegócio – 1995
Agricultura
Pecuária
Madeira e Mobiliário
Celulose, Papel e Gráfica
Elementos Químicos
Têxtil
Vestuário
Calçados
Café
Benef. De Prod. Vegetais
Abate de Animais
Laticínios
Açúcar
Óleos Vegetais
Outros Alimentos
Consumo Form Bruta Exportação
Intermed. Cap. Fixo
67,58
5,89
2,16
58,01
0,00
0,83
43,09
11,24
9,58
77,16
0,25
10,74
63,30
0,02
5,78
74,27
0,03
6,33
2,66
0,00
1,70
22,17
0,00
34,26
34,01
0,02
30,03
27,09
0,06
10,68
23,41
0,01
6,43
31,25
0,04
0,15
49,61
0,02
31,70
47,18
0,02
24,55
33,78
0,03
3,96
Var. de
Estoque
-0,44
10,38
0,74
0,17
-0,04
1,77
0,02
1,82
-0,07
0,74
2,82
1,20
-2,10
0,98
0,90
Fonte: Dados da Pesquisa
21
Os resultados apesar de não serem aqui apresentados podem ser obtidos junto aos autores.
- 79 -
Consumo
Total
Famílias Dem. Final
24,81
32,42
30,78
41,99
35,35
56,91
11,68
22,84
30,95
36,70
17,61
25,73
95,62
97,34
41,75
77,83
36,01
65,99
61,44
72,91
67,32
76,59
67,36
68,75
20,77
50,39
27,26
52,82
61,34
66,22
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
31.41
22.22
Madeira e mobiliário
4.69
(madeiraemobiliário)
75.53
1.43
Indústria do café
Agricultura
6.42
(produtosdocafé)
(café em coco,
cana-de-açúcar,
arroz em casca,
trigo em grão,
soja em grão,
algodão em caroço,
milho em grão,
outros produtos
Agropecuários)
2.61
Celulose, papel e gráfica
1.01
1.40
( papel,celulose,papelão
eartefatos)
5.42
Indústria têxtil
(fiostêxteisnaturaise
artificiais e tecidos naturais
eartificiais)
1.95
2.32
4.54
45.64
30.67
15.18
4.21
1.91
1.95
1.49
Outros produtos
alimentares
30.63
(rações , outros produtos
alimentaresebebidas)
6.65
10.00
Artigosdovestuário
Fabricação de
açúcar
(artigos de vestuário)
(açúcar)
0.01
26.85
26.09
2.13
4.78
63.76
6.48
23.65
1.38
1.39
12.4
3
Fabricação de óleos vegetais
(óleosvegetaisembruto e óleos
vegetaisrefinados)
Beneficiamento de
produtos vegetais
4.47
12.26
34.80
38.66
1.51
1.06
Elementos químicos
1.82
(elementos químicos não
petroquímicos,álcoolde
canaedecereais)
16.20
5.37
2.13
4.19
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 10
Destino da Produção dentro do Consumo Intermediário do Sub-Complexo da Agricultura, 1995
- 80 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
63.02
Indústria de Laticínios
( leite beneficiado e outros laticínios)
17.45
24.2 0
Pecuária
( bovinos, suínos, leite
natural, aves vivas e
produtos animais)
1.36
1.62
43.31
72.92
Abate de animais
Calçados
( carne bovina e carne de aves abatidas )
( produtos de couro e calçados )
45.87
0.23
11.28
1.56
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 11
Destino da Produção dentro do Consumo Intermediário do Sub-Complexo da Pecuária, 1995
Versão Simplificada
- 81 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Madeira e mobiliário
1.91
31.41
(madeira e mobiliário)
0,9
1.56
72.92
43.31
11.28
Calçados
Abate de animais
(produtos de couro e
calçados)
0,21
(carne bovina e
carne de aves abatidas)
45.87
0.2
1.44
Pecuária
(bovinos,suínos,
leitenatural,
avesvivase
produtos
animais)
1.62
1.36
28.89
24.20
6.32
Artigos do vestuário
0,01
3.15
8.51
Outros produtos
alimentares
( artigos de vestuários)
(rações, outros produtos
alimentares e bebidas )
10.00
15.18
6.00
63.02
Indústria de laticínios
Fabricação de óleos vegetais
( leite beneficiado e
outros laticínios )
(óleos vegetais em bruto e óleos
vegetais refinados)
17.45
0,03
38.66
Fonte:Dados da Pesquisa
Figura 12
Destino da Produção dentro do Consumo Intermediário do Sub-Complexo da Pecuária, 1995
Versão Expandida
- 82 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
As Figuras 13 a 27 apresentam a estrutura de insumos para cada um dos setores que fazem
parte do Complexo do Agronegócio. Através destes quadros é possível observar como se dá a composição
do consumo intermediário e do valor adicionado destes setores. Em cada quadro temos na parte superior a
composição dos insumos nacionais com a sua respectiva participação no total destes insumos, a seguir temos
como o consumo intermediário se divide entre insumos nacionais, importados e impostos indiretos líquidos.
A parte do valor adicionado é dividida em remunerações, rendimento dos autônomos, excedente operacional
bruto, e impostos líquidos sobre a atividade. Sendo que o valor da produção de um dado setor se constitui da
adição do consumo intermediário e do valor adicionado.
Na próxima seção, utilizando-se a metodologia e a composição delineada do complexo
agropecuário são apresentados a estrutura do Agronegócino brasileiro em 1995.
- 83 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CaféemCoco
(6,77%)
Insumos
Nacionais
(91,03%)
Cana-de-açúcar
(1,34%)
OUTROS
Produtos da
Lavoura
(21,05%)
MilhoemGrão
(11,51%)
Óleos
Combustíveis
(7,21%)
Adubos
(17,61%)
Pesticidas,
Fungicidas e
Herbicidas
(9,29%)
Outros Produtos
Alimentares
(2,23%)
Serviços
(18,39%)
Diversos
(4,60%)
Importados
(2,71%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(6,26%)
Excedente
Operacional
Bruto
(89,92%)
Impostos
Líquidos
sobre
Atividade
(–6,50%)
Autônomos
(0,57%)
Remuneraçõe
s
(16,00%)
Consumo
Intermediário
(41,02%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(58,98%)
Agricultura
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 13
Estrutura dos Insumos do Setor de Agricultura, 1995
- 84 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Insumos
Nacionais
(90,36%)
Bovinos e
suínos
(5,69%)
Leite Natural
(11,29%)
Aves Vivas
(5,88%)
Outros Produtos
Agropecuários
(23,77%)
Sal
(2,00%)
Óleos
Combustiveís
(5,24%)
Adubos
(3,26%)
SoroseVacinas
(1,96%)
Rações
(27,87%)
Utilidades
Públicas
(1,16%)
Serviços
(8,63%)
Diversos
(3,25%)
Importados
(3,34%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(6,30%)
Autônomos
(0,39%)
Consumo
Intermediário
(33,84%)
Remunerações
(10,75%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(66,16%)
Pecuária
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 14
Estrutura dos Insumos do Setor de Pecuária, 1995
- 85 -
Excedente
Operacional
Bruto
(88,86%)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Madeira,
Reflorestamento
e Outros Agrícolas
(24,97%)
Madeirae
Mobiliário
(24,62%)
Produtos da
Pecuária
(2,77%)
Papel,Celulose,
Papelão e
Artefatos
(1,42%)
Produtos
Têxteise
Vestuário
(2,28%)
Insumos
Nacionais
(96,90%)
Produtos
Metalúrgicos e
Siderúrgicos
(5,39%)
Óleos
Combustíveis
(4,45%)
Utilidades
Públicas
(2,99%)
Importados
(2,45%)
Máquinas e
Equipamentos
(1,26%)
Produtos
Químicos
Diversos
(4,94%)
Serviços
(17,69%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(0,65%)
Consumo
Intermediário
(56,90%)
Artigos de
Plástico
(4,91%)
Diversos
(2,31%)
Excedente
Operacional
Bruto
(44,76%)
Impostos
Líquidos
sobre
Atividade
(7,78%)
Autônomos
(9,97%)
Remuneraçõe
s
(37,48%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(43,10%)
Madeira e Mobiliário
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 15
Estrutura dos Insumos do Setor de Madeira e Mobiliário, 1995
- 86 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Produtos da
Lavoura
(4,18%)
Produtos
Metalúrgicos
(1,35%)
Máquinas e
Equipamentos
(3,22%)
Madeirae
Mobiliário
(1,07%)
Papel,Celulose,
Pa,pelãoe
Artefatos
(46,10%)
Elementos
Químicos
(9,68%)
Óleos
Combustíveis
Utilidades
Públicas
Serviços
(20,24%)
Diversos
(5,90%)
(3,84%)
(4,42%)
Excedente
Operacional
Impostos Líquidos sobre
Atividade
(9,35%)
Bruto
Insumos
Nacionais
(90,26%)
Importados
(8,80%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(0,95%)
Autônomos
(3,97%)
Consumo
Intermediário
(67,08%)
Remunerações
(42,82%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(32,92%)
Celulose-Papel e
Gráfica
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 16
Estrutura dos Insumos do Setor de Celulose, Papel e Gráfica, 1995
- 87 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Cana-de-açúcar
(36,65%)
Produtos
Minerais
(4,73%)
Produtos
Metalúrgicos e
Siderúrgicos
(2,08%)
Máquinas e
Equipamentos
(7,12%)
Elementos
Químicos não
Petroquímicos
(6,73%)
Óleos
Combustíveis
(7,15%)
Produtos
Químicos
Diversos
(1,72%)
Açúcar
(7,22%)
ÓleosVegetais
(1,62%)
Utilidades
Públicas
(8,28%)
Serviços
(12,11%)
Diversos
(4,59%)
Insumos
Nacionais
(92,99%)
Importados
(5,90%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(1,11%)
Consumo
Intermediário
(57,11%)
Remunerações
(16,07%)
Excedente
Operacional
Bruto
(76,54%)
Impostos Líquidos sobre
Atividade
(7,39%)
ValorAdicionado
Preço Básico
(42,89%)
Fabricação de Elementos
Químicos
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 17
Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Elementos Químicos, 1995
( Basicamente Álcool de Cana e de Cereais)
- 88 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Algodãoem
Caroço
(4,28%)
Outros Produtos
Agropecuários
(3,73%)
Máquinas e
Equipamentos
(2,49%)
Papel,Celulose,
Papelão e
Artefatos
(1,15%)
Óleos
Combustíveis
(10,41%)
Produtos
Químicos
Diversos
(2,93%)
Artigos de
Plástico
(1,05%)
Produtos Têxteis
eVestuário
(55,79%)
Utilidades
Públicas
(2,82%)
Insumos
Nacionais
(86,35%)
Importados
(12,35%)
Serviços
(12,78%)
Diversos
(2,57%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(1,29%)
Consumo
Intermediário
(71,02%)
Excedente
Operacional
Bruto
(63,06%)
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(9,79%)
Autônomos
(0,15%)
Remunerações
(26,99%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(28,98%)
Indústria Têxtil
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 18
Estrutura dos Insumos do Setor da Indústria Têxtil, 1995
- 89 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Produtos
Agropecuários
(0,08%)
Papel,Celulose,
Papelão e
Artefatos
(1,66%)
Produtos Têxteis
eVestuário
(76,74%)
Óleos
Combustíveis
(1,42%)
Produtos de
CouroeCalçados
(1,50%)
Serviços
(13,62%)
Insumos
Nacionais
(92,01%)
Importados
(6,56%)
Artigos de
Plástico
(1,11%)
Utilidades
Públicas
(1,15%)
Diversos
(2,72%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(1,43%)
Consumo
Intermediário
(61,47%)
Excedente
Operacional
Bruto
(6,32%)
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(8,74%)
Autônomos
(42,71%)
Remunerações
(42,23%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(38,53%)
Fabricação de Artigos
do Vestuário
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 19
Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Artigos do Vestuário, 1995
- 90 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Produtos
Agropecuários
(0,51%)
Produtos
Metalúrgicos
(1,13%)
Máquinas e
Equipamentos
(1,07%)
Papel,Celulose,
Papelão e
Artefatos
(4,87%)
Produtos
Derivados da
Borracha
(9,00%)
Óleos
Combustíveis
(6,08%)
Produtos
Químicos
Diversos
(1,04%)
Artigos de
Plástico
(7,76%)
Proodutos
Têxteise
Vestuário
(3,40%)
Produtos de
CouroeCalçados
(27,52%)
Carne
Bovina
(14,75%)
Insumos
Nacionais
(90,15%)
Utilidades
Públicas
(2,05%)
Importados
(7,83%)
Serviços
(13,65%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(2,02%)
Consumo
Intermediário
(65,17%)
Diversos
(2,97%)
Excedente
Operacional
Bruto
(42,29%)
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(7,20%)
Autônomos
(0,48%)
Remunerações
(50,04%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(34,83%)
Fabricação de Calçados
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 20
Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Calçados, 1995
- 91 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CAFÉ EMCOCO
(47,56%)
Produtos
Agropecuários
(0,33%)
ProdutosdoCafé
(42,32%)
Insumos
Nacionais
(99,52%)
ÓleosCombustíveis
(0,74%)
Serviços
(6,04%)
Importados
(0,19%)
Diversos
(3,01%)
Impostos
Indiretos Líquidos
(0,29%)
Consumo
Intermediário
(73,88%)
Excedente
Operacional
Bruto
(70,64%)
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(9,14%)
Autônomos
(0,60%)
Remunerações
(19,62%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(26,12%)
Indústria do Café
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 21
Estrutura dos Insumos do Setor da Indústria do Café, 1995
- 92 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
ArrozemCasca
(11,88%)
Outros Produtos
daPecuária
(0,12%)
TrigoemGrão
(1,05%)
Produtos
Minerais
(1,04%)
Produtos
Alimentares
(6,81%)
Insumos
Nacionais
(93,57%)
MilhoemGrão
(2,89%)
Produtos
Metalúrgicos
(1,99%)
Utilidades
Públicas
(1,37%)
Importados
(5,46%)
Outros Produtos
da Lavoura
(50,22%)
Papel,Celulose,
Papelão e
Artefatos
(3,00%)
Serviços
(15,00%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(0,96%)
Consumo
Intermediário
(75,90%)
Óleos
Combustíveis
(1,64%)
Diversos
(2,99%)
Excedente
Operacional
Bruto
(58,33%)
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(13,13%)
Autônomos
(0,68%)
Remunerações
(27,86%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(24,10%)
Beneficiamento de
Produtos Vegetais
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 22
Estrutura dos Insumos do Setor de Beneficiamento de Produtos Vegetais, 1995
- 93 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Bovinos e Suínos
(50,47%)
Aves Vivas
(15,25%)
CarneBovina
(13,83%)
Insumos
Nacionais
(98,82%)
Outros Produtos da
Agropecuária
(1,37%)
Utilidades Públicas
(1,16%)
Importados
(0,72%)
Impostos
Indiretos Líquidos
(0,46%)
ConsumoIntermediário
(79,37%)
Artigos de Plástico
(1,20%)
Serviços
(11,55%)
Excedente
Operacional Bruto
(54,27%)
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(15,23%)
Autônomos
(0,69%)
Remunerações
(29,81%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(20,63%)
Abate de Animais
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 23
Estrutura dos Insumos do Setor de Abate de Animais, 1995
- 94 -
Diversos
(5,17%)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Outros
Produtos da
Pecuária
(0,36%)
Leite Natural
(56,01%)
Artigos de Plástico
(2,11%)
Produtos
Metalúrgicos
(1,37%)
Leite Beneficiado
(23,95%)
Produtos
Alimentares
(4,83%)
Serviços
(7,23%)
Insumos
Nacionais
(97,33%)
Importados
(2,03%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(0,64%)
Papel,Celulose,
PapelãoeArtefatos
(1,21%)
Diversos
(2,93%)
Remunerações
(21,91%)
Consumo
Intermediário
(79,22%)
Excedente
Operacional
Bruto
(63,08%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(20,78%)
Indústria de Laticínios
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 24
Estrutura dos Insumos do Setor da Indústria de Laticínios, 1995
- 95 -
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(15,00%)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Outros
Produtos da
Lavoura
(0,18%)
Cana-de-Açúcar
(40,73%)
Insumos
Nacionais
(97,28%)
Produtos
Metalúrgicos
(1,19%)
Máquinas e
Equipamentos
(7,32%)
PAPEL,
CELULOSE,
PAPELÃOE
ARTEFATOS
(1,68%)
Óleos
Combustíveis
(1,87%)
Produtos Têxteis e
Vestuário(5,09%)
Açuúcar
(23,24%)
Serviços
(11,59%)
Diversos
(7,11%)
Importados
(2,04%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(0,67%)
Consumo
Intermediário
(79,07%)
Remunerações
(44,74%)
Excedente
Operacional
Bruto
(39,59%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(20,93%)
Fabricação de Açúcar
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 25
Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Açúcar, 1995
- 96 -
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(15,67%)
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
SojaemGrão
(42,90%)
Outros Produtos
da Lavoura
(5,80%)
Produtos
Metalúrgicos
(3,25%)
Papel,Celulose,
Papelão e
Artefatos
(1,19%)
Óleos
Combustíveis
(1,47%)
Produtos Têxteis
eVestuário
(2,12%)
ÓleoVegetal
emBruto
(23,11%)
Proodutos
Alimentares
(3,59%)
Utilidades
Públicas
(1,12%)
Insumos
Nacionais
(95,35%)
Importados
(4,00%)
Serviços
(13,16%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(0,64%)
Consumo
Intermediário
(84,32%)
Diversos
(2,29%)
Remunerações
(15,09%)
Excedente
Operacional
Bruto
(65,41%)
Impostos
Líquidos sobre
Atividade
(19,51%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(15,68%)
Fabricação de Óleos Vegetais
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 26
Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Óleos Vegetais, 1995
- 97 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Cana-deAçúcar
(1,05%)
Algodãoem
Caroço
(1,06%)
MilhoemGrão
(6,92%)
Outros Produtos
da Lavoura
(4,86%)
Outros Produtos
daPecuária
(3,60%)
Produtos
Minerais
(2,95%)
Produtos
Metalúrgicos
(2,39%)
Máquinas e
Equipamentos
(1,11%)
Papel,Celulose,
Papelão e
Artefatos
4,65%)
Óleos
Combustíveis
(2,30%)
Adubos
(1,74%)
Artigos de
Plástico
(1,56%)
Farinhade
Trigo
(13,85%)
Outros Produtos
Alimentares
(6,83%)
CarneBovina
(1,12%)
Açúcar
(4,33%)
ÓleoVegetal
(8,90%)
Rações e Outros
Alimentares
(3,77%)
Bebidas
(4,17%)
Utilidades
Públicas
(2,33%)
Serviços
(18,01%)
Diversos
(2,50%)
Insumos
Nacionais
(92,80%)
Importados
(5,91%)
Impostos
Indiretos
Líquidos
(1,29%)
Consumo
Intermediário
(71,05%)
Excedente
Operacional
Bruto
(52,72%)
Impostos Líquidos sobre
Atividade
(11,24%)
Autônomos
(0,84%)
Remunerações
(35,20%)
Valor Adicionado
Preço Básico
(28,95%)
Fabricação de Outros
Produtos Alimentares
(100%)
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 27
Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Outros Produtos Alimentares, 1995
( Inclui Rações, Bebidas e Outros alimentos )
- 98 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
4. 4 Estrutura do Agronegócio no Brasil em 1995
Pelo fato do ano de 1995 ser o ano mais recente para o qual foi realizado o censo agropecuário e
também pelo fato dos seus resultados serem representativos do que está acontecendo em termos do
agronegócio no Brasil, como pode ser observado pela análise apresentada, este foi escolhido como ano base
de ponderação a ser utilizado nas estimativas de crescimento do PIB, assim como para se proceder a abertura
do setor agropecuário em setor agrícola e pecuário.
Em termos de valores a Tabela 14 e a Figura 28 mostram a estrutura de participação dos diversos
componentes do agronegócio. Pela observação da tabela temos que em 1995 o PIB do agronegócio total
(R$ 184.868 milhões de 1995) representava aproximadamente 29% do PIB do Brasil, enquanto que o PIB
do agronegócio da agricultura (R$ 131.897 milhões de 1995) representava 20,5% do PIB do Brasil e o da
pecuária (R$ 52.971 milhões de 1995) 8,5% do PIB do Brasil.
O valor total do PIB do agronegócio em cada um dos seus complexos pode ser divido em: a)
insumos; b) o próprio setor; c) processamento;
e d) distribuição e serviços. Com relação a estes quatro
componentes temos que no caso da agricultura a participação destes, em 1995, são respectivamente de
7,41%, 19,07%, 41,24%, e 32,28%. Para a pecuária os valores apresentados são 10,85%, 35,73% , 19,48%,
e 33,93%. Para o complexo do agronegócio como um todo os valores são 8,40%, 23,84%, 35,01% e 32,76%
respectivamente. Chama a atenção a alta participação do componente de serviços e de distribuição em todos
os complexos, com um valor em torno de 33%. No caso da agricultura o peso maior é do componente de
processamento, enquanto que na pecuária, o próprio setor é que possui uma maior participação no PIB, isto
acontece pela própria diversidade do setor agrícola que possui um maior número de indústrias processadoras
do que o setor da pecuária.
- 99 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 14
Estrutura do Agronegócio no Brasil – 1995
(R$ Milhões de 1995)
Agricultura
Insumos
Agricultura
Indústria
Distribuição
Total
Total
Insumos
Agropecuária
Indústria
Distribuição
Total
Valor
(R$ Milhões)
9.772,4
25.146,7
54.397,0
42.580,5
131.896,7
Part.
(%)
7,41
19,07
41,24
32,28
100,00
Valor
(R$ Milhões)
Part.
(%)
15.520,9
44.074,6
64.718,3
60.553,6
184.867,3
8,40
23,84
35,01
32,76
100,00
PIB Agricultura
PIB Pecuária
PIB Agronegócio
Valor
Part PIB
(R$ Milhões) Brasil
(%)
131.896,7
20,41
52.970,6
8,20
184.867,3
28,61
PIB Brasil
646.191,5
Total
Pecuária
Insumos
Pecuária
Indústria
Distribuição
Total
Total
Insumos
Agropecuária
Indústria
Distribuição
Total
Fonte: Dados da Pesquisa
- 100 -
Valor
(R$ Milhões)
5.748,4
18.927,9
10.321,3
17.973,0
52.970,6
Part.
(%)
10,85
35,73
19,48
33,93
100,00
Part.
Agricultura
(%)
62,96
57,05
84,05
70,32
71,35
Part. Pecuária
(%)
Total
37,04
42,95
15,95
29,68
28,65
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Insumos
7,41%
Agricultura
19,07%
Insumos
10,85%
Pecuária
35,73%
Indústria
35,01%
Dist. e Serv.
32,28%
Indústria
19,48%
Dist. e Serv.
39,93%
PIB Agricultura
71,35%
PIB Pecuária
28,65%
PIB Agronegócio
100%
Ins. Pecuária
37,04%
Pecuária
42,95%
Ins. Agricultura
62,96%
Ins. Agroneg.
8,40%
Agropecuária
23,84%
Agricultura
57,05%
Ind. Agroneg..
35,01%
Ind. Agricultura
84,05%
PIB Agronegócio
100%
Dist. e Serv. Agri.
70,32%
Dist. e Serv. Agroneg.
37,76%
Ind. Pecuária
15,95%
Dist. e Serv. Pec.
29,68%
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 28
Representação Esquemática do Processo de Obtenção do PIB do Agronegócio, 1995
- 101 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
A Tabela 15 e a Figura 29 apresentam a contribuição de cada setor para o PIB total do
agronegócio em 1995, temos então que o Complexo da Agricultura responde por 71,35%
deste valor,
enquanto que a participação do Complexo da Pecuária é de 28,65%. O Setor da agricultura é o que responde
por uma participação maior, com 23,33% do agronegócio, seguido pelo setor da pecuária com 17,10%. Dos
setores industriais os mais importantes são o de Outros Alimentos com 10,63%, justamente por englobar
uma gama muito grande de produtos processados cuja base é a agricultura, o de Beneficiamento de Produtos
Vegetais com 7,57% e o de Abate de animais com 6,20%.22
A Tabela 16 apresenta como os diversos setores contribuem para o PIB do Agronegócio da
Agricultura, da Pecuária, do Total da Agropecuária, e do Brasil. Através desta tabela é possível se perceber a
diferença das estruturas produtivas dos diversos complexos, mostrando que
cada um deles funciona
diferente dos outros. Portanto, na medida em que se puder chegar a um nível de detalhamento maior,
melhores serão as estimativas obtidas.
A estrutura de ponderação, dentro dos segmentos, em termos dos setores que compõem o
Agronegócio da Agricultura, da Pecuária, e Total é apresentada nas Tabelas 17 a 19.
Dentro do setor de agricultura e de pecuária é necessário a estimação do seu crescimento, para tanto
foram selecionados os principais produtos dentro de cada setor, os quais são apresentados nas Tabelas 20 e
21 juntamente com o seu esquema de ponderação.
Deste modo a estrutura de cálculo das estimativas de crescimento do complexo do agronegócio
passa por uma série de ponderações, as quais são apresentadas de forma esquemática na Figura 28.
As ponderações aqui apresentadas para o ano de 1995 são reestimadas a cada ano, sendo que as
ponderações de 1995 são utilizadas em 1996, as de 1996 em 1997 e assim sucessivamente.
Na próxima seção, utilizando-se das informações apresentadas na seção 4.3 com relação aos setores
componentes do agronegócio são apresentados os resultados referentes à mensuração do PIB do
agronegócio no período de 1994 a 1999 segundo a metodologia apresentada no Capítulo 3.
22
A composição de cada um dos setores em termos de produtos é apresentada no Anexo 2.
- 102 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 15
Contribuição de Cada Setor para o PIB do Agronegócio – 1995
Setor
Agricultura
Outros Alimentos
Beneficiamento de Produtos Vegetais
Celulose, Papel e Gráfica
Madeira e Mobiliário
Vestuário
Têxtil
Elementos Químicos (Álcool)
Óleos Vegetais
Café
Açúcar
Pecuária em Geral
Abate de Animais em Geral
Laticínios
Calçados
TOTAL
Complexo Agricultura
Complexo Pecuária
TOTAL
Fonte: Dados da Pesquisa
- 103 -
Valor
(R$ Milhões
de 1995)
43.121,1
19.658,2
14.002,3
9.890,8
9.556,5
9.287,2
8.339,3
6.836,9
4.952,5
3.445,6
2.806,2
31.615,9
11.458,0
5.118,3
4.778,4
184.867,3
Part.
(%)
23,33
10,63
7,57
5,35
5,17
5,02
4,51
3,70
2,68
1,86
1,52
17,10
6,20
2,77
2,58
100,00
131.896,7
52.970,6
184.867,3
71,35
28,65
100,00
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
45,000
23.33%
40,000
17.10%
30,000
25,000
10.63%
20,000
7.57%
6.20%
Fonte: Tabela 15
Figura 29
Contribuição dos Agregados para o Agronegócio, 1995
- 104 -
Calçados
Laticínios
2.77% 2.58%
2.68%
1.86%1.52%
Abate Animais
Elem Quím
Têxtil
Vestuário
Mad e Mob
Cel, Papel e Gráf
Benef Prod Veg
Outros Alim
0
Agricultura
5,000
Pecuária
3.70%
Açúcar
5.35% 5.17% 5.02%
4.51%
10,000
Café
15,000
Óleos Veg
R$ Milhões
35,000
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 16
Estrutura da Composição do Agronegócio no Brasil – 1995.
Setor
Agricultura
Pecuária
Extrativa Mineral
Petróleo e Gás
Mineral não Metálico
Siderurgia
Metalúrgicos não Ferrosos
Outros Metalúrgicos
Máquinas e Equipamentos
Material Elétrico
Equipamentos Eletrônicos
Automóveis, Caminhões e Ônibus
Peças e Outros Veículos
Madeira e Mobiliário
Celulose, Papel e Gráfica
Indústria da Borracha
Elementos Químicos
Refino do Petróleo
Químicos Diversos
Farmácia e Veterinária
Artigos Plásticos
Indústria Têxtil
Artigos do Vestuário
Fabricação de Calçados
Indústria do Café
Beneficiamento de Produtos Vegetais
Abate de Animais
Indústria de Laticínios
Fabricação de Açúcar
Fabricação de Óleos Vegetais
Outros Produtos Alimentares
Indústrias Diversas
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Construção Civil
Distribuição e Serviços
Total
Agricultura
22,43
0,00
0,02
0,00
0,01
0,00
0,00
0,03
0,07
0,00
0,00
0,00
0,00
4,70
5,84
0,00
3,68
0,43
1,30
0,03
0,06
4,72
3,74
0,00
1,26
5,79
0,00
0,00
1,15
1,59
9,03
0,02
0,08
0,00
34,01
100,00
Fonte: Dados da Pesquisa
- 105 -
Pecuária
0,00
41,57
0,12
0,00
0,06
0,00
0,00
0,04
0,07
0,00
0,00
0,00
0,00
0,01
0,01
0,00
0,01
0,40
0,27
0,24
0,04
0,02
0,00
5,07
0,00
0,02
9,71
4,75
0,00
0,16
2,19
0,02
0,13
0,00
35,06
100,00
Agronegócio
16,01
11,91
0,05
0,00
0,02
0,00
0,00
0,03
0,07
0,00
0,00
0,00
0,00
3,36
4,17
0,00
2,63
0,42
1,01
0,09
0,06
3,37
2,67
1,45
0,90
4,13
2,78
1,36
0,82
1,18
7,07
0,02
0,10
0,00
34,31
100,00
Brasil
4,58
3,41
0,38
0,42
1,49
0,88
0,48
1,46
2,20
1,00
1,28
1,54
1,31
0,96
1,19
0,50
0,75
2,65
0,86
1,05
0,67
0,96
0,76
0,42
0,26
1,18
0,80
0,39
0,23
0,32
1,84
0,83
2,69
7,77
52,47
100,00
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 17
Estrutura de Ponderação (%) dos Segmentos do Agronegócio da Agricultura, 1995
Setor
Agricultura
Pecuária
Extrativa Mineral
Petróleo e Gás
Mineral não Metálico
Siderurgia
Metalúrgicos não Ferrosos
Outros Metalúrgicos
Máquinas e Equipamentos
Material Elétrico
Equipamentos Eletrônicos
Automóveis, Caminhões e Ônibus
Peças e Outros Veículos
Madeira e Mobiliário
Celulose, Papel e Gráfica
Indústria da Borracha
Elementos Químicos
Refino do Petróleo
Químicos Diversos
Farmácia e Veterinária
Artigos Plásticos
Indústria Têxtil
Artigos do Vestuário
Fabricação de Calçados
Indústria do Café
Beneficiamento de Produtos Vegetais
Abate de Animais
Indústria de Laticínios
Fabricação de Açúcar
Fabricação de Óleos Vegetais
Outros Produtos Alimentares
Indústrias Diversas
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Construção Civil
Distribuição e Serviços
Total
Insumos
45,46
0,00
0,28
0,00
0,16
0,01
0,01
0,36
0,90
0,03
0,02
0,01
0,04
0,36
0,13
0,01
0,53
5,77
17,57
0,35
0,83
0,46
0,01
0,00
0,00
0,07
0,01
0,01
0,00
0,14
1,83
0,22
1,09
0,01
23,31
100,00
Fonte: Dados da Pesquisa
- 106 -
Agricultura
100,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
Indústria
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
11,34
14,15
0,00
8,83
0,00
0,00
0,00
0,00
11,35
9,07
0,00
3,05
14,02
0,00
0,00
2,79
3,83
21,57
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
Distrib.
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
100,00
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 18
Estrutura de Ponderação (%) dos Segmentos do Agronegócio da Pecuária, 1995
Setor
Agricultura
Pecuária
Extrativa Mineral
Petróleo e Gás
Mineral não Metálico
Siderurgia
Metalúrgicos não Ferrosos
Outros Metalúrgicos
Máquinas e Equipamentos
Material Elétrico
Equipamentos Eletrônicos
Automóveis, Caminhões e Ônibus
Peças e Outros Veículos
Madeira e Mobiliário
Celulose, Papel e Gráfica
Indústria da Borracha
Elementos Químicos
Refino do Petróleo
Químicos Diversos
Farmácia e Veterinária
Artigos Plásticos
Indústria Têxtil
Artigos do Vestuário
Fabricação de Calçados
Indústria do Café
Beneficiamento de Produtos Vegetais
Abate de Animais
Indústria de Laticínios
Fabricação de Açúcar
Fabricação de Óleos Vegetais
Outros Produtos Alimentares
Indústrias Diversas
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Construção Civil
Distribuição e Serviços
Total
Insumos
0,02
53,78
1,11
0,00
0,53
0,00
0,00
0,40
0,67
0,02
0,01
0,01
0,03
0,10
0,05
0,00
0,09
3,70
2,53
2,24
0,36
0,20
0,00
0,17
0,00
0,14
0,28
0,00
0,01
1,47
20,22
0,18
1,24
0,01
10,40
100,00
Fonte: Dados da Pesquisa
- 107 -
Agricultura
0,00
100,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
Indústria
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
25,91
0,00
0,00
49,69
24,40
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
Distrib.
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
100,00
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 19
Estrutura de Ponderação (%) dos Segmentos do Agronegócio Total, 1995
Setor
Agricultura
Pecuária
Extrativa Mineral
Petróleo e Gás
Mineral não Metálico
Siderurgia
Metalúrgicos não Ferrosos
Outros Metalúrgicos
Máquinas e Equipamentos
Material Elétrico
Equipamentos Eletrônicos
Automóveis, Caminhões e Ônibus
Peças e Outros Veículos
Madeira e Mobiliário
Celulose, Papel e Gráfica
Indústria da Borracha
Elementos Químicos
Refino do Petróleo
Químicos Diversos
Farmácia e Veterinária
Artigos Plásticos
Indústria Têxtil
Artigos do Vestuário
Fabricação de Calçados
Indústria do Café
Beneficiamento de Produtos Vegetais
Abate de Animais
Indústria de Laticínios
Fabricação de Açúcar
Fabricação de Óleos Vegetais
Outros Produtos Alimentares
Indústrias Diversas
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Construção Civil
Distribuição e Serviços
Total
Insumos
28,63
19,92
0,59
0,00
0,29
0,01
0,00
0,38
0,81
0,03
0,02
0,01
0,04
0,27
0,10
0,01
0,37
5,01
12,00
1,05
0,66
0,37
0,01
0,07
0,00
0,10
0,11
0,01
0,01
0,63
8,64
0,20
1,15
0,01
18,53
100,00
Fonte: Dados da Pesquisa
- 108 -
Agricultura
57,05
42,95
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
Indústria
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
9,53
11,89
0,00
7,42
0,00
0,00
0,00
0,00
9,54
7,62
4,13
2,56
11,78
7,93
3,89
2,35
3,22
18,13
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
Distrib.
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
100,00
100,00
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 20
Estrutura de Ponderação dos Produtos Selecionados da Agricultura
Setor
Ponderação (%)
1,60
0,10
6,81
2,63
1,43
1,02
10,52
22,65
0,49
4,34
3,36
4,08
0,02
5,03
13,79
0,15
18,10
1,74
0,94
1,20
100,00
Algodão
Amendoim em casca
Arroz em casca
Banana
Batata Inglesa
Cacau
Café
Cana-de-Açúcar
Cebola
Feijão em grão
Fumo em folha
Laranja
Mamona
Mandioca
Milho em grão
Sisal
Soja em grão
Tomate
Trigo em grão
Uva
Total
Fonte: Dados da Pesquisa
- 109 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 21
Estrutura de Ponderação dos Produtos Selecionados da Pecuária
Setor
Ponderação (%)
44,62
17,33
25,78
4,86
7,41
100,00
Carne Bovina
Carne de Frango
Leite
Ovos
Carne de Suínos
Total
Fonte: Dados da Pesquisa
4.5 A Evolução do PIB do Agronegócio no Brasil de 1994 a 1999
Em relação aos resultados do Agronegócio brasileiro as estimativas do projeto CNA / CEPEA-USP
mostram a importância que este complexo tem desempenhado na economia nacional respondendo por cerca
de 27% do PIB em 1999.
A Figura 30 apresenta a trajetória da participação do PIB do Agronegócio no PIB do Brasil no
período de 1994 a 1999. Como pode ser visualizado pela ilustração, a participação do PIB do Agronegócio
brasileiro representou aproximadamente 29% do PIB do Brasil em 1994, sendo que apresentou uma
tendência declinante até 1998 quando apresentou um dos valores mais baixos de participação do período,
26,41%.
- 110 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
35
28,97 28,61 27,42 26,23 26,41 26,93
30
25
20
%
15
10
5
0
1994
1995
1996
1997
1998
1999
Ano
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP
Figura 30
Participação do PIB do Agronegócio Total no PIB do Brasil (%)  1994 a 1999
O Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio do Brasil, para o ano de 1999, foi estimado em
R$269.467,7 milhões, registrando em relação ao ano de 1998, crescimento real de 1,85% (Tabela 22). Esse
crescimento, em comparação com os anos que se sucederam ao Plano Real, pode ser visto como o segundo
melhor desempenho do período (Figura 31).
- 111 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 22
PIB do Agronegócio e do Brasil a Preços de Mercado, 1994 a 1999
(R$ milhões de 1999)
Participação do PIB do
PIB Agronegócio
PIB Brasil
Agronegócio no PIB do
Brasil (%)
262.135,1
904.759,2
28,97
269.785,0
942.974,3
28,61
265.410,4
968.044,1
27,42
263.060,9
1.002.915,0
26,23
264.580,6
1.001.666,4
26,41
269.467,7
1.000.664,8
26,93
Ano
1994
1995
1996
1997
1998
1999
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP
3
2,5
2
1,5
1
% 0,5
0
-0,5
-1
-1,5
-2
2,92
1,85
0,58
-0,89
-1,62
1995
1996
1997
1998
1999
Ano
Fonte: Dados de Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Figura 31
Variação Anual do PIB do Agronegócio Total – 1994 a 1999.
- 112 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
A Tabela 23 mostra a evolução do PIB do Agronegócio Brasileiro, tanto em termos globais
(total) como para os dois sub-complexos que o compõem (Agricultura e Pecuária), com os correspondentes
segmentos a montante e a jusante, no período de 1994 a 1999.
Tabela 23
PIB do Agronegócio Brasileiro (R$ milhões de 1999)
AGRONEGÓCIO
Anos
1994
1995
1996
Agronegócio
Insumos
Agropecuária
Indústria
Distribuição
262.135,1
23.372,5
62.760,5
88.031,6
87.970,6
1997
1998
1999
269.785,0
22.650,2
64.320,0
94.446,3
88.368,5
265.410,4
22.895,6
61.869,7
90.298,1
90.347,0
263.060,9
22.582,0
60.989,2
90.808,5
88.681,2
264.580,6
23.924,9
64.790,4
86.023,5
89.841,9
269.467,7
25.996,6
64.719,7
88.357,2
90.394,3
Agricultura
Insumos
Agricultura
Indústria
Distribuição
189.094,8
14.968,9
36.687,8
74.441,5
62.996,5
192.482,6
14.261,3
36.697,7
79.384,0
62.139,6
190.780,8
14.787,0
36.494,7
75.114,4
64.384,7
191.134,4
14.741,8
36.421,7
76.374,8
63.596,2
189.458,8
15.494,0
38.329,4
72.190,1
63.445,3
189.697,8
16.295,0
36.349,7
74.306,9
62.745,6
Pecuária
Insumos
Pecuária
Indústria
Distribuição
73.040,4
8.403,6
26.072,6
13.590,1
24.974,1
77.302,3
8.388,9
27.622,3
15.062,3
26.228,9
74.629,6
8.108,6
25.375,0
15.183,7
25.962,3
71.926,5
7.840,2
24.567,4
14.433,8
25.085,0
75.121,78
8.430,8
26.461,0
13.833,4
26.396,6
79.770,4
9.701,5
28.369,9
14.050,3
27.648,7
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Especificamente, em relação ao crescimento anual dos sub-complexos, constata-se que o segmento
Pecuária foi o que apresentou os melhores resultados para 1998 e 1999, com taxas de variação real de 4,44%
e 6,19%, respectivamente, em confronto com as de –0,88% e 0,13% para a agricultura (Figuras 32 e 33).
Com relação à participação dos componentes no PIB do Agronegócio, pela Tabela 23, observa-se
que a contribuição dos insumos apresentou tendência de crescimento para o complexo total no período
analisado. Embora, a Agropecuária tenha apresentado resultados declinantes de 1994 a 1997, registra-se uma
tendência inversa nos anos de 1998 e 1999. Com relação aos segmentos Indústria de Base Agrícola e
- 113 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Distribuição a participação destes foi, respectivamente, de 32,79% e 33,55% em 1999 para o total do
Complexo.
A evolução da composição do Agronegócio brasileiro, ainda permite observar a alta participação da
Indústria de base agrícola e do segmento de Distribuição sobressaindo-se como pólos mais dinâmicos, com
valores sempre acima de 30% na cadeia do Agronegócio.
A evolução da composição do Agronegócio brasileiro confirma que as cadeias desse complexo
adicionam valor às matérias-primas agrícolas, de modo que os setores de processamento e distribuição final
são o vetor de maior propulsão no valor total da produção vendida ao consumidor, consolidado na forte rede
de interligação entre a agricultura e a indústria.
1,79
2
1,5
1
% 0,5
0,19
0,13
0
-0,5
-0,88
-0,88
-1
1995
1996
1997
1998
1999
Ano
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Figura 32
Variação do PIB do Agronegócio da Agricultura – 1994 a 1999.
- 114 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
6,19
5,84
8
6
4
% 2
0
4,44
-3,46
-2
-4
1995
-3,62
1996
1997
1998
1999
Ano
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Figura 33
Variação do PIB do Agronegócio da Pecuária – 1994 a 1999.
Em termos de valores e de percentuais a Tabela 24 mostra, a estrutura de participação dos dois
grandes sub-complexos do Agronegócio brasileiro  Agricultura e Pecuária. Pela observação tem-se que
em 1999 o PIB do sub-complexo do Agronegócio da Agricultura (R$ 189.697,3 milhões) representava cerca
de 19% do PIB do Brasil, enquanto que o PIB do sub-complexo do Agronegócio da Pecuária correspondia a
aproximadamente 8% (79.770,4 milhões) do PIB do Brasil. No caso da agricultura, a maior participação no
PIB, se justifica pela própria diversidade do setor agrícola que possui um maior número de indústrias
processadoras do que o setor da pecuária.
- 115 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 24
PIB do Complexo do Agronegócio e
Participação no PIB do Brasil (%): 1994 a 1999
(R$ Milhões de 1999)
Total
Complexo
Agronegócio
Sub-Complexo
Agricultura
Sub-Complexo
Pecuária
Brasil
1994
Valor Part.
1995
Valor Part.
1996
Valor Part.
1997
Valor Part.
1998
Valor Part.
1999
Valor Part.
(R$ Mi)
(%)
(R$ Mi)
(%)
(R$ Mi)
(%)
(R$ Mi)
(%)
(R$ Mi)
(%)
(R$ Mi)
262.135,1
28,97
269.785,1
28,61
265.410,4
27,42
263.060,9
26,23
264.580,6
26,41 269.467,7
26,93
189.094,8
20,89
192.482,6
20,41
190.780,8
19,71
191.134,4
19,06
189.458,8
18,91 189.697,3
18,96
73040,4
8,08
77.302,03
8,20
74.629,6
7,71
71.926,5
7,17
75.121,8
942.974,3 100,00
968.044,1
904.759,2 100,00
100,00 1.002.915,0
100,00 1.001.666,4
7,50
(%)
79.770,4
7,97
100,00 1.000.664,8
100,00
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA– USP
Considerando-se que o Agronegócio é um segmento complexo que envolve os agentes dos setores
primário (agricultura), secundário (indústria) e terciário (serviços), o montante do PIB vai oscilar em função
da variação relativa dos seus componentes.
As estimativas da CNA/CEPEA-USP mostram que dos componentes considerados no cálculo do
PIB do Agronegócio Brasileiro, somente a Agropecuária apresentou, em 1999, variação negativa (–0,11%),
contrastando expressivamente com o desempenho positivo (6,23%), alcançado em 1998 (Figura 34).
Em relação aos segmentos a montante e a jusante, observa-se que tanto o setor de insumos para a
agropecuária como o de indústria de base agrícola (indústrias processadoras) e de distribuição (serviços), que
pesam acentuadamente na formação do PIB do Agronegócio, apresentaram variações positivas em 1999,
com crescimento real de 8,66%; 2,71%; e 0,61%, respectivamente (Figura 34).
- 116 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
10,00
8,00
6,00
4,00
% 2,00
0,00
-2,00
-4,00
-6,00
1995
1996
1997
1998
Insumos
-3,09
1,08
-1,37
5,95
1999
8,66
Agropecuária
2,48
-3,81
-1,42
6,23
-0,11
Indústria
7,29
-4,39
0,57
-5,27
2,71
Distribuição
0,45
2,24
-1,84
1,31
0,61
Total
2,92
-1,62
-0,89
0,58
1,85
Ano
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Figura 34
Variação Anual Real do PIB do Agronegócio e de seus Segmentos – 1995-1999.
Se considerarmos o crescimento anual dos componentes do PIB do Sub-Complexo do Agronegócio
da Agricultura percebe-se que somente o segmento industrial apresentou desempenho positivo no biênio
1998-1999, com taxas de 5,17% e 2,93% para a indústria ofertante de insumos para a agricultura e a
indústria de base agrícola, respectivamente,
contrabalanceando
(–5,16%) e da distribuição (–1,10%) (Figura 35).
- 117 -
os
resultados
negativos da agricultura
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
8.00
6.00
4.00
2.00
%
0.00
-2.00
-4.00
-6.00
1995
1996
1997
1998
Insumos
-4.73
3.69
-0.31
5.10
1999
5.17
Agricultura
0.03
-0.55
-0.20
5.24
-5.16
Indústria
6.64
-5.38
1.68
-5.48
2.93
Distribuição
-1.36
3.61
-1.22
-0.24
-1.10
Total
1.79
-0.88
0.19
-0.88
0.13
Ano
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Figura 35
Variação Anual Real do PIB do Sub-Complexo do Agronegócio da Agricultura – 1995 a 1999.
Apesar do contexto negativo apresentado pelo segmento da lavoura, o Sub-Complexo do
Agronegócio da Pecuária conseguiu superar as dificuldades e apresentar resultados nitidamente melhores.
Assim, tem-se que nesse sub-complexo as taxas de crescimento, em 1999, foram respectivamente de
15,07%, 7,21%, 1,57% e 4,74%, para o segmento de insumos, pecuária, processamento e serviços (Figura
36).
- 118 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Por sua vez, se levarmos em consideração o PIB global gerado pelo campo, ou seja, o valor
agregado oriundo da agropecuária e que é composto da sua produção: a) utilizada como insumo; b)
destinada às indústrias; c) destinada à exportação; e d) destinada ao consumo final das famílias e do governo,
o valor do PIB em 1999 fica em torno de R$76.275,2 milhões, uma diferença de R$11.568,2 milhões
quando comparado com os R$64.719,7 milhões, diferença que reflete o valor da utilização dos insumos
agrícolas dentro do próprio setor da agropecuária (Tabela 25).
20.00
15.00
10.00
%
5.00
0.00
-5.00
-10.00
1995
1996
1997
1998
1999
-0.18
-3.34
-3.31
7.53
15.07
Pecuária
5.94
-8.14
-3.18
7.71
7.21
Indústria
10.83
0.81
-4.94
-4.16
1.57
Distribuição
5.02
-1.02
-3.38
5.23
4.74
Total
5.84
-3.46
-3.62
4.44
6.19
Insumos
Ano
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Figura 36
Variação Anual Real do PIB do Sub-Complexo do Agronegócio da Pecuária – 1995 a 1999.
- 119 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 25
PIB do Agronegócio Brasileiro e dos seus Agregados, 1994 a 1999
(R$ milhões de 1999)
Anos
Agronegócio
1994
1995
1996
1997
1998
1999
Agronegócio
262.135,1 269.785,0 265.410,4 263.060,9 264.580,6 269.467,7
Insumos não Agropecuários
12.149,4 11.654,1 11.849,1 11.692,5 12.356,7 14.441,0
Agropecuária
73.983,5 75.316,1 72.916,1 71.878,6 76.358,6 76.275,2
Produção Usada como Insumo
11.223,0 10.996,1 11.046,5 10.889,5 11.568,2 11.555,5
Produção Vendida
62.760,5 64.319,9 61.869,7 60.989,2 64.790,4 64.719,7
Indústria
88.031,6 94.446,3 90.298,1 90.808,5 86.023,5 88.357,2
Distribuição
87.970,6 88.368,5 90.347,0 88.681,2 89.841,9 90.394,3
Agricultura
Insumos não Agrícolas
Agricultura
Produção Usada como Insumo
Produção Vendida
Indústria
Distribuição
Pecuária
Insumos não Pecuária
Pecuária
Produção Usada como Insumo
Produção Vendida
Indústria
Distribuição
189.094,8 192.482,6 190.780,8 191.134,4 189.458,8 189.697,3
8.203,1
7.778,2
8.069,8
8.041,5
8.439,9
9.590,5
43.453,6 43.180,8 43.211,9 43.122,0 45.383,6 43.054,3
6.765,7
6.483,2
6.717,2
6.700,3
7.054,2
6.704,6
36.687,8 36.697,7 36.494,7 36.421,7 38.329,4 36.349,7
74.441,5 79.384,0 75.114,4 76.374,8 72.190,1 74.306,9
62.996,5 62.139,6 64.384,7 63.596,2 63.445,3 62.745,6
73.040,4
3.946,3
30.529,9
4.457,3
26.072,6
13.590,1
24.974,1
77.302,3
3.875,9
32.135,2
4.513,0
27.622,3
15.062,3
26.228,9
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
- 120 -
74.629,6
3.779,3
29.704,3
4.329,3
25.375,0
15.183,7
25.962,3
71.926,5
3.651,1
28.756,6
4.189,2
24.567,4
14.433,8
25.085,0
75.121,8
3.916,8
30.975,0
4.514,0
26.461,0
13.833,4
26.396,6
79.770,4
4.850,6
33.220,9
4.851,0
28.369,9
14.050,3
27.648,7
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
30
28
28.97 28.61
27.42
26.41 26.93
26.23
26
24
20.90 20.41
22
19.71
19.06 18.91 18.96
20
18
16
14
12
10
8.07
8
8.20
7.71
7.17
7.50
7.97
6
4
2
0
Agropecuária - 1994 a 1999
Agricultura - 1994 a 1999
Pecuária - 1994 a 1999
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP
Figura 37
Participação do PIB do Agronegócio da Agropecuária, Agricultura e
Pecuária no PIB do Brasil (%) – 1994 a 1999
O fechamento dos dados do PIB setorial, de 1994 a 1999, quando mensurado por um conceito mais
amplo, permite avaliação técnica mais precisa a respeito do desempenho setorial do Agronegócio Brasileiro.
Esses resultados encontram-se nas Tabelas 26 e 27. Na atividade referente a agropecuária estão incluídos no
valor agregado do setor, o valor agregado dos insumos provenientes do próprio setor e a parcela do valor
agregado referente à distribuição dos produtos agropecuários, e na atividade das indústrias de base agrícola
estão incluídas a parcela de valor agregado referente à distribuição dos produtos industriais. O valor
agregado pela agropecuária, em 1999, correspondeu a 42,23% do PIB do agronegócio total do Brasil.
Em relação a agropecuária percebe-se uma oscilação do PIB, recuando em 1996 e 1997, registrando
nestes anos R$105.838,7 milhões e R$103.508,6 milhões, respectivamente. Após esse período, o setor
- 121 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
agropecuário recupera-se em 1998 e 1999, com taxas de crescimento de 8,02% e 1,77%,
respectivamente. Cabe registrar o desempenho altamente positivo da pecuária, no período 1998-1999, com
variações de 9,55% e 8,48% respectivamente, o que refletiu, com certeza, no resultado positivo do setor rural
nesse biênio (8,02% e 1,77%, respectivamente).
Tabela 26
PIB dos Setores do Agronegócio Brasileiro. 1995 a 1999. (R$ Milhões de 1999)
Setor
Agropecuária (1)
Agricultura (2)
Pecuária (3)
Ind Mad e Mob (4)
Ind Cel, Papel e Gráf,
Ind Elem Quim,
Ind Têxtil
Ind Vestuário
Ind Calçados
Ind Café
Ind Benef Prod Veg
Ind Abate Animais
Ind Laticínios
Ind Açúcar
Ind Óleos Veg,
Ind Outros Alim
Total
1995
109.101,0
62.928,6
46.138,5
1996
105.838,7
63.096,8
42.741,8
1997
103.508,6
62.464,7
41.043,9
1998
111.808,0
66.844,9
44.963,1
1999
113.783,7
65.007,6
48.776,1
13.947,9
14.433,5
9.982,0
12.167,3
13.543,2
6.960,5
5.018,0
20.422,7
16.726,7
7.473,0
4.100,7
7.230,2
28.678,1
13.628,6
13.496,7
9.581,0
11.134,5
13.349,7
6.877,7
5.223,9
21.673,3
17.103,6
7.906,5
3.954,4
7.294,7
28.347,1
13.256,4
12.792,1
11.944,7
10.054,4
12.031,9
6.562,9
5.036,7
22.961,1
16.516,7
7.803,0
4.121,0
8.200,7
28.270,8
12.192,0
12.006,3
10.119,7
8.734,7
11.405,0
5.315,2
6.653,9
21.147,6
16.840,2
8.003,3
4.115,8
7.667,4
28.571,6
12.241,7
14.504,7
11.432,0
9.239,0
9.721,5
4.963,9
7.125,8
19.935,3
18.804,8
7.225,6
4.060,6
7.424,7
29.004,3
269.785,0
265.410,4
263.060,9
264.580,6
269.467,7
Fonte: Dados da pesquisa CNA/CEPEA– USP.
(1)
Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agropecuária, insumos do próprio setor e
distribuição dos produtos agropecuários.
(2)
Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agricultura, insumos do próprio setor e
distribuição dos produtos agrícolas.
(3)
Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela pecuária, insumos do próprio setor e
distribuição dos produtos pecuários.
(4)
Os valores dos setores industriais referem-se ao somatório do valor agregado gerado pelo respectivo setor industrial e
distribuição dos produtos processados.
- 122 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Tabela 27
Variação Anual Real (%) do PIB dos Setores do Agronegócio Brasileiro, 1995 a 1999
Setor
Agropecuária (1)
Agricultura (2)
Pecuária (3)
Ind Mad e Mob (4)
Ind Cel, Papel e Gráf,
Ind Elem Quim,
Ind Têxtil
Ind Vestuário
Ind Calçados
Ind Café
Ind Benef Prod Veg
Ind Abate Animais
Ind Laticínios
Ind Açúcar
Ind Óleos Veg,
Ind Outros Alim
Total
1995
1,67
-0,75
5,10
1996
-2,99
0,27
-7,36
1997
-2,20
-1,00
-3,97
1998
8,02
7,01
9,55
1999
1,77
-2,75
8,48
4,99
24,85
-20,98
2,30
5,50
-5,11
-15,38
-1,61
6,55
22,38
-7,98
-5,71
16,25
-2,29
-6,49
-4,02
-8,49
-1,43
-1,19
4,10
6,12
2,25
5,80
-3,57
0,89
-1,15
-2,73
-5,22
24,67
-9,70
-9,87
-4,58
-3,58
5,94
-3,43
-1,31
4,21
12,42
-0,27
-8,03
-6,14
-15,28
-13,13
-5,21
-19,01
32,11
-7,90
1,96
2,57
-0,13
-6,50
1,06
0,41
20,81
12,97
5,77
-14,76
-6,61
7,09
-5,73
11,67
-9,72
-1,34
-3,17
1,51
2,92
-1,62
-0,89
0,58
1,85
Fonte: Dados da pesquisa CNA/CEPEA – USP.
(1)
Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agropecuária, insumos do próprio setor e
distribuição dos produtos agropecuários.
(2)
Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agricultura, insumos do próprio setor e
distribuição dos produtos agrícolas.
(3)
Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela pecuária, insumos do próprio setor e
distribuição dos produtos pecuários.
(4)
Os valores dos setores industriais referem-se ao somatório do valor agregado gerado pelo respectivo setor industrial e
distribuição dos produtos processados.
Apesar do contexto pouco expressivo de crescimento do PIB do Agronegócio Total (1,85%) em
1999, alguns setores agroindustriais conseguiram superar dificuldades e apresentar resultados altamente
satisfatórios. A indústria de celulose, papel e gráfica apresentou crescimento de 20,81% do PIB, passando de
R$12.241,7 milhões, em 1998, para R$14.504,7 milhões, em 1999 (Tabelas 26 e 27).
- 123 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
No caso da indústria de elementos químicos, o aumento do PIB no ano passado foi de 12,97%,
atingindo a cifra de R$11.432,0 milhões. A indústria de abate de animais registrou variação significativa de
11,67%, subindo seu valor agregado de R$16.840,3 milhões, em 1998, para R$18.804,9 milhões, em 1999.
Além desses setores que sobressaíram-se expressivamente no ano passado, cabe salientar, também, o
crescimento real anual positivo da indústria de café e têxtil com taxas de, respectivamente, 7,09% e 5,77%.
Entre esses segmentos, o pior desempenho foi o da indústria de vestuário, que registrou redução de 14,76%,
passando o seu PIB de R$11.405,0 milhões para R$9.721,5 milhões. (Figura 38).
25
20.81
20
12.97
15
11.67
10
7.09
5.77
5
1.51
0.41
%
0
-1.34
-5
-6.61
-10
-15
I
M
In
e
ad
d
C
e
-9.72
-14.76
-20
nd
-3.17
-5.73
M
P
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ob
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G
nd
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nd
ca
Ó
r
le
os
In
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d
g.
O
u
s
tro
Al
im
Segmentos
Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP.
Figura 38
Variação do PIB Anual Real (%) dos Setores Indústrias de Base Agrícola – 1999.
- 124 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
CAPÍTULO 6
COMENTÁRIOS FINAIS
Da análise dos índices de encadeamento da economia brasileira , através de diferentes técnicas,
pode-se inferir sobre a complexidade da economia brasileira, que apresenta um estágio avançado da estrutura
produtiva com alto grau de interligação entre os setores produtivos nacionais.
Para o procedimento analítico de delimitação dos Componentes do Complexo do Agronegócio
brasileiro utiliza-se o método de fracionamento matricial (Matriz GU) que permite uma mensuração mais
precisa do Agronegócio e identifica as interrelações entre as atividades agropecuárias e os demais setores da
economia, em termos dos impactos diretos e indiretos.
Os resultados confirmam a grande articulação entre os setores componentes do Complexo do
Agronegócio brasileiro, refletindo a importância da atividade agrícola como setor de grande influência na
estrutura produtiva da nação através dos altos efeitos de encadeamento a montante e a jusante.
Em relação a magnitude do Complexo do Agronegócio brasileiro, os dados empíricos mostram o
papel fundamental que esse segmento tem desempenhado na economia nacional respondendo por cerca de
30% do Produto Interno Bruto.
No tocante a composição do Complexo do Agronegócio brasileiro, a análise reafirmou as tendências
históricas observadas na evolução do “agribusiness” em economias desenvolvidas, sendo um fenômeno que
ocorre também em países em desenvolvimento. Especificamente no caso brasileiro, tem sido um processo
marcante.
Em síntese, a evolução da composição do Complexo do Agronegócio brasileiro, confirma que as
cadeias do Agronegócio adicionam valor às matérias-primas agrícolas onde o setor de armazenamento,
processamento e distribuição final são o vetor de maior propulsão no valor total da produção vendida ao
consumidor, consolidado na forte rede de interligação entre a agricultura e a indústria.
- 125 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Nesse sentido, é fundamental levar em conta a necessária organização dos produtores rurais em
associações, cooperativas ou outras formas alternativas de apoio ao produtor rural, na medida em que
possibilita ao trabalhador rural enfrentar os desafios desse
novo padrão agrário, que leva a uma redução
relativa do setor rural em relação aos outros componentes do Agronegócio.
Acrescenta-se, a todos esses resultados, a relevante contribuição desse trabalho no que concerne ao
desenvolvimento e refinamento da metodologia de cálculo do PIB do Agronegócio. O método delineado
pode ser de utilidade em futuros estudos, norteando pesquisas sobre o Complexo Agroindustrial. Cabe
salientar, mais uma vez, que a presente metodologia apresenta a vantagem de estimar o PIB do Agronegócio
de forma consistente com as estimativas das Contas Nacionais, feitas pelo IBGE. Por sua vez, o refinamento
metodológico adotado, evita o problema de dupla contagem presente em estimativas usuais do PIB do
Agronegócio. Desta forma, os resultados diferem de trabalhos anteriores e devem refletir um perfil mais fiel
do Agronegócio da economia brasileira.
- 126 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
ANEXO 1
CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES E PRODUTOS DA
MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO DE 1995
Atividades
Código Descrição
1
Agricultura
Produtos
Código
101
102
103
104
105
106
107
199
2
Pecuária
108
109
110
199
3
Extrativa mineral
4
Extração de petróleo e carvão
5
Fab. de minerais não metálicos
301
302
401
402
501
6
Siderurgia
601
602
Descrição
Café em coco
Cana-de-açúcar
Arroz em casca
Trigo em grão
Soja em grão
Algodão em caroço
Milho em grão
Outros produtos agropecuários
(madeira, carvão, lenha, extrativa vegetal,
fumo)
Bovinos e suínos
Leite natural
Aves vivas
Outros produtos agropecuários (produtos
animais)
Minério de ferro
Outros minerais
Petróleo e gás
Carvão e outros
Produtos minerais não metálicos ( cimento,
Artigos de cimento, vidro, artigos de vidro,
Produtos não metálicos )
Produtos siderúrgicos básicos
Laminados de aço
Continua ...
- 127 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Anexo 1 (Continuação)
Atividades
Código Descrição
7
Metalurgia de não ferrosos
8
Fab. Outros produtos metalúrgicos
9
Fab. E manutenção de máq. E tratores
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Produtos
Código
701
801
901
902
Fab. De material elétrico
1001
Fab. De elementos eletrônicos
1101
Fab. De automóveis, caminhões e 1201
ônibus
Fab. De peças e outros veículos
1301
Madeira e mobiliário
1401
Celulose, papel e gráfica
1501
Indústria da borracha
1601
Fab. Elementos químicos
1701
1702
Refino do petróleo
1801
1802
1803
1804
1805
1806
Fab. De produtos químicos diversos
1901
1902
1903
Indústria farmacêutica e de perfumaria
2001
Indústria de artigos de plásticos
2101
Indústria têxtil
2201
2202
2203
2204
Fab. De artigos do vestuário
2301
Fab. De calçados
2401
Indústria do café
2501
Descrição
Produtos metalúrgicos não ferrosos
Outros produtos metalúrgicos
Fab. E manut. De máquinas e equipamentos
Tratores e máquinas de terraplanagem
Material elétrico
Equipamentos eletrônicos
Automóveis, caminhões e ônibus
Outros veículos e peças
Madeira e mobiliário
Papel, celulose, papelão e artef.
Produtos derivados da borracha
Elem. Químicos não petroquímicos
Álcool de cana e de cereais
Gasolina pura
Óleos combustíveis e óleo diesel
Outros produtos do refino
Produtos petroquímicos básicos
Resinas
Gasoálcool
Adubos
Tintas
Outros produtos químicos
Prod. Farmacêuticos e perfumaria
Artigos de plástico
Fios têxteis naturais
Tecidos naturais
Fios têxteis artificiais
Tecidos artificiais
Artigos do vestuário
Produtos de couro e calçados
Produtos do café
Continua ...
- 128 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Anexo 1 (Continuação)
Atividades
Código Descrição
26
Beneficiamento de produtos vegetais
27
Abate de animais
28
Indústria de laticínios
29
30
Fab. de açúcar
Fab. de óleos vegetais
31
Fab. de outros produtos alimentares
32
33
34
35
36
37
38
Indústrias diversas
Serviços industriais de utilidade pública
Construção civil
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
39
Serviços prestados às famílias
40
41
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
42
Administração pública
43
46
Serviços privados não mercantis
Dummy financeiro
Produtos
Código
2601
2602
2603
2701
2702
2801
2802
2901
3001
3002
3101
3102
3201
3301
3401
3501
3601
3701
3801
3802
3901
3902
3903
4001
4101
4102
4201
4202
4203
4301
Fonte: IBGE
- 129 -
Descrição
Arroz beneficiado
Farinha de trigo
Outros prod. vegetais beneficiados
Carne bovina
Carne de aves abatidas
Leite beneficiado
Outros laticínios
Açúcar
Óleos vegetais em bruto
Óleos vegetais refinados
Rações e outros produtos alimentares
Bebidas
Produtos diversos
Serv. industriais utilidade pública
Produtos da construção civil
Margem de comércio
Margem de transporte
Comunicações
Seguros
Serviços financeiros
Alojamento e alimentação
Outros serviços
Saúde e educação mercantis
Serviços prestados às empresas
Aluguel de imóveis
Aluguel imputado
Administração pública
Saúde pública
Educação pública
Serviços privados não mercantis
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
ANEXO 2
COMPOSIÇÃO DOS SETORES DO AGRONEGÓCIO
Madeira e Mobiliário
Serrarias
Fabricação de Madeira Compensada, Folheada e Prensada
Fabricação de Artefatos de Madeira
Fabricação de Móveis com Predominância de Madeira
Fabricação de Móveis com Predominância de Metal ou Plástico
Fabricação de Artigos de Colchoaria
Celulose, Papel e Gráfica
Fabricação de Celulose e Pasta Mecânica
Fabricação de Papel para Impressão
Fabricação de Papel para Embalagens
Fabricação de Papelão, Cartolina e Cartão
Fabricação de outros Papeis
Fabricação de Embalagens, Sacos e Sacolas de Papel
Fabricação de Caixas, Cartuchos e Cilindros de Papelão
Fabricação de Artefatos de Papel
Edição e Impressão de Livros
Edição e Impressão de Jornais, Revistas e Periódicos
Fabricação de outros Produtos Gráficos
Anúncios na Imprensa
Produção de Serviços Gráficos
Elementos Químicos
Destilação de Álcool
Produção de Elementos Químicos
Continua ...
- 130 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Anexo 2 (Continuação)
Indústria Têxtil
Beneficiamento de Algodão
Beneficiamento de Outras Fibras Têxteis Naturais
Fiação de Algodão
Fiação de Outras Fibras Têxteis Naturais
Fabricação de Artigos de Cordoaria
Tecelagem de Algodão
Tecelagem de Outras Fibras Têxteis Naturais
Fiação de Fibras Artificiais e Sintéticas
Tecelagem de Fibras Artificiais e Sintéticas
Fabricação de Mantas e Entretelas de Tecidos Artificiais/Sintéticos
Fabricação de Tecidos de Malha
Fabricação de Artigos do Vestuário de Malha
Fabricação de Sacos de Tecidos
Fabricação de Roupa de Cama, Mesa e Banho
Fabricação de Linhas e Fios para Coser
Fabricação de Artigos de Passamanaria
Fabricação de Tecidos Especiais
Produção de Serviços de Acabamento em Fios e Tecidos
Artigos do Vestuário
Fabricação de Artigos do Vestuário ( Exclusive de Malha)
Fabricação de Acessórios do Vestuário
Fabricação de Uniformes e Acessórios de Segurança Industrial
Fabricação de Calçados
Preparação de Couros e Peles
Fabricação de Artefatos de Viagem
Fabricação de Outros Artefatos de Couro
Fabricação de Calçados de Couro
Fabricação de Calçados de Outros Materiais
Indústria do Café
Beneficiamento de Café
Torrefação e Moagem de Café
Fabricação de Café Solúvel
Continua ...
- 131 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Anexo 2 (Continuação)
Beneficiamento de Produtos Vegetais
Beneficiamento de Arroz
Moagem de Trigo
Fabricação de Sucos, Concentrados, Doces e Conservas de Frutas
Produção de Conservas de Legumes e Outros Vegetais
Beneficiamento de Cacau
Beneficiamento de Outros Vegetais
Beneficiamento de Milho
Preparação do Fumo em Folha, em Rolo ou em Corda
Fabricação de Cigarros e Charutos
Fabricação de Filtros para Cigarro
Abate de Animais
Abate de Animais e Preparação de Conservas de Carne (Exceto Aves)
Abate de Outros Pequenos Animais e Preparação de Carnes
Indústria de Laticínios
Preparação do Leite Resfriado
Outras Preparações do Leite (Pasteurização, Homogeneização, etc.)
Fabricação de Produtos de Laticínios
Fabricação de Açúcar
Fabricação de Açúcar de Cana
Refinação e Moagem de Açúcar de Cana
Fabricação de Óleos Vegetais
Fabricação de Óleos Vegetais em Bruto
Produção de Óleos Animais, Sebo Industrial, Glicerina e Ceras
Refinação de Óleos Vegetais
Preparação de Gorduras Vegetais para Alimentação (Coco, Margarinas)
Continua ...
- 132 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
Anexo 2 (Continuação)
Outros Produtos Alimentares
Fabricação de Rações Balanceadas
Fabricação de Produtos de Padaria e Confeitaria
Fabricação de Massas Alimentícias, Biscoitos e Pó para Gelatinas
Produção de Refeições Preparadas
Preparação do Pescado e Fabricação de Conservas do Pescado
Fabricação de Balas e Sorvetes
Preparação do Sal de Cozinha (Refino, Moagem, etc.)
Fabricação de Outros Produtos Alimentares
Fabricação de Vinhos
Fabricação de Vinagre
Fabricação de Aguardente de Cana
Fabricação de Licores e de Bebidas Alcóolicas Diversas
Fabricação de Cervejas, Chopes e Malte
Fabricação de Refrigerantes, Refrescos Naturais e Xaropes
Engarrafamento e Gaseificação de Águas Minerais
Fonte: IBGE
- 133 -
O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999
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