O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CNA - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA O AGRONEGÓCIO NA ECONOMIA BRASILEIRA 1994 A 1999 JOAQUIM JOSÉ MARTINS GUILHOTO Universidade de São Paulo e University of Illinois MARIA CRISTINA ORTIZ FURTUOSO Universidade de São Paulo GERALDO SANT’ANA DE CAMARGO BARROS Universidade de São Paulo SETEMBRO – 2000 1 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 PREFÁCIO O trabalho aqui apresentado é o resultado de uma pesquisa conduzida no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA-USP), com o suporte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), cujo objetivo final foi o de fornecer subsídios para a estimação do crescimento mensal do PIB do Agronegócio Brasileiro. A metodologia e os resultados apresentados, portanto, fornecem a base para o delineamento do Agronegócio Brasileiro. Desta forma é feito um estudo detalhado do Agronegócio Brasileiro no período de 1994 a 1999. Deve ser deixado um agradecimento especial ao suporte recebido da CNA e do seu departamento econômico, em especial nas pessoas de Vicente Nogueira Netto, Getúlio Pernambuco, e Paulo Mustefaga, cujos comentários e apoio certamente contribuíram para a qualidade final do trabalho. Os comentários e o apoio recebido dentro do CEPEA-USP e do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ-USP são também reconhecidos. Ao estagiário Gustavo de Souza e Silva é deixado o nosso agradecimento pelo trabalho na entrada dos dados e na confecção das figuras aqui apresentadas. Como em todo trabalho, as falhas que ainda permanecem são de responsabilidade dos autores. Piracicaba Setembro de 2000 Joaquim Guilhoto Cristina Furtuoso Geraldo Barros - i- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 ÍNDICE Página PREFÁCIO ........................................................................................................................................................................................I 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................1 1.1. AEVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS RELAÇÕES ENTRE A A GRICULTURA E A INDÚSTRIA.....................................................................................................1 1.2. OBJETIVOS....................................................................................................................................................................................................................................................................11 2. FORMULAÇÕES GERAIS SOBRE O AGRONEGÓCIO .......................................................................................13 3. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................................................................35 3.1. FONTE E TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES BÁSICAS..................................................................................................................................................................35 3.2. LIGAÇÕES INTERINDUSTRIAIS E SETORES-CHAVE .............................................................................................................................................................................37 3.2.1. Os índices de Rasmussen-Hirschman .........................................................................................................................................................................................37 3.2.2. O índice puro de ligações interindustriais................................................................................................................................................................................39 3.3. OS SETORES INDUSTRIAIS LIGADOS À AGRICULTURA.....................................................................................................................................................................43 3.4. CÁLCULO DO PRODUTO INTERNO BRUTO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO..................................................................................................................44 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................................................................................53 4.1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................................................................................................................53 4.2. UMA ANÁLISE SETORIAL DA ECONOMIA BRASILEIRA.................................................................................................................................................................54 4.3. COMPOSIÇÃO DO A GRONEGÓCIO BRASILEIRO...................................................................................................................................................................................65 4. 4. ESTRUTURA DO A GRONEGÓCIO NO BRASIL EM 1995..................................................................................................................................................................99 4.5. A EVOLUÇÃO DO PIB DO A GRONEGÓCIO NO BRASIL DE 1994 A 1999 ........................................................................................................................110 5. COMENTÁRIOS FIN AIS ...............................................................................................................................................125 A.1. CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES E PRODUTOS DA MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO DE 1995 ........................................................................................................................................................................................................127 A.2. COMPOSIÇÃO DOS SETORES DO AGRONEGÓCIO...................................................................................130 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................................134 - ii - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 A evolução histórica das relações entre a Agricultura e a Indústria A história da agricultura brasileira mostra o papel fundamental que esse setor sempre desempenhou no desenvolvimento da economia do país. A literatura econômica apresenta publicações que detalham os surtos econômicos brasileiros durante os “ciclos” do gado, da cana-de-açúcar, da borracha, do cacau1 , etc. Ainda hoje, a atividade agrícola continua contribuindo de maneira significativa sob vários aspectos econômicos e sociais. Essa tradição econômica que o país possui na agricultura, ainda que com diferentes graduações, é uma tendência que deverá prevalecer no futuro, principalmente em razão dos seus vastos recursos naturais. No entanto, o avanço da economia em muito dependerá da “performance” dos produtos primários, quer tenham como destino a exportação ou o consumo interno. Neste sentido, existe uma extensa literatura2 que apresenta evidências empíricas que comprovam o processo de inversão da tendência do padrão de crescimento que o setor agrícola brasileiro vem experimentando desde a crise econômica dos anos 80, quando ocorre a perda da dinâmica das exportações em favor do maior dinamismo do mercado interno. 1 FURTADO (1976), PAIM (1957), SZMRECSÁNYI (1990), SIMONSEN (1969). 2 LOPES (1987), MANOEL & BARROS (1987), DIAS(1989), RESENDE (1988). - 1- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Porém, é de importância fundamental salientar as mudanças substanciais que vêm ocorrendo em nível mundial no relacionamento da agricultura com os outros setores da economia. Para efeitos desta apreciação, lembremos da figura originária do camponês europeu. “A unidade familiar, que coincidia com a unidade rural, operava próxima à auto-suficiência, seus integrantes se dedicavam à plantação e criação comercial, ao mesmo tempo em que criavam seus animais de tração, produziam seus instrumentos de transporte, suas ferramentas e demais itens necessários. Seus membros produziam o próprio pão, bebiam o próprio vinho e até as roupas eram feitas em casa e todo o processamento do alimento era doméstico. Todas as operações relacionadas com o cultivo, o processamento, o armazenamento e a comercialização dos produtos eram funções da fazenda” (Barros de Castro, 1969). Nessas circunstâncias, era perfeitamente coerente aglutinar todas essas atividades dentro do significado do termo agricultura. Ao passarmos à análise do caso brasileiro, há que assinalar preliminarmente que este país contou com dois modelos agrícolas: “plantation” e de subsistência.3 Como descreve Jank et al. (1995), a agricultura de “plantation” caracterizou os ciclos econômicos de nossa história: gado, cana-de-açúcar, café, cacau e borracha. Esta forma de agricultura se distingue por apresentar grandes extensões de terras e monocultura, os grandes latifúndios, com alto grau de independência operacional, sendo explorados por técnicas de agricultura extensiva, em que o produto final fundamentalmente destinava-se ao mercado externo. Até o início da Segunda Guerra Mundial, a economia brasileira dependia grandemente das lavouras de exportação. O outro modelo de agricultura − de subsistência − coexistia com o primeiro, através da pequena propriedade, apresentando pequenas extensões de terra e policultivo. Cabe salientar que apesar de pobre e ineficiente, a agricultura de subsistência atendeu à procura de alimentos e matérias-primas pela população urbana e a mão- 3 Coexistem neste campo teses discrepantes a respeito do desempenho da agricultura no desenvolvimento brasileiro. A esse respeito pode-se consultar os trabalhos de: LAMBERT(1967), GUIMARÃES (1977), OLIVEIRA (1946), FURTADO (1964), FRANK (1967), DELFIM NETTO (1966), entre outros. - 2- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 de-obra rural das “plantations”.4 Nessa época, a unidade produtiva agrícola era praticamente autosuficiente que constituía o chamado “setor primário”. Juntamente com a revolução tecnológica da agricultura em nível mundial no período do pós-guerra, as atividades agrícolas tiveram ampla expansão e crescente especialização, influenciadas decisivamente pelo desenvolvimento econômico e a crescente urbanização. Esse processo, basicamente, impôs uma nova ordem agrícola em que o moderno agricultor é um especialista envolvido com as operações de cultivo e criação de animais, transferindo as funções de armazenar, processar e distribuir produtos agropecuários, bem como de suprimento de insumos e fatores de produção, para organizações além da fazenda. A agropecuária antes voltada exclusivamente para a auto-suficiência, modernizou-se, inserindo-se na economia de mercado e constituindo novos elos ou segmentos do sistema alimentar. Basicamente, esse processo resultou na estruturação de um moderno parque industrial que fornece bens de capital e insumos para o campo, setor denominado a montante da fazenda. Por outro lado, formaram-se complexas redes de armazenamento, transporte, processamento, industrialização e distribuição, setor a jusante. Atualmente, o valor das atividades ligadas à agricultura, realizadas fora da fazenda, são substancialmente maiores do que o total das operações nela realizadas. Como exemplo, Pinazza (1986) cita o caso dos Estados Unidos, segundo dados de 1975, cuja composição percentual do complexo agroindustrial5 já representava: 35% para insumos, 15% para agricultura e 50% para indústria e distribuição. Evidência clara desse fenômeno é que, em nível mundial, esse complexo engloba mais da metade dos ativos totais, emprega mais da metade da mão-de-obra e representa metade das despesas dos consumidores. Em 1989 o Produto Interno Bruto (PIB) agrícola dos EUA foi de U$161 bilhões e o PIB do complexo agrícola foi de U$1.600 bilhões, ou seja, são gerados cerca de dez dólares para cada dólar de produto agrícola (Jank et al., 1995). 4 DELFIM NETTO (1966) baseando-se numa análise de projeções de demanda de produtos alimentares e confrontando-as com o crescimento da respectiva oferta, conclui que: “não existem razões... para que a procura de alimentos aqui considerada tenha crescido mais rapidamente que sua oferta”. 5 Na capítulo seguinte apresenta-se uma discussão mais rigorosa dos conceitos e abordagens relativas as atividades relacionadas à agricultura. - 3- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Em decorrência deste fenômeno, o conceito tradicional da economia que classifica as diferentes atividades em setores “primário, secundário e terciário”, como setores estanques e não integrados deu lugar a uma análise que enfoca um sistema interligado de produção, processamento e comercialização dos produtos de origem agrícola O Complexo do Agronegócio. A contribuição acadêmica pioneira para quantificar essa abordagem conceitual surgiu em 1957, quando os economistas norte-americanos Ray Goldberg e John H. Davis criaram o termo Agribusiness. Os autores, fazendo uso das técnicas matriciais de insumo-produto, desenvolvidas por Wassily Leontief, estudaram as transformações e a reestruturação da agricultura. Analisando os problemas relacionados com o setor agrícola da economia afirmavam que esses eram muito mais complexos e não se restringiam a simples atividade rural. Daí a necessidade de se tratar os problemas agrícolas sob um enfoque sistêmico (Agribusiness) e não mais estático (agricultura). Davis e Goldberg (1957) e Goldberg (1968), analisando o agronegócio norte-americano entre 1910, 1947 e 1965, observaram que a soma das funções ligadas à agricultura, realizadas fora da fazenda, cresceram significativamente nesse período, e se tornaram consideravelmente maiores que o total das operações realizadas no âmbito da fazenda propriamente dita. Estimaram que, após a consolidação das grandes transformações no setor rural, na nova estrutura do agronegócio norte-americano, em 1965, da produção agropecuária comprada pelos consumidores, o campo produziu somente 11% e a cidade o restante, aproximadamente 89% (Tabela 1, Davis & Goldberg, 1957, citado por Lauschner, 1993). No que se refere aos investimentos é analisado o ativo total em comparação com a produção o que indicará a renda (ou valor adicionado) gerada por cada unidade de investimento nas diferentes etapas do agronegócio. Observa-se que a agricultura gerava renda de US$16 bilhões, em 1965, com o emprego de US$237,6 bilhões de investimentos ou ativo total, representando renda de 0,067 por cada unidade de investimento. Esse comportamento contrasta com os setores de insumos rurais e de processamento−distribuição do agronegócio. Note que o setor a montante empregou US$27 bilhões para produzir renda de US$32 bilhões, enquanto o setor a jusante empregava US$87 bilhões para uma renda de US$102 bilhões, em 1965. Isso significa que cada investimento gerava 1,185 e 1,172 de renda, respectivamente, mostrando que a produtividade do capital é significativamente maior no segmento a - 4- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 montante e a jusante do agronegócio, o que sem dúvida deveria ser considerado em conta para qualquer política rural. Sabe-se que o processo de expansão e especialização da agricultura não ocorreu de forma homogênea em todas as regiões do planeta, pois depende do estágio de desenvolvimento econômico e social de cada uma delas. Ou seja, a participação e a interação dos agentes agricultores, fornecedores de insumos e fatores de produção, processadores e distribuidores ocorreram em graduações diferentes nos vários níveis do sistema agroalimentar (Pinazza & Araújo, 1993). Tabela 1 Produção, Ativo total (Investimentos) e Emprego de Mão-de-Obra Ativa do Agronegócio dos Estados Unidos: 1910, 1947, 1964 e 1965 Agregados do Complexo Agroindustrial Valor (US$ bilhões) 1910 1947 1965 Produção Porcentagem 1910 1965 Evolução 1910 1965 Ativo total (US$ bilhões) 1947 1964 Emprego (US$ Milhões) 1947 1965 Produção/ Ativo Total 1947 1965 I. Produção e distribuição de insumos rurais (Montante) 1,0 12,8 32 11 21 1 32,0 8,0 27,0 5,0 6,6 1,600 1,185 II. Produção rural 4,8 16,5 16 54 11 1 3,3 132,0 237,0 10,0 6,1 0,125 0,067 III Armazenamento, Processamento, Dis tribuição (Jusante) 3,1 33,6 102 35 68 1 32,9 29,8 87,0 9,5 11,0 1,128 1,172 IV. Complexo Rural 8,9 62,9 150 100 100 1 16,9 169,8 351,6 24,5 24,0 0,370 0,427 Fonte: LAUSCHNER (1993) É indubitável que o crescimento do agronegócio mundial continuará se processando de forma desigual entre os diferentes níveis da cadeia vertical. Entretanto, projeções realizadas do agronegócio mundial até o ano 2028 mostram que as funções de processamento e distribuição representarão cerca de 81,6% de todo o faturamento do sistema, contra 62,4% e 50,0%, respectivamente, em 1980 e 1950. A agricultura terá sua participação reduzida de 32,4% em 1950 para 9,6% em 2028, enquanto os fornecedores de insumos e fatores de produção também terão sua participação reduzida no período de 17,6% para 8,8% (Goldberg, 1990). - 5- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 A agricultura brasileira incorporou esse processo de transformações ocorridas em nível mundial. A atividade agropecuária foi redirecionada, modernizando-se e integrando-se ao mercado. Essas transformações e reestruturações do setor rural iniciaram-se a partir dos anos 50, que, paralelamente ao crescimento extensivo da produção agrícola, passa por um processo de modernização de sua base técnica, com atuação efetiva do Estado. O processo de modernização da agricultura brasileira se inicia com a introdução de maquinários, de elementos químicos (fertilizantes, defensivos, etc.), novas ferramentas e culturas. É definida como uma mudança na base técnica da produção em que há a substituição da produção artesanal rural por uma agricultura moderna, intensiva e mecanizada.6 Segundo Kageyama (1990), esse processo implica tanto numa integração intra-setorial como na mercantilização da agricultura promovendo a substituição de componentes internos usados no setor rural por compras extra-setoriais (máquinas e insumos), oferecendo condições para o desenvolvimento de indústrias de bens de capital e insumos para a agricultura. Dados apresentados por Kageyama (1990) mostram que o crescimento do consumo intermediário7 como porcentagem do valor bruto da produção agropecuária passou de uma participação de cerca de 10%, em 1949, para 25% no final da década de 60 e atingindo aproximadamente 40% em 1980. A participação do consumo intermediário no valor da produção representa uma medida do processo de modernização, que indica a dependência da agricultura de compras industriais para a produção de suas mercadorias. Ressalte-se que a intensificação do crescimento da participação do consumo intermediário na agricultura ocorre a partir dos anos 60. No período pós-65, o processo de modernização entra numa fase mais avançada, a de industrialização da agricultura brasileira, “... que representa mudança qualitativa fundamental no longo 6 “Em certa medida, a modernização do campo é restringida pela capacidade de importar, enquanto depende da importação dos insumos de sua nova base técnica” (KAGEYAMA, 1990). 7 O consumo intermediário significa o valor de todos os insumos de bens e serviços que desaparecem no decorrer do processo de produção. Englobam as despesas com sementes, defensivos, fertilizantes, rações e medicamentos para animais, aluguel de máquinas, embalagens e outros itens que possam ser considerados matérias-primas ou insumos produtivos (RIBEIRO & GHEVENTER,1983). - 6- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 processo de transformação da sua base técnica, o que torna o processo de modernização irreversível”.(Ver Kageyama, 1990) Kageyama (1990) discorre sobre três transformações básicas que diferenciam a modernização agrícola do processo de industrialização. Primeiro, não se resume apenas à utilização de insumos modernos na produção agrícola. A industrialização do campo envolve um processo de mudança nas relações de trabalho, passando a ser essencialmente uma relação de trabalho coletivo (cooperativo) onde o trabalhador individual é substituído por trabalhadores assalariados voltados para uma determinada atividade. A segunda alteração qualitativa é quando se incorpora a mecanização de todo o processo produtivo. A terceira grande mudança qualitativa é a internalização do Departamento de Meios de Produção para a Agricultura (D1), ou seja, implantação e desenvolvimento dos setores produtores de bens de capital e insumos para a agricultura. Segundo a autora, a partir daí, a capacidade de modernização do setor passa a ser endógena. Deve-se lembrar que a modernização em seu início se processava através de importações, o que restringia grandemente a generalização deste processo. A análise da evolução do setor industrial produtor de bens de produção para a agricultura está razoavelmente tratada na literatura sobre modernização e produtividade do setor agrícola brasileiro. Com efeito, os estudos mostram uma importante expansão do setor nas últimas décadas, especialmente a partir da implantação da estratégia de modernização agrícola. Para uma análise mais pormenorizada da constituição do setor, ver entre outros, Baum (1977), Barros et al. (1980) e Contador & Ferreira (1984). A propósito do processo de consolidação do D1 (Departamento de Meios de Produção para a agricultura), vale ressaltar que esse setor industrial desenvolveu-se concomitantemente com o processo de substituição de importações de outras indústrias de base nacional. No entanto, seu grande momento ocorre somente após a metade dos anos 60 quando a produção nterna i se acelera. Os dados revelam que a produção nacional de fertilizantes inorgânicos atinge volume significativo em 1973 e a indústria de tratores e implementos agrícolas pesados, que iniciou suas atividades em 1960 apresentou taxas de crescimento expressivas, entre o período 1960-1986 (18% ao ano em média) (Barros & Manoel, 1992). Essas transformações foram dinamizadas, em grande parte, pelo Sistema Nacional de Crédito Rural, através de grandes disponibilidades de crédito subsidiado, conjugado com a implantação de novos blocos de - 7- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 substituição de importações de meios de produção para a agricultura através do II Plano Nacional de Desenvolvimento (1974/79)(Barros, 1983). Neste contexto, como conseqüência, a agricultura brasileira registra profundas transformações a partir de meados da década de 60 até os anos 80: “o setor cresce a taxas expressivas; o crescimento da produtividade da terra passa a explicar cerca de 61,4% do crescimento da produção; a produtividade do trabalho cresce em torno de 1,9% ao ano; altera-se o mix da produção com a evolução da cultura da soja, por exemplo; ocorre também uma expansão da fronteira agrícola em direção aos limites geográficos do Brasil Central e região Norte” (Alves, 1989). Vale lembrar que, embora estas transformações tenham sido intensas e dominantes, não ocorreram de forma uniforme entre regiões e produtos. Esse processo culmina na constituição dos complexos agroindustriais (Agronegócios) nos anos 70, que se dá a partir da integração intersetorial entre as indústrias que produzem para a agricultura, a agricultura (moderna) propriamente dita e as agroindústrias processadoras. A produção agrícola passa então a fazer parte de uma cadeia e a depender da dinâmica da indústria, ou seja, há uma crescente integração da agricultura à indústria onde o corte setorial agricultura/indústria perde importância. 8 Um papel-chave nesse padrão atual de desenvolvimento da agricultura é o desempenhado pelo Estado como elemento aglutinador, através das políticas governamentais específicas (fundos de financiamento para determinadas atividades agroindustriais, programas de apoio a certos produtos agrícolas, etc. (Kageyama, 1990). Silva (1993) explicita os impactos fundamentais esperados da formação dos Agronegócios sobre a estrutura produtiva do país. Para o autor, a concentração e centralização de capitais tende a crescer nos próximos anos, em função da esperada consolidação dos Agronegócios na década de 90. Cálculos disponíveis, com base em dados censitários de 1975, 1980 e 1985, mostram que menos de 10% dos estabelecimentos rurais brasileiros estariam engajados no novo sistema de produção. Essas informações 8 Ver Silva, 1993. - 8- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 mostram o caráter heterogêneo da chamada modernização da agricultura brasileira, tanto no que se refere ao tamanho dos produtores como a região de localização que atinge principalmente os médios e grandes produtores e as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Entretanto, para Silva a heterogeneidade da modernização agrícola não deve ser associada a idéia de atraso, uma vez que esses 10% de estabelecimentos rurais representavam um terço da produção agropecuária do país já em 1975, subindo para cerca de 50% em 1980 (Silva, 1993). Estudo da FAO (Guazirole, 1994) mostra que a agricultura familiar para 15 produtos importantes produz mais de 50% deles. Ratificando as estatísticas nacionais, pesquisas mais recentes de mercado realizadas pelas indústrias de insumos indicam a ocorrência de uma crescente concentração de produção e profissionalização dos empresários do campo. A especialização e a busca de economia de escala são os meios pelos quais os produtores rurais procuram acompanhar o movimento de modernização. Os desenvolvimentos tecnológicos esperados tanto no que diz respeito a colheita, carregamento e transporte irão contribuir para a redução dos custos de produção das “commodities” agrícolas. Pesquisas feitas pela Universidade de Brasília, citados por Wedekin (1994), mostram que o “custo de produção de soja nos cerrados chega a diminuir 40-45% quando a área de cultivo passa de 50 para 1 mil hectares. Para obter melhores resultados na comercialização da safra, os representantes do segmento mais dinâmico do setor agrícola brasileiro pressionam as indústrias de insumos e bens de capital por novos e melhores produtos; aderem a novos processos de produção e aprimoram o sistema de informações”. Outra importante tendência em relação à estrutura produtiva diz respeito à crescente integração com o setor de serviços e com os fornecedores de insumos gerando os “Agronegócios completos”, os quais apresentam ligações específicas com a agroindústria tanto “à frente” (agroindústria processadora) como “para trás”(indústria fornecedora de insumos e equipamentos) (Silva, 1993). Barros (1985) num estudo sobre agroindústria e comercialização estima o grau de integração da agricultura brasileira aos segmentos do Complexo Agroindustrial. O procedimento adotado foi o de empregar os parâmetros utilizados pela Fundação Getúlio Vargas na elaboração das Contas Nacionais. Cada segmento do setor produtor de insumos foi avaliado em termos da proporção do valor da produção agropecuária que absorve. Quanto aos segmentos referentes à comercialização e industrialização, sua - 9- O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 importância foi avaliada em termos da proporção que o produto agrícola a ele referente representa no produto de cada segmento. Os resultados mostram que 90,9% do valor da produção agropecuária se destina à comercialização. Já o setor distribuição conta com 52% do valor de sua produção provenientes da agricultura. No segmento agroindustrial, a produção agropecuária varia, sendo que a indústria têxtil e a de alimentos são as que apresentam as maiores relações insumo-produto (56% e 46,2% respectivamente). Dados apresentados por Jank (1990) mostram como a recente “performance” das exportações agrícolas brasileiras reflete, na verdade, as profundas alterações ocorridas na agricultura brasileira nas últimas décadas. Os produtos agrícolas tradicionais (açúcar, café, cacau e algodão) que representavam 70% das exportações totais da agroindústria no início da década de 70 passaram para menos de 30% nos anos 90, e os novos complexos agroindustriais ganharam maior espaço no cenário mundial, particularmente os produtos com maior agregação de valor. Por sua vez, Pfeifer Filho (1990) aponta a agroindústria como um segmento de dupla importância, conquistando mercados externos e garantindo o abastecimento interno. Em síntese, as considerações anteriores deixam patente que a integração da agricultura à indústria implica uma verdadeira reestruturação do setor rural, estabelecendo profundas relações tecnológicas, produtivas, financeiras e de negócios com as demais atividades da economia. Amplia-se a visão sistêmica no fluxo produção−consumo e as cadeias agroalimentares ganham espaços junto ao mercado interno e ao mercado mundial de alimentos. No Brasil, são escassos os levantamentos sobre o Complexo Agroindustrial, e as pesquisas disponíveis comumente apresentam problemas em relação a abrangência e a periodicidade. Nos aspectos ligados a questão alimentar ainda prevalece o enfoque funcional assim como na literatura econômica predomina a análise da agricultura propriamente dita. Por sua vez, a Fundação IBGE, que é a instituição responsável pelo cálculo das Contas Nacionais do Brasil, adota metodologia em que apresenta separadamente os três setores econômicos agricultura, indústria e serviços intersetorial. - 10 - dificultando a análise O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 1.2 Objetivos Partindo da percepção dessa nova dinâmica de inserção da agricultura à indústria, que se caracteriza por um fenômeno de alcance mundial e irreversível, a perspectiva deste trabalho é estudar a evolução do Agronegócio Brasileiro no contexto dessas transformações, em seus múltiplos aspectos. A compreensão da articulação agricultura/indústria permite aprofundar a teoria sobre o mesmo, explicitando alguns aspectos estruturais que orientem a reflexão. Do mesmo modo, é indiscutível sua validade para efeito de subsídios ao planejamento das políticas setoriais como também ao gerenciamento do Agronegócio. Desta forma, objetiva-se: Ø Delinear uma metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) para o Agronegócio Brasileiro; Ø Decompor as estimativas por segmentos, isto é: a) indústria de insumos para a agropecuária; b) agropecuária; c) indústria de base agrícola; e d) distribuição; Ø As estimativas obtidas para o setor agropecuário como um todo serão também estimadas para os dois componentes do setor agropecuário, isto é, lavoura e pecuária. No capítulo seguinte é feita uma revisão de trabalhos que abordam a agricultura sob uma perspectiva sistêmica tanto no que se refere a descrever as transformações agrícolas nas últimas décadas como no de conceituar as diferentes noções usualmente empregadas. No terceiro capítulo encontram-se as informações básicas dos dados utilizados bem como dos procedimentos metodológicos adotados. A análise dos índices de ligações interindustriais visando a determinação de setores-chave tem o intuito de propiciar uma visão mais compreensiva da economia a nível nacional e em especial do desempenho e potencial dos setores agrícola e agroindustriais. As abordagens de identificação de setores-chave tem importância, uma vez que permitem desenvolver um procedimento analítico de delimitação dos componentes do Agronegócio. Complementando, apresenta-se o procedimento - 11 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 adotado para o cálculo do PIB do Agronegócio brasileiro. No capítulo 4 encontram-se os resultados obtidos. Enquanto que os comentários finais são realizados no último capítulo. - 12 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CAPÍTULO 2 FORMULAÇÕES GERAIS SOBRE O AGRONEGÓCIO O Agronegócio pode ser definido formalmente como um conjunto formado pela sucessão de atividades vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e florestais (Müller, 1989). Entre os grupos econômicos atrelados ao setor agrícola, podemos visualizar um conjunto de atividades econômicas envolvendo empresas que oferecem produtos e serviços para a agricultura, denominado de indústria para a agricultura, compondo a cadeia retrospectiva da agropecuária, setor a montante, ou seja, as empresas que se incumbem da produção de bens de capital e de insumos industriais para o setor rural. Também, há aqueles grupos que adquirem da agricultura suas matérias-primas, denominados de agroindústria e constituindo a cadeia prospectiva da agropecuária, setor a jusante. Como argumenta Santana (1994) estes grupos, muitas vezes influenciados pela política econômica, imprimem à agricultura uma dinâmica industrial auxiliando na superação da forma tradicional de produzir no campo. Assim, a agricultura pode estar vinculada a setores industriais e até mesmo comerciais, dependendo não somente do crescimento da agroindústria, do mercado interno e de exportação, como também da indústria produtora de insumos e máquinas e das instituições de ensino e pesquisa. Esse conjunto de atividades, agrícolas e industriais, são interdependentes, mas heterogêneos quanto ao grau de importância na evolução do Agronegócio. Esta definição foi batizada pelo termo “Agribusiness” por Davis & Goldberg (1957), que o descreveram como sendo a “soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção na fazenda; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos à partir deles”. O conceito enfatiza a mudança nas interrelações entre o setor agrícola e o restante da economia. - 13 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Este conceito procura abarcar todos os vínculos intersetoriais existentes no setor agrícola deslocando o centro de análise de dentro para fora da fazenda, substituindo a análise parcial usualmente utilizada em estudos sobre economia agrária pela análise sistêmica da agricultura. Cabe ressaltar que a aferição das interrelações agricultura —indústria-serviços só aconteceu quando do desenvolvimento das técnicas de insumo-produto, através da matriz de relações intersetoriais especificada por LEONTIEF (1946). No Brasil, a abordagem sistêmica de Davis e Goldeberg foi utilizada explicitamente por ARAÚJO et al. (1990), que realizaram um levantamento das dimensões básicas do Agribusiness Brasileiro, no seu todo e na decomposição dos seus agregados principais. As estimativas consolidadas pelos autores foram baseadas a partir de um conjunto de informações constantes dos censos econômicos, relatórios de produção e faturamento de setores industriais, dentre outros. Pelos dados de 1980, têm-se os seguintes valores expressos em bilhões de dólares, decompostos nos grandes elos da cadeia: o valor dos insumos e dos bens de produção para a agricultura foi de 8,5 bilhões de dólares ou 11,4%; o valor dos bens produzidos pela agricultura atingiu 29,3 bilhões de dólares, assim distribuídos: produção vegetal − 17,8 bilhões, produção animal − 11,5 bilhões, com uma participação de 27,8% no valor adicionado; o setor de processamento alcançou 52,1 bilhões de dólares, com uma participação de 30,5% no valor adicionado; e o setor de distribuição registrou um valor de produção de 74,7 bilhões de dólares, com uma participação de 30,3% no valor adicionado. Desta forma, os negócios do Agribusiness Brasileiro representaram 46% dos gastos relativos ao consumo total das famílias, correspondendo a uma magnitude equivalente a 32% do PIB brasileiro. É importante destacar que os autores ao estudarem a evolução do Complexo Agroindustrial Brasileiro com relação a repartição de seu valor adicionado, verificaram uma mudança acentuada no período compreendido entre 1970 e 1980 (Tabela 2). - 14 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 2 Distribuição do Valor Adicionado entre os Agregados no Agronegócio Brasileiro entre 1970 e 1980 Anos Agregado I - Produção insumos agrícolas II - Produção dos agricultores III – Armazenagem, processamento, distribuição final, etc. 1970 12% 38% 50% 1980 11,4% 27,8% 60,8% Fonte: ARAÚJO et al. (1990) Malassis (1968), oriundo da Escola Francesa de Organização Industrial, também se empenhou em estudar o sistema agroindustrial, levando a cabo diversos trabalhos teóricos e empíricos dirigidos ao desenvolvimento do corpo conceitual e metodológico desse novo ramo da economia. Para esse autor há uma perspectiva histórica na análise do “Agribusiness”, em que o Agronegócio se constitui numa etapa do desenvolvimento capitalista onde a agricultura se industrializa. Louis Malassis adota, ainda, uma ótica nova para analisar a inserção da agricultura no desenvolvimento econômico global. No primeiro momento, o autor examina a industrialização da agricultura e seus reflexos. No segundo momento, adota o conceito de complexo agrícola integrado, com o propósito de descrever e analisar os resultados dos processos de integração em nível macroeconômico. Assim, introduz a análise dos fluxos e encadeamentos por produto dentro de cada um desses subsetores, utilizando a abordagem de cadeia ou “filière” agroalimentar. Define cadeia agroindustrial como a seqüência de ações físicas e o conjunto de agentes e operações envolvidos na obtenção de um produto agroalimentar ou agroindustrial (Malassis, 1968). Atreladas às cadeias agro-industriais estão as atividades correlatas como a pesquisa voltada à produção, os - 15 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 serviços financeiros, os serviços de transporte e de informação, como também os mecanismos de regulação (estrutura de funcionamento dos mercados, a intervenção do Estado, etc.). Outro ponto fundamental, exposto tanto por Davis & Goldberg como por Malassis é que com o desenvolvimento da agroindústria, a produção agrícola se organiza cada vez mais em grupos complexos e combinações agroalimentares. Se o grupo de “Agribusiness” se ocupou em estudar esta articulação em termos de eficiência econômica na integração vertical (em nível de agricultura, de empresas e grupos de empresas de transformação e de comercialização), a economia agroalimentar na interpretação francesa, e fundamentalmente de Malassis, se preocupou em demonstrar as relações de dominação da agricultura pela agroindústria e as transformações históricas da economia agroalimentar.9 É interessante a esse respeito a colocação de Silva (1991), de que a terminologia utilizada pelo grupo francês, embora seja marxista, incorpora basicamente a mesma linha dos pesquisadores norte-americanos, já citados, que conceituaram “Agribusiness”, ou seja, os seus desdobramentos são sistêmicos, enfocando as relações de interdependência entre a agricultura e a indústria, exprimindo uma complementaridade entre as empresas capitalistas e os produtores rurais em relação a um produto dado.10 Müller (1989) define o Agronegócio como “as relações entre indústria e agricultura na fase em que a agricultura apresenta intensas conexões para trás, com a indústria para a agricultura, e para frente, com as agroindústrias. O Agronegócio é uma forma de unificação das relações interdepartamentais com os ciclos econômicos e as esferas de produção, distribuição e consumo, relações estas associadas às atividades agrárias”. O autor introduz na análise uma série de informações técnicas e econômicas, que apontam a intensificação da relação entre agricultura e indústria, com a crescente oligopolização dos setores industriais a montante e a jusante. 9 MALASSIS & PADILLA (1986) propõem uma classificação geral da economia da produção e consumo de alimentos, identificando quatro estágios: 1. Economia agroalimentar pre-agrícola; 2. Economia alimentar agrícola e doméstica; 3. Economia alimentar agrícola comercializada e diversificada; e, 4. Economia alimentar agro-industrial internacionalizada. 10 Esta revisão bibliográfica baseou-se, em grande parte, no extenso estudo sobre complexos agroindustriais desenvolvido por SILVA (1991). - 16 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 É importante notar que, na definição de Müller, a modernização da agricultura é o resultado da interação entre industrialização do campo, agroindustrialização das atividades agrárias e mudanças sociais e políticas entre os grupos sociais.11 Ou seja, a constituição do Agronegócio é produto da modernização e a sua manutenção e expansão constituem-se no principal vetor da modernização. Cabe salientar que o autor enfatiza que a agricultura brasileira não pode ser vista como uma produção industrial “stricto sensu”, mas sim como um movimento de industrialização. No Brasil não ocorreu o que se verificou em países centrais do capitalismo: a universalização da industrialização das atividades agrárias. Ou seja, houve a modernização de uma parcela da agricultura tradicional, com a manutenção de uma grande faixa atrasada (Tabela 3). A magnitude do setor agrícola dinâmico revela que a industrialização do campo foi parcial segundo regiões, produtos e tipos de produtores. Ademais, enfatiza a enorme participação do Estado no processo de incorporação das atividades agrárias à lógica da forma industrial de produzir e distribuir. Neste texto, Müller dá ênfase aos aspectos das mudanças e alterações de cunho sócio-político nas interrelações do Agribusiness. Para esse autor, a modernização da agricultura deve ser encarada como um processo geral que acelera e prepara a base do seu desenvolvimento capitalista, passando a predominar na atividade agrária a racionalidade empresarial. Esta postura difere grandemente da interpretação de Guimarães (1979), que considera a conexão agricultura/indústria e a conseqüente mudança da base técnica da produção agrícola, resultado de um desvirtuamento e numa apropriação indevida da indústria do lucro e da renda da terra dos agricultores. 11 Industrialização do campo é definida como uma forte interdependência entre a agricultura e indústria para a agricultura; agroindustrialização é o processo em que ocorre forte interdependência entre agricultura e a indústria beneficiadora e processadora; e mudanças sociais referem-se às alterações nas relações de trabalho, basicamente. - 17 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 3 Tipologia da Agricultura Brasileira. Tipo 1 (*) Grande empresa Tipo 2 e (*) Latifúndio (*) Pequena empresa (*) Minifúndio média Grande 1.000 ha + Médio 50-1000 ha Pequeno 10-50 ha Micro Até 10 ha Agricultura (%) Atrasada Dinâmica 76,0 24,0 67,0 33,0 78,0 63,0 83,0 68,0 91,0 77,0 22,0 37,0 17,0 32,0 9,0 23,0 % do total Est. Área VP 0,6 39,6 12, 0,9 45,0 6 16,1 15,4 45,0 39,6 16,9 42,2 44,0 32,3 12,3 29,9 31,5 10,1 16,7 50,6 3,1 17,9 40,8 2,5 12,4 Fonte: MÜLLER (1989). Obs.: Vide especificações no texto. Agricultura dinâmica: o índice expressa a percentagem de tomaram empréstimos bancários para investimento e/ou custeio de estabelecimentos que declararam haver feito despesas insumos, juros); a agricultura atrasada é complementar à dinâmica. Est.: percentual de estabelecimentos em relação ao total recenseados. Área: área total ocupada pelos estabelecimentos recenseados. VP: valor da produção total. Ano 1970 1980 1970 1980 1970 1980 1970 1980 estabelecimentos que em relação ao total (com mão-de-obra, dos estabelecimentos Como salientado por Leite (1990), está presente em toda a análise de Müller o papel fundamental da indústria para a agricultura como elemento dinâmico do Agronegócio. “A forma de difusão do progresso técnico na agricultura passa a depender não somente da diferença de preços relativos dos insumos dos mercados de fatores, como principalmente das inovações tecnológicas, introduzidas pelo setor a montante. É sobretudo este segmento que dá o caráter nacional às mudanças na agricultura, por se tratar de unidades de capital oligopolizadas cuja estratégia de acumulação tem o mercado nacional como horizonte”. - 18 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Fazemos aqui referência ao trabalho de Delgado (1985), que analisa o desenvolvimento agropecuário brasileiro, fazendo um corte histórico de 1960 a 1980, utilizando a abordagem de macrocomplexo, em dois blocos analíticos, que enfatizam, num primeiro momento, os aspectos históricos desse processo recente e, no segundo momento, uma abordagem teórica, centrada na experiência brasileira, do desenvolvimento do capital financeiro na agricultura. O autor descreve um minucioso estudo sobre a evolução do setor rural, destacando os elementos de mudança significativa na estrutura econômica, as transformações que ocorreram na sociedade como um todo, enfocando o processo de urbanização, o comércio exterior agrícola, mudanças na base técnica de produção rural e a consolidação concomitante do sistema nacional de crédito rural, que leva a cabo o projeto de modernização agrícola. Delgado corrobora o estudo de Müller (1989) no que se refere ao papel desempenhado pelo setor a montante no movimento de industrialização agrícola, identificando-o como o cerne da mudança na base técnica da produção rural que modifica efetivamente o processo produtivo. É deste ramo industrial que emanam as inovações que estão incorporadas aos novos meios de produção adotados. A ele se integra todo o aparato de pesquisa e extensão rural, formando o Departamento de Meios de Produção para a agricultura (D1), que dirige tecnologicamente a modernização agrícola. Embora o ramo industrial a jusante (indústria processadora de alimentos e matérias-primas) também induza a mudanças nas técnicas de produção agrícola, no que se refere a tipos de produto, exigências sanitárias, qualidade e homogeneidade da matéria-prima, regularidade de sua entrega, impondo um perfil tecnológico à produção que deve ser seguido pelos agricultores, por si só, essas exigências não são suficientes para induzir em geral o movimento de alteração da base técnica de produção. Da análise realizada por Delgado, queremos destacar o fato desta fundamentar-se na integração de capitais e não na integração técnico-produtiva. Concebe a integração técnica como um momento do processo mais geral de integração de capitais ou de fusão de capitais múltiplos em conglomerados, operantes também no setor rural. Segundo o autor, “... o processo de integração de capitais na agricultura brasileira revela a presença de uma nova estratégia do grande capital na agricultura e é o que distingue a constituição do Agronegócio e não a integração das atividades agrárias numa cadeia produtiva. A agricultura passa a se constituir num ramo da indústria onde ocorre grandes aplicações de capitais. Esse capital financeiro organiza - 19 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 a aplicação dos excedentes financeiros da sociedade, tendo como primordial objetivo uma taxa média de lucro do conjunto de atividades e mercados onde opera. Entre as formas citadas pelo estudo de como se dá o processo de integração de capitais tem-se: as grandes sociedades anônimas e grupos econômicos, organizados sob a forma de “holdings”, “empresas de participação e administração”, “bancos de investimento”, “multicooperativas” e grandes atacadistas. Outra linha de integração é a disseminação dos chamados contratos formais ou acordos informais de quase-integração entre a grande agroindústria e os pequenos e médios produtores rurais”. Para Delgado (1985), o Agronegócio brasileiro está atrelado ao Estado, que desempenha funções patrocinadora, financiadora ou reguladora. “Essa dominação crescente da regulação estatal, através de seus aparatos de política agrícola, possibilita a captura de margens diferenciais de lucro e ganhos extraordinários por parte dos capitais que se integram, ou mais profundamente organizam-se como conglomerados na agricultura”. É importante perceber que, para o autor, o eixo de articulação fundamental do Estado é a regulação financeira, administrando os financiamentos, redirecionando os capitais para os diversos ramos através de mecanismos monetários-financeiros, de penalizações e incentivos fiscais. O trabalho de Fonseca (1987), citado por Leite (1990), detalha um pouco mais os aspectos ligados as inovações tecnológicas na agricultura, colocando o setor rural como o segmento demandante de inovações de fornecedores especializados e “science based”, e identificando como a fonte de geração de nova tecnologia o setor produtor de bens de produção para a agricultura (máquinas e implementos) e o setor químico, concluindo que estes ramos determinam uma trajetória que reflete decisivamente nos demais setores formadores do Agronegócio. Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), coordenado por Ramalho (1988), teve por objetivo analisar a lógica de crescimento do setor agropecuário e identificar os núcleos pressionadores de seu dinamismo, onde a abordagem escolhida foi a do Agronegócio. O trabalho constata a importância do progresso tecnológico no desenvolvimento do Agronegócio e na definição adotada através da qual os autores consideram o setor fornecedor para a agropecuária formado basicamente pelas indústrias produtoras de bens de capital e a indústria química, que desempenham o papel de núcleo gerador do progresso técnico do Agronegócio, modernizando-o e proporcionando um aumento de - 20 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 produtividade. O setor agropecuário é visto como sendo o segmento dominado tecnologicamente pelos fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos que promovem as inovações. Por sua vez, a viabilização da introdução do progresso técnico fica a cargo da agroindústria e da indústria de alimentos através da pressão que exercem sobre os produtores, estabelecendo suas compras com base na escala produtiva, nas especificações e nos custos da matéria-prima, promovendo uma adequação da forma de organização da produção deste setor aos requisitos que viabilizam a introdução do padrão tecnológico. Lauschner (1993) valendo-se dos conceitos desenvolvidos por Davis & Goldberg (1957) e denominando-os de complexo rural, procura analisar o que significa no contexto da agricultura o complexo rural, a agroindústria e o futuro da estrutura fundiária das explorações rurais. A questão central do trabalho é analisar se a grande empresa pode ser benéfica para o pequeno produtor se ela for agroindústria, procurando através da análise de insumo-produto verificar a importância da agroindústria como agente de geração de renda e emprego. Embora Lauschner considere conveniente, para a análise da problemática rural, a visão sistêmica de complexo rural (ou “Agribusiness”) centraliza sua análise no segmento de transformação e processamento agropecuário, reconhecendo que essa abordagem não dá conta de entender a dinâmica do setor. Argumenta que “as decisões do complexo rural situam-se cada vez mais ao nível dos que transformam os produtos rurais, ou seja, ao nível dos gestores das agroindústrias, decorrendo que o setor motriz do complexo é dado pela agroindústria, que transforma a agricultura cada vez mais em uma economia de uso de capital intensivo”. E conclui que “a agroindústria é o agente econômico que pode oferecer o melhor apoio aos produtores, como forma de agregar valor, ampliar a renda e o emprego rural, dinamizar as pequenas cidades, fortalecer a economia frente ao exterior e como instituição de apoio direto das explorações rurais”. O autor ainda conclui que “... a agroindústria cooperativa é o modelo ideal de organização e de autopromoção do pequeno produtor rural”. É preciso destacar que quando se estuda a agroindústria dentro de uma visão sistêmica, um dos problemas metodológicos que surgem é referente a sua delimitação. Amaro et al.(1987) baseando-se em conceituações de alguns organismos internacionais, entre eles a FAO (Food of Agriculture Organization), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e ONUDI (Organizações das Nações Unidas para o - 21 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Desenvolvimento Industrial) sobre a agroindústria apresenta a seguinte definição: “no Complexo Agroindustrial a agroindústria é a unidade produtora integrante dos segmentos funcionalmente localizados nos níveis de suprimentos à produção (indústria a montante), transformação e acondicionamento, e que transforma o produto agrícola, em primeira ou segunda transformação, para a sua utilização intermediária ou final”. A FUNDAÇÃO SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados (1990), em seu trabalho sobre a agroindústria paulista, que teve como principais objetivos, analisar as causas do desenvolvimento recente da agroindústria no Estado de São Paulo, sua localização e concentração, considera a agroindústria como o setor que realiza o beneficiamento dos produtos agrícolas em sua primeira fase, não computando os produtos agrícolas em sua fase final. Por sua vez, Lauschner (1993), mediante critérios específicos, diferencia as agroindústrias em sentido amplo e restrito. O conceito de agroindústria em sentido amplo “refere-se a unidade produtiva que transforma o produto agropecuário natural ou manufaturado para utilização intermediária ou final”. Considera a agroindústria em sentido restrito como sendo “a unidade produtiva que, por um lado, transforma, para a utilização intermediária ou final, o produto agropecuário ou seus subprodutos não manufaturados; e que, por outro lado, adquire diretamente do produtor rural o mínimo de 25% do valor total dos insumos utilizados”. Assim, a agroindústria em sentido restrito engloba o setor de transformação dos produtos rurais mais próximo à produção rural, não no que tange ao espaço geográfico mas em relação ao grau de participação dos insumos no processo produtivo. Na definição restrita o autor exclui as indústrias que utilizam como matéria-prima o produto agropecuário já transformado, não considerando, por exemplo, a indústria têxtil, a indústria de calçados, indústrias de massa e biscoito, por serem segmentos industriais que utilizam como matéria-prima um produto rural já industrializado e a parcela de insumos que adquirem diretamente do setor produtivo rural é insignificante quando não nula. No entanto, tanto a distinção entre processar e beneficiar quanto a separação feita por Lauschner entre agroindústria ampla e restrita levam a uma restrição conceitual grande, uma vez que só consideram a agricultura industrializada (Müller, 1989). - 22 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Müller (1989) reconhece que a distinção entre transformar e beneficiar é fundamental no estudo de cadeias agroalimentares mas questiona esta segmentação no âmbito da agroindústria, julgando tão relevante a mudança radical na forma do valor de uso quanto seu beneficiamento e conservação. Ressalta que o mais importante é o porte e a concentração tecnoeconômica dos capitais investidos nos ramos agroindustriais como também a distinção entre as formas de produzir. O autor reconhece que ao se estipular 25% do valor total dos insumos utilizados na transformação objetiva-se operacionalizar o conceito e delimitá-lo. Mas argumenta que este índice além de ficar na dependência dos preços relativos, uma magnitude diminuta do mesmo pode estar dizendo pouco sobre seu impacto na agricultura. Como exemplo, cita os casos das indústrias de papel e papelão e borracha. Conclui ser um corte que deverá ser feito “ad-hoc”, para fins específicos, dependendo do que se quer enfatizar (agricultura, indústria) e do nível de agregação. Um outro ponto citado por Müller que adquire relevância para a agricultura brasileira é que os setores industriais fornecedores para a agricultura abastecem com suas produções tanto os segmentos agrícolas que produzem matérias-primas, como soja, trigo, como os segmentos produtores de bens “in natura”, como o arroz, feijão, hortifrutigranjeiros, que representam um mercado altamente significativo. Desta forma conclui que, na análise do Agronegócio, a conceituação de agroindústria no sentido restrito deve ser vista com cautela, uma vez que há fluxos associados à industrialização do campo que não passam pela transformação. Por sua vez, Delgado (1985) define o grupo de indústrias a jusante, componente do Complexo Agroindustrial, usando os critérios de origem agropecuária das matérias-primas utilizadas e estabelecendo o limite inferior de 50% de sua participação no valor da produção industrial. Além disso, faz uma classificação de ramos industriais neste segmento composto de: produtos alimentares; química; fumo; madeiras; mobiliário; couros e peles; bebidas; têxtil; papel e papelão. Essa ambigüidade que o conceito Agronegócio apresenta ainda não está definitivamente equacionada, havendo bastante controvérsia, e provocando dificuldades metodológicas e operacionais. Contudo, não se pode esquecer das limitações provenientes da forma como as estatísticas nacionais são computadas. - 23 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 No caso de Ramalho (1988), as indústrias compradoras de matérias-primas agropecuárias foram tratadas em duas categorias a agroindústria e a indústria de alimentos. O argumento do autor é o de que a distinção entre esses dois ramos deve-se a lógicas concorrenciais distintas (diferenciação do produto, economia de escala) que poderão influenciar de forma diferenciada o setor agropecuário. Para Ramalho (1988) “a agroindústria é caracterizada como sendo o primeiro processamento da matéria-prima oriunda do setor agropecuário. Seus produtos são homogêneos tendo como mercado a exportação e outras indústrias. Os principais ramos formadores da agroindústria são: açúcar e álcool, moinho de trigo, óleos vegetais e suco de laranja. As lógicas concorrenciais adotadas são semelhantes, independente do segmento de atuação, o que permite tratá-los de uma forma agregada. A maior parte desses produtos são “commodities” tendo seus preços definidos no mercado internacional. A influência que exerce sobre o setor agropecuário é no sentido de obter grandes lotes de produção e a custos compatíveis com o processamento agroindustrial. Grande parte das empresas agroindustriais atua também na indústria de alimentos, verticalizando-se, já que seu porte financeiro e a dimensão do mercado conferem capacidade competitiva para atuação conjunta nos dois ramos de atividade, o que faz com que no Brasil a separação entre agroindústria e a indústria de alimentos não seja tão nítida. A indústria de alimentos tanto pode executar o processamento da matéria-prima adquirida do produtor rural como o da obtida da agroindústria. O que a diferencia da agroindústria é o fato de estabelecer uma relação com o consumidor final, conferindo-lhe estratégias de comercialização mais elaboradas. Da mesma forma que na agroindústria, a estrutura da indústria de alimentos pode ser melhor visualizada se segmentada. Também, para esse setor as estratégias concorrenciais são muito semelhantes em todos os subsetores”. Neste trabalho, a estrutura das indústrias de alimentos foi dividida em: massas, café solúvel, torrefações, laticínios, conservas, frigoríficos e diversos. Especificamente, em relação a afirmação do autor de lógicas concorrenciais semelhantes, cabe lembrar sempre que há uma “falsa” homogeneidade do processo de produção de “commodities” pois na verdade são ramos distintos, como por exemplo, pecuária, soja e outros, com formas de concorrências particulares e processos de formações de preços peculiares a cada mercado. “No Brasil, a produção de vários segmentos da indústria de alimentos é descentralizada, com participações de pequenas e médias unidades localizadas nas proximidades das zonas de produção agrícola. - 24 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 No entanto, o capital, a propriedade ou o controle do mesmo é concentrado. A diferenciação de produtos tem sido a principal forma de expansão da indústria alimentar, que muitas vezes se restringe a alterações de embalagens, não ocorrendo modificações na composição. A procura de novos campos de valorização do capital, depois de esgotados os produtos tradicionais de cada empresa, leva-a a investir pesadamente em novos campos, desenvolvendo novos produtos. Esse perfil de administração tem reflexos na estrutura de consumo alimentar da população, modificando-a e incorporando novos hábitos alimentares. A produção agropecuária não fica imune a esse processo, tendo de se adequar ao novo tipo de demanda criada pela indústria de processamento alimentar” (Ramalho, 1988). O fundamental a ressaltar é que, independentemente da conceituação adotada para agroindústria, há um consenso entre os analistas econômicos de que o desenvolvimento agroindustrial é o caminho mais eficiente de um país adicionar valor sobre o produto agrícola produzido (Goldberg, 1957; Lauschner, 1993). O desenvolvimento do Agronegócio propicia novos mercados que possibilitam, além da ampliação da exportação, gerar rendas e impostos para o país. Sorj (1980), utilizando também uma perspectiva intersetorial, realiza um trabalho com o objetivo de caracterizar as transformações ao nível da estrutura de classes e do papel desempenhado pelo Estado. O trabalho focaliza o ciclo histórico de expansão agroindustrial brasileiro, e apresenta uma série de dados que corrobora a intensidade das relações entre agricultura/indústria, sobrepujando os interesses industriais, apoiados pelas políticas de Estado. Analisa, também, a estrutura do Complexo Agroindustrial e as diferentes formas de inserção da produção agrícola, englobando no exame desde o setor D1 (indústria de insumos para a agricultura) até o setor de supermercados. O autor apresenta a seguinte conceituação para o Agronegócio: “conjunto formado pelos setores produtores de insumos e maquinarias agrícolas, de transformação industrial dos produtos agropecuários e de distribuição, e de comercialização e financiamento nas diversas fases do circuito agroindustrial”. Para Sorj “... a integração da agricultura com a indústria remonta às origens da colonização do Brasil, onde a produção agrícola de exportação já era processada internamente. Entretanto, a agroindústria fornecedora de insumos e bens de capital para o setor agrícola assim como o segmento de processamento de alimentos em grande escala para o mercado interno podem ser visualizados como um acontecimento - 25 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 contemporâneo. Atuaram, concomitantemente, os níveis crescentes de acumulação de capital, a expansão do mercado urbano e o próprio crescimento da agricultura, para a utilização crescente de tecnologia avançada”. O surgimento do Complexo Agroindustrial só foi possibilitado, na opinião do autor, pelo desenvolvimento agrícola anterior e se transformou no maior acelerador das transformações na agricultura. As características presentes no Agronegócio são: alto grau de concentração do capital, concorrência oligopólica, presença de recursos estrangeiros e nacionais. Farina (1988) formula o conceito de Sistema Agroindustrial de alimentos objetivando uma abordagem sistêmica, mas privilegiando o setor alimentar, ancorado nos estudos de organização industrial. Para tal, denomina Sistema Agroindustrial de Alimentos (SAA), “a cadeia que se inicia na produção agrícola de culturas alimentares, passa pelo processo de transformação industrial e através da rede de distribuição chega ao consumidor final. O perfil e complexidade de tal sistema estão diretamente associados ao grau de desenvolvimento econômico do país e o elo industrial será tão mais importante quanto mais avançado o processo de industrialização e urbanização”. No que tange a contribuição do sistema alimentar para a formação do Produto Interno Bruto Brasileiro, a autora calcula, através dos dados dos Censos Comercial, Agrícola e Industrial, a sua participação em 1980, chegando aos seguintes resultados: o sistema agroindustrial de alimentos responde por 17% do PIB, com a agricultura, a atividade industrial e a distribuição, contribuindo com 72%, 20% e 8%, respectivamente, no valor de produção (Tabela 4). Em que pese as diferenças metodológicas dos diferentes trabalhos e que levam a resultados diferentes, deve-se observar que Farina trabalha com Valor de Produção para a agricultura e Valor de Transformação Industrial para a indústria alimentar. Cabe ressaltar que a forma de cálculo utilizada leva a uma superestimativa da importância do setor agrícola, na medida em que não desconta o valor dos insumos industriais, o que é salientado pela própria autora. No que se refere ao ramo industrial não inclui as indústrias ofertantes de insumos e de bens de capital para a agricultura, além de focalizar somente as indústrias alimentares. - 26 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 4 Contribuição do Sistema Alimentar para o PIB do Brasil - 1980 No DE ESTABELECIMENTOS 1. Agricultura (V.P.) 2 . Ind. Alimentar (V.T.I.) Alimentos Rações TOTAL (2) 3 . Distribuição (V.A.) Atacado Varejo TOTAL (3) TOTAL (1 + 2 + 3) % PIB 48.876 490 49.366 VALOR ADICIONADO (Cz$ mil) PARTICIPAÇÃO NO SISTEMA ALIMENTAR 1.430.181.770 72% 372.940.358 21.818.733 394.759.091 19% 1% 20% 34.249.962 125.302.537 159.552.499 1.984.493.360 17% 2% 6% 8% 100% Fonte: FARINA (1988) PIB-80 = 11..929.648.800 (Cr$ mil) Embora a análise trate o Sistema Agroindustrial de Alimentos como um todo, a premissa básica é de que “o segmento industrial que define sua dinâmica, onde a indústria de transformação é um segmento chave nesse sistema, respondendo pela composição do “design” dos produtos, principalmente os menos tradicionais, que cada vez mais são incorporados na cesta alimentar da população. Salienta, também, o fato da indústria transportar, estocar e tornar menos perecíveis os alimentos. Particularmente, admite-se que o comando de direção é articulado pelas grandes empresas nacionais e estrangeiras responsáveis por novas técnicas que permitem uma sincronização dos fluxos de produção no mercado, diferenciando-a das outras indústrias de bens de consumo pelo fato de utilizarem insumos agrícolas. A autora adota a teoria do crescimento da firma onde as unidades básicas de análise são as firmas e as estruturas. Dada as peculiaridades do crescimento da indústria de alimentos (crescimento da renda e do emprego), as inovações concentram-se na diversificação dos produtos alimentares finais, numa clara utilização de estratégias de - 27 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 mercado. É importante ressaltar que Farina aponta entre outras falhas, na metodologia usual do Agronegócio, a não consideração na análise das estratégias concorrenciais”. Streeter et al. (1991), citado por Santana (1994), seguem a mesma lógica de Farina, abarcando na visão ampla do Complexo Agroindustrial (Agronegócio), somando à cadeia retrospectiva e prospectiva, o consumidor, como agente influente na localização dos nichos de mercados. A Figura 1 apresenta esquematicamente tal processo, onde o Agronegócio é visto como um encadeamento de atividades inter-relacionadas, compostas pelas empresas fornecedoras de insumos para a agricultura, a produção agrícola, as atividades de armazenamento, distribuição, processamento e os consumidores. Integrando esses segmentos e oferecendo uma estrutura de apoio, visualiza-se as pesquisa/desenvolvimento. firmas Streeter e o e governo, seus atuando colaboradores na área reconhecem de a serviços, financiamentos e importância crescente do comportamento do consumidor, que passa a atuar decisivamente no desenvolvimento do Agronegócio e salientam o esforço do setor varejista de comercialização no atendimento dos gostos e preferências do consumidor, no sentido de adequá-los aos sinais da demanda. Nesta visão, os produtos trarão inseridos uma gama de serviços deles indissociáveis e refletirão um novo perfil de demanda. O consumo de alimentos passa a ser analisado por uma ótica que abrange critérios de saúde, além dos nutricionais (proteína e energia), como também aumentam os padrões de exigências quanto à qualidade e diversificação de produtos dos consumidores. Neste cenário, a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico tem contribuído decisivamente para o aperfeiçoamento do processo de comercialização, no que se refere às preferências do consumidor e também no fortalecimento das ligações de produção, dentro do Agribusiness. Concluem os autores que “o mercado é a força motora que coordena e imprime a dinâmica competitiva do complexo agroindustrial”. O estudo extenso e detalhado de Santana (1994) apresenta uma análise em que o objetivo é avaliar, sob vários cenários de política econômica, os impactos que a expansão do Agronegócio brasileiro exerce sobre a produção, o emprego e a distribuição da renda em toda economia. Utiliza o conceito de “macroeconomic linkage”, para estimar as influências das diferentes políticas econômicas sobre as relações intersetoriais. Como modelo empírico faz uso da estrutura de equilíbrio geral da economia brasileira, através da matriz de contabilidade social, e interpretada por meio da análise dos multiplicadores e da estrutura de passos da economia. Para tal utiliza dados de 1975 e 1985. - 28 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Entre os resultados obtidos ressalta-se os referentes à análise dos multiplicadores globais que mostra forte dependência intersetorial entre as atividades do Agronegócio e destas com toda economia. As análises de interdependência econômica e de estrutura de passos mostram que as atividades do Agronegócio apresentam as maiores “linkages” para frente e/ou para trás, como também os melhores canais para a transmissão dos efeitos, na estrutura da economia brasileira, indicando ser este bloco de atividades especialmente importante, para receber estímulos visando um crescimento sustentado. Farina & Zylberstajn (1992), em resenha em que debatem o Sistema Agroindustrial Brasileiro, analisam as diferentes formas pelas quais os diferentes segmentos componentes do sistema se interrelacionam para garantir seu processo de acumulação. Essas ligações podem assumir a forma de uma completa integração vertical, relações impessoais de mercado por meio de sistema de preços, ou podem darse através de contratos formais e informais. Os autores reconhecem que a visão sistêmica contém elevado grau de abstração, uma vez que as cadeias produtivas apresentam heterogeneidade na dinâmica, organização e desempenho, o que leva a que a análise através das cadeias agroindustriais expressem melhor as relações comerciais e tecnológicas presentes nos diferentes setores. Entretanto, consideram que a “cadeia produtiva pode ser definida como um recorte dentro do complexo agroindustrial mais amplo privilegiando as relações entre agropecuária, indústria de transformação e distribuição, em torno de um produto específico (frango, leite, laranja, etc.)”. - 29 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 AGENTE VAREJISTA Relacionado ao CONSUMIDOR Tem Tem Estratégia de Compra Estratégia de Marketing Com base em Gostos e Preferências para de COMPLEXO AGROINDUSTRIAL sobre Descoberta Ligado por Atributos do Produto Preço Facilita Revela Acordos Institucionais Variedade Atacadista INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA Valor Adicional Conveniência Estabilidade de Preço de Processamento Usando Valor Coordenação Qualidade Todo Armazenamento e Distribuição Valor Nutritivo Via Consistência/ Segurança Agricultores Fornecedores de Insumos requer Segurança Alimentar Ambiente Empresarial Fonte: STREETER et al. (1991), citado por SANTANA (1994). Figura 1 Estrutura Representativa da Dinâmica e da Coordenação de Atividades do Agronegócio - 30 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Outra tendência deste artigo é o de sustentar um novo padrão de crescimento para o sistema agroindustrial, voltado para a crescente diversidade de produtos, onde o papel do consumidor é decisivo no sentido de exercer, cada vez mais, seu poder de compra de forma a orientar as estratégias empresariais. Assim, o mercado consumidor pode ratificar ou rejeitar as estratégias de crescimento das empresas, e a crescente organização, informação e conscientização dos consumidores tem alterado o “super ambiente”12 em que as empresas industriais operam, condicionando suas estratégias competitivas. Em suma, a relevância da análise sistêmica do Agronegócio já é amplamente disseminada na literatura brasileira onde há um crescente reconhecimento da importância de uma perspectiva intersetorial na economia agrícola em substituição aos enfoques tradicionais de análise econômica que utilizam a ótica de setores primário − secundário − terciário na economia. Sendo assim, o conceito analítico de “Agribusiness” se afigura como unidade de análise adequada para se estudar a dinâmica da agricultura considerando as múltiplas relações do setor rural com a indústria e os correspondentes mercados. No entanto, percebe-se claramente que quando se estuda a agricultura dentro de uma visão global um dos problemas que surgem é referente a noção de complexo a ser adotada. Trata-se de uma conceituação que depende do que se quer enfatizar. Furtuoso (1998) tendo como base as matrizes insumo-produto do Brasil de 1980 a 1994 analisa o comportamento do complexo agroindustrial brasileiro (Agronegócio). Faz uso dos conceitos de índices de ligações, para a definição de setores-chave e desenvolve um procedimento, a partir do Índice Puro de Ligações Interindustriais, visando a identificação dos componentes do complexo agroindustrial. Foram estimados, também, o Produto Interno Bruto do setor agrícola e do conjunto de setores vinculados ao setor rural. Este estudo permite concluir que a agricultura brasileira apresenta um estágio avançado com alto grau de interligação entre os setores produtivos nacionais e que o complexo agroindustrial brasileiro responde por aproximadamente 32% do Produto Interno Bruto (PIB). (Tabela 5). Visto de uma perspectiva desagregada, 12 “Superambiente” é definido, pelos autores, como um conjunto de fatores externos à empresa, e que dificilmente são afetados por suas estratégias de crescimento. - 31 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 no período 1980/93, os resultados mostram a expressiva perda de peso da agropecuária no PIB do Agronegócio, passando de 33,8% para 24,6%. A Indústria de Base Agrícola e o segmento de Distribuição sobressaem-se como pólos mais dinâmicos, passando de 56% para 66,1%, enquanto a Indústria Para a Agricultura diminui gradativamente sua participação, passando de 10,3% em 1980 para 9,4% em 1993. (Tabela 6) O método de fracionamento matricial13 utilizado (GU) para delimitação do complexo agroindustrial permite uma mensuração mais precisa do Agronegócio e confirma o firme processo de integração entre essas atividades. Isso é importante por mostrar o potencial do setor agrícola dentro da estrutura econômica, por meio dos altos efeitos para trás e para frente. O modelo analítico desenvolvido neste trabalho foi a base metodológica utilizada na presente pesquisa com algumas alterações introduzidas visando o seu refinamento. Com base no exposto acima, pode-se definir o Agronegócio como sendo um conjunto formado por: a) setores industriais que fornecem bens e serviços para a agricultura, que se denominará de Indústria para a Agricultura; b) a agricultura propriamente dita que se subdividirá em agricultura e pecuária; c) setores industriais que têm na agricultura seus mercados fornecedores, que denominaremos de Indústria de Base Agrícola; e d) o Setor de Distribuição, que englobará os segmentos de transporte, comércio e serviços. A metodologia utilizada no delineamento do Agronegócio é apresentada no próximo capítulo, enquanto que os resultados são apresentados no capítulo 4. 13 Para maiores detalhes metodológicos consultar Furtuoso (1998). - 32 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 5 Produto Interno Bruto a Custo de Fatores do Complexo Agroindustrial Brasileiro e do Brasil: 1980 a 1994 (1) Complexo Agroindustrial Produto Interno Bruto US$ 68.508 206.077 100,00 US$ 117.229 1990 1991 (1) Cr$ milhões % US$ Cr$ milhões 8.027.778 29,70 100.376 41.128.411 % 28,46 394.900 27.039.473 100,00 352.604 144.479.802 100,00 US$ 108.096 1992 1993 (1) Cr$ milhões % US$ CR$ milhões 475.624.242 30,73 121.570 10.764.985 % 31,98 351.744 1.547.675.795 100,00 380.096 100,00 (1) Complexo Agroindustrial Produto Interno Bruto US$ 146.471 1994 R$ milhões % 93.580,2 31,71 461.772 295.026,2 100,00 (1) Complexo Agroindustrial Produto Interno Bruto 10.267.828 100,00 180.444 % 36,15 1.117.245 (1) Complexo Agroindustrial Produto Interno Bruto 1980 1985 (1) Cr$ milhões % US$ Cr$ bilhões 3.401.432 33,13 65.333 403.848 (1) Calculado pela taxa média de câmbio. Fonte: Furtuoso (1998) - 33 - 33.657.539 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 6 Produto Interno Bruto a Custo de Fatores do Complexo Agroindustrial Brasileiro: 1980 a 1994 Agregados do Complexo Agroindustrial I – Indústria para a Agricultura II – Agropecuária III – Indústria de Base Agrícola IV – Distribuição Final Complexo Agroindustrial Agregados do Complexo Agroindustrial I – Indústria para a Agricultura II – Agropecuária III – Indústria de Base Agrícola IV – Distribuição Final Complexo Agroindustrial Agregados do Complexo Agroindustrial I – Indústria para a Agricultura II – Agropecuária III – Indústria de Base Agrícola IV – Distribuição Final Complexo Agroindustrial Agregados do Complexo Agroindustrial I – Indústria para a Agricultura II – Agropecuária III – Indústria de Base Agrícola IV – Distribuição Final Complexo Agroindustrial 1980 US$(1) Cr$ milhões 7.182 348.718 23.204 1.147.902 15.470 772.443 22.652 1.132.369 68.508 3.401.432 1990 (1) US$ Cr$ milhões 12.048 825.652 33.012 2.261.619 25.863 1.770.211 46.305 3.170.296 117.229 8.027.778 1992 (1) US$ Cr$ milhões 10.762 47.352.969 27.434 120.708.295 24.481 107.713.622 45.420 199.849.356 108.096 475.624.242 1994 US$(1) R$ milhões 13.332 8.517,92 48.107 30.735,35 30.668 19.593,98 54.364 34.732,96 146.471 93.580,20 1 Calculado pela taxa média de câmbio Fonte: Furtuoso (1998) - 34 - 1985 % US$(1) Cr$ bilhões 10,25 6.667 40.860 33,75 20.889 130.418 22,71 15.111 92.528 33,29 22.667 140.042 100,00 65.333 403.848 1991 (1) % US$ Cr$ milhões 10,29 9.980 4.087.830 28,17 27.691 11.346.876 22,05 23.329 9.559.197 39,49 39.376 16.134.507 100,0 100.376 41.128.411 1993 (1) % US$ Cr$ milhões 9,96 11.371 1.006.887 25,38 29.880 2.645.906 22,65 27.788 2.460.617 42,01 52.530 4.651.575 100,0 121.570 10.764.985 % 9,10 32,84 20,94 37,12 100,0 % 10,12 32,29 22,91 34,68 100,0 % 9,94 27,59 23,24 39,23 100,0 % 9,35 24,58 22,86 43,21 100,0 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CAPÍTULO 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Fonte e Tratamento das Informações Básicas Para efeito desse trabalho utilizam-se as informações provenientes das matrizes de insumo-produto calculadas oficialmente pelo IBGE correspondente ao período de 1985 a 1996 e integradas ao Novo Sistema de Contas Nacionais do IBGE. Vale mencionar que se tratam das últimas informações disponíveis na matéria apresentando, assim, o máximo grau de atualidade possível. Utilizam-se, também, dados das Contas Nacionais e do Censo Agropecuário de 1995/1996, e através de várias técnicas de análise e de delineamentos de complexos produtivos faz-se o delineamento e mensuração do complexo do agronegócio no Brasil. Tendo em vista o objetivo do presente trabalho, de quantificação do PIB do Agronegócio, a Matriz de insumo-produto é um instrumento adequado para esse fim, uma vez que a análise dos fluxos de bens e serviços na economia e dos aspectos básicos do processo de produção − estrutura de produção e de insumos das atividades, assim como a geração primária da renda (Salários, Encargos Sociais e demais Rendimentos do trabalho; Excedente Operacional Bruto das Atividades Econômicas; Impostos e Subsídios sobre as Atividades Econômicas) são os principais objetos das Tabelas de insumo-produto. As matrizes de insumo-produto de 1980 a 1996 fazem parte fundamental do Novo Sistema de Contas Nacionais (NSCN) do IBGE e apresentam alterações metodológicas em relação às matrizes anteriormente publicadas, 1970 e 1975, principalmente no que diz respeito ao conceito de produção. Nos anos em questão, utilizou-se um conceito amplo de produção com o intuito de englobar, por exemplo, a parcela da economia não computada nos censos econômicos. O tratamento dos dados básicos se encontra no - 35 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 texto Novo Sistema de Contas Nacionais Metodologia e Resultados Provisórios Ano Base 1980 − volume I − no 10 − dez. 1988 − DPE. O princípio básico adotado pelo IBGE na definição do processo de produção é o de considerar “a unidade produtiva, o estabelecimento (local físico) onde se realiza uma única atividade econômica. As atividades são formadas agregando-se os estabelecimentos com estruturas relativamente homogêneas de consumo e produção. É levado em conta que as unidades produtivas podem produzir produtos típicos de outras atividades; os estabelecimentos são classificados pela produção principal, resultando assim uma produção secundária de produtos não representativos de sua atividade” (FIBGE, 1988). Segundo o IBGE, a construção da classificação de atividades nas Tabelas de Insumo-Produto é feita baseada no conjunto de estabelecimentos já classificados nos censos econômicos e inquéritos especiais, e adota critérios de homogeneidade quanto a mercados (destino de bens e serviços produzidos) e tecnologia (semelhança de insumos ou processos de produção). Em relação aos bens e serviços, são reunidos considerando-se a homogeneidade quanto à origem atividade produtora e procedência nacional ou importada e ao destino tipo de consumidor e/ou usos específicos dentro de cada grupo. Os dados setoriais contendo as informações da agropecuária foram desagregados em dois setores: a) Agricultura (incluindo extrativa vegetal); e b) Pecuária. O restante da agregação original (IBGE) foi mantida, resultando em uma matriz de 43 setores.14 O procedimento utilizado para a desagregação do setor agropecuário, em dois subsetores, Agricultura e Pecuária, foi realizado ponderando-se os valores de produção e de insumos pela participação de cada produto no valor de produção total e de consumo intermediário total, de acordo com os dados do Censo Agropecuário de 1995 e quando não disponível dos Censos de anos anteriores. No caso da Agricultura são consideradas as informações disponíveis para: café em coco, cana-deaçúcar, arroz em casca, trigo em grão, soja em grão, algodão em caroço, milho em grão e outros produtos da 14 Os dados disponíveis têm a sua apresentação numa abordagem do tipo produto por setor, permitindo que cada produto seja produzido por mais de um setor e que cada setor produza mais de um produto, ou seja, a matriz de produção e a matriz de insumos devem ser combinadas gerando o enfoque de Leontief (setor x setor) conforme descritos em Miller e Blair (1985). - 36 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 lavoura. Para a Pecuária, utilizam-se os dados referentes a bovinos e suínos, leite natural, aves vivas e outros produtos da pecuária. 3.2 Ligações interindustriais e setores-chave Visando o delineamento do Agronegócio brasileiro realiza-se a análise dos setores-chave que nos permite visualizar a economia em questão e em especial os setores agrícola e agroindustriais. A identificação de setores-chave passa necessariamente pela definição de índices de ligações interindustriais. Neste campo existem recentes metodologias para estimativas de ligações, mais consistentes matematicamente. Os novos métodos de medição possibilitam uma visão mais ampla da economia, mas não substituem as abordagens tradicionais, uma vez que os vários procedimentos são complementares entre si.15 Essas análises permitem obter informações sobre a economia em questão e inferir como se comporta frente às políticas setoriais. 3.2.1 Os índices de Rasmussen-Hirschman Segundo Leontief (1951), os fluxos intersetoriais, em uma dada economia, podem ser determinados por fatores econômicos e tecnológicos a partir de um sistema de equações simultâneas, da forma: X = AX + Y (1) onde X é um vetor (n x 1) que denota o valor da produção total por setor; Y é um vetor (n x 1) do valor da demanda final setorial; e A representa a matriz (n x n) dos coeficientes técnicos de produção, isto é, a matriz de coeficientes diretos de insumos de ordem (n x n). Neste modelo, o vetor de demanda final é geralmente tratado como exógeno, assim o vetor de produção total é determinado apenas pelo vetor de demanda final: X = BY 15 Para uma discussão do conceito de setores-chave, ver Guilhotto, Sonis,Hewings e Martins, 1994. - 37 - (2) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 B = ( I − A) −1 (3) onde B representa a matriz de insumos diretos e indiretos (n x n), ou a matriz de Leontief. Em B = ( I − A) −1 , o elemento bij deve ser interpretado como sendo a produção total do setor i que é necessária para produzir uma unidade de demanda final do setor j. A partir da equação (3) pode-se obter os valores dos multiplicadores de produção do tipo I (ver Miller e Blair, 1985) que correspondem à soma das colunas da matriz B. Tais multiplicadores fornecem informações a respeito do aumento, em unidades, do produto total causado pelo aumento de uma unidade na demanda final do produto de um setor, dada as ligações intersetoriais na economia. A partir deste modelo, é possível calcular os Índices de Ligações para Frente e para Trás de Rasmussen-Hirschman, que permitem determinar os setores que mais contribuem para o desenvolvimento da economia em termos de ligações dentro da estrutura produtiva. Os setores que apresentam esses índices maiores que a unidade são considerados setores-chave. Os índices de Ligações para Trás (poder da dispersão) e para Frente (sensibilidade da dispersão) são determinados, respectivamente, através das expressões: . U j = B• j / n / B* (4) U i = Bi • / n / B * (5) . onde define-se bij como sendo um elemento da matriz inversa de Leontief B; B* como sendo a média de todos os elementos de B; B∗j e Bi* como sendo, respectivamente, a soma de uma coluna e de uma linha típica de B; e n o número de setores na economia. O Índice de Ligações para Trás denota o quanto um setor demanda dos outros setores, enquanto o Índice de Ligações para Frente denota o quanto um setor é demandado pelos outros. - 38 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 3.2.2 O índice puro de ligações interindustriais Os índices de ligações de Rasmussen-Hirschman, embora muito utilizados para identificação de setores-chave, têm recebido alguns comentários críticos na literatura, por não computarem a influência dos diferentes níveis de produção em cada setor da economia. [McGilvray (1977) e Hewings (1982)]. com o intuito de corrigir essa deficiência, foi proposto inicialmente o enfoque Cella-Clements (Cella, 1984 e Clements, 1990), posteriormente a visão do índice puro de ligações (Guilhoto et al., 1994) e, mais recentemente, a abordagem do novo índice puro de ligações, também denominada GHS (Guilhoto et al., 1996). 16 No presente trabalho propõe-se utilizar a abordagem GHS uma vez que ela leva em consideração a importância de dado setor em termos de seu nível de produção bem como sua interação com outros setores na economia, além de corrigir um erro de decomposição contidos nos trabalhos de Cella (1984) e Clements (1990) e de aprimorar a versão inicial do índice puro de ligações apresentada em Guilhoto et al. (1994). O método GHS pode ser interpretado como uma tentativa de unir dois métodos muito utilizados na análise de insumo-produto que, além de apresentarem pontos comuns em suas formulações, são considerados importantes para entender dada estrutura econômica e distinguir o impacto de um setor/região em determinada economia sobre seus vários componentes (Guilhoto et al., 1996). O primeiro originou-se das limitações do método tradicional de identificar setores-chave (Rasmussen, 1956 e Hirschman, 1958) e é proposto com o objetivo de separar os impactos de dado setor/região do resto da economia onde está inserido (Cella, 1984, Clements, 1990 e Guilhoto et al., 1994). O segundo método, apresentado com propósito inteiramente diferente por Miyazawa (1976), é uma tentativa de identificar as fontes de mudanças na economia e o papel das ligações internas e externas nas propagações destas mudanças. 16 Para uma evolução cronológica das várias abordagens de índices de ligações anteriores ao GHS ver Guilhoto et al. (1994), Clements e Rossi (1991 e 1992), e para mais detalhes sobre a abordagem GHS ver Guilhoto et al. (1996). - 39 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 O novo índice puro de ligações intersetoriais para frente, para trás e total objetiva medir a importância de dado setor para o resto da economia em termos do seu valor da produção. Partindo da consolidação da abordagem GHS apresentada em Guilhoto et al. (1996), tem-se que a matriz de coeficientes de insumos diretos, A¸ representando um sistema de insumo-produto para dado setor j e o resto da economia é dada por: A jj A= A rj A jr A rr (6) onde Ajj e Arr são matrizes quadradas de insumos diretos do setor j e do resto da economia (economia menos o setor j), respectivamente; Ajr e Arj são matrizes retangulares mostrando, respectivamente, os insumos diretos comprados pelo setor j do resto da economia e os insumos diretos comprados pelo resto da economia do setor j. Da equação (6) pode-se chegar a: L = (I − A ) −1 L jj = Lrj L jr ∆ jj = Lrr 0 0 ∆ j ∆ rr 0 0 I ∆ r Arj ∆ j A jr ∆ r I (7) cujos elementos são definidos como: ∆ j = (I − A jj )−1 (8) ∆ r = ( I − Arr )−1 (9) ∆ jj = (I − ∆ j A jr ∆ r Arj )−1 (10) ∆ rr = (I − ∆ r Arj ∆ j A jr )−1 (11) Assim, a partir da equação (7), é possível verificar como ocorre o processo de produção na economia e derivar um conjunto de multiplicadores/ligações representados pelas matrizes: - 40 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 ∆ jj 0 0 ∆ rr (12) interpretada como o multiplicador externo de Miyazawa (1976) para o setor j e o resto da economia, r; ∆ j 0 0 ∆ r (13) interpretada como o multiplicador interno de Miyazawa (1976) para o setor j e o resto da economia, r; A jr ∆ r I I A ∆ rj j (14) onde as linhas desagregam a demanda final por sua origem, isto é, a primeira linha separa a demanda final interna ao setor j (I) da demanda final externa ao setor j dA jr ∆ r i, enquanto a segunda separa a demanda final externa ao resto da economia d Arj ∆ j i da demanda final interna ao resto da economia (I). Conjugando a equação (7) com a formulação de Leontief dada por: X = (I − A) −1 Y (15) é possível derivar um conjunto de índices que podem ser usados tanto para ordenar os setores em termos de sua importância no valor da produção gerado quanto para verificar como ocorre o processo de produção na economia. Estes índices são obtidos de: X j ∆ jj X = 0 r 0 ∆ j ∆ rr 0 0 I ∆ r Arj ∆ j A jr ∆ r Y j I Yr (16) Primeiramente, multiplicando-se os dois últimos termos do lado direito da equação (16), pode-se derivar: X j ∆ jj X = 0 r 0 ∆ j ∆ rr 0 0 Y j + A jr ∆ r Yr ∆ r Arj ∆ j Y j + Yr - 41 - (17) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 onde Ajr ∆ r Yr é o impacto direto da demanda final do resto da economia sobre o setor j, ou seja, fornece o nível de exportações do setor j necessário para satisfazer o nível de produção do resto da economia para uma demanda final dada por Yr e Arj ∆ jY j é o impacto direto da demanda final do setor j sobre o resto da economia, isto é, representa o nível de exportações do resto da economia que é necessário para satisfazer o nível de produção do setor j para determinada demanda final dada por Yj. Em seguida, fazendo o produto dos dois últimos termos do lado direito da equação (17) chega-se a: X j ∆ jj X = 0 r 0 ∆ j Y j + ∆ j A jr ∆ r Yr ∆ rr ∆ r Arj ∆ jY j + ∆ r Yr (18) onde pode-se derivar novas definições de índice puro de ligação para trás (PBL) e do índice puro de ligação para frente (PFL) dadas por: PBL = ∆ r Arj ∆ j Y j (19) PFL = ∆ j A jr ∆ r Yr (20) O PBL fornece o impacto puro do valor da produção total do setor j sobre o resto da economia, ∆ j Yj , ou seja, expressando um impacto que é livre da demanda de insumos que o setor j realiza do próprio setor j e dos retornos (feedback) do resto da economia para o setor j e vice-versa. O PFL fornece o impacto puro do valor da produção total do resto da economia sobre o setor j, ∆ rYr . Uma vez que o PBL e o PFL são expressos em valores correntes, o índice puro do total das ligações (PTL) de cada setor na economia pode ser obtido pela adição de ambos como: PTL = PBL + PFL - 42 - (21) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 3.3 Os setores industriais ligados à agricultura A composição do Agronegócio, formado pelos seus principais ramos a montante e a jusante da agricultura, pode ser vista como um indicador síntese da ordem de magnitude desse complexo industrial, e a partir dessa composição obter inferências das relações interindustriais do tipo insumo-produto. Isto é o que se pretende fazer através da análise da composição e evolução do PIB do Agronegócio Brasileiro. Para tal, necessário se faz definir os critérios que vão permear a escolha dos setores compreendidos no grupo de industrias processadoras de alimentos e matérias-primas da agricultura (indústria de base agrícola). Como já abordado no capítulo 2, referente a revisão bibliográfica, a expressão agroindústria tem sido utilizada com diferentes objetivos, ou seja, com diferentes dimensões. Percebe-se nitidamente que há divergências sobre a questão conceitual de Agronegócio e agroindústria ainda não havendo um consenso, o que provoca dificuldades metodológicas em estabelecer o que realmente deve ser englobado nestes conceitos. Na verdade, a conceituação a ser utilizada fica a critério do analista, dependendo do que se quer enfatizar, do nível de análise e da disponibilidade de informações. Neste trabalho, um novo procedimento é apresentado visando a delimitação dos componentes do Agronegócio. Numa outra perspectiva, pode-se derivar da equação (18) uma matriz retangular que mostra, respectivamente, os insumos diretos e indiretos adquiridos pelo setor j do resto da economia (economia menos o setor j) e os insumos diretos e indiretos adquiridos pelo resto da economia do setor j. Em essência, pode-se imaginar que estas divisões representam duas economias separadas sem relações comerciais. Assim, tem-se: GU j = ∆ r A rj ∆ j Y j onde as variáveis são definidas como anteriormente. - 43 - (22) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 O GU nos dá, em cada coluna, o impacto direto e indireto na economia do valor da produção total do setor j. Este impacto é dissociado da demanda de insumos que o setor j realiza do próprio setor j. Por outro lado, nas linhas, tem-se o impacto direto e indireto no setor j da produção total do resto da economia. A derivação obtida fornece um procedimento analítico que permite quantificar a influência de um setor específico sobre o resto da economia. Esta metodologia pode ser usada para auxiliar na análise da importância dos diferentes setores que compõem a economia em termos dos impactos globais. O principal problema dos métodos estudados é que, apesar de analisarem a importância dos setores em termos dos impactos globais não permitem mensurá-los. A partir desse modelo gera-se uma matriz GU que permite identificar as inter-relações entre as atividades agropecuárias e os demais setores da economia. Nas colunas da matriz GU, referente ao setor agropecuário (primeira e segunda colunas) têm-se as estruturas de consumo (direto e indireto) das respectivas atividades, como demandantes de insumos do resto da economia, em valores correntes. Excetuando o primeiro elemento, ao longo da primeira linha dessa matriz lê-se o destino da produção agrícola em valores correntes, como insumos dos diferentes setores (impacto direto e indireto). O mesmo procedimento se processa para a Pecuária. Note que em cada coluna da Matriz GU, exclui-se o elemento do setor a ele correspondente. Dessa forma, os valores da primeira coluna, quando ordenados em ordem decrescente, mostram a importância dos diferentes setores da economia como ofertantes de insumos para o setor agrícola. Os valores da primeira linha, quando ordenados da mesma forma, revelam os principais setores demandantes de produtos agrícolas. 3.4 Cálculo do Produto Interno Bruto do Agronegócio Brasileiro Para a análise do agronegócio brasileiro, como já mencionado, utiliza-se a matriz de insumo-produto que fornece um número elevado de setores que caracterizam o agronegócio brasileiro. - 44 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 A técnica de insumo-produto foi desenvolvida visando a análise das relações entre os setores produtivos e de consumo de uma economia nacional, permitindo uma análise sistêmica e integrada de todo fluxo do produto. Os pressupostos implícitos no uso da matriz insumo-produto são: • os coeficientes técnicos de insumo-produto são fixos, o que significa supor funções de produção lineares; • ignoram-se mudanças nos preços relativos; • supõe-se que as mudanças tecnológicas são lentas; • todos os bens e serviços incluídos na matriz apresentam uma oferta infinitamente elástica, ou seja, toda a demanda adicional será coberta expandindo-se a produção aos custos representados na matriz. O Complexo do Agronegócio no Brasil será definido e mensurado em dois grandes setores: Agricultura e Pecuária. O Complexo do Agronegócio da Agricultura será composto além do setor da Agricultura dos setores industriais que apresentam as maiores interligações setoriais. Para o Complexo do Agronegócio da Pecuária será utilizado, para a sua composição, o mesmo critério. O valor total do PIB do Agronegócio em cada um dos seus complexos será dividido em: a) insumos; b) o próprio setor; c) processamento; e d) distribuição e serviços. O procedimento adotado para a estimativa do PIB do Agronegócio brasileiro se dá pelo enfoque do Produto, ou seja, do cálculo do Valor Adicionado a preços de mercado. Assim, tem-se que o Valor Adicionado a preços de mercado é obtido pela soma do valor adicionado a preços básicos aos impostos indiretos líquidos de subsídios sobre produtos e subtração da dummy financeira, resultando na seguinte expressão: VAPM = VAPB + IIL – DuF onde: - 45 - (23) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 VAPM = Valor Adicionado a Preços de Mercado VAPB = Valor Adicionado a Preços Básicos IIL = Impostos Indiretos Líquidos DuF = Dummy Financeiro Para o cálculo do PIB do Agregado I (insumos para a agricultura e pecuária) são utilizadas as informações disponíveis nas tabelas de insumo-produto referentes aos valores dos insumos adquiridos pela Agricultura e Pecuária. As colunas com os valores dos insumos são multiplicadas pelos respectivos coeficientes de valor adicionado (CVAi). Para obter-se os Coeficientes do Valor Adicionado por setor (CVAi) divide-se o Valor Adicionado a Preços de Mercado (VAPM i ) pela Produção do Setor (Xi), ou seja, CVAi = VAPM i Xi (24) Desta forma, o problema de dupla contagem, apresentado em estimativas anteriores do PIB do Agronegócio, quando se leva em consideração os valores dos insumos e não o valor adicionado efetivamente gerado na produção destes, foi eliminado. Tem-se então: n PIB I = ∑ Z ik ∗ CVAi k i =1 k = 1, 2 setor agricultura e pecuária (25) i = 1, 2, ..., 43 setores restantes onde: PIB I k = PIB do agregado I (insumos) para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) zik = valor total do insumo do setor i para a agricultura ou pecuária CVAi = coeficiente de valor adicionado do setor i Para o Agregado I total tem-se: - 46 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 PIB I = PIB I1 + PIB I2 (26) onde: PIBI = PIB do agregado I e as outras variáveis são como definidas anteriormente. Para o Agregado II (Agricultura e Pecuária) considera-se no cálculo os valores adicionados gerados pelos respectivos setores e subtrai-se dos valores adicionados destes setores os valores que foram utilizados como insumos, desta forma, mais uma vez elimina-se o problema de dupla contagem presente em estimativas anteriores do PIB do Agronegócio. Temos então que: 2 PIB II k = VAPM k − ∑ z ik ∗ CVAi i =1 (27) k = 1, 2 onde: PIB IIk = PIB do agregado II para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) e as outras variáveis são como definidas anteriormente. Para o Agregado II total tem-se: PIB II = PIB II1 + PIB II2 (28) onde: PIB II = PIB do agregado II e as outras variáveis são como definidas anteriormente. Para a definição da composição das Indústrias de base agrícola (Agregado III) adotaram-se vários indicadores, como por exemplo: a) os principais setores demandantes de produtos agrícolas, obtidas através da estimação da matriz GU; b) as participações dos insumos agrícolas no consumo intermediário dos setores agroindustriais; e c) as atividades econômicas que efetuam a primeira, segunda e terceira transformação das - 47 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 matérias-primas agrícolas.17 Desta forma, o ramo da Indústria de base agrícola (agroindústrias) será constituído pelas seguintes atividades: Ø Madeira e Mobiliário; Ø Celulose, Papel e Gráfica; Ø Fabricação de Elementos Químicos (Álcool); Ø Indústria Têxtil; Ø Fabricação de Artigos do Vestuário; Ø Fabricação de Calçados; Ø Indústria do Café; Ø Beneficiamento de Produtos Vegetais; Ø Abate de Animais; Ø Indústria de Laticínios; Ø Fabricação de Açúcar; Ø Fabricação de Óleos Vegetais; Ø Fabricação de Outros Produtos Alimentares. Os Agregados II e III, portanto, expressam a renda ou o valor adicionado gerado por esses segmentos. Saliente-se que os dados das matrizes de insumo-produto mostram que, em média, do total da produção da agricultura e da pecuária destinada à utilização intermediária, 21,8% são absorvidos pelo setor rural, 71,8% são vendidos à agroindústria e somente 6,4% são destinados aos setores restantes.18 No caso da estimação do Agregado III (Indústrias de Base Agrícola) adota-se o somatório dos valores adicionados pelos setores agroindustriais subtraídos dos valores adicionados destes setores que foram 17 Ver o Capítulo 4 para um maior detalhamento sobre a composição do agronegócio brasileiro. 18 Dados da Pesquisa - 48 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 utilizados como insumos do Agregado II, como mencionado anteriormente esta subtração visa a eliminação da dupla contagem presente em estimativas anteriores do PIB do Agronegócio, ou seja: ( PIB III k = ∑ VAPM q − z qk ∗ CVAq q∈ k ) (29) k = 1, 2 onde: PIB IIIk = PIB do agregado III para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) e as outras variáveis são como definidas anteriormente. Para o Agregado III total tem-se: PIB III = PIB III1 + PIB III 2 (30) onde: PIB III = PIB do agregado III e as outras variáveis são como definidas anteriormente. No caso do Agregado IV, referente à Distribuição Final, considera-se para fins de cálculo o valor agregado dos setores relativos ao Transporte, Comércio e segmentos de Serviços. Do valor total obtido destina-se ao Agronegócio apenas a parcela que corresponde à participação dos produtos agropecuários e agroindustriais na demanda final de produtos. A sistemática adotada no cálculo do valor da distribuição final do agronegócio industrial pode ser representada por: DFG − IILDF − PIDF = DFD (31) VATPM + VACPM + VAS PM = MC (32) - 49 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 DFk + ∑ DFq PIB IVk = MC * q ∈k (33) DFD k = 1,2 onde: DFG = demanda final global IILDF = impostos indiretos líquidos pagos pela demanda final PIDF = produtos importados pela demanda final DFD = demanda final doméstica VATPM = valor adicionado do setor transporte a preços de mercado VACPM = valor adicionado do setor comércio a preços de mercado VASPM = valor adicionado do setor serviços a preços de mercado MC = margem de comercialização DFk = demanda final da agricultura (k=1) e pecuária (k=2) DFq = demanda final dos setores agroindustriais PIB IVk = PIB do agregado IV para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) Para o Agregado IV total tem-se: PIB IV = PIB IV1 + PIB IV2 onde: PIB IV = PIB do agregado IV e as outras variáveis são como definidas anteriormente. O PIB total do Agronegócio é dado pela soma dos seus agregados, ou seja: - 50 - (34) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 PIB Agronegóciok = PIB I k + PIBII k + PIB IIIk + PIB IVk (35) k = 1,2 onde: PIB Agronegóciok = PIB do agronegócio para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) e as outras variáveis são como definidas anteriormente. Para o Agronegócio total tem-se: PIB Agronegócio = PIB Agronegócio1 + PIB Agronegócio2 (36) onde: PIB Agronegócio = PIB do agronegócio e as outras variáveis são como definidas anteriormente. A metodologia descrita acima pode ser vista de uma forma esquemática na Figura 2 que apresenta o processo de obtenção do PIB do agronegócio. Observa-se então que o PIB do agronegócio pode ser obtido tanto pela soma ponderada do PIB dos agregados como pela soma ponderada dos PIBs da agricultura e da pecuária. Por último merece-se chamar atenção aqui o fato importante que é o de se mensurar também a dimensão do quanto que cada setor industrial adiciona ao agronegócio. O processo de obtenção deste valores se dá através do seguinte: a) estima-se o valor do agronegócio caso não existissem os setores industriais, segundo a metodologia acima; e b) ainda segundo a mesma metodologia inclui-se, um a um, cada setor industrial no complexo do agronegócio, por diferença, obtém-se então a contribuição de cada indústria processadora para o total do agronegócio. No capítulo seguinte são apresentados e discutidos os resultados obtidos da aplicação das metodologias aqui apresentadas. - 51 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Insumos Agricultura Insumos Pecuária Indústria Dist. e Serv. Indústria Dist. e Serv. PIB Agricultura Agribusiness PIB Pecuária PIB Agronegócio Ins. Pecuária Ins. Agricultura Pecuária Ins. Agroneg. Agropecuária Agricultura Ind. Agroneg.. Ind. Agricultura PIB Agronegócio Dist. e Serv. Agri. Dist. e Serv. Agroneg. Ind. Pecuária Dist. e Serv. Pec. Figura 2 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO - 52 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CAPÍTULO 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1. Introdução Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados referentes ao delineamento e mensuração do PIB do Agronegócio na economia brasileira. Devido ao fato do ano de 1995 ter sido o último ano para o qual o censo agropecuário foi realizado, este foi tomado como ano base da análise. Isto porque através da combinação de informações existentes tanto no censo como nas matrizes de insumo-produto existentes para este ano foi possível se fazer a abertura do setor agropecuário entre agricultura e pecuária. Na seção 4.2 deste capítulo é feita uma análise de como o setores da Agricultura e da Pecuária se inserem dentro da economia e como se interrelacionam com os outros setores. A seção 4.3 define a composição do complexo do agronegócio assim como faz um estudo da estrutura e da interrelação entre os setores que o compõem. Na seção 4.4 é feita a apresentação da estrutura detalhada do agronegócio em 1995, que servirá como base para definir a ponderação a ser utilizada nas estimativas mensais de crescimento do PIB do agronegócio na economia brasileira. Na seção 4.5 é feita uma análise da evolução do complexo do agronegócio entre 1994 a 1999. - 53 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 4.2 Uma Análise Setorial da Economia Brasileira Através da utilização de multiplicadores setoriais e de índices de ligações esta seção faz uma análise de como os setores se interrelacionam na economia brasileira. A Tabela 7 apresenta os multiplicadores do tipo I para a economia brasileira em 1995, os resultados mostram que os setores de Agricultura e Pecuária apresentam os valores de 1,66 e de 1,56, indicando que para cada real que é produzido deste setores com destino a demanda final, é gerado um valor total de produção de R$ 1,66 na Agricultura e de R$ 1,56 na Pecuária. Estes valores posicionam os setores acima na 30a e 36a posições na economia. A baixa colocação destes setores em termos de multiplicadores setoriais, como será visto adiante, não é uma indicação da importância destes setores na economia, pois outros elementos necessitam ser levados em consideração, o que este valores indicam é que os setores de Agricultura e Pecuária, quando comparados com os outros setores são pouco demandantes de insumos dentro do processo produtivo. Por sua vez, os setores ligados diretamente com a atividade da agricultura e pecuária apresentam multiplicadores bem maiores, isto é: a) Madeira e Mobiliário (2,00 - 20o); b) Celulose Papel e Gráfica (2,13 17o); c) Elementos Químicos (1,95 - 23o); d) Indústria Têxtil (2,23 - 10o); e) Fabricação de Artigos de Vestuário (2,18 - 14o); f) Fabricação de Calçados (2,19 - 13o); g) Indústria do Café (2,42 - 4o); h) Beneficiamento de Produtos Vegetais (2,22 - 11o); i) Abate de Animais (2,32 - 6o); j) Indústria de Laticínios (2,40 - 5o); l) Fabricação de Açúcar (2,45 - 3o); m) Fabricação de Óleos Vegetais (2,54 - 1o); e n) Fabricação de Outros Produtos Alimentares (2,30 - 7o). Indicando que estes setores são mais demandantes de insumos da economia do que os setores de Agricultura e Pecuária. Conforme já mencionado anteriormente os índices de ligação para trás, segundo Rasmussen (1956) e Hirschman (1958), retratam a importância dos diferentes setores como demandantes de insumos dos outros setores da economia. Por sua vez, os índices de ligação para frente revelam os setores cujas produções são altamente utilizadas pelos demais setores no processo produtivo. Este enfoque é utilizado para se determinar os setores com maior poder de encadeamento dentro de uma economia, sendo que valores maiores que 1 indicam setores acima da média. - 54 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 7 Multiplicadores Setoriais do Tipo I, Brasil – 1995 Código 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Setores Agricultura Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão Fab. De minerais não metálicos Siderurgia Metalurgia de não ferrosos Fab. Outros produtos metalúrgicos Fab. E manutenção de máq. E tratores Fab. De material elétrico Fab. De elementos eletrônicos Fab. De automóveis, caminhões e ônibus Fab. De peças e outros veículos Madeira e mobiliário Celulose, papel e gráfica Indústria da borracha Fab. Elementos químicos Refino do petróleo Fab. De produtos químicos diversos Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Fab. De artigos do vestuário Fab. De calçados Indústria do café Beneficiamento de produtos vegetais Abate de animais Indústria de laticínios Fab. De açúcar Fab. De óleos vegetais Fab. De outros produtos alimentares Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não mercantis Multiplicador Tipo I 1,66 1,56 1,98 1,67 2,00 2,52 2,12 2,29 1,78 2,20 1,66 2,18 2,25 2,00 2,13 2,13 1,95 1,80 2,07 1,83 1,91 2,23 2,18 2,19 2,42 2,22 2,32 2,40 2,45 2,54 2,30 1,91 1,58 1,63 1,55 1,65 1,24 1,35 1,62 1,41 1,09 1,47 1,12 Fonte: Dados da Pesquisa - 55 - Ordem 30 36 22 29 21 2 18 8 28 12 31 15 9 20 17 16 23 27 19 26 24 10 14 13 4 11 6 5 3 1 7 25 35 33 37 32 41 40 34 39 43 38 42 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 A Tabela 8, ilustrada na Figura 3, apresenta os índices de ligação para trás e para frente em 1995. Considerando-se os seis setores com os maiores índices de ligação para trás tem-se os setores 30 − Fabricação de Óleos Vegetais, 6 − Siderurgia, 29 – Fabricação açúcar, 25 − Indústria do café, 28 − Indústria de laticínios e 27 − Abate de animais, ocupando as seis primeiras posições para o período em análise. Vê-se que entre esses segmentos os de produtos alimentares têm um peso importante nas relações da economia brasileira compondo cinco das seis principais atividades. Com relação aos índices de ligação para frente destacam-se os setores 1 − Agricultura, 18 − Refino do Petróleo, 6 − Siderurgia, 35 − Comércio, 33 − Serviços industriais de utilidade pública e 2 − Pecuária, ocupando posições chave no período. Deve-se mencionar a relevância da Agricultura e da Pecuária que apresentam índices de ligação superiores a 1 referindo-se, respectivamente, à primeira posição para Agricultura (2,63) e sexta posição para Pecuária (1,44). Usando como base a conceituação de índices de ligação para trás e para frente pode-se definir o conceito de setores chave. Segundo McGilvray (1977) são considerados setores chave aquelas atividades com ambos coeficientes (índices para trás e para frente) maiores do que 1. Pela Figura 3 pode-se observar que, no caso brasileiro, para o período em análise (1995) tem-se a seguinte composição: 6 − Siderurgia, 7 − Metalurgia de não ferrosos, 8 − Fabricação de outros produtos metalúrgicos, 15 − Celulose, Papel e Gráfica, 19 − Químicos diversos e 22 − Indústria Têxtil. O problema desta definição é o de ser um critério restrito deixando de lado setores que apresentam altos valores em apenas um dos índices. Para o caso de se adotar um conceito menos limitativo e estabelecer setores chave como aqueles que apresentam ou o índice de ligação para trás ou o índice de ligação para frente com valores maiores do que 1, corre-se o risco dessa classificação ser demasiadamente extensa. - 56 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 8 Índices de Ligações de Hirschman-Rasmussen, Brasil – 1995 Código 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Setores Agricultura Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão Fab. de minerais não metálicos Siderurgia Metalurgia de não ferrosos Fab. Outros produtos metalúrgicos Fab. e manutenção de máq. e tratores Fab. de material elétrico Fab. de elementos eletrônicos Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Fab. de peças e outros veículos Madeira e mobiliário Celulose, papel e gráfica Indústria da borracha Fab. elementos químicos Refino do petróleo Fab. de produtos químicos diversos Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Fab. de artigos do vestuário Fab. de calçados Indústria do café Beneficiamento de produtos vegetais Abate de animais Indústria de laticínios Fab. de açúcar Fab. de óleos vegetais Fab. de outros produtos alimentares Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não mercantis Fonte: Dados da Pesquisa - 57 - Índ. Trás Ordem Índ. Frente Ordem 0,87 0,81 1,03 0,87 1,04 1,31 1,11 1,19 0,93 1,15 0,86 1,13 1,17 1,04 1,11 1,11 1,02 0,93 1,08 0,95 1,00 1,16 1,14 1,14 1,26 1,16 1,21 1,25 1,28 1,32 1,20 1,00 0,82 0,85 0,81 0,86 0,64 0,70 0,84 0,74 0,57 0,77 0,58 30 36 22 29 21 2 18 8 28 12 31 15 9 20 17 16 23 27 19 26 24 10 14 13 4 11 6 5 3 1 7 25 35 33 37 32 41 40 34 39 43 38 42 2,63 1,44 0,79 0,79 0,95 1,78 1,03 1,32 1,17 0,73 0,60 0,55 0,94 0,71 1,20 0,92 0,91 2,49 1,32 0,56 0,83 1,39 0,53 0,64 0,71 0,68 0,68 0,67 0,71 0,80 0,75 0,69 1,44 0,67 1,71 1,42 0,72 1,01 0,82 1,14 0,76 0,86 0,52 1 6 25 24 16 3 14 10 12 28 39 41 17 31 11 18 19 2 9 40 21 8 42 38 32 34 35 37 30 23 27 33 5 36 4 7 29 15 22 13 26 20 43 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Lavoura Serviços privados não mercantis Administração pública Pecuária Extrativa mineral 3,00 Aluguel de imóveis Extração de petróleo e carvão Serviços prestados às empresas Fab. de minerais não metálicos 2,50 Serviços prestados às famílias Siderurgia Instituições financeiras Metalurgia de não ferrosos 2,00 Comunicações Fab. outros produtos metalurgicos 1,50 Transporte Fab. e manutenção de máq. e tratores 1,00 Comércio Fab. de material elétrico 0,50 Construção civil Fab. de elementos eletrônicos 0,00 Serviços industriais de utilidade pública Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Indústrias diversas Fab. de peças e outros veículos Fab. de outros produtos alimentares Madeira e mobiliário Fab. de óleos vegetais Celulose, papel e gráfica Fab. de açucar Indústria da borracha Indústria de laticínios Fab. elementos químicos Abate de animais Refino do petróleo Beneficiamento de produtos vegetais Fab. de produtos químicos diversos Indústria do café Indústria farmacêutica e de perfumaria Fab. de calçados Fab. de artigos do vestuário Indústria têxtil Indústria de artigos de plásticos Ind. Trás (BL) Fonte: Tabela 8 Figura 3 Índice de Ligações de Hirschman-Rasmussen, Brasil - 1995 - 58 - Ind. Frente (FL) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Como hipótese alternativa para determinação dos setores chave há uma definição menos restrita, sugerida por Guilhoto e Picerno (1995), onde definem-se setores chave como sendo aqueles que apresentam os maiores índices de ligação para trás e para frente, assim como aqueles que satisfazem o conceito mais restrito de setor chave. Utilizando-se essa definição para selecionar os principais setores da economia, e estabelecendo como ponto de corte os seis maiores índices, temos a seguinte composição: 1 − Agricultura, 2 − Pecuária, 6 − Siderurgia, 7 − Metalurgia de não ferrosos, 8 − Fabricação de outros produtos metalúrgicos, 15 − Celulose, papel e gráfica, 18 − Refino do Petróleo, 19 − Químicos diversos, 22 − Indústria têxtil, 25 − Indústria do Café, 27 − Abate de animais, 28 − Indústria de laticínios, 29 − Fabricação de açúcar, 30 − Fabricação de óleos vegetais, 33 − Serviços industriais de utilidade pública e 35 − Comércio. Para o caso dos índices puros, os índices de ligações para trás e para frente são somados, de modo a gerar o índice total de ligações (Tabela 9 e Figura 4) onde a agregação possibilita uma nova base para determinação de setores chave na economia. 19 Os setores chave, no caso do enfoque dos índices puro total são: 1 − Agricultura, 18 − Refino do petróleo, 34 − Construção Civil, 35 − Comércio, 39 − Serviços prestados às famílias e 42 – Administração Pública. Quando se considera os seis setores com os maiores índices de ligações para frente, têm-se que, para o índice puro, os setores mais importantes são: 1 – Agricultura, 2 − Pecuária, 18 − Refino do Petróleo, 35 − Comércio, 36 − Transporte e 40 − Serviços prestados às empresas. As estimativas empíricas das ligações interindustriais da economia brasileira demonstram o importante papel da agropecuária, tanto no que diz respeito a Agricultura como a Pecuária, como insumos para o resto da economia, uma vez que estes setores têm índices altos no encadeamento a jusante. 19 O trabalho de Guilhoto, Sonis, Hewings e Martins (1994) que apresenta uma análise da estrutura produtiva da economia brasileira, respectivamente em 1959, 1970, 1975 e 1980, introduz o conceito de índice de ligação puro e faz um paralelo com as metodologias mais tradicionais oferecendo uma visão ampla do papel dos índices de ligações interindustriais nas análises de insumo-produto. - 59 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 9 Índices Puro de Ligações, Brasil – 1995 (R$ Milhões) Cód. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Setores Agricultura Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão Fab. de minerais não metálicos Siderurgia Metalurgia de não ferrosos Fab. outros produtos metalúrgicos Fab. e manutenção de máq. e tratores Fab. de material elétrico Fab. de elementos eletrônicos Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Fab. de peças e outros veículos Madeira e mobiliário Celulose, papel e gráfica Indústria da borracha Fab. elementos químicos Refino do petróleo Fab. de produtos químicos diversos Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Fab. de artigos do vestuário Fab. de calçados Indústria do café Beneficiamento de produtos vegetais Abate de animais Indústria de laticínios Fab. de açúcar Fab. de óleos vegetais Fab. de outros produtos alimentares Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não mercantis Trás Ordem 7.685,9 13 5.386,9 21 2.214,6 33 43 −26,0 1.107,4 38 3.246,9 27 1.895,5 35 3.172,9 29 7.974,7 12 7.219,7 17 7.250,3 15 20.756,0 5 5.891,4 19 5.687,8 20 3.497,85 26 575,4 42 3.648,0 25 2.249,5 32 1.495,2 36 7.236,5 16 1.043,1 40 3.051,6 30 10.231,0 11 4.156,7 23 3.813,5 24 15.039,5 8 15.184,4 7 5.979,7 18 3.188,5 28 7.461,6 14 19.458,9 6 2.434,1 31 2.185,8 34 48.075,4 2 25.558,9 4 11.512,6 10 1.120,3 37 13.332,1 9 34.155,6 3 1.085,3 39 4.775,2 22 57.602,7 1 946,6 41 Fonte: Dados da Pesquisa - 60 - Frente Ordem 30.653,6 2 16.689,6 6 3.124,5 33 4.253,2 28 12.835,3 12 15.478,1 9 5.854,9 23 15.575,6 8 10.067,1 16 5.088,3 27 896,8 38 533,7 40 11.255,3 14 4.037,3 30 13.243,3 11 5.465,8 26 6.749,8 20 32.939,2 1 12.645,0 13 980,4 37 6.489,0 22 10.196,0 15 208,3 42 383,1 41 603.,3 39 4.251,4 29 2.396,2 34 1.080,4 36 1.985,3 35 3.798,1 31 7.044,4 19 3.580,4 32 15.864,4 7 5.553,8 25 30.026,8 3 18.370,0 5 5.832,4 24 9.335,3 17 14.090,4 10 24.142,1 4 7.700,9 18 6.745,7 21 0 43 Total Ordem 38.339,6 5 22.076,5 11 5.339,1 38 4.227,2 42 13.942,7 22 18.725,0 15 7.750,3 32 18.748,5 14 18.041,8 17 12.308,2 25 8.147,1 31 21.289,7 12 17.146,7 19 9.725,0 29 16.741,1 20 6.041,2 36 10.397,8 28 35.188,7 6 14.140,2 21 8.216,9 30 7.532,1 33 13.247,7 23 10.439,2 27 4.539,7 40 4.416,9 41 19.290,8 13 17.580,5 18 7.060,1 34 5.173,7 39 11.259,7 26 26.503,2 8 6.014,5 37 18.050,3 16 53.629,2 3 55.585,6 2 29.882,6 7 6.952,7 35 22.667,4 10 48.246,0 4 25.227,4 9 12.476,1 24 64.348,3 1 946,6 43 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Lavoura Serviços privados não mercantis 70000000 Administração pública Aluguel de imóveis Serviços prestados às empresas Serviços prestados às famílias Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão 60000000 Fab. de minerais não metálicos Siderurgia 50000000 Instituições financeiras Metalurgia de não ferrosos 40000000 Comunicações Fab. outros produtos metalurgicos 30000000 Transporte Fab. e manutenção de máq. e tratores 20000000 Comércio Fab. de material elétrico 10000000 0 Construção civil Fab. de elementos eletrônicos -10000000 Serviços industriais de utilidade pública Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Indústrias diversas Fab. de peças e outros veículos Fab. de outros produtos alimentares Madeira e mobiliário Fab. de óleos vegetais Celulose, papel e gráfica Fab. de açucar Indústria da borracha Indústria de laticínios Fab. elementos químicos Abate de animais Refino do petróleo Beneficiamento de produtos vegetais Fab. de produtos químicos diversos Indústria do café Fab. de calçados Fab. de artigos do vestuário Índ. Puro trás ligações Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Índ. Puro frente ligações Fonte: Tabela 9 Figura 4 Índices Puro de Ligações, Brasil - 1995 (R$ Mil) - 61 - Índ. Puro total ligações O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Note-se, dessa forma, que altos índices de ligações para frente não é especificidade exclusiva de atividades industriais modernas, visto que tanto a agricultura como alguns setores de serviços e comércio apresentam alguns dos maiores índices de encadeamento para frente. A hierarquização normalizada das ligações interindustriais são apresentadas na Tabela 10 e Figura 5, onde os valores de ligações para trás, para frente e total estão divididos pela média da produção dos setores, fornecendo estimativas de ligações por unidade produzida. Essas medidas revelam que diversos setores agroindustriais (26 – Beneficiamento de produtos vegetais, 27 − Abate de animais, 31 – Fabricação de outros produtos alimentares) têm um alto índice de ligações para trás por unidade de produção setorial. Cabe ressaltar que entre os maiores índices para frente por unidade de produção estão os setores 1 − Agricultura e 2 – Pecuária que, respectivamente, geram interligações 3,40 e 1,85 a mais do que a média da economia, ocupando a segunda e a sexta posição entre todos os setores em termos de ligações para frente por unidade de produção. A medida de ligação total reafirma a posição de destaque da agropecuária, com estimativas de 2,12 e 1,22 para as atividades 1 − Agricultura e 2 − Pecuária, respectivamente. Uma comparação dos resultados dos diversos índices mostra que, embora a metodologia de determinação de setores chave entre os diferentes enfoques apresentem diferenças básicas, podem e devem ser vistos como complementares entre si, propiciando uma visão mais ampla do sistema econômico. Como observa Guilhoto et al. (1994), a abordagem de Rasmussen-Hirschman leva em conta o comportamento da estrutura interna da economia, independente do valor da produção total, enquanto o Índice Puro analisa a estrutura produtiva levando em consideração os níveis de produção setorial. Para o autor, quando a estrutura interna da economia não é levada em conta ao se delinearem setores chave, podem surgir gargalos que restrinjam o seu crescimento. No entanto, o nível de produção setorial é, também, fator importante uma vez que auxilia na identificação dos principais setores que respondem por alterações nos níveis do PIB e de outras variáveis macroeconômicas. - 62 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 10 Índice Puro Normalizado, Brasil – 1995 Cód. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Setores Agricultura Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão Fab. de minerais não metálicos Siderurgia Metalurgia de não ferrosos Fab. outros produtos metalúrgicos Fab. e manutenção de máq. e tratores Fab. de material elétrico Fab. de elementos eletrônicos Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Fab. de peças e outros veículos Madeira e mobiliário Celulose, papel e gráfica Indústria da borracha Fab. elementos químicos Refino do petróleo Fab. de produtos químicos diversos Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Fab. de artigos do vestuário Fab. de calçados Indústria do café Beneficiamento de produtos vegetais Abate de animais Indústria de laticínios Fab. de açúcar Fab. de óleos vegetais Fab. de outros produtos alimentares Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não mercantis Trás 0,85 0,59 0,24 0,00 0,12 0,36 0,21 0,35 0,88 0,80 0,80 2,29 0,65 0,63 0,39 0,06 0,40 0,25 0,17 0,80 0,12 0,34 1,13 0,46 0,42 1,66 1,68 0,66 0,35 0,82 2,15 0,27 0,24 5,31 2,82 1,27 0,12 1,47 3,77 0,12 0,53 6,36 0,10 Ordem 13 21 33 43 38 27 35 29 12 17 15 5 19 20 26 42 25 32 36 16 40 30 11 23 24 8 7 18 28 14 6 31 34 2 4 10 37 9 3 39 22 1 41 Fonte: Dados da Pesquisa - 63 - Frente 3,40 1,85 0,35 0,47 1,42 1,72 0,65 1,73 1,12 0,56 0,10 0,06 1,25 0,45 1,47 0,61 0,75 3,65 1,40 0,11 0,72 1,13 0,02 0,04 0,07 0,47 0,27 0,12 0,22 0,42 0,78 0,40 1,76 0,62 3,33 2,04 0,65 1,03 1,56 2,68 0,85 0,75 0,00 Ordem 2 6 33 28 12 9 23 8 16 27 38 40 14 30 11 26 20 1 13 37 22 15 42 41 39 29 34 36 35 31 19 32 7 25 3 5 24 17 10 4 18 21 43 Total 2,12 1,22 0,30 0,23 0,77 1,04 0,43 1,04 1,00 0,68 0,45 1,18 0,95 0,54 0,93 0,33 0,58 1,95 0,78 0,45 0,42 0,73 0,58 0,25 0,24 1,07 0,97 0,39 0,29 0,62 1,47 0,33 1,00 2,97 3,07 1,65 0,38 1,25 2,67 1,40 0,69 3,56 0,05 Ordem 5 11 38 42 22 15 32 14 17 25 31 12 19 29 20 36 28 6 21 30 33 23 27 40 41 13 18 34 39 26 8 37 16 3 2 7 35 10 4 9 24 1 43 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Lavoura Serviços privados não mercantis Administração pública Aluguel de imóveis Serviços prestados às empresas Serviços prestados às famílias 7,00 Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão 6,00 Fab. de minerais não metálicos Siderurgia 5,00 Instituições financeiras Metalurgia de não ferrosos 4,00 Comunicações Fab. outros produtos metalurgicos 3,00 Transporte Fab. e manutenção de máq. e tratores 2,00 Comércio Fab. de material elétrico 1,00 0,00 Construção civil Fab. de elementos eletrônicos -1,00 Serviços industriais de utilidade pública Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Indústrias diversas Fab. de peças e outros veículos Fab. de outros produtos alimentares Madeira e mobiliário Fab. de óleos vegetais Celulose, papel e gráfica Fab. de açucar Indústria da borracha Indústria de laticínios Fab. elementos químicos Abate de animais Refino do petróleo Beneficiamento de produtos vegetais Fab. de produtos químicos diversos Indústria do café Fab. de calçados Fab. de artigos do vestuário Índ. Puro trás normalizado Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Índ. Puro frente normalizado Fonte: Tabela 10 Figura 5 Índice Puro Normalizado, Brasil - 1995 - 64 - Índ. Puro total normalizado O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Portanto, temos que os setores chave podem diferir entre os índices de determinação, onde o enfoque de Rasmussen-Hirschman mostra o potencial dos impactos de mudanças estruturais, enquanto o índice puro avalia o impacto realizado através da consideração do volume de atividade. É importante chamar a atenção para o fato de que nas diferentes análises realizadas existe um predomínio dos setores Siderurgia, Metalurgia e Agropecuária em quase todos os enfoques. Alguns setores que compõem os Produtos Alimentares também assumem papel de importância dentro das relações intersetoriais, no que diz respeito ao encadeamento para trás. Por outro lado, a importância de setores como Celulose, Papel - Gráfica e Têxtil é captada pelo enfoque de Rasmussen-Hirschman. Ao mesmo tempo, os resultados mostram uma crescente importância do setor Serviços dentro da economia, seguindo a tendência deste segmento dentro de economias mais desenvolvidas. 4.3 Composição do Agronegócio Brasileiro A partir das estimativas da matriz GU (definida no Capítulo 3), para o ano de 1995, pode-se inferir sobre os grupos de indústrias, a partir da classificação da Matriz de Insumo-Produto, que comporão os setores formadores do Agronegócio brasileiro. Essa composição constitui fonte de subsídios importantes para a análise das tendências do Agronegócio ao longo do tempo. A Tabela 11 apresenta as interligações da atividade Agropecuária (Agricultura e Pecuária) com os setores produtivos do país, em termos de compra de produtos e insumos. Em outras palavras, são analisados os efeitos diretos e indiretos para trás da cadeia produtiva agrícola. Selecionando as atividades que apresentam percentuais acima de 1%, temos as relações listadas a seguir, que respondem por cerca de 93% dos impactos diretos e indiretos ocasionados pela atividade agrícola:20 20 A relação das classificações das atividades do IBGE com os correspondentes produtos constam do Anexo 1. - 65 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Ø Agricultura: v Extração de Petróleo e carvão v Siderurgia v Fabricação de outros produtos metalúrgicos v Fabricação de máquinas e tratores v Celulose, papel e gráfica v Fabricação de elementos químicos v Refino do petróleo v Fabricação de produtos químicos diversos v Indústria de artigos de plástico v Indústria têxtil v Fabricação de óleos vegetais v Fabricação de outros produtos alimentares v Serviços industriais de utilidade pública v Comércio v Transporte v Instituições financeiras v Serviços prestados às famílias v Serviços prestados às empresas v Administração pública - 66 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Ø Pecuária: v Agricultura v Extrativa mineral v Extração de petróleo e carvão v Fabricação de minerais não-metálicos v Siderurgia v Fabricação de outros produtos metalúrgicos v Fabricação de máquinas e tratores v Celulose, papel e gráfica v Fabricação de elementos químicos v Refino de petróleo v Fabricação de produtos químicos diversos v Farmácia e Veterinária v Beneficiamento de produtos vegetais v Fabricação de óleos vegetais v Fabricação de outros produtos alimentares v Serviços industriais de utilidade pública v Comércio v Transporte v Instituições financeiras v Serviços prestados às famílias v Serviços prestados às empresas v Administração pública - 67 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 11 Matriz GU - Setores Ofertantes de Insumos para a Agricultura e Pecuária Brasil – 1995 Código 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Setores Agricultura Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão Fab. de minerais não metálicos Siderurgia Metalurgia de não ferrosos Fab. outros produtos metalúrgicos Fab. e manutenção de máq. e tratores Fab. de material elétrico Fab. de elementos eletrônicos Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Fab. de peças e outros veículos Madeira e mobiliário Celulose, papel e gráfica Indústria da borracha Fab. elementos químicos Refino do petróleo Fab. de produtos químicos diversos Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Fab. de artigos do vestuário Fab. de calçados Indústria do café Beneficiamento de produtos vegetais Abate de animais Indústria de laticínios Fab. de açúcar Fab. de óleos vegetais Agricultura ( R$ milhões ) % 15,6 55,8 134,2 45,5 117,1 31,7 120,0 139,7 17,1 6,5 3,9 53,5 44,5 117,7 34,6 287,4 1.258,8 2.047,9 31,5 107,9 97,1 2,0 3,3 1,3 34,0 6,9 4,0 22,3 84,2 0,20 0,73 1,75 0,59 1,52 0,41 1,56 1,82 0,22 0,08 0,05 0,70 0,58 1,53 0,45 3,74 16,38 26,64 0,41 1,40 1,26 0,03 0,04 0,02 0,44 0,09 0,05 0,29 1,10 Pecuária ( R$ milhões ) % 450,5 8,36 99,7 56,4 68,6 63,8 15,3 95,9 87,8 10,4 4,0 2,6 23,8 16,0 104,2 16,5 71,8 530,7 310,2 99,0 52,9 51,1 1,3 12,7 1,3 176,8 45,9 10,6 47,7 359,7 1,85 1,05 1,27 1,18 0,28 1,78 1,63 0,19 0,07 0,05 0,44 0,30 1,93 0,31 1,33 9,85 5,76 1,84 0,98 0,95 0,02 0,24 0,02 3,28 0,85 0,20 0,89 6,68 ... (Continua) - 68 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 11 (Continuação) Código 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Setores Fab. de outros produtos alimentares Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não mercantis Agricultura ( R$ milhões ) % 156,9 2,04 34,8 0,45 204,1 2,66 23,4 0,30 771,8 10,04 673,6 8,76 46,4 0,60 233,8 3,04 111,2 1,45 230,1 2,99 62,4 0,81 211,7 2,76 0 0,00 Pecuária ( R$ milhões ) 1.208,0 20,1 161,3 13,6 336,4 246,8 28,6 88,9 76,2 172,9 38,3 108,6 0 % 22,42 0,37 2,99 0,25 6,24 4,58 0,53 1,65 1,42 3,21 0,71 2,02 0,00 Fonte: Dados da Pesquisa Note que a ligação para trás da agropecuária com os setores Fabricação de óleos vegetais e outros produtos alimentares se explica pelo fato desses ramos abrangerem, respectivamente, tortas, farelos e rações balanceadas. Esses resultados mostram, também, que a agropecuária, de uma maneira geral, tem maiores interligações para trás com os setores ligados aos ramos de “química”, “óleos vegetais”, “tortas e farelos”, rações balanceadas” e “serviços”. Especificamente, em relação ao segmento serviços, pode-se ressaltar a grande participação do comércio, transporte, instituições financeiras e administração pública. As Figuras 6 e 7 apresentam as participações percentuais dos principais insumos por setor no consumo intermediário total da agropecuária brasileira (Agricultura e Pecuária). Os dados mostram que, do total dos insumos não agrícolas utilizados na produção rural 4/5 correspondem a atividades que abrangem a produção dos itens “Adubos”, “Rações”, Óleos combustíveis”, “Farmácia e Veterinária”, “Comércio”, “Transporte” e “Serviços”. Por sua vez, as Figuras 8 e 9 apresentam as participações dos insumos no consumo intermediário da Agropecuária (Agricultura e Pecuária), em termos dos insumos diretos e indiretos. Os dados referendam, em grande parte, os resultados obtidos na Matriz GU. - 69 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 50 45 40,21 40 % da participação 35 30 24,33 25 20 15 10 8,05 6,89 6,50 1,68 5 1,53 Tr an sp Ins ort titu e içõ es Se fina rviç nc os eir pre as sta do sà em pre sa s Ad mi nis tra çã op úb lica Co mé rcio La vo ura Fa Re b. f i n od de ep pro du etr óle tos o qu ím ico sd ive rso s 0 Setores Fonte: Dados da Pesquisa Figura 6 Participação dos Principais Insumos no Consumo Intermediário da Agricultura Brasil - 1995 - 70 - 2,02 - 71 Tr an sp or te às em pr Ad es m as ini str aç ão pú bli ca 1,85 pr es ta do s 3,85 C om ér ci o 1,53 Se rv iço s pe rfu m ar Fa Fa ia b. b. ou óle tro o s s Se ve pr rv ge od iço ta ut s is o s in a du l i m st en ria ta is re ut s ilid ad e pú bl ica de 10 e pe tró leo m ine ra l div er so s do qu ím ico s Re fin o 5 fa rm ac êu tic a pr od ut os Pe cu ár ia 50 In dú str ia Fa b. de Ex tra tiv a % da participação O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 45,92 45 40 35 30 25 23,11 20 15 4,86 4,31 1,13 3,00 2,17 Setores Fonte: Dados da Pesquisa Figura 7 Participação dos Principais Insumos no Consumo Intermediário da Pecuária Brasil - 1995 1,89 0 1,23 de pe tró leo % da participação 30 15 5 1,25 1,09 1,12 1,30 1,10 2,68 - 72 C om In ér Se st ci Tr itu rv o an içõ iço sp Se es s or pr rv f in te es iço an ta s ce do pr ira s es às s ta fa do m s ilia Ad às e s m m pr ini es str as aç ão pú bli ca Fa La vo b ur Fa . Ou e a ca b. tro rv e s ão m pr an od ut ut Si en os de çã m ru o e rg de ta ia lu m r gi Ce áq c os .e lu lo tra se to ,p re Fa ap s b. el ele e Fa m g r en b. áf ica to de s pr qu Re od í m fin ut i co o os de s In qu Fa dú pe ím b. t st r i óle co ria de Se s o de div ou rv iço tro ar er tig so s s in p o s ro s du du pl st ás to ria s tic is a os lim de en ut ilid ta re ad s e pú bl ica Ex tra çã o O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 50 45 40 35 28,42 25 19,07 20 11,72 10 7,19 6,27 1,90 1,00 1,46 2,18 Setores Fonte: Dados da Pesquisa Figura 8 Participação dos Insumos no Consumo Intermediário da Agricultura (Efeitos diretos e indiretos), Brasil - 1995 1,04 2,14 1,97 0 20 10 5,85 5 6,89 4,03 1,29 1,24 1,14 1,35 1,28 2,29 - 73 C om Se In ér st rv ci itu iço Tr o içõ an s pr s e po s es fin rte ta an do ce s às ira Ad em s m pr ini es str as aç ão pú bli ca Fa La b. vo ou Fa ur a tro b. Pe Ex e s c m pr t ra uá an od t iva ria ut ut en os m ine çã m o r e a ta de l lu m rg Ce áq ico .e lu s lo tra se Fa to ,p b. re ap s d e In el pr dú R e o str ef gr du i ia no áf to ica f s do qu Be arm pe ím ac ne t ê ico ró fic leo iam utic s div a en e er to de so de pe s pr rfu Fa od m b. ut ar o de ia Se s ve ou rv Fa ge iço tro b. ta s s ó is in leo du prod s st ve ria utos g is et ais de alim e ut ilid nta r es ad e pú bl ica % da participação O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 50 45 40 35 30,10 30 25 15,68 15 4,67 2,09 4,36 3,20 Setores Fonte: Dados da Pesquisa Figura 9 Participação dos Insumos no Consumo Intermediário da Pecuária (Efeitos Diretos e Indiretos), Brasil - 1995 1,15 2,24 1,41 0 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Comparando a nível de setores demandantes de produtos agrícolas, observa-se que, em relação a 1995, a Agricultura apresenta as maiores interligações para frente em 16 setores, os quais juntos representam cerca de 93% dos efeitos diretos e indiretos das atividades econômicas sobre a Agricultura. Assim, têm-se os seguintes setores compondo o conjunto da Indústria de base agrícola, através do método GU, Tabela 12: Ø Pecuária Ø Madeira e mobiliário Ø Fabricação de elementos químicos Ø Farmácia e veterinária Ø Indústria têxtil Ø Fabricação de artigos do vestuário Ø Indústria do café Ø Beneficiamento de produtos vegetais Ø Abate de animais Ø Fabricação de açúcar Ø Fabricação de óleos vegetais Ø Fabricação de outros produtos alimentares Ø Construção civil Ø Comércio Ø Serviços prestados as famílias Ø Administração pública - 74 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 12 Matriz GU - Setores Demandantes de Produtos da Agricultura e Pecuária Brasil – 1995 Código 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Setores Agricultura Valor ( R$ milhões ) Agricultura Pecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e carvão Fab. de minerais não metálicos Siderurgia Metalurgia de não ferrosos Fab. outros produtos metalúrgicos Fab. e manutenção de máq. E tratores Fab. de material elétrico Fab. de elementos eletrônicos Fab. de automóveis, caminhões e ônibus Fab. de peças e outros veículos Madeira e mobiliário Celulose, papel e gráfica Indústria da borracha Fab. elementos químicos Refino do petróleo Fab. de produtos químicos diversos Indústria farmacêutica e de perfumaria Indústria de artigos de plásticos Indústria têxtil Fab. de artigos do vestuário Fab. de calçados Indústria do café Beneficiamento de produtos vegetais Abate de animais Indústria de laticínios Fab. de açúcar Fab. de óleos vegetais 450,5 30,0 −0,3 32,6 291,2 55,8 77,1 131,1 100,3 115,7 292,4 92,6 1.303,9 241,6 56,4 1.097,1 44,7 91,9 508,5 11,6 342,5 320,7 80,9 2.315,0 7.341,8 320,4 156,7 1205,8 3358,9 % 1,46 0,10 0,00 0,11 0,94 0,18 0,25 0,42 0,33 0,38 0,95 0,30 4,23 0,78 0,18 3,56 0,14 0,30 1,65 0,04 1,11 1,04 0,26 7,50 23,79 1,04 0,51 3,91 10,89 Pecuária Valor (R$ milhões ) 15,6 % 0,09 2,7 −0,0 1,1 3,6 1,7 2,0 7,0 5,6 11,0 17,3 4,7 144,1 7,3 1,1 4,3 1,9 2,3 40,1 0,9 71,2 72,6 332,1 3,0 38,9 8717,9 3334,2 4,5 52,5 0,02 0,00 0,01 0,02 0,01 0,01 0,04 0,03 0,07 0,10 0,03 0,86 0,04 0,01 0,03 0,01 0,01 0,24 0,01 0,43 0,43 1,99 0,02 0,23 52,13 19,94 0,03 0,31 ... (Continua) - 75 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 12 (Continuação) Código 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Setores Fab. de outros produtos alimentares Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não mercantis Total: Agricultura Valor ( R$ milhões ) 3.986,9 46,3 24,8 834,8 512,8 150,0 12,9 143,3 2.525,5 18,1 29,7 2.037,2 64,7 30.854,5 % 12,92 0,15 0,08 2,71 1,66 0,49 0,04 0,46 8,19 0,06 0,10 6,60 0,21 100,00 Pecuária Valor (R$ milhões ) 670,5 10,7 4,1 70,0 45,4 20,6 2,8 58,7 1.443,1 2,5 3,0 1.424,1 67,8 16.723,7 % 4,01 0,06 0,02 0,42 0,27 0,12 0,02 0,35 8,63 0,01 0,02 8,52 0,41 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa, Em relação a Pecuária, através do método GU (Tabela 12), observa-se que as interligações mais significativas (1% ou mais) se concentram em 6 setores, os quais juntos representam cerca de 96% dos efeitos diretos e indiretos das atividades econômicas sobre a pecuária. Assim, têm-se: Ø Fabricação de calçados Ø Abate de animais Ø Indústria de laticínios Ø Fabricação de outros produtos alimentares Ø Serviços prestados às famílias Ø Administração pública Através da utilização do método GU e complementarmente de outros indicadores pode-se definir o Complexo do Agronegócio como sendo composto dos seguintes setores industriais, além dos setores de Agricultura e Pecuária: - 76 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 1. Agricultura 1.1. Madeira e Mobiliário 1.2. Celulose, Papel e Gráfica 1.3. Fabricação de Elementos Químicos (Basicamente Álcool) 1.4. Indústria Têxtil 1.5. Fabricação de Artigos do Vestuário 1.6. Indústria do Café 1.7. Beneficiamento de Produtos Vegetais 1.8. Fabricação de Açúcar 1.9. Fabricação de Óleos Vegetais 1.10. Fabricação de Outros Produtos Alimentares 2. Pecuária 2.1. Fabricação de Calçados 2.2. Abate de Animais 2.3. Indústria de Laticínios Sendo que o sub-complexo do Agronegócio da Agricultura é composto além do Setor da Agricultura dos setores industriais numerados de 1.1 a 1.10, enquanto que o sub-complexo do Agronegócio da Pecuária é composto além do Setor da Pecuária dos setores industriais 2.1 a 2.3. O único setor que aparece na relação acima e que em princípio não pode ser explicado pela utilização do método GU é o setor de Celulose, Papel e Gráfica. Isto se dá pelo fato deste setor ser muito heterogêneo em termos da sua composição, incluindo o segundo, terceiro e quarto processamento do insumo madeira. Pela Figura 10 tem-se que da produção que se destina ao consumo intermediário, 30,67% fica dentro do próprio setor, sendo esta uma forte indicação de interdependência entres os sub-setores componentes deste setor maior. Se fosse feita a desagregação deste em 3 outros setores (Celulose, Papel e Gráfica), certamente teríamos o setor de Celulose fortemente dependente do setor agrícola, assim como o - 77 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 setor de Papel seria dependente dos setor de Celulose e na mesma linha o setor de Gráfica seria dependente do setor de Papel. Desta forma justifica-se a inclusão deste setor dentro do complexo do agronegócio. Por outro lado temos que a exclusão do setor de Farmácia e Veterinária, relacionado pelo método GU, se justifica pelo fato de que uma análise mais detalhada dos complexos produtivos dentro da matriz de insumo-produto mostra que este setor está muito mais relacionado com o complexo produtivo da indústria química do que com o complexo da agroindústria.21 A Tabela 13 apresenta como se distribui a produção dos setores que compõem o complexo do agronegócio. A produção destes setores se destina ou ao consumo intermediário, isto é, será utilizada por outro setor da economia, ou aos diversos componentes da demanda final, i.e.: a) formação bruta de capital fixo; b) exportações; c) variação de estoques; e d) consumo das famílias. Temos que os setores de Agricultura, Pecuária, Celulose, Papel e Gráfica, Elementos Químicos, e Têxtil têm a maior parte da sua produção destinada ao consumo intermediário. Os setores de Madeira e Mobiliário, Fabricação de Açúcar, e Fabricação de Óleos Vegetais apresentam mais ou menos o destino da sua produção dividida entre consumo intermediário e demanda final. Os outros setores têm a maior parte da sua produção destinada à demanda final. As exportações são nitidamente importantes para alguns dos setores apresentados, e em especial dos setores industriais de Calçados, Café, Açúcar e Óleos Vegetais que em 1995 exportaram mais de 25% da sua produção. Continuando a análise acima, através do estudo de como se dão as interrelações entre os setores dentro do consumo intermediário (porcentagem das vendas) é possível de se visualizar a interdependência entre os setores componentes do agronegócio. Neste aspecto, as Figuras 10 a 12 mostram, com nitidez, as principais interligações da atividade agropecuária com os setores produtivos do agronegócio, confirmando a grande articulação entre este setores. Desta forma, por exemplo, a seta da Figura 10 que vai do setor Agricultura para o setor Beneficiamento de Produtos Vegetais indica que da produção do setor Agricultura que se destina ao consumo intermediário (67,58% do total, Tabela 13): a) 22,22% é consumido dentro do - 78 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 próprio setor; b) 6,4% se destina à Indústria do Café; c) 23,65% ao Beneficiamento de Produtos Vegetais; e d) assim sucessivamente. Na Figura 10 são apresentados os resultados para o sub-complexo da Agricultura, enquanto que nas Figuras 11 e 12 são apresentados os resultados para o sub-complexo da Pecuária. Tabela 13 Destino da Produção dos Setores do Complexo do Agronegócio – 1995 Agricultura Pecuária Madeira e Mobiliário Celulose, Papel e Gráfica Elementos Químicos Têxtil Vestuário Calçados Café Benef. De Prod. Vegetais Abate de Animais Laticínios Açúcar Óleos Vegetais Outros Alimentos Consumo Form Bruta Exportação Intermed. Cap. Fixo 67,58 5,89 2,16 58,01 0,00 0,83 43,09 11,24 9,58 77,16 0,25 10,74 63,30 0,02 5,78 74,27 0,03 6,33 2,66 0,00 1,70 22,17 0,00 34,26 34,01 0,02 30,03 27,09 0,06 10,68 23,41 0,01 6,43 31,25 0,04 0,15 49,61 0,02 31,70 47,18 0,02 24,55 33,78 0,03 3,96 Var. de Estoque -0,44 10,38 0,74 0,17 -0,04 1,77 0,02 1,82 -0,07 0,74 2,82 1,20 -2,10 0,98 0,90 Fonte: Dados da Pesquisa 21 Os resultados apesar de não serem aqui apresentados podem ser obtidos junto aos autores. - 79 - Consumo Total Famílias Dem. Final 24,81 32,42 30,78 41,99 35,35 56,91 11,68 22,84 30,95 36,70 17,61 25,73 95,62 97,34 41,75 77,83 36,01 65,99 61,44 72,91 67,32 76,59 67,36 68,75 20,77 50,39 27,26 52,82 61,34 66,22 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 31.41 22.22 Madeira e mobiliário 4.69 (madeiraemobiliário) 75.53 1.43 Indústria do café Agricultura 6.42 (produtosdocafé) (café em coco, cana-de-açúcar, arroz em casca, trigo em grão, soja em grão, algodão em caroço, milho em grão, outros produtos Agropecuários) 2.61 Celulose, papel e gráfica 1.01 1.40 ( papel,celulose,papelão eartefatos) 5.42 Indústria têxtil (fiostêxteisnaturaise artificiais e tecidos naturais eartificiais) 1.95 2.32 4.54 45.64 30.67 15.18 4.21 1.91 1.95 1.49 Outros produtos alimentares 30.63 (rações , outros produtos alimentaresebebidas) 6.65 10.00 Artigosdovestuário Fabricação de açúcar (artigos de vestuário) (açúcar) 0.01 26.85 26.09 2.13 4.78 63.76 6.48 23.65 1.38 1.39 12.4 3 Fabricação de óleos vegetais (óleosvegetaisembruto e óleos vegetaisrefinados) Beneficiamento de produtos vegetais 4.47 12.26 34.80 38.66 1.51 1.06 Elementos químicos 1.82 (elementos químicos não petroquímicos,álcoolde canaedecereais) 16.20 5.37 2.13 4.19 Fonte: Dados da Pesquisa Figura 10 Destino da Produção dentro do Consumo Intermediário do Sub-Complexo da Agricultura, 1995 - 80 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 63.02 Indústria de Laticínios ( leite beneficiado e outros laticínios) 17.45 24.2 0 Pecuária ( bovinos, suínos, leite natural, aves vivas e produtos animais) 1.36 1.62 43.31 72.92 Abate de animais Calçados ( carne bovina e carne de aves abatidas ) ( produtos de couro e calçados ) 45.87 0.23 11.28 1.56 Fonte: Dados da Pesquisa Figura 11 Destino da Produção dentro do Consumo Intermediário do Sub-Complexo da Pecuária, 1995 Versão Simplificada - 81 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Madeira e mobiliário 1.91 31.41 (madeira e mobiliário) 0,9 1.56 72.92 43.31 11.28 Calçados Abate de animais (produtos de couro e calçados) 0,21 (carne bovina e carne de aves abatidas) 45.87 0.2 1.44 Pecuária (bovinos,suínos, leitenatural, avesvivase produtos animais) 1.62 1.36 28.89 24.20 6.32 Artigos do vestuário 0,01 3.15 8.51 Outros produtos alimentares ( artigos de vestuários) (rações, outros produtos alimentares e bebidas ) 10.00 15.18 6.00 63.02 Indústria de laticínios Fabricação de óleos vegetais ( leite beneficiado e outros laticínios ) (óleos vegetais em bruto e óleos vegetais refinados) 17.45 0,03 38.66 Fonte:Dados da Pesquisa Figura 12 Destino da Produção dentro do Consumo Intermediário do Sub-Complexo da Pecuária, 1995 Versão Expandida - 82 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 As Figuras 13 a 27 apresentam a estrutura de insumos para cada um dos setores que fazem parte do Complexo do Agronegócio. Através destes quadros é possível observar como se dá a composição do consumo intermediário e do valor adicionado destes setores. Em cada quadro temos na parte superior a composição dos insumos nacionais com a sua respectiva participação no total destes insumos, a seguir temos como o consumo intermediário se divide entre insumos nacionais, importados e impostos indiretos líquidos. A parte do valor adicionado é dividida em remunerações, rendimento dos autônomos, excedente operacional bruto, e impostos líquidos sobre a atividade. Sendo que o valor da produção de um dado setor se constitui da adição do consumo intermediário e do valor adicionado. Na próxima seção, utilizando-se a metodologia e a composição delineada do complexo agropecuário são apresentados a estrutura do Agronegócino brasileiro em 1995. - 83 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CaféemCoco (6,77%) Insumos Nacionais (91,03%) Cana-de-açúcar (1,34%) OUTROS Produtos da Lavoura (21,05%) MilhoemGrão (11,51%) Óleos Combustíveis (7,21%) Adubos (17,61%) Pesticidas, Fungicidas e Herbicidas (9,29%) Outros Produtos Alimentares (2,23%) Serviços (18,39%) Diversos (4,60%) Importados (2,71%) Impostos Indiretos Líquidos (6,26%) Excedente Operacional Bruto (89,92%) Impostos Líquidos sobre Atividade (–6,50%) Autônomos (0,57%) Remuneraçõe s (16,00%) Consumo Intermediário (41,02%) Valor Adicionado Preço Básico (58,98%) Agricultura Fonte: Dados da Pesquisa Figura 13 Estrutura dos Insumos do Setor de Agricultura, 1995 - 84 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Insumos Nacionais (90,36%) Bovinos e suínos (5,69%) Leite Natural (11,29%) Aves Vivas (5,88%) Outros Produtos Agropecuários (23,77%) Sal (2,00%) Óleos Combustiveís (5,24%) Adubos (3,26%) SoroseVacinas (1,96%) Rações (27,87%) Utilidades Públicas (1,16%) Serviços (8,63%) Diversos (3,25%) Importados (3,34%) Impostos Indiretos Líquidos (6,30%) Autônomos (0,39%) Consumo Intermediário (33,84%) Remunerações (10,75%) Valor Adicionado Preço Básico (66,16%) Pecuária (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 14 Estrutura dos Insumos do Setor de Pecuária, 1995 - 85 - Excedente Operacional Bruto (88,86%) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Madeira, Reflorestamento e Outros Agrícolas (24,97%) Madeirae Mobiliário (24,62%) Produtos da Pecuária (2,77%) Papel,Celulose, Papelão e Artefatos (1,42%) Produtos Têxteise Vestuário (2,28%) Insumos Nacionais (96,90%) Produtos Metalúrgicos e Siderúrgicos (5,39%) Óleos Combustíveis (4,45%) Utilidades Públicas (2,99%) Importados (2,45%) Máquinas e Equipamentos (1,26%) Produtos Químicos Diversos (4,94%) Serviços (17,69%) Impostos Indiretos Líquidos (0,65%) Consumo Intermediário (56,90%) Artigos de Plástico (4,91%) Diversos (2,31%) Excedente Operacional Bruto (44,76%) Impostos Líquidos sobre Atividade (7,78%) Autônomos (9,97%) Remuneraçõe s (37,48%) Valor Adicionado Preço Básico (43,10%) Madeira e Mobiliário (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 15 Estrutura dos Insumos do Setor de Madeira e Mobiliário, 1995 - 86 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Produtos da Lavoura (4,18%) Produtos Metalúrgicos (1,35%) Máquinas e Equipamentos (3,22%) Madeirae Mobiliário (1,07%) Papel,Celulose, Pa,pelãoe Artefatos (46,10%) Elementos Químicos (9,68%) Óleos Combustíveis Utilidades Públicas Serviços (20,24%) Diversos (5,90%) (3,84%) (4,42%) Excedente Operacional Impostos Líquidos sobre Atividade (9,35%) Bruto Insumos Nacionais (90,26%) Importados (8,80%) Impostos Indiretos Líquidos (0,95%) Autônomos (3,97%) Consumo Intermediário (67,08%) Remunerações (42,82%) Valor Adicionado Preço Básico (32,92%) Celulose-Papel e Gráfica (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 16 Estrutura dos Insumos do Setor de Celulose, Papel e Gráfica, 1995 - 87 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Cana-de-açúcar (36,65%) Produtos Minerais (4,73%) Produtos Metalúrgicos e Siderúrgicos (2,08%) Máquinas e Equipamentos (7,12%) Elementos Químicos não Petroquímicos (6,73%) Óleos Combustíveis (7,15%) Produtos Químicos Diversos (1,72%) Açúcar (7,22%) ÓleosVegetais (1,62%) Utilidades Públicas (8,28%) Serviços (12,11%) Diversos (4,59%) Insumos Nacionais (92,99%) Importados (5,90%) Impostos Indiretos Líquidos (1,11%) Consumo Intermediário (57,11%) Remunerações (16,07%) Excedente Operacional Bruto (76,54%) Impostos Líquidos sobre Atividade (7,39%) ValorAdicionado Preço Básico (42,89%) Fabricação de Elementos Químicos (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 17 Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Elementos Químicos, 1995 ( Basicamente Álcool de Cana e de Cereais) - 88 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Algodãoem Caroço (4,28%) Outros Produtos Agropecuários (3,73%) Máquinas e Equipamentos (2,49%) Papel,Celulose, Papelão e Artefatos (1,15%) Óleos Combustíveis (10,41%) Produtos Químicos Diversos (2,93%) Artigos de Plástico (1,05%) Produtos Têxteis eVestuário (55,79%) Utilidades Públicas (2,82%) Insumos Nacionais (86,35%) Importados (12,35%) Serviços (12,78%) Diversos (2,57%) Impostos Indiretos Líquidos (1,29%) Consumo Intermediário (71,02%) Excedente Operacional Bruto (63,06%) Impostos Líquidos sobre Atividade (9,79%) Autônomos (0,15%) Remunerações (26,99%) Valor Adicionado Preço Básico (28,98%) Indústria Têxtil (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 18 Estrutura dos Insumos do Setor da Indústria Têxtil, 1995 - 89 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Produtos Agropecuários (0,08%) Papel,Celulose, Papelão e Artefatos (1,66%) Produtos Têxteis eVestuário (76,74%) Óleos Combustíveis (1,42%) Produtos de CouroeCalçados (1,50%) Serviços (13,62%) Insumos Nacionais (92,01%) Importados (6,56%) Artigos de Plástico (1,11%) Utilidades Públicas (1,15%) Diversos (2,72%) Impostos Indiretos Líquidos (1,43%) Consumo Intermediário (61,47%) Excedente Operacional Bruto (6,32%) Impostos Líquidos sobre Atividade (8,74%) Autônomos (42,71%) Remunerações (42,23%) Valor Adicionado Preço Básico (38,53%) Fabricação de Artigos do Vestuário (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 19 Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Artigos do Vestuário, 1995 - 90 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Produtos Agropecuários (0,51%) Produtos Metalúrgicos (1,13%) Máquinas e Equipamentos (1,07%) Papel,Celulose, Papelão e Artefatos (4,87%) Produtos Derivados da Borracha (9,00%) Óleos Combustíveis (6,08%) Produtos Químicos Diversos (1,04%) Artigos de Plástico (7,76%) Proodutos Têxteise Vestuário (3,40%) Produtos de CouroeCalçados (27,52%) Carne Bovina (14,75%) Insumos Nacionais (90,15%) Utilidades Públicas (2,05%) Importados (7,83%) Serviços (13,65%) Impostos Indiretos Líquidos (2,02%) Consumo Intermediário (65,17%) Diversos (2,97%) Excedente Operacional Bruto (42,29%) Impostos Líquidos sobre Atividade (7,20%) Autônomos (0,48%) Remunerações (50,04%) Valor Adicionado Preço Básico (34,83%) Fabricação de Calçados (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 20 Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Calçados, 1995 - 91 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CAFÉ EMCOCO (47,56%) Produtos Agropecuários (0,33%) ProdutosdoCafé (42,32%) Insumos Nacionais (99,52%) ÓleosCombustíveis (0,74%) Serviços (6,04%) Importados (0,19%) Diversos (3,01%) Impostos Indiretos Líquidos (0,29%) Consumo Intermediário (73,88%) Excedente Operacional Bruto (70,64%) Impostos Líquidos sobre Atividade (9,14%) Autônomos (0,60%) Remunerações (19,62%) Valor Adicionado Preço Básico (26,12%) Indústria do Café (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 21 Estrutura dos Insumos do Setor da Indústria do Café, 1995 - 92 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 ArrozemCasca (11,88%) Outros Produtos daPecuária (0,12%) TrigoemGrão (1,05%) Produtos Minerais (1,04%) Produtos Alimentares (6,81%) Insumos Nacionais (93,57%) MilhoemGrão (2,89%) Produtos Metalúrgicos (1,99%) Utilidades Públicas (1,37%) Importados (5,46%) Outros Produtos da Lavoura (50,22%) Papel,Celulose, Papelão e Artefatos (3,00%) Serviços (15,00%) Impostos Indiretos Líquidos (0,96%) Consumo Intermediário (75,90%) Óleos Combustíveis (1,64%) Diversos (2,99%) Excedente Operacional Bruto (58,33%) Impostos Líquidos sobre Atividade (13,13%) Autônomos (0,68%) Remunerações (27,86%) Valor Adicionado Preço Básico (24,10%) Beneficiamento de Produtos Vegetais (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 22 Estrutura dos Insumos do Setor de Beneficiamento de Produtos Vegetais, 1995 - 93 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Bovinos e Suínos (50,47%) Aves Vivas (15,25%) CarneBovina (13,83%) Insumos Nacionais (98,82%) Outros Produtos da Agropecuária (1,37%) Utilidades Públicas (1,16%) Importados (0,72%) Impostos Indiretos Líquidos (0,46%) ConsumoIntermediário (79,37%) Artigos de Plástico (1,20%) Serviços (11,55%) Excedente Operacional Bruto (54,27%) Impostos Líquidos sobre Atividade (15,23%) Autônomos (0,69%) Remunerações (29,81%) Valor Adicionado Preço Básico (20,63%) Abate de Animais (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 23 Estrutura dos Insumos do Setor de Abate de Animais, 1995 - 94 - Diversos (5,17%) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Outros Produtos da Pecuária (0,36%) Leite Natural (56,01%) Artigos de Plástico (2,11%) Produtos Metalúrgicos (1,37%) Leite Beneficiado (23,95%) Produtos Alimentares (4,83%) Serviços (7,23%) Insumos Nacionais (97,33%) Importados (2,03%) Impostos Indiretos Líquidos (0,64%) Papel,Celulose, PapelãoeArtefatos (1,21%) Diversos (2,93%) Remunerações (21,91%) Consumo Intermediário (79,22%) Excedente Operacional Bruto (63,08%) Valor Adicionado Preço Básico (20,78%) Indústria de Laticínios (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 24 Estrutura dos Insumos do Setor da Indústria de Laticínios, 1995 - 95 - Impostos Líquidos sobre Atividade (15,00%) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Outros Produtos da Lavoura (0,18%) Cana-de-Açúcar (40,73%) Insumos Nacionais (97,28%) Produtos Metalúrgicos (1,19%) Máquinas e Equipamentos (7,32%) PAPEL, CELULOSE, PAPELÃOE ARTEFATOS (1,68%) Óleos Combustíveis (1,87%) Produtos Têxteis e Vestuário(5,09%) Açuúcar (23,24%) Serviços (11,59%) Diversos (7,11%) Importados (2,04%) Impostos Indiretos Líquidos (0,67%) Consumo Intermediário (79,07%) Remunerações (44,74%) Excedente Operacional Bruto (39,59%) Valor Adicionado Preço Básico (20,93%) Fabricação de Açúcar (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 25 Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Açúcar, 1995 - 96 - Impostos Líquidos sobre Atividade (15,67%) O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 SojaemGrão (42,90%) Outros Produtos da Lavoura (5,80%) Produtos Metalúrgicos (3,25%) Papel,Celulose, Papelão e Artefatos (1,19%) Óleos Combustíveis (1,47%) Produtos Têxteis eVestuário (2,12%) ÓleoVegetal emBruto (23,11%) Proodutos Alimentares (3,59%) Utilidades Públicas (1,12%) Insumos Nacionais (95,35%) Importados (4,00%) Serviços (13,16%) Impostos Indiretos Líquidos (0,64%) Consumo Intermediário (84,32%) Diversos (2,29%) Remunerações (15,09%) Excedente Operacional Bruto (65,41%) Impostos Líquidos sobre Atividade (19,51%) Valor Adicionado Preço Básico (15,68%) Fabricação de Óleos Vegetais (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 26 Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Óleos Vegetais, 1995 - 97 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Cana-deAçúcar (1,05%) Algodãoem Caroço (1,06%) MilhoemGrão (6,92%) Outros Produtos da Lavoura (4,86%) Outros Produtos daPecuária (3,60%) Produtos Minerais (2,95%) Produtos Metalúrgicos (2,39%) Máquinas e Equipamentos (1,11%) Papel,Celulose, Papelão e Artefatos 4,65%) Óleos Combustíveis (2,30%) Adubos (1,74%) Artigos de Plástico (1,56%) Farinhade Trigo (13,85%) Outros Produtos Alimentares (6,83%) CarneBovina (1,12%) Açúcar (4,33%) ÓleoVegetal (8,90%) Rações e Outros Alimentares (3,77%) Bebidas (4,17%) Utilidades Públicas (2,33%) Serviços (18,01%) Diversos (2,50%) Insumos Nacionais (92,80%) Importados (5,91%) Impostos Indiretos Líquidos (1,29%) Consumo Intermediário (71,05%) Excedente Operacional Bruto (52,72%) Impostos Líquidos sobre Atividade (11,24%) Autônomos (0,84%) Remunerações (35,20%) Valor Adicionado Preço Básico (28,95%) Fabricação de Outros Produtos Alimentares (100%) Fonte: Dados da Pesquisa Figura 27 Estrutura dos Insumos do Setor de Fabricação de Outros Produtos Alimentares, 1995 ( Inclui Rações, Bebidas e Outros alimentos ) - 98 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 4. 4 Estrutura do Agronegócio no Brasil em 1995 Pelo fato do ano de 1995 ser o ano mais recente para o qual foi realizado o censo agropecuário e também pelo fato dos seus resultados serem representativos do que está acontecendo em termos do agronegócio no Brasil, como pode ser observado pela análise apresentada, este foi escolhido como ano base de ponderação a ser utilizado nas estimativas de crescimento do PIB, assim como para se proceder a abertura do setor agropecuário em setor agrícola e pecuário. Em termos de valores a Tabela 14 e a Figura 28 mostram a estrutura de participação dos diversos componentes do agronegócio. Pela observação da tabela temos que em 1995 o PIB do agronegócio total (R$ 184.868 milhões de 1995) representava aproximadamente 29% do PIB do Brasil, enquanto que o PIB do agronegócio da agricultura (R$ 131.897 milhões de 1995) representava 20,5% do PIB do Brasil e o da pecuária (R$ 52.971 milhões de 1995) 8,5% do PIB do Brasil. O valor total do PIB do agronegócio em cada um dos seus complexos pode ser divido em: a) insumos; b) o próprio setor; c) processamento; e d) distribuição e serviços. Com relação a estes quatro componentes temos que no caso da agricultura a participação destes, em 1995, são respectivamente de 7,41%, 19,07%, 41,24%, e 32,28%. Para a pecuária os valores apresentados são 10,85%, 35,73% , 19,48%, e 33,93%. Para o complexo do agronegócio como um todo os valores são 8,40%, 23,84%, 35,01% e 32,76% respectivamente. Chama a atenção a alta participação do componente de serviços e de distribuição em todos os complexos, com um valor em torno de 33%. No caso da agricultura o peso maior é do componente de processamento, enquanto que na pecuária, o próprio setor é que possui uma maior participação no PIB, isto acontece pela própria diversidade do setor agrícola que possui um maior número de indústrias processadoras do que o setor da pecuária. - 99 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 14 Estrutura do Agronegócio no Brasil – 1995 (R$ Milhões de 1995) Agricultura Insumos Agricultura Indústria Distribuição Total Total Insumos Agropecuária Indústria Distribuição Total Valor (R$ Milhões) 9.772,4 25.146,7 54.397,0 42.580,5 131.896,7 Part. (%) 7,41 19,07 41,24 32,28 100,00 Valor (R$ Milhões) Part. (%) 15.520,9 44.074,6 64.718,3 60.553,6 184.867,3 8,40 23,84 35,01 32,76 100,00 PIB Agricultura PIB Pecuária PIB Agronegócio Valor Part PIB (R$ Milhões) Brasil (%) 131.896,7 20,41 52.970,6 8,20 184.867,3 28,61 PIB Brasil 646.191,5 Total Pecuária Insumos Pecuária Indústria Distribuição Total Total Insumos Agropecuária Indústria Distribuição Total Fonte: Dados da Pesquisa - 100 - Valor (R$ Milhões) 5.748,4 18.927,9 10.321,3 17.973,0 52.970,6 Part. (%) 10,85 35,73 19,48 33,93 100,00 Part. Agricultura (%) 62,96 57,05 84,05 70,32 71,35 Part. Pecuária (%) Total 37,04 42,95 15,95 29,68 28,65 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Insumos 7,41% Agricultura 19,07% Insumos 10,85% Pecuária 35,73% Indústria 35,01% Dist. e Serv. 32,28% Indústria 19,48% Dist. e Serv. 39,93% PIB Agricultura 71,35% PIB Pecuária 28,65% PIB Agronegócio 100% Ins. Pecuária 37,04% Pecuária 42,95% Ins. Agricultura 62,96% Ins. Agroneg. 8,40% Agropecuária 23,84% Agricultura 57,05% Ind. Agroneg.. 35,01% Ind. Agricultura 84,05% PIB Agronegócio 100% Dist. e Serv. Agri. 70,32% Dist. e Serv. Agroneg. 37,76% Ind. Pecuária 15,95% Dist. e Serv. Pec. 29,68% Fonte: Dados da Pesquisa Figura 28 Representação Esquemática do Processo de Obtenção do PIB do Agronegócio, 1995 - 101 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 A Tabela 15 e a Figura 29 apresentam a contribuição de cada setor para o PIB total do agronegócio em 1995, temos então que o Complexo da Agricultura responde por 71,35% deste valor, enquanto que a participação do Complexo da Pecuária é de 28,65%. O Setor da agricultura é o que responde por uma participação maior, com 23,33% do agronegócio, seguido pelo setor da pecuária com 17,10%. Dos setores industriais os mais importantes são o de Outros Alimentos com 10,63%, justamente por englobar uma gama muito grande de produtos processados cuja base é a agricultura, o de Beneficiamento de Produtos Vegetais com 7,57% e o de Abate de animais com 6,20%.22 A Tabela 16 apresenta como os diversos setores contribuem para o PIB do Agronegócio da Agricultura, da Pecuária, do Total da Agropecuária, e do Brasil. Através desta tabela é possível se perceber a diferença das estruturas produtivas dos diversos complexos, mostrando que cada um deles funciona diferente dos outros. Portanto, na medida em que se puder chegar a um nível de detalhamento maior, melhores serão as estimativas obtidas. A estrutura de ponderação, dentro dos segmentos, em termos dos setores que compõem o Agronegócio da Agricultura, da Pecuária, e Total é apresentada nas Tabelas 17 a 19. Dentro do setor de agricultura e de pecuária é necessário a estimação do seu crescimento, para tanto foram selecionados os principais produtos dentro de cada setor, os quais são apresentados nas Tabelas 20 e 21 juntamente com o seu esquema de ponderação. Deste modo a estrutura de cálculo das estimativas de crescimento do complexo do agronegócio passa por uma série de ponderações, as quais são apresentadas de forma esquemática na Figura 28. As ponderações aqui apresentadas para o ano de 1995 são reestimadas a cada ano, sendo que as ponderações de 1995 são utilizadas em 1996, as de 1996 em 1997 e assim sucessivamente. Na próxima seção, utilizando-se das informações apresentadas na seção 4.3 com relação aos setores componentes do agronegócio são apresentados os resultados referentes à mensuração do PIB do agronegócio no período de 1994 a 1999 segundo a metodologia apresentada no Capítulo 3. 22 A composição de cada um dos setores em termos de produtos é apresentada no Anexo 2. - 102 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 15 Contribuição de Cada Setor para o PIB do Agronegócio – 1995 Setor Agricultura Outros Alimentos Beneficiamento de Produtos Vegetais Celulose, Papel e Gráfica Madeira e Mobiliário Vestuário Têxtil Elementos Químicos (Álcool) Óleos Vegetais Café Açúcar Pecuária em Geral Abate de Animais em Geral Laticínios Calçados TOTAL Complexo Agricultura Complexo Pecuária TOTAL Fonte: Dados da Pesquisa - 103 - Valor (R$ Milhões de 1995) 43.121,1 19.658,2 14.002,3 9.890,8 9.556,5 9.287,2 8.339,3 6.836,9 4.952,5 3.445,6 2.806,2 31.615,9 11.458,0 5.118,3 4.778,4 184.867,3 Part. (%) 23,33 10,63 7,57 5,35 5,17 5,02 4,51 3,70 2,68 1,86 1,52 17,10 6,20 2,77 2,58 100,00 131.896,7 52.970,6 184.867,3 71,35 28,65 100,00 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 45,000 23.33% 40,000 17.10% 30,000 25,000 10.63% 20,000 7.57% 6.20% Fonte: Tabela 15 Figura 29 Contribuição dos Agregados para o Agronegócio, 1995 - 104 - Calçados Laticínios 2.77% 2.58% 2.68% 1.86%1.52% Abate Animais Elem Quím Têxtil Vestuário Mad e Mob Cel, Papel e Gráf Benef Prod Veg Outros Alim 0 Agricultura 5,000 Pecuária 3.70% Açúcar 5.35% 5.17% 5.02% 4.51% 10,000 Café 15,000 Óleos Veg R$ Milhões 35,000 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 16 Estrutura da Composição do Agronegócio no Brasil – 1995. Setor Agricultura Pecuária Extrativa Mineral Petróleo e Gás Mineral não Metálico Siderurgia Metalúrgicos não Ferrosos Outros Metalúrgicos Máquinas e Equipamentos Material Elétrico Equipamentos Eletrônicos Automóveis, Caminhões e Ônibus Peças e Outros Veículos Madeira e Mobiliário Celulose, Papel e Gráfica Indústria da Borracha Elementos Químicos Refino do Petróleo Químicos Diversos Farmácia e Veterinária Artigos Plásticos Indústria Têxtil Artigos do Vestuário Fabricação de Calçados Indústria do Café Beneficiamento de Produtos Vegetais Abate de Animais Indústria de Laticínios Fabricação de Açúcar Fabricação de Óleos Vegetais Outros Produtos Alimentares Indústrias Diversas Serviços Industriais de Utilidade Pública Construção Civil Distribuição e Serviços Total Agricultura 22,43 0,00 0,02 0,00 0,01 0,00 0,00 0,03 0,07 0,00 0,00 0,00 0,00 4,70 5,84 0,00 3,68 0,43 1,30 0,03 0,06 4,72 3,74 0,00 1,26 5,79 0,00 0,00 1,15 1,59 9,03 0,02 0,08 0,00 34,01 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa - 105 - Pecuária 0,00 41,57 0,12 0,00 0,06 0,00 0,00 0,04 0,07 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,00 0,01 0,40 0,27 0,24 0,04 0,02 0,00 5,07 0,00 0,02 9,71 4,75 0,00 0,16 2,19 0,02 0,13 0,00 35,06 100,00 Agronegócio 16,01 11,91 0,05 0,00 0,02 0,00 0,00 0,03 0,07 0,00 0,00 0,00 0,00 3,36 4,17 0,00 2,63 0,42 1,01 0,09 0,06 3,37 2,67 1,45 0,90 4,13 2,78 1,36 0,82 1,18 7,07 0,02 0,10 0,00 34,31 100,00 Brasil 4,58 3,41 0,38 0,42 1,49 0,88 0,48 1,46 2,20 1,00 1,28 1,54 1,31 0,96 1,19 0,50 0,75 2,65 0,86 1,05 0,67 0,96 0,76 0,42 0,26 1,18 0,80 0,39 0,23 0,32 1,84 0,83 2,69 7,77 52,47 100,00 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 17 Estrutura de Ponderação (%) dos Segmentos do Agronegócio da Agricultura, 1995 Setor Agricultura Pecuária Extrativa Mineral Petróleo e Gás Mineral não Metálico Siderurgia Metalúrgicos não Ferrosos Outros Metalúrgicos Máquinas e Equipamentos Material Elétrico Equipamentos Eletrônicos Automóveis, Caminhões e Ônibus Peças e Outros Veículos Madeira e Mobiliário Celulose, Papel e Gráfica Indústria da Borracha Elementos Químicos Refino do Petróleo Químicos Diversos Farmácia e Veterinária Artigos Plásticos Indústria Têxtil Artigos do Vestuário Fabricação de Calçados Indústria do Café Beneficiamento de Produtos Vegetais Abate de Animais Indústria de Laticínios Fabricação de Açúcar Fabricação de Óleos Vegetais Outros Produtos Alimentares Indústrias Diversas Serviços Industriais de Utilidade Pública Construção Civil Distribuição e Serviços Total Insumos 45,46 0,00 0,28 0,00 0,16 0,01 0,01 0,36 0,90 0,03 0,02 0,01 0,04 0,36 0,13 0,01 0,53 5,77 17,57 0,35 0,83 0,46 0,01 0,00 0,00 0,07 0,01 0,01 0,00 0,14 1,83 0,22 1,09 0,01 23,31 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa - 106 - Agricultura 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 Indústria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,34 14,15 0,00 8,83 0,00 0,00 0,00 0,00 11,35 9,07 0,00 3,05 14,02 0,00 0,00 2,79 3,83 21,57 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 Distrib. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 100,00 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 18 Estrutura de Ponderação (%) dos Segmentos do Agronegócio da Pecuária, 1995 Setor Agricultura Pecuária Extrativa Mineral Petróleo e Gás Mineral não Metálico Siderurgia Metalúrgicos não Ferrosos Outros Metalúrgicos Máquinas e Equipamentos Material Elétrico Equipamentos Eletrônicos Automóveis, Caminhões e Ônibus Peças e Outros Veículos Madeira e Mobiliário Celulose, Papel e Gráfica Indústria da Borracha Elementos Químicos Refino do Petróleo Químicos Diversos Farmácia e Veterinária Artigos Plásticos Indústria Têxtil Artigos do Vestuário Fabricação de Calçados Indústria do Café Beneficiamento de Produtos Vegetais Abate de Animais Indústria de Laticínios Fabricação de Açúcar Fabricação de Óleos Vegetais Outros Produtos Alimentares Indústrias Diversas Serviços Industriais de Utilidade Pública Construção Civil Distribuição e Serviços Total Insumos 0,02 53,78 1,11 0,00 0,53 0,00 0,00 0,40 0,67 0,02 0,01 0,01 0,03 0,10 0,05 0,00 0,09 3,70 2,53 2,24 0,36 0,20 0,00 0,17 0,00 0,14 0,28 0,00 0,01 1,47 20,22 0,18 1,24 0,01 10,40 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa - 107 - Agricultura 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 Indústria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 25,91 0,00 0,00 49,69 24,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 Distrib. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 100,00 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 19 Estrutura de Ponderação (%) dos Segmentos do Agronegócio Total, 1995 Setor Agricultura Pecuária Extrativa Mineral Petróleo e Gás Mineral não Metálico Siderurgia Metalúrgicos não Ferrosos Outros Metalúrgicos Máquinas e Equipamentos Material Elétrico Equipamentos Eletrônicos Automóveis, Caminhões e Ônibus Peças e Outros Veículos Madeira e Mobiliário Celulose, Papel e Gráfica Indústria da Borracha Elementos Químicos Refino do Petróleo Químicos Diversos Farmácia e Veterinária Artigos Plásticos Indústria Têxtil Artigos do Vestuário Fabricação de Calçados Indústria do Café Beneficiamento de Produtos Vegetais Abate de Animais Indústria de Laticínios Fabricação de Açúcar Fabricação de Óleos Vegetais Outros Produtos Alimentares Indústrias Diversas Serviços Industriais de Utilidade Pública Construção Civil Distribuição e Serviços Total Insumos 28,63 19,92 0,59 0,00 0,29 0,01 0,00 0,38 0,81 0,03 0,02 0,01 0,04 0,27 0,10 0,01 0,37 5,01 12,00 1,05 0,66 0,37 0,01 0,07 0,00 0,10 0,11 0,01 0,01 0,63 8,64 0,20 1,15 0,01 18,53 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa - 108 - Agricultura 57,05 42,95 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 Indústria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 9,53 11,89 0,00 7,42 0,00 0,00 0,00 0,00 9,54 7,62 4,13 2,56 11,78 7,93 3,89 2,35 3,22 18,13 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 Distrib. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 100,00 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 20 Estrutura de Ponderação dos Produtos Selecionados da Agricultura Setor Ponderação (%) 1,60 0,10 6,81 2,63 1,43 1,02 10,52 22,65 0,49 4,34 3,36 4,08 0,02 5,03 13,79 0,15 18,10 1,74 0,94 1,20 100,00 Algodão Amendoim em casca Arroz em casca Banana Batata Inglesa Cacau Café Cana-de-Açúcar Cebola Feijão em grão Fumo em folha Laranja Mamona Mandioca Milho em grão Sisal Soja em grão Tomate Trigo em grão Uva Total Fonte: Dados da Pesquisa - 109 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 21 Estrutura de Ponderação dos Produtos Selecionados da Pecuária Setor Ponderação (%) 44,62 17,33 25,78 4,86 7,41 100,00 Carne Bovina Carne de Frango Leite Ovos Carne de Suínos Total Fonte: Dados da Pesquisa 4.5 A Evolução do PIB do Agronegócio no Brasil de 1994 a 1999 Em relação aos resultados do Agronegócio brasileiro as estimativas do projeto CNA / CEPEA-USP mostram a importância que este complexo tem desempenhado na economia nacional respondendo por cerca de 27% do PIB em 1999. A Figura 30 apresenta a trajetória da participação do PIB do Agronegócio no PIB do Brasil no período de 1994 a 1999. Como pode ser visualizado pela ilustração, a participação do PIB do Agronegócio brasileiro representou aproximadamente 29% do PIB do Brasil em 1994, sendo que apresentou uma tendência declinante até 1998 quando apresentou um dos valores mais baixos de participação do período, 26,41%. - 110 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 35 28,97 28,61 27,42 26,23 26,41 26,93 30 25 20 % 15 10 5 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Ano Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP Figura 30 Participação do PIB do Agronegócio Total no PIB do Brasil (%) 1994 a 1999 O Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio do Brasil, para o ano de 1999, foi estimado em R$269.467,7 milhões, registrando em relação ao ano de 1998, crescimento real de 1,85% (Tabela 22). Esse crescimento, em comparação com os anos que se sucederam ao Plano Real, pode ser visto como o segundo melhor desempenho do período (Figura 31). - 111 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 22 PIB do Agronegócio e do Brasil a Preços de Mercado, 1994 a 1999 (R$ milhões de 1999) Participação do PIB do PIB Agronegócio PIB Brasil Agronegócio no PIB do Brasil (%) 262.135,1 904.759,2 28,97 269.785,0 942.974,3 28,61 265.410,4 968.044,1 27,42 263.060,9 1.002.915,0 26,23 264.580,6 1.001.666,4 26,41 269.467,7 1.000.664,8 26,93 Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP 3 2,5 2 1,5 1 % 0,5 0 -0,5 -1 -1,5 -2 2,92 1,85 0,58 -0,89 -1,62 1995 1996 1997 1998 1999 Ano Fonte: Dados de Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Figura 31 Variação Anual do PIB do Agronegócio Total – 1994 a 1999. - 112 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 A Tabela 23 mostra a evolução do PIB do Agronegócio Brasileiro, tanto em termos globais (total) como para os dois sub-complexos que o compõem (Agricultura e Pecuária), com os correspondentes segmentos a montante e a jusante, no período de 1994 a 1999. Tabela 23 PIB do Agronegócio Brasileiro (R$ milhões de 1999) AGRONEGÓCIO Anos 1994 1995 1996 Agronegócio Insumos Agropecuária Indústria Distribuição 262.135,1 23.372,5 62.760,5 88.031,6 87.970,6 1997 1998 1999 269.785,0 22.650,2 64.320,0 94.446,3 88.368,5 265.410,4 22.895,6 61.869,7 90.298,1 90.347,0 263.060,9 22.582,0 60.989,2 90.808,5 88.681,2 264.580,6 23.924,9 64.790,4 86.023,5 89.841,9 269.467,7 25.996,6 64.719,7 88.357,2 90.394,3 Agricultura Insumos Agricultura Indústria Distribuição 189.094,8 14.968,9 36.687,8 74.441,5 62.996,5 192.482,6 14.261,3 36.697,7 79.384,0 62.139,6 190.780,8 14.787,0 36.494,7 75.114,4 64.384,7 191.134,4 14.741,8 36.421,7 76.374,8 63.596,2 189.458,8 15.494,0 38.329,4 72.190,1 63.445,3 189.697,8 16.295,0 36.349,7 74.306,9 62.745,6 Pecuária Insumos Pecuária Indústria Distribuição 73.040,4 8.403,6 26.072,6 13.590,1 24.974,1 77.302,3 8.388,9 27.622,3 15.062,3 26.228,9 74.629,6 8.108,6 25.375,0 15.183,7 25.962,3 71.926,5 7.840,2 24.567,4 14.433,8 25.085,0 75.121,78 8.430,8 26.461,0 13.833,4 26.396,6 79.770,4 9.701,5 28.369,9 14.050,3 27.648,7 Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Especificamente, em relação ao crescimento anual dos sub-complexos, constata-se que o segmento Pecuária foi o que apresentou os melhores resultados para 1998 e 1999, com taxas de variação real de 4,44% e 6,19%, respectivamente, em confronto com as de –0,88% e 0,13% para a agricultura (Figuras 32 e 33). Com relação à participação dos componentes no PIB do Agronegócio, pela Tabela 23, observa-se que a contribuição dos insumos apresentou tendência de crescimento para o complexo total no período analisado. Embora, a Agropecuária tenha apresentado resultados declinantes de 1994 a 1997, registra-se uma tendência inversa nos anos de 1998 e 1999. Com relação aos segmentos Indústria de Base Agrícola e - 113 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Distribuição a participação destes foi, respectivamente, de 32,79% e 33,55% em 1999 para o total do Complexo. A evolução da composição do Agronegócio brasileiro, ainda permite observar a alta participação da Indústria de base agrícola e do segmento de Distribuição sobressaindo-se como pólos mais dinâmicos, com valores sempre acima de 30% na cadeia do Agronegócio. A evolução da composição do Agronegócio brasileiro confirma que as cadeias desse complexo adicionam valor às matérias-primas agrícolas, de modo que os setores de processamento e distribuição final são o vetor de maior propulsão no valor total da produção vendida ao consumidor, consolidado na forte rede de interligação entre a agricultura e a indústria. 1,79 2 1,5 1 % 0,5 0,19 0,13 0 -0,5 -0,88 -0,88 -1 1995 1996 1997 1998 1999 Ano Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Figura 32 Variação do PIB do Agronegócio da Agricultura – 1994 a 1999. - 114 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 6,19 5,84 8 6 4 % 2 0 4,44 -3,46 -2 -4 1995 -3,62 1996 1997 1998 1999 Ano Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Figura 33 Variação do PIB do Agronegócio da Pecuária – 1994 a 1999. Em termos de valores e de percentuais a Tabela 24 mostra, a estrutura de participação dos dois grandes sub-complexos do Agronegócio brasileiro Agricultura e Pecuária. Pela observação tem-se que em 1999 o PIB do sub-complexo do Agronegócio da Agricultura (R$ 189.697,3 milhões) representava cerca de 19% do PIB do Brasil, enquanto que o PIB do sub-complexo do Agronegócio da Pecuária correspondia a aproximadamente 8% (79.770,4 milhões) do PIB do Brasil. No caso da agricultura, a maior participação no PIB, se justifica pela própria diversidade do setor agrícola que possui um maior número de indústrias processadoras do que o setor da pecuária. - 115 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 24 PIB do Complexo do Agronegócio e Participação no PIB do Brasil (%): 1994 a 1999 (R$ Milhões de 1999) Total Complexo Agronegócio Sub-Complexo Agricultura Sub-Complexo Pecuária Brasil 1994 Valor Part. 1995 Valor Part. 1996 Valor Part. 1997 Valor Part. 1998 Valor Part. 1999 Valor Part. (R$ Mi) (%) (R$ Mi) (%) (R$ Mi) (%) (R$ Mi) (%) (R$ Mi) (%) (R$ Mi) 262.135,1 28,97 269.785,1 28,61 265.410,4 27,42 263.060,9 26,23 264.580,6 26,41 269.467,7 26,93 189.094,8 20,89 192.482,6 20,41 190.780,8 19,71 191.134,4 19,06 189.458,8 18,91 189.697,3 18,96 73040,4 8,08 77.302,03 8,20 74.629,6 7,71 71.926,5 7,17 75.121,8 942.974,3 100,00 968.044,1 904.759,2 100,00 100,00 1.002.915,0 100,00 1.001.666,4 7,50 (%) 79.770,4 7,97 100,00 1.000.664,8 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA– USP Considerando-se que o Agronegócio é um segmento complexo que envolve os agentes dos setores primário (agricultura), secundário (indústria) e terciário (serviços), o montante do PIB vai oscilar em função da variação relativa dos seus componentes. As estimativas da CNA/CEPEA-USP mostram que dos componentes considerados no cálculo do PIB do Agronegócio Brasileiro, somente a Agropecuária apresentou, em 1999, variação negativa (–0,11%), contrastando expressivamente com o desempenho positivo (6,23%), alcançado em 1998 (Figura 34). Em relação aos segmentos a montante e a jusante, observa-se que tanto o setor de insumos para a agropecuária como o de indústria de base agrícola (indústrias processadoras) e de distribuição (serviços), que pesam acentuadamente na formação do PIB do Agronegócio, apresentaram variações positivas em 1999, com crescimento real de 8,66%; 2,71%; e 0,61%, respectivamente (Figura 34). - 116 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 10,00 8,00 6,00 4,00 % 2,00 0,00 -2,00 -4,00 -6,00 1995 1996 1997 1998 Insumos -3,09 1,08 -1,37 5,95 1999 8,66 Agropecuária 2,48 -3,81 -1,42 6,23 -0,11 Indústria 7,29 -4,39 0,57 -5,27 2,71 Distribuição 0,45 2,24 -1,84 1,31 0,61 Total 2,92 -1,62 -0,89 0,58 1,85 Ano Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Figura 34 Variação Anual Real do PIB do Agronegócio e de seus Segmentos – 1995-1999. Se considerarmos o crescimento anual dos componentes do PIB do Sub-Complexo do Agronegócio da Agricultura percebe-se que somente o segmento industrial apresentou desempenho positivo no biênio 1998-1999, com taxas de 5,17% e 2,93% para a indústria ofertante de insumos para a agricultura e a indústria de base agrícola, respectivamente, contrabalanceando (–5,16%) e da distribuição (–1,10%) (Figura 35). - 117 - os resultados negativos da agricultura O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 8.00 6.00 4.00 2.00 % 0.00 -2.00 -4.00 -6.00 1995 1996 1997 1998 Insumos -4.73 3.69 -0.31 5.10 1999 5.17 Agricultura 0.03 -0.55 -0.20 5.24 -5.16 Indústria 6.64 -5.38 1.68 -5.48 2.93 Distribuição -1.36 3.61 -1.22 -0.24 -1.10 Total 1.79 -0.88 0.19 -0.88 0.13 Ano Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Figura 35 Variação Anual Real do PIB do Sub-Complexo do Agronegócio da Agricultura – 1995 a 1999. Apesar do contexto negativo apresentado pelo segmento da lavoura, o Sub-Complexo do Agronegócio da Pecuária conseguiu superar as dificuldades e apresentar resultados nitidamente melhores. Assim, tem-se que nesse sub-complexo as taxas de crescimento, em 1999, foram respectivamente de 15,07%, 7,21%, 1,57% e 4,74%, para o segmento de insumos, pecuária, processamento e serviços (Figura 36). - 118 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Por sua vez, se levarmos em consideração o PIB global gerado pelo campo, ou seja, o valor agregado oriundo da agropecuária e que é composto da sua produção: a) utilizada como insumo; b) destinada às indústrias; c) destinada à exportação; e d) destinada ao consumo final das famílias e do governo, o valor do PIB em 1999 fica em torno de R$76.275,2 milhões, uma diferença de R$11.568,2 milhões quando comparado com os R$64.719,7 milhões, diferença que reflete o valor da utilização dos insumos agrícolas dentro do próprio setor da agropecuária (Tabela 25). 20.00 15.00 10.00 % 5.00 0.00 -5.00 -10.00 1995 1996 1997 1998 1999 -0.18 -3.34 -3.31 7.53 15.07 Pecuária 5.94 -8.14 -3.18 7.71 7.21 Indústria 10.83 0.81 -4.94 -4.16 1.57 Distribuição 5.02 -1.02 -3.38 5.23 4.74 Total 5.84 -3.46 -3.62 4.44 6.19 Insumos Ano Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Figura 36 Variação Anual Real do PIB do Sub-Complexo do Agronegócio da Pecuária – 1995 a 1999. - 119 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 25 PIB do Agronegócio Brasileiro e dos seus Agregados, 1994 a 1999 (R$ milhões de 1999) Anos Agronegócio 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Agronegócio 262.135,1 269.785,0 265.410,4 263.060,9 264.580,6 269.467,7 Insumos não Agropecuários 12.149,4 11.654,1 11.849,1 11.692,5 12.356,7 14.441,0 Agropecuária 73.983,5 75.316,1 72.916,1 71.878,6 76.358,6 76.275,2 Produção Usada como Insumo 11.223,0 10.996,1 11.046,5 10.889,5 11.568,2 11.555,5 Produção Vendida 62.760,5 64.319,9 61.869,7 60.989,2 64.790,4 64.719,7 Indústria 88.031,6 94.446,3 90.298,1 90.808,5 86.023,5 88.357,2 Distribuição 87.970,6 88.368,5 90.347,0 88.681,2 89.841,9 90.394,3 Agricultura Insumos não Agrícolas Agricultura Produção Usada como Insumo Produção Vendida Indústria Distribuição Pecuária Insumos não Pecuária Pecuária Produção Usada como Insumo Produção Vendida Indústria Distribuição 189.094,8 192.482,6 190.780,8 191.134,4 189.458,8 189.697,3 8.203,1 7.778,2 8.069,8 8.041,5 8.439,9 9.590,5 43.453,6 43.180,8 43.211,9 43.122,0 45.383,6 43.054,3 6.765,7 6.483,2 6.717,2 6.700,3 7.054,2 6.704,6 36.687,8 36.697,7 36.494,7 36.421,7 38.329,4 36.349,7 74.441,5 79.384,0 75.114,4 76.374,8 72.190,1 74.306,9 62.996,5 62.139,6 64.384,7 63.596,2 63.445,3 62.745,6 73.040,4 3.946,3 30.529,9 4.457,3 26.072,6 13.590,1 24.974,1 77.302,3 3.875,9 32.135,2 4.513,0 27.622,3 15.062,3 26.228,9 Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. - 120 - 74.629,6 3.779,3 29.704,3 4.329,3 25.375,0 15.183,7 25.962,3 71.926,5 3.651,1 28.756,6 4.189,2 24.567,4 14.433,8 25.085,0 75.121,8 3.916,8 30.975,0 4.514,0 26.461,0 13.833,4 26.396,6 79.770,4 4.850,6 33.220,9 4.851,0 28.369,9 14.050,3 27.648,7 O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 30 28 28.97 28.61 27.42 26.41 26.93 26.23 26 24 20.90 20.41 22 19.71 19.06 18.91 18.96 20 18 16 14 12 10 8.07 8 8.20 7.71 7.17 7.50 7.97 6 4 2 0 Agropecuária - 1994 a 1999 Agricultura - 1994 a 1999 Pecuária - 1994 a 1999 Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP Figura 37 Participação do PIB do Agronegócio da Agropecuária, Agricultura e Pecuária no PIB do Brasil (%) – 1994 a 1999 O fechamento dos dados do PIB setorial, de 1994 a 1999, quando mensurado por um conceito mais amplo, permite avaliação técnica mais precisa a respeito do desempenho setorial do Agronegócio Brasileiro. Esses resultados encontram-se nas Tabelas 26 e 27. Na atividade referente a agropecuária estão incluídos no valor agregado do setor, o valor agregado dos insumos provenientes do próprio setor e a parcela do valor agregado referente à distribuição dos produtos agropecuários, e na atividade das indústrias de base agrícola estão incluídas a parcela de valor agregado referente à distribuição dos produtos industriais. O valor agregado pela agropecuária, em 1999, correspondeu a 42,23% do PIB do agronegócio total do Brasil. Em relação a agropecuária percebe-se uma oscilação do PIB, recuando em 1996 e 1997, registrando nestes anos R$105.838,7 milhões e R$103.508,6 milhões, respectivamente. Após esse período, o setor - 121 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 agropecuário recupera-se em 1998 e 1999, com taxas de crescimento de 8,02% e 1,77%, respectivamente. Cabe registrar o desempenho altamente positivo da pecuária, no período 1998-1999, com variações de 9,55% e 8,48% respectivamente, o que refletiu, com certeza, no resultado positivo do setor rural nesse biênio (8,02% e 1,77%, respectivamente). Tabela 26 PIB dos Setores do Agronegócio Brasileiro. 1995 a 1999. (R$ Milhões de 1999) Setor Agropecuária (1) Agricultura (2) Pecuária (3) Ind Mad e Mob (4) Ind Cel, Papel e Gráf, Ind Elem Quim, Ind Têxtil Ind Vestuário Ind Calçados Ind Café Ind Benef Prod Veg Ind Abate Animais Ind Laticínios Ind Açúcar Ind Óleos Veg, Ind Outros Alim Total 1995 109.101,0 62.928,6 46.138,5 1996 105.838,7 63.096,8 42.741,8 1997 103.508,6 62.464,7 41.043,9 1998 111.808,0 66.844,9 44.963,1 1999 113.783,7 65.007,6 48.776,1 13.947,9 14.433,5 9.982,0 12.167,3 13.543,2 6.960,5 5.018,0 20.422,7 16.726,7 7.473,0 4.100,7 7.230,2 28.678,1 13.628,6 13.496,7 9.581,0 11.134,5 13.349,7 6.877,7 5.223,9 21.673,3 17.103,6 7.906,5 3.954,4 7.294,7 28.347,1 13.256,4 12.792,1 11.944,7 10.054,4 12.031,9 6.562,9 5.036,7 22.961,1 16.516,7 7.803,0 4.121,0 8.200,7 28.270,8 12.192,0 12.006,3 10.119,7 8.734,7 11.405,0 5.315,2 6.653,9 21.147,6 16.840,2 8.003,3 4.115,8 7.667,4 28.571,6 12.241,7 14.504,7 11.432,0 9.239,0 9.721,5 4.963,9 7.125,8 19.935,3 18.804,8 7.225,6 4.060,6 7.424,7 29.004,3 269.785,0 265.410,4 263.060,9 264.580,6 269.467,7 Fonte: Dados da pesquisa CNA/CEPEA– USP. (1) Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agropecuária, insumos do próprio setor e distribuição dos produtos agropecuários. (2) Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agricultura, insumos do próprio setor e distribuição dos produtos agrícolas. (3) Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela pecuária, insumos do próprio setor e distribuição dos produtos pecuários. (4) Os valores dos setores industriais referem-se ao somatório do valor agregado gerado pelo respectivo setor industrial e distribuição dos produtos processados. - 122 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Tabela 27 Variação Anual Real (%) do PIB dos Setores do Agronegócio Brasileiro, 1995 a 1999 Setor Agropecuária (1) Agricultura (2) Pecuária (3) Ind Mad e Mob (4) Ind Cel, Papel e Gráf, Ind Elem Quim, Ind Têxtil Ind Vestuário Ind Calçados Ind Café Ind Benef Prod Veg Ind Abate Animais Ind Laticínios Ind Açúcar Ind Óleos Veg, Ind Outros Alim Total 1995 1,67 -0,75 5,10 1996 -2,99 0,27 -7,36 1997 -2,20 -1,00 -3,97 1998 8,02 7,01 9,55 1999 1,77 -2,75 8,48 4,99 24,85 -20,98 2,30 5,50 -5,11 -15,38 -1,61 6,55 22,38 -7,98 -5,71 16,25 -2,29 -6,49 -4,02 -8,49 -1,43 -1,19 4,10 6,12 2,25 5,80 -3,57 0,89 -1,15 -2,73 -5,22 24,67 -9,70 -9,87 -4,58 -3,58 5,94 -3,43 -1,31 4,21 12,42 -0,27 -8,03 -6,14 -15,28 -13,13 -5,21 -19,01 32,11 -7,90 1,96 2,57 -0,13 -6,50 1,06 0,41 20,81 12,97 5,77 -14,76 -6,61 7,09 -5,73 11,67 -9,72 -1,34 -3,17 1,51 2,92 -1,62 -0,89 0,58 1,85 Fonte: Dados da pesquisa CNA/CEPEA – USP. (1) Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agropecuária, insumos do próprio setor e distribuição dos produtos agropecuários. (2) Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela agricultura, insumos do próprio setor e distribuição dos produtos agrícolas. (3) Estes valores referem-se ao somatório do valor agregado gerado pela pecuária, insumos do próprio setor e distribuição dos produtos pecuários. (4) Os valores dos setores industriais referem-se ao somatório do valor agregado gerado pelo respectivo setor industrial e distribuição dos produtos processados. Apesar do contexto pouco expressivo de crescimento do PIB do Agronegócio Total (1,85%) em 1999, alguns setores agroindustriais conseguiram superar dificuldades e apresentar resultados altamente satisfatórios. A indústria de celulose, papel e gráfica apresentou crescimento de 20,81% do PIB, passando de R$12.241,7 milhões, em 1998, para R$14.504,7 milhões, em 1999 (Tabelas 26 e 27). - 123 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 No caso da indústria de elementos químicos, o aumento do PIB no ano passado foi de 12,97%, atingindo a cifra de R$11.432,0 milhões. A indústria de abate de animais registrou variação significativa de 11,67%, subindo seu valor agregado de R$16.840,3 milhões, em 1998, para R$18.804,9 milhões, em 1999. Além desses setores que sobressaíram-se expressivamente no ano passado, cabe salientar, também, o crescimento real anual positivo da indústria de café e têxtil com taxas de, respectivamente, 7,09% e 5,77%. Entre esses segmentos, o pior desempenho foi o da indústria de vestuário, que registrou redução de 14,76%, passando o seu PIB de R$11.405,0 milhões para R$9.721,5 milhões. (Figura 38). 25 20.81 20 12.97 15 11.67 10 7.09 5.77 5 1.51 0.41 % 0 -1.34 -5 -6.61 -10 -15 I M In e ad d C e -9.72 -14.76 -20 nd -3.17 -5.73 M P l, ob ap e el I G nd rá El f. em Q ui m I . nd Tê In xt d il Ve u st ár In io d C a a lç do s I In nd d C af n Be é ef Pr In od d A Ve ba g te A ni m In ai d s La í tic ni os In d ú Aç I nd ca Ó r le os In Ve d g. O u s tro Al im Segmentos Fonte: Dados da Pesquisa CNA/CEPEA-USP. Figura 38 Variação do PIB Anual Real (%) dos Setores Indústrias de Base Agrícola – 1999. - 124 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 CAPÍTULO 6 COMENTÁRIOS FINAIS Da análise dos índices de encadeamento da economia brasileira , através de diferentes técnicas, pode-se inferir sobre a complexidade da economia brasileira, que apresenta um estágio avançado da estrutura produtiva com alto grau de interligação entre os setores produtivos nacionais. Para o procedimento analítico de delimitação dos Componentes do Complexo do Agronegócio brasileiro utiliza-se o método de fracionamento matricial (Matriz GU) que permite uma mensuração mais precisa do Agronegócio e identifica as interrelações entre as atividades agropecuárias e os demais setores da economia, em termos dos impactos diretos e indiretos. Os resultados confirmam a grande articulação entre os setores componentes do Complexo do Agronegócio brasileiro, refletindo a importância da atividade agrícola como setor de grande influência na estrutura produtiva da nação através dos altos efeitos de encadeamento a montante e a jusante. Em relação a magnitude do Complexo do Agronegócio brasileiro, os dados empíricos mostram o papel fundamental que esse segmento tem desempenhado na economia nacional respondendo por cerca de 30% do Produto Interno Bruto. No tocante a composição do Complexo do Agronegócio brasileiro, a análise reafirmou as tendências históricas observadas na evolução do “agribusiness” em economias desenvolvidas, sendo um fenômeno que ocorre também em países em desenvolvimento. Especificamente no caso brasileiro, tem sido um processo marcante. Em síntese, a evolução da composição do Complexo do Agronegócio brasileiro, confirma que as cadeias do Agronegócio adicionam valor às matérias-primas agrícolas onde o setor de armazenamento, processamento e distribuição final são o vetor de maior propulsão no valor total da produção vendida ao consumidor, consolidado na forte rede de interligação entre a agricultura e a indústria. - 125 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Nesse sentido, é fundamental levar em conta a necessária organização dos produtores rurais em associações, cooperativas ou outras formas alternativas de apoio ao produtor rural, na medida em que possibilita ao trabalhador rural enfrentar os desafios desse novo padrão agrário, que leva a uma redução relativa do setor rural em relação aos outros componentes do Agronegócio. Acrescenta-se, a todos esses resultados, a relevante contribuição desse trabalho no que concerne ao desenvolvimento e refinamento da metodologia de cálculo do PIB do Agronegócio. O método delineado pode ser de utilidade em futuros estudos, norteando pesquisas sobre o Complexo Agroindustrial. Cabe salientar, mais uma vez, que a presente metodologia apresenta a vantagem de estimar o PIB do Agronegócio de forma consistente com as estimativas das Contas Nacionais, feitas pelo IBGE. Por sua vez, o refinamento metodológico adotado, evita o problema de dupla contagem presente em estimativas usuais do PIB do Agronegócio. Desta forma, os resultados diferem de trabalhos anteriores e devem refletir um perfil mais fiel do Agronegócio da economia brasileira. - 126 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 ANEXO 1 CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES E PRODUTOS DA MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO DE 1995 Atividades Código Descrição 1 Agricultura Produtos Código 101 102 103 104 105 106 107 199 2 Pecuária 108 109 110 199 3 Extrativa mineral 4 Extração de petróleo e carvão 5 Fab. de minerais não metálicos 301 302 401 402 501 6 Siderurgia 601 602 Descrição Café em coco Cana-de-açúcar Arroz em casca Trigo em grão Soja em grão Algodão em caroço Milho em grão Outros produtos agropecuários (madeira, carvão, lenha, extrativa vegetal, fumo) Bovinos e suínos Leite natural Aves vivas Outros produtos agropecuários (produtos animais) Minério de ferro Outros minerais Petróleo e gás Carvão e outros Produtos minerais não metálicos ( cimento, Artigos de cimento, vidro, artigos de vidro, Produtos não metálicos ) Produtos siderúrgicos básicos Laminados de aço Continua ... - 127 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Anexo 1 (Continuação) Atividades Código Descrição 7 Metalurgia de não ferrosos 8 Fab. Outros produtos metalúrgicos 9 Fab. E manutenção de máq. E tratores 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Produtos Código 701 801 901 902 Fab. De material elétrico 1001 Fab. De elementos eletrônicos 1101 Fab. De automóveis, caminhões e 1201 ônibus Fab. De peças e outros veículos 1301 Madeira e mobiliário 1401 Celulose, papel e gráfica 1501 Indústria da borracha 1601 Fab. Elementos químicos 1701 1702 Refino do petróleo 1801 1802 1803 1804 1805 1806 Fab. De produtos químicos diversos 1901 1902 1903 Indústria farmacêutica e de perfumaria 2001 Indústria de artigos de plásticos 2101 Indústria têxtil 2201 2202 2203 2204 Fab. De artigos do vestuário 2301 Fab. De calçados 2401 Indústria do café 2501 Descrição Produtos metalúrgicos não ferrosos Outros produtos metalúrgicos Fab. E manut. De máquinas e equipamentos Tratores e máquinas de terraplanagem Material elétrico Equipamentos eletrônicos Automóveis, caminhões e ônibus Outros veículos e peças Madeira e mobiliário Papel, celulose, papelão e artef. Produtos derivados da borracha Elem. Químicos não petroquímicos Álcool de cana e de cereais Gasolina pura Óleos combustíveis e óleo diesel Outros produtos do refino Produtos petroquímicos básicos Resinas Gasoálcool Adubos Tintas Outros produtos químicos Prod. Farmacêuticos e perfumaria Artigos de plástico Fios têxteis naturais Tecidos naturais Fios têxteis artificiais Tecidos artificiais Artigos do vestuário Produtos de couro e calçados Produtos do café Continua ... - 128 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Anexo 1 (Continuação) Atividades Código Descrição 26 Beneficiamento de produtos vegetais 27 Abate de animais 28 Indústria de laticínios 29 30 Fab. de açúcar Fab. de óleos vegetais 31 Fab. de outros produtos alimentares 32 33 34 35 36 37 38 Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras 39 Serviços prestados às famílias 40 41 Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis 42 Administração pública 43 46 Serviços privados não mercantis Dummy financeiro Produtos Código 2601 2602 2603 2701 2702 2801 2802 2901 3001 3002 3101 3102 3201 3301 3401 3501 3601 3701 3801 3802 3901 3902 3903 4001 4101 4102 4201 4202 4203 4301 Fonte: IBGE - 129 - Descrição Arroz beneficiado Farinha de trigo Outros prod. vegetais beneficiados Carne bovina Carne de aves abatidas Leite beneficiado Outros laticínios Açúcar Óleos vegetais em bruto Óleos vegetais refinados Rações e outros produtos alimentares Bebidas Produtos diversos Serv. industriais utilidade pública Produtos da construção civil Margem de comércio Margem de transporte Comunicações Seguros Serviços financeiros Alojamento e alimentação Outros serviços Saúde e educação mercantis Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Aluguel imputado Administração pública Saúde pública Educação pública Serviços privados não mercantis O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 ANEXO 2 COMPOSIÇÃO DOS SETORES DO AGRONEGÓCIO Madeira e Mobiliário Serrarias Fabricação de Madeira Compensada, Folheada e Prensada Fabricação de Artefatos de Madeira Fabricação de Móveis com Predominância de Madeira Fabricação de Móveis com Predominância de Metal ou Plástico Fabricação de Artigos de Colchoaria Celulose, Papel e Gráfica Fabricação de Celulose e Pasta Mecânica Fabricação de Papel para Impressão Fabricação de Papel para Embalagens Fabricação de Papelão, Cartolina e Cartão Fabricação de outros Papeis Fabricação de Embalagens, Sacos e Sacolas de Papel Fabricação de Caixas, Cartuchos e Cilindros de Papelão Fabricação de Artefatos de Papel Edição e Impressão de Livros Edição e Impressão de Jornais, Revistas e Periódicos Fabricação de outros Produtos Gráficos Anúncios na Imprensa Produção de Serviços Gráficos Elementos Químicos Destilação de Álcool Produção de Elementos Químicos Continua ... - 130 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Anexo 2 (Continuação) Indústria Têxtil Beneficiamento de Algodão Beneficiamento de Outras Fibras Têxteis Naturais Fiação de Algodão Fiação de Outras Fibras Têxteis Naturais Fabricação de Artigos de Cordoaria Tecelagem de Algodão Tecelagem de Outras Fibras Têxteis Naturais Fiação de Fibras Artificiais e Sintéticas Tecelagem de Fibras Artificiais e Sintéticas Fabricação de Mantas e Entretelas de Tecidos Artificiais/Sintéticos Fabricação de Tecidos de Malha Fabricação de Artigos do Vestuário de Malha Fabricação de Sacos de Tecidos Fabricação de Roupa de Cama, Mesa e Banho Fabricação de Linhas e Fios para Coser Fabricação de Artigos de Passamanaria Fabricação de Tecidos Especiais Produção de Serviços de Acabamento em Fios e Tecidos Artigos do Vestuário Fabricação de Artigos do Vestuário ( Exclusive de Malha) Fabricação de Acessórios do Vestuário Fabricação de Uniformes e Acessórios de Segurança Industrial Fabricação de Calçados Preparação de Couros e Peles Fabricação de Artefatos de Viagem Fabricação de Outros Artefatos de Couro Fabricação de Calçados de Couro Fabricação de Calçados de Outros Materiais Indústria do Café Beneficiamento de Café Torrefação e Moagem de Café Fabricação de Café Solúvel Continua ... - 131 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Anexo 2 (Continuação) Beneficiamento de Produtos Vegetais Beneficiamento de Arroz Moagem de Trigo Fabricação de Sucos, Concentrados, Doces e Conservas de Frutas Produção de Conservas de Legumes e Outros Vegetais Beneficiamento de Cacau Beneficiamento de Outros Vegetais Beneficiamento de Milho Preparação do Fumo em Folha, em Rolo ou em Corda Fabricação de Cigarros e Charutos Fabricação de Filtros para Cigarro Abate de Animais Abate de Animais e Preparação de Conservas de Carne (Exceto Aves) Abate de Outros Pequenos Animais e Preparação de Carnes Indústria de Laticínios Preparação do Leite Resfriado Outras Preparações do Leite (Pasteurização, Homogeneização, etc.) Fabricação de Produtos de Laticínios Fabricação de Açúcar Fabricação de Açúcar de Cana Refinação e Moagem de Açúcar de Cana Fabricação de Óleos Vegetais Fabricação de Óleos Vegetais em Bruto Produção de Óleos Animais, Sebo Industrial, Glicerina e Ceras Refinação de Óleos Vegetais Preparação de Gorduras Vegetais para Alimentação (Coco, Margarinas) Continua ... - 132 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 Anexo 2 (Continuação) Outros Produtos Alimentares Fabricação de Rações Balanceadas Fabricação de Produtos de Padaria e Confeitaria Fabricação de Massas Alimentícias, Biscoitos e Pó para Gelatinas Produção de Refeições Preparadas Preparação do Pescado e Fabricação de Conservas do Pescado Fabricação de Balas e Sorvetes Preparação do Sal de Cozinha (Refino, Moagem, etc.) Fabricação de Outros Produtos Alimentares Fabricação de Vinhos Fabricação de Vinagre Fabricação de Aguardente de Cana Fabricação de Licores e de Bebidas Alcóolicas Diversas Fabricação de Cervejas, Chopes e Malte Fabricação de Refrigerantes, Refrescos Naturais e Xaropes Engarrafamento e Gaseificação de Águas Minerais Fonte: IBGE - 133 - O Agronegócio na Economia Brasileira – 1994 a 1999 REFERÊNCIAS ALVES, E. 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