INVESTIMENTO
Prof. Cleiton Silva
FSA, 2012
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O investimento é o mais volátil dos componentes do PIB;
Os modelos básicos baseavam-se numa função investimento
simples, tal como I=f(r);
TG de Keynes: eficiência marginal do capital;
Há três tipos de gastos com investimento: i) investimento em K
privado**; ii) investimento em residência; iii) investimento em
estoque;
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Duas abordagens serão analisadas:
a) A teoria neoclássica do investimento em capital fixo;
b) A teoria q de Tobin
**As duas teorias supõe o comportamento otimizador da firma.
FBKF, Brasil, 1995.1 a 2011.4 (R$ milhões)
250000
200000
150000
100000
50000
0
Investimento em K fixo privado (Mankiw, cap. 17)
A maior parcela do gasto com investimento, representando
cerca de três quartos do total, é o investimento em K fixo
privado;
O termo “privado” significa que esse gasto é para capital que vai
permanecer instalado por algum tempo, em comparação com o
investimento em estoque, que será usado ou vendido mais
tarde, no curto prazo.
O investimento em K fixo privado inclui tudo, desde aparelhos
de fax até fábricas, desde computadores à veículos da empresa.
Investimento em K fixo privado
O modelo padrão de investimento em capital fixo privado é
chamado de modelo neoclássico de investimento.
Esse modelo examina os benefícios e os custos que as empresas
têm com a posse de bens de capital.
O modelo mostra como o nível de investimento – o acréscimo
ao estoque de capital – relaciona-se com o PMgK, com a taxa
de juros e com as regras tributárias relativas às empresas.
Desenvolvimento do modelo
Há dois tipos de empresas na economia:
a) as empresas de produção produzem bens e serviços usando
capital alugado.
b) as empresas de locação efetuam todos os investimentos na
economia; compram capital e alugam para as empresas de
produção
O preço de aluguel do K
Uma empresa decide quanto capital alugar pela
comparação de custo e benefício de cada unidade de
capital.
A empresa aluga o K a um custo de aluguel R e vende
sua produção ao preço P; o custo real de uma unidade
de capital para a empresa de produção é R/P.
O benefício real de uma unidade de K é o PMgK, a
produção extra que se obtém com mais uma unidade
de capital.
Corolário microeconômico: para maximizar o lucro, a empresa
aluga capital até que o PMgK diminua e se torne igual ao preço
do aluguel.
Considerando uma função de produção específica:
Y  AK

1 
L
O PMgK é:
PMgK   AK
 1
1 
L
1 
PMgK   A
L
K
1 
  A( L / K )
1 
Como o preço do aluguel é igual ao PMgK em equilíbrio,
podemos escrever:
R / P   A( L / K )
1 
Essa expressão identifica as variáveis que determinam o preço
real do aluguel. Ela mostra o seguinte:
a) Quanto mais baixo o K instalado, mais alto o preço real do
aluguel;
b) Quanto maior o trabalho empregado, maior o preço real do
aluguel do capital;
c) Quanto maior a tecnologia, maior o preço real de aluguel do
capital;
R / P   A( L / K )
1 
Os eventos que reduzem o capital instalado
(um terremoto), ou aumentam o emprego
(uma expansão da demanda agregada), ou
melhoram a tecnologia (uma descoberta
científica) aumentam o preço real de
equilíbrio de aluguel de capital.
O custo do K
Considere agora as empresas de locação.
Essas empresas, tais como as locadoras de automóveis,
simplesmente compram bens de capital e oferecem para alugar.
Como nosso objetivo é explicar os investimentos feitos pelas
empresas de locação, comecemos pelo benefício e o custo de
se possuir capital.
O benefício de se possuir capital é a receita de se alugar para as
empresas de produção.
O custo do K
A empresa de locação recebe o preço real de aluguel de capital
R/P para cada unidade de capital que possui e aluga.
O custo de possuir capital é mais complexo. Para cada período
durante o qual ele aluga uma unidade de capital, a empresa de
locação arca com três custos:
Custo 1: juros
Quanto ela toma emprestado para comprar uma unidade de
locação ela deve pagar juros sobre o empréstimo. Se Pk é o
preço de compra de uma unidade de capital e i é a taxa de
juros nominal, então iPk é o custo dos juros.
Observe que esse custo de juros persistiria mesmo que a
empresa de locação não tivesse de tomar emprestado: se a
empresa de locação compra uma unidade de capital usando
seu próprio dinheiro, perde os juros que poderia ganhar se o
tivesse aplicado. Em qualquer dos casos, o custo do juros é iPk.
Custo 2: preço
Enquanto a empresa de locação está alugando o K, o preço do
capital pode mudar. Se o preço do capital cai, a empresa perde,
porque seu ativo diminuiu de valor. Se o preço do capital sobe,
a empresa ganha, porque seu ativo aumentou de valor.
O custo dessa perda ou ganho é –ΔPk (o sinal é de menos
porque estamos medindo custos, não benefícios).
Custo 3: depreciação
Enquanto está alugado, o capital sofre desgaste, chamado de
depreciação.
Se δ é a taxa de depreciação – a fração de valor perdida por
causa do desgaste – o custo em reais da depreciação é δPk.
Exemplo Numérico:
Considere o custo de K de uma empresa de aluguel de carros.
A empresa compra carros por $10.000 cada, e os aluga para
outras empresas.
A empresa arca com uma taxa de juros i de 10% a. a. Portanto o
custo de juros iPk é de $1.000 para cada carro de propriedade
da empresa.
Os preços dos carros sobem 6% a.a., assim, excluindo a
depreciação, a empresa obtém um ganho de capital ΔPk de
$600 por ano. (...)
Exemplo Numérico:
Os carros depreciam 20% a. a. Portanto, a perda decorrente do
desgaste δPk é de $2.000 por ano.
Assim, o custo de K da empresa é:
Custo de K
=
iPk –ΔPk+ δPk
=
1000-600+2000=2400
O custo da empresa de aluguel de carro em manter um carro
em seu capital instalado é de 2400 por ano.
Para tornar a expressão do custo do K mais simples suponha
que os preços de bens de K aumenta com os preços de outros
bens.
Neste caso, ΔPk/Pk é igual à taxa de inflação π.
Como i – π é igual à taxa real de juros, r, podemos re-escrever o
custo do K como:
Custo do K = iPk –ΔPk+ δPk => Pk(r + δ)
Essa equação enuncia que o custo de K depende do preço do K,
da taxa real de juros e da taxa de depreciação.
Finalmente, queremos expressar o custo de K
relativo a outros bens da economia.
O custo real de K – o custo de comprar e
alugar uma unidade de capital, medido em
unidades de produto da economia é:
Custo real do K = (Pk/P)(r + δ).
Analisando os determinantes do investimento
O lucro por unidade de capital é:
Lucro = Receita – Custo
Lucro = R/P – (Pk/P)(r + δ)
Como o preço real do aluguel em equilíbrio é igual ao
produto marginal do K, podemos escrever a taxa de
lucro como:
Lucro = PMgK – (Pk/P)(r + δ)
A empresa de locação tem lucro se o PMgK for maior
que o custo do K.
Há uma perda se o PMgK for menor que o custo do K.
A decisão da empresa em relação ao K instalado – ou
seja, se aumenta-o ou deixa que o deprecie – depende
se é lucrativo possuir ou alugar K.
A variação do K instalado, chamada de investimento
líquido, depende da diferença entre o PMgK e o custo
do K.
**** Se o PMgK supera o custo do K, as empresas
consideram lucrativo aumentar o K instalado. Se o
PMgK fica aquém do custo do K, elas deixam o K
instado diminuir.
Ademais, uma diminuição da taxa real de juros reduz
o custo de K. Portanto, aumenta o lucro oriundo da
posse de K e incentiva a acumulação de K.
De maneira semelhante, um aumento na taxa real de
juros eleva o custo do K.
Por esse motivo, a curva de investimento, que
relaciona I com r, é negativamente inclinada.
**** Além disso, qualquer evento que aumente o
PMgK eleva a lucratividade do investimento e faz com
que a curva de I se desloque para fora.
Exemplo: uma inovação tecnológica que aumente o
parâmetro A da função de produção eleva o PMgK e,
para qualquer taxa de juros dada, também aumenta a
quantidade de bens de K que a empresa de locação
deseja comprar.
Impostos: O modelo neoclássico sugere que imposto
de renda sobre a pessoa jurídica é um desestímulo ao
investimento; e o crédito fiscal ao investimento é um
dispositivo tributário que incentiva a acumulação de K.
A Teoria q de Tobin
A variável “q” é definida como o valor de mercado das
ações da firma dividido pelo custo de reposição do
capital:
q= VF/CR
Esta variável “q” tem sido utilizada em várias
pesquisas aplicadas nas áreas de economia e
finanças.
A Teoria q de Tobin
Esta razão permite mensurar o hiato entre o valor real
da empresa (avaliado pelo mercado de ações) e o
preço dos bens de capital possuídos pela firma
(segundo o mercado de bens de capital);
A variável q constitui-se um bom mecanismo para
avaliar o retorno de um novo investimento.
Quando q>1, então, adquirir novos bens de capital é
recompensador, se comparado com o valor de
mercado da firma.
A Teoria q de Tobin
Além disso, se q>1 o mercado reconhece que, nas mãos de
uma firma determinada, aquele conjunto
de
equipamentos é capaz de gerar um excedente sobre o seu
próprio valor.
Este excedente é o valor capitalizado dos lucros esperados
no horizonte relevante.
Neste caso, as empresas são estimuladas a investir, não
apenas porque têm expectativas de lucro, mas também
porque a alocação de papéis junto ao público, para
financiar estes investimentos, se torna mais barata.
Política Monetária e Preço das Ações:
Aumento da oferta de moeda => Os agentes ficam com
mais recursos em mãos => Aumentam-se o dispêndio;
Uma das possibilidades para a alocação de recursos é o
mercado de ações => O preço das ações aumenta.
Isso implica, ceteris paribus, em aumento de q, o que leva
a um aumento no investimento.
**** O q de Tobin se relaciona negativamente com a taxa
real de juros, ou seja, r e I também se relacionam
negativamente.
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O custo do K