CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO – UNIFRA
CURSO DE FARMÁCIA
CONTROLE BIOLÓGICO DA QUALIDADE DE MEDICAMENTOS
A necessidade de confirmação da IDENTIDADE,
PUREZA, POTÊNCIA, INOCUIDADE e EFICÁCIA
terapêutica de medicamentos envolve vários aspectos
analíticos, principalmente quando o medicamento não
consiste de substância que possa ser completamente
caracterizada pelas propriedades químicas e físicofísicoquímicas..
químicas
Prof. Marcos R. dos Santos
Diferem das demais drogas de baixo peso molecular (convencionais)
por apresentarem:
apresentarem:
-
Estrutura geralmente complexa
-
Derivados de organismos vivos (hormônios,peptídeos, proteínas)
-
Requerem procedimentos especiais de produção e controle de
qualidade devido:
devido:
- à natureza biológica do material de partida
- à bases biológicas do processo de produção
- necessidade de Métodos Biológicos para caracterização dos
lotes.
lotes.
São procedimentos destinados a avaliar a potência de
princípios ativos contidos nas matérias
matérias--primas e
preparações farmacopéicas.
Através do uso de reagentes biológicos tais como:
como:
- Micro
Micro--organismos
organismos;;
- animais
animais;;
- fluidos e órgãos isolados de animais.
animais.
1
Utilizados para detectar e medir a concentração de
substâncias, observando seus efeitos farmacológicos
sobre animais vivos, tecidos ou células
células..
Uma importante característica dos reativos biológicos é a
variabilidade enquanto os reativos físicofísico-químicos podem
ser definidos e padronizados para fornecerem resultados
“idênticos” em todos os laboratórios.
Devido a esta variabilidade torna
torna--se imprescindível:
imprescindível:
Em geral são mais complexos e menos
precisos do que os ensaios físicofísico-químicos
químicos..
Possibilita assegurar a compatibilidade e equivalência de
potência de lotes de produtos farmacêuticos produzidos por
diferentes indústrias Nacionais e Internacionais.
Importante também para padronizar a avaliação de:
-
Pureza
-
Impurezas relacionadas ao Produto e Processo
Processo..
Padrão Internacional é uma preparação para a qual foi definida uma
unidade Internacional (UI) de atividade, geralmente com base em
estudo colaborativo internacional.
1) O emprego de padrões de referência adequados para se obter
potências relativas.
relativas.
2) O emprego de métodos estatísticos para os delineamentos
experimentais e análise dos resultados.
resultados.
Compreende::
Compreende
a) Seleção do conjunto de doses do padrão (P) e das
amostras do desconhecido (A) que serão ensaiadas;
ensaiadas;
b) Especificação das unidades experimentais (animais ,
micro--organismos, anti
micro
anti--soros, sangue etc
etc..
..));
c) Regras pelas quais se distribuirão as doses para as
unidades experimentais;
experimentais;
d) Especificações das medidas ou outros registros que
devam ser procedidos em cada unidade experimental.
experimental.
2
-
Aleatório
Unidades experimentais homogêneas.
-
Blocos ao acaso
Segrega fonte de variação.
-
Os métodos devem se relacionar com o delineamento
experimental utilizado.
Quadrado latino
Duas fontes de variação.
-
É o procedimento matemático aplicado aos resultados
experimentais para estimar a potência da amostra e
avaliar a validade e precisão do ensaio.
Cruzado
O mesmo bloco recebe os dois tratamentos.
Deve ser acompanhada por limites de confiança
inferior e superior (Li, LS)
LS)..
Estes limites definem o intervalo de modo que seja préprédeterminada a probabilidade (p) de a verdadeira potência
relativa (p) estar fora do intervalo.
intervalo.
Probabilidade de erros mais utilizadas:
utilizadas:
p = 5% e p = 1%, também expressas como p = 0,05 e p = 0,01.
01.
Expressar os resultados de avaliação biológica como
estimativa da potência relativa (impossível de ser
calculada com certeza – variabilidade dos reativos
biológicos)..
biológicos)
As monografias estabelecem especificações para a
amplitude aceitável desses intervalos em relação à
potência estimada.
estimada.
Levam em conta a dificuldade dos métodos e a
necessidade prática de se estimar a verdadeira potência
com determinada precisão.
precisão.
3
Página:: 204
Página
5.5.2 ENSAIOS BIOLÓGICOS – pág
pág:: 226
5.5.2.1 PIROGÊNIOS
5.5.2.2 ENDOTOXINAS BACTERIANAS
5.5.2.3 TOXICIDADE
5.5.2.4 SUBSTÂNCIAS VASOPRESSORAS
5.5.2.5 HISTAMINA
5.5.2.6 SUBSTÂNCIAS VASODEPRESSORAS
1- Qualitativos
São testes realizados com a finalidade de identificar o produto e
avaliar as características de inocuidade ou toxicidade devido à
presença de contaminantes de diferentes origens
origens..
Ex:
Ex:
- Esterilidade;
Esterilidade;
- Pirogênios;
Pirogênios;
- Toxicidade;
Toxicidade;
2. QUANTITATIVOS
DIRETO
Mede--se diretamente as doses de cada preparação
Mede
(padrão e amostra) necessárias para produzir respostas
prépré-determinadas em cada unidade experimental de dois
grupos equivalentes de animais ou outros reativos
biológicos..
biológicos
Ex.:
Ex.: Ensaio biológico de Digital
Digital..
- Substâncias vasopressoras;
vasopressoras;
- Pesquisa e identificação de patógenos.
patógenos.
4
MÉTODO BIOLÓGICO QUANTITATIVO
INDIRETO
Comparam-se níveis de resposta produzidas por doses do
Comparampadrão, em escala quantitativa, com aquelas produzidas
por uma ou mais doses da amostra
amostra..
Ex.:
Ex.: Ensaio de potência da Oxitocina
Oxitocina..
Os procedimentos de padronização biológica são geralmente
menos precisos, consomem mais tempo e são mais dispendiosos
de realizar que os métodos químicos.
químicos. São realizados quando:
quando:
1. A identidade química da substância ativa não foi totalmente
elucidada;;
elucidada
2. Não foi desenvolvido ensaio químico adequado para medir a
substância química, ainda que sua estrutura química seja
estabelecida.. Ex.:
estabelecida
Ex.: Insulina.
Insulina.
3. Se o fármaco compõecompõe-se de uma mistura complexa de substâncias
de estrutura variada.
variada. Ex.:
Ex.: Digital
Digital..
4.
Se o ensaio químico não é uma indicação válida de atividade
farmacológica, devido, por exemplo a falta de diferenciação entre
isômeros ativos e inativos;
inativos;
Um ensaio biológico mede a atividade biológica real de uma
determinada amostra, que pode representar a soma algébrica da
interação de numerosos fatores químicos e físicofísico-químicos
químicos..
http:
http://www.
//www.anvisa
anvisa..gov
gov..br/cosmeticos/guia/html/apresentacao.
br/cosmeticos/guia/html/apresentacao.htm
5
3 R’s
Refinamento
Os 3 R's
A idéia de ensaios alternativos é muito mais abrangente do que a
substituição do uso de animais, incluindo também a questão da redução e
refinamento na utilização dos mesmos.
Este princípio está baseado no conceito dos 3R's (Three
R's), o qual foi definido por William Russell e Rex Burch, em
1959, no livro Principles of Human Experimental Technique.
Os 3 R's que representam o refinamento, redução e
substituição (Refine, Reduction e Replacement).
O Termo refinamento significa a modificação de algum procedimento operacional
com animais, objetivando minimizar a diminuição da dor e o estresse. A experiência
da dor e do estresse tem, como resultado, mudanças psicológicas que aumentam a
variabilidade experimental dos resultados.
Redução
A concepção de redução como alternativa estratégica, resulta em menor número
de animais sendo utilizados para obter a mesma informação, ou maximização da
informação obtida por animal. Existem várias possibilidades para redução do uso
de animais.
Substituição
Um sistema experimental que esteja vinculado à totalidade da condição de vida
animal, pode ser considerado como substituto alternativo. Pode-se citar a proposta
de obtenção de células, tecidos ou organismos para subseqüentes estudos in vitro
ao invés da matança de animais.
Toxicidade: Capacidade de certas substâncias
Toxicidade:
causarem danos a seres vivos.
Materiais a serem testados:
testados:
• Matérias-primas de fonte natural: devido a complexidade e
processos de purificação, como no caso de antibióticos e
hormônios.
• Produtos terminados: aqueles contendo matérias-primas
de fonte natural, ou nos demais casos como mecanismo
de verificação de pureza do processo de produção.
Materiais a serem testados:
testados:
• Material plástico de correlatos e de acondicionamento
de produtos parenterais: devido a presença de
monômeros e oligômeros ou de aditivos incorporados
em seu processamento (plastificantes, antioxidantes,
lubrificantes) entre outros.
Emprego de espécies de animais para avaliar o risco
toxicológico no ser humano.
humano.
Problemas: extrapolar resultados obtidos em animais a
Problemas:
humanos (diferentes dosagens, espécies de animais).
animais).
6
- estudar a natureza dos efeitos tóxicos ao nível celular, tecidos e de
órgãos;;
órgãos
-
Testes com produtos da área da saúde:
saúde:
-
Obter dados para estimar o potencial de dano ao usuário (DL50);
-
identificar doses nas quais possam ocorrer alterações fisiológicas,
bioquímicas e morfológicas;
morfológicas;
Obter informações sobre o mecanismo pelo qual se manifesta a
toxicidade;;
toxicidade
-
conhecer possíveis efeitos cumulativos do agente e de seus produtos
de biotransformação
biotransformação;;
Estabelecer dose para testes subseqüentes de toxicidade a longo
prazo, caso se façam necessários;
necessários;
-
Garantir a segurança do consumidor, em ensaios lote
lote--a-lote ou
periódicos..
periódicos
avaliar a variação da resposta , por diferentes espécies, durante
exposição repetitiva ao agente
agente;;
Predizer efeitos adversos à saúde decorrentes de exposição
intermitente, repetida ou crônica ao agente em questão
Aplicações tópicas , ocular (mais comuns para produtos cosméticos),
injeção intradérmica ou subcutânea, aplicações intraintra-vaginal e intraintranasal, assim como direta a superfícies internas da cavidade oral são por
vezes requeridas para os
medicamentos, correlatos
e
escalas e
respostas da
Irritação em pele de coelhos - Avaliada através de
fórmulas de cálculo
pele (eritema, edema).
edema).
de acordo com as
cosméticos.
Tipos de testes:
testes:
Teste de irritação primária de pele:
pele: PRODUTOS DE
HIGIENE, COSMÉTICOS, E PERFUMES, além de certos
correlatos (FDA).
(FDA).
Teste de sensibilização da pele
pele:: Primeira exposição a
uma substância química provoca pequena reação,
tornando-se severa e persistente após exposições
subsequentes (semanas ou anos).
7
Teste de irritação ocular:
ocular: Inicialmente avaliações
fisiológicas observadas na córnea, conjuntiva e íris de
coelhos albinos. A partir de 1962, inclusão de parâmetros
como eritema, espessura das pálpebras e membranas,
abrangendo edema, lacrimejamento, opacidade, danos
capilares e neovascularização (pannus) da córnea.
Avaliação através de valores de graduação para lesões oculares
oculares..
Outros tipos de testes:
-
Fototoxicidade;
-
Teste de implante intramuscular;
-
Avaliação de toxidade aguda com efeito sistêmico;
-
Teste de administração oral;
-
Teste de aplicação dérmica ou percutânea;
-
Teste com inalação.
Aplicações: sabonetes levemente ácidos ou básicos, xampus,
Aplicações:
soluções de limpeza, cremes e loções, delineadores, máscaras,
desinfetantes, líquidos de enxágüe bucal entre outros
outros..
Ensaios em que animais são tratados com material teste
de 5 – 7 dias por semana num período mínimo de 20 dias
e máximo de 1 ano.
Estudos de longo prazo ou tempo de vida (meses, anos),
são planejados para durar durante a maior parte da vida
dos animais.
Adição de outros testes (ex
(ex:: bioquímicos, hematológicos)
para avaliação dos efeitos sobre as cobaias, além das
observações listadas para estudos agudos, servindo para
estudo crônico subseqüente.
subseqüente.
Estudos
de
oncogenicidade,
(anormalidades ou deformidades no
fetal), toxicidade sobre a reprodução
acasalamento, gestação, nascimento e
do feto)
feto)..
teratogenicidade
desenvolvimento
(interferem com
desenvolvimento
8
Alternativas cientificamente comprovadas, evitando o uso
de animais.
animais.
Uso de órgãos isolados, culturas de células e de tecidos,
ensaios químicos e físicos, tecidos simulados e fluídos
corpóreos, modelos mecânicos, matemáticos e
simulações em computador.
computador.
Para medicamentos (hormônios, soros e vacinas de uso
humano), nos quais haja exigências sob toxicidade na
monografia da Farmacopéia Brasileira 5º edição
edição..
TESTE PARA PRODUTOS BIOLÓGICOS, SOROS E VACINAS
Procedimento: Utilizar 5 camundongos com peso entre 17 g e 22 g e,
Procedimento:
pelo menos, dois cobaios sadios com peso entre 250 g e 350 g.
Vias de administração
administração:: Ver método ou monografia específica
Intravenosa, intraperitoneal
intraperitoneal,, Subcutânea ou Oral.
Oral.
Interpretação::
Interpretação
Por um período de, no mínimo, 7 dias, observar os animais quanto a
sinais de enfermidade, perda de peso, anormalidades ou morte
morte..
Se,
Se, durante o período de observação
observação,, todos os animais sobrevivem, não
manifestam respostas que não são específicas ou esperadas para o
produto e não sofrem redução de peso, a preparação cumpre o teste
teste..
Caso contrário, realizar novo teste e reteste (dobro de animais)
9
Registro de Produtos Biológicos e Hemoterápicos
10
Download

ENSAIOS BIOLÓGICOS pdf