O Corpo
ISSN: 2236-8221
Edição n. 26
04.08.2013
ISSN: 2236-8221
Jornal de popularização científica
EXPEDIENTE DE O CORPO
Edição n. 26
Vitória da Conquista, 31.10.2013
[email protected]
http://www.marcadefantasia.com/o-corpo-e-discurso.htm
O corpo é discurso
Editores
Nilton Milanez
Tyrone Chaves Filho
Organizador
Tyrone Chaves Filho
Editoração eletrônica
Nesta edição, O Corpo é discurso divulga o grupo de pesquisa GPEA, da Universidade
Federal de Uberlândia. O Corpo traz, também, um artigo de Danilo Vizibeli e Maria Regina
(MARCA DE FANTASIA)
Henrique Magalhães
Momesso, da Universidade de Franca; Um artigo de Edileide Godoi, da Universidade Federal da Paraíba; Uma entrevista com Consuelo de Paiva Godinho Costa, docente e pesquisadora da UESB; Uma resenha de Clara Marques Dulce Pereira e Emias Oliveira da Costa,
da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte; Informações sobre o lançamento do
segundo volume da REDISCO - Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo,
além de notícias do universo acadêmico e da Análise do Discurso, no Brasil.
CONSELHO EDITORIAL
Dr. Elmo José dos Santos
(UFBA)
Dra. Flávia Zanutto
(UEM)
Dra. Ivone Tavares Lucena
(UFPB)
Dra. Maria das Graças
Fonseca Andrade
(UESB)
Dra. Mônica da Silva Cruz
(UFMA)
Dr. Nilton Milanez
(UESB)
Dra. Simone Hashiguti
(UFU))
Acesse o site do Labedisco: www2.uesb.br/labedisco
Laboratório de Estudos do
Discurso e do Corpo - LABEDISCO - coordena do
pelo Prof. Dr. Nilton Milanez
- UESB
Nós do Insólito - coordenado pelo Prof. Dr. Flavio
García - UERJ
O GPEA - Grupo de Pesquisas em
Espacialidades Artísticas - toma como
centro de suas investigações o estudo
acerca das espacialidades na literatura e
em outras formas artísticas por entender
que o espaço possui imensa relevância na
construção de sentidos das obras de arte.
O grupo, cadastrado no Diretório
de Grupos de Pesquisa do CNPq, foi criado
em 2008 e possui sede na Universidade
Federal de Uberlândia - UFU.
Para o filósofo francês Michel
Foucault, a crítica literária ateve-se por
muito às questões ligadas ao tempo ficcional pelo fato de a linguagem ter um grande
parentesco com o tempo. A linguagem, diz
Foucault, funciona no tempo; mas, se a
função da linguagem é o tempo, seu ser é o
espaço: "porque cada valor semântico de
cada expressão é definido por referência a
um quadro, a um paradigma". Assim, a
assunção do espaço enquanto ser da linguagem aponta para a relevância de estudos que investiguem a relação entre os
espaços construídos pela literatura e sua
relação com práticas discursivas e com os
modos de subjetivação.
Quatro são as suas linhas de
pesquisa: 1) Espaço discursivo; 2) Espaço e
artes visuais; 3) Espaço e narrativa; 4)
Espaço fantástico.
O Grupo realiza reuniões quinzenais de estudo, pondo em debate textos
que convergem sobre os temas de suas
linhas de pesquisa.
Parcerias e diálogos com outros grupos de estudo
Página 2
II), que teve participação de oito professores pesquisadores da literatura fantástica,
oriundos de várias universidades brasileiras. Os trabalhos apresentados no CENA II
foram publicados no e-book intitulado
“História e ficção no universo do fantástico”, editado pelo LABEDISCO.
TOPUS - Grupo de Pesquisa
sobre Espaço, Literatura e
outras Artes - coordenado pelos Profs.
Drs. Sidney Barbosa e Ozíris Borges Filho UnB/ UFTM
Vertentes do fantástico na literatura coordenado pela Profa. Dra. Karin Volobuef
- UNESP
Grupo de Estudios sobre lo fantástico - GEF
- coordenado pelo Prof. Dr. David Roas Universidad Autónoma de Barcelona
Laboratório de Estudos Discursivos Foucaultianos - LEDIF - coordenado pelo Prof.
Dr. Cleudemar Alves Fernandes - UFU
GEADA - coordenado pela Profa. Dra. Maria
do Rosário Gregolin - UNESP
Produções
O GPEA realizou, em 2008, o "I
Colóquio de Estudos em Narrativa: o Espaço" (CENA I), na UFU, contando com a participação de pesquisadores de todas as regiões do Brasil. O CENA I desencadeou duas
publicações: 1) O livro "O espaço (en)
cena" (Editora Claraluz, 2008), contendo
os textos apresentados nas mesas e palestras, editado - com o apoio da FAPEMIG; 2)
O e-book "O Espaço: Colóquio de Estudos
em Narrativa" (EDUFU, 2009), contendo os
textos expostos nas comunicações orais e
painéis.
Em 2010, o grupo realizou o "II
Colóquio de Estudos em Narrativa: História
e ficção no universo do fantástico" (CENA
O espaço (en)cena
Marisa Gama Khalil, Jucelen Moraes Cardoso e
Rosana Gondim Rezende (orgs.)
O CENA III, realizado em março de
2013, teve como tema as literaturas infantil e juvenil e também reuniu diversos pesquisadores do Brasil. No evento, foram
homenageadas a obra de Lygia Bojunga e
de Bartolomeu Campos de Queirós. O livro
“As literaturas infantil e juvenil ... ainda
uma vez”, que teve o apoio financeiro da
CAPES e foi publicado pela Composer/
GPEA, reúne os trabalhos apresentados
nas mesas e palestras do evento, além de
apresentar um importante texto da Profa.
Dra. Graça Paulino sobre o letramento
literário e uma carta da escritora Lygia
Bojunga, num capítulo conclusivo intitulado
“Pra você que nos lê”, que faz menção ao
“Pra você que me lê”, encontrado nos livros de Bojunga editados pela sua editora
Casa Lygia Bojunga. As comunicações do
CENA III serão publicadas num e-book que
estará disponível na página do evento: http://www.gpea.ileel.ufu.br/cena/
Para maiores informações sobre o grupo,
acesse o site www.gpea.comunidades.net
O Corpo
O Colegiado de Letras do Centro de Estudos Superiores
de Tefé/UEA realizará no período de 21 a 23/11/2013 o I
Simpósio Regional de Estudos Linguísticos e Literários
no Médio Solimões (SIRELLMS), que tem como tema
“Nhengare: Diálogos e pesquisas em Estudos Linguísticos Literários”. O evento está sendo organizado pelo
grupo de pesquisadores do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada à Educação (NEPLAE) e da
Cátedra Amazonense de Estudos Literários e tem o
apoio da FAPEAM através da aprovação do Edital nº
007/2012 PAREV.
O simpósio tem como foco congregar estudiosos das
áreas de Estudos Linguísticos, Literários e de áreas
afins para discutir e partilhar os resultados de suas
pesquisas e dos trabalhos desenvolvidos. A programação será constituída de conferências, mesas-redondas,
sessões de comunicação oral, relatos de experiência e
exposição de banners. Em breve a comissão organizadora divulgará maiores informações., que serão disponibilizadas no site http://1sirellms.blogspot.com.br/
O I Fórum de Estudantes de Línguas Indígenas (FELI) tem como objetivo promover a discussão de ideias e a maior interação entre os pesquisadores dessa área de pesquisa. Nesse sentido, pretendemos compartilhar conhecimentos relacionados aos estudos de Linguística Indígena por meio de um fórum que integre, debata e divulgue
a produção acadêmica a respeito dos atuais desenvolvimentos metodológicos e científicos em pesquisas com
línguas indígenas.
O público alvo deste fórum será todos os estudantes de línguas indígenas – das investigações em iniciação científica aos estudos de pós-graduação, jovens doutores e estudiosos mais experientes. Dada a natureza interdisciplinar inerente aos estudos dessa área de pesquisa, o I FELI também busca aproximar os estudos linguísticos com os conhecimentos antropológicos, mais especificamente, etnográficos. O evento contará com minicursos, conferências, comunicações orais e pôsteres.
O I FELI é um evento organizado pelos alunos do curso de Pós-Graduação em Linguística (Línguas Indígenas), do
Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – com o apoio do
Centro de Estudos de Línguas e Culturas Ameríndias (CELCAM) e do Departamento de Linguística (DL/ IEL/ UNICAMP). Para maiores informações, acesse o site www.iel.unicamp.br/feli.
Edição n. 26
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REINVENTANDO SENTIDOS PARA O LIVRO NO BLOG DO FOLHATEEN: ESCRITA, LEITURA E AUTORIA
Danilo Vizibeli
Maria Regina Momesso
Blogs de/para adolescentes: um cenário de escrita e leitura
Tornou-se discussão comum
falar nas práticas de leitura e escrita na
era da virtualidade. Em torno dessa discussão, surge a preocupação dentro da
prática pedagógica de incentivar os alunos
a lerem. Há nesse entremeio problematizações que precisam ser vasculhadas sobre
o que é leitura? Muitos consideram uma
defasagem nas práticas de leitura devido
ao uso das novas tecnologias, mas percebe
-se que a partir da prática de escrita sustentada pelo suporte virtual há também
uma prática de leitura que ocorre simultaneamente a essa escrita. Este suporte e
este espaço propiciam maior acesso às
informações, aos livros, à interação e uma
maior disponibilização do acesso à leitura
e à escrita.
É nesse sentido que em nossos
estudos tem se discutido a constituição do
sujeito-leitor enquanto “escrileitor”, numa
prática híbrida em que se movimentam
tanto leituras quanto escrituras na afirmação do sujeito do discurso enquanto leitor
e autor. Para Chartier, “por sua complexidade, sua imprevisibilidade, pelos caminhos frequentemente encobertos que tomam, as práticas de leitura emanciparamse frente às ordens e normas – assim
como fizeram as práticas sexuais” (1998,
p.113).
O adolescente é um dos sujeitos
que está cada vez mais submetido ao jogo
de se estimular a escrita, porque será
cobrado em avaliações, em provas, como
ENEM, vestibulares e outros. Tomando a
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citação acima de Chartier é sempre uma
ordem ou uma norma, ou várias delas, que
está a se definir e modelar as leituras de
um adolescente, porém há no contexto
contemporâneo a emancipação da leitura e
da escrita e um adolescente tem acesso a
As práticas de leitura
emanciparam-se frente às
ordens e normas – assim
como fizeram as práticas
sexuais...
um enorme arquivo, podendo ler e escrever sobre o que bem quiser. E assim nessa
escolha de leituras e escritas ele se marca
também como sujeito autor.
As pesquisas empreendidas mostram que os blogs são um espaço de ressignificação das subjetividades adolescentes e para isso tomamos o Blog do Folhateen, como um exemplo de um espaço onde
se entravam diálogos e onde o adolescente
exerce a sua função-autoral colocando a
sua alma em trasbordamento na “escrita
de si” (FOUCAULT, 2006).
O Blog do Folhateen era um espaço da coluna Folhateen, que é veiculada às
segundas na Folha Ilustrada, escrito por
adolescentes do Grupo de Apoio da Folha
de São Paulo o qual foi veiculado até o final
de 2011, mas ainda está no ar, revelando
um grande dispositivo com “escrileituras”
de adolescentes.
Escrever sobre as Fanfics no blog: dar
voz ao sujeito-autor
Em 29 de março de 2011, Rebeca
Magalhães uma das adolescentes do grupo
do Folhateen publica o texto: “Fanfics”.
Nele é abordada a temática das Fanfictions
que são mecanismos ou sites em que é
possível comentar uma obra literária ou
até mesmo outros assuntos como músicas,
bandas e outros e dar um novo final para a
história e daí a explicação para o termo
em inglês que se traduz: “ficção criada por
fãs”. O grande comentário no post é da
obra de Harry Potter.
O sujeito escrileitor Rebeca Magalhães – autora do post – se posiciona
como um escrileitor de fato. Ocupa uma
posição de leitora e autora que está insatisfeita com as tramas criadas por autores
de ficção tradicionais, como os clássicos
de Machado de Assis, de Guimarães Rosa,
de José de Alencar e outros e, ao mesmo
tempo, luta inconscientemente contra a
mesmice dos finais e/ou o término da
leitura considerada “boa” promovida pelas
obras literárias.
Sabe aquele sensação de quando
você acaba um livro? Aquela que dá um
certo nó na garganta ou até mesmo um
desconforto pelo corpo? Essa sensação
pode ser causada por diversas coisas: ou
porque a história não se desenvolveu e
acabou da maneira como imaginávamos,
ou simplesmente porque o livro era tão
bom que você queria que houvesse mais
mil páginas (BLOG DO FOLHATEEN, 2012, online).
O Corpo
Esse trecho mostra uma subjetividade adolescente que dialoga com os
livros lidos e que corroborando com os
pressupostos de Chartier (1998) tem as
práticas de leitura e escrita remodeladas
na contemporaneidade, por meio da inscrição das mesmas em outros suportes. O
arquivo de cada leitor emerge no momento
da leitura e não há uma leitura única, um
único sentido estático e parado. A escrileitora Rebeca Magalhães ilustra o quadro
de que os sentidos sempre são múltiplos. A
esse respeito Chartier afirma que “a mesma (obra) quando inscrita em formas distintas, ela carrega a cada vez, um outro
significado” (1998, p.70). Essa ressignificação está sendo constante e o discurso
produzido por Rebeca emerge numa época
em que a leitura está transformada pela
virtualidade da internet.
Esse contexto é apresentado nos
comentários que seguem o post. São 13 ao
total. Os escrileitores dos comentários
ocupam uma posição, muitas vezes ocupada pelos professores em sala de aula, na
qual avaliam o texto de Rebeca como sendo bom. A tia de Rebeca, Fernanda Nóbrega
produz o enunciado: “estou super orgulho-
escrileitor se sente qualificado para abor-
suporte conhecido e de um jornal renomado gera capital social para o escrileitor,
status e a ilusão de que ele é fonte do seu
dizer (PÊCHEUX, 2002).
Os demais escrileitores dos comentários criam uma proximidade e identificação com a autora proporcionada pelo
seu discurso acerca da leitura de livros
mediada pela Internet. Chamam-na pelo
apelido “Becky”. Robin Severus, um dos
comentaristas do post, escreve que “seu
texto está gato”. O uso do termo “gato”
refere-se ao sentido de que o texto está
lindo, perfeito e, além disso, remete a uma
interdiscursividade com a música do cantor Wando quando afirma a positividade de
se fazer fanfics: “Fanfics são luz, estrela e
luar”. Ao comentar sobre determinado
tema num espaço jovem e jornalístico o
As pessoas estão inseridas em
um universo social em que se configuram
novas representações para as práticas de
leitura e escrita. O paradoxo ou você lê a
obra ou você assiste ao filme, não é mais a
única contradição entre a inscrição de
uma obra literária em um dado suporte ou
noutro. Agora, ler é possível no tablet, no
iPhone, em tecnologias e suportes diversos. Teve-se a intenção de mostrar nesse
trabalho como a representação do adolescente, mostrando sua alma em transbordamento, delineia uma posição autor, não
mais aurificada, conquistada com maior
fluidez nos espaços da Web 2.0. Nesses
dispositivos é possível reinventar as posições do sujeito discursivo com um grau um
pouco maior de escape, derivando e dispersando ainda mais, já que na rede os
sa de ver a minha sobrinha escrevendo na
página da Folhateen”. A escrita em um
Edição n. 26
dar as questões e por isso se marca como
autor.
Leitores, Autores ou Escrileitores: possibilidades para o sujeito
Nesse movimento de tentar estabelecer sentidos outros para o livro há a
instauração de micropoderes que se encaminham à ordem do discurso e tentam
desestabilizar sentidos já naturalizados, jáditos e já-lá, sobre o que é um livro, o que
é um autor e como deve ser a prática de
leitura.
A mesma (obra) quando
inscrita em formas distintas,
ela carrega a cada vez, um
outro significado
sentidos estão postos em movimento.
Entre subjetividades adolescentes, o escrileitor do Blog do Folhateen se
marca e assume a posição-autor (ou não)
frente ao cenário da comunicação global.
A completude é uma ilusão: sempre será uma constante vasculhar e encontrar sempre nesse suporte analisado
rastros desse sujeito cindido que pode
discursivizar e ler o mundo de formas
distintas.
REFERÊNCIAS
BLOG DO FOLHATEEN. Disponível em:
<http://
blogdofolhateen.folha.blog.uol.com.br/>.
Acesso em: 1º outubro de 2013.
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do
leitor ao navegador. Tradução de Reginaldo
Carmello Corrêa de Moraes. São Paulo:
Unesp/ Imprensa Oficial, 1998.
FOUCAULT, Michel. O que é um autor?
Tradução de António Fernando Cascais e
Eduardo Cordeiro. 6. ed. Lisboa: Nova Veja,
2006.
PÊCHEUX, Michel. Discurso: estrutura ou
acontecimento? Tradução de Eni Puccinelli
Orlandi. 3. ed. Campinas: Pontes, 2002.
VIZIBELI, Danilo. Leitores e autores do
Blog do Folhateen: adolescentes como
sujeitos discursivos promovendo a escrileitura na cibermídia. Dissertação de Mestrado. Unifran: Franca (SP), 2013.
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O DISCURSO DA TATUAGEM, CONSTRUINDO SUJEITO E SENTIDOS
Edileide Godoi (PROLING/UFPB)
Introdução
Como se coloca uma escrita marcada, “para sempre”, na pele em uma
sociedade de enunciados efêmeros,
sujeita as “tramas da mídia”? Como
essa prática ganha adeptos estando
fora/dentro dos processos midiáticos?
A construção do sujeito tatuado
Em um quadro em que a mídia
propõe os sujeitos relacionados aos mais
variados
modo
de
subjetivação
“sofremos”, constantemente, uma grande
modificação social adaptativa. Somos empurrados a explorar e a nos adaptar a
muitas formas de comportamentos distintos. A noção de identidade não é mais representada de forma estável, por uma
ideologia, uma bandeira comum, uma língua, uma escrita, um mito. Não compartilhamos de uma única liderança e nem cultivamos uma ideologia comum que nos une
todos à mesma nação social. Esse processo causa no sujeito o desejo de inserir-se
em grupos que acolhendo-o, legitima, por
sua vez, sua existência. Para Orlandi
(2006), é mais do que símbolos comuns é
o mesmo tipo de imaginário que solda o
grupo.
Contestando a cidade, a moda, o
sistema de vida burguês e a organização
política e religiosa estabelecida nas cidades, muitos jovens, nos anos 60 e 70 e 80
aderiram a grupos de vida alternativa. Os
hippies, os choppers ou bikers, os Abutre’s
- Raça em Extinção, o movimento punk .
Extravagantes em sua apresentação corporal a tatuagem é uma das opções de
interferência no corpo. Jaquetas de couro
preto e roupas rasgadas e desbotadas
misturavam-se às mutilações corporais,
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como pequenas queimaduras com tocos de
cigarro, escarificações faciais com agulhas, piercing no nariz, lábios e peito, e
tatuagens pelo corpo todo.
Os participantes dessas manifestações reivindicavam uma nova maneira de
ser e viver, mais livre e menos ligada aos
valores capitalistas. Nesse contexto de
acontecimento percebe-se que a tatuagem
O sujeito dá continuidade
a esses processos de
significação do eu na pele.
sai das práticas ritualisticas e ganham
novas significações na nossa sociedade, no
entanto, embora os adeptos a Body Art
tenham criados novas formas de provocação contra a cultura e a moral estabelecida, esse adornos, conforme Courtine
(2009) e Pires (2005) não demoraram
muito para sair dos guetos e cair nas redes da moda. Esse fato se deve, economicamente, a multiplicação das lojas especializadas no início da década de 80 como
“está relacionado ao crescimento de toda
uma cultura do fetichismo erótico e em
particular do sadomasoquismo, até então
reservado a práticas confidenciais” (COURTINE, 2009, p.176).
Para Pires (2005), foram os
avanços tecnológicos, médico, científico,
juntamente, com a diversidade e o pluralismo criado na pós-modernidade que possibilitaram e incentivaram o indivíduo a exe-
cutar em seu corpo modificações de forma, dimensões, tonalidades e texturas.
(PIRES, 2005, p.78). Ela acrescenta que: a
tatuagem foi a primeira técnica de modificação considerada pela sociedade e incorporada pela moda nos anos 70. Daí sai da
clandestinidade, deixando de ser vista como uma marca underground.¹
Ansiosos por romper com o
puritanismo imposto pela igreja e pelo
estado totalitário, a partir de 1968 jovens
de diferentes países vêm buscando imagens e canais alternativos para expressar
um governo de si, publicando seu “eu” no
espaço público. As pichações, grafites
ganham as ruas, a cidade, mas, “logo depois, talvez tenhamos percebido que a
cidade era de todos, e o que é de todos,
não é de ninguém”. (RAMOS, 2002). Assim,
passamos a textualizar nosso próprio corpo, único canal posto, ilusoriamente, permanentemente à nossa disposição, fazendo
do corpo um espaço de liberdade de construção de si.
Orlandi (2006, p. 270), concebe
que o sujeito dá continuidade a esses processos de significação do eu na pele.
_____________
¹ Underground ("subterrâneo", em inglês)
é uma expressão usada para designar um
ambiente cultural que foge dos padrões
comerciais, do modismo e que está fora da
mídia. Também conhecido como Cultura
Underground ou Movimento Underground,
para designar toda produção cultural com
estas
características,
ou
Cena
Underground, usado para nomear a
produção de cultura underground em um
determinado período e local. A referência a
essas expressões aparecem em Toni
marques, Brasil tauado e outros mundos
(Rio de janeiro, Rocco, 1997)
O Corpo
O sujeito acaba textualizando o
próprio corpo: o pierceng, a tatuagem .
Do lado de fora, o excesso transborda,
tudo é texto, é escrita, e o sujeito se subjetiva escrevendo também para todo lado.
Daí a voltar-se para si mesmo é um passo que é dado: o corpo se textualiza. Inscrição no corpo como anúncio/denúncia
de que o confronto do simbólico com o
político faz problema (reivindicação de
si). Fora: várias camadas de publicidade,
de pichações, de letras assinadas nas
diferentes superficie[ ....] Isso representa como um trabalho do excesso do sujeito no sujeito: transbordando de um excesso de linguagem o tempo todo visível
sobre o sujeito, que passa a necessidade
de um excesso de marcas visíveis em si
mesmo.
A ideia do sujeito pós moderno
(disperso, múltiplo, volátil) sustenta no
indivíduo a construção de técnicas de si,
o desejo de códigos, símbolos e estilos de
viver. Este sujeito da ética de si, percebido no discurso da escrita na pele, ao
modo foucaultiano, pode ser pensado a
partir de novas ordens subjetivas do
corpo. Segundo Foucault nas sociedades
modernas o poder estar diretamente
ligado ao corpo, uma vez que sobre ele
que recaem todos os “flashes”.
Para Foucault a modernidade se
caracteriza por uma “anátomo-política
do corpo” e uma “biopolítica da população” (FOUCAULT, 1988, p. 127-49). O primeiro trata dos mecanismos disciplinares que organizam os corpos nas escolas, prisões, clínicas, hospitais, empresas. Mecanismos que se incubem sobre o
corpo ininterruptamente, “por isso, naturalizado e internalizado pelo sujeito” (GREGOLIN, 2004, p.132).
A segunda expressão diz respeito ao controle regulador que traça as
diretrizes da vida para a população: como
se vestir o que comer, onde morar, como
fazer sexo, como fazer para ampliar ou
não a longevidade. Ter uma administração do “bem estar social”. Essas técnicas
Edição n. 26
cada vez mais sutis vão evoluindo e se
espalhando no corpo social, nas atividades
da vida cotidiana.
Então, é sob esse viés, que en-
Não se trata de se
contentar com o corpo
que já tem, mas de modificar, acrescentar sua
marca, mudar os seus
fundamentos para que
apareça a ideia que se
faz dele.
car, acrescentar sua marca, mudar os
seus fundamentos para que apareça a
ideia que se faz dele. O corpo seria uma
forma incompleta, sem suas aspirações e
desejos. “É preciso acrescentar-lhe a sua
marca para tomar posse dele” (BRETON,
2004, p.9).
Pensando em uma conclusão
A escrita na pele vem substituir
os limites de sentido criado ao corpo. Não
mais se trata do corpo que fala, que trabalha, que cansa, que pratica esporte com
suas funções biológicas, mas o corpo como unidade discursiva que produz conhecimento.
Referências
tendemos que o corpo é lugar de disciplinarização e criação de novos sentidos e
que a escrita na pela, estando inserida
dentro dessas práticas cotidianas permite
construir um lugar para se pensar o problema da subjetividade, isto é, “a maneira
pela qual o sujeito faz experiência de si
num jogo de verdade, no qual se relaciona
consigo mesmo.” (REVEL, 2005, p.85).
A prática da tatuagem, na contemporaneidade, propõe ao sujeito tatuado
um estilo de ser e aparecer. Tomamos
como corpus para ilustrar esse espaço de
constituição do sujeito a revista INKED.
Essa revista propõe uma posição ou função sujeito que pode ser assumida por
vários sujeitos.
Primeiramente, ao se intitular
como uma revista de cultura estilo e arte,
temos a representação da tatuagem dentro dessa rede discursiva. Os sujeitos tatuados não apenas marcam a apele, buscando um lugar de visibilidade e rebeldia, mas
a revista propõe um lugar para esse sujeito tatuado, ou seja, o sujeito tatuado agora
assume a posição sujeito estiloso, sujeito
da arte e símbolo de uma cultura. Para
Breton (2004), não se trata de se contentar com o corpo que já tem, mas de modifi-
BRETOM Le, Sinais de identidade:tatuagens, piercings e outras marcas. Trad.Tereza Frazão, 1ª ed.março,
2004.
COURTINE, J. J.; CORBIN, A.; VIGARELLO, G.
História do corpo. Petrópolis: Vozes,
2009. v. 3 (As mutações do olhar: século
XX)
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade: a vontade de verdade. Rio de Janeiro:
tradução Maria Thereza da costa Albuquerque e J. A. Guilhon. Graal, 1988.
GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e
Pêcheux na construção da Análise do
Discurso: diálogos e duelos. São Carlos:
Clara Luz, 2004.
MARQUES, T. O Brasil tatuado e outros
mundos – Rio de Janeiro, rocco, 1997
ORLANDI, Eni Pulcinelli. À flor da pele: individuo e sociedade; In:MARIANI, B. A escrita
e os escritos: reflexões em análise do
discurso e psicanálise. São Carlos, Clara
Luz, 2006.
PIRES, B. F. O corpo como suporte da
arte: piercing, implante, escarificações,
tatuagem – São Paulo, 2005
REVEL, Judith. Foucault: conceitos essenciais. São Carlos: Clara Luz, 2005.
Página 7
Lançamento da REDISCO - Revista Eletrônica de Estudos
do Discurso e do Corpo
Com organização de Nilton Milanez, Ismara Tasso e Suzy Lagazzi, o volume
2 da REDISCO - Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo acaba de ser
lançado. Com o título Corpo e Audiovisual,
o número versa sobre as diversas manifestações discursivas ligadas ao corpo, em
materialidade audiovisuais e na literatura.
Destacamos, aqui, a apresentação, escrita pelos organizadores, e o sumário da obra, para que o leitor possa ter
acesso rápido ao conteúdo da obra e, por
conseguinte, buscar a leitura de importan-
Página 8
tes colaborações de pesquisadores de
todo o país.
*******
Apresentação
sons, barulhos, ruídos. Ouvindo o
corpo podemos observar e descrever seus
sintomas, identificar o lugar do qual o corpo fala e para quem fala. O que é audível no
corpo é tudo aquilo que o corpo diz na
forma da febre, da dor, da sede, da fome,
do amor. Os sons do corpo como o ronco
da barriga, o suspiro de alívio, o atchim do
espirro, o tumtum do coração, o latejar
quase inaudível da pulsação estão pulverizados em um domínio de ligações históricas. Cada barulho de um passo, mais forte,
mais fraco, mais rápido ou de cautela,
corresponde a uma intervenção da história
de um presente íntimo com o momento do
corpo e do sujeito que o faz ranger. Daí, o
que era a priori biológico escorrega para o
campo do discurso.
Quando o som do corpo revela a
história de um cotidiano comum temos o
início da formação de uma bio-histórica, do
corpo-história e, por sua vez, do corpo
enquanto discurso, longa e forçosa “tarefa
de ouvir o que já foi dito” (FOUCAULT, 1977,
p. XV) pelo nosso próprio corpo na interrelação com o corpo de outros sujeitos e
com o corpo social.
O corpo é imagem. O corpo é
descrito, analisado, convertido e modificado nas pinturas, na fotografia, no vídeo. As
imagens do corpo na história do dia-a-dia
se materializam nas formas e nos modos
de ver o corpo. O corpo pode ser visto de
frente, de trás, de cima, de baixo, por fora
e também por dentro. O corpo que se olha
nessas instâncias é o corpo da mídia, ou
me referindo ao estudioso alemão Hans
Belting (2006), o corpo é mídia. Isso me
leva a considerar o corpo em um regime
de visibilidades, que é regido e controlado
por uma gama de leis e regulamentos disciplinarizantes, dizendo ao corpo como ele
deve ser, agir, se mostrar e que imagens
deve produzir sobre si. O corpo é imagem
uma vez que da sua constituição fazem
parte o olhar e o ver de uma determinada
posição de sujeito. O corpo aqui, portanto,
é discurso, porque não existe fora da instituição da qual pode ser visto.
O Corpo
O corpo é materialidade. Os barulhos do corpo e as imagens que ele produz
se cercam de uma existência histórica.
Considerando a discussão de Michel Foucault em sua “Arqueologia do saber”, depreendo que o corpo se configura, primeiro, por meio de uma materialidade de documentos tais como livros, textos, coleções, registros orais, cartografias médicas, costumes e tradições, que se articulam entre si e se organizam de forma a
compor uma gama de documentos que
sustentam e fazem com que os corpos se
movimentem em breves, pequenos e particulares movimentos históricos. Segundo, o
corpo se confirma em uma existência histórica, pois apresenta espaço e volume. O
corpo ocupa um espaço geográfico, institucional e biopolítico. O seu volume, a meu
ver, é a substância que o transforma em
um suporte daquilo que pode ser visto e
ouvido, que está presente e se dá a ver em
um lugar e uma data específicos. Essas
possibilidades é que fazem com que o corpo seja investigado do lado de um regime
de visibilidades no quadro da história e no
campo do discurso.
O corpo é um arquivo audiovisual.
Som, imagem e materialidades compõem o
canteiro daquilo que pode ser visto e enunciável. Tomando as discussões de Foucault
(1977), ver e saber não são pares, são
constituintes de um mesmo lugar histórico
dos modos de se olhar para o corpo enquanto objeto de discurso. Para Deleuze
(2004, p. 56) “o que Foucault espera da
História é essa determinação dos visíveis
e dos enunciáveis em cada época, que
ultrapassam os comportamentos, as mentalidades, as ideias, e é isso que os torna
possível.” Som e imagem fazem detonar
um arquivo audiovisual ou, em outras palavras, as condições para o exercício do
corpo em suas funções enunciativas no
quadro de “coisas de um lado, acontecimentos de outro” (FOUCAULT, 2008 p.146).
Do lado do áudio, observamos no corpo o
que pode ser dito pela sua voz e, diferentemente de uma composição audiovisual que
Edição n. 26
estabelece forçosamente a ligação entre
objeto e som, como nos ensinou Chion
(1993), o entrelaçamento de sons com o
corpo faz parte de uma composição de
justaposição, associação e dissociação
intrínsecas ao estatuto do corpo enquanto
dispositivo que enuncia o seu lugar no
mundo. Do lado da imagem, podemos encontrar no visual a espessura histórica da
constituição das modalidades do saber e a
sua (in)visível produção de imagens que
irrompem da genealogia familiar da história do cotidiano por meio de ecos de nossa
cultura visual, como demonstra Courtine
(MILANEZ, 2006) em seus estudos sobre a
intericonicidade, noção que destaca a imagem em seus desdobramentos históricos a
partir de cartadas e revelações de imagens sob as imagens, vistas e revisitadas
nas memórias coletivas e seus quadros
sociais (HALBWACHS, 1952, 2006).
Nilton Milanez
Ismara Tasso
Suzy Lagazzi
Referências
BELTING, Hans. Imagem, mídia e corpo.
Uma nova abordagem à iconologia. In: Revista Ghrebh. Número 8. Centro interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia
– PUC/SP, 2006.
CHION, Michel. La audiovisón: introducción
a un análisis conjunto de la imagen y el
sonido. Trad. Antonio López Ruiz. Barcelona, Espanha: Ediciones Paidós Ibérica,
1993.
DELEUZE, Gilles. Foucault. Les Éditions de
Minuit: Paris, 2004.
FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1977.
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2008.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. Trad. Walderedo Ismael de Oliveira. São
Paulo: Ed. Centauro, 2006.
HALBWACHS, Maurice. Les cadres sociaux
de la mémoire. Paris: Les Presses universitaires de France, Nouvelle édition, 1952.
MILANEZ, Nilton. O corpo é um arquipélago:
memória, intericonicidade e identidade. In:
NAVARRO, Pedro (org.) Estudos do texto e
do Discurso. Mapeando Conceitos e Métodos: São Carlos: Claraluz, 2006, p. 153-179.
Artigos
A FIGURA GENEALÓGICA DO
MONSTRUOSO: CORPOS DEFORMADOS,
DESMEDIDOS E REPUGNANTES
Alexandre Filordi de Carvalho
“MEU CORPO, MEU PARTO”:
CARTOGRAFIAS DO CORPO FEMININO NO
YOUTUBE
Aline Fernandes de Azevedo
A PRÁTICA ASCÉTICA E O CORPO COM
DEFICIÊNCIA: O DISPOSITIVO DA INTIMIDADE NA PRODUÇÃO
CINEMATOGRÁFICA-DOCUMENTAL
Érica Danielle Silva
(IN)VISIBILIDADES DOS CORPOS EM VIGÍLIA: REGIMES DE VERDADE SOBRE/EM
POLÍTICAS AFIRMATIVAS E
CINEMATOGRÁFICAS
Ismara Tasso
DO CORPO VERBAL AO CORPO
AUDIOVISUAL: OS PERCURSOS DO CORPO SIGNIFICANTE NA OBRA DE MICHEL
PÊCHEUX E O ÉDIPO LINGUAGEIRO
Luiz Carlos Martins de Souza
O CORPO COMO MATERIALIDADE
DISCURSIVA
Maria Cristina Leandro Ferreira
PROJEÇÕES SENSÍVEIS DO/NO CORPO
AUDIOVISUAL: PROCESSO OPERÁRIO/
CRIATIVO
Nádia Régia Maffi Neckel
O CORPO OUTRO DA VOZ NA DUBLAGEM
DE TROPA DE ELITE I
Pedro de Souza
A IMAGEM DO CORPO NO FOCO DA
METÁFORA E DA METONÍMIA
Suzy Lagazzi
Página 9
Entrevista com Consuelo de Paiva Godinho Costa
Consuelo de Paiva Godinho Costa é
doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas e
professora do Departamento de
Estudos Linguísticos e Literários da
Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, onde atua no curso de
Letras e no Programa de PósGraduação em Linguística, lecionando e pesquisando sobre fonologia. Recentemente, a professora
teve seu livro publicado na feira de
Frankfurt, na Alemanha. Nesse
sentido, O Corpo é discurso realizou uma pequena entrevista com a
convite de lideranças indígenas, feito
pelo meu, então, orientador prof. Dr.
Wilmar D’angelis, no início de minha
graduação na Unicamp. O campo de
pesquisas com línguas indígenas tem
aumentado nos últimos anos, apesar
disso, ainda é pequeno no brasil. Um
dos motivos é a falta de investimento
do estado brasileiro para a descrição e análise das línguas desses povos. Além disso, temos que nos lembrar que as pesquisas que envolvem
as comunidades indígenas inseremse em um contexto maior, que é a
grande e tensa questão fundiária
desses povos no brasil. Vários conflitos têm sido noticiados pela mídia,
causados pela luta em torno da demarcação das terras tradicionais.
Em resumo, não é muito fácil trabalhar com a questão indígena num
país como o brasil, já que é um lugar
de conflito e o índio, como sabemos,
docente sobre temas presentes em é o lado mais fraco dessa corda.
sua obra e recorrentes no univer- Isso torna as línguas indígenas, enquanto objetos de estudos, menos
so da sua pesquisa.
atrativas para estudantes de letras,
que preferem as pesquisas de gabinete às viagens a campo e todas as
questões de filiação sócio-políticas
resultantes.
O Corpo é discurso: Como funcionam as escolas nos postos indígenas
onde a senhora pesquisou? Existe
uma instituição semelhante à nossa
para a transmissão da língua e da
cultura ou eles aprendem por outros
meios?
Consuelo de Paiva Godinho Costa:
A maioria das comunidades indígenas no Brasil têm escolas, instaladas
já há muitos anos. A maioria é de
ensino fundamental, mas existem
algumas de ensino médio também,
como é o caso da Escola Estadual
Indígena Tupinambá de Olivença
(EEITO).
O Corpo é discurso: Como andam
as pesquisas linguísticas que utilizam como corpus o Guarani e dialetos indígenas de modo geral?
*******
O Corpo é discurso: O que motivou a senhora a se debruçar sobre
os estudos linguísticos em torno
das línguas indígenas? Talvez, me
parece, esse campo ainda não é
muito atrativo para pesquisadores
dos cursos de Letras e Linguística
do país.
Consuelo de Paiva Godinho Costa: A minha motivação inicial foi o
Página 10
O Corpo
Consuelo de Paiva Godinho
Costa: Muitas pesquisas têm sido
desenvolvidas sobre a língua
guarani. Um exemplo é a dissertação de mestrado de Ivana Pereira Ivo, no IEL/Unicamp, uma
ex-aluna da do curso de Letras
da Uesb. Ela está concluindo um
importante trabalho sobre a variedade mbyá-guarani.
O Corpo é discurso: Além das
próprias comunidades indígenas,
quem mais se beneficia com estudos linguísticos acerca do
Nhandewa? No seu livro, me parece que a senhora sugere que
as universidades se favorecem
mais desses estudos que os informantes. Que tipo de benefícios
as universidades retiram dessas
pesquisas?
Consuelo de Paiva Godinho
Costa: Não as universidades,
mas alguns pesquisadores individualmente, vão até as comunidades indígenas interessados em
desenvolver seus trabalhos de
mestrado e doutorado e não se
preocupam muito com a contrapartida desse conhecimento para
as comunidades, nos programas
de educação escolar indígena,
por exemplo. O comprometimento com a autonomia e valorização
dos povos e culturas indígenas é
uma diretriz fundamental do meu
trabalho e assim deve ser com
qualquer pesquisador sério e
ético.
O Corpo é discurso: Existe hoje,
no Brasil, algum projeto realEdição n. 26
mente comprometido e eficaz que
vise a dar apoio e gerenciamento a
essas culturas indígenas, como forma de preservar a língua e a cultura
desses povos?
Consuelo de Paiva Godinho Costa:
Existem muitos trabalhos como o
meu, desenvolvidos por pesquisadores comprometidos social e etnicamente, atuando em várias comunidades do país. Somente no estado da
Bahia, eu mencionaria a professora
América César, de Salvador e os
professores Flávia Mello e Cazé, da
Uesc. Porém, falta de apoio dos governos tanto estaduais como o federal a estas pesquisas limitam as
possibilidades e dificultam nosso
trabalho, certamente.
O Corpo é discurso: Em termos
fonológicos, qual a diferença marcante entre o nhandewa e o portu-
São línguas de troncos linguísticos
muito diferentes. Numa comparação,
poderíamos dizer que essas duas
línguas são tão diferentes quanto o
são o português e o japonês ou o
basco. Algumas questões chamam
particularmente a atenção na fonologia do nhandewa: a harmonia nasal
(processo que espalha a nasalidade
por domínios que podem chegar até
toda a frase), além de consoantes
bastante diferentes das que conhecemos, como as oclusivas prénasalizadas [mb, nd...] e a oclusão
glotal
Lembremos que a própria teoria linguística frequentemente se reconstrói buscando resolver questões
apresentadas pelas línguas indígenas, o que as tornam importantes
também para a linguística, além da
sua grande importância para seus
próprios povos e, em última instân-
guês?
cia, para toda a humanidade.
Consuelo de Paiva Godinho Costa:
Página 11
Os gêneros do discurso em Bakhtin
Clara Marques Dulce Pereira (PPGL/UERN/GEDUERN)
Emias Oliveira da Costa (PPGL/UERN)
A língua só se efetiva através de enunciados, os quais estão necessariamente atrelados a um campo específico da atividade humana, que, por sua vez,
define-os quanto ao conteúdo, ao estilo e à
constituição composicional. Todo enunciado é único e irrepetível enquanto enunciado, mas, por outro lado, pertence a um tipo
relativamente estável, o qual Bakhtin chama gêneros do discurso. Esses tipos aumentam e se tornam cada vez mais heterogêneos à medida que se tornam mais
complexas e intensas as relações comunicativas dentro de determinado campo (pp.
261-262).
Tamanha heterogeneidade
de gêneros do discurso parece sinalizar a
falaciosa impossibilidade de abordá-los de
maneira geral. Desde a Antiguidade, os
gêneros nunca foram abordados em sua
natureza verbal comum, mas apenas em
suas especificidades, por isso se privilegiou o estudo dos gêneros literários sem
relacioná-los com outros tipos de enunciados, mas apenas em suas propriedades
artístico-literárias exclusivas. Contrariamente, Bakhtin propõe estudar os gêneros
de maneira ampla, isto é, a partir de sua
natureza universalmente linguística, o
enunciado (pp. 262-263).
Ao optar por esse caminho,
Bakhtin não negligencia a distinção entre
os diversos gêneros, os quais ele divide
em gêneros primários e secundários.
Exemplo paradigmático de gênero secundário é o romance, onde diversos gêneros
primários, tais como a carta, a confissão,
a réplica, podem ser encontrados não como anexo ou apêndice, mas totalmente
integrados no todo enunciativo que o romance é. A análise dessa relação entre
Página 12
gêneros primários e secundários, bem
como a formação histórica dos gêneros
secundários, constitui uma estratégia bastante eficaz para se chegar à natureza
complexa e profunda do enunciado, à sua
configuração geral, a saber: o dialogismo.
Só a partir da prévia compreensão dessa
natureza geral do enunciado, pode-se empreender o estudo não menos importante
dos diversos tipos de enunciados, isto é,
dos gêneros do discurso (p. 264).
Além de seu caráter dialógico, e em relação com ele, o enunciado possui também como característica o fato de
ser individual, já que é produzido por um
Bakhtin propõe o enunciado
como unidade real de análise,
em contraposição à oração,
a qual só pode ser corretamente compreendida pelo
estudo do enunciado
sujeito. Há, todavia gêneros que permitem
a manifestação da individualidade e gêneros avessos a ela. Àqueles servem de
exemplo os gêneros poéticos, onde o estilo
individual é um de seus objetivos; a esses
últimos pertencem os gêneros que requerem uma forma padronizada, marcados
não propriamente por um estilo individual,
mas por um estilo de linguagem ou funcional, o qual se caracteriza por determinadas unidades temáticas e unidades compo-
sicionais. Bakhtin critica a ausência de
uma classificação geral dos estilos de
linguagem, construída a partir de uma
visão geral dos gêneros. (pp. 265-267).
Essa classificação ou caracterização dos estilos de linguagem não
literários ofertam contribuições decisivas:
(1) para a compressão da linguagem literária, em especial o romance, onde diversos
estilos de linguagem (vozes sociais) compõem um sistema complexo e organizado,
uma vez que o tom da linguagem é dado
pela sua relação com outros gêneros do
discurso; (2) para a investigação das mudanças sociais, tendo em vista que os gêneros discursivos estão intrinsecamente
ligados à história da sociedade (p. 268).
Partindo de uma síntese
dialética entre gramática e estilística, cujas divergências encontram um lugar comum no estudo do sintagma, Bakhtin propõe o enunciado como unidade real de
análise, em contraposição à oração, a qual
só pode ser corretamente compreendida
pelo estudo do enunciado (p. 269).
Essa categoria, o enunciado, central para os estudos de Bakhtin, não
encontrou solo frutífero na linguística do
século XIX: em Humboldt, porque sua investigação sobre a relação pensamento de
linguagem negligenciava os aspectos da
comunicação; em Vossler, porque a linguagem era vista exclusivamente enquanto
função expressiva da consciência, ou seja,
centrada no falante exclusivamente. Em
ambas, não interfere o fator intersubjetividade, e o ouvinte é um passivo entendedor;
há distinção radical entre emissor e receptor; este último só compreende (pp.
270-271).
O Corpo
Para Bakhtin o receptor não
recebe, mas sim compreende responsivamente; a compreensão não é apreensão, é
já uma resposta, mesmo que seja, como
nos gêneros líricos, uma resposta silenciosa, ao contrário dos gêneros militares,
onde a compreensão é uma ação. O próprio emissor está em atividade de compreensão responsiva, pois ele não é o primeiro a falar. A compreensão passiva, a apreensão é apenas um momento dentro de um
conjunto mais complexo; as linguísticas
gerais o tomam como momento único. (pp.
272-273).
Da mesma maneira, tomando um momento como único, as linguísticas gerais lidam com as noções de fonema, sílaba, oração e não chegam a compreender todo um vasto campo além dessas noções, campo este que elas denominam de ‘fluxo da fala’, definição imprecisa
e sem qualquer limite. Indo além da oração, mas, diferentemente, estabelecendo
uma definição precisa, Bakhtin concebe os
limites do enunciado a partir a alternância
entre sujeitos do discurso e da sua conclusibilidade. Essas marcas do limite dos
enunciados são mais fáceis de serem percebidas nas réplicas de um diálogo, onde
os interlocutores se alternam e cada réplica, por mais curta que seja, possui uma
conclusibilidade (pp. 274, 275).
Nos gêneros secundários
do discurso, essa alternância de sujeitos é
mais complexa e as relações entre enunciados se dão dentro do próprio discurso;
intervém, no caso do romance, para definição dos limites do enunciado, a individualidade no estilo, capaz de fornecer a unidade da obra e de tornar perceptível, no seu
plurilinguismo, sua visão de mundo. (p.
279).
Nos gêneros retóricos, o
Edição n. 26
outro é representado dentro do discurso; a
partir disso é que se pode compreender,
por exemplo, as objeções que o sujeito do
enunciado faz a si mesmo, refutando-as
em seguida. Há sempre responsividade,
mesmo nos discurso aparentemente monológicos, pois os enunciados sempre se
relacionam com outros enunciados e com
outros sujeitos; é justamente por isso que
a oração não pode ser enunciado: ela só se
relaciona com outras orações do mesmo
discurso, e também porque pode haver
alternância de orações sem que haja alternância de sujeito (pp. 276, 277).
O aprendizado da língua
materna está
intrinsecamente relacionado
ao aprendizado de gêneros.
Além da alternância dos
sujeitos e da conclusibilidade, outro requisito define o enunciado: ele é uma posição.
Sua completude semântica é capaz de provocar uma posição responsiva de outro
falante. Enquanto a oração não se relaciona com a realidade imediata, o enunciado é
um posicionamento dentro dessa realidade. O enunciado é uma unidade da comunicação discursiva, ao tempo em que a oração é uma unidade da língua: ambos são
compreensivos, mas a oração ainda não
tudo; o enunciado possui uma inteireza
determinada: (1) pela exauribilidade semântica-objetal do tema; (2) pelo projeto
de discurso; (3) pelas formas típicas composicionais. (pp. 278-281).
Quanto à exauribilidade, ela
é quase plena nos gêneros do discurso de
natureza padronizada, com pouco espaço
para a criação. Nos gêneros científicos, o
objeto é inexaurível, podendo-se falar apenas de um acabamento relativo, definido a
partir dos objetivos do autor. A inteireza
do enunciado se torna perceptível também
quando se consegue identificar o seu projeto de discurso, a sua intenção discursiva,
sua vontade verbalizada. A exauribilidade
do objeto e o projeto de discurso estão
relacionados na medida em que é a intenção quem restringe, recorta e trata o objeto, definindo o posicionamento do enunciado (pp. 281-282).
Quanto às formas típicas
composicionais, ou formas estáveis de
gêneros do enunciado, Bakhtin afirma que
o aprendizado da língua materna está intrinsecamente relacionado ao aprendizado
de gêneros. O projeto de discurso do falante, isto é, sua intenção discursiva, orientase necessariamente para uma adaptação a
um gênero escolhido, uma vez que a vontade individual, a vontade de dizer, só se
manifesta através de um gênero. Isso não
significa que os gêneros sejam imutáveis e
inflexíveis: há aqueles mais estereotipados
e outros mais criativos; uns com entonação expressiva mais calorosa, outros mais
frios; alguns próprios à comunicação oficial, outros típicos da intimidade; e, ainda,
gêneros reacentuados. (pp. 282-284)
Mesmo as esferas da comunicação humana que trabalham com a criação livre não criam um novo gênero a
cada novo enunciado. Também não há recriação, a cada encontro, no gênero conversa mundana, o qual possui suas propriedades e exige destrezas, tal como, por
exemplo, a habilidade de tomar a palavra
rapidamente. Os gêneros, portanto, não
são como a parole saussuriana, vista como
criação individual do falante. O enunciado
não é livre, e o sujeito só consegue colocar
nele a sua individualidade à medida que o
conhece e o domina mais profundamente.
(pp. 284-285)
Página 13
Se, por um lado, a concepção estruturalista reconhece a forma social da oração, reconhecendo que
ela não é totalmente individual e obedece a princípios de gramaticalidade, por
outro, o estruturalismo deixa à vontade
individual do falante a definição da
quantidade de orações no que chamam
de ‘fluxo da fala’. Ora, o tamanho de um
enunciado é definido pelo gênero escolhido, bem como a forma da oração
utilizada. A oração, portanto, obedece a
especificidades que lhe são superiores,
as especificidades do gênero; ela possui
um significado linguístico, mas é impossível saber tudo o que o falante quis
dizer sem o conhecimento do gênero do
enunciado. Apenas no conjunto enunciativo a oração possui o significado pleno.
(pp. 286-288)
Para que uma oração
figure como enunciado pleno, ela deve
possuir certa exauribilidade, atender a
uma vontade de discurso e possuir uma
forma de acabamento. Caso contrário,
a oração terá apenas um significado
abstrato e neutro, pois não terá autor;
nela não se poderá reconhecer o verdadeiro ou o falso, pois lhe faltam condições empíricas e pragmáticas; faltalhe ainda expressividade, pois tal atributo só existe num enunciado concreto.
A oração é neutra, enquanto o enunciado é valorativo; a oração é apenas uma
possibilidade linguística de expressão,
ao tempo em que o enunciado é expressividade efetiva. (pp. 288-290)
Mas de onde vem essa
expressividade? Possuem as palavras
expressividade? A expressividade não é
um atributo da palavra, que, enquanto
parte de uma langue, possui significado
neutro. A expressividade é, verdadeiramente, uma relação; ela não provém da
palavra e alcança o enunciado, mas sim
o contrário, vai do enunciado à palavra.
O falante não escolhe as palavras de
Página 14
dentro da langue, mas as tira de outros
enunciados congêneres. Dentro de um
enunciado, de um gênero, a palavra não é
neutra, pois passa a integrar certa prática
discursiva. Na langue, a palavra é uma
força de coerção (unidade linguística, força centrípeta); no gênero, a palavra é uma
normatividade mais livre, exposta a diversos matizes valorativos (força centrífuga).
(pp. 291-293)
Se a expressividade provém
do gênero, nada sobra para o individuo?
Bakhtin afirma que, empiricamente, só
existe enunciado individual; mas um enunciado individual se desenvolve dentro de
uma tradição. Qualquer palavra existe para
o falante nas formas de palavra-neutra,
palavra-alheia e palavra-minha: a primeira
garante a intersubjetividade da língua; a
segunda garante a concretude da língua; e
a terceira garante a posição valorativa
única de todo enunciado. A entonação expressiva de um enunciado, portanto, não é
uma relação entre falante e objeto, e sim
uma relação entre palavra-minha e palavra-alheia. Entre dois enunciados sobre o
mesmo objeto não existe apenas relação
com o objeto, mas entre os dois enunciados; essas relações não são puramente
indefinido e não concretizado, está presente. Nas correspondências interpessoais o
outro está categoricamente marcado,
enquanto em determinados gêneros o outro é apenas um fundo aperceptível, a partir do qual se fazem previsões, suposições
e adiantamentos. Alguns gêneros caracterizam-se por seu forte apelo ao destinatário; mas já nos gêneros marcados pela
hierarquia, o destinatário exerce pouca
influência. (pp. 300-304)
Resumidamente, Bakhtin
apresenta, nesse texto, critérios para a
caracterização do enunciado. Alternância
de sujeitos, exauribilidade temática, conclusibilidade, responsividade, autoria, concretude pragmática e expressividade dialógica são atributos do enunciado, os
quais, por estarem inapelavelmente associados a uma realidade empírica, assumem
gêneros discursivos diversos.
O falante não escolhe as
palavras de dentro da langue, mas as tira de outros
enunciados congêneres.
sintáticas, são dialógicas (pp. 294-298).
O outro é uma presença
constante em todo enunciado, no qual ele
interfere tanto de dentro quanto de fora.
Até no diário pessoal, o outro, apesar de
Referências
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In:
_________. Estética da criação verbal. 4.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
O Corpo
SELED – Seminário de Estudos em Linguagem e Educação, evento bianual, promovido pelo Grupo de Pesquisa Linguagem e Educação
da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Letras, Programa de
Pós-Graduação em educação, contando com apoio da FAPESB e instituições parceiras. O III SELED terá como temática geral para
esta edição de 2013 III SELED: rede de discursos, práticas e saberes a se realizar na UESB campus de Vitória da Conquista no período de 10 a 13 de Dezembro de 2013.
O SELED neste ano em sua terceira edição já é aguardado em reconhecido em Vitória da Conquista e no estado da Bahia como um
espaço de interlocução provocativo necessário à socialização de investidas teórico-metodológicas com vistas a (re)tematizações e
(re)dimensionamentos de questões que permitam uma melhor compreensão das complexas e intricadas relações entre linguagem
e(m) educação.
O Evento configura-se ainda localmente como um momento oficial e institucional de revitalização de uma rede de interlocução presencial entre professores do Grupo de Pesquisa em Linguagem e Educação (GPLED CNPQ/UESB) que acolhe professores pesquisadores formadores do Programa de Pós-graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens (PPGCEL/UESB) e do Departamento
de Estudos Linguísticos e Literários (DELL) das áreas AMPE (Área de Metodologia e Prática de Ensino) e ALEL (Área de Línguas Estrangeiras e suas Literaturas) e seus pares: pesquisadores e professores formadores de diferentes instituições de ensino do país
com quem se dialoga frequentemente a distância, e do Programa de Pós-graduação em Educação – PPGED da UESB e ProfLetras.
Acesse o site do evento clicando na imagem.
Com o tema “Para onde vai a Literatura?”, o X Encontro Interdisciplinar de Estudos Literários, do Programa de Pós-Graduação em
Letras, da Universidade Federal do Ceará (UFC), será realizado entre os dias 10 a 13 de dezembro de 2013.
O objetivo é discutir as seguintes temáticas: a criação literária com todos os desafios que esta ação empreende; o ensino da literatura e suas atribuições para docentes e pesquisadores; e, por fim, a crítica literária e o seu papel para os estudos literários.
As atividades do X Inter deverão elevar e promover a qualidade da formação docente e científica, incentivando, assim, a melhoria da
produção acadêmica sobre estudos literários, em diálogo com as demais áreas do conhecimento, como, por exemplo, a medicina, a
música, a filosofia, a história, a psicologia, a sociologia, a antropologia, a linguística, as artes visuais, a comunicação, entre outras.
O Encontro Interdisciplinar de Estudos Literários é um evento nacional e, este ano, chega à sua décima edição consolidando-se como
o maior e principal evento do curso de Letras da UFC. Sua relevância acadêmica pode ser evidenciada por meio do Sistema Nacional
de Pós-Graduação e também pelo bom êxito das recentes avaliações realizadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes) para o corpo discente do programa, responsável pela produção e execução das atividades do evento. Entre
no site no evento para obter maiores informações: www.xinterdisciplinar.blogspot.com.br.
Vale destacar ainda o alcance do Encontro Interdisciplinar de Estudos Literários para as pesquisas em Literatura, pois reúne e congrega pesquisadores, professores e escritores de todo o país em torno da reflexão e difusão da produção científica, incentivando, a
geração de conhecimentos. Para celebrar os 10 anos do Encontro, foi articulada uma programação especial, que inclui, além das
sessões de comunicação oral, minicursos, mesas-redondas, palestras, conferências, lançamentos literários e atividades culturais.
Edição n. 26
Página 15
Dica de O Corpo
Leitura do livro “Nhandewa Aywu - Fonologia do Nhandewa-Guarani”, de Consuelo de Paiva Godinho Costa.
Esta obra apresenta um estudo fonológico do dialeto
Nhandewa, da língua Guarani abreviadamente: Nhandewa
-Guarani; família Tupi-Guarani), fundamentada na perspectiva da Escola de Praga, mas lançando mão, também,
de recursos formais e de análise da Fonologia Autossegmental. A originalidade e importância do trabalho de
Consuelo Costa está, por um lado, em constituir-se na
primeira publicação de uma descrição fonológica científica desse dialeto; e por outro lado, por apresentar uma
interpretação bastante inovadora no conjunto das análises fonológicas de línguas da mesma família.
Dica de O Corpo
Leitura do livro “Michel Foucault - Sexualidade, corpo e direito”, organizado por Luís Antonio Francisco de Souza, Thiago
Teixeira Sabatine e Bóris Ribeiro de Magalhães.
A presente coletânea é o resultado dos debates ocorridos no Seminário Michel Foucault: corpo, sexualidade e
direito, que ocorreu na Faculdade de Filosofia e Ciências, a Universidade Estadual Paulista, em junho de 2010.
As investigações de Michel Foucault sobre as tecnologias e dispositivos que modelam o corpo modernidade têm
sugerido um profícuo debate multidisciplinar entre pesquisadores brasileiros que exploram as intersecções
entre corpo, sexualidade e direito.
Colaboradores
O Corpo é Discurso
é o primeiro jornal
eletrônico de
popularização
científica da Bahia.
Popularização da Ciência
A pesquisa científica gera conhecimentos, tecnologias e inovações que beneficiam toda a sociedade. No entanto, muitas pessoas não conseguem compreender a
linguagem utilizada pelos pesquisadores. Neste contexto, a grande mídia e as novas
tecnologias de comunicação cumprem o papel de facilitadores do acesso ao conhecimento científico. Para contribuir com esse processo, em sintonia com o espírito
que anima o Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica do CNPq, criamos
esta seção no portal do CNPq. Seja bem-vindo ao nosso espaço de popularização da
ciência e aproveite para conhecer as pesquisas dos cientistas brasileiros e os benefícios provenientes do desenvolvimento científico-tecnológico.
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O Corpo é Discurso - Nº.26