16 Brasil Econômico Terça-feira, 2 de fevereiro, 2010
INOVAÇÃO &
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EDUCAÇÃO
INOVAÇÃO &
ENGENHARIA
Digitalização de
documentos para
todos os tamanhos
Empresário busca popularizar empresa com serviços pagos por
assinatura, locação de equipamentos, treinamento e suporte
Em vez de escolher
uma estratégia
cautelosa, Martins
decidiu buscar
inspiração
em iniciativas
inovadoras de
grandes empresas,
como Google,
provedores de
internet banda
larga e fundos
de investimento
40% e agregou 35 clientes à nossa carteira”, diz Martins.
Essa mentalidade de “gente
grande” tem se mostrado a principal arma da Acesso Digital para
crescer. Em vez de escolher um
modelo cauteloso, Martins decidiu buscar inspiração em iniciativas inovadoras do mundo corporativo, elaborando o que ele chama de “tripé” da Acesso Digital.
O primeiro item da tríade é um
modelo de negócio baseado em
assinatura mensal, com locação
de máquinas de digitalização e
cobrança pelo uso de datacenter,
treinamento e suporte. A inspiração veio das empresas de internet
banda larga. Com tal estratégia, a
Acesso Digital pode oferecer seu
serviço, o Safe-Doc, para clientes
de diversos portes, sem necessidade de investimento inicial. O
valor da mensalidade começa em
R$ 400 e pode chegar a R$ 80 mil.
A outro item do tripé é um modelo de gestão baseado em fundos
de investimento “Meu sonho era
ter uma grande empresa o mais
rapidamente possível. Quem faz
uma gestão bastante orientada
para o crescimento rápido são esses fundos. Passei a observar as
empresas geridas por eles e vi que
elas são orientadas para resultado, sabem onde querem estar em
cinco anos”, diz Martins. Segundo ele, a missão da Acesso Digital
é ser a empresa que mais cresce
no Brasil e estar entrar as melhores para se trabalhar até 2012.
O terceiro elemento é chamado por Martins de “jeito de ser”
da Acesso. Trata-se da tentativa
de tornar o dia a dia profissional
menos carrancudo. O modelo,
claro, foi o Google. “Visitamos a
empresa e vimos que a aliança
entre prazer e trabalho é algo
muito forte lá dentro”, afirma.
Na Acesso Digital, os horários são
flexíveis, há jogos eletrônicos
para os funcionários e até uma
sala de descompressão na qual se
pode relaxar. Além disso, as metas alcançadas são premiadas: no
próximo dia 9, toda a equipe viaja para a Disney graças aos resultados obtidos em 2009. ■
RESULTADO
OBJETIVO
AVANÇO
R$ 3,5 mi
R$ 8 mi
430
é quanto a empresa faturou no
ano passado. O número é 170%
superior ao valor de 2009.
é a meta para o faturamento em
2010. Além disso, a Acesso Digital
quer chegar a 800 clientes.
é o total de clientes da empresa
em dezembro de 2009. Um ano
antes, esse número era de 161.
João Paulo Freitas
[email protected]
Criar uma empresa e almejar que
ela seja uma das mais destacadas
no seu ramo de atuação em cinco
anos. No mundo empresarial,
onde planos e cálculos costumam
sobrepujar metas mirabolantes,
uma ambição assim é pouco comum. Mas é exatamente esse o
objetivo de Diego Torres Martins,
presidente da Acesso Digital, que
atua no ramo de digitalização e
gerenciamento de documentos.
A Acesso Digital abriu as portas
em 2007, quando Martins tinha
apenas 23 anos. Antes a empresa
existia apenas como pessoa jurídica para os serviços que Martins
prestava como consultor a companhias do ramo. Hoje, o empreendimento conta com indicadores expressivos. No ano passado, o faturamento avançou 170%,
totalizando R$ 3,5 milhões. Claro
que é preciso levar em consideração que, por ser uma empresa
nova, a base de cálculo é pequena.
Outros números, porém, reforçam o movimento positivo da
Acesso Digital. Entre o final de
2008 e dezembro do ano passado,
o total de clientes saltou de 161
para 430. A empresa atende nomes de peso como Vivo, Bradesco, Cetelem e Peugeot-Citroën,
entre outros. São mais de 50 setores atendidos, sendo o principal
deles — com mais de 200 clientes
— o de contabilidade. A meta
para 2010 é chegar a R$ 8 milhões
de faturamento anual e 800
clientes. Para isso, a empresa
abrirá três filiais ainda neste ano.
A primeira será em Porto Alegre e
as outras, em Campinas (SP) e na
cidade do Rio de Janeiro.
Como as grandes
A ambição da Acesso Digital tem
suporte em estratégias de grande
empresa. Em agosto do passado,
ela comprou, por R$ 2 milhões, a
dotBR, uma desenvolvedora de
softwares de gerenciamento de
documentos. “A incorporação
contribuiu para ampliarmos o
nosso faturamento de 2009 em
Diego Torres Martins, presidente da
Acesso Digital: de office boy a empresário
de R$ 3,5 milhões e 430 clientes
Terça-feira, 2 de fevereiro, 2010 Brasil Econômico 17
Henrique Manreza
Andre Monteiro
MÃO NA MASSA
Christian Barbosa
Presidente da Triad Consulting
Do desejo de ser
presidente ao
negócio próprio
Hoje formado em marketing
pela Universidade Anhembi
Morumbi e com especialização
em gestão por resultado pela
Fundação Dom Cabral, Diego
Torres Martins, presidente da
Acesso Digital, teve seu primeiro
emprego os 14 anos, como office
boy. Dois anos depois, ele foi
contratado por uma empresa
terceirizada que gerenciava os
documentos da antiga Telesp
Celular. Desde então, não saiu
mais do ramo. Lá foi promovido
e conheceu diversos empresários
ligados ao setor de gestão de
documentos. Um deles sugeriu
que Martins abrisse uma empresa
para poder atuar como consultor,
fornecendo nota fiscal própria.
Foi então que ele criou, pelo
menos no papel, a Acesso Digital.
“Esse nome combina muito
com o que faço hoje, mas não
me lembro de forma alguma
como ele surgiu. Era só para
poder ter uma pessoa jurídica”,
conta. Aos 22 anos, ele participou,
com uma empresa do setor,
de um projeto de R$ 50 milhões
com a Vivo. O hoje empresário
conta que naquela época
começou a sonhar em ser
presidente de uma grande
companhia. Um dia resolveu fazer
um ultimato à empresa pela qual
trabalhava com a Vivo: convocou
os sócios e disse que queria
presidir o negócio. Chocados,
os dirigentes não responderam.
Martins decidiu então ser
presidente de Acesso Digital.
No início de 2007 começou
a fazer o planejamento da
sua empresa, que abriu as portas
em outubro do mesmo ano.
Você sabe o que é
realmente estratégia?
Há alguns meses venho pensando no plano estratégico da minha empresa para os próximos anos, fazendo
uma renovação da estratégia que se encerrou no ciclo
de 2009. Durante esse meio tempo, conduzi algumas
reuniões de planejamento e conselho de grandes empresas no país justamente sobre essa temática. Independentemente do setor, dá para aprender bastante
ou pelo menos abrir as ideias quando falamos de planejamento estratégico.
O empreendedor que está começando ou o que fez
a empresa crescer rapidamente em geral é muito focado no produto final, na operação, no dia a dia. Acaba-lhe sobrando pouco tempo para pensar na estratégia corporativa, que vai fazer a empresa viver longos anos, destacar-se da concorrência e agregar valor ao consumidor. No contato que tenho com empreendedores, posso afirmar que é raro o empreendedor que tem um bom plano definido para sua
empresa. Em geral impera a política do Zeca Pagodinho: “deixa a vida nos levar, vida leva eu...”.
Estratégia não é visão, é mais
do que um conjunto de ações,
é diferente de aspirações, como
ser o número 1, crescer, trazer
resultados acima de mercado etc
Esse não é apenas um mal do pequeno empreendedor, pois muitas empresas bem estruturadas não têm
estratégia de verdade. Tive a oportunidade de ver uma
palestra do Michael Porter, considerado o maior guru
de estratégia dos tempos atuais, no evento Expomanagement, no final de 2009. Uma das suas afirmações
iniciais foi de que poucas pessoas e empresas realmente sabem o conceito verdadeiro de estratégia. O que
existe é uma grande confusão nesse assunto.
Estratégia não é visão, é mais do que um conjunto
de ações, é diferente de aspirações, como ser o número 1, crescer, trazer resultados acima de mercado
etc. Estratégia começa com resultados. Aprendi e vi
algumas dessas empresas que acompanhei a começarem a pensar em suas estratégias com metas financeiras e retorno de investimento. Óbvio, mas muito
empreendedor se complica com isso.
Qual a meta financeira estratégica da sua empresa?
Qual o retorno de investimento que sua empresa precisa fazer neste ano? Qual o lucro que ela precisa ter para
alcançar uma distribuição de lucros, que te ajude a
realizar os seus sonhos pessoais?
Não é o que dá para fazer, é o que você quer como
sócio da empresa. E, chegando a esse número, você
começa a montar uma estratégia que te ajude a chegar
ou superar esse indicador. É assim que tem que acontecer. Isso guia as prioridades, as decisões e as ações da
empresa. Se sua empresa não tem uma meta financeira
bem formulada, é melhor rever se ela está na categoria
de empresa ou de ONG sem fins lucrativos.
Nem sempre eu fiz assim. Quando defini estratégia em momentos passados para outras empresas das
quais fui sócio, pensava sempre no mercado, na matriz Swot (análise de cenários), na concorrência, na
nossa visão e em todo o resto, para depois falar efetivamente de uma meta financeira. Fica mais fácil inverter sua ordem. Pense nisso no seu plano estratégico dos próximos anos.
No próximo artigo continuarei a discutir estratégia com a seguinte pergunta: sua empresa quer ser
única ou a melhor? Pense um pouco nesse assunto,
ele pode fazer uma gigantesca diferença no posicionamento da sua empresa. ■
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