O foco no estudo do registro dos locais de ocorrência de carnívoros semiaquáticos mustelídeos por métodos não invasivos pode apresentar resultados com rendimento satisfatório para a identificação de áreas mais protegidas da Unidade, por se tratarem de animais biondicadores da qualidade dos rios, o que pode nos ajudar a otimizar as atividades de gestão, devido ao limitado número de servidores. Além disso, obteremos uma idéia de forma comparativa do padrão de distribuição dos mustelídeos semiaquáticos na ESEC JJ em relação ao primeiro e último padrão observado em 2005. Assim sendo, o presente projeto de pesquisa tem como principal objetivo determinar sazonalmente a abundância relativa de Pteronura brasiliensis e os principais locais de ocorrência de mustelídeos semiaquáticos na Estação Ecológica Juami-japurá-AM, visando o futuro monitoramento destas espécies. Para alcançar tal êxito serão realizadas duas expedições por estações climáticas, totalizando oito ao longo do ano, sendo, portanto duas delas nos períodos da enchente e da cheia e duas nos períodos da vazante e da seca, com duração de cinco dias de campo cada uma. As expedições se restringirão ao longo do Rios Juami e do Paraná do anacho, considerados estes pontos estratégicos da Esec JJ, e com ocorrência das espécies já confirmada por pesquisadores em 2005. Os corpos d’água serão percorridos diariamente utilizando voadeiras, onde se buscarão as seguintes informações: presença ou ausência de locas, presença ou ausência de animais, presença ou ausência de fezes, presença ou ausência de restos de alimentos, forma geométrica, altura e largura das locas, distância das locas da água, vegetação predominante na área, tipo de solo predominante na área, localização geográfica dos indícios de presença, localização geográfica do avistamento do grupo, data e horário do avistamento, número de indivíduos por grupo, filmagem e registro fotográfico dos indivíduos para identificação, presença ou ausência de filhotes, dentre outras informações de caráter etológico. Para o auxílio nos avistamentos serão utilizados binóculos LUGAN 20x50 Basix, uma filmadora Sony e uma câmera digital CANON EOS REBELXS. A partir dos dados obtidos as locas encontradas serão classificadas em ativas, inativas ou reativadas e junto com os demais resultados serão armazenados em um banco de dados criado para a UC. A localização geográfica será registrada através de GPS Etrex da Garmim, utilizando o Datum WGS 1984 como padrão. Todos os pontos obtidos terão suas respectivas coordenadas geográficas baixadas no Software Tracker Marker, e posteriormente captados pelo Google Earth para a geração das imagens. As informações geradas serão importantes para tomada de decisões na UC, visto que para as espécies envolvidas já existe um plano de ação nacional que traz como objetivo e metas propostas de ações que visam a conservação destes dois mustelídeos. A partir dos resultados a serem obtidos esperamos utilizar essas espécies como indicadoras da qualidade ambiental da Esec JJ, através de seu monitoramento; conhecer e propor, a partir dos padrões de distribuição dos mustelídeos semi-aquáticos presentes na Esec JJ, medidas que auxiliem a manutenção da conservação do bioma Amazônia; e atrair pesquisadores especialistas para a realização de estudos futuros focados na biologia destas duas espécies. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1.1. Carter, S.K.; Rosas, F.C.W. Biology and conservation of the Giant Otter Pteronura brasiliensis. Mammal Review. 1997. 27(1): 1-26. 1.2. Carter, S.K.; Rosas, F.C.W.; Cooper, A. & Duarte, A.C. Consumption rate, food preferences and transit time of captive giant otter, Pteronura brasiliensis: implications for the study of wild populations. Aquatic mammals, 1999. 25(2): 79-90. 1.3. 1.4. Chanin, P. The Natural History of Otters. Croom Helm. Austrália. 1985. 179pp. Duplaix N. Observations on the ecology and behavior of the giant river otter Pteronura brasiliensis in Suriname. Rev. Ecol. (Terse Vie) 34:495-620. 1980. 1.5. Foster-Turley, P., Macdonald, S. & Mason, C.F. Otters: an action plane for their conservation. IUCN/SSC Otter Specialist Group. 1990. 126p. 1.6. Ibama. Lista dasespécies dafauna brasileira ameaçadasde extinção. Instrução Normativa n. 03 de27/05/2003: Brasilia, Distrito Federal. Disponível em <http://www.ibama.gov.br/fauna>. 1.7. Kruuk, H. Otters: ecology, behaviour and conservation. Oxford University Press, New York. 2006. 265p. 1.8. Levinshon, T. M. & Prado, P. I. 2005. Quantas espécies há no Brasil? Megadiversidade 1:3642. 1.9. Mittermeier, R. A., Robles Gil, P. & Mittermeier, C. G. 1997. Megadiversity: earth’s biologically wealthiest nations. Cidade do México: CEMEX, Conservation International e Agrupación Sierra Madre. 1.10. Pereira, C. R. Desenvolvimento de um programa de monitoramento em longo prazo das ariranhas (Pteronura brasiliensis) no Pantanal brasileiro. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul–UFMS. 2004. 68p. 1.11. Schweizer, J. Ariranhas no Pantanal: Ecologia e Comportamento da Pteronura brasiliensis. Edibran-Editora Brasil Natureza Ltda, Curitiba, Paraná. 1992. 200p. 1.12. Waldemarin, H.F. Ecologia da Lontra Neotropical (Lontra longicaudis), no trecho inferior da Bacia do Rio Mambucaba, Angra dos Reis. Rio de Janeiro: PhD Thesis - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2004. 122 pp. Considero o projeto sendo novo, porque em 2005 foi realizada apenas uma expedição de 15 dias, com dois grupos de estudos (amostragem por terra e por rio), onde o levantamento dos indivíduos não ocorreu, portanto de forma sazonal. O presente estudo ocorrerá de forma bem mais ampla e poderá ajudar a registrar principalmente a distribuição atual das duas espécies em alguns setores da ESEC Juami-japurá, através da localização das locas em uso, quando comparada com os dados já obtidos em 2005. Considero importante citar os resultados alcançados naquela ocasião, referentes aos mustelídeos semiaquáticos, que foram apresentados através de relatório: Tabela 1. Registros de frequência relativa de ocorrência de mamíferos não-voadores de médio e grande porte nas entrevistas com moradores do entorno da ESEC Juamijapurá. Espécies Status/Freqüência relativa /N = 7 (%) A R PC C Família Mustelidae Lutra longicaudis 1(14) 4(57) 2(29) Pteronura brasiliensis 7(100) Tabela 2. Espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas para a Estação Ecológica Juamí-japurá, através de transectos. Espécies Tipo de registro Lutra longicaudis OD / PG Pteronura brasiliensis OD / PG Tipos de Registro: OD – Observação direta; PG- Pegadas; TC- Tocas; PE- Peles; VO – Vocalização Tabela 3. Índice de abundância relativa para as espécies de mamíferos terrestres de médio e grande porte para a Estação Ecológica Juamí-japurá pelo método de rastros e sinais. Espécies Total de registros Frequência Relativa (%) Abundancia Relativa (Ind/km) Lutra longicaudis 19 8,9 0,54 Pteronura brasiliensis 36 16,7 1,03 A ariranha figura como espécie ameaçada de extinção tanto na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2003) como na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza – IUCN (2004), o que significa dizer que a espécie está enfrentando um alto risco de extinção.