I Universidade Camilo Castelo Branco Instituto de Engenharia Biomédica FERNANDO SÉRGIO FERREIRA DIONÍSIO EFEITO ANTIBACTERIANO DO OZÔNIO SOBRE ENTEROBACTÉRIAS E Pseudomonas aeruginosa ANTIBACTERIAL EFFECT OF OZONE ON ENTEROBACTERIACEAE AND Pseudomonas aeruginosa São José dos Campos, SP 2014 II Fernando Sérgio Ferreira Dionísio EFEITO ANTIBACTERIANO DO OZÔNIO SOBRE ENTEROBACTÉRIAS E Pseudomonas aeruginosa Orientadora: Profa. Dra. Dora Inés Kozusny Andreani Co-orientador: Prof. Dr. Renato Amaro Zângaro Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Bioengenharia. São José dos Campos, SP 2014 III FICHA CATALOGRÁFICA IV V DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha esposa, Marisa Maurício Carrasco Dionísio e aos meus filhos, Mariana, Fernando e Felipe. VI AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida e sua infinita misericórdia em todos os momentos da minha caminhada. À minha família, alicerce e sentido da minha vida, por compartilharem todas as minhas realizações, pelo apoio irrestrito em todos os momentos alegrias e tribulações. Em especial a minha esposa, Marisa, minha grande incentivadora, meu apoio e esteio em todos os momentos. Aos meus filhos, Mariana, Fernando e Felipe, por dar sentido à minha vida, motivo de tanto orgulho e fonte da razão de viver. Vocês e a mamãe são benção de DEUS. Ao meu pai, Manoel (in memória), e minha mãe, Elza, instrumentos do dom de minha vida, por todos os momentos de dedicação e amor que construíram a formação da nossa família. Á minha orientadora, Profa. Dora Inés Kozusny-Andreani, exemplo de profissional, por toda a dedicação, atenção e paciência. A senhora sempre estará nas minhas orações. Foi uma honra tê-la como orientadora neste trabalho. Ao meu coorientador, Prof. Dr. Renato Amaro Zângaro, pela honrosa determinação que incentivou a produção desse trabalho. A todos os professores do Programa de Mestrado em Bioengenharia que enriqueceram nosso conhecimento científico e pessoal com suas aulas, e disponibilidade de contato durante todo esse período, muito obrigado. A Reitoria da UNICASTELO em especial a Pró-Reitoria de PósGraduação e Pesquisa. Aos funcionários da UNICASTELO, em especial do Laboratório, Selma e Rogério, pela disponibilidade e paciência. Ao Leandro, funcionário da Pós Graduação da UNICASTELO – Fernandópolis e Nídia e Lucélia da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UNICASTELO, pela presteza e boa vontade em atender os alunos. Aos técnicos e estagiários do Laboratório de Análises Clínicas da UNIFEV, pela colaboração sem igual, sobretudo à Mirian Lima, por toda boa vontade e dedicação. Mas não posso me esquecer de citar a Naielly Moretti e os outros estagiários que muito nos ajudaram. Á Katiuce Picheli por toda ajuda prestada ao longo da execução desse trabalho. Ao Maurício Bonato, que muito me auxiliou na análise estatística deste trabalho. Agradeço à UNIFEV, por ter me permitido utilizar as dependências do Laboratório de Análises Clínicas do Campus Centro e por todo apoio dado na execução deste trabalho. VII Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre. Albert Einstein VIII EFEITO ANTIBACTERIANO DO OZÔNIO SOBRE ENTEROBACTÉRIAS E Pseudomonas aeruginosa RESUMO Frutos, principalmente aqueles consumidos in natura, como tomate e mamão papaia, podem atuar como vias de transmissão de micro-organismos intestinais, como Salmonella spp, Shigella spp, Escherichia coli, Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, assim como protozoários, helmintos e vírus. O objetivo desse trabalho foi de avaliar a eficiência da água ozonizada na sanitização de frutos, como o tomate da variedade Santa Cruz (Solanum lycopersicum) e mamão papaia (Carica papaya L.), considerando seu desempenho em comparação ao vinagre e a lavagem em água corrente, sob o ponto de vista microbiológico e sensorial. Foram analisados o efeito sanitizante da água corrente, solução aquosa de vinagre e água ozonizada em frutos das espécies Solanum lycopersicum e Carica papaya, considerando-se a redução e/ou eliminação das diferentes espécies bacterianas. Observou-se o efeito dos processos de sanitização sobre as propriedades sensoriais. Nas amostras de tomate e mamão submetidas à análise microbiológica, em fase anterior ao processo de sanitização, foi verificada alta contaminação pelas espécies bacterianas: Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris, Klebsiella spp e Salmonella spp. No mamão, também foram isoladas bactérias da espécie Shigella spp. Os frutos analisados apresentaram concentrações de micro-organismos superiores ao permitido pela legislação vigente. A lavagem destes frutos em água corrente não foi eficaz na eliminação de enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa. O vinagre e a água ozonizada não se mostraram eficazes quando o tomate foi submetido ao tratamento de descontaminação por 15 minutos. É necessário, portanto, que esse fruto seja submetido 20 minutos de imersão quando se utiliza vinagre ou água ozonizada no processo de descontaminação. No mamão, o tratamento com ambos os agentes sanitizantes mostrou-se eficaz em imersão por 15 minutos. Os atributos sensoriais foram mantidos nos três tratamentos. Palavras chave: tomate (Solanum lycopersicum), mamão (Carica papaya), água ozonizada, sanitização, enterobactérias. IX ANTIBACTERIAL EFFECT OF OZONE ON ENTEROBACTERIACEAE AND Pseudomonas aeruginosa ABSTRACT Fruits, especially those consumed raw, such as tomatoes and papaya, can act as pathways for transmission of intestinal micro-organism such as Salmonella spp, Shigella spp, Escherichia coli, Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, as well as protozoa, helminths and viruses. The aim of this study therefore was to evaluate the efficiency of ozonated water sanitizing fruits, such as tomatoes, Santa Cruz variety (Solanum lycopersicum) and papaya (Carica papaya L.), considering its performance compared to vinegar and wash in current water under the sensory and microbiological point of view. The sanitizing effect of running water, aqueous solution of vinegar and ozonated water in fruits, Solanum lycopersicum and Carica papaya wer analyzed, considering the reduction and / or elimination of different bacterial species as well, observed the effect of the sanitizing processes on the sensory properties. In tomato and papaya sample underwent microbiological analysis in the previous sanitization procedure, high contamination was verified by bacterial species: Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris, Klebsiella spp and Salmonella spp. In papaya, also bacteria species were isolated Shigella spp. The fruits analyzed showed concentrations above microorganisms to the extent permitted by applicable law. The effects of these washing in running water are not effective in eliminating Enterobacteriaceae and Pseudomonas aeruginosa. The ozonated water and vinegar, were not totally effective when the tomato was subjected to decontamination treatment for 15 minutes. It is necessary, therefore, that this fruit is submitted 20 minutes immersion when using vinegar or ozonated water in the decontamination process. In papaya, treatment with both sanitizers was effective in soaking for 15 minutes. The sensory attributes were kept in the three treatments. Keywords: tomato (Solanum lycopersicum), papaya (Carica papaya), ozonated water, sanitization, enterobacteriaceae. X LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura molecular do ozônio............................................................ 32 Figura 2: Ciclo de Chapman............................................................................... 33 Figura 3: Diluições seriadas das amostras de tomate e mamão...................... 41 Figura 4: Teste confirmativo para a presença de coliformes fecais.................. 42 Figura 5: Plaqueamento das amostras.............................................................. 43 Figura 6: Sistema API20E.................................................................................. 43 Figura 7: Frequência de bactérias Gram-negativas presentes nas amostras de tomate e mamão lavadas em água corrente................................................. 46 Figura 8: Resultados comparativos entre as concentrações de bactérias nos frutos submetidos aos diferentes tratamentos de sanitização........................... 48 Figura 9: Análise de Componentes Principais dos escores sensoriais............. 52 XI LISTA DE TABELAS Tabela 1: Composição nutricional de frutos maduros de tomate (Solanum lycopersicum) .................................................................................................... 22 Tabela 2: Teores de vitaminas nos frutos maduros de tomate (valores médios por 100 g de fruto fresco.................................................................................... 22 Tabela 3: Valor nutricional do mamão papaia por 100g de alimento............... 24 Tabela 4: Estatísticas descritivas da contagem microbiana dos frutos avaliados em relação aos tratamentos empregados......................................... 47 Tabela 5: Resultados da associação entre a presença de Salmonella spp. e os tratamentos de sanitização empregados...................................................... 48 Tabela 6: Resultados da contagem microbiana do tomate em relação ao tempo de exposição ao tratamento.................................................................... 49 Tabela 7: Resultados da associação entre a presença de Salmonella em relação ao tempo de exposição do tratamento ................................................. 50 Tabela 8: Estatísticas descritivas dos atributos sensoriais em relação aos tratamentos empregados................................................................................... 51 XII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADQ: Análise Descritiva Quantitativa ANOVA: Teste de Análise Variância ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária API20E: Analytical Profile Index, BioMérieux® CEAGESP: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo CONSEA II: 2ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional DTA: Doenças Transmitidas por Alimentos EMB: Levine Eosina Azul de Metileno EPRI: Electric Power Research Institute FDA: Food and Drug Administration GRAS: General Recognized As Safe ICMSF: International Comission on the Microbiological Specification for Foods IFT: Institute of Food Science na Technology KCN: cianeto de potássio NMP: Número Mais Provável ONPG: orto-nitrofenil-β-galactopiranosídeo PCA: Análise de Componentes Principais RDC: Resolução da Diretoria Colegiada SS: meio Salmonella/Shigella THM: trihalometanos TSA: Trypticase Soy Agar UFC: Unidade Formadora de Colônias USDA: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos VB: meio Verde Brilhante XIII SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 15 2. OBJETIVOS....................................................................................................... 18 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................... 3.1. Tomate (Solanum lycopersicum) ................................................................ 3.1.1. Biologia do tomate.................................................................................... 3.1.2. Variedades de tomate.............................................................................. 3.1.3. Composição nutricional do tomate........................................................... 3.2. Mamão (Carica papaya) ............................................................................. 3.2.1. A Biologia do mamão............................................................................... 3.2.2. Variedades da espécie Carica papaya L.................................................. 3.2.3. Valor nutricional do mamão solo ou papaya............................................ 3.3. Contaminação dos alimentos e saúde pública............................................ 3.4. Segurança microbiológica dos alimentos.................................................... 3.5. Micro-organismos patogênicos presentes em frutos................................... 3.5.1. Coliformes totais, fecais e Escherichia coli.............................................. 3.5.2. Salmonella e Shigella............................................................................... 3.5.3. Pseudomonas e Proteus.......................................................................... 3.6. Sanitização dos alimentos........................................................................... 3.7. Ozônio......................................................................................................... 3.8. Análise sensorial dos alimentos.................................................................. 19 19 20 21 21 22 23 24 24 25 25 27 27 29 29 30 31 35 4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 4.1. Local do experimento.................................................................................. 4.2. Delineamento experimental......................................................................... 4.2.1. Análise microbiológica do tomate............................................................. 4.2.2. Análise microbiológica do mamão............................................................ 4.2.3. Análise sensorial...................................................................................... 4.3. Micro-organismos pesquisados................................................................... 4.4. Natureza e preparação das amostras de tomate e mamão........................ 4.5. Tratamento das amostras por imersão........................................................ 4.5.1. Tratamento das amostras do tomate do grupo A..................................... 4.5.2. Tratamento das amostras do tomate do grupo B..................................... 4.5.3. Tratamento das amostras de mamão....................................................... 4.6. Ozonização da água.................................................................................... 4.7. Avaliação microbiológica das amostras...................................................... 4.7.1. Preparo das diluições............................................................................... 4.7.2. Plaqueamento das amostras.................................................................... 4.8. Avaliação sensorial dos frutos..................................................................... 4.9. Análise estatística....................................................................................... 37 37 37 37 37 38 38 38 38 39 39 39 40 40 40 42 44 45 5. RESULTADOS................................................................................................... 5.1. Avaliação microbiológica............................................................................. 5.2. Avaliação dos diferentes tratamentos de sanitização sobre bactérias Gram-negativas presentes nos frutos.................................................................... 46 46 46 XIV 5.3 Influência dos diferentes tratamentos de exposição do tomate ao vinagre e à água ozonizada................................................................................................ 49 5.4 Avaliação sensorial....................................................................................... 50 6. DISCUSSÃO...................................................................................................... 6.1. Análise dos micro-organismos presentes nas amostras de tomate e mamão submetidas à lavagem em água ozonizada.............................................. 6.2. Análise dos resultados obtidos após os três tratamentos de sanitização... 6.2.1. Influência do tempo de exposição ao sanitizante sobre a descontaminação do tomate.................................................................................. 6.3. Análise sensorial......................................................................................... 53 53 54 56 57 7. CONCLUSÃO..................................................................................................... 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 60 ANEXO 1: Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)........ 67 ANEXO 2: Terminologia descritiva para avaliação sensorial de frutos.................. 69 ANEXO 3: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................... 70 ANEXO 4: Ficha de avaliação dos atributos sensoriais......................................... 72 15 1. INTRODUÇÃO A alimentação é um dos fatores determinantes da saúde, a qual depende da qualidade sanitária e do teor nutricional dos alimentos que a compõem, indispensáveis à satisfação das necessidades fisiológicas do indivíduo. As infecções intestinais causadas por micro-organismos constituem sério problema de saúde pública em diversos países, inclusive o Brasil, onde os coeficientes de prevalência de contaminação de alimentos ainda são consideravelmente elevados (ROBBS; CAMPELO, 2002; ROSA; CARVALHO, 2004). A qualidade sanitária do alimento depende do controle sobre os perigos químicos, físicos e biológicos, que acontecem em todas as etapas da cadeia alimentar, da produção ao consumo. Assim, no momento em que chegam às prateleiras, a maioria dos produtos frescos apresentam de 104 a 105 UFC (Unidades Formadoras de Colônias) de coliformes totais. Dessa forma, frutos, principalmente aqueles consumidos in natura, como tomate e mamão papaia, podem atuar como vias de transmissão de micro-organismos intestinais (ABADIASA et al., 2011). A principal forma de contaminação em frutos dá-se, principalmente, no uso de água contaminada por material fecal de origem humana e/ou animal utilizado na irrigação de plantações. Outras formas seriam a contaminação do solo por uso de adubo orgânico com dejetos fecais, o contato das frutas com animais como aves, moscas e ratos, e também a forma inadequada como às frutas são manuseadas e transportadas na cadeia de distribuição (ROBERTSON; GJERDE, 2001). A produção de alimentos higiênicos nutritivos e apetitosos, vão ao encontro das expectativas do consumidor preocupado com os riscos dos aspectos microbiológicos da preparação segura e higiênica dos alimentos. O controle de patógenos de origem alimentar na fonte nem sempre é fácil. Muitos patógenos sobrevivem por longos períodos de tempo e podem ser transmitidos aos humanos de várias maneiras, principalmente pela ingestão de alimentos (JAY, 2005). Frutos e vegetais frescos são frequentemente considerados veículos de bactérias patogênicas como Salmonella sp, Shigella sp, Escherichia coli, nas diversas variedades: E.coli enteropatogênica, E. coli enterotoxigênica e E. coli enterohemorrágica (O157:H7), Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, assim como protozoários, helmintos e vírus. Esses micro-organismos são muito relevantes 16 para a saúde pública, por serem agentes etiológicos de distúrbios, principalmente em nível intestinal (VIEITES et al., 2004; PRESTES, 2007; OLIVEIRA et al., 2011). O tomate (Solanum lycopersicum), variedade Santa Cruz e o mamão papaia (Carica papaya L.) são frutos bastante consumidos no Brasil durante o ano inteiro. Para que o consumo desses frutos ocorra de forma segura, no que se refere à sua conservação e à contaminação de seres humanos, é preciso que se faça a descontaminação desses vegetais por substâncias sanitizantes ou saneantes. Por esse motivo, é interessante estabelecer a eficiência dos processos de sanitização desses alimentos (KECHINSKI, 2007; ARAÚJO; MENEZES, 2009; SIMÃO; RODRIGUEZ, 2009). Segundo Pelczar (1996), “sanificante é todo agente que reduz a níveis consideráveis, garantidos pelas autoridades de saúde pública, a flora microbiana presente em materiais ou artigos”. De acordo com Cavalcante (2007), é essencial que a substância saneante utilizada na descontaminação dos frutos apresente segurança e eficácia, tanto do ponto de vista toxicológico, como microbiológico, pois a etapa de sanitização é critica, e de suma importância para a qualidade dos vegetais. O método de sanitização mais utilizado no Brasil para a higienização de frutos e outros vegetais são os compostos à base de cloro, principalmente o hipoclorito de sódio. No entanto, os compostos clorados podem reagir com substâncias orgânicas, formando produtos potencialmente tóxicos e com potencial carcinogênico que podem causar grande impacto sobre a saúde humana. Assim, faz-se necessário pesquisar outras alternativas na sanitização de alimentos frescos, como frutas e vegetais em geral (VANETTI, 2004; AMARAL et al., 2012). Como alternativa viável no processo de sanitização de produtos vegetais, considera-se a utilização do ozônio, que foi oficialmente reconhecido com agente sanificante seguro em 1997 pelo EPRI (Electric Power Research Institute), que proporcionou oportunidades para sua aplicação na descontaminação dos alimentos. O uso de ozônio na forma gasosa ou dissolvido em água pode reduzir significativamente o consumo de cloro livre e a deposição de subprodutos orgânicos de cloro nas águas residuais (BACHELLI; AMARAL; BENEDETTI, 2013). No entanto, no Brasil, o uso de ozônio como sanificante ainda é limitado, havendo necessidade da criação de uma legislação específica para seu emprego na desinfecção de alimentos (CHIATONI; TORRES; ZAMBIASI, 2008). 17 Faz-se necessário, portanto, avaliar o emprego de agentes saneantes alternativos para tentar minimizar a formação de resíduos tóxicos, que causam dano ao meio ambiente e à saúde humana. A multifuncionalidade do ozônio faz dele um agente promissor não só na descontaminação dos alimentos, como também em diversas outras atividades, sobre as quais muitos estudos vêm sendo desenvolvidos. Embora estudos demonstrem que o consumo de alimentos tratados com ozônio não causa qualquer efeito tóxico à saúde humana e de animais, é importante que haja estudos avaliativos da segurança e eficácia do uso desse desinfetante na sanitização de frutos, alimentos utilizados in natura pela população humana. Por este motivo este trabalho propôs a utilização da água ozonizada na sanitização e manutenção dos atributos sensoriais de frutos comuns na alimentação da população como o tomate e o mamão, comparando com os tratamentos com água corrente e vinagre. 18 2. OBJETIVO 2.1. Objetivo geral O objetivo desse trabalho foi verificar a eficiência de água ozonizada como sanitizante de frutos. 2.2. Objetivos específicos Avaliar a eficiência da água ozonizada na sanitização de frutos, como o tomate, variedade Santa Cruz (Solanum lycopersicum) e mamão papaia (Carica papaya L.), considerando seu desempenho em comparação ao vinagre e a lavagem em água corrente, sob o ponto de vista microbiológico e sensorial com relação aos seguintes atributos: cor, aroma, textura e sabor. 19 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Tomate (Solanum lycopersicum) O tomate é um fruto pertencente à família Solanaceae, gerado a partir da fecundação da flor do tomateiro (Solanum lycopersicum). Com polpa carnosa, suculenta e cheia de sementes, é base de molhos para massas e carnes, mas com ele também são feitas saladas, purês, geleias e sucos. Dependendo da variedade, o tomate apresenta vários tamanhos e formatos. A variedade santa cruz, cultivada em diversas regiões brasileiras, tem frutos firmes, arredondados e bem vermelhos, bastante utilizados em molhos e saladas (ARAÚJO; MENEZES, 2009). Considera-se que o cultivo e o consumo do tomate como alimento tiveram origem na América do Sul, pela civilização inca que habitava o Peru. No entanto, há teorias de que o tomate originou-se no México. É consenso, porém que o tomate era amplamente consumido na região da atual América Latina pelas civilizações inca, maia e asteca (SANTOS et al, 2011). O tomate foi introduzido na Europa no século XVI, primeiramente em Sevilha, na Espanha, tendo posteriormente se irradiado para toda a Europa, porém os europeus suspeitavam ser o tomate um fruto venenoso, uma vez que o associavam à mandrágora, planta tóxica, utilizada em rituais de feitiçaria. Foi somente no século XIX que o consumo do tomate expandiu-se, tanto na Itália, como na França, Espanha e Inglaterra, tornando um alimento bastante popular (WEYDMANN, 2006). Nos Estados Unidos, o tomate começou a ser cultivado no início do século XIX pela Fundação Americana Padre Thomas Jefferson, porém só foi amplamente aceito como alimento pela população americana no final do século XIX (ARAÚJO; MENEZES, 2009). No Brasil, o tomate é um produto alimentício bastante importante, uma vez que é consumido por grande parte da população em função de seu alto valor nutritivo. Atribui-se aos imigrantes italianos que começaram a chegar ao Brasil no final do século XIX, a introdução do tomate na culinária brasileira. Desde então, o tomate tornou-se um produto de grande impacto tanto na economia mundial, como na brasileira, tornando-se a segunda hortaliça mais cultivada no planeta, cuja produção é superada apenas pela batata (SANTOS et al., 2011). 20 3.1.1. Biologia do tomate O tomateiro é uma angiosperma dicotiledônea, pertencente à ordem Tubiflorae, família Solanaceae, gênero Solanum. Com relação ao epíteto específico do tomateiro, há autores que utilizam o termo esculentum Mill. No entanto, atualmente, há ampla aceitação entre os taxonomistas do epíteto lycopersicum. Assim, são encontrados na literatura as designações Solanum esculentum ou Solanun lycopersicum para o tomateiro. No Code of Nomenclature for Cultivated Plants é utilizado o termo Solanum lycopersicum (BRICKELL et al., 2004; ICNCP, 2009; SANTOS et al., 2011). Trata-se de uma planta autógama, com muitas ramificações laterais. O sistema radicular desta planta compreende uma raiz axial que atinge cerca de 50 cm ou mais, da qual partem raízes secundárias. O caule do tomateiro cresce até uma altura de 2-4 m, consistindo em uma estrutura sólida, áspera, com pelos glandulares. As folhas dessa planta são alternadas, compostas de número ímpar de folíolos e sua superfície é revestida por pelos, em sua maioria, secretores, que liberam substâncias que proporcionam o aroma característico de solanáceas (BOITEUX; MELO; VILELA, 2008). As flores do tomateiro são hermafroditas e ocorrem em inflorescências na forma de cachos de 6 a 12 flores, que se desenvolvem em posição oposta ou entre as folhas. O cálice das flores do tomateiro possui cinco sépalas e as pétalas são lanceoladas e largas, de cor amarela. Possuem cinco estames soldados formando um cone. As anteras são curtas e largas, dispostas ao redor de um estilete provido de uma ponta alongada. O ovário é súpero e contém de 2 a 9 lóculos (MELO; MELO; BOITEUX, 2009). O órgão comestível dessa planta é o fruto carnoso do tipo baga, que apresenta forma globular ou ovalada, cujo diâmetro varia de 2 a 15 cm. O fruto imaturo geralmente apresenta cor verde e pode apresentar pelos. O fruto maduro tem uma coloração que varia entre o amarelo e o vermelho, com superfície lisa ou canelada. As sementes distribuem-se no endocarpo do fruto e são abundantes, com forma de rim ou de pera, de cor castanha clara, com 3-5 mm de comprimento e 2-4 mm de largura. O embrião é envolvido pelo endosperma (ZAMBRANO; MOYEJA; PACHECO, 1996, SHIRAHIGE et al., 2009). 21 3.1.2. Variedades de tomates No Brasil, as cultivares comerciais de tomate são classificadas em 4 variedades diferentes de acordo com as características do fruto: cereja, salada, italiano e santa cruz (DUSI et al., 1993; ALVARENGA, 2004). A variedade de tomates cereja apresentam frutos esféricos de pequeno tamanho, de cor vermelha, com 2 a 3 cm de diâmetro, que possuem dois lóculos e polpa fina. Já a variedade salada têm frutos com forma arredondada, apresentandose achatados nas regiões basal e apical, são multiloculados (GRILLI et al., 2000). O peso dos tomates da variedade salada varia entre 200 e 400 g. Os frutos do tomate italiano (saladete) são alongados, com comprimento variando de 7 a 10 cm e diâmetro de 3 a 5 cm. São biloculares, com polpa espessa e coloração vermelho intensa (MACHADO; ALVARENGA; FLORENTINO, 2007). Os tomates da variedade santa cruz possuem frutos oblongos, contendo de 2 a 4 lóculos e seu peso varia entre 70 a 200 g. (ALVARENGA, 2004). 3.1.3. Composição nutricional do tomate O tomate é um fruto carnoso que contém em sua composição química de 93% a 95% de água. Os outros compostos desse fruto consistem em minerais, ácidos orgânicos, carboidratos, proteínas, vitaminas e outros compostos. O baixo valor calórico desse fruto torna-o recomendável em dietas hipocalóricas. No entanto, a sua composição nutricional sofre variações de acordo com os cultivares, os aspectos nutricionais ao qual o vegetal foi submetido, bem como as condições do ambiente nas quais a planta se desenvolveu (SILVA et al., 2006). A qualidade do tomate, portanto está relacionada com a matéria seca nele presente, na qual aproximadamente 50% correspondem a açúcares redutores, como a glicose e a frutose, enquanto 10% da matéria seca total correspondem a ácidos orgânicos (ácido cítrico e ácido málico). Tomates também são fontes de carotenoides (licopeno e β-caroteno, principalmente), além de compostos fenólicos e flavonoides (FERRARI, 2008). As Tabelas 1 e 2 apresentam a composição nutricional do tomate de acordo Davies e Robson (1981), citados em Silva et al., (2006): 22 Tabela 1: Composição nutricional de frutos maduros de tomate (Solanum lycopersicum). COMPONENTES Glicose Frutose Sucrose Proteínas Substâncias pécticas Hemicelulose Celulose Ácido cítrico Ácido málico Lipídios Aminoácidos dicarboxílicos Pigmentos Ácido ascórbico Voláteis Outros aminoácidos, vitaminas e polifenois % na matéria seca 22 25 1 8 7 4 6 9 4 2 2 0,4 0,5 0,1 1,0 Tabela 2: Teores de vitaminas nos frutos maduros de tomate (valores médios por 100 g de fruto fresco). VITAMINAS Vitamina A (β-caroteno) Vitamina B1 (tiamina) Vitamina B2 (riboflavina) Vitamina B3 (ácido pantotênico) Vitamina do complexo B6 Ácido nicotínico (niacina) Ácido fólico Biotina Vitamina C Vitamina E (a-tocoferol) Valor nutricional 900 – 1271 i.u.* 50 – 60 m g 20 – 50 m g 50 – 750 m g 80 – 110 m g 500 – 700 m g 6,4 – 20 m g 1,2 – 4,0 m g 15000 – 23000 m g 40 – 1200 m g * 1 i.u. (unidade internacional) = 0,6 m g de b-caroteno. 3.2. Mamão (Carica papaya L) O mamão é o fruto carnoso do mamoeiro, planta frutífera da espécie Carica papaya. Esses frutos podem ser consumidos in natura e também são utilizados em saladas, sucos, geleias, frutas cristalizadas e doces (COSTA; PACOVA, 2003). Esse fruto é nativo da região noroeste da América do Sul, leste da América Central e sul do México, sendo atualmente cultivado em grande parte dos países tropicais e também nos Estados Unidos. As primeiras referências sobre esse fruto ocorreram no século XVI, quando suas sementes foram distribuídas para o Caribe e sul da Ásia, durante 23 a colonização dessas regiões pela Espanha. A seguir, essa espécie foi disseminada para a Índia, Ilhas do Pacífico e África (ALMEIDA et al., 2006). 3.2.1. A Biologia do mamão O mamoeiro é uma planta perene de natureza arbórea, pertencente a Divisão Embryophyta, subdivisão Angiospermae, classe Dicotyledoneae, subclasse Archyclhamydea, ordem Violales, subordem Caricineae, família Caricaceae, gênero Carica, espécie Carica papaya L (KECHINSKI, 2007). O mamoeiro pode viver por aproximadamente 5 a 10 anos, ainda que usualmente, as plantações comerciais sejam replantadas mais cedo. Essa planta tem um caule único e ereto, cilíndrico e oco, com diâmetro em torno de 30 cm na base e 5 cm próximo às folhas. No ápice do caule forma-se uma coroa de grandes folhas palmadas. Em condições ambientais ideais, a planta pode atingir de 8 a 10 m de altura (MEDEIROS; LEITE; MENDONÇA, et al., 2008). Nas axilas das folhas originam-se as flores, que se apresentam na forma de inflorescências. Flores femininas ocorrem de forma individual ou em agrupamentos de 2 a 3 unidades de cor amarela, branca ou roxa, que se inserem diretamente no caule. As flores masculinas são mais numerosas e de menor tamanho, agrupandose em inflorescências com pedúnculos longos e pendentes. Podem ocorrer flores hermafroditas de tamanho intermediário, podendo ocorrer autofecundação (MANICA, 2006). Os frutos são carnosos do tipo baga, com forma ovalada, casca macia, de cor esverdeada, amarela ou alaranjada. O mesocarpo forma uma polpa carnosa, de cor laranja, suculenta e adocicada. A cavidade central é preenchida por sementes escuras com, em média, 5 mm de diâmetro. O tamanho dos frutos varia entre 7 e 30 cm de comprimento e sua massa pode variar entre 250 a 3000 g, de acordo com a variedade. A espessura da polpa pode variar de 1,5 a 4 cm (KECHINSKI, 2007; MEDEIROS et al., 2008). 3.2.2. Variedades da espécie Carica papaya L No Brasil são conhecidas três variedades de mamão: o mamão “comum”, que é caracterizado por frutos grandes que chegam até 2.000 g de massa, e coloração da 24 polpa variando entre o amarelo e o avermelhado; o grupo “solo”, bastante trabalhado geneticamente, também conhecido como mamão papaia ou mamão havaiano, cujos frutos são pequenos (massa de 300 a 650 g), com polpa avermelhada; e a variedade “formosa”, que produz frutos de tamanho médio, cujo peso varia entre 1.000 e 1.300 g, com casca de coloração verde claro e polpa laranja avermelhada (MANICA, 2006; COSTA, 2008). 3.2.3. Valor nutricional do mamão solo ou papaia Os mamões da variedade “solo” são bastante apreciados pelos consumidores em função de seu pequeno tamanho, casca com poucas ou nenhuma mancha, frutos com polpa firme, mas principalmente em função de sua composição nutricional (MANICA, 2006). A composição nutricional do mamão papaia está descrita na Tabela 3. Tabela 3: Valor nutricional do mamão papaia por 100g de alimento. Nutriente Água Calorias Proteína Gorduras Ácidos graxos saturados Ácidos graxos monoinsaturados Ácidos graxos poli-insaturados Colesterol Carboidrato Cálcio Fósforo Ferro Potássio Sódio Vitamina A Tiamina Riboflavina Niacina Ácido Ascórbico Fonte: Junior et al. (2007) Valor nutricional 86 % 46,43 0,71 g Traços g 0,07 g 0,07 g Traços g 0,0 mg 12,14 g 25,00 mg 8,57 mg 0,21mg 176,43 mg 6,43 mg 285,71 UI 0,03 mg 0,03 mg 0,36 mg 65,71 mg 25 3.3. Contaminação dos alimentos e saúde pública De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention - CDC (2004) as doenças transmitidas por alimentos (DTAs) acometem 76 milhões de pessoas por ano nos Estados Unidos, sendo a causa de 325 mil hospitalizações e mais de 5 mil óbitos. A principal causa das DTAs é a contaminação microbiológica dos alimentos, mas essas enfermidades também podem ocorrer por toxinas produzidas por agentes biológicos, além de fatores físicos e químicos (OMS, 2002). 3.4. Segurança microbiológica dos alimentos A necessidade de se preservar os alimentos para posterior utilização tornou-se, desde a antiguidade, essencial à sobrevivência da espécie humana. A preservação dos alimentos por meio do salgamento foi introduzida em 3.000 a.C. No entanto, somente na segunda metade do século XIX é que houve aumento no interesse de se estudar a prevenção da degradação dos alimentos, que ocorria por ação de micro-organismos, quando Pasteur demonstrou que a decomposição do leite era causada por agentes microbianos (LIMA; SOUSA, 2002). O conceito de Segurança Alimentar tornou-se importante a partir da 2ª Guerra Mundial, quando a Europa sofreu grande devastação e apresentava dificuldades na produção de seus alimentos. Consideram-se três aspectos principais quando se trabalha com o conceito de segurança alimentar: a quantidade, a regularidade e o acesso a alimentos saudáveis (BELIK, 2003). A preservação ou degradação dos alimentos depende de fatores ambientais, como temperatura, umidade relativa do ar, presença de O2 e de CO2 e da concentração de micro-organismos. Também são importantes as características do alimento em si: pH, umidade, disponibilidade de água, potencial de oxirredução, estrutura física, disponibilidade de nutrientes e produção de substâncias antimicrobianas naturais (SOUSA, 2006; PRESTES, 2007). A segurança microbiológica tem por finalidade determinar se um alimento é adequado para consumo e pode ser determinada com a utilização de parâmetros que estabelecem o padrão de tolerância para micro-organismos indicadores de contaminação fecal, como os coliformes. A Escherichia coli é uma espécie de micro- 26 organismo indicador, uma vez que pode atuar como comensal, como patógeno oportunista e também como um agente patogênico muito especializado. (ARBOS, FREITAS; STERTZ, 2010; SOARES, 2012). É de fundamental importância para a saúde pública e o registro do Serviço de Inspeção Federal, fazer a determinação da qualidade microbiana dos alimentos. É preciso, portanto, que se identifique o grau de contaminação de alimentos, em uma fase inicial, para que, a partir dos resultados obtidos, seja possível o estabelecimento de recomendações e aplicação de medidas de controle para garantir a segurança alimentar (NASCIMENTO, 2006). Jay (2005) afirmou que a contaminação dos alimentos de natureza vegetal tem início em sua produção e pode se estender a todas as outras etapas da cadeia produtiva: transporte, recepção, armazenamento e exposição ao consumidor. Podese promover a oferta de alimentos com qualidade higiênico-sanitária adequada por meio do investimento em boas práticas de manipulação, permitindo, assim, a prevenção de doenças veiculadas por alimentos (SOUSA, 2006). Em função de condições precárias de higiene apresentadas pelos manipuladores e a utilização de equipamentos, utensílios e locais de armazenamento contaminados, os frutos podem apresentar uma microbiota nociva ao consumidor (ALMEIDA et al., 2013). Para tornar o alimento adequado para consumo, seguro, do ponto de vista microbiológico, é necessário que se adotem medidas que proporcionem maior segurança na produção, processamento, distribuição e comercialização desses alimentos. Assim, o alimento disponível ao ser humano não pode oferecer qualquer risco de contaminação, deterioração ou outros perigos gerados por alimentos com prazo de validade vencido (CONSEA II, 2004). Belik (2003) afirmou que “a qualidade dos alimentos diz respeito também à possibilidade de consumi-los de forma digna. Dignidade significa permitir que as pessoas possam comer [...] seguindo as normas tradicionais de higiene”. Dessa forma, é preciso garantir ao consumidor um alimento saudável do ponto de vista microbiológico por meio do controle da contaminação desse alimento, enfatizando situações que proporcionem a prevenção de patógenos. A resolução RDC 12 de 02 de janeiro de 2002 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelece ausência de Salmonella sp., e como padrão, o número máximo 5x102 NMP de coliformes totais por grama de frutos in natura. Considera-se também, impróprio para consumo humano, alimentos que apresentem 27 contagens microbianas na ordem de 105-106 UFC.g-1 para bactérias mesófilas totais e coliformes totais, de forma geral, principalmente em função da perda de propriedades nutricionais e de alterações em suas propriedades organolépticas, maiores riscos de deterioração e também devido à provável presença de microorganismos patogênicos (ANVISA, 2002). Para que um alimento possa ser considerado de boa qualidade sanitária, é necessário que ele esteja isento de micro-organismos patogênicos. Como não é possível fazer a análise de todos os alimentos, padronizou-se o uso da Contagem Padrão em Placa de bactérias da família Enterobacteriaceae, principalmente da E. coli, que indica condições insatisfatórias de higiene nos alimentos. Assim, a melhor maneira de se avaliar a segurança microbiológica de um alimento é contar o número de colônias de bactérias presentes na amostra cultivada (NASCIMENTO; 2006). 3.5. Micro-organismos patogênicos presentes em frutos A microbiota das frutas varia de acordo com o clima e as práticas de cultivo e, de maneira geral, bactérias psicrotróficas como Erwinia sp e Pseudomonas sp são as que mais influenciam a qualidade dos frutos, pois são pectinolíticas e podem alterar facilmente o tecido vegetal. Também podem ser encontradas espécies patogênicas de Pseudomonas, como a P. aeruginosa, coliformes totais e fecais e outras enterobactérias (CESDCDG, 2002). 3.5.1. Coliformes totais, fecais e Escherichia coli Dentre os micro-organismos que podem contaminar frutos e causar distúrbios na saúde humana, estão os chamados coliformes. As bactérias do grupo coliforme encontradas no intestino humano e de animais são utilizadas na avaliação da qualidade das águas e de produtos (PRESTES, 2007; SOARES, 2012). A presença de coliformes em um alimento indica seu nível de contaminação e, portanto, o risco que ele oferece à saúde humana. Assim, a contagem de coliformes totais serve de parâmetro microbiológico básico às leis de consumo criadas pelos governos e empresas fornecedoras, que, utilizam-se desse número para garantir a qualidade da água e dos alimentos consumidos (PELCZAR, 1996; JAY, 2005; SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2010). 28 Os coliformes totais constituem um grupo de bactérias gram-negativas da família Enterobacteriaceae, capazes de fermentar lactose, que podem ser aeróbias ou anaeróbias facultativas. Essas bactérias são associadas à decomposição de matéria orgânica em geral. Dentre os coliformes totais, consideram-se os coliformes fecais, ou coliformes termotolerantes, micro-organismos que suportam temperaturas acima de 40ºC, mantendo sua capacidade reprodutiva (BROOKS et al., 2012). As bactérias do grupo coliforme são encontradas frequentemente em fezes de animais endotérmicos, inclusive o ser humano. A pesquisa de coliformes nos alimentos, dentre eles a E. coli fornece, com maior segurança, informações sobre as condições de higiene nos produtos avaliados e melhor indicação da presença de enteropatógenos. Contudo, a presença de coliformes totais nos alimentos não indica, necessariamente, contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatógenos (FRANCO; LANDGRAF, 2002). Segundo Brooks et al (2012), a Escherichia coli, bactéria gram-negativa normalmente encontrada no trato intestinal humano, é o micro-organismo predominante nos coliformes totais. Esse micro-organismo foi reconhecido como patógeno de origem alimentar em 1971. Essa espécie de bactéria está subdivida em linhagens patogênicas que foram tipificadas sorologicamente em mais de 200 sorotipos, sendo reconhecidos cinco grupos de E. coli virulentos: E. coli enteroagregativas (EaggEC), E. coli ênterohemorrágicas (EHEC). E. coli enteroinvasivas (EICEC), E. coli enteropatogênicas (EPEC) e E. coli enterotoxigênicas (ETEC) (JAY, 2005). Dentre as EPEC, encontra-se a E. coli O157:H7, que evoluiu a partir de outras EPEC e adquiriu genes de toxina da Shigella dysenteriae, via bacteriófago. Todos esses sorotipos produzem diarreias e outras manifestações intestinais, causando, portanto doenças alimentares que podem ser bastante graves, muitas vezes, resultando em morte (LOPEZ-CUÉVAS; FELIX; EDEZA, 2009; BROOKS et al., 2012). 3.5.2. Salmonella e Shigella A Salmonella sp e a Shigella sp são micro-organismos gram-negativos que podem ser encontrados nos vegetais, porém essas bactérias são comprovadamente 29 patogênicas e persistem por tempo inferior nesses substratos, quando comparadas aos componentes dos coliformes totais (GUPTA; LIMBAGO; PATEL, 2011). As bactérias do gênero Salmonella apresentam a forma de pequenos bastonetes gram-negativos, que não formam esporos. Esses micro-organismos são indistinguíveis das E. coli sob o microscópio ou mesmo em ágar nutriente. Elas são amplamente distribuídas na natureza e têm o homem como um de seus principais reservatórios. Doenças alimentares que têm a Salmonella como seu agente etiológico, resultam da ingestão de alimentos contendo um número significativo de determinadas linhagens do gênero (JAY, 2005; SOARES, 2012). As bactérias do gênero Shigella constituem-se em bastonetes gramnegativos, pertencente à família Enterobacteriaceae altamente contagiosos que colonizam o trato gastrointestinal humano. O alimento ou a água podem ser contaminados por contato direto ou indireto com material fecal de pessoas infectadas- via de transmissão fecal-oral (OLIVEIRA; SOUZA; BERGAMINI, 2011; GUPTA; LIMBAGO; PATEL, 2011). A falta de higiene pessoal é um fator comum nos casos de contaminação por Shigella, que pode desencadear uma infecção alimentar. Mariscos, crustáceos, frutas, vegetais, galinha e saladas são alimentos-veículo mais predominantes no processo de infestação (LIMA; SOUSA, 2002; JAY, 2005; BROOKS et al., 2012). 3.5.3. Pseudomonas e Proteus Existem relatos sobre casos de intoxicação alimentar causadas por bactérias mesófilas, como Pseudomonas e Proteus quando presentes em números elevados, embora usualmente não sejam patogênicas por via alimentar. Essas bactérias, no entanto, indicam a qualidade sanitária do alimento, já que um número elevado desses organismos indica que o alimento encontra-se insalubre (FRANCO; LANDGRAF, 2002; SILVA et al., 2010). As Pseudomonas são bastonetes gram-negativos, com grande mobilidade, aeróbios não fermentadores. Do ponto de vista médico, o gênero mais importante é a Pseudomonas aeruginosa (BROOKS et al, 2012). A P. aeruginosa é uma bactéria ubíqua, que pode fazer parte da microbiota humana, sendo raras as infecções causadas por essa bactéria em pessoas saudáveis. No entanto, essa bactéria torna-se um agente infeccioso considerável, 30 quando são consideradas as infecções hospitalares, principalmente em indivíduos com baixa resistência ou imunodeprimidos (ARBOS et al, 2013). Embora seu envolvimento com doenças alimentares ainda seja discutível, as bactérias do gênero Proteus tem a forma de bacilos móveis gram-negativos, anaeróbios facultativos, considerados patógenos em potencial, que estão relacionados à deterioração dos alimentos (GUPTA; LIMBAGO; PATEL, 2011). 3.6. Sanitização dos alimentos Para que o consumo de frutos, como o tomate e o mamão, ocorram de forma segura no que se refere à sua conservação e à contaminação de seres humanos, evitando a ocorrência de doenças transmitidas por alimentos (DTAs), é preciso que se faça a descontaminação desses vegetais por substâncias sanitizantes ou saneantes (SIMÃO; RODRIGUEZ, 2009). A sanitização dos alimentos compreende um conjunto de procedimentos que envolvem diferentes processos, com a finalidade de se obter um nível de higiene e limpeza adequados em todas as etapas que envolvem a produção, transporte e comercialização dos alimentos, objetivando reduzir ou eliminar os micro-organismos presentes de forma compatível com o consumo desse produto (ZHANG et al., 2009; SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2010; SOARES, 2012). De acordo com Cavalcante (2007), é essencial que a substância sanitizante utilizada na descontaminação dos frutos apresente segurança e eficácia, tanto do ponto de vista toxicológico, como microbiológico, pois a etapa de sanitização é crítica, e de suma importância para a qualidade dos vegetais. O método de sanitização é determinante na manutenção da qualidade e da higienização dos frutos. Um dos sanitizantes mais utilizados no Brasil é o cloro, substância que apresenta uma grande propriedade oxidante e seu uso, principalmente sob a forma de hipoclorito de sódio (NaOCl), têm sido comum em residências e indústrias. Isto se deve ao fato de que compostos a base de cloro, como hipoclorito de sódio são de baixo custo e relativamente eficientes na descontaminação dos alimentos (KECHINSKI, 2007). No entanto, o uso de compostos clorados apresenta algumas desvantagens que limitam seu uso como saneante de alimentos pelo fato de formar alguns subprodutos, como resíduos organoclorados, trialometanos e ácidos holoacéticos, 31 substâncias que apresentam propriedades mutagênicas, tóxicas e carcinogênicas. Esses resíduos podem permanecer nos alimentos, na água de lavagem e superfícies com as quais o alimento entra em contato, causando danos à saúde pública, além da contaminação ambiental (PRESTES, 2007). De acordo com Srebernich (2007), o íon hipoclorito pode apresentar baixa ação bactericida em presença de substâncias orgânicas. Como alternativa viável no processo de sanitização de produtos vegetais, considera-se a utilização do ozônio, que foi oficialmente reconhecido com agente sanificante seguro em 1997 pelo EPRI (Electric Power Research Institute), proporcionando oportunidades para sua aplicação na descontaminação dos alimentos. No entanto, no Brasil, o uso de ozônio como sanificante ainda é limitado, havendo necessidade da criação de uma legislação específica para seu emprego na desinfecção de alimentos (CHIATONI; TORRES; ZAMBIASI, 2008). 3.7. Ozônio O composto conhecido como ozônio (O3) é um gás instável, diamagnético, com ponto de ebulição em -112 ºC. Em função de sua grande capacidade de absorver luz vermelha, à temperatura ambiente, esse gás apresenta coloração azul-pálida, podendo atingir coloração azul-escura quando é convertido para o estado líquido, situação em que adquire propriedades explosivas. O ozônio é uma forma alotrópica do oxigênio, constituído por três átomos de oxigênio, unidos por ligações hibridas de comprimento médio de ligação de 1,28 Å com um ângulo de 116º49’, conforme é mostrado na Figura 1 (ATKINS, 2002). Figura 1: Estrutura molecular do ozônio. Fonte: Adaptado de Atkins, 2002 32 A propriedade de ter um odor pungente resultou o nome ozônio, derivado do grego ozein, “que tem cheiro”. A produção do ozônio ocorre pela descarga elétrica ou da radiação ultravioleta sobre o O2, onde o segundo método é utilizado para produção de baixa concentração de ozônio na conservação de alimentos (SHRIVER; ATKINS, 2008). Segundo Baird (2011) na estratosfera durante o período de luz diurna e mediante uma série de reações que ocorrem simultaneamente, o ozônio está constantemente sendo formado, decomposto e regenerado. Ele é produzido devido à quantidade adequada de luz procedente do sol UV-C para dissociar moléculas de O2, originando átomos de oxigênio (O) que na maioria choca-se com outras moléculas de O2 formando o O3 (ozônio). De acordo com Shriver et al. (2008), a grande capacidade do O3 de absorver o espectro luminoso na região de 220 a 290 nm é importante para impedir a ação dos raios ultravioleta do sol na superfície do planeta Terra. No entanto, o gás ozônio é temporariamente destruído quando realiza o processo de filtrar as radiações UV-B e UV-C originadas da luz solar, fenômeno que também ocorre por reação com átomos de oxigênio, que são a espécie predominante, que colidem normalmente com outros átomos de oxigênio para formar novas moléculas de O2. O mecanismo de reação caracterizado na formação e destruição do ozônio, denominado de ciclo de Chapman é representado na Figura 2 (BAIRD, 2011). Figura 2: Ciclo de Chapman. Fonte: Adaptado de Baird, 2011 33 Devido à reatividade e instabilidade do ozônio, característica que o difere do oxigênio, para realizar sua utilização comercial ele deve ser produzido no local, não sendo possível armazená-lo. (KIM; YOUSEF; DAVE, 1999). A produção de ozônio pelo efeito corona ou método de descarga eletroquímica é o mais utilizado, o processo ocorre quando na presença de oxigênio uma corrente alternada de alta voltagem é descarregada. Esse fenômeno ocorre naturalmente em grande escala nos dias de tempestade com a liberação de descargas elétricas dos relâmpagos na atmosfera, sendo reproduzido através da tecnologia de materiais e eletroeletrônica de forma eficaz e controlada por geradores artificiais de ozônio (CHIATONI; TORRES; ZAMBIASI, 2008). A indústria alimentícia vem pesquisando desinfetantes seguros e efetivos na atividade antimicrobiana, assim como tratamentos alternativos para redução da contaminação de alimentos. Esse interesse aumentou nos últimos anos e um dos agentes que se destaca é o ozônio, sanitizante utilizado na Europa desde o início do século XX no tratamento de águas (KIM; YOUSEF; DAVE, 1999). Por ser muito volátil o ozônio em um curto período de tempo é decomposto em oxigênio na água, assim seu uso não deixa resíduos nos alimentos (KHADRE; YOUSEF; KIM, 2001). O gás ozônio apresenta forte ação bactericida em função de sua alta capacidade de oxidação. Assim, seu emprego como agente saneante na descontaminação de alimentos apresenta grandes vantagens, pois não produz resíduos tóxicos que podem causar danos ao meio ambiente e à saúde humana (CHIATONI; TORRES; ZAMBIASI, 2008). A ação bactericida do ozônio tem sido pesquisada para uma grande variedade de bactérias gram-positivas e gram-negativas, esporos e células vegetativas. O ozônio age sobre vários componentes da célula bacteriana, como enzimas da membrana plasmática, proteínas de membrana, peptidioglicanos da parede celular, enzimas e ácidos nucleicos do citoplasma, além de proteínas e peptideoglicanos da capa dos esporos bacterianos (PRESTES, 2007; SOPHER; GRAHAM; RICE, 2002). Pode-se afirmar que o mecanismo de destruição dos micro-organismos pelo ozônio é diferente dos processos de destruição de outros agentes saneantes, como o cloro que atua por difusão através da membrana celular, produzindo alterações estruturais e funcionais nos elementos internos vitais da célula, como enzimas, 34 proteínas, DNA e RNA. O ozônio, por apresentar uma capacidade oxidante muito maior que o cloro, age diretamente sobre a parede celular bacteriana, causando sua ruptura e morte em um tempo de contato menor, o que inviabiliza a recuperação dos micro-organismos após sua ação (KHADRE; YOUSEF; KIM, 2001). Por ser um gás bastante volátil, o ozônio pode afetar o sistema respiratório, causar dor de cabeça, tontura, sensação de queimação nos olhos e na garganta, além de tosse (CHIATONI; TORRES; ZAMBIASI, 2008). Em altas concentrações, o ozônio pode ser fatal aos seres humanos. Segundo a Associação Americana de Higiene Industrial (AIHA) e a Administração de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA) os níveis máximos permitidos de exposição ao ozônio são de 0,2 mg/m3 (0,1 ppm) por 8 h ou 0,6 mg/m3 (0,3 ppm em volume) durante 10 minutos. No entanto, um indivíduo pode detectar o cheiro característico do ozônio em concentrações de 0,02 - 0,1 mg/m3 (0,01 a 0,05 ppm) (GUZEL-SEYDIM; GREENE; SEYDIM, 2004). No Brasil, não se tem feito uso de agentes desinfetantes alternativos como o ozônio, sendo que este vem sendo utilizado somente em universidades, para fins de pesquisa. Não tem havido investimento em desinfetantes alternativos ao uso do cloro, por este apresentar o mais baixo custo, mantendo ainda alguma eficiência. A utilização de tal agente aumenta os riscos à saúde pública (CHIATONI; TORRES; ZAMBIASI, 2008). A eficiência da atuação de agentes sanitizantes no Japão é comprovada pela utilização em mais de 100.000 plantas de processamento de alimentos e mais de 500 estações de tratamento de água que utilizam o ozônio em seus processos (NAITO; TAKAHARA, 2006). Em países desenvolvidos, tais como França, Alemanha e Estados Unidos, agentes alternativos, como o ozônio já vem sendo empregados como saneantes. Futuramente, os desinfetantes não clorados deverão ser crescentemente utilizados, de forma combinada e até substitutiva ao cloro, na desinfecção da água e de alimentos (CAVALCANTE, 2007). 3.8. Análise sensorial dos alimentos A análise sensorial é o método que, após determinado procedimento ao qual foi submetido um produto, realiza-se um teste para avaliar a aceitação desse produto 35 por parte dos consumidores. Essa análise é realizada por meio do uso dos sentidos humanos: visão, gustação, olfato, audição e tato. Assim, a qualidade de um alimento pode ser avaliada por meio das sensações resultantes da interação de vários órgãos humanos, fornecendo dados que permitem a avaliação da qualidade e aceitabilidade por parte do consumidor de novos alimentos ou de alimentos submetidos a determinado tratamento (ELLENDERSEN; WOSIACKI, 2010). Os atributos sensoriais de um alimento são determinados pelas suas propriedades organolépticas, como aroma, sabor, textura e cor (RIBEIRO; PARK; HUBINGER, 2010). Para a realização da análise sensorial é preciso utilizar um grupo de pessoas devidamente treinadas, com a finalidade de reduzir a probabilidade de erro na avaliação dos dados, uma vez que podem ocorrer interferências externas relacionadas ao meio e à terminologia utilizada pelos provadores. A análise sensorial de alimentos pode ser influenciada por fatores fisiológicos, psicológicos, físicos e de saúde. Os provadores têm a função de transformar sensações subjetivas em dados quantitativos e qualitativos (ELLENDERSEN; WOSIACKI, 2010; RIBEIRO; PARK; HUBINGER, 2010). De acordo com Prestes (2007) pode-se considerar três metodologias distintas para se realizar a análise sensorial: Método Sensorial Discriminativo, Método Sensorial Afetivo e Método Sensorial Descritivo. No Método Sensorial Discriminativo são avaliadas as diferenças sensoriais entre dois ou mais produtos. No Método Sensorial Afetivo, avalia-se a aceitação e preferência dos consumidores em relação a um ou mais produtos. A técnica do Método Sensorial Descritivo permite a avaliação das propriedades organolépticas de um produto, formando-se equipes treinadas de provadores que descreverão suas sensações em relação aos atributos sensoriais de determinados alimentos (ELLENDERSEN; WOSIACKI, 2010; ARAUJO; MENEZES, 2012). Para analisar o perfil sensorial de um produto e para quantificar seus atributos sensoriais, utiliza-se a análise quantitativa descritiva (ADQ), cuja finalidade é oferecer subsídios para proporcionar a avaliação de um produto a partir da observação pelos sentidos, caracterizando e medindo a intensidade do atributo sensorial a ser avaliado. A ADQ inclui a comparação dos atributos sensoriais de um produto submetido a diferentes tratamentos (RIBEIRO; PARK; HUBINGER, 2010). 36 Para fazer uma completa descrição sensorial de um produto, a ADQ propõe a avaliação da aparência, do aroma, do sabor e da textura em ordem de detecção. Esse método utiliza uma escala de categoria não estruturada, de 9 a 15 cm, e com no mínimo 8 provadores treinados (ELLENDERSEN; WOSIACKI, 2010). 37 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Local do experimento O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia da UNICASTELO, Campus de Fernandópolis e Laboratório de Análises Clínicas do Centro Universitário de Votuporanga – UNIFEV, Campus Centro. 4.2. Delineamento experimental O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 3 tratamentos de sanitização: a) água de abastecimento – grupo controle, b) vinagre de álcool 6,25% (que contém 0,25% de ácido acético) – grupo padrão, c) água ozonizada na concentração de 28mg.L-1 – grupo experimental. 4.2.1. Análise microbiológica do tomate Foram analisadas 24 amostras de tomate, divididas em dois grupos – grupo A, que sofreu sanitização por 15 minutos e grupo B, que foram submetidas à sanitização por 20 minutos. As 12 amostras do grupo A, foram submetidas aos seguintes tratamentos: a) lavagem em água corrente b) sanitização com vinagre de álcool (6,25%) por 15 minutos. c) sanitização com água ozonizada (28 mg.L-1) por 15 minutos. As 12 amostras do grupo B foram submetidas aos seguintes tratamentos: a) lavagem em água corrente. b) sanitização com vinagre de álcool (6,25%) por 20 minutos c) sanitização com água ozonizada (28 mg.L-1) por 20 minutos. 4.2.2. Análise microbiológica do mamão Foram analisadas 20 amostras de mamão submetidas aos seguintes tratamentos: a) lavagem em água corrente 38 b) sanitização com vinagre de álcool (6,25%) por 15 minutos. c) sanitização com água ozonizada (28 mg.L-1) por 15 minutos. 4.2.3. Análise sensorial Em uma segunda etapa, frutos de tomate e de mamão das amostras controle, e tratadas com vinagre de álcool e com água ozonizada por quinze minutos, foram avaliados do ponto de vista sensorial para verificar a ação dos três tratamentos sobre as propriedades organolépticas destes frutos. 4.3. Micro-organismos pesquisados Neste trabalho, foi avaliada a atividade antimicrobiana do ozônio, considerando-se, concentração de enterobactérias (E. coli, Salmonella spp., Shigella sp e Proteus vulgaris) e Pseudomonas aeruginosa. 4.4. Natureza e preparação das amostras de tomate e mamão As amostras dos frutos utilizadas na realização deste trabalho foram adquiridas em supermercados de Votuporanga, SP, no período de julho de 2012 a dezembro de 2013. Foram adquiridas 24 amostras in natura de tomate, variedade santa cruz e 20 amostras de mamão papaia. Os procedimentos utilizados para avaliar a eficiência dos tratamentos com ozônio na descontaminação de tomate e mamão foram aplicados da seguinte forma: a) Todos os utensílios e equipamentos utilizados nos experimentos foram previamente higienizados. b) Os frutos foram colocados em peneira e enxaguados com água corrente. As amostras foram acondicionadas em recipiente plástico (toilete). Para as análises microbiológicas, foram retiradas, com swab, amostras da lateral e do pedúnculo, em uma área de 4 cm2 de cada região, dos frutos pesquisados, imediatamente após a sanitização. 39 4.5. Tratamento das amostras por imersão 4.5.1. Tratamentos das amostras de tomate do grupo A a) Amostra controle As amostras de tomate foram lavadas em água proveniente da rede de abastecimento, após a toilete. b) Amostra padrão A sanitização em solução aquosa de vinagre (6,25%) foi feita em 12 amostras de tomate. Após a toilete, as amostras de tomate foram imersas em um recipiente de vidro contendo solução aquosa de vinagre (2 L de água para 125 mL de vinagre) por 15 minutos. c) Amostra experimental Após a toilete, as 12 amostras de tomate do grupo A foram imersas em um recipiente de vidro contendo água ozonizada na concentração de 28 mg.L-1 por 15 minutos. 4.5.2. Tratamentos das amostras de tomate do grupo B a) Amostra controle As amostras de tomate foram lavadas em água proveniente da rede de abastecimento, após a toilete. b) Amostra padrão A sanitização em solução aquosa de vinagre (6,25%) foi feita em 12 amostras de tomate. Após a toilete, as amostras de tomate foram imersas em um recipiente de vidro contendo solução aquosa de vinagre (2 L de água para 125 mL de vinagre) por 20 minutos. c) Amostra experimental Após a toilete, as 12 amostras de tomate do grupo B foram imersas em um recipiente de vidro contendo água ozonizada na concentração de 28 mg.L-1 por 20 minutos. 40 4.5.3. Tratamentos das amostras de mamão a) Amostra controle As 20 amostras de mamão foram lavadas em água proveniente da rede de abastecimento, após a toilete. b) Amostra padrão A sanitização em solução aquosa de vinagre (6,25%) foi feita em 20 amostras de mamão. Após a toilete, as amostras de mamão foram imersas em um recipiente de vidro contendo solução aquosa de vinagre (6,26%) por 15 minutos. c) Amostra experimental Após a toilete, as 20 amostras de mamão foram imersas em um recipiente de vidro contendo água ozonizada na concentração de 28 mg.L-1 por 15 minutos. 4.6. Ozonização da água A ozonização da água deionizada foi realizada pelo equipamento gerador corona de ozônio Ozon & Life® (Medical System) conectado ao cilindro de oxigênio. O ozônio foi produzido de forma constante pelo equipamento e conduzido por um tubo de silicone para o difusor, gerando assim 28 mg.L-1. Um volume de 2 L de água foi exposto ao ozônio de forma direta por meio do difusor, em temperatura controlada de 25 ºC. 4.7. Avaliação microbiológica das amostras As análises realizadas seguiram o protocolo proposto por Silva et al. (2010). 4.7.1. Preparo das diluições Em todas as amostras foi selecionado aleatoriamente uma área de 4 cm2 do pedúnculo e da lateral, as quais foram friccionadas com swab para coleta de material biológico. Utilizaram-se quatro tubos com 10 mL de solução salina (0,5%) para diluição do material biológico. O material coletado foi diluído no primeiro tubo número 0. A solução obtida foi designada 100 = 100%. Foram transferidos 1000 µL da amostra inicial (100) para tubos de Lauril sulfato triptose contendo 9 mL, obtendo- 41 se as diluições 10-1. Da mesma forma obtiveram-se as diluições 10-2 e 10-3 e 10-4. Os tubos de ensaio foram mantidos em banho-maria a 35º C por 24 h (teste presuntivo), conforme é apresentado na Figura 3. Figura3: Diluições seriadas das amostras de tomate e mamão. Fonte: Adaptado de Silva et al. (2010) Os tubos com resultado positivo foram repicados para o caldo Verde Brilhante Bile (VB) diluindo-se 1000 µL da amostra positiva em 9 mL de caldo VB, que foi incubado a 35 ºC, em banho-maria, por 24 h. Anotou-se o número de tubos de VB com crescimento e produção de gás, confirmativos da presença de coliformes fecais. O crescimento é verificado pela turvação do meio de cultura. A produção de gás pode ser verificada pela formação de bolhas em tubos invertidos (tubos de Durham), colocados nos tubos de caldo antes da esterilização (Figura 4). 42 Figura 4: Teste confirmativo para a presença de coliformes fecais. Fonte: Adaptado de Silva et al. (2010) 4.7.2. Plaqueamento das amostras Foi realizado o plaqueamento das amostras, inoculando-se 100 µL das diluições com resultado positivo em placas de Petri de 100mm contendo os seguintes meios de cultura: TSA, EMB e SS. O inoculo foi semeado por toda a superfície do meio, com alças de Drigalski, até que o excesso de líquido fosse absorvido. As placas semeadas e incubadas foram mantidas em estufa a 35 ºC por 24 h (1ª leitura) e 48 h (2ª leitura). Após esse período, foi realizada a contagem de UFC.g-1 (Figura 5). 43 Figura 5: Plaqueamento das amostras. Fonte: Adaptado de Silva et al. (2010) A identificação dos micro-organismos foi realizada por meio de testes bioquímicos do sistema API20E (Analytical Profile Index, BioMérieux) para identificação de enterobactérias (Figura 6). Figura 6: Sistema API20E. Fonte: http://www.biomerieux-industry.com/food/api-id32-microbial-identification O sistema API20E apresenta as seguintes provas bioquímicas: βgalactosidase (orto-nitrofenil-βD-galactopiranosidase), dihidrolisação da arginina, descarboxilação da lisina e ornitina, teste de utilização do citrato, produção de H2S, urease, triptofanodesaminase, produção de indol, gelatinase, acetoína (Voges Proskauer), redução dos nitratos em nitritos, fermentação e oxidação de: glicose, manitol, inositol, sorbitol, ramnose, sacarose, melibiose, amigdalina e arabinose (GONÇALVES, 2005). 44 4.8. Avaliação sensorial dos frutos Foi realizada uma análise descritiva quantitativa das propriedades sensoriais dos frutos tratados com lavagem em água corrente e imersos por 15 minutos em solução aquosa de vinagre (6,25%) e água ozonizada (28 mg.L-1). Para realizar a análise sensorial foi feito um projeto aprovado pelo comitê de ética, protocolo: 26798714.6.0000.0078 (anexo 1). Posteriormente, foi feita a préseleção dos provadores e o treinamento dos mesmos durante 4 semanas, para desenvolver a terminologia descritiva utilizada na pesquisa. Com base no protocolo adaptado utilizado por Prestes (2007), foi realizada a avaliação subjetiva das amostras com relação aos seguintes atributos: cor, aroma, textura e sabor (anexo 2). Os provadores selecionados foram treinados para transformar a sensação experimentada em uma resposta ao estímulo provocado pelo alimento em dados qualitativos e quantitativos mensurados por meio da utilização de fichas de avaliação, contendo diferentes escalas avaliativas dos atributos considerados no alimento. Foi formada uma equipe de quinze provadores orientados a respeito da terminologia descritiva para avaliação das amostras obtidas (controle, padrão e experimental). Cada voluntário assinou um termo de compromisso livre e esclarecido, após realizar sua leitura e obter explicações do texto (anexo 3). Para fazer a avaliação sensorial das amostras, 30g de cada amostra foram apresentados aos provadores em pratos plásticos brancos, que fizeram o julgamento subjetivo dos atributos sensoriais (cores), aroma e textura (não oral), sabor (oral) dos frutos pesquisados, registrando-os em fichas de avaliação com escalas de intervalo de comprimento não estruturadas, marcando na linha de escala o local que melhor estabelecesse seu julgamento do parâmetro estudado (Anexo 4), adaptado do trabalho de Prestes (2007). Nas amostras, não houve identificação sobre o tipo de higienização recebido. A avaliação da intensidade definida pelo provador foi posteriormente convertida em valores numéricos pela utilização de escala ou régua. As respostas obtidas foram analisadas e os resultados submetidos à análise estatística. 45 4.9. Análise estatística A análise estatística teve como objetivo verificar o efeito sanitizante da água ozonizada em relação ao perfil microbiológico e avaliar se o modo de sanitização influencia a aceitação sensorial. As análises microbiológicas foram comparadas por meio da aplicação do teste de Kruskal-Wallis seguido do teste de comparação múltipla de Dunn, quando significativo. A análise microbiológica associativa foi direcionada pelo teste quiquadrado. Os resultados sensoriais foram comparados por meio de Análise de Variância (ANOVA) seguido do teste de comparação múltipla de Tukey. Análise de Componentes Principais foi aplicada com o objetivo de observar a interação entre os atributos sensoriais, a aceitação dos provadores e os tratamentos de higienização empregados. Todos os testes estatísticos foram aplicados com nível de significância de 0,05. Os softwares Minitab 17 (Minitab Inc.) e STATISTICA 10 (StatSoft Inc.) foram utilizados respectivamente nas análises univariada e multivariada. 46 5. RESULTADOS Os resultados abaixo serviram de base para evidências sobre o comportamento microbiológico e sensorial de amostras de tomate e mamão que foram submetidas a três tratamentos diferenciados de higienização. 5.1. Avaliação microbiológica Nas amostras de tomate e mamão lavadas em água de abastecimento, submetidas à análise microbiológica, foi verificada em ordem de percentual de contaminação, pelas bactérias Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella spp, Proteus vulgaris, Shigella spp e Klebsiella spp (Figura 7), sendo que, Shigella spp ocorreu apenas em cinco amostras de mamão, dentre as vinte analisadas. Figura 7: Frequência das bactérias Gram-negativas presentes nas amostras de tomate e mamão lavadas em água corrente. A concentração de todos os micro-organismos encontrados torna os frutos pesquisados inadequados para consumo de acordo com as normas da ANVISA. 47 5.2. Avaliação dos diferentes tratamentos de sanitização sobre as bactérias Gram-negativas presentes nos frutos A Tabela 4 mostra as estatísticas descritivas da contagem microbiana dos frutos em relação aos tratamentos de higienização: água corrente, solução aquosa de vinagre (6,25%) e água ozonizada (28 mg.L-1) por 15 e 20 minutos no tomate e 15 minutos no mamão, comparando-se os resultados obtidos nos diferentes tratamentos por meio da aplicação do teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de comparação múltipla de Dunn, quando significativo. Tabela 4: Estatísticas descritivas da contagem microbiana dos frutos avaliados em relação aos tratamentos empregados. Microrganismo Escherichia coli Pseudomonas aeruginosa Proteus vulgaris Klebsiella sp. Shigella 1 Tratamento n Tomate/Água Tomate/Ozônio Tomate/Vinagre Mamão/Água Mamão/Ozônio Mamão/Vinagre Tomate/Água Tomate/Ozônio Tomate/Vinagre Mamão/Água Mamão/Ozônio Mamão/Vinagre Tomate/Água Tomate/Ozônio Tomate/Vinagre Mamão/Água Mamão/Ozônio Mamão/Vinagre Tomate/Água Tomate/Ozônio Tomate/Vinagre Mamão/Água Mamão/Ozônio Mamão/Vinagre Mamão/Água Mamão/Ozônio Mamão/Vinagre 48 48 48 40 40 40 48 48 48 40 40 40 48 48 48 40 40 40 48 48 48 40 40 40 40 40 40 Md1 1,45.1015±3,56.1015 6,71.103±4,32.104 4,27.1010±1,69.1011 2,50.1016±1,58.1017 1,67.101±5,78.101 4,25.109±2,68.1010 1,25.1015±3,34.1015 1,62.102±9,97.102 7,23.1010±4,36.1011 2,50.1016±1,58.1017 0,00±0,00 6,75.109±4,26.1010 6,27.105±3,44.106 2,70.103±1,87.104 4,79.102±3,03.103 3,88.102±1,74.103 0,00±0,00 0,00±0,00 2,50.104±1,73.105 5,21.101±3,60.102 1,46.101±7,14.101 1,37.104±6,69.104 2,00±1,26.101 0,00±0,00 6,75.107±4,26.108 0,00±0,00 2,50±1,58.101 5,30.105a 0,00c 2,5.101b 1,00.104a 0,00b 0,00b 0,00a 0,00b 0,00ab 0,00 0,00 0,00 0,00a 0,00b 0,00ab 0,00a 0,00b 0,00b 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00a 0,00b 0,00ab Valor P2 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,068 0,015 0,002 0,791 0,356 0,026 Letras diferentes na mesma coluna diferem-se entre si pelo teste de comparação múltipla de Dunn a P < 0,05. 2Valor P referente ao teste de Kruskal-Wallis a P < 0,05 48 Como a Resolução RDC nº 12 de 12 de janeiro de 2001 preconiza que o alimento está adequado para consumo apenas se a concentração de Salmonella spp for igual a zero, a análise deste micro-organismo é feita considerando-se sua presença ou sua ausência. A Tabela 5 mostra a análise associativa entre a presença de Salmonella spp. e o tipo de tratamento empregado na sanitização de cada um dos frutos. Tabela 5: Resultados da associação entre a presença de Salmonella spp. e os tratamentos de sanitização empregados. Fruto Tratamentos Tomate Mamão Água Ozônio Vinagre Total Valor P1 Água Ozônio Vinagre Total Valor P1 Presença de Salmonella spp. Não Sim 28 (26,67%) 20 (51,28%) 41 (39,05%) 7 (17,95%) 36 (34,29%) 12 (30,77%) 105 (72,92%) 39 (27,08%) 0,010 16 (19,05%) 24 (66,67%) 37 (44,05%) 3 (8,33%) 31 (36,90%) 9 (25,00%) 84 (70,00%) 36 (30,00%) < 0,001 Total 48 (33,3%) 48 (33,3%) 48 (33,3%) 144 (100%) 40 (33,3%) 40 (33,3%) 40 (33,3%) 120 (100%) 1 Valor P referente ao teste qui-quadrado a P < 0,05. A Figura 8 apresenta os resultados comparativos dos diferentes tratamentos sobre as populações bacterianas encontradas no tomate e no mamão. 49 Figura 8: Resultados comparativos entre as concentrações de bactérias nos frutos submetidos aos diferentes tratamentos de sanitização. Os resultados analisados nas amostras de tomate da Tabela 5 e Figura 8 foram conjuntamente obtidos de suas amostras do grupo A (15 minutos) e grupo B (20 minutos), referentes ao tempo de sanitização com solução aquosa de vinagre e água ozonizada. 5.3. Influência de diferentes tempos de exposição do tomate ao vinagre e à água ozonizada Com relação ao tempo de exposição, as amostras de tomate foram submetidas a duas diferentes situações: 12 amostras foram imersas em solução aquosa de vinagre e água ozonizada por 15 minutos (amostras A de tomate) e 12 amostras (B) foram submetidas aos mesmos tratamentos por 20 minutos, uma vez que se pretendia verificar o tempo necessário de tratamento para tornar o alimento adequado para consumo. A Tabela 6 apresenta os resultados obtidos considerando-se os diferentes tempos aos quais foram submetidas as amostras de tomate. 50 Tabela 6: Resultados da contagem microbiana do tomate em relação ao tempo de exposição ao tratamento. Microrganismo Tomate Ozônio Escherichia coli Vinagre Ozônio Pseudomonas aeruginosa Vinagre Tempo (min) n 15 24 Md1 7,49.102±2,23.103 4 4 0,00 20 24 1,26.10 ±6,12.10 0,00 15 24 8,55.1010±2,34.1011 2,95.103 20 24 1,45.107±6,52.107 0,00 15 24 3,60.101±1,13.102 0,00 20 24 2,88.102±1,40.103 0,00 15 24 1,44.1011±6,15.1011 1,00.102 20 24 2,08±1,02.101 0,00 Valor P 0,040 0,167 < 0,001 0,343 Os tratamentos com água ozonizada apresentaram-se significativamente diferentes quando avaliados em relação a E. coli (P=0,040) e P. aeruginosa (P < 0,001). No entanto, para o tratamento com ozônio, o tempo de 15 minutos mostrouse mais efetivo. Vale ressaltar que a mediana igual a zero indica que mais de 50% das avaliações resultou nula em relação à contagem dos micro-organismos mencionados. Para Proteus e Klebsiella, não foi possível comparar os resultados, uma vez que esses micro-organismos não foram encontrados nas 12 amostras lavadas em água corrente e sanitizadas por um tempo de 15 minutos com ozônio ou com vinagre. A Tabela 7 apresenta os resultados dos tratamentos de sanitização com solução aquosa de vinagre e de água ozonizada quando se considera os tempos diferentes na eliminação de Salmonella spp. Tabela 7: Resultados da associação entre a presença de Salmonella spp. em relação ao tempo de exposição ao tratamento. Tomate Ozônio Vinagre Tempo Salmonella spp. Ausência Presença 15 min 18 (75,00%) 6 (25,00%) 20 min 23 (95,83%) 1 (4,17%) 15 min 17 (70,83%) 7 (29,17%) 20 min 19 (79,17%) 5 (20,83%) Valor P 0,032 0,504 51 Somente o ozônio apresentou associação significativa da presença de Salmonella spp. em relação ao tempo de exposição (P=0,032) e o resultado mostrou que o tempo de 20 minutos de exposição é mais efetivo que o tempo de 15 minutos. Para 20 minutos, houve somente 1 caso de presença de Salmonella (4,17%), enquanto que a 15 minutos, houve 6 casos de presença de Salmonella (25,00%). 5.4. Avaliação sensorial A Tabela 8 mostra as estatísticas descritivas da avaliação dos atributos sensoriais em relação aos tratamentos de sanitização empregados com lavagem em água corrente, imersão por 15 minutos em solução aquosa de vinagre (6,25%) e água ozonizada (28 mg.L-1). Tabela 8: Estatísticas descritivas dos atributos sensoriais em relação aos tratamentos empregados. Tratamento Tomate Cor vermelha Aroma Textura Sabor Água 0,73±0,23ab 0,65±0,20b 0,73±0,23ab 0,70±0,19ab Ozônio 0,85±0,19a 0,85±0,15a 0,88±0,16a 0,84±0,22a Vinagre 0,63±0,26b 0,57±0,28b 0,70±0,20b 0,58±0,26b Valor P1 0,045 0,003 0,043 0,013 Aroma Textura Sabor Mamão Tratamento Cor amarela/verde e presença de manchas 1 Água 0,57±0,18 0,64±0,25 0,70±0,18 0,65±0,25 Ozônio 0,64±0,23 0,72±0,22 0,71±0,23 0,72±0,23 Vinagre 0,59±0,25 0,67±0,23 0,68±0,23 0,69±0,24 Valor P1 0,674 0,682 0,957 0,736 Valor P referente ao teste de Análise de Variância (ANOVA) a P < 0,05. Além da análise univariada, os dados sensoriais foram submetidos à análise multivariada a fim de verificar as amostras que se caracterizaram pela maior aceitação em determinados atributos. 52 Os dados sensoriais foram submetidos à divisão em componentes principais, sendo que as duas primeiras componentes principais (PC1 + PC2) explicaram 97,97% da variação dos dados, sendo explicado 88,84% pela PC1 e 9,13% pela PC2. Projeção dos atributos sensoriais 1,0 Componente 2 : 9,13% 0,5 cor textura 0,0 sabor aroma -0,5 -1,0 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 Componente 1 : 88,84% Projeção das amostras no espaço bidimensional 1,2 1,0 tomate/vinagre 0,8 Componente 2: 9,13% 0,6 tomate/água 0,4 tomate/ozônio 0,2 0,0 -0,2 mamão/água -0,4 mamão/ozônio mamão/vinagre -0,6 -0,8 -1,0 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 Componente 1: 88,84% Figura 9: Análise de Componentes Principais dos escores sensoriais. 4 53 6. DISCUSSÃO 6.1. Análise dos micro-organismos presentes nas amostras de tomate e mamão submetidas à lavagem em água corrente De acordo com a análise microbiológica realizada, apresentada na Figura 7, os frutos pesquisados concentrações de encontravam-se bactérias inadequados Gram-negativas para estavam consumo, acima dos pois as limites preconizados pela ANVISA. A resolução RDC 12 de 02 de janeiro de 2002 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelece como padrão, o número máximo 5x102 NMP de coliformes totais por grama de frutos in natura. Considera-se também, impróprio para consumo humano, alimentos que apresentem contagens microbianas na ordem de 105-106 UFCg-1 para bactérias mesófilas totais e coliformes totais ou que acusem presença de Salmonella spp. Assim, considera-se que aproximadamente 90,00% das amostras controle (Figura 7) apresentavam micro-organismos em níveis inadequados para consumo. A contaminação de alimentos por diferentes espécies de micro-organismos é frequente nas superfícies de vegetais. Amaral, Bachelli e Zerbinatti (2012) relatam que em frutos de pimenta verde foram encontrados valores superiores a 1,3 x 105 UFC (unidades formadoras de colônias) mesófilos totais e a 1,1 x 103 UFC de coliformes totais, não sendo isolada Salmonella em nenhuma das amostras pesquisadas. Bhagwat, Saftner e Abbot (2004) relataram a ocorrência de E. coli e Salmonella em vários frutos, como maçãs, tomate e laranja. A presença de bactérias do grupo coliformes termotolerantes, especialmente E. coli, indica provável contaminação dos alimentos com material de origem fecal. Análises microbiológicas realizadas em polpas de frutas comercializadas em feiras-livres na cidade de São Luis, MA, mostraram a presença de Klebsiella spp em e Proteus spp em, respectivamente, 5% e 10,5% das amostras avaliadas (NASCIMENTO, 2006). Bruno et al (2005) afirmam que a contaminação dos frutos em concentrações superiores às preconizadas pela ANVISA, também implicam na redução do tempo de vida de prateleira desses produtos, além de representar riscos para o 54 consumidor, uma vez que esses micro-organismos pertencem ao grupo de indicadores de contaminação fecal. 6.2. Análise dos resultados obtidos após os três diferentes tratamentos de sanitização Os resultados apresentados na Tabela 4 mostram que a contagem microbiana de Klebsiella, para ambos os frutos, e de Pseudomonas para o mamão não apresentaram diferenças significativas quando comparada aos tratamentos de higienização empregados (P > 0,050). Desse modo é possível pressupor que os tratamentos com água corrente, vinagre e água ozonizada não surtiram efeitos significativos na redução da carga microbiana para Klebsiella em ambos os frutos, e para Pseudomonas no mamão. Em contrapartida, para os demais micro-organismos houve diferenças significativas na contagem microbiana quando os tratamentos de higienização foram comparados (P < 0,050). Para o tomate, a contagem de E.coli diferenciou-se de forma significativa entre os três tratamentos, destacando a eficácia do ozônio como agente sanitizante, visto que proporcionou a maior redução da contagem de E. coli. Para Pseudomonas e Proteus, não se verificaram diferenças significativas na redução da carga microbiana quando os frutos foram tratados com ozônio e vinagre. Para ambos os casos, o vinagre também foi efetivo como agente sanitizante, apesar de a água ozonizada ter se apresentado mais eficaz. Já, para o mamão, a contagem de E. coli e Proteus referente aos tratamentos de ozônio e vinagre não se diferenciaram de forma significativa, no entanto, ambos diferenciaram-se significativamente do tratamento que utilizou somente água corrente como agente sanitizante. O uso da água ozonizada foi mais eficaz na diminuição da carga de Shigella, visto que o vinagre não se diferenciou de forma significativa da água e nem da água ozonizada. Estes resultados são semelhantes aos obtidos por Oliver, Germano e Veiga (2012) que verificaram redução da carga microbiana de cerca de um ciclo logarítmico quando morangos foram tratados com ozônio. Guzel-Seydim, Bever e Greene (2004) relataram a redução e/ou eliminação de bactérias Gram-negativas em alimentos sanitizados com água ozonizada a 0,4 ppm, durante dez minutos. 55 No entanto, Nascimento e Silva (2010) verificaram que morangos submetidos a higienização com solução de vinagre 50% apresentaram reduções de aproximadamente 2 log UFC.g-1. Amaral et al. (2012) compararam a eficácia da água corrente e da água ozonizada em uma concentração de 1,6 mg. L-1 por um minuto e verificaram que os coliformes totais sofreram uma redução de 2 ciclos logarítmicos, enquanto microorganismos mesófilos sofreram uma redução de um ciclo logarítmico. Os resultados da Tabela 5 mostram associação significativa entre a presença ou ausência de Salmonella spp. e os tratamentos de sanitização empregados (P < 0,050). Para ambas as amostras avaliadas a presença de Salmonella é superior quando se utiliza a água corrente como agente sanitizante e inferior nas amostras higienizadas com água ozonizada. No entanto, é válido considerar que, pela legislação, a presença de Salmonella em alimentos é inadmissível e, desse modo, por mais que o uso da água ozonizada tenha se mostrado como o método mais eficiente na sanitização, não foi possível obter ausência de Salmonella em todos os casos de higienização do tomate e do mamão. Comparando ambas as amostras, o uso da água ozonizada foi mais efetivo no mamão em relação ao tomate. Bruno et al. (2005) detectaram a presença de Salmonella em 66,6% das amostras de macaxeira, vagem, repolho e chuchu e em 26% das frutas avaliadas (mamão, melão, uva e laranja). Resultados positivos na eliminação de Salmonella spp. foram obtidos por Duarte et al. (2011), ao submeterem frutas cortadas ao tratamento com água ozonizada. Já Chaidez et al. (2007) conseguiram reduzir a população de salmonelas em 2,32 ciclos logarítimicos em tomates tratados com água ozonizada, quando comparados ao tratamento em água corrente. A água ozonizada mostrou-se eficaz na eliminação da carga microbiana total em melões minimamente processados (AMARAL, 2010). Khadre, Yousef e Kim (2001), reportam que foram obtidos resultados bastante positivos na redução de micro-organismos Gram-negativos nestes produtos: E. coli – redução de 1,3 a 3,8 ciclos logarítmicos (incluindo cepas de O157:H7); Salmonella – redução de 0,6 a 4,3 ciclos logarítmicos; Pseudomonas teve sua população reduzida de 0,9 a 5,0 ciclos logarítmicos. 56 6.2.1. Influência do tempo de exposição ao sanitizante sobre a descontaminação de tomate O tomate foi submetido à sanitização com vinagre e com água ozonizada, considerando-se tempos diferentes: 15 minutos e 20 minutos de imersão (Tabela 6). Os tratamentos de água e ozônio apresentaram-se significativamente diferentes quando avaliados em relação a E. coli e P. aeruginosa. No entanto, para o tratamento com ozônio, o tempo de 15 minutos mostrou-se mais efetivo, embora o tratamento de 20 minutos de imersão em solução aquosa de vinagre produziu uma redução na concentração de E. coli em 3 ciclos logarítmicos e 10 ciclos logarítmicos na concentração de P. aeruginosa, quando comparado ao tratamento de 15 minutos de imersão. Com base nos resultados obtidos pode-se verificar que a utilização de água ozonizada por 15 minutos é eficaz na redução de E. coli e Pseudomonas, tornando os frutos analisados adequados para o consumo de acordo com os padrões preconizados pela ANVISA. Para Proteus e Klebsiella, não foi possível comparar os resultados, uma vez que esses micro-organismos não foram encontrados nas 12 amostras lavadas em água corrente e sanitizadas por um tempo de 15 minutos com ozônio ou com vinagre. Somente o ozônio apresentou associação significativa da presença de Salmonella spp. em relação ao tempo de exposição (P=0,032) e o resultado mostrou que o tempo de 20 minutos de exposição é mais efetivo que o tempo de 15 minutos. Para 20 minutos, houve somente 1 caso de presença de Salmonella (4,17%), enquanto que a 15 minutos, houve 6 casos de presença de Salmonella (25,00%). Os resultados obtidos neste trabalho foram mais eficazes que outros trabalhos realizados, uma vez que, em seu trabalho de revisão de literatura, Khadre, Yousef e Kim (2001) afirmaram ter ocorrido redução (em ciclos logarítmicos), mas não eliminação de Salmonella nas pesquisas por eles analisadas, considerando diferentes tempos e concentrações de sanitização por água ozonizada. Pode-se observar também que o vinagre não é eficaz na eliminação de Salmonella tanto quando se considera o tempo de 15 minutos, como com 20 minutos de tratamento. 57 6.3. Análise sensorial Os resultados apresentados na Tabela 7 mostram existência de diferenças significativas entre os escores sensoriais dos atributos referentes à análise do tomate, visto que todos os valores p resultaram inferiores ao nível de significância adotado para o teste. Em todos os atributos sensoriais avaliados, as amostras que foram submetidas à higienização com água ozonizada apresentaram escores superiores em relação aos demais tratamentos empregados. Desse modo, pressupõe-se que o uso da água ozonizada influencia significativamente na melhora das características sensoriais do tomate. No entanto, tal fato não pode ser pressuposto para o mamão, visto que o tipo de higienização não influenciou de forma significativa nos escores sensoriais (P > 0,050). Todos os atributos foram explicados pela componente 1 (PC1), visto que todos os atributos sensoriais apresentaram cargas fatoriais acima de 0,70 na PC1, sendo cor, textura, aroma e sabor apresentando cargas negativas. Todos os vetores referentes a esses atributos apresentaram comprimentos semelhantes, pressupondo que todos foram significativos para a determinação da maior aceitação das amostras. Analisando os dois gráficos da Figura 9, verifica-se que a amostra de tomate que foi submetida ao tratamento com ozônio apresentou a maior aceitação dentre todas as amostras avaliadas, visto que essa amostra localizou-se na extrema esquerda do gráfico bidimensional, sendo sua maior aceitação explicada pela melhor coloração, textura, aroma e sabor. A aceitação das demais amostras de tomate não apresentou resultados significativos, visto que a localização dessas amostras no gráfico bidimensional é oposta à amostra de maior aceitação sensorial. As amostras de mamão não se sobrepuseram a nenhum dos vetores referentes aos atributos sensoriais, mostrando que os tratamentos empregados para a sanitização não influenciaram de modo significativo na maior ou menor aceitação dessas amostras. Os resultados obtidos da análise multivariada são condizentes com os resultados da análise univariada, mostrando que a amostra que apresentou maior aceitação, dentre as amostras avaliadas, foi o tomate higienizado com água 58 ozonizada, evidenciando a influência do ozônio na melhoria das características sensoriais do tomate. Kechinski (2007) afirma que o uso de ozônio nas concentrações de 0,4 e 0,6 ppm em câmara de gás, resultaram em frutos com manchas na casca. No entanto, não observou diferença na cor, na presença de manchas e na textura de mamões tratados com água ozonizada e com água de abastecimento, apesar de Fourney et al. (2007) relacionarem a utilização de O3 com a descoloração da superfície de vegetais. Kechinski (2007) também afirma que o tratamento com água ozonizada não afeta de forma significativa o grau de maturação dos frutos. Resultado semelhante foi encontrado por Salvador et al. (2006) ao analisarem a ação da água ozonizada em caquis. Bananas da variedade nanicão imersas em água ozonizada foram os que apresentaram melhor qualidade ao longo do armazenamento, em comparação com o grupo controle (água de abastecimento) tanto no que se refere aos parâmetros físico-químicos quanto aos microbiológicos, e tiveram boa aceitação sensorial entre os provadores. Assim, Alencar et al. (2013) inferiram que o tratamento com água ozonizada é uma nova alternativa para manejo pós-colheita de banana. De acordo com Cenci (2011), a redução das populações de micro-organismos nos frutos auxilia na manutenção do frescor e, portanto, da qualidade final do produto, uma vez que a minimização da contaminação biológica reduz o aparecimento de odores e sabores indesejáveis, bem como de alterações na cor e/ou na textura do vegetal. 59 7. CONCLUSÃO Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que os frutos analisados apresentaram concentrações de micro-organismos superiores ao permitido pela legislação vigente quando submetidos apenas ao tratamento com água corrente. A lavagem destes frutos em água corrente não é eficaz na eliminação de enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa. No tomate, o vinagre e a água ozonizada, mostraram-se eficientes na redução de E.coli e Pseudomonas quando submetido aos tratamentos com vinagre e ozônio por 15 minutos. No entanto, são necessários 20 minutos dos mesmos tratamentos quando se considera a descontaminação de Salmonella spp. No mamão, os tratamentos com ambos os agentes sanitizantes mostraram-se eficazes em imersão por 15 minutos. Com relação aos atributos sensoriais, observou-se que o uso da água ozonizada influenciou significativamente na melhora das características sensoriais do tomate. No entanto, tal fato não pode ser pressuposto para o mamão, visto que o tipo de higienização não influenciou de forma significativa nos escores sensoriais. Os resultados gerais mostraram que a água ozonizada pode ser uma alternativa na higienização de frutos, como o tomate e o mamão devido às suas propriedades antimicrobianas e à manutenção da qualidade sensorial destes alimentos. 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABADIASA, M.; ALEGREB, I.; USALLA, J. et al. Evaluation of alternative sanitizers to chlorine disinfection for reducing foodborne pathogens in fresh-cut apple. Postharvest Biology and Technology 59: 289-297, 2011. ALENCAR, E.; FARONI, L.; SILVA-PINTO, M. et al. Qualidade pós-colheita de banana cv. “nanicão” ozonizada. Rev. Ciência Agronômica 44:107-114, 2013 ALMEIDA, R.; MARTINS, M.; RESENDE, E. et al. Influência da temperatura de refrigeração sobre as características químicas do mamão cv. "Golden". Ciênc. Tecnol. Aliment. 26(3): 577-581, 2006. ALMEIDA. 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Acesso em 23 fev. 2012. 67 ANEXO 1 Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) 68 69 ANEXO 2 Terminologia descritiva para avaliação sensorial de frutos Atributo Amostra Aparência da casca Tomate Mamão Aroma Tomate Mamão Textura da Casca Tomate Mamão Sabor Tomate Mamão Descrição Notas menores→ Notas maiores Vermelho escuro, com Vermelho brilhante manchas ou presenças de manchas escuras ou esbranquiçadas na epiderme do fruto Verde amarelado, com Verde amarelado, com muitas manchas escuras poucas manchas ou esbranquiçadas Pouco característico: Aroma característico de aroma de vegetais produto fresco oxidados, em processo de autólise ou demais aromas não característicos de amostras frescas Casca murcha: amostra Casca firme amostra não amolecida, que podem murcha, com superfície apresentar depressões firme, sem áreas de ou áreas autolisadas lesão. Pouco característico Característico 70 ANEXO 3 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido EU,................................................................................................................................., R.G.................................,ESTADO CIVIL ..............................................,IDADE ........., RESIDENTE NA .......................................................................................nº................., BAIRRO.............................................................................,CIDADE............................., TELEFONE:(....... )................................... E-MAIL:........................................................ Concordo em participar do projeto “Efeito antibacteriano do ozônio sobre enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa”, como voluntário e declaro ter sido esclarecido sobre os seguintes pontos: 1- O presente estudo pretende comparar as propriedades sensoriais (cor, sabor, aroma e textura) dos frutos tomate e mamão submetidos à higienização com água ozonizada e frutos lavados em água corrente. 2- Não haverá qualquer despesa financeira pela participação neste estudo, pois o teste de análise sensorial será realizado na Instituição de Ensino em que estudo e/ou trabalho. 3- No dia do teste receberei o alimento a ser analisado (tomate e mamão) em um prato de plástico descartável e usarei talheres descartáveis. Esse alimento deverá ser analisado por mim, levando-se em conta a cor, o aroma (cheiro), a textura e o sabor. Para fazer a mensuração das características deverei riscar em uma linha com caneta marcadora até o ponto que considero como ótimo para descrever a característica analisada. 4- A degustação de frutos lavados em água corrente pode ter como risco mínimo o desenvolvimento de infecções intestinais pela concentração de agentes patogênicos neste tipo de alimento, e a ingestão de hortaliças submetidas à sanitização por ozônio acarreta riscos mínimos, uma vez que o ozônio é convertido em oxigênio e água em aproximadamente 20 minutos após a sanitização, não ocorrendo resíduos na amostra que será servida aos voluntários, já que o alimento será analisado cerca de 1 hora (60 minutos) após a sanitização. No entanto, a inalação e / ou ingestão de ozônio em baixa concentração no alimento pode gerar irritação nas vias aéreas (principalmente fossas nasais e faringe). 5- Poderei me recusar a participar desse estudo e, caso aceite, tenho total liberdade de me retirar da pesquisa no momento em que desejar, não havendo qualquer penalização ou prejuízo para mim. 71 6- Será garantido o sigilo dos resultados obtidos neste trabalho, assegurando assim, minha privacidade em manter tais resultados sob caráter confidencial. 7- Qualquer procedimento que possa incorrer em danos físicos ou financeiros implicará em indenização por parte da equipe científica. 8- Qualquer dúvida será prontamente esclarecida pela equipe responsável pelo desenvolvimento da pesquisa. 9- Este estudo não visa testar novo medicamento, não havendo utilização de nenhum indivíduo como grupo placebo, visto não haver procedimento terapêutico neste trabalho científico. CONTATO DA EQUIPE DE PESQUISA PESQUISADOR RESPONSÁVEL – Prof. Fernando Sérgio Ferreira Dionísio – CEL (17) 99167-6750 E-MAIL: [email protected] TELEFONE COMERCIAL: (17) 3405-9999, ramal 862 SECRETÁRIA: Noemi/ Mariane Votuporanga, ................de .........................................................de............................... ...................................................................... Prof. Fernando Sérgio Ferreira Dionísio Pesquisador Responsável ......................................................................... Assinatura do Voluntário .................................................................... .................................................................. Assinatura da testemunha 1 Assinatura da testemunha 2 72 ANEXO 4 Ficha de avaliação dos atributos sensoriais FICHA DE AVALIAÇÃO ANÁLISE SENSORIAL DOS FRUTOS AMOSTRADOS Avaliador nº........................................................Data.................... TOMATE Aparência da epiderme da casca ____________│____________________________│________________ Vermelho escuro (e/ou manchas) Vermelho brilhante (sem manchas) Aroma ____________│____________________________│________________ Pouco característico Característico Sabor ____________│____________________________│________________ Pouco característico Característico Textura ____________│____________________________│________________ Casca amolecida com lesões Casca firme, sem lesões MAMÃO PAPAIA Aparência da epiderme da casca ____________│____________________________│________________ Verde amarelado com manchas escuras ou brancas Verde amarelado (sem manchas) Aroma ____________│____________________________│________________ Pouco característico Característico Sabor ____________│____________________________│________________ Pouco característico Característico Textura ____________│____________________________│________________ Casca amolecida com lesões Casca firme, sem lesões