A história do Trabalho Temporário e dos Serviços Terceirizáveis no Brasil A história do Trabalho Temporário e dos Serviços Terceirizáveis no Brasil Expediente Capa: Ata de Constituição da Entidade – 17 de março de 1970. Coordenação do Projeto: Edison Belini Jismália de Oliveira Alves Apoio Editorial: Rosali Figueiredo GT Marketing e Comunicação Revisão: Rosali Figueiredo Filiação DIRETORIA EXECUTIVA Diretoria Projeto Gráfico e Editoração: L2 Propaganda, Comunicação e Design Presidente Vander Morales Vice-Presidente Fernando Barbosa Calvet Diretor Administrativo Financeiro Paulo Magalhães Vice - Diretor Administrativo Financeiro José Antonio Gregório Diretora de Comunicações e Eventos Jismália de Oliveira Alves Vice – Diretor de Comunicações e Eventos Evando Freitas de Sousa Diretor de Assuntos Legais Impressão: Grafica Ipsis Jacob Luiz Magnus Diretor de Expansão Regional Flávio Nascente Diretor de Relações Institucionais e Governamentais José Roberto Scalabrin DIRETORIA REGIONAL A sse rtte m 40 ano s Diretora Regional do Rio de Janeiro Márcia Costantini Diretor Regional de Minas Gerais José Carlos Teixeira Diretor Regional do Paraná Danilo Padilha Diretor Regional do Rio Grande do Sul patrocínio Robert Cabrera Diretor Regional do Nordeste Augusto César Calado da Costa Diretora Regional de Guarulhos Jismália de Oliveira Alves SEDE Av. São Luiz, 258 12º andar - Conjunto 1.208 Centro - São Paulo - SP CEP: 01046-915 Telefone: 55 11 3121-0088 www.asserttem.com.br [email protected] Diretor Regional Vale do Paraíba Sérgio Silas Gallati 4 5 “A busca por especialistas para execução de determinada etapa da produção é uma tendência mundial.” Luiz Antonio de Medeiros, secretário licenciado de Relações doTrabalho do Ministério do Trabalho e Emprego “Terceirização e o Trabalho Temporário já fazem parte da nossa realidade econômica há muitos anos.” A sse rtt e m 4 0 an o s Almir Pazzianotto, ex-ministro do Trabalho “A concorrência estimula o aperfeiçoamento, levando à especialização. Sendo assim, a Terceirização passa a ser um destino natural por conta da necessidade que as empresas têm de aliar economia, eficiência e qualidade.” Marcos Cintra, economista e secretário municipal do Trabalho de São Paulo (2009) 6 “A Terceirização em si, como um sistema de aperfeiçoamento da produção, de maior rendimento e de qualidade, é absolutamente válida.” Vantuil Abdala, ministro do Tribunal Superior do Trabalho “Barrar a Terceirização significa frear o processo tecnológico e operacional dos bancos.” Magnus Ribas Apostólico, superintendente de Relações do Trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) “A Terceirização é instrumento importante para adaptação das indústrias às demandas do mercado, porque permite a especialização da produção, a racionalização dos custos e o aumento da produtividade.” Armando Monteiro Neto, deputado federal e presidente da Confederação Nacional da Indústria Abram Szajman, presidente da Fecomercio “Se a legislação não acompanhar as mudanças, sua falta pode ser um empecilho para a Terceirização.” José Roberto de Melo, superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo “As pessoas verão a Terceirização como uma opção de carreira e não mais como um emprego provisório.” Max Gehringer, consultor e administrador de empresas “Sinto que as coisas estão mais amadurecidas e consolidadas, não havendo mais dúvidas a respeito da importância e da extrema necessidade de organização de um setor que tantos benefícios presta à economia brasileira.” Michel Temer presidente da Câmara dos Deputados (2002) “Procurar empresas especializadas é a forma de otimizar resultados e tempo de nossa equipe. Buscamos a melhor combinação de talentos. Funciona muito bem.” João Doria Jr., empresário “Cada vez mais a especialização vai avançar. Hoje nenhuma empresa entra no mercado pronta para dominar todas as áreas do negócio.” Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil “Nos dias de hoje, praticamente não há diferença entre o trabalhador diretamente contra tado e o terceirizado. Nós temos a Terceirização atingindo todos os níveis hierárquicos dentro de uma empresa.” Marcio Pochmann, presidente da Ipea ‘Considero a Terceirização e o Trabalho Temporário soluções para o desemprego. Este setor faz o meio de campo, prepara a jogada e marca o gol, que é a contratação do funcionário.” Arnaldo Faria de Sá, deputado federal “A mão de obra, em um programa de Terceirização, é essencial para o sucesso.” Lívio Giosa, presidente do Centro Nacional de Modernização Empresarial (Cenam) Os Presidentes dos 40 Anos 1970 a 1972 Aníbal Velloso de Almeida – In Memoriam 1972 a 1974 Os presidentes dos 40 anos O Reconhecimento da Sociedade “A Terceirização é irreversível e não traz nenhum prejuízo a empresas e trabalhadores.” Johannes Antonius Maria Wiegerinck 1974 a 1976 Johannes Antonius Maria Wiegerinck “A contratação de temporários no Brasil é imensa. Não só no varejo. É disso que eu gosto: gerar empregos.” Luiza Trajano, presidente da rede Magazine Luiza 1976 a 1978 Amâncio Luiz Coelho Barker 1978 a 1979 Marilene Ramos 1979 a 1981 Johannes Antonius Maria Wiegerinck 1981 a 1984 Johannes Antonius Maria Wiegerinck 1985 a 1987 Maria Cristina Nascimento “A especialização é a modernização do mundo do trabalho.” 1988 a 1990 Reynaldo Gustavo Bianchetti Vignoly – In Memoriam 1991 a 1993 José Carlos Bonfiglioli Guilherme Afif Domingos, secretário licenciado do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (2009) “A Terceirização de Serviços Especializados, bem como a contratação de Trabalhadores Temporários, pode ser a resposta para agregar valor e diferencial competitivo.” Eunice Batista, diretora de RH da Embraer 1994 a 1996 Luiz Pimenta de Castro 1997 a 1999 Ermínio Alves de Lima Neto 2000 a 2003 Edison Belini 2003 a 2004 Necésio Tavares Neto 2004 a 2005 Vander Morales 2006 a 2008 Johannes Antonius Maria Wiegerinck 2009 a 2011 Vander Morales 7 Sumário Apresentação ............................................................... 09 ASSERTTEM....................................................................14 uma breve radiografia Introdução..................................................................... 18 Trabalho temporário e serviços terceirizáveis – um novo paradigma nas relações entre capital & trabalho Anos 70 .........................................................................23 O início sob a marca da ousadia e do esforço concentrado Anos 80 .........................................................................31 Imensos desafios na chamada “década perdida” Anos 90 .........................................................................37 Apresentação A consolidação da terceirização num mundo em transformação As se rtt e m 4 0 a nos Novo Milênio ................................................................ 45 Reconhecimento e credibilidade na articulação institucional A construção do futuro ............................................... 54 Fontes ...........................................................................58 8 9 Uma história que se valoriza pela magnitude do presente As sert tem 40 an o s 1 Associação Brasileira de Prestadores de Serviços a Terceiros 2 10 Para o Sindeprestem (Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo) e a própria ASSERTTEM Apresentação I niciamos o relato desta história pela exposição de um significativo painel da inserção do Trabalho Temporário e dos Serviços Terceirizáveis no contexto macroeconômico brasileiro de 2010. As retrospectivas costumam demarcar os eventos comemorativos, mas acreditamos que é pelo olhar sobre o presente que na verdade conseguimos apreender toda a importância da trajetória de uma entidade como a ASSERTTEM - Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário. Iniciada em 17 de março de 1970 para organizar, legalizar e representar o segmento do Trabalho Temporário (TT), a Associação cresceu em abrangência espacial, tornando-se nacional; em escopo de atuação, incorporando os Serviços Terceirizáveis por meio da fusão com a Aprest1; e como interlocutora indispensável das autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário, nos âmbitos municipal, estadual e federal, além dos líderes sindicais, dos segmentos empresariais, da mídia e dos formadores de opinião. A Associação representa dez grandes segmentos de ocupação de mão de obra na área de Serviços: além do Trabalho Temporário (TT), incluemse Bombeiro Civil, Consultoria em Recursos Humanos, Controle de Acesso, Estágio, Leitura e Entrega de Documentos, Logística, Promoção e Merchandising e Serviços Auxiliares e a Bancos. Conforme a 4ª e mais recente Pesquisa Setorial desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Manager2 sobre indicadores sócio-econômicos de 2009 e 2010, são 2.541.000 trabalhadores, em um universo de 36.767.650 assalariados (IBGE 2009). Outros números superlativos sobressaem quando se olha para o faturamento do setor (R$ 62,3 bilhões/ano), para a massa salarial paga pelas empresas de TT e Serviços Terceirizáveis nesses dez segmentos (R$ 28 bilhões/ano), para o INSS recolhido (R$ 6 bilhões/ano) ou o FGTS depositado na conta dos trabalhadores (R$ 3,4 bilhões). Um aspecto interessante, no entanto, é observar que todos esses indicadores registraram crescimento sobre o biênio anterior (2008/2009), a despeito da crise econômica mundial e da leve variação para baixo (- 0,19%) do PIB brasileiro, o qual revela uma estagnação do desempenho macroeconômico geral no período. Mas o setor de Serviços teve uma alta de 2,6%, enquanto o contingente dos trabalhadores das dez categorias subiu 6,91%. Já em 2010, a participação dos Serviços no mercado de trabalho brasileiro irá superar o patamar dos 60%, protagonizando uma trajetória ascendente ano a ano, década a década, em uma inversão completa do papel que tinha em 1949, quando, por exemplo, respondia por apenas 12% das ocupações, ao passo que a agricultura fornecia 77% das atividades laborais remuneradas. Atualmente, a fatia do TT e dos Serviços Terceirizáveis no bolo dos Serviços atinge a quase 35% de participação; já os segmentos representados pela ASSERTTEM contam com 32.640 empresas, que empregam 25% de sua mão de obra, demonstração inequívoca da grande responsabilidade que exerce sobre a geração de emprego e renda no País. Ademais, o resgate da trajetória da Associação nesses 40 anos irá demonstrar que foi a própria entidade quem abriu caminho para a introdução, regularização, profissionalização e consolidação dos formatos mais flexíveis na relação entre o capital e o trabalho, sem, no entanto, negligenciar os direitos trabalhistas e/ou sociais consolidados na legislação brasileira. Para 2010, segundo a projeção do Banco Central divulgada no fechamento do 2º trimestre do ano, a perspectiva de expansão do PIB é de 7,3% e, dos Serviços, de 5,3%, fazendo frente a uma taxa média anual de 0,980% no crescimento populacional. Mas as expectativas mais otimistas recaem sobre a indústria, com estimativas de 11,6% de expansão, em que a própria atividade terceirizada e o TT surgem com um peso preponderante sobre o avanço da produtividade e sobre os índices gerais de desempenho. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que 74% das grandes empresas se utilizam desta mão de obra, com vistas a reduzir custos, assegurar a qualidade dos serviços e produtos e atender à necessidade da especialização, introduzida pelas novas tecnologias. A aprovação chega a 80% dos tomadores. Este é um painel impensável há 40 anos; houvesse sido apresentado à época, teria recebido o selo de obra de ficção, de um cenário futurista e inverossímil, mas se olharmos para a disposição e o espírito de luta que os doze idealizadores da ASSERTTEM demonstraram no ato de sua fundação, para a batalha incansável que empreenderam posteriormente, não é de se surpreender que tenhamos construído esse espaço na economia brasileira. 11 Vander Morales Presidente ASSERTTEM/Sindeprestem Bruno Leite As sert tem 40 an o s 12 síntese dos principais eventos econômicos e políticos da década, como forma de situar o leitor quanto às condições que estavam dadas para a atuação dos empresários do setor e também dos dirigentes da ASSERTTEM. Ao final, o livro aponta as perspectivas para o dia de amanhã e mostra que grandes desafios permanecem, motivando-nos a manter essa bandeira bastante ativa no ambiente econômico e social brasileiro. Apresentação Falamos em “construção”, pois este é o verbete mais apropriado para traduzir uma história feita de empenho diário em prol da viabilização e profissionalização do setor. Se falássemos em “conquista”, não daríamos a conotação adequada deste galgar, pois como dizia o grande escritor português – José Saramago – “o dia imediato só reproduz o trabalho de hoje. A vida fazse com trabalho, caminho, determinação, ao invés de utopia”. Isso significa que a história ainda se encontra em construção e novos caminhos ou desafios deverão ser galgados, três deles principais. O primeiro – que está colocado, inclusive, desde a fundação da ASSERTTEM – é fazer valer, em definitivo, uma nova legislação para o setor, não apenas atualizada e de acordo com as necessidades do mercado tomador, mas também orientada para a simplificação e desburocratização de todo o processo, visando a contribuir para o incremento da atividade e, por tabela, do emprego e da renda. O segundo grande desafio se coloca para o prestador e as entidades que o representam, preparando-se para atuar sob um novo conceito – o de prestação de Serviços Especializados – além de uma nova realidade tecnológica e de gestão empresarial. O terceiro está na ampliação dos próprios serviços em novas áreas de trabalho, especialmente o tecnológico. Em essência, o TT e os Serviços Terceirizáveis têm sido vistos sob uma perspectiva parcial, sobretudo, como estratégia de ganho de tempo para o tomador. Também como delegação de funções e atividades sob a responsabilidade de um prestador, liberando o gestor e/ou empresário da tarefa diária de administrar operações, suprimentos, manutenções e suportes diversos, permitindo-lhes concentrarem-se em planejamento, estratégias e análises conjunturais de seus próprios dados. Agora, entretanto, precisamos ser vistos como parceiros estratégicos do crescimento global do tomador, como co-responsáveis de seu sucesso, como agentes da inovação e de soluções. Isso significa que há muito para investirmos, notadamente na capacitação e do treinamento de nossos próprios gestores e colaboradores. Antes, no entanto, de escrevermos os próximos capítulos de nossa história, façamos uma pausa para rememorar cada passo da labuta empreendida até aqui pela ASSERTTEM, prestando uma justa homenagem aos seus pioneiros. Este o grande propósito da obra, que apresenta a seguir uma radiografia da entidade em sua configuração atual, seguida de um apanhado histórico geral do fenômeno da flexibilização do trabalho. A trajetória da Associação está, por sua vez, subdividida por década. Cada período é acompanhado por uma 13 ASSERTTEM Quem somos? Destacamos os objetivos e prerrogativas expostos em nossos Estatutos Sociais, atualizados em 22 de dezembro de 2003, de forma a reiterar o papel que desempenhamos junto aos nossos Associados (totalizando hoje 100 empresas) e aos segmentos organizados da sociedade. Conforme o Artigo 4º, “são objetivos e prerrogativas da Associação”: I – Representar e defender, perante os poderes públicos executivos, legislativos e judiciários, os interesses e direitos individuais ou coletivos das empresas associadas e da sua categoria econômica; II – Colaborar com os Poderes Públicos, Instituições Privadas, como órgão técnico e consultivo, no estudo e na solução de problemas relacionados com a categoria econômica representada no desenvolvimento da solidariedade das classes e promover a conciliação das associadas; III – Mediante da deliberação da Assembleia Geral, fixar e arrecadar contribuições, mensalidades ou qualquer outra forma de participação no custeio das despesas sociais; As sert tem 40 an o s IV – Promover o desenvolvimento da prestação de Serviços Terceirizáveis, do Trabalho Temporário e a integração entre suas associadas; V – Manter intercâmbio de informações com Confederações, Federações, Sindicatos, Associações Econômicas e profissionais no intuito de promover a atividade, a prestação de Serviços Terceirizáveis e o Trabalho Temporário. Missão, visão e valores (das Relações Triangulares de Trabalho) Missão Geral Defender e promover a Relação Triangular de Trabalho3 como forma desejável de emprego e geração de negócios. Visão 1 – Implantar Relações Triangulares de Trabalho formais e saudáveis, reconhecidas pelo governo, sindicatos, empregadores e sociedade como geradores de emprego e renda. 2 – Expandir sua participação regional e a presença na mídia, ampliar as relações institucionais e promover a sustentabilidade. Valores 1 – Comprometimento agir com responsabilidade e empenho na defesa e cumprimento dos objetivos institucionais. 2 – Ética atuar com honestidade, justiça, coerência e integridade. 3 – Independência preservar a autonomia. 4 – Agilidade intervir oportunamente, em tempo e forma, preservando os interesses da categoria. 5 – Transparência disponibilizar aos associados todas as ações da entidade. 6 – Participação estimular e desenvolver sempre o espírito associativo. 14 Uma breve radiografia Uma breve radiografia 3 Diz respeito a uma relação tripartite envolvendo o contrato entre o prestador e o trabalhador com vistas a executar funções em uma empresa tomadora dos Serviços Terceirizáveis ou TT. No caso do TT, a supervisão do trabalho ficará a cargo do tomador, enquanto nos serviços, será responsabilidade do prestador. 15 Segmentos de atuação •BOMBEIRO CIVIL •CONSULTORIA EM RECURSOS HUMANOS - Recrutamento e Seleção - Treinamento - Consultorias - Folha de Pagamento •CONTROLE DE ACESSO - Atendimento - Controle de Acesso - Monitoramento - Orientação de Estacionamento - Portaria - Recepção •ESTÁGIOS Com sua última versão instituída em 27 de abril de 1999, o Código de Ética da ASSERTTEM apresenta, como princípios gerais a pautarem a atuação de suas associadas, os itens que seguem, conforme expresso no Artigo 1º: Caput – Para garantir um padrão de integridade e confiabilidade perante a sociedade, as empresas associadas adotarão e seguirão plenamente os seguintes princípios éticos: 1 – Prestação de Serviços com qualidade que satisfaça tanto as Tomadoras quanto a mão de obra envolvida, projetando uma forte imagem de integridade e de conduta ética perante o mercado de serviços e toda a sociedade. 2 – Recrutamento, seleção, contratação e administração da mão de obra •LEITURA E ENTREGA DE DOCUMENTOS em todos os seus aspectos com competência e sem qualquer discriminação •MÃO DE OBRA DE PRAÇAS DE PEDÁGIO de raça, cor, sexo ou religião. •LOGÍSTICA - Movimentação de Materiais - Empacotamento - Embalagem •PROMOÇÃO E MERCHANDISING - Fiscalização de Lojas - Reposição de Mercadorias - Promoção e Merchandising - Degustação de Produtos As sert tem 40 an o s Código de Ética •SERVIÇOS A BANCOS - Processamento de Documentos •SERVIÇOS AUXILIARES - Manutenção - Construção Civil - Assistência Técnica - Serviços Gerais - Serviços Administrativos - Telefonia - Operação de Elevadores 3 – Cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias, secu ritárias e sociais, conforme legislação em vigor. 4 – Exercício de concorrência leal, com preços exequíveis e adequados a ambas as partes, sem uso de práticas que prejudiquem a estabilidade de outras associadas ou que as difamem. Introdução 5 – Relacionamento respeitoso com os órgãos governamentais per mitindo que a ASSERTTEM continue sendo uma interlocutora acreditada na defesa dos interesses de suas associadas. 6 – Atendimento à mídia e abertura as suas indagações de modo franco e verdadeiro, divulgando somente dados que correspondam à realidade e que promovam institucionalmente o setor de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário. 7 – Respeito e acatamento às decisões das Assembléias Gerais. Trabalho Temporário e Serviços Terceirizáveis •TRABALHO TEMPORÁRIO (Lei Federal 6019/74) 16 17 Trabalho Temporário e Serviços Terceirizáveis Um novo paradigma nas relações entre capital & trabalho A ss ertt em 40 a n os 18 Introdução A literatura especializada situa o surgimento dos Serviços Terceirizáveis e do Trabalho Temporário (TT) nos Estados Unidos, nos anos 40, sob o impacto da 2ª Guerra Mundial, mas atendendo a duas necessidades distintas, em momentos também diferentes. A Terceirização teve início com as parcerias industriais estabelecidas entre os países europeus e o americano para a produção de armamentos, enquanto o Trabalho Temporário veio no contexto do pós-guerra, buscando suprir cargas extras de trabalho que surgiam nas áreas mais administrativas. Nesse sentido, o primeiro registro de TT, de 1948, aponta que um advogado americano, conhecido como Winters, recorreu a uma exsecretária para datilografar uma petição. Ela deixara o emprego para cuidar da família e concordou em fazer o trabalho em horário flexível, sem estabelecer um novo vínculo. A partir daí, o advogado observou que havia outros profissionais com necessidades semelhantes e também grupos de pessoas – donas de casas, estudantes e aposentados, entre outros – interessados em realizar trabalhos eventuais como forma de garantir uma renda extra, mas sem comprometer sua ocupação principal. Estabeleciam-se desta forma novos tipos de relações entre o capital e o trabalho, os quais substituíam o viés da continuidade, que vinha caracterizando o emprego formal até então, pelo caráter da temporalidade e flexibilidade, em consonância com uma nova sociedade que emergia sobre os escombros ou os reflexos da grande guerra mundial. No Brasil, o Trabalho Temporário e os Serviços Terceirizáveis estão vinculados principalmente à emergência da indústria automobilística, como estratégia de redução de custos administrativos de pessoal e aumento da produtividade e competitividade. Sua demanda engendrou o surgimento de muitas pequenas empresas de prestação de serviços, que aos poucos começaram a se projetar como alternativa bastante crível de colocação formal da mão de obra no mercado de trabalho. O marco foi a criação em 1963 da Gelre, fornecedora de TT, por Jan Wiegerinck, holandês naturalizado brasileiro, um dos pioneiros na fundação da ASSERTEM1 e demais entidades representativas do setor, representante permanente na CIETT (Confederação Internacional das Empresas de Trabalho Temporário) e cinco vezes presidente da Associação. Na época, não existia legislação específica sobre a modalidade, e Jan se amparou no conceito de “eventual” previsto na CLT ou de “trabalho avulso” para oferecer os serviços, mas esse embasamento foi posteriormente abandonado porque o conceito “avulso” passou a ser utilizado nas atividades portuárias. No Brasil, a primeira iniciativa em direção à constituição de uma base legal e específica para a atividade partiu da Associação Comercial do Rio de Janeiro, que em princípios dos anos 70 desenvolveu e enviou proposta de projeto de lei ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. Foi um dos eventos que inspirou um grupo de doze empresários paulistas a organizarem a ASSERTEM, assumindo a proposta fluminense como um norte a guiar as suas ações. A história da Associação se confunde, portanto, com a organização legal, institucional e econômica do setor no Brasil. O período compreendido entre o final dos anos 40 e princípios dos anos 70 representa, assim, o primeiro grande momento deste novo formato do trabalho em nível mundial, bem mais avançado em países como os Estados Unidos, mas em franca estruturação em algumas nações europeias, asiáticas e no Brasil. O foco principal, especialmente em relação ao TT, era atender às necessidades de eventualidade e sazonalidade das empresas. Mas conforme as incertezas conjunturais do início dos 70 foram ganhando corpo, o segmento começou a desempenhar um papel de regulamentação econômica, como uma das principais estratégias de reestruturação do trabalho e aumento da produtividade e competitividade. Os anos 70 testemunharam grandes mudanças em termos de mobilidade social, econômica, profissional e geográfica, em que o ápice foi a crise mundial do Petróleo, em 1973. Nesse momento, o mundo ocidental voltou suas atenções aos elevados índices de produtividade que vinham sendo conquistados no Japão com uma nova organização da produção, e começou a buscar cada vez mais alternativas em relação ao modelo então predominante, o taylorista-fordista, o qual garantia a rentabilidade em cima da escala. Nessa postura, mesmo que já se buscasse melhorias contínuas na produtividade, a preocupação com os custos dos insumos, com a adoção de técnicas assentadas na racionalidade, com o controle da qualidade e a flexibilização nas relações entre capital e trabalho era suplantada pelo foco na massificação. Mas pressionadas pela crise, as empresas ocidentais voltaram-se, paulatinamente, ao detalhe, fazendo com que em cada célula de produção houvesse rentabilidade positiva, em um formato inspirado na experiência da montadora Toyota, do Japão. A crise, aliada à expansão da globalização e, por consequência, ao acirramento da concorrência, as obrigou a repensar muitos dos paradigmas históricos, então amparados no ganho em escala. Esta é a fase da reengenharia, do redesenho dos fluxos operacionais, do enxugamento de efetivos e custos, da política de baixos estoques, do investimento em automação e da especialização, a qual ocupa toda a década 19 As sert tem 40 an o s 20 Introdução de 70 e 80. É o momento em que o setor do TT e dos Serviços Terceirizáveis vai se colocando paulatinamente como alternativa estratégica, já que permitia às empresas dispensar o pessoal ocioso, mas, ao mesmo tempo, quando houvesse necessidade de recompor os estoques, atender rapidamente aos consumidores. Proporcionava então uma considerável reserva de força de trabalho prontamente mobilizável e organizada, expandindo-se para outras áreas além da administrativa e contábil, que predominara na fase anterior. O trabalho flexível avançou sobre o setor financeiro e de bancos, em atividades ligadas à produção (operações de máquinas, por exemplo), à informática, sobre os serviços especializados (em engenharia, geologia, controladoria etc.) e também médicos. Paralelamente a essas transformações, as décadas de 70 e 80 testemunharam iniciativas de regulamentação das atividades. A França foi uma das pioneiras, promulgando uma legislação específica para o TT em 1972, a qual, por sua vez, serviu de modelo para a brasileira, de 1974 (Lei Federal 6.019, de 3 de janeiro). Essa foi, inclusive, a primeira grande conquista das mobilizações da ASSERTEM, pois a lei de 74 ofereceu o embasamento jurídico que faltava ao desenvolvimento da atividade, ainda que trouxesse, desde o princípio, algumas restrições à plena expansão do segmento, como o prazo de 90 dias para o TT. Além do Brasil e França, na transição dos 70 aos 80 a regulamentação do TT deu-se ainda na Bélgica, Dinamarca, Alemanha Ocidental, França, Irlanda, Países Baixos e Inglaterra. Na Itália, Suécia e Noruega a atividade era proibida. Na Espanha também havia proibição, mas as empresas locais encontravam brechas legais para atuarem. Já os Estados Unidos viviam um contexto de ampla flexibilização nas relações do trabalho, em qualquer modalidade, a ponto de um estudo divulgado em 1989 pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) revelar que o país norte-americano havia gerado 26 milhões de novos empregos entre 1973 e 1986, enquanto na Europa o crescimento havia sido quase nulo. Muitos dos países europeus levavam à risca a Convenção da OIT de 1948, com fortes restrições à flexibilidade nas relações entre o capital e o trabalho, posição essa que foi alterada apenas no final dos anos 90, com a Convenção 181. Em síntese, com um cenário livre e amplamente favorável, os Estados Unidos permaneceram como os grandes protagonistas do TT, fechando a década de 80 com um aumento de 30% no trabalho autônomo e de mais de 100% no número de temporários, além da ampliação da jornada reduzida. Entre os países asiáticos, o TT e os Serviços Terceirizáveis destacavam-se no Japão (onde não se encontrava legalmente instituído) e na China, que mesmo sob o rigor do regime comunista, ensaiava os primeiros passos para experimentar a flexibilização (no caso, o TT). Mas em cada país uma modalidade se encaixava melhor que outra, como, por exemplo, no Japão, onde havia pouca necessidade de mão de obra eventual por conta dos baixíssimos índices de absenteísmo e das férias reduzidas a dez dias. No entanto, a atuação de terceiros na siderurgia dava grande impulso ao segmento de prestação de serviços terceirizáveis neste país asiático. Nas nações do Leste Europeu, ainda sob regime comunista, as modalidades foram incorporadas aos poucos à linha de produção, repetindo o histórico chinês. Finalmente, na África do Sul a atividade também se instituiu gradativamente entre os 70 e os 80, pois demandava autorização oficial. Em uma análise feita em 1989 para um jornal da Associação, o ex-presidente da ASSERTEM, Reynaldo Gustavo Bianchetti Vignoly (In Memoriam), registrou que “a dinâmica do próprio desenvolvimento econômico urbano criou a necessidade de novas formas de prestação de serviços de mão de obra, nascendo, no Brasil, o TT”. Segundo ele, Lei Federal 6.019 “veio atender a uma nova realidade criada a partir do próprio impulso da economia”. Claro que enfrentava um ambiente de muitas resistências, notadamente entre os sindicalistas, os partidos de esquerda e centro-esquerda e parcela da mídia, que viam a lei como produto da ditadura militar brasileira e sinônimo de “precarização” do trabalho. Mesmo em grande parte da Europa o TT e os Serviços Terceirizáveis motivavam um temor infundado pelas perdas dos direitos sociais e trabalhistas e o grande desafio do segmento ao longo dos anos 70 e 80 foi esclarecer a natureza da flexibilização, situá-la como uma demanda específica de uma nova conjuntura econômica global. E, sobretudo, como atividade que expandia as oportunidades de trabalho formal, cumpridora das legislações trabalhistas. Contra o TT, emblemática dessa resistência foram algumas posições adotadas pela Alemanha, Espanha e Itália em princípios dos anos 90, o que levou a CIETT a formalizar uma reclamação junto à recém-formada Comunidade Econômica Europeia entre 1992 e 1993, alegando que as restrições feriam o seu Tratado, contrário aos monopólios e favorável à livre atividade econômica. Na verdade, o mercado exigia plena flexibilidade; além disso, nichos como a computação replicavam o modelo do TT e Serviços Terceirizáveis pelos mais diferentes países da Europa, a despeito dos obstáculos presentes em um ou outro. Era uma 21 As sert tem 40 an o s questão de tempo e, assim, logo após a queixa da CIETT, o segmento viu-se liberado na Itália e na Espanha. Enquanto isso, nos Estados Unidos, já era utilizado em 90% das empresas. Registre-se ainda sua expansão na América do Sul, que organizou o primeiro evento continental do TT em 1995, em Buenos Aires, defendendo em documento oficial a atividade “como parte indissociável do mercado global de trabalho, devendo seu desenvolvimento se reger pelos princípios básicos da liberdade, do direito e da justiça, que inspiram e fundamentam os sistemas democráticos”. A posição era avalizada por países como o Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela. Uma pesquisa promovida pelo CIETT em 1996, através da Bakkenst Management Consultoria sobre empresas de TT na União Europeia, Japão, Estados Unidos, Brasil e Argentina, apontava que quanto mais restritiva era a regulamentação, pior o desempenho da atividade, situação que acontecia, por exemplo, na França, onde ocorrera um retrocesso sob o regime socialista de François Mitterrand, na década anterior. De qualquer maneira, o número de trabalhadores temporários formais atingia a 4,5 milhões de pessoas, 52% deles nos Estados Unidos, 39% na Europa e 4% no Japão. A América Latina detinha 5% do mercado. Era um mundo globalizado e integrado, constituído por blocos regionais ou continentais de mercado comum, em que grandes grupos econômicos ampliavam ainda mais a sua penetração nos cinco continentes, desconhecendo as fronteiras entre as nações. As empresas tornaram-se mundiais e, premidas por uma acirrada concorrência, acentuaram seus processos de reestruturação, baixaram ainda mais os custos, ao mesmo tempo em que investiram maciçamente na qualidade total, ambiental, na tecnologia e na especialização. Antigas estruturas de cargos e funções foram extintas e buscou-se um novo trabalhador, não apenas especializado, mas participativo, flexível, comprometido com o processo de busca de melhorias contínuas, enfim, um empreendedor capaz e eficaz. Neste sentido, o conceito do TT entrou finalmente em uma sintonia fina com a expectativa empresarial, consolidando um modelo de Relação Triangular do Trabalho (RTT), baseado em dois tipos de contrato: o primeiro entre a Empresa de TT e o trabalhador; o segundo, entre a ETT e o tomador. Na segunda metade dos anos 90, os três agentes do processo estavam falando a mesma linguagem, com interesses e necessidades convergentes. A conquista inequívoca deste status levou a Conferência do Trabalho da OIT a reconhecer pela primeira vez, em Genebra, em 1997, a flexibilidade da mão de obra como necessidade do mundo moderno. No ano seguinte, na Declaração dos Direitos Fundamentais do Trabalhador, a OIT manifestou-se pela liberdade de associação sindical e pelo reconhecimento do direito de negociação coletiva; pela eliminação de formas de trabalho forçadas; e pela abolição do trabalho infantil e da discriminação. Fecharam-se de forma positiva e favorável os três grandes ciclos da história mundial do TT e dos Serviços Terceirizáveis, mas concretamente falta ainda, para os brasileiros, que o País ratifique a Declaração e elimine alguns obstáculos que resistem aos fatos e ao tempo. 22 Anos 70 O início sob a marca da ousadia e do esforço concentrado 23 Ponto de Partida A legalização da atividade A Presidentes na década 1970 a 1972 Aníbal Velloso de Almeida – In Memoriam 1972 a 1974 Johannes (Jan) Antonius Maria Wiegerinck As sert tem 40 an o s 1974 a 1976 Johannes (Jan) Antonius Maria Wiegerinck 1976 a 1978 Amâncio Luiz Coelho Barker 1978 a 1979 Marilene Ramos 1979 a 1981 Johannes (Jan) Antonius Maria Wiegerinck 24 níbal Veloso de Almeida, Arthur Izoldi, Bernardo Wieqerinck, Carlos Eduardo Susiane Della Rosa, Johannes Antonius Maria Wiegerinck (Jan), José Barros Meronho, Márcia Landi, Olavo Leonel de Barros, Paulo Cezar Gimenez de Almeida, Ranulpho Theodoro Rubertoni, Zélia Assade e Wanderley João Scalabrini são os doze nomes que assinaram a ata de fundação da Associação das Empresas de Prestação de Serviços Temporários (ASSERTEM) em São Paulo, em 17 de março de 1970, representando quatro aguerridas e pioneiras prestadoras de Trabalho Temporário, a Gelre, a Madote, a Projacs e a Unikass. Elegendo Aníbal como primeiro diretorpresidente da entidade, esses nomes deram o ponto de partida a uma organização que acabou desempenhando em quatro décadas um papel inequívoco na organização e profissionalização do Trabalho Temporário no Brasil e, posteriormente, dos Serviços Terceirizáveis. Seu objetivo era lutar pela regulamentação da atividade, que vinha enfrentando muitos problemas junto aos órgãos de fiscalização do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), já que ela tinha uma natureza distinta das modalidades de trabalho previstas na legislação trabalhista. O ponto de partida da Associação seria a proposta de projeto de lei desenvolvida pela Associação Comercial do Rio de Janeiro e apresentada ao próprio Ministério. A Associação do Rio solicitara ao então ministro Júlio Barata que encampasse a necessidade de conferir uma definição legal para o TT, a qual se encontrava fundamentada juridicamente sobre o parecer do advogado Evaristo de Moraes Filho - “A Situação Jurídica das Empresas de Fornecimento de Mão de Obra Temporária no Direito do Trabalho Brasileiro”. O Ministério atendeu à solicitação e abriu um processo para acompanhar o assunto (o MTPS – 119.317/70). É importante destacá-lo aqui porque a principal bandeira de luta empreendida pela ASSERTEM em seus primeiros anos foi acompanhar passo a passo os desdobramentos desse processo junto as mais diferentes secretarias e órgãos do MTPS, sempre articulada com a Associação Comercial do Rio. Anos 70 O brasil em números & palavras 1970 – 1973 Os passos iniciais da ASSERTEM foram dados em direção à sua estruturação, com a aprovação dos Estatutos Sociais, definição das mensalidades dos associados e elaboração do seu primeiro Código de Ética. Ato contínuo, foram definidas as ações estratégicas. Nesses primeiros momentos, germinaram os três grandes traços que formatariam o DNA da Associação e constituiriam a sua identidade: grande capacidade e disponibilidade para a articulação e mobilização; o compromisso em assegurar um crescimento com qualidade, seriedade, profissionalismo e lealdade, seja na relação entre as prestadoras e os tomadores, seja entre elas mesmas; e transparência nas relações com os associados e a sociedade. Quatro meses após a fundação, por exemplo, os associados resolveram destacar um de seus membros para acompanhar in loco o trâmite do processo no Ministério do Trabalho. Era preciso que as empresas bancassem custos com viagens, hospedagem e alimentação, esforçando-se para aumentar a cota de contribuição à Associação. Decidiram ainda pela compra de 1.200 exemplares da obra de Evaristo de Moraes Filho, para distribuí-la entre magistrados da Justiça do Trabalho e comum, Delegacias Regionais do MTPS, professores universitários da área, sindicados patronais e algumas empresas chave. E, finalmente, pela divulgação da primeira circular pública e oficial da entidade, expondo a sua natureza, finalidades e composição aos Na Política, o Brasil inicia a década sob um dos períodos mais fechados da ditadura militar, onde vigora o AI-5, restritivo às liberdades civis e políticas, incluindo a censura à mídia, às artes e aos espetáculos. Mas a sociedade, com 93 milhões de pessoas, vibra com a conquista brasileira do tricampeonato mundial de futebol, em vitória de 4X1 contra a Itália, no México (21 de junho). A ditadura aproveita o clima de otimismo para abrandar as resistências e sob a presidência do general Emílio Garrastazu Médici, grupos de repressão são oficializados e ampliados, como o SNI (Serviço Nacional de Informações), o DOI-CODI (Departamento de Operações e Informações e o Centro de Operações de Defesa Interna) e o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). De outro lado, surge a guerrilha rural, como a do Araguaia (hoje no Estado do Tocantins). Na Economia, o I Plano Nacional de Desenvolvimento, idealizado por Delfim Netto, completa dois anos registrando grande desempenho, em uma época de ouro que foi batizada como o “milagre econômico brasileiro” e se estendeu até 1973. O PIB brasileiro cresceu no 25 1974 As sert tem 40 an o s Com o impacto da crise mundial do petróleo e tendo o “milagre” sido financiado à custa de um grande endividamento externo brasileiro, o general Ernesto Geisel, proveniente de uma linha militar mais branda, é indicado para substituir Médici na Presidência, iniciando o processo de distensão política. O bipartidarismo prevalece e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), de oposição, obtém a maioria dos votos nas eleições do Senado. O ano fecha com um crescimento de 8,15% no PIB, mas a inflação bate os 34,8% anuais. Este é um ano chave para a história do TT no País, com a promulgação da Lei Federal 6.019/74, em 3 de janeiro. 1975 -1977 Morre o jornalista Vladimir Herzog nos porões dos órgãos de repressão em São Paulo, fato que culminou com imensa mobilização da sociedade civil brasileira contra o regime militar, mas que gerou, em contrapartida, o endurecimento das regras do jogo político, com a Lei Falcão (limitando 26 mais aportes financeiros para custear essa mobilização, com as viagens e o trabalho do jurista. Interessante é observar que, a despeito de uma eventual ampliação dos quadros de associados ajudar a equacionar a elevação dos custos com a mobilização, a entidade resolveu baixar regras rígidas para que seu processo de expansão ocorresse com qualidade. Ela passou a exigir a apresentação de contrato social da empresa no ato de filiação, o qual “deveria conter em seu objetivo social a locação de mão de obra temporária”, deixar expresso que não exercia “funções de agência de emprego” e apresentar número de inscrição no Cadastro Geral dos Contribuintes do Ministério da Fazenda. A ASSERTEM tinha um prestígio a construir, já que em agosto de 1971 passou a fazer parte da CIETT, tendo inclusive assumido a vice-presidência do órgão. Durante os anos de 1971 a 1973, o processo em torno da legalização do TT tramitou por diferentes setores do MTPS, sempre com o acompanhamento da entidade, na maioria das vezes respaldado pelo trabalho de Evaristo de Moraes. Houve momento em que a Associação colocou à disposição das empresas outro advogado que daria suporte sobre as ações de fiscalização da DRT e do INPS. Surgiram no período duas outras práticas que também acabaram penetrando no DNA da ASSERTEM: a disposição de gerar, o acesso dos partidos aos meios de comunicação) e o Pacote de Abril (determinando, entre outros, a indicação de 1/3 dos senadores pelo presidente e a eleição indireta para governadores). A mídia e a cultura ainda vivem sob o regime da censura política e em 1977 são apreendidas as obras Zero, romance de Ignácio de Loyola Brandão, e Feliz Ano Novo, coletânea de contos de José Rubem Fonseca. Na economia, Geisel lança o II Plano Nacional de Desenvolvimento, com vistas a enfrentar a crise energética (o barril de petróleo que iniciara a década a 2,8 dólares saltou a 40 no final dos 70). Há fortes investimentos públicos na construção de novas hidrelétricas, na exploração do petróleo nacional e de minérios, no lançamento do Proálcool e nas usinas nucleares de Angra dos Reis. Com esse ritmo de gastos, a inflação atinge o patamar de 46,2% em 1977, o segundo maior da década. Ainda assim, o PIB registrou no período, sucessivamente, desempenhos de 5,17%, 10,26% e 4,93%. Anos 70 período a taxas anuais que variaram entre 10,40% e 13,97%. No mercado consumidor, o grande evento é o lançamento da transmissão da tevê em cores e a chegada dos primeiros aparelhos no comércio. Em 17 de março, um grupo de doze empresários cria a ASSERTEM, em São Paulo. clientes e empresas do segmento. Este início demonstra a imensa disposição da Associação em se articular junto aos amplos setores da sociedade, com organizações afins, autoridades, técnicos, legisladores e o setor empresarial. Representa, de outro modo, uma atitude ousada, não apenas pela estrutura enxuta de suas associadas, especialmente se comparada ao tamanho de uma Associação Comercial como a do Rio de Janeiro, mas também porque o Brasil vivia um dos momentos políticos mais fechados de sua história, com censura à imprensa e um legislativo bastante cerceado. Portanto, esforços concentrados, além de ações rápidas e objetivas, surgiam como alternativa para a ASSERTEM superar dificuldades estruturais e conjunturais. Na época, a Associação desenvolvia gestões inclusive para o seu reconhecimento a nível internacional, tendo solicitado sua filiação à CIETT (Confederação Internacional das Empresas de Trabalho Temporário), fundada em 1967 na Bélgica e integrada por 23 países. A Associação estava firme em seus propósitos e durante o ano de 1970 já produzia informes atualizados sobre o andamento do processo da legalização do TT junto ao MTPS. Na época, a questão era debatida pela Comissão Permanente de Direito Social, órgão colegiado e vinculado ao Ministério, e tinha como relator um nome contrário à causa, o servidor Marcello Pimentel. Por isso, a ASSERTEM resolveu fundamentar a sua ação, contratando Evaristo de Moraes Filho para lhe dar todo o suporte necessário. O advogado daria ainda respaldo às associações em eventuais ações jurídicas contra as DRT’s (Delegacias Regionais do Trabalho) e as subsedes do antigo INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) ou mesmo em consultas oficiais de esclarecimentos sobre a fiscalização desses órgãos. Em essência, o papel do advogado junto aos técnicos e autoridades seria o de “cientificá-los das características do Trabalho Temporário, das dificuldades técnicas de seu enquadramento legal como contrato normal de trabalho e, portanto, da necessidade de se obter esta regulamentação“. O TT deveria ser interpretado como uma modalidade que atenderia à necessidade eventual de mão de obra das empresas por razões sazonais, de serviços extras ou substituição de trabalhadores em férias ou licença de saúde, ao mesmo tempo em que dava oportunidade para segmentos especiais da população usufruírem uma renda extra, como aposentados, mulheres casadas, estudantes, jovens em idade de prestação de serviço militar e pessoas transitoriamente desempregados. O primeiro parecer oficial do MTPS foi contrário à legalização. Assinado pelo próprio Marcello Pimentel, em princípios de 1971, o documento revelava que a batalha seria árdua e exigiria um trabalho ininterrupto de esclarecimento sobre a natureza do TT. Os associados redobraram os esforços e com apoio do advogado Evaristo conseguiram reverter o parecer, em votação apertada na Comissão Permanente (6X5). Foram necessários 1978 - 1979 Nasce na região do ABC, Grande São Paulo, o novo sindicalismo brasileiro, emergindo entre seus quadros um líder metalúrgico que se tornaria a principal liderança política da esquerda brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva. Em defesa da reposição das perdas salariais face aos elevados índices de inflação, os trabalhadores de uma montadora de veículos promovem greve. Em 1979, o 27 As sert tem 40 an o s 28 Anos 70 governo reprime o movimento, mas o general João Batista Figueiredo, sucessor de Geisel, inicia, por outro lado, um processo de abertura lenta e gradual e promulga a Lei de Anistia. Esta permite o retorno ao Brasil de muitos exilados, ex-governadores, parlamentares, músicos e professores universitários, entre outros. A inflação atinge o pico, com índice anual de 55,8%. O PIB fecha os dois últimos anos da década com índices de 4,97% e 6,76%, respectivamente. É realizado em 79 o I Congresso do TT, presidido pelo então ministro do Trabalho e Previdência, Arnaldo Prieto. Contando com os indicadores do ano de 1980, a década fecha com um crescimento de 6,04% e população de 115 milhões de brasileiros. sistematizar e divulgar indicadores do TT e de seus reflexos sobre o emprego, a massa salarial e a arrecadação fiscal no País; a organização de congressos e/ou encontros temáticos sobre o TT. Data de 1972 o primeiro levantamento estatístico produzido pela ASSERTEM, envolvendo informações das empresas de TT de São Paulo e do Rio de Janeiro. Atualmente, os indicadores produzidos pela ASSERTTEM e o Sindeprestem (Sindicato que ajudou a fundar nos anos 90) são amplamente utilizados pela mídia e autoridades como um dos termômetros da atividade econômica brasileira. Nas gestões pró-regulamentação empreendidas nos três primeiros anos da década de 70, era prática usual da entidade a produção e envio de circulares abordando a natureza do TT, incluindo estatísticas sobre o seu uso nos órgãos da administração pública. Tornara-se imperativo “mostrar às autoridades a importância e penetração do TT”. Mas além dos indicadores, um congresso de âmbito nacional iria expor os benefícios do TT às autoridades, políticos e sociedade, procurando quebrar as resistências à flexibilização do uso da mão de obra. Tamanha mobilização projetou o nome da ASSERTEM para além do eixo São Paulo – Brasília – Rio de Janeiro; empresas de outros Estados começaram a se mostrar interessadas em aderir à entidade. Em 1972, existiam 70 empresas no Brasil, 30 em São Paulo, doze delas associadas. Eram 70 mil trabalhadores no País, assim distribuídos: 50% em São Paulo, 30% no Rio de Janeiro e nos 20% demais estados. Havia dez mil empresas tomadoras. Não havia mais como o MTPS protelar a legalização da atividade e em 3 de janeiro de 1974 o governo promulgou a Lei 6.019, de autoria do deputado João Alves. Em 13 de março, por meio do Decreto Federal 73.841, regulamentou o TT. Este foi enquadrado como modalidade de trabalho destinada a atender a necessidade transitória das empresas, para substituição temporária de funcionário permanente (cobertura de licença-maternidade, férias e doença) ou acréscimo extraordinário de tarefas. A contratação ficaria restrita a 90 dias, com jornada máxima de 8 horas, exceto em casos específicos. O contrato poderia ser renovado sob autorização e, o trabalhador, contratado ao final do tempo. A legislação definia ainda que as empresas de TT não se enquadravam pela locação de mão de obra, respondendo, portanto, a outro regime legal que não a CLT. Mas cabia a elas treinar, cadastrar, selecionar e enviar o trabalhador temporário para o cliente, arcando com todo ônus trabalhista e garantindo a equiparação dos salários e da cobertura previdenciária. Afastava-se assim o risco da “precarização” do trabalho. Inspirada pela legislação francesa, de 1972, a correspondente brasileira ofereceu mais benefícios aos trabalhadores que o seu próprio modelo, a ponto de nos anos 80 o governo socialista de François Mitterrand ter se baseado na versão brasileira para promover uma revisão da lei. Nesse processo, tornou-se obrigatório ainda o registro de todas as empresas do segmento junto ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. 29 Um novo desafio – qualificar e profissionalizar o segmento As sert tem 40 an o s A legalização e o reconhecimento do TT representam ainda hoje a grande contribuição da ASSERTEM para as associadas e o segmento como um todo, pois foi a partir daí que a atividade ganhou impulso e tornou-se indispensável fonte geradora de emprego e renda no País. Claro que a lei não atendia a todas as necessidades das empresas, mas conferia estabilidade institucional para o seu crescimento. Isso fez com que a entidade mudasse um pouco o foco de sua atuação. De um lado, na relação com as associadas, ele se centraria na própria preparação e qualificação do segmento rumo a esse crescimento. A aplicação e divulgação do Código de Ética da Associação passaram a receber uma atenção maior, enquanto instrumento de “harmonização da classe”. De outro lado, a ASSERTEM empreendeu mais esforços na interlocução com a sociedade, buscando respeito e credibilidade em torno das associadas e do TT. No entanto, a Associação já construíra uma imagem conceituada, gozava de boa penetração na mídia e nos setores organizados e ajudara na fundação de uma associação no Rio de Janeiro (a ASTERJ). Em 1975, a entidade promoveu seu primeiro grande evento público, o I Congresso Brasileiro de Trabalho Temporário, presidido pelo então ministro do Trabalho Arnaldo Prieto. Nesse momento, já existiam no Brasil 120 empresas de TT e cem mil trabalhadores. Dois anos após o congresso, a pesquisa “Natureza e Tendências do Trabalho Temporário em São Paulo, no ABC e no Rio de Janeiro”, promovida por Antônio Delorenzo Netto, professor de Sociologia Política da Universidade de São Paulo e diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política, revelou que a atividade chegara a 172 mil trabalhadores no País, 80 mil desses nessas regiões. O estudo apontou ainda que o TT crescera em regiões ou nas situações em que havia sido observada uma diminuição das oportunidades de emprego permanente, representando assim uma alternativa aos trabalhadores. 30 Anos 80 Imensos desafios na chamada “década perdida” 31 Assertem crescer com responsabilidade e qualidade S Presidentes na década 1979 a 1981 As sert tem 40 an o s Jan Wiegerinck 1981 a 1984 Jan Wiegerinck 1985 a 1987 Maria Cristina Nascimento 1988 a 1990 Reynaldo Gustavo Bianchetti Vignoly In Memoriam 32 e os anos 70 representaram a verdadeira fundação do TT no Brasil, buscando-se condições mínimas e legais para o exercício da atividade, nos anos 80 o foco recaiu sobre a organização do segmento, bandeira prioritária das ações da ASSERTEM no período. A Associação inaugurou a nova década com o lançamento de dez projetos, o principal deles era o Certificado que atestaria a idoneidade e seriedade de suas filiadas. A entidade se propunha a avalizar o trabalho das prestadoras, mas paralelamente as instruía a não ser utilizadas pelas tomadoras como artifício para burlar os reajustes salariais. Uma das práticas comuns na época, bastante nocivas à imagem do TT, era a utilização desse expediente para driblar a lei salarial, demitindo-se o trabalhador permanente para atuar um período como temporário e depois ser readmitido sob novas bases. O estratagema somente viria a trazer prejuízos ao segmento e deixaria as prestadoras vulneráveis à Justiça do Trabalho, reiterava a ASSERTEM às associadas, nos seus órgãos de divulgação interna ou encontros. Com 24 membros, a entidade valorizava a posse do Registro Definitivo expedido pelo Ministério do Trabalho e o próprio Certificado como atestado de qualidade, regularidade e seriedade das filiadas. Começou também a promover cursos e realizou, em 1981, o II Congresso Nacional do Trabalho Temporário em São Paulo, aberto pelo ministro do Trabalho, Murilo Macedo. Outro nome importante do evento foi o presidente da Embratur e da Ordem dos Economistas, Miguel Colasuonno. Refletindo os novos tempos, buscava-se mapear a “Contribuição do Trabalho Temporário para a Evolução Socioeconômica Brasileira”, tema do evento. O II Congresso pretendia construir a imagem da atividade como uma multiplicadora de benefícios e beneficiários, pois além dos ganhos que trazia para o tomador, contribuía para aumentar o nível de arrecadação de impostos e dava novas oportunidades de inserção de setores específicos da população no mercado de trabalho. Segundo apontou o diretor da Ordem dos Economistas e do sindicato Anos 80 O brasil em números & palavras 1980 – 1983 da categoria em São Paulo, Vicente de Paula Oliveira, durante o encontro, “os germes excessivamente plantados há alguns anos estão frutificando de uma maneira muito intensa”. Em dois anos, entre 1980 e 81, o TT cresceu 10% no Rio e em São Paulo, chegando a 330 mil trabalhadores. No eixo Porto Alegre – Curitiba, a expansão foi de 25%. Somente regiões com crise do trabalho permanente, como o ABC paulista, não registravam a expansão do segmento. Pela primeira vez, o TT foi incluído no acordo coletivo dos metalúrgicos de São Paulo, Osasco e Guarulhos, observando-se que não era locação de mão de obra, feita por prazo indeterminado, mas sim um contrato destinado a situações bem delimitadas, como férias, serviços extraordinários, trabalhos de curta duração, entre outros. O então deputado estadual Almir Pazzianotto Pinto foi um dos principais articuladores do acordo e a partir daí faria parte da evolução do TT e dos Serviços Terceirizáveis no Brasil. Nesse princípio da década de 80 o segmento estava, portanto, ganhando um importante aliado, que anos depois viria a assumir o Ministério do Trabalho e a presidência do Tribunal Superior do Trabalho. A atuação da ASSERTEM reverberava a partir das constantes articulações com empresários, sindicalistas, advogados, parlamentares e autoridades. Era preciso dar ao TT “suas verdadeiras proporções, de não competidor com o trabalho permanente”, defendia a Associação. O desafio exigia um “acompanhamento quase diário” dos acontecimentos empresariais, institucionais e sindicais, os dirigentes que se sucediam no comando da Associação eram incansáveis nas articulações com todos esses setores. Afora o esclarecimento que ainda se fazia necessário em torno das características do TT, as restrições da legislação, especialmente o prazo de 90 dias, tornavam-se cada vez mais anacrônicas em relação às demandas do mercado. A partir de moção aprovada por ocasião do II Congresso, a ASSERTEM voltou a concentrar esforço nessa questão e formou uma Comissão de Estudos com o objetivo de levantar propostas ao aprimoramento da Lei 6.019/74. Muitos clientes, tomadores, vinham se A inflação anual de 99,70% (INPC) dá bem a medida das dificuldades que os setores econômicos e os trabalhadores viriam a enfrentar durante a década. Mesmo que o ano de 80 tenha registrado um PIB elevado (9,20%), 81 traz uma queda brusca (- 4,25%) e inflação de três dígitos (100,31%). Nesse contexto, iniciase uma grande organização do movimento sindical, culminando em 81 no I Congresso Nacional das Classes Trabalhadoras (I Conclat), na Praia Grande (SP). Dele surgiria uma central sindical única e, em 1983, a Central Única dos Trabalhadores (CUT). A inflação continua sua escalada ascendente e chega a 177,97% anuais em 1983, ano de novo PIB negativo (-2,93%). No plano político, o multipartidarismo se instala no País e com ele surge (80) o Partido dos Trabalhadores e o Movimento DiretasJá (83). Pretende-se ainda a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. 1984 – 1985 Cai a Emenda das Diretas-Já por 17 votos no Congresso Nacional. Em janeiro de 1985 um Colégio Eleitoral elege Tancredo Neves (MG) para a Presidência da República, colocando fim à ditadura militar de 1964. Tancredo, no entanto, falece sem tomar posse e seu vice, José Sarney, ex-Arena, assume o comando do 33 1986 – 1987 Lançado o Plano Cruzado, de estabilização econômica. Ele congela preços e salários pelo período de um ano, corta três zeros do Cruzeiro e lança uma nova moeda, o Cruzado. Mas o programa tem vida curta, gera a elevação do consumo e o desabastecimento. O Plano Cruzado II o substitui, libera os preços e muda a política salarial. A inflação anual fica em 59,20% e o PIB fecha em elevação (7,49%). Mas o Cruzado II começa a fazer água na transição para 1987, novo plano o sucede, o Bresser (junho), decretando o congelamento de preços, aluguéis e salários por 60 dias. Cai a moratória. Apesar dos planos sucessivos, a inflação chega a incríveis 394,60% em dezembro de 1987. As sert tem 40 an o s 1988 Ano de grande mobilização política: o Congresso Nacional apresenta duas naturezas - a legislativa e a de Assembleia Constituinte (instalada no ano anterior). Em 5 de outubro promulga uma nova Carta, considerada a mais liberal entre as constituições brasileiras, inovando em direitos sociais (universalização dos serviços de saúde e educação e proteção 34 das minorias) e trabalhistas (ampliação da licença-maternidade para a mulher e implantação da licença-paternidade, entre muitos outros). Na economia, a inflação chega aos quatro dígitos: 1.993,28%. O PIB é negativo (-0,06%). Anos 80 País. Em 85, Sarney decreta moratória no pagamento da dívida externa brasileira. Neste biênio, a inflação atinge recorde (209,12% e 239,05%, respectivamente) e complica a vida das empresas, diante das sucessivas políticas de reposição salarial, mas o PIB entra em franca recuperação (de 5,40%). Chega a 7,85% em 85. utilizando do TT para burlar legislações referentes a salários e jornadas em seus respectivos setores ou categorias profissionais. A fiscalização do MTPS era falha e não à toa as tomadoras prolongavam por conta o contrato com o trabalhador, recorrendo, muitas vezes, ao artifício de mudar a empresa prestadora. Outra necessidade era promover a extensão de alguns direitos da legislação trabalhista ao temporário, como o 13º salário proporcional. A campanha institucional incluía visitas ao Congresso Nacional, análises sobre as relações da entidade e do segmento com a mídia, almoços de confraternização, palestras (no próprio Congresso ou na Associação Paulista de Administração de Pessoas), participação em eventos no Exterior (na 2ª Conferência Internacional sobre o TT, realizado em Genebra, na sede da OIT), acompanhamento da regulamentação do TT na Argentina, além da sistematização e divulgação de dados estatísticos. Entre 1983 e 1985 a ASSERTEM realizou dois simpósios regionais do TT em São Paulo. Até 1987, colaborou com a organização de associações estaduais (já participara na do Rio) no Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e na Bahia e a criação da UNAETT – União Nacional das Associações de Empresas de TT (posteriormente FENASETT). Além das alterações na lei específica, estava no horizonte das empresas de TT mudar a base de cálculo do Imposto Sobre Serviços (ISS), a qual incluía o faturamento global, como os encargos e os salários pagos aos trabalhadores. Por medida de justiça, somente a taxa de administração deveria ser utilizada para o recolhimento do tributo. Outra frente de luta recaía ainda no combate à locação de mão de obra para serviços de natureza eventual, situação que foi solucionada pelo TST, na homologação de uma cláusula que passou a impedir a contração de trabalhadores temporários por meio dessas empresas, exceto na vigilância bancária. Registrava-se aí mais um avanço institucional, por outro lado, no entanto, não se podia negligenciar as relações intra-associadas. A Associação adotou no período algumas medidas que visavam fornecer um padrão de conduta comum a todas elas, de forma que não entrassem em uma nociva guerra de preços pela conquista de clientes, comprometendo a própria saúde financeira e a viabilidade do segmento. A ASSERTEM organizou em 1982 um Seminário de Custos e Preços para os associados e respectivos funcionários, promoveu uma revisão do Código de Ética e implantou a Declaração da Regularidade Documental (DRD). Esta seria expedida semestralmente, para tanto se exigia a atualização de vários documentos, incluindo certidões negativas. Os primeiros DRD’s foram expedidos em dezembro de 1982 e funcionariam como uma espécie de atestado de idoneidade a ser apresentado às tomadoras, pois algumas vinham sendo prejudicadas por prestadoras de serviço que não recolhiam encargos. E, conforme a Lei 6.019/74, o tomador era solidário 1989 com os direitos do empregado da prestadora de TT. A ASSERTEM apostava na DRD como um instrumento de segurança para o cliente. Afinal, em convenção coletiva acordada com a FIESP, a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo, Guarulhos e Osasco deu novo voto de confiança ao TT. A Cláusula 47 reafirmava o impedimento à locação de mão de obra nos serviços de produção fabril, exceto os casos definidos pela Lei 6.019/74. Como dispositivo, patrões e trabalhadores delimitaram bem as diferenças entre o TT e a locação de mão de obra. A contratação de serviços de terceiros foi permitida para alimentação, transporte de pessoas, processamento de dados, limpeza, secretaria e vendas. A ASSERTEM insistia com as associadas por uma prática responsável no recolhimento dos impostos e encargos e também na política de preços com o mercado. Acumulavam-se mais de dez anos de luta e não se podia comprometer a credibilidade do setor depois de tanto esforço. Ademais, a conjuntura econômica era desfavorável e o governo gerava mais dificuldades com o aumento das contribuições previdenciárias e das alíquotas do Imposto de Renda, o qual não era repassado às tomadoras. Em 1983, a crise econômica, acompanhada pelo aumento do desemprego e mudanças na política salarial, além do processo hiperinflacionário, agravou a situação das empresas de TT. Novo pacote econômico é lançado por Sarney, o “Plano Verão”, outra tentativa de deter a espiral inflacionária cortando três zeros da moeda e criando o “Cruzado Novo”. É divulgada uma política mais agressiva no corte dos gastos públicos. A privatização das estatais entra na agenda político-econômica e extingue-se a correção monetária. Os esforços, no entanto, não impedem a que a inflação atinja 1.863,56%. O PIB fecha em 3,16%. A instabilidade econômica, com inflação mensal de quase 50%, gera profundas mudanças no campo eleitoral. Neste período ocorrem as primeiras eleições diretas para presidente depois de 29 anos, com a eleição, em 2º turno, de Fernando Collor de Mello (PRN) sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Formula-se o Consenso de Washington, propondo aos países latino-americanos o rigor no controle dos gastos públicos, liberalização econômica, abertura ao capital estrangeiro e às importações, segurança à livre iniciativa e privatização das estatais. Considerados uma “década perdida”, os anos 80 registram cenário de hiperinflação e estagnação econômica, com taxa negativa de crescimento em todo o período de -0,56%, situação crítica de um País que chega aos 144 milhões de habitantes. 35 Isso exigiu o fortalecimento das mobilizações em busca de uma legislação mais favorável. Exigiu ainda ampliar a interação com as experiências de outros mercados, como o acompanhamento das convenções anuais da NATS (National Association of Temporary Services), dos Estados Unidos. No meio da década, a entidade apoiou a realização do I Encontro Nacional de TT no Rio de Janeiro. A constituinte e a grande atuação da assertem As sert tem 40 an o s A Constituição brasileira, promulgada em 1988, em um contexto de redemocratização social e política, deu ao Estado brasileiro um dos arcabouços mais avançados do mundo em termos de garantias dos direitos civis e políticas inclusivas. Ampliou ainda os direitos sociais, universalizando o acesso à saúde e à educação, e avançou na área trabalhista, introduzindo a licença-paternidade e estendendo o período da maternidade por 120 dias. A ideia era promover o atendimento das necessidades mais básicas de grandes contingentes populacionais e fazer o resgate de um histórico secular de sua exclusão do mercado de trabalho formal e das redes públicas de saúde, assistência, Previdência e educação. A enorme ansiedade dos setores mais à esquerda da sociedade por justiça e pela ampliação dos direitos acabou, no entanto, gerando distorções, como a extrema burocratização da administração pública, na contramão da liberalização promovida pelos países desenvolvidos, e a excessiva proliferação dos encargos associados ao emprego e à Previdência. Trouxe também sustos a muitos setores empresariais organizados, como o próprio TT, que se viu na iminência de ser proibido pela Carta Maior, não fosse a grande atuação da ASSERTEM no período. Um dos grandes desafios era combater a imagem de “precarização” do trabalho que os setores da esquerda alimentavam contra a atividade, atrelando a Lei 6.019/74 a um produto da ditadura militar, então recém-banida e execrada. As mobilizações se iniciaram, na verdade, em 1986, quando a agenda da Constituinte ganhou corpo com a eleição dos deputados federais, que além da função legislativa, exerceriam o papel de constituintes. Preparando-se para as mudanças que certamente viriam, a ASSERTEM apoiou a fundação da Associação Brasileira das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Aprest), com a qual manteve um quadro associativo comum. Ambas atuaram em conjunto de maneira incansável desde a instalação da Assembléia Nacional Constituinte, em 1º de fevereiro de 1987, até a promulgação da nova Carta, em 5 de outubro do ano seguinte. E encontraram no deputado Michel Temer, relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça, um grande aliado. Nesta época, havia no mundo todo 8,37 milhões de trabalhadores temporários. A ASSERTEM encerrou a década com 45 empresas associadas, mas representando 80% do faturamento global do setor de TT. 36 Anos 90 A busca da consolidação do tt num mundo em transformação 37 Assertem O início traumático com o “plano collor” Anos 90 O brasil em números & palavras 1990 O Presidentes na década 1988 a 1990 Reynaldo Gustavo Bianchetti Vignoly As sert tem 40 an o s In Memoriam 1991 a 1993 José Carlos Bonfiglioli 1994 a 1996 Luiz Pimenta de Castro 1997 a 1999 Ermínio Alves de Lima Neto 38 s anos 90 engendraram, no Brasil e no mundo, um novo paradigma nas relações entre o capital e o trabalho. A ASSERTEM, que na década anterior tivera papel decisivo na ampliação da representação institucional do TT e Serviços Terceirizáveis, começou a articular a formação de um Sindicato para todo o segmento, o que veio a se consolidar com a criação do Sindeprestem, em 1991. Manteve ainda sua política de fazer corpo a corpo com Brasília, em busca de uma legislação menos restritiva para a atividade. E procurou afinar a atuação de suas associadas, defendendo a “excelência do serviço”, ou seja, o planejamento, treinamento, critério na seleção dos candidatos, não aviltamento das taxas serviços e atendimento adequado ao tomador. Nesse sentido, aumentou o rigor com as prestadoras, tornando obrigatória a expedição da DRD por meio de uma revisão dos Estatutos Sociais (aprovada em maio de 1991). Mas se exigia de outro modo que as prestadoras cobrassem do tomador uma previsão antecipada das necessidades de vagas, não submissão ao aviltamento dos preços e diminuição dos índices de turnover. No plano conjuntural, a herança dos anos 80 trouxe a necessidade de controle do processo hiperinflacionário, recomposição do fluxo de caixa, reposição salarial e retomada da capacidade de investimento, ao mesmo tempo em que se começou a olhar para a abertura da economia brasileira como um dos caminhos para a retomada do crescimento, com mudanças nas alíquotas das importações dos produtos. O período foi chacoalhado pela edição do “Plano Collor”, em março de 1990, uma “situação angustiante”, conforme qualificou a ASSERTEM em nota publicada nos jornais de maior circulação em São Paulo. Seu presidente na época, Reynaldo Bianchetti, chegou a dizer que as medidas haviam decepado as receitas das empresas de forma instantânea e exigiram “esforços heróicos” para honrar compromissos com os trabalhadores temporários e o Fisco. A Associação registrou queda de 80% nas atividades das prestadoras em função do plano. Quase um ano e meio depois, em junho de 1991, elas se encontravam com operações 30% menores que no final dos 80. A crise deu o tom do 3º Simpósio Regional do TT, promovido pela entidade em São Paulo em 1991, com a participação do ministro do TST Almir Pazzianotto, mas forneceu, por outro lado, o gancho de um novo discurso em defesa da flexibilização do trabalho. Com desemprego em alta, o TT atuaria como “uma alavanca de normalização do mercado de trabalho”. Outros encontros regionais foram realizados no Rio, em Curitiba e em Belo Horizonte. A união em torno de suas entidades representativas foi uma das saídas que as prestadoras encontraram para a mudança do quadro de crise, a ponto de 123 delas se encontrarem filiadas à ASSERTEM neste período. A expansão da representatividade da Associação chegou às grandes cidades do Interior paulista. Foi implantado um novo canal de comunicação com os associados – o Jornal do Trabalho Temporário, publicação ampliada e mais organizada em relação às experiências anteriores. As articulações com Brasília tornaram-se cada vez mais sistemáticas e envolveram gestões Fernando Collor inicia o governo em 15 de março. Seu staff apresenta nomes então desconhecidos, como a economista Zélia Cardoso de Mello, nova ministra da Economia que formularia o “Plano Collor”. Este decreta o congelamento de 80% das aplicações financeiras em poupança, overnight ou conta corrente de pessoas físicas e jurídicas pelo prazo de 18 meses, impedindo-as de quitarem muitos de seus compromissos financeiros. A medida, considerada inconstitucional, gera estupefação, pânico e contestação popular. Mas ideia é tirar o máximo de moeda em circulação e frear a ciranda hiperinflacionária. Acompanham o Plano Collor alguns programas de liberalização da economia, como a abertura às im portações e planos de privatização, o congelamento de preços e salários e a mudança da moeda, que volta a se chamar Cruzeiro. Mas ao final do ano a inflação mantémse na casa dos quatro dígitos (1.585,18%) e o PIB cai a -4,35%. 1991 – 1992 Governo edita o “Collor II”, repetindo o congelamento de preços e salários, elevando os juros e reduzindo tarifas de 39 As sert tem 40 an o s 40 Conquistas e a fase da maturidade Alguns dos benefícios ao trabalhador foram contemplados na Instrução Normativa no. 9, da Secretaria Nacional do Trabalho, baixada em 8 de novembro de 1991. A Associação iniciou ampla campanha de divulgação dos novos benefícios aos trabalhadores, mas seus dirigentes mantiveram as visitas a Brasília no sentido de defender o PL de Goldman. O TT adquirira tal proporção no Brasil que empregava 1,8 milhão de trabalhadores ao final de 91 (65% no Rio e em São Paulo) e gerava US$ 500 milhões em salários. Uma pesquisa contratada pela ASSERTEM junto ao Instituto Datafolha, que entrevistou 1.680 pessoas ligadas ao segmento, mostrou que este trabalhador tinha entre 14 e 40 anos, nível médio e faixa de renda até cinco salários mínimos. 83% não tinham queixa contra seus empregadores (os prestadores de serviços). Estes, por sua vez, se encontravam em processo de informatização, tinham em média oito anos de mercado e as empresas industriais como seus maiores clientes. Já as tomadoras, em geral, utilizavam o TT em até 3% de sua mão de obra total. 88% delas consideravam os serviços bons ou ótimos e valorizavam a idoneidade/tradição (39%) na hora de escolher sua prestadora, além da qualidade do serviço (20%) e preço (13%). No entanto, os dados da pesquisa demonstraram que o TT era visto ainda pelo mercado como 1993 – 1994 medida paliativa, com desconfiança entre os sindicalistas e que a ASSERTEM era pouco conhecida em outros segmentos. De 1992 a 1993, a Associação intensificou suas ações, até como reflexos dos caminhos apontados pela pesquisa. Entre outros, desenvolveu grande campanha contra os baixos preços nos serviços, propondo uma taxa de serviços entre 43% e 60% sobre a remuneração e os encargos; organizou um novo Simpósio Regional em São Paulo; estabeleceu parceria com a Associação Paulista de Recursos Humanos (APARH); participou do XX Congresso Internacional das Empresas de TT na Espanha, de simpósio na Bahia, do Fórum da Cidade de São Paulo e da Feira Nacional de Terceirização (promovida pela Aprest e Sindeprestem); promoveu a 1ª CONETT – Convenção Nacional de Empresas de TT; realizou cursos e seminários; lutou pela mudança da base de cálculo do ISS em São Paulo; e conquistou o Troféu APARH 92. Fundou ainda a FENASETT – Federação Nacional de Sindicatos e Associações de Empresas de TT (com a desativação da UNAETT). Destacou-se no período a realização da CONETT, em novembro de 1993, com a participação do prefeito em exercício de São Paulo, Sólon Borges dos Reis, e do ministro do TST, Almir Pazzianotto. Os resultados vieram com a homologação do Enunciado 331 pelo TST, reconhecendo o espaço do TT nos termos da legislação de 1974 e os Serviços Terceirizáveis, desde que restritos às áreas de conservação e O curto mandato de Itamar Franco representa um divisor de águas sobre a instabilidade política e econômica que o Brasil vivia desde os anos 80. Ainda durante todo ano de 1993, o cenário é hiperinflacionário e gera um INPC recorde, de 2.489,11%, agora sob uma nova moeda, o Cruzeiro Real. Mas o PIB toma fôlego, cresce 4,67%, e a equipe econômica, comandada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, começa a articular e a preparar o caminho para um novo plano econômico, o Real, que entraria em vigor em 1º de julho de 1994. O plano foi implantado, na verdade, em três etapas, a primeira delas de equilíbrio nas contas públicas, a segunda de paulatina recomposição salarial e, a terceira, com a entrada em vigor da nova moeda – o Real. Nesse meio tempo, Fernando Henrique deixa o Ministério para concorrer às eleições presidenciais do final de 94. Desde então, o Brasil se vê livre da ciranda inflacionária e ganha estabilidade econômica, política e social para a retomada do desenvolvimento sob bases mais sólidas, as mesmas lançadas pelo Consenso de Washington. A inflação de 94 ainda é elevada (929,32%), mas a variação mensal já caiu a 1,70% e o PIB vai a 5,33%. É criada a União Europeia (Tratado de Maastricht), com a unificação política e econômica dos países pertencentes à Comunidade Europeia, e do Instituto Monetário Europeu, futuro Banco Central Europeu, com a missão de implantar a moeda única – o Euro. Nesse cenário de otimismo e grandes transformações, a seleção brasileira de Anos 90 importação. Entra em vigor o Código de Defesa do Consumidor brasileiro. O Tratado de Assunção cria o Mercosul, liberalizando as relações comerciais entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Mesmo com o “Collor II” os preços sobem em ritmo de hiperinflação. Marcílio Marques Moreira assume o Ministério da Economia. Sua política combina aperto fiscal e liberalização, freia a inflação (cai a 475,10% anuais) e recupera um pouco o crescimento da economia, com PIB de 1,03%. Clima de ingovernabilidade política, agravado com denúncias de corrupção contra a então primeira-dama Rosane Collor à frente da LBA e depois, em princípios de 92, contra o próprio presidente, feitas pelo irmão Pedro Collor gera uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito em março de 92 e, cinco meses depois, incrimina Collor e pede seu Impeachment à Câmara. A cassação é aprovada pelos deputados em 29 de setembro e o próprio presidente viria a renunciar ao mandato no dia 29 de dezembro. Mais um vice torna-se titular da Presidência nesta curta história da redemocratização: o mineiro Itamar Franco. O Senado cassa os direitos políticos do ex-presidente Collor por oito anos. Nesse clima de instabilidade política, a economia alterna medidas sucessivas e permanece em ritmo de hiperinflação e estagnação. O ano de 92 fechou com 1.149,06% e PIB de -0,47%. Estados Unidos, México e Canadá criam a Nafta (North American Free Trade Agreement), zona de livre comércio entre os três países. junto aos ministros Rogério Magri (Trabalho e Previdência Social) e Jarbas Passarinho (Justiça) no sentido de apresentar propostas que pudessem agilizar o TT, especialmente a extensão do prazo de contrato em função das mudanças na licença-maternidade. Também foram necessárias gestões junto à Secretaria Nacional do Trabalho (MTPS) pela reformulação da nova Lei do FGTS (8.036/90), que impusera, entre outros, uma duplicidade no recolhimento do encargo. Foi preciso articular melhor as ações e formar comissões temáticas no interior da Associação, entre elas a Comissão Estatutária (revisão dos Estatutos Sociais e do Código de Ética, e desenvolvimento dos Estatutos do Sindeprestem), Comissão de Pesquisas e Comissão de Divulgação e Imprensa. Um estudo conjunto feito entre a UNAETT e a ASSERTEM resultou no Projeto de Lei 2.368/91, apresentado à Câmara Federal pelo deputado Alberto Goldman, propondo a desregulamentação e desburocratização da atividade. O dispositivo promovia uma atualização da legislação de 1974, com a ampliação do prazo de TT para 120 dias, prorrogáveis por mais 60, extensão dos benefícios ao trabalhador, eliminação da exigência de registro das empresas no MTPS e possibilidade de sua utilização no setor agrícola. 41 1995 - 1998 A sse rtte m 40 ano s Assumindo em 1º de janeiro de 95, Fernando Henrique imprime a marca da estabilidade a todo o seu governo, nos mais diferentes setores: político, econômico e social. Os quatro anos de seu 1º mandato apresentam índices inflacionários controlados, situação inédita para muitos brasileiros que nasceram sob o regime inflacionário. Ainda em 95 o INPC fecha com dois dígitos (21,98%), no entanto, em 98 chega ao nível mais baixo em décadas (2,49%). Mesmo com medidas impopulares, como cortes no orçamento público, ajuste fiscal, abertura às importações penalizando setores industriais brasileiros e privatizações, FHC apresenta elevados índices de popularidade e em novo confronto com Luiz Inácio Lula da Silva, vence as eleições presidenciais de 98 também em 1º turno. Nas áreas da Administração Pública, Previdência e do Trabalho são promovidas reformas. Destaca-se a aprovação da Lei Federal 2.490/98, ampliando a abrangência do contrato de trabalho por prazo determinado. 42 Nesses quatro anos, a carga tributária passa a 29% do PIB (contra 25%, padrão dos anos 60 e 70 e parte dos 80). O PIB oscilou entre 4,42% (95) e 0,04% (98). O quadriênio marca ainda o início das operações da Organização Mundial do Comércio (OMC); o final do monopólio estatal do petróleo no Brasil; a crise nos chamados Tigres Asiáticos (Tailândia, Malásia e Filipinas); a privatização do sistema Telebrás; e um socorro financeiro ao País negociado com o FMI, o BIRD (Banco Mundial) e BIS (Banco de Compensações Internacionais), num total de US$ 41,5 bilhões. Anos 90 futebol conquista o tetracampeonato nos Estados Unidos, em jogo disputado contra a Itália e vitória nos pênaltis (no tempo normal, placar sem gols). Fernando Henrique reverte a tendência eleitoral então favorável ao seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, e se elege presidente em primeiro turno. Homologação, pelo TST, do Enunciado 331, reconhecendo o TT nos termos da legislação de 1974 e os Serviços Terceirizáveis. limpeza e demais segmentos especializados ligados à atividade meio do tomador. Desde a Lei Federal 6.019/74, o Enunciado 331 representou a mais importante conquista dos prestadores de serviços, adequando um pouco mais o Brasil às novas relações entre o capital e o trabalho. Entre 93 e 94, com certa retomada do crescimento econômico, após cinco anos de PIB’s negativos, o TT e os Serviços Terceirizáveis estavam respondendo aos picos de produção, incluindo as montadoras de veículos. Nesse momento a ASSERTEM optou por simplificar a adesão de suas associadas e eliminou a exigência da DRD. Nos anos seguintes, já sob o regime do Real, a entidade realizou intercâmbios com as entidades dos países membros do Mercosul, foi uma das articuladoras da Câmara Setorial de Serviços junto ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (Sub-Câmara de Serviços Terceirizáveis), da qual passou a fazer parte; participou do Sub-Comitê Setorial de Serviços do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade; foi representada, pela primeira vez, em uma Conferência do Trabalho da OIT (a 81ª., em Genebra); lançou uma nova logomarca, introduzindo os dois “T’s” em seu layout, como forma de demarcar a expansão de suas atividades a todo território nacional; promoveu o II CONETT, com a presença do governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho, do prefeito Paulo Maluf e do ministro Pazzianotto; esteve na 28ª Convenção Nacional da NATS, em San Diego, Califórnia; e ajudou a organizar o I Congresso Latino-Americano de Empresas de TT, em Buenos Aires. Este Congresso de 1995 foi o maior encontro do segmento até então. Representantes do Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela aprovaram a “Carta de Buenos Aires”, expressando a defesa da atividade no continente, “como parte indissociável do mercado global de trabalho, devendo seu desenvolvimento se reger pelos princípios básicos da liberdade, do direito e da justiça, que inspiram e fundamentam os sistemas democráticos”. O documento defendeu ainda a qualificação das empresas, a capacitação de pessoal e o treinamento. Nesse sentido, o Congresso criou a CLETT&A – Confederação Latino-Americana de Empresas de Trabalho Temporário e Atividades Afins. A ASSERTEM já se colocava, no período, como entidade de representação nacional; mudou a sua designação para “Associação Brasileira” e abriu a primeira regional, no Rio de Janeiro. Em 1996, trouxe a II Conferência Latino-Americana para o País, organizando-a em Angra dos Reis (RJ). No Plano institucional, obteve outra vitória: a Portaria no. 2, de 29 de maio de 1996, permitindo a prorrogação do contrato de TT por três meses, desde que autorizada por órgão local do Ministério do Trabalho. Alguns meses depois, nova portaria permitiu a prorrogação automática do prazo, fruto de uma ampla mobilização empreendida pela ASSERTEM, em conjunto com 1999 o Sindeprestem. De outro lado, as portarias ajudaram a sepultar algumas iniciativas que vieram de parlamentares ou do próprio governo em direção contrária, dificultando o exercício da atividade no Brasil. Com esse nível de representatividade e poder de negociação, a ASSERTEM demonstrou que chegara à fase da maturidade, a qual foi selada com a sua fusão com a Aprest, ato homologado pelos associados em agosto de 1997, como uma “soma de esforços” voltada a conferir “mais intensidade ao setor, incrementar a atuação institucional, ampliar as perspectivas futuras, desenvolver pesquisas e fortalecer a atuação ética das ETT’s”. Com a mudança, a Associação passou a representar também amplos setores dos Serviços Terceirizáveis. Outros destaques da década, fruto das ações da ASSERTTEM, foram o Decreto Federal 2.271/97, que abriu o setor público à Terceirização nas atividades meio; a adesão de associadas à certificação de qualidade (ISO 9000); o lançamento da “Cartilha de Qualidade para a Área de Serviços” e da “Cartilha dos Encargos Sociais”; a participação em nova Conferência da OIT em Genebra e no III e IV Congressos Latino-Americanos, respectivamente na Colômbia e no Chile; a criação do Prêmio Destaque do ano para as associadas; a promoção de pesquisas sobre o desempenho das empresas do segmento; No início de seu 2º mandato, FHC prossegue com a lógica econômica baseada na busca da estabilidade e liberalização econômica. O momento é de crise financeira internacional. O Euro se converte em moeda oficial de doze países europeus, entre eles França, Alemanha, Itália e Portugal. Reino Unido, Suécia e Dinamarca, apesar de integrarem a EU (União Europeia), mantêm as suas respectivas moedas. No Brasil, o elevado custo do crédito, o aumento da carga tributária e o acir ramento da concorrência com as em presas mundiais não deixa espaço para a ineficiência empresarial. Com 168 milhões de habitantes, inflação de 8,43% ao ano, taxa média de desemprego de 7,53%, o Brasil encerra a década com o PIB estagnado (0,25%), mas há queda do contingente de pobres para 34,1% da população (ante 41,7% em 93) e 14,5% de indigentes (contra 19,55% seis anos antes). 43 A sse rtte m 40 ano s o lançamento de sua página na internet; a campanha pelo Certificado ASSERTTEM; a Lei Federal 9.711/98, acabando com a responsabilidade solidária do tomador e transferindo a ele os encargos previdenciários, uma bandeira de luta de dez anos da entidade; o fechamento de acordos com a Caixa Econômica Federal em torno da aplicação das multas do FGTS; e a participação no Fórum Nacional das Associações do Setor de Serviços, o que gerou uma audiência das entidades com o presidente Fernando Henrique Cardoso, em Brasília, em outubro de 1999, juntamente com o ministro Alcides Tápias (do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e o deputado Michel Temer. Entretanto, a dinâmica das forças sociais e políticas não permitiram descanso e produziram novos desafios: o enfrentamento com o exercício ilegal e desleal das cooperativas de trabalho, que nesta época iniciaram um movimento pela descaracterização do vínculo empregatício na sua relação com os trabalhadores e os tomadores, através da revogação do parágrafo único do Artigo 442 da CLT; o final da restrição para a atuação das empresas estrangeiras no segmento; e um novo Projeto de Lei voltado à regulamentação, o 4.302/98, de autoria do Executivo, o qual foi alvo de profunda análise por parte da Associação, que desenvolveu vinte propostas de emendas de forma a atender às efetivas necessidades do mercado. A matéria permanece no Congresso e representa ainda hoje, em 2010, uma grande oportunidade para a atualização dos marcos legais do TT e dos Serviços Terceirizáveis. 44 Novo Milênio Reconhecimento e credibilidade na articulação institucional 45 ASSERTTEM Reorganização e profissionalização nas ações institucionais 2000 – 2001 O Presidentes na década 2000 a 2003 Edison Belini A sse rtte m 40 ano s 2003 a 2004 Necésio Tavares Neto 2004 a 2005 Vander Morales 2006 a 2008 Jan Wiegerinck 2009 a 2011 Vander Morales 46 Século XXI começou incerto em termos macroeconômicos e no Brasil a elevação dos encargos e da carga tributária continuou como um dos principais artifícios utilizados pelo governo para cumprir com as metas de superávit e de composição de caixa. Diante de sucessivas crises mundiais, o Brasil vinha recorrendo sistematicamente a empréstimos externos e apertando o cinto da arrecadação contra as empresas. O TT era uma realidade incontestável: havia 10.500 empresas no País, responsáveis por um faturamento anual de R$ 10 bilhões, e um contingente de 1,6 milhão de trabalhadores. O número de empresas crescera três vezes em relação à década anterior e, o de mão de obra 60%. Mas, para o segmento, novas obrigações fiscais acentuaram suas dificuldades, o que manteve na ordem do dia da ASSERTTEM a necessidade de buscar um novo ordenamento jurídico às relações do trabalho, como forma de melhorar seus padrões de produtividade e competitividade. Do ponto de vista da organização estrutural, a entidade redefiniu seu lócus de atuação, focando mais no plano político-institucional, enquanto coube ao Sindeprestem a função de prestar suporte jurídico às prestadoras, abrindolhes ainda uma linha direta de consulta permanente (pelo telefone 0800 109 729 ou pela internet), além da emissão de documentos, interlocução com outras entidades sindicais e com as DRT’s. A Associação jogou peso sobre a ação política em âmbito nacional e internacional, nas relações com as autoridades dos três poderes, especialistas, mídia, representantes da indústria, comércio e serviços. Houve, em comum acordo entre as entidades, uma reengenharia em suas estruturas funcionais e de fluxo de trabalho, com vistas a ampliar a visibilidade do segmento, reforçar a confiança dos órgãos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e, em consequência, assegurar condições para a expansão do mercado. Não apenas o TT e os Serviços Terceirizáveis se consolidavam enquanto significativos agentes promotores do desenvolvimento econômico, quanto seus dois principais representantes legitimavam-se de forma inequívoca como porta- Novo Milênio O brasil em números & palavras vozes do segmento junto à sociedade organizada. Nesta época a ASSERTTEM era parceira constante dos órgãos do MTE e do TST nas discussões relativas ao TT e Serviços Terceirizáveis. Com o ajuste de seu foco, a entidade profissionalizou as relações com a mídia, a organização dos eventos e os instrumentos de análises de desempenho do setor. Por meio de uma parceria com a GT Marketing e Comunicação, lançou a revista bimestral Presstem, em quatro cores e 50 páginas; publicou um informe publicitário semanal nas páginas do Jornal da Tarde e do caderno de empregos de O Estado de S. Paulo - o “Jornal de Serviços”; e desde 2008 veicula uma coluna quinzenal no Diário de Guarulhos. Registre-se também o lançamento do livro “O Trabalho Temporário no Mundo”, um painel contendo os aspectos legais, sócio-econômicos e mercadológicos presentes em diferentes países em 2001. A GT iniciou ainda o acompanhamento diário das inserções da ASSERTTEM e do Sindeprestem nas mídias gerais e especializadas. O trabalho completou uma década e, em seu último relatório, referente a junho de 2010, a GT contabilizou 866 matérias sobre a Associação, nos mais diferentes órgãos de comunicação, incluindo televisão, rádio, jornal, revista e mídia online. Quanto ao levantamento de indicadores, a ASSERTTEM, em parceria com o Sindeprestem, lançou a Pesquisa Setorial, que hoje se encontra em sua 4ª edição e está a cargo do Ipema (Instituto de Pesquisa Manager). Seus indicadores O novo século encontra, no plano interno, um Brasil às voltas ainda com a reestruturação da economia e do setor público, sob o imperativo da estabilidade e do ajuste fiscal. Alguns programas sociais são desenvolvidos, como o Comunidade S olidária e o BolsaEscola, além de um programa modelo de combate à Aids e a reorganização do Sistema Único de Saúde. A inflação mantém-se controlada, o PIB apresenta índices positivos, mas sem grande vigor. O Congresso aprova em 2000 a Lei de Responsabilidade Fiscal e a regulamentação da participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas. No plano externo, destaca-se a falência da Enron Corporation, que empregava 20 mil trabalhadores e possuía ativos nas áreas de comunicações, gás natural, eletricidade, papel e celulose, plásticos, petroquímica e aço. O fato engendra nova crise no capitalismo mundial, agora atingindo a própria credibilidade de alguns de seus ícones. A China começa a despontar como a grande mola propulsora do desenvolvimento, dando alternativas de mercado, mão de obra barata e elevados índices de 47 2002 – 2003 A sse rtte m 40 ano s Em 2002, o País se transforma no maior devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo recebido empréstimos de US$ 26 bilhões no ano, vê o índice de desemprego subir a 12,6% e a inflação ficar em 14,74%, a maior do Real. É neste ambiente que Luiz Inácio Lula da Silva vai para a sua 3ª campanha presidencial e vence em 2º turno contra o candidato de FHC, o exministro da Saúde José Serra. O governo Lula inicia em 2003 sob a bandeira da esperança, mas pautado em um comportamento cauteloso, mantendo as bases da política econômica do governo anterior. Isso ajuda o presidente a constituir grande base de apoio no Congresso e, para a população, lançase a campanha do “Fome Zero” como forma de dar uma resposta imediata às imensas expectativas. O viés da ação social de Lula é assistencialista e durante o ano o Fome Zero é unificado ao Bolsa-Escola, dando origem ao Bolsa-Família. No primeiro ano de seu governo, o desemprego ainda é elevado, a carga tributária chega a quase 35% do PIB, mas a inflação reflui a 10,38%. O PIB é positivo (1,15%), mas inferior a 2002 (2,66%). 48 2004 – 2005 Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina; realização do III CONETT; e lançamento do Selo ASSERTTEM de Qualidade. No âmbito político, ajudou o Ministério do Trabalho na implantação do Cadastro Nacional de Empresas de TT, um programa de recadastramento voltado a combater a informalidade. No decorrer da década, manteve em sintonia fina as relações com a CIETT e a CLETT&A (que viveu um período inoperante), ao mesmo tempo em que a entidade passou a integrar os quadros da Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços). No Congresso Nacional, novos projetos de lei de interesse imediato do segmento exigiram mobilização da entidade, ou porque interferiam na regulamentação (a despeito do PL do Executivo, em tramitação) ou ameaçavam mesmo a atividade (PL’s favoráveis às cooperativas de trabalho). Pela relação de “cooperados” que estas estabelecem com a mão de obra, as cooperativas ficam isentas do cumprimento da legislação trabalhista, aí sim promovendo a “precarização” do trabalho e a deslealdade nas relações com as prestadoras. Do ponto de vista legal, travou lutas em defesa do fim do “objeto único” para efeitos de recadastramento, o qual o Ministério do Trabalho vinha exigindo das empresas – estas deveriam oferecer exclusivamente o TT ou Serviços Terceirizáveis; contra o aumento de 10% na multa FGTS e o acréscimo de 0,5% sobre a folha de salários de médias e grandes empresas; pela mudança da base de cálculo de incidência do IRPJ, do PIS e Cofins; e contra a participação das cooperativas de trabalho em licitações públicas. Foram batalhas vitoriosas, destacando-se a sanção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, da Lei Complementar 116, mudando a legislação do ISS, que passou a ser tributado no local da prestação de serviços e com teto de 5%; e o Acórdão 1.815/2003 do Tribunal de Contas da União, proibindo a contratação das cooperativas pela administração pública. Lula amplia as metas de superávit fiscal e desenvolve política externa agressiva em defesa dos interesses do Brasil e dos países emergentes, ao mesmo tempo em que atrai a confiança dos investidores estrangeiros, gerando os primeiros grandes resultados de seu mandato: os investimentos estrangeiros sobem de US$ 16,6 bilhões (2002) para US$ 18,2 bilhões (2004), e a taxa de investimento começa a galgar uma importante trajetória ascendente, colocando combustível sobre a expansão econômica (ela vai de 18% do PIB em 2002 a 19,6% em 2004). Não à toa o PIB exibe crescimento de 5,71%, enquanto a inflação de 2004 cai para 6,13% e o desemprego reflui. No ano seguinte, o governo é chacoalhado pelo escândalo do “Mensalão”, que até 2007 iria provocar estragos em sua equipe e imagem, incluindo José Dirceu, da Casa Civil. Na área econômica, bons resultados continuam a ser produzidos, como um crescimento de quase 100% na balança comercial entre 2002 e 2005. De outra parte, as importações também cresceram, imprimindo dinamismo e confiança à economia brasileira. Em 2005, inflação de 5,05%, PIB de 3,16% e taxa de desemprego caindo: 9,8%. Mas carga fiscal recorde, de 37,37% do PIB. Novo Milênio rentabilidade às empresas americanas e europeias. No biênio, a inflação crava, respecti vamente, em 5,27% e 9,44%, e o PIB em 4,31% e 1,31%. Mas a carga tributária de 2001 ultrapassa os 34% do PIB. conquistaram bom espaço na mídia e, segundo os levantamentos realizados pela GT, são citados em colunas econômicas de prestígio nos principais jornais e portais da internet. Eles estão presentes ainda na obra Trabajo Flexible em Sudamérica, publicado em 2010 pela CLETT&A, com o apoio da entidade. Finalmente, na área de eventos, promoveu grandes conferências em São Paulo, com nomes como Roberto Shinyashiki, Professor Gretz, Leila Navarro e o italiano Domenico De Masi, autor do livro O Ócio Criativo e interlocutor constante dos dirigentes da Associação. O coroamento desta estratégia veio em 2010, com a organização, em São Paulo, entre os dias 26 e 28 de maio, do Congresso Mundial de Terceirização e Trabalho Temporário (CIETT 2010). Mas voltemos aos princípios do século, ano 2000. Na agenda institucional da entidade, entraram preocupações como as novas modalidades de TT e Serviços Terceirizáveis na sociedade da informação, tema, por exemplo, de um Congresso anual da CIETT, realizado na Europa e acompanhado pelos dirigentes da ASSERTTEM e Sindeprestem. As novas tecnologias de comunicação estavam promovendo rápidas mudanças nas rotinas das empresas, impondo a necessidade de se gerenciar as informações de maneira mais organizada e profissional. Dados apresentados pela CIETT indicavam que no período 7,5% das contratações de trabalhadores já eram feitas via internet. Pela primeira vez, os empresários começaram a falar em escassez de mão de obra especializada para fazer frente às novas demandas, estimando-se um total de 1,5 milhão de vagas a serem preenchidas. A ASSERTTEM marcou presença no evento divulgando cartilhas e papers com uma radiografia completa do segmento no País. No Brasil, a entidade participou do 1º. Encontro Sul-Americano Sobre as Agências Privadas de Emprego, organizado pela CLETT&A e o Ministério do Trabalho, e promoveu o I Encontro de Profissionais das Relações de Trabalho em Guarulhos. Este foi o primeiro de uma série de encontros realizados nas regionais. Mas um dos eventos mais marcantes do ano foi a participação de seus dirigentes na posse do novo presidente do TST, ministro Almir Pazzianotto, em cerimônia que contou com o vice-presidente Marco Maciel, os ministro Pedro Malan (Fazenda) e Francisco Dornelles (Trabalho e Emprego), e o presidente da Câmara Federal, deputado Michel Temer. Este momento foi emblemático da mensagem institucional que a entidade veiculava na época, colocando-se como “uma ilha de credibilidade cercada de boas empresas por todos os lados”. Junto às associadas, suas ações foram orientadas para o apoio à Comissão de Conciliação Prévia Intersindical e Juízo Arbitral do Sindeprestem e o Sindeepres (Sindicato laboral da categoria); a promoção de palestras sobre estratégias de vendas dos serviços, gestão empresarial e relações humanas nas organizações; a criação de duas comissões, de Custos e de Organização e Desenvolvimento; de outra, em parceria com o Sindeprestem, para estudos sobre o ISS; a implantação e/ou reorganização das diretorias regionais na Bahia, em Minas Gerais, no Espírito 2006 – 2007 A crise do “Mensalão” atinge o ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho, o principal nome do governo e 49 As sert tem 40 an o s 50 O desafio permanece A entidade vem agindo nos anos recentes para que governo, parlamentares e trabalhadores se voltem para a aprovação do PL 4.302/98, colocando-se um ponto final às idas e vindas nas normatizações e tentativas de aprovar projetos de lei aventureiros, que vez ou outra pretendem impor restrições à atividade. Com 2,541 milhões de trabalhadores e 32.640 empresas no País, o segmento poderá ter um participação ainda maior na economia brasileira se puder concentrar seus esforços no aprimoramento das Relações Triangulares do Trabalho (RTT), canalizando para esta articulação entre os prestadores, trabalhadores e tomadores toda a energia que despende hoje para evitar riscos institucionais à atividade. Como um todo, a Terceirização emprega no País 8,2 milhões de pessoas, em um universo de 37 milhões de trabalhadores com carteira assinada. O ideal é que o foco da atuação da ASSERTTEM recaia, agora, sobre a promoção da capacitação e qualificação da mão de obra especializada, pois além do gargalo na infraestrutura, a economia brasileira encontra aí outro grande ponto de estrangulamento a que cresça anualmente dentro dos patamares elevados que registrou no primeiro trimestre de 2010. Fortalecida, a oposição rejeita emenda que prorrogava a cobrança da CPMF. No balanço final do biênio, a inflação crava, respectivamente, em 2,81% e 5,16%, o PIB cresce em 3,96% e 6,09% e o desemprego fica abaixo dos dois dígitos (9,9% e 9,3%). Para os empresários, porém, permanece a elevada carga fiscal, que fica na casa dos 35% do PIB. 2008 – 2009 No início de 2008, os ministros da Secretaria Especial da Pesca, Altemir Gregolin, e da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, são denunciados por irregularidades no uso do cartão corporativo do governo. O ambiente, de forma geral, continua de otimismo, com a agência de classificação de risco Standard and Poor’s concedendo ao Brasil o patamar de “grau de investimento”, marco importante da estabilização econômica brasileira. Mas o mercado global não para de surpreender negativamente e, em setembro de 2008, acontece a quebra do banco Lehman Brothers (Estados Unidos), prenunciando um novo ciclo de recessão econômica global, com a pior crise dos bancos em 70 anos. Os setores automobilísticos e siderúrgicos são os mais afetados. Assim, a taxa de desemprego dos Estados Unidos, que em fevereiro era de 4,8%, vai a dois dígitos em pouco tempo, projetando um cenário sombrio que serve de palanque para a volta do Partido Democrata ao governo dos Estados Unidos. No Brasil, Unibanco e Itaú anunciam fusão e criam gigante financeiro. Em 2009, a posse de Barack Obama, o primeiro homem negro a governar os Estados Unidos, projeta alguma esperança de reversão da grave crise econômica. O Brasil, que fechara 2008 com um bom desempenho do PIB (5,14%) entra em regime de espera, em que as empresas tiram o pé dos investimentos e aguardam os desdobramentos do quadro mundial. O governo Lula lança uma série de medidas para evitar uma piora no sistema financeiro e nos setores atingidos pelos efeitos da crise. Promove a isenção de IPI para muitos setores industriais, a ampliação do crédito ao pequeno e micro empresário e afrouxamento do regime fiscal. As medidas injetam ânimo no setor produtivo e em agosto o saldo de empregos no período é o maior desde 1992. Comparado aos demais países, o Brasil teve um dos melhores desempenhos econômicos de 2009, com a Bolsa de Valores de São Paulo colhendo resultados históricos. Em dezembro, o País estava oficialmente fora da recessão e o PIB levemente negativo (- 0,19%) não reflete a grande expansão vivida por alguns setores, como Serviços. O nível de desemprego sobe um pouco em relação a 2008 (8,1% contra 7,8%), mas a inflação é baixa (4,11% contra 6,48%) e gira o motor do consumo de 191 milhões de brasileiros. O dado negativo fica ainda por conta da carga tributária, 34,85% sobre o PIB no ano. 2010 Com a economia mundial ainda instável, o desemprego nos Estados Unidos permanece em dois dígitos e Barack Obama procura acalmar o capital assinando a maior reforma do sistema financeiro do país. No Fórum Econômico Mundial deste ano, realizado em Davos, na Suíça, Lula recebe a premiação inédita de Estadista Global, pela sua atuação no meio ambiente, erradicação da pobreza, redistribuição de renda, entre outros. A massa salarial da Classe D, com rendimentos mensais entre R$ 511 e R$ 1.530, supera a da Classe B (salários entre R$ 5.101 e R$ 10.200), colocando-a como a segunda maior consumidora entre os estratos sociais. O salário inicial dos trabalhadores contratados com carteira assinada subiu 27% em relação ao primeiro ano do governo Lula. As perspectivas de crescimento do PIB projetadas pelo Banco Central ao final do primeiro semestre chegam a 7,6%, enquanto a inflação manterá o comportamento de 2009, entre 4% e 4,5%. A taxa de desemprego deverá cair a 8%, próximo dos níveis registrados em princípios deste século. No horizonte, preveem-se grandes expansões nas áreas de telefonia celular, integração da internet com as demais mídias, tevê digital e canais pagos. Mesmo com as eleições presidenciais do final do ano, a matriz econômica deverá ser mantida, já que a candidata de Lula, a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem como principal adversário o ex-governador José Serra, também vinculado à defesa do Real. Novo Milênio visto como futuro sucessor de Lula. O presidente o demite em março de 2006, substituindo-o por Guido Mantega. Ainda assim, na área econômica o governo parece blindado e colhendo bons frutos, com o risco-país, termômetro da confiança dos investidores externos no Brasil, despencando de 2.436 pontos (setembro de 2002) para 231 pontos em fevereiro de 2006. Depois de sete anos atrelado ao FMI, o governo encerra o acordo com o Fundo Monetário e quita, de forma antecipada, a dívida contratada por FHC. A taxa de juros nominal, que no final de 2002 era de 25%, recua, em março de 2006, para 16,5%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que fechara 2002 em apenas 11.268 pontos, dispara e entra em 2006 com históricos 35.000 pontos. No entanto, os maiores frutos que Lula colhe é a sua reeleição em outubro de 2006, vencendo em 2º turno o ex-governador paulista e candidato do PSDB Geraldo Alckmin. Em 2007, inicia-se o segundo mandato do presidente sob um clima de desgaste por conta do estrangulamento da infraestrutura brasileira. Um antídoto é lançado, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê investimentos de R$ 503,9 bilhões até 2010 em obras de saneamento, habitação, transporte, energia e recursos hídricos, entre outros. O STF (Supremo Tribunal Federal) acata as denúncias contra os 40 acusados de envolvimento com o “Mensalão”, atingindo três ex-ministros de Lula, dois deputados do PT e um do PTB. Outra vitória relevante da década, conquistada pela atuação conjunta da ASSERTTEM e do Sindeprestem, foi a revogação da Instrução Normativa 02/2004, que promovia um retrocesso na prorrogação do TT, ao restituir a obrigatoriedade de autorização prévia. As entidades conseguiram reverter a situação em quinze dias, e, mais do que isso, propuseram formas de simplificar e agilizar o processo. Entre outros, conquistou, via Instrução Normativa 14/2009, a permissão online para o exercício do TT junto ao Sistema de Registro de Empresas de TT (SIRETT); a sanção presidencial à Lei 11901/2009, regulamentando a profissão de bombeiro civil, categoria que contava à época com seis mil trabalhadores; e, em princípios de 2010, a Portaria 550. Esta foi assinada pelo ministro Carlos Luppi (Trabalho) em jantar promovido em São Paulo pelo Sindeprestem, possibilitando a prorrogação automática dos contratos feitos com até dois dias de antecedência. Um estudo realizado pela National Bureau of Economic Research (The Regulation of Labor) na primeira metade da década em 85 países apontou o Brasil como campeão em regulamentação do TT, com 2,4 pontos, contra 0,95 dos Estados Unidos. Segundo o documento, cada ponto no excesso de regulamentação eleva a informalidade do mercado de trabalho em 13,74% e o desemprego em 1,77%. O Brasil surgiu também com a segunda maior carga tributária sobre os salários (42,15% em 2003), superado apenas pela Dinamarca (43,1%). As ações da ASSERTTEM ajudaram, certamente, a que esse quadro não fosse ainda pior. 51 Asserttem na mídia A Associação é fonte cons tante de informações para os veículos jornalísticos de todo o país. No primeiro semestre de 2010, por exemplo, os números, dados e pontos de vista do setor divulgados pela entidade ultrapassaram a marca de três mil inserções na mídia nacional. A Asserttem, assim como o Sindeprestem, são procurados pelas principais mídias brasileiras como Rede Globo de Televisão, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, rádio CBN, Correio Braziliense, Zero Hora dentre muitos outros. A construção do futuro As sert tem 40 an o s Futuro 54 A construção do futuro Q uarenta anos após o início da trajetória da ASSERTTEM, desde o princípio orientada para a conquista de um marco legal que permitisse a atividade do Trabalho Temporário e, posteriormente, dos Serviços Terceirizáveis, o segmento ainda é visto em alguns setores, especialmente centrais sindicais e órgãos do governo, como geradora da “precarização” nas relações do trabalho. É um posicionamento anacrônico e distorcido, revelador de um profundo desconhecimento sobre o histórico do segmento, que sempre defendeu o trabalho formal, legal e garantidor dos direitos sociais. A expansão do TT e Serviços Terceirizáveis representa, pelo contrário, uma grande oportunidade para que o mercado formal chegue aos estratos populacionais alijados deste processo, como jovens em situação de primeiro emprego, donas de casa, aposentados e desempregados, profissionalizando-os e capacitandoos dentro do novo conceito de Serviços Especializados, engendrado pelas profundas mudanças sociais, econômicas e tecnológicas vividas nas duas últimas décadas. Grande parte da sociedade, aliás, já enxerga o segmento sob essa perspectiva. Um estudo publicado em 2006 pelo professor Duilio de Avila Bêrni, do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, destaca, inclusive, a urgência na definição de políticas públicas e privadas com vistas a expandir a “virtuosidade” do ciclo de geração de emprego, particularmente no setor de Serviços. Conforme o autor, o segmento vem exibindo um crescimento classificado como “virtuoso” em grande parte das últimas seis décadas, “aumentando o emprego em termos absolutos, (...) com ganhos de produtividade no uso do fator trabalho e dos insumos intermediários”. Para 2010 e os anos que seguem, será preciso ampliar esta capacidade de inserção da mão de obra no mercado formal, ou seja, de geração de emprego e renda, já que “o futuro do Brasil aponta para a crescente importância da vida urbana na condução da atividade econômica”. Reside no setor de Serviços um dos principais agentes do “fortalecimento econômico e o engrandecimento político de uma sociedade que passe a preocupar-se em evitar o sendeiro da exclusão”. A necessidade do reordenamento jurídico irá certamente compor parte das ações estratégicas da ASSERTTEM nos próximos passos para corresponder a todo esse potencial e expectativa. Mas será preciso ampliar também o seu olhar para dentro do próprio segmento, para cada uma das empresas prestadoras de 55 As sert tem 40 an o s 56 para contratar profissionais especializados. Conforme levantamento da área de marketing do Sindeprestem, sobraram vagas de nível superior, em 2009, por ordem decrescente, para engenheiros civis, nutricionistas, farmacêuticos, enfermeiros e contadores. Entre os de menor qualificação profissional, ficaram sem preenchimento vagas de auxiliar de limpeza, de linha de produção, pedreiro, operador de telemarketing ativo e vendedor interno. Caberá à ASSERTTEM desenvolver gestões junto às prestadoras no sentido de convencê-las a voltarem-se um pouco mais à qualificação, especialização, legalidade e oportunidades, fundamentais para o amadurecimento almejado pelo mercado. Reconhecendo que as prestadoras convivem com margens econômicas cada vez mais apertadas para estes fins, a ASSERTTEM empreenderá ações institucionais pela abertura de programas de acesso ao crédito, necessários ao desenvolvimento do setor. Os atuais índices de crescimento do Brasil geram novas demandas para as empresas do segmento, razão pela qual se torna fundamental uma política de investimento contínuo em qualificação e capacitação. Desponta no horizonte a geração de grandes oportunidades no âmbito do PAC (Programa federal de Aceleração do Crescimento), da realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, da exploração de petróleo na camada do pré-sal, da evolução das tecnologias de informação e de sua integração com as diferentes mídias. Antenada aos novos tempos, a ASSERTTEM irá lançar em breve um novo portal na internet, atualizado, de fácil navegação e interativo, que conterá um hot site, integrado também a um novo portal do Sindeprestem e voltado exclusivamente à integração dos candidatos a empregos temporários e terceirizados com as associadas. A meta é disponibilizar ao mercado uma carteira com pelo menos 500.000 candidatos, combatendo desta forma a crise de mão de obra qualificada, que tem prejudicado o crescimento do setor. Paralelamente, a entidade amplia atualmente sua representatividade, com a meta de estabelecer diretorias regionais em todos os Estados da Federação e mantendo sua bem-sucedida política de relações com a mídia regional e nacional, geradora de noticiário positivo sobre a empregabilidade formal gerada pelo setor. Suas ações políticas continuarão sendo desenvolvidas com base na defesa dos interesses das associadas em todas as frentes e níveis de governo, priorizando uma reforma tributária justa para o setor, a modernização da Lei 6.019/74 e a criação de um marco legal para a Terceirização de Serviços Especializados no País. A construção do futuro TT e Serviços Terceirizáveis, orientando-as a se integrarem em uma cadeia produtiva globalizada, altamente automatizada e informatizada, atendendo a padrões de desempenho mundiais. Será preciso inserir-se nesta cadeia de maneira proativa, colocando-se como um verdadeiro parceiro do cliente, tornando-se co-responsável pelo desenvolvimento de seu core business e incorporando o conceito de Serviços Especializados. A ASSERTTEM acredita que o conceito projeta um papel mais estratégico sobre a categoria, com reflexos positivos sobre a remuneração dos serviços, os benefícios, a valorização e segurança profissional para os trabalhadores e a aceitação da atividade em convenções coletivas das empresas tomadoras de serviços, sem ferir a legislação em vigor. Nesta perspectiva, caberá às prestadoras assegurar investimentos na formação e capacitação do trabalhador para o mercado extremamente especializado do século XXI, utilizando recursos de educação on-line, entre outros. Será preciso reorientar o perfil deste trabalhador enquanto um profissional mais independente, ativo e flexível, capaz de propor soluções. Por outro lado, nas relações com as tomadoras, também será preciso convencê-las a investir no relacionamento entre a sua equipe de colaboradores permanentes e os temporários ou terceiros, encarando-os não como mero expediente de redução dos custos, mas como solução para os serviços especializados, como tecnologia, marketing e facilities, entre muitos outros. Na verdade, a contratação de terceiros para os serviços especializados já ocupa posição estratégica na gestão das tomadoras e a sua evolução irá gerar aumento de demanda e crescimento para o setor. Os serviços especializados de terceiros ou temporários se encontram hoje em áreas de suporte em bancos, shoppings, sistemas de logística, supermercados, redes de fast-food, empresas de telefonia, departamentos de RH e operadoras de tevê paga, entre outros. Assim, o “apagão” da mão de obra especializada no Brasil será, sem dúvida, o grande desafio a ser vencido pelas organizações prestadoras de TT e Serviços Terceirizáveis, por meio de parcerias e investimentos na capacitação de seus profissionais. Estima-se que o “gargalo” venha impedindo o preenchimento de cerca de 1,7 milhão de vagas nos setores da construção civil, indústria naval, automobilístico, ferroviário, mobiliário, siderurgia, metalúrgico, petroleiro, transportes e serviços às empresas. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) acusa um déficit de 250 mil trabalhadores. Já a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), aponta que 67% das empresas dos ramos automobilístico, moveleiro e naval vêm encontrando dificuldades 1 Mudanças no padrão de uso da mão- de-obra no Brasil entre 1949 e 2010. In: “Nova Economia”, Belo Horizonte, 16 (1),139-172, janeiro-abril de 2006. 57 Fontes ASSERTTEM “Boletim Informativo do Trabalho Temporário e Serviços Terceirizáveis”, dezembro de 1998 Código de Ética Coleção “Assertem Informa”, abril de 1981 a fevereiro de 1982 Coleção “Trabalho Temporário em foco”, de março de 1982 a junho de 1983 Coleção “Informassertem”, de junho de 1986 a setembro de 1990 Coleção do “Jornal do Trabalho Temporário”, de 1991 a 1997 As sert tem 40 an o s Coleção “Assertem em notícias”, março de 1994 a junho de 1995 O Trabalho Temporário no Mundo, São Paulo, 2001 BÊRNI, Duilio de Avila – “Mudanças no padrão de uso da mão-de-obra no Brasil entre 1949 e 2010”. In: Nova Economia, Belo Horizonte, 16 (1),139-172, janeiroabril de 2006 CLETT&A – Trabajo Flexible em Sudamérica, Argentina, maio de 2010 ENTREVISTAS com Vander Morales e Edison Belini LAMOUNIER, Bolívar & FIGUEIREDO, Rubens (orgs.) – A Era FHC um balanço. São Paulo: Cultura Editores Associados, 2002 Coleção “Newsletter Assertem”, agosto de 1995 SINDEPRESTEM & ASSERTTEM – 4ª Pesquisa Setorial 2009/2010, São Paulo, 2010 Coleção “Revista da ASSERTTEM”, 1997 a 1999 IBGE – Indicadores (http://www.ibge.gov.br) Coleção “Revista Pressttem”, desde 2000 Estatutos Sociais Fundação da Entidade Livro no. O, de 17 de março de 1970 a 5 de dezembro de 1974 58 Informativo do “3º Congresso LatinoAmericano do Trabalho Temporário”, 1997 IPEADATA – Séries Históricas (http://www.ipeadata.gov.br) PORTAIS UOL (http://www.uol.com.br), ESTADÃO (http://www.estadao.com.br) e O GLOBO (http://www.globo.com) 59 patrocínio realização