38 - 39.pdf 1 02/07/2012 19:24:04 Luciana Pereira C M Y 38 CM MY CY CMY K Rio+20 termina com boas intenções e poucos compromissos A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 realizada em junho no Rio de Janeiro terminou com saldo positivo. A despeito da ausência dos líderes das principais economias mundiais, que estão centrados na solução de problemas internos como a eleição presidencial nos Estados Unidos e a crise financeira na Europa, o documento final da conferência foi aprovado sem alterações pelos chefes de Estado que estiveram presentes no evento e foi oficialmente adotado por mais de 190 países. O texto diz que os padrões de consumo precisam mudar e afirma que será analisada uma maneira de arrecadar dinheiro de diversas fontes para financiar o desenvolvimento sustentável dos países emergentes. Para a presidente Dilma Rousseff, aos resultados concretos da Rio+20, soma-se um “legado intangível”, que é a mobilização de uma nova geração no Brasil e no mundo, em torno dos desafios da sustentabilidade. “Assim como em 92, a conferência terá efeito transformador nas gerações atuais e futuras”, disse no encerramento da conferência. O documento final do evento, no entanto, foi considerado fraco pela sociedade civil, pois não estipula metas nem prazos, e sim uma série de adiamentos e pedidos de estudos. No tocante ao desenvolvimento sustentável a expectativa era de que fossem criadas metas em áreas centrais, como segurança alimentar, água e energia. Mas com a preocupação política centrada na crise financeira e nos tumultos no Oriente Médio foi difícil definir medidas mandatórias com prazos. Agência Brasil 38 - 39.pdf 2 02/07/2012 19:24:05 para levantar mais fundos. Para ambientalistas, os grandes destaques da Rio+20 aconteceram nos eventos paralelos. O principal deles foi acordo firmado pelo grupo Climate Leadership Group (C40), formado pelos prefeitos das principais metrópoles do mundo, onde gestores de 59 cidades definiram que vão reduzir em 1,3 bilhão de toneladas a emissão de CO2 até 2030. O volume representa a mesma quantidade de CO2 que será emitida pelo México e pelo Brasil nos próximos 18 anos. "Nosso comprometimento ajuda a enfrentar as mudanças climáticas e a melhorar a qualidade de vida nas nossas cidades", afirmou o líder do grupo, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. Os últimos números do Climate Leadership Group mostram que em 2010 as grandes cidades mundiais emitiram 1,7 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera. Sem medidas efetivas para o controle, esta quantia poderia atingir 2,3 bilhões em 2020, e 2,9 bilhões em 2030. Em evento realizado durante a Rio+20 na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, o Green Rio, o Diretor de Agricultura da Nestlé da Suíça, Hans Joehr, responsável por organizar o abastecimento de matéria-prima para todas as unidades da Nestlé, falou da importância da educação no campo como forma de ampliar a renda do produtor rural. “Não adianta falar de certificação se o agricultor não tem o conhecimento básico sobre a sua atividade. Precisamos, primeiro, ensinar o básico”, disse. Joehr é responsável pelo treinamento de 700 mil produtores, distribuídos em 52 países, que fornecem para a Nestlé, leite, cacau, café e milho, entre outros itens. C M Y CM MY CY CMY K Encontro de prefeitos do mundo inteiro Em relação aos subsídios a combustíveis fósseis se esperava que a conferência pudesse definir um compromisso para que todos os países eliminassem os subsídios a este tipo de energia. A eliminação gradual de subsídios para combustíveis fósseis até 2020 poderia reduzir a demanda de energia global em 5% e as emissões de dióxido de carbono em quase 6%, segundo a Agência Internacional de Energia. Há três anos, os países líderes do G20 concordaram em fazer isso, mas não foi estabelecido um prazo. A Rio+20 também não avançou na definição destes prazos. Sobre como financiar as “ações verdes”, o acordo propõe a produção de um relatório que avalie quanto dinheiro é necessário para o desenvolvimento sustentável, e quais instrumentos novos e existentes podem ser utilizados É ele também o responsável pelo Programa de Valor Compartilhado que existe na companhia há 7 anos. “O foco deste programa é distribuir entre todos os elos da cadeia produtiva o valor obtido pela produção”, diz. Na prática, significa investir no desenvolvimento rural, com treinamento dos produtores, introdução de boas práticas de produção e fornecimento de assistência técnica rural. “A indústria de alimentos tem o papel fundamental de nutrir e de alimentar pessoas. Precisamos fazer isso de maneira sustentável tanto do ponto de vista ambiental, como social”, diz Joehr. Hans Joehr 39