Um homem, chamado Karl Marx analisou-a em sua base da sociedade consumista, começando pela mercadoria. Para tal, ele começou analisando o processo da troca de mercadorias observando que cada mercadoria criada, seja por artesãos ou por grandes indústrias em grande escala, elas precisam de um conceito abstrato inserido a elas, esse conceito ele chamou de Valor. O conceito observado por ele não poderia existir sozinho, pois se não ele permaneceria na abstração, para isso Marx observou que cada mercadoria precisaria conter uma importância, pois se não, para quê alguém a compraria? Por isso ele viu que um sapateiro só faz o sapato porque tem quem o precise usar, alguém que ande muito e tenha os pés machucados, portanto o sapateiro faz o sapato para alguém que o precise. O fato de a pessoa precisar de um sapato é o que Marx chamou de Valor de uso contido no sapato. Como vimos um sapateiro só faz seu sapato, porque alguém precisar de sua mercadoria, mas o sapateiro não entregará seu produto a quem precise apenas por esse fato, ele vai querer algo em troca, e essa troca será feita por alguma outra coisa que não seja um sapato, pois ele já tem a capacidade de produzi-lo, essa outra coisa, portanto, será algo que o sapateiro não saiba fazer e precise, e por isso terá um Valor de uso para ele, como por exemplo, ele precisa se alimentar e não saberá produzir um pão para saciar sua fome, sendo assim, ele precisaria trocar seu produto por pão. O valor entre o sapato e o pão é chamado Valor de troca, pois o pão tem um valor para o sapateiro e o sapato da mesma maneira tem um Valor para o padeiro, isto é, o Valor de troca está condicionado ao Valor de uso e a partir deles está o conceito de valor. Se pensarmos a partir das necessidades, o sapateiro precisa se alimentar, portanto para ele o pão tem um valor de uso e para poder trocar o seu produto, dependerá do valor de troca do seu sapato, que em contramedida tem um valor de uso para o padeiro que tem a habilidade de produzir o pão, portanto, haverá uma troca entre o padeiro e o sapateiro, pois um sabe produzir o que o outro necessita. Nessa troca entre o sapato e o pão, observamos onde está o valor de uso, que está na necessidade da mercadoria e o seu valor de troca depende do mesmo para que seja aplicado, pois apenas haverá relação entre o pão e o sapato se seus produtores os necessitarem. Agora que vimos, que o valor de troca é inerente ao valor de uso, pois se não houver uma finalidade para a mercadoria ela não terá um valor de troca, devemos definir o valor, que é o fator integrante para a existência do valor de uso e de troca, para isso, devemos começar pensando apenas em mercadorias, poderíamos dizer que, um sapato vale um pão, mas o padeiro não necessita apenas de sapato, ele também precisa de roupas. Terá que trocar também a mercadoria que produziu com a camisa. Precisará fazer o valor do pão se igualar a uma camisa. Vamos supor que para que ele pudesse fazer essa troca, seriam necessários dois pães por uma camisa, logo o pão seria a expressão do valor de suas diversas mercadorias, pois ele está se relacionando diretamente com a camisa e o sapato, desta maneira podemos supor que, se dois pães = uma camisa e um pão = um sapato logo, dois sapatos são uma camisa e ½ camisa é um pão, portanto a base dessa equação é o pão e é ele que definirá o valor das diversas mercadorias. Continuemos com o exemplo de que dois pães valem uma camisa, o que determina essa relação não é a consistência ou o peso do produto, o que determina em realidade essa relação é o tempo necessário para a produção de um dos produtos, por exemplo, dois pães levam de trabalho humano, duas horas para serem produzidos e, para, se fazer uma camisa se gasta o mesmo tempo, mas para que ele troque um pão por um sapato é necessário pensar que para a produção de um pão, leva-se uma hora, e esse tempo é o mesmo para a produção de um sapato, logo, concluímos que o que caracteriza o valor da camisa ou do sapato é o tempo que o pão levou para ser produzido relacionado ao tempo que levaram para serem produzidas quaisquer outras mercadorias, isto é, o determinante do valor é o tempo socialmente necessário para a produção de qualquer mercadoria. Portanto, agora já entendemos que o tempo socialmente necessário para a produção de qualquer mercadoria é o que definirá o seu valor e a necessidade de qualquer mercadoria é o valor de uso que está diretamente relacionado ao valor de troca, para que as necessidades humanas sejam socialmente atendidas. O trabalho humano é condicionado ao tempo, isto é, toda mercadoria depende do trabalho humano e esse trabalho depende de um tempo para que se conclua a mercadoria, que será o produto do tempo gasto de trabalho humano. Toda mercadoria é produto do trabalho humano, apenas se estivéssemos falando de matéria-prima, não estaria contido nela trabalho, só se as mãos humanas se apropriassem desta matéria e dispendesse de seu tempo e gasto físico, trabalho, para transformá-la em mercadoria. O ato de apenas retirar matéria-prima e a partir dela construir-se uma mercadoria, é o trabalho concreto, é o empenho de uma única pessoa para mudar algo retirado da natureza, isto é, se o padeiro pegar trigo da natureza e a partir dai fizer um trabalho artesanal, sem que dependa de outras mãos além da dele, ele terá utilizado apenas do trabalho concreto para produzir a sua mercadoria, por isso quem a produziu se identificará a ela, seria como chamar o sapateiro de sapateiro e não pelo nome, porque ele se identifica com a mercadoria que sabe fazer, que nesse caso é o sapato. Passemos da produção artesanal em pequena escala para a produção industrial em larga escala, na qual, por exemplo, o sapateiro não detém mais o todo da produção do sapato, agora ele é apenas uma parte da produção da mercadoria, para que um sapato que antes era produzido em duas horas agora fosse produzido em apenas vinte minutos, pois haveria um trabalhador para cada fase de produção do sapato e por isso não seria mais chamado de sapateiro, quem produz a mercadoria, sapato, mas sim, sapataria, isso é, o individuo não mais se identifica com a mercadoria, mas sim ao todo da indústria, o trabalhador não mais se identifica como pessoa, no processo da produção, mas como uma engrenagem para que a mercadoria seja produzida. Esta é a base do trabalho abstrato, pois o sapato é o mesmo do demonstrado na explicação do trabalho concreto, mas para que fossem produzidos mais sapatos, se encurtou o tempo de produção da mercadoria, pois agora a produção visa o lucro de quem obtém os meios de produção, portanto, o importante é que a indústria, isso é, os trabalhadores, façam cada vez mais sapatos em menos tempo, recebendo sempre o mesmo salário, porque o importante é, quem detém os meios de produção, obtenha lucro. O sapateiro que antes produzia seu sapato visando que ele o trocaria por pão, agora o pão não vai ter mais diretamente valor de troca com o sapato, para agora relacionar-se o tempo de trabalho do trabalhador assalariado diretamente como valor de troca. Por isso o trabalhador, agora se vê como uma mera mercadoria para o seu empregador, pois o sapateiro estará, trocando sua experiência e tempo para conseguir suprir suas necessidades, com o tempo que gastou na produção de uma parte dos sapatos irá comprar seu pão ou qualquer outra mercadoria que, da mesma maneira, o padeiro não relacionará mais o seu produto ao sapato. O importante aqui é entender que o trabalho concreto era mais lento com apenas um sujeito para a produção da mercadoria e que agora com o trabalho abstrato é um grupo de trabalhadores gastando a mesma quantidade de tempo que gastavam antes, podendo aumentar a velocidade de produção/tempo, o que aumentaria a quantidade de mercadorias, isto é, o trabalho abstrato é a realidade fantasmagórica integrada a cada mercadoria. A mercadoria tem em suas características uma realidade fantasmagórica, que é o total de trabalhadores que foram necessários para a sua produção, mas ninguém pensa neste fato quando vai comprar uma mercadoria. Pensamos em o quanto de dinheiro é possível gastar em determinada mercadoria. O fetiche é o ato de escolhermos as mercadorias, mesmo se elas forem iguais, pois pensando no todo, não há uma única empresa de sapatos no mundo, existem várias e o que determina nossas escolhas entre uma mercadoria de uma empresa ou outra é o fetiche. Essa maneira de não nos importarmos com o que há por trás da mercadoria, é, simplificando, não nos importarmos com o trabalho abstrato gasto para que aquela mercadoria fosse produzida, em realidade o que nos preocupa é o quanto a compra de determinada mercadoria caberá em nosso “bolso”, se o dinheiro será suficiente para que a pessoa obtenha a mercadoria. E é esse fetiche que determinará as nossas escolhas e a existência das empresas, pois há pessoas que compram sapatos simples e muito baratos, e há pessoas que compram sapatos caros e exclusivos, o que determina essa exclusividade é o fetiche, pois a pessoa que compra esse sapato sabe que ela é uma das únicas que poderá ter esse sapato, o que não acontece com o barato, no caso dele a pessoa está comprando por pura necessidade e não uma exclusividade, pois quem compra o sapato caro também pode comprar o barato. Quem compra o caro está comprando pelo fetiche de ter uma exclusividade e não apenas pela necessidade. Concluindo, o que importa para o fetiche não é o trabalho abstrato nas mercadorias, mas a mercadoria em si, a mercadoria concreta, sem abstração. As pessoas compram aquilo que cabe no bolso e não o que é melhor para a sociedade, que é pensar no trabalho abstrato que envolve a mercadoria, os trabalhadores, condições adequadas de trabalho, salários condizentes ao tempo trabalhado. Portanto o fetiche é necessidade com desejo e condições econômicas.