DESTAQUE Instalações Instalações elétricas elétricas Procobre produz dossiê que mostra o panorama crítico das instalações Em busca de segurança elétricas prediais no Brasil e aponta caminhos para melhorar a situação. Reportagem: Marcos Orsolon N o dia 11 de novembro mais um passo importante foi dado na busca por mais segurança nas instalações elétricas brasileiras. Em um coquetel organizado na sede da FIESP, em São Paulo, que reuniu importantes personalidades da área elétrica, o Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre) apresentou o documento “Panorama da situação das instalações elétricas prediais no Brasil”. Due to the large number of safety problems involving low voltage electrical installations, the Brazilian Institute of Copper - Procobre has published the document “Overview of the Situation of the Electrical Installations in Brazil”. The main conclusion of the report indicates that the situation is critical and requires the immediate promulgation of laws and regulations that require mandatory inspection and retrofit of the premises. 84 potência O ‘dossiê’, como tem sido chamado, foi apoiado por instituições relevantes, como: Abinee, Abracopel, Abramat, Abrasip, Abrasip-MG, Abrinstal, Anamaco, Certiel Brasil, Cobei, Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, Fiesp, Escola Politécnica da USP, Qualifio, Sindicel, Sindinstalação e Sinaenco-SP. O documento, de 64 páginas, reúne uma série de informações que mostram Debido a la gran cantidad de problemas de seguridad relacionados con las instalaciones eléctricas de baja tensión, el Instituto Brasileño de Cobre - Procobre ha publicado el documento “Panorama de la Situación de las Instalaciones Eléctricas en Brasil”. La principal conclusión del informe indica que la situación es crítica y requiere la promulgación inmediata de leyes y reglamentos que requieren inspección obligatoria y modernización de las instalaciones. Ano XI Edição 108 Novembro’14 Apoio Fotos: Ricardo Brito/HMNews um quadro preocupante em relação às instalações de prédios e casas. E seu principal objetivo é alertar as pessoas e o governo sobre o problema, que pode levar a tragédias de grandes proporções a qualquer momento. A ideia é que a iniciativa estimule o debate em todas as esferas da sociedade, na busca por soluções que colaborem para a melhoria do cenário. Em sua apresentação durante o evento, Antonio Maschietto Jr, diretor Executivo do Procobre, lembrou que o instituto possui um longo histórico de trabalhos que visam a prevenção, conscientização e segurança nas instalações elétricas. Entre as iniciativas ele citou o Programa Casa Segura e o Programa Eletricista Consciente. “Outro trabalho que fazemos é o de avaliação de mercado, e o dossiê é isso. Trata-se de um documento que procura captar informações e que mostra as necessidades do mercado para que ele se regularize e, com isso, se tenha uma instalação elétrica melhor”, comentou Maschietto. Quanto aos objetivos do dossiê, o executivo do Procobre destacou a intenção de reunir em um só documento estudos, dados e informações sobre o setor, e apresentar um retrato do que está ocorrendo, que a situação não é boa e tem muito a melhorar. Além disso, ele observou que o dossiê não se restringe à identificação de problemas. “A ideia foi de também trazer soluções. Estamos apresentando ideias, Personalidades ligadas à área elétrica marcaram presença no lançamento do dossiê. inclusive de outros países. No Brasil temos engenharia e temos técnicos para fazer uma boa instalação. O que precisa é um pouco de boa vontade”, afirmou Maschietto, que também aproveitou a oportunidade para reiterar que a sociedade precisa se unir em torno dessa questão. “É importante também se criar um fórum em torno da cadeia construtiva. Não adianta ficarmos brigando apenas individualmente. Precisamos fazer um esforço conjunto para não ficar patinando. Por isso agradeço os depoimentos de todos os que participaram do documento”. Detalhes do dossiê A apresentação em detalhes do dossiê ficou a cargo do engenheiro e professor Hilton Moreno, um dos idealizadores do projeto. Hilton comentou que o trabalho levou nove meses para ser concluído e ele foi estruturado considerando a situação das instalações elétricas em construções novas e antigas, formais ou informais. O número de mortes por eletricidade é uma vergonha no Brasil. Hilton Moreno | consultor E destacou que estamos diante de um problema grave. “O resumo disso é que a coisa não está nada boa, sobretudo se vermos as instalações antigas e as informais, onde a situação é realmente muito preocupante. Esse assunto não é teoria. Fizemos um raio X da situação e identificamos o problema, documentamos, colocamos fotos, dados, fontes, mostramos os números e, com isso, esperamos que o dossiê ajude a sensibilizar um pouco as pessoas que têm algum poder a fazer alguma coisa em relação a este assunto”. potência 85 Instalações elétricas Temos que fazer com que as autoridades façam o que precisamos. Não temos que implorar por uma lei. A lei tem que passar e ser regulamentada. Carlos Alberto Cordeiro | Sindicel Quanto ao documento final, Hilton apontou que um dos principais dados do dossiê foi passado pela Abracopel - Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade. Um levantamento feito pela entidade mostra que, em 2013, tivemos 1.015 acidentes envolvendo a parte elétrica no Brasil, que levaram a 592 mortes, sem contar as pessoas que ficaram gravemente feridas. “Isso dá quase duas pessoas morrendo diariamente no Brasil por causa de elétrica. Isso é uma vergonha. Pois sabemos como fazer para que No Brasil temos engenharia e temos técnicos para fazer uma boa instalação elétrica. O que precisa é um pouco de boa vontade. Antonio Maschietto Jr | Procobre 86 potência uma pessoa não morra por eletricidade. Então, qualquer número que seja maior que zero é uma vergonha nessa estatística. Para mim esse é o dado mais vergonhoso desse documento”, lamentou Hilton. No que tange à solução do problema, Hilton ressaltou que é preciso haver um consenso técnico. Por isso o documento fala um pouco da situação Fotos: Ricardo Brito/HMNews DESTAQUE Ano XI Edição 108 Novembro’14 da normalização e da certificação dos produtos. E também tem a parte de legislação, onde há muitas iniciativas no Brasil, com várias ações legislativas. “Mas, infelizmente, não achamos nenhuma lei regulamentada. Temos lei no Brasil, mas sem regulamentação. No dossiê citamos que é preciso trabalhar na regulamentação. É inventar menos e regulamentar o que já tem. Parece que este é um caminho mais rápido e inteligente”, disparou o engenheiro. Carlos Alberto Cordeiro, presidente do Sindicel também destacou que para mudar o quadro é preciso exigir mais das autoridades responsáveis. “Acho que temos que tomar as rédeas. Temos que fazer com que esse movimento ande. Essa situação é ridícula. Temos que dar as mãos, pois essa iniciativa (do dossiê) é maravilhosa. Temos que ter a consciência das coisas para mudar essa situação. E a conscientização da maioria das pessoas tem que partir das autoridades. Mas temos que fazer com que as autoridades façam o que precisamos. Não temos que implorar por uma lei. A lei tem que passar e ser regulamentada”.