UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar CURSO DE OCEANOGRAFIA MODELAGEM E ANÁLISE DO LANÇAMENTO DE EFLUENTES ATRAVÉS DE EMISSÁRIO SUBMARINO – REGIÃO DO CAMPECHE, FLORIANÓPOLIS, SC VINICIUS DELFIM Itajaí 2011 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar CURSO DE OCEANOGRAFIA MODELAGEM E ANÁLISE DO LANÇAMENTO DE EFLUENTES ATRAVÉS DE EMISSÁRIO SUBMARINO – REGIÃO DO CAMPECHE, FLORIANÓPOLIS, SC VINICIUS DELFIM Monografia apresentada como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. Dr. João Luiz B. de Carvalho Itajaí 2011 Dedicatória Dedico aos meus pais e ao meu irmão. Agradecimentos Além de agradecer minha família por ter custeado minha formação. Gostaria de agradecer por algo muito maior. O amor, a união os valores e os princípios. Meu pai sempre servindo de exemplo e minha mãe com seu incrível poder de descobrir quando seu filho precisa de carinho. Meu irmão, por me incentivar a cursar Oceanografia, se não fosse por ele não estaria me formando e nem trabalhando junto com ele. A minha namorada Ana Magda, por compreender os momentos de ausência e também corrigir meu TCC. Meus amigos, Ricardo, Carlos Antonio, Roseli, Ana Magda, Lostão, Edôncio, Chipa, Maia, Renatinha, Dani, Gu, Gabosa, Pachioni, Martin, Priscila, Zé Pequeno, Bruna, Churisba, Mu, Toninho, Mineiro, Fofo, Alien, Tche Olivia, Du, Robo, Morjana, João Andrade, Paula, Gordo, Je, Brianinha, Bob, Carol. E alguns que eu posso ter esquecido. Aos colegas de Laboratório, que tornaram o ambiente de trabalho em algo agradável. A todos os professores e colegas, que de um jeito ou de outro participaram de minha formação. E ao meu orientador Professor João Luiz Baptista de Carvalho. Resumo Através da modelagem numérica, objetivou-se analisar a dispersão da pluma bacteriana de um possível emissário implantado na região do Campeche. A fim de dimensionar a pluma bacteriana foi utilizado o SisBaHiA® (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental), registrado e continuamente melhorado pela Fundação Coppetec – COPPE/UFRJ, para alcançar tais resultados. No entanto, foi necessário calcular curvas de decaimento bacteriano (T 90), estimar uma descarga em função da descarga de projeto, confeccionar uma série temporal de concentração do efluente lançado de acordo com as concentrações de coliformes fecais nas estações de tratamento da CASAN (Companhia de Águas e Saneamento do Estado de Santa Catarina). O modelo mostrou-se eficiente em relação à oscilação do nível do mar, embora tenha subestimado os valores de corrente. Esta eficiência pode ser analisada através do parâmetro estatístico R², que apresentou valores de 0,9771 para a elevação do nível do mar na Praia da Pinheira e 0,7886 para oscilações do oceano na Ilha João da Cunha, e valores de 0,5458 e 0,1253 para as componentes de correntes U e V respectivamente. Por fim foi possível analisar a pluma bacteriana do emissário, e confrontar com os parâmetros da resolução CONAMA 357/2005, que diante dos resultados obtidos, apresenta características negativas para instalação deste emissário. Palavras-Chave: Emissário CONAMA 357/2005. Submarino, SisBaHiA, Modelagem Numérica, Lista de Figuras Figura 1: Comportamento típico de dispersão de efluentes de um emissário submarino. Fonte: Jirka et al., 2006 apud Bleninger & Jirka, 2005. ....................... 6 Figura 2: Representação esquemática da similaridade de processos ocorridos em uma chaminé com os de um emissário submarino. Fonte: Gonçalves & Souza, 1997 ........................................................................................................... 9 Figura 3: Esquema proposto para a modelagem do decaimento bacteriano. O mesmo é promediado para espessura da pluma, He, a partir da luminosidade que alcança a profundidade do topo Ze. Fonte: Carvalho, 2006. ................................ 19 Figura 4: Reprodução esquemática da estrutura de massas d’água na Plataforma Continental Sudeste do Brasil, nas situações de inverno e verão (modificado de Matsuura, 1986). .......................................................................... 22 Figura 5: Distribuição esquemática das correntes de superfície da PCSB. Fonte: Mesquita, 1983. ......................................................................................... 23 Figura 6: Localização da área de estudo e difusores do emissário submarino. ............................................................................................................................. 25 Figura 7: Equipamento utilizado para aquisição dos valores de correntes. ..... 27 Figura 8: Histograma de profundidades de Sechii obtidas ao largo Praia da Joaquina durante a fase de diagnóstico ambiental. O mesmo variou de 2 a 13 metros no período com pico entre 3 e 4 metros. Uma função densidade de probabilidade tipo Weibull foi ajustada ao histograma para geração de números randômicos que seguem essa distribuição. ......................................................... 31 Figura 9: Séries de radiação solar na superfície do mar dos meses de janeiro e julho de 2007, representando o verão e o inverno respectivamente. Valores esses adotados no cálculo do decaimento bacteriano. .................................................. 32 Figura 10: Histograma das concentrações de Escherichia coli nas estações de tratamento da CASAN (n=160). Fonte: Estudo de Impacto Ambiental e estudo oceanográfico para emissários submarinos de esgoto tratado do SES Lagoa da Conceição (praia da Joaquina)............................................................................. 33 Figura 11: Série de descarga adotada na simulação numérica ...................... 34 Figura 12: Batimetria da região do Campeche, e conseqüentemente da área modelada. A cruz preta sobre a Ilha do Campeche e profundidade de 30 metros, indica a posição dos difusores. ............................................................................ 35 Figura 13: Diagrama do processo de modelagem em recursos hídricos. A parte realçada é a rota usual. Fonte: Rosman, 2009. .................................................... 36 Figura 14: Malha de elementos quadráticos finitos adotados no modelo. ....... 37 Figura 15: Local de validação e análise dos dados obtidos através de amostragem in-situ, e da simulação computacional. ............................................ 41 Figura 16: Série temporal de elevação de nível d’água na Praia da Pinheira, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. B) Série temporal de elevação do nível d’água na Ilha João da Cunha, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. C) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para Praia da Pinheira. D) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para Ilha João da Cunha. E) Análise espectral das séries medidas e simuladas para os dados referentes à Praia da Pinheira. F) Análise espectral das séries medidas e simuladas para os dados referentes à Ilha de João da Cunha. ............................................................................................... 43 Figura 17: Escoamento residual obtido através da modelagem numérica. ..... 45 Figura 18: Série temporal da componente U na Praia dos Ingleses, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. B) Série temporal da componente V na Praia dos Ingleses, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. C) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para a componente U. D) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para a componente V. E) Análise espectral das séries medidas e simuladas para os dados referentes à componente U da Praia dos Ingleses. F) Análise espectral das séries medidas e simuladas para a componente V da Praia dos Ingleses. .......... 46 Figura 19: Dados oceanográficos retirados do modelo hidrodinâmico na região dos difusores do Campeche. A) Série de elevação do nível de água durante o período simulado. B) Espectro de elevação do nível da água. C) Diagrama de dispersão das componentes U e V, indicando a direção predominante da corrente. D) Série de direção das correntes na região do Campeche. E) Histograma de ocorrência de direções. F) Série intensidade de correntes retiradas do modelo na Região do Campeche. .......................................................................................... 48 Figura 20: Intensidade e direção dos ventos inseridos no modelo numérico. . 49 Figura 21: Rosa dos ventos cumulativas entre dados de Estações Meteorológicas CIRAM/INMET (a) e satélite QuikSCAT SeaWinds (b) para Ilha do Arvoredo. Cores representam classes de intensidade de vento (m/s) e barra de porcentagem representa porcentagem de ocorrência durante o período.. Fonte: Gomes, 2010 ........................................................................................................ 50 Figura 22: Curvas médias de decaimento bacteriano calculado. .................... 50 Figura 23: Curvas de decaimento bacteriano utilizado no processo de simulação numérica ............................................................................................. 51 Figura 24: Valores de T90 Horário no decorrer de um dia em situação de verão e inverno. Podemos observar que os T 90 noturno são praticamente iguais no verão e no inverno. Isto ocorre em função de o fator determinante na variação do T90 na região é a quantidade de radiação solar que atinge o corpo d´água, considerando que a variação anual da temperatura dá água é desprezível. Fonte: Adaptado de Topázio, 2003. ................................................................................ 53 Figura 25: Demonstra a estratificação da coluna de água na região do Campeche. ........................................................................................................... 54 Figura 26: Cenário em situação típica de verão. A linha vermelha representa a máxima excursão da pluma com concentração maior ou igual ao limite máximo instantâneo estabelecido na Resolução CONAMA N° 357/2005 para Coliformes Fecais em Águas Salinas de Classe 1 (2500 NPM/100ml). ................................. 55 Figura 27: Cenário em situação típica de Verão. Freqüência de excedência superior a 20% dos limites estabelecidos na Resolução CONAMA N° 357/2005 para Coliformes Fecais. A isolinha externa mostra o enquadramento para Águas Salinas de Classe 1 (1000 NPM/100ml). A isolinha do meio mostra o limite do enquadramento para Águas Salinas de Classe 2 (2500 NPM/100ml) e a isolinha interna mostra o limite do enquadramento para Águas Salinas de Classe 3 (4000 NPM/100ml). Esta macha demonstrada na figura seria o local com condições de balneabilidade insatisfatória. Obs.: Os detalhes não estão em escala. ................ 56 Figura 28: Cenário em situação típica de Inverno. A linha vermelha representa a máxima excursão da pluma com concentração maior ou igual ao limite máximo instantâneo estabelecido na Resolução CONAMA N° 357/2005 para Coliformes Fecais em Águas Salinas de Classe 1 (2500 NPM/100ml). ................................. 57 Figura 29: Cenário em situação típica de Inverno. Freqüência de excedência superior a 20% dos limites estabelecidos na Resolução CONAMA N° 357/2005 para Coliformes Fecais. A isolinha externa mostra o enquadramento para Águas Salinas de Classe 1 (1000 NPM/100ml). A isolinha do meio mostra o limite do enquadramento para Águas Salinas de Classe 2 (2500 NPM/100ml) e a isolinha interna mostra o limite do enquadramento para Águas Salinas de Classe 3 (4000 NPM/100ml). Esta macha demonstrada na figura seria o local com condições de balneabilidade insatisfatória. Obs.: Os detalhes não estão em escala. ................ 58 Lista de Tabelas Tabela 1: Vantagens e desvantagens da implantação de um emissário submarino............................................................................................................... 3 Tabela 2: Explanação dos componentes da equação 1 e 2. ........................... 12 Tabela 3: Explanação da equação 3. .............................................................. 13 Tabela 4: Comparação de estimativas de . Resumido de Chamberlim & Mitchell (1978) apud Carvalho 2006..................................................................... 20 Tabela 5: Padrões de balneabilidade adotados pela Resolução CONAMA n°274/2000, considerando que tal resolução esta contida na CONAMA n°357/2005. .......................................................................................................... 24 Tabela 6: Áreas da oceanografia e suas atribuições durante as campanhas oceanográficas. Fonte: Ludwing, 1979. ................................................................ 26 Tabela 7: Constantes harmônicas para estações maregráficas da Ilha João da Cunha e da Praia da Pinheira. ............................................................................. 29 Tabela 8: Valores recomendados para rugosidade equivalente do fundo no módulo 2DH. Fonte: Referência Técnica SisBaHiA, 2009. .................................. 30 Tabela 9: Características apresentadas pela malha de elementos quadráticos finitos adotados no modelo................................................................................... 38 Tabela 10: Valores máximos, mínimos e médios para intensidade de corrente na região do Campeche. ...................................................................................... 47 Tabela 11: Demonstração dos valores máximos, mínimos e médio encontrados para o decaimento bacteriano nas duas estações estudadas. ............................. 52 Sumário 1. Introdução ................................................................................................. 1 2. Objetivos ................................................................................................... 5 2.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 5 2.2. 3. Objetivos específicos .......................................................................... 5 Fundamentação Teórica ........................................................................... 6 3.1. Emissário Submarino .......................................................................... 6 3.2. Campo Próximo e Campo Afastado ................................................... 9 3.2.1. Campo Próximo ........................................................................... 9 3.2.2. Campo Afastado ........................................................................ 10 3.3. Modelagem Computacional .............................................................. 10 3.3.1. Modelagem Hidrodinâmica......................................................... 10 3.3.2. Modelagem de transporte de efluentes (Lagrangeano Advectivo- Difusivo) 3.3.3. 4. 14 Modelagem do Decaimento Bacteriano – T90 ............................ 17 3.4. Circulação Oceânica......................................................................... 21 3.5. Legislação CONAMA n°357/2005 .................................................... 23 Metodologia ............................................................................................. 24 4.1. Área de Estudo ................................................................................. 24 4.2. Campanhas Oceanográficas ............................................................ 25 4.2.1. Correntes ................................................................................... 26 4.2.2. Maré ........................................................................................... 27 4.2.3. Ventos ........................................................................................ 29 4.2.4. Estratificação da coluna de água ............................................... 29 4.3. Rugosidade do Fundo ...................................................................... 30 4.4. Decaimento Bacteriano (T90) ............................................................ 30 4.5. Concentração e Descarga ................................................................ 33 4.6. Batimetria ......................................................................................... 34 5. 4.7. Modelo Hidrodinâmico ...................................................................... 35 4.8. Condições iniciais de simulação ....................................................... 38 4.9. Validação do Modelo ........................................................................ 39 Resultados e Discussão .......................................................................... 40 5.1. Validação e análise do modelo hidrodinâmico .................................. 40 5.2. Elevação do Nível de água............................................................ 41 5.3. Correntes....................................................................................... 44 5.4. Escoamento hidrodinâmico do Campeche .................................... 47 5.5. Ventos .............................................................................................. 49 5.6. Decaimento Bacteriano .................................................................... 50 5.7. Estratificação da coluna d’água ........................................................ 53 5.8. Modelo de Transporte Lagrangeano Advectivo/Difusivo .................. 54 6. Conclusão ............................................................................................... 60 7. Considerações Finais .............................................................................. 62 Referências ..................................................................................................... 63 1 1. Introdução Conforme Tessler & Goya (2005), a extensão do litoral brasileiro é de 8000 km, compreendido pelos mais variados tipos de sistemas costeiros, abrangendo praias arenosas, falésias ígneas e sedimentares, estuários, dunas e manguezais. Apesar de situar-se sobre uma estreita faixa ao longo do globo terrestre, a zona costeira possui relevância no âmbito econômico e social por conter uma grande porcentagem de metrópoles, bem como sua representatividade de até 70% no PIB nacional (FREITAS, 2005). Essa relevância é determinada pela indispensável fonte energética que representa, originária da produção de petróleo e gás natural, pelo escoamento da produção através dos portos, pela produção de alimentos por intermédio da pesca e aquicultura, bem como, pelos altos índices de ocupação devido a sua inigualável beleza cênica. Entretanto, os atrativos peculiares somados a constantes incentivos públicos ao turismo regional, geram aumento excessivo da ocupação durante o verão, comprometendo a estabilidade do sistema pelo inconciliável volume de resíduos domésticos e industriais. Diante desta realidade, surge a preocupação com a influência da ocupação e a exploração dos recursos sobre a qualidade da água. Assim, fez-se necessário o reconhecimento perante a legislação brasileira (CONAMA n°357/2005), de que estas atividades, simultâneas, carecem de diferentes graus de qualidade da água, (CETESB, 2006). Por isso, a mesma resolução dividiu os corpos de águas salinas em classes, tendo como a mais restritiva a Classe de Água Especial, seguida das Águas de Tipo I, II e III. As atribuições da classe de Água Especial é conservação de ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral e; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. De classe I é, recreação de contato primário; proteção de comunidades aquáticas; à aquicultura e à atividade de pesca. Da classe II é, pesca amadora; e à recreação de contato secundário. Por fim a classe III possui função apenas de navegação e harmonia paisagística. Com sua importância supracitada, aliada a preocupação em manter adequada a qualidade da água, tornou-se indispensável à criação de alternativas para redução dos impactos ambientais procedentes do excessivo uso da zona costeira. Em resposta a esta necessidade, uma alternativa viável para se desfazer de 2 resíduos domésticos e industriais é a instalação de emissários submarinos integrados ao sistema de tratamento e disposição de esgotos sanitários. Por meio deste sistema o material é conduzido e lançado no mar. Já é sabido que o destino final dos esgotos domésticos quase sempre são os oceanos, através de emissários ou por contribuições difusas de cursos d’água (CETESB, 2006). Na primeira opção, além desta contaminação ser pontual e distante da costa, há possibilidade de minimizá-la através do tratamento de seu efluente. Diante desta conjuntura CETESB (2002), define a existência de quatro tipos de manejo de efluentes na estação de tratamento, sendo eles: 1) Preliminar ou pré-acondicionamento; 2) Primário; 3) Secundário; 4) Terciário. Considerando o tratamento preliminar ou pré-acondicionamento, o efluente sofre apenas uma separação de resíduos sólidos através de peneiramento ou gradeamento. No tratamento primário, além do pré-acondicionamento, há a passagem por um tanque de decantação, onde se reduz em até 70% os sólidos no efluente. O tratamento secundário tem como finalidade reduzir a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), uma das alternativas para execução desse processo é através da aeração dos tanques propiciando intensificação da oxidação da matéria orgânica. Por fim o tratamento terciário, mais complexo, compreende a redução de nutrientes, substâncias inorgânicas, metais e orgânicos persistentes com redução drástica da DBO. A fim de evitar sub ou superestimação do potencial poluente da pluma, Carvalho (2003) enfatiza a necessidade de compreensão dos processos oceanográficos envolvendo correntes marinhas e estratificação da coluna de água por gradientes de densidade (picnoclina) e temperatura (termoclina) do corpo receptor. Em paralelo a esta afirmação, o mesmo autor adverte que a implantação de emissários não beneficia somente os seres humanos, mas também a biota local. Para que isto ocorra com concordância, deve haver fundamentação criteriosa quanto ao tipo de tratamento que este efluente será submetido, e a garantia de que a região de despejo encontra-se distante da linha de costa, onde há baixa densidade de organismos, servindo como abrigo e fonte de alimentos. Nesse contexto CETESB (2007), adaptado de Knill (1984), demonstra as vantagens e desvantagens da implantação de um emissário submarino (Tabela 1). 3 Tabela 1: Vantagens e desvantagens da implantação de um emissário submarino. Vantagens Eficiência na disposição e tratamento do esgoto; Não causa poluição visual e problemas de odor (exceto zona Desvantagens Dificuldade na construção do emissário; Danos estruturais podem ser difíceis de reparar; de mistura); Custo de capital menor ao longo da vida útil; Custo de manutenção menor; Pode oferecer riscos para a navegação e pesca; É difícil detectar descargas tóxicas ilegais; Requer menor área para parte terrestre do emissário; Pode resultar em perda potencial da qualidade da água (na zona de mistura); Requer poucos funcionários para operação; Gasto menor em energia elétrica; O problema da disposição do Requer estudos de monitoramento costeiro e inspeção subaquática; Pode reunir objeções de ambientalistas e outros grupos. -------------------------------------------------- lodo é menor; Preservação dos rios -------------------------------------------------- costeiros como classe 1. Diante do exposto evidencia-se que o emissário que possivelmente venha a ser instalado na região do Campeche poderá proporcionar uma melhoria na qualidade de vida e contribuirá com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, além de acrescer a taxa de cobertura do saneamento básico no estado de Santa Catarina, onde este atributo corresponde à ínfima porcentagem de 11,84% (CORSSATTO et al., 2006). Deste modo, no presente estudo, foi utilizado um modelo computacional para determinar a dispersão da pluma, bem como seu potencial poluente de um 4 possível emissário localizado na região do Campeche, Florianópolis - SC. O programa utilizado foi o SisBaHiA® (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental), registrado e continuamente melhorado pela Fundação Coppetec – COPPE/UFRJ. No processo de simulação numérica, a curva de decaimento bacteriano (T 90) é um dos principais agentes na quantificação da eficiência do emissário submarino, pois trata-se do tempo necessário para reduzir em 90% o número de bactérias quando comparado com o instante inicial. A quantificação de coliformes totais na água foi utilizada como variável análoga para determinação do T90, bem como para comparação com a resolução CONAMA n°357/2005. 5 2. Objetivos 2.1. Objetivo Geral Avaliar a dispersão da pluma poluente de um emissário submarino na região sul de Florianópolis através de modelagem computacional 2.2. Objetivos específicos Determinar o T90 para a pluma de esgotos; Determinar a trajetória e concentração da pluma de despejo do emissário para o campo afastado; Comparar os resultados obtidos do modelo com a resolução CONAMA n°357/2005. 6 3. Fundamentação Teórica 3.1. Emissário Submarino A necessidade de manutenção, bem como adequação da qualidade da água perante a legislação brasileira pertinente, exigia a criação de alternativas. Deste modo, CETESB (2003) adotou o emissário submarino como importante ferramenta para a resolução deste problema. O emissário submarino pode ser caracterizado por utilizar o potencial de tratamento e depuração que o corpo receptor possui para diminuir a carga e compostos que por ventura possam existir, através de, uma estrutura física hidráulica, conectando a superfície e o corpo de água receptor, divido em cinco partes: 1) Estação de condicionamento prévio; 2) Emissário terrestre; 3) Câmara ou chaminé de equilíbrio; 4) Emissário submarino, responsável por carrear os efluentes pré-condicionados até os; 5) Difusores, que podem ser orifícios ou um bocal, responsável por lançar ou dispersar o efluente, favorecendo a formação de um campo ideal de mistura (1/100), (Figura 1). Figura 1: Comportamento típico de dispersão de efluentes de um emissário submarino. Fonte: Jirka et al., 2006 apud Bleninger & Jirka, 2005. Há muitos estudos referentes à dispersão de emissários submarino e como exemplo pode-se citar, Faisst et al. (1990), Roberts & Wilson (1990), Davison et al. (1993), Wu et al. (1994), Petrenko et al. (1998), e Carvalho et al. (2002). Dentre as soluções analíticas, destacam-se dois métodos de simulação de dispersão de efluentes: a dos campos próximo e afastado. A primeira corresponde à zona de mistura inicial, onde Gregório (2009) descreveu a existência de três importantes processos: 1) Mistura provocada pelo empuxo positivo do jato; 2) Interações com os limites (superfície ou picnoclina e fundo); 3) Mistura na camada 7 superficial. Já do campo afastado foi descrito por Carvalho (2003) como sendo o local onde predomina a turbulência gerada pelas correntes. A simulação do campo afastado é intrinsecamente ligada ao comportamento do despejo no campo próximo. Tornando este tipo de previsão específica para descrever o processo em áreas costeiras e estuários (HILLERBRAND, 2003), aí surge uma das maiores dificuldades na simulação numérica de despejos de efluentes: o acoplamento de modelos de campo próximo com o afastado. Todavia, Zhang (1995), Hillerbrand (2003) e Bleninger & Jirka (2005) apresentam metodologias para contornar as limitações e tornar possível este acoplamento. Considerando a proliferação de emissários submarinos ao longo do globo, serão mencionadas algumas experiências de sua implantação. O maior emissário teve sua atividade operacional iniciada em 2002 e foi responsável por contribuição preponderante na recuperação da qualidade das águas superficiais do porto de Boston, baía de Massachusetts (HUNT et al., 2010). Outro emissário de destaque é o da cidade de Tilbury, Inglaterra, que tem sua importância na forma de tratamento, denominada “poço profundo”, onde há utilização da pressão hidrostática ao fundo de uma coluna de líquido. Através deste mecanismo aumenta-se significativamente a transferência de oxigênio a uma solução misturada por circulação rápida. Existente apenas 40 destas plantas no mundo (Irwin et al., 1989 apud Mandaji, 2008), No Brasil, o emissário de maior repercussão é o de Ipanema – RJ, justamente por abranger uma área extremamente nobre e habitada por aproximadamente quatro milhões de pessoas (CARVALHO, 2003). Além dos emissários mencionados, segue abaixo o Quadro 1 listando os principais sistemas de disposição oceânica do Brasil. 8 Quadro 1: Principais sistemas de disposição oceânica brasileiros. Fonte: Gonçalves & Souza, 1997 Vazão Projeto (m³/s) Material 5 0,60 CONC 2300 15 2,50 CONC 1,50 3372 15 2,80 AÇO Salvador - BA 1,75 2420 27 5,20 CONC Vitória - ES* 1,5 4035 29 2,10 CONC Niterói -RJ* 1,4 3505 20 2,20 CONC Ipanema - RJ 2,4 4325 26 12,00 CONC B. da Tijuca - RJ* 1,5 4000 36 3,50 AÇO Santos - SP 1,75 4000 10 7,00 AÇO Poá - RS 1,26 733 12 2,70 AÇO Manaus - AM 1,00 3600 - 2,20 PAD Ara - ES 1,00 1100 - 2,00 PPL Boa Vista - RR 0,35 1250 - - PAD Local Diâmetro Interno (m) Extenssão Profundidade Emissário (m) Decarga (m) Belem - PA 0,80 320 Fortaleza - CE* 1,50 Fortaleza - CE Legenda: CONC - Concreto AÇO - Aço revestido em concreto PAD - Polietileno de Alta Densidade PPL - Polipropileno * - Não Implantado Analogamente, um emissário submarino se aproxima em muito das características de uma chaminé (Figura 2). Sendo que o efluente do emissário, bem como a fumaça da chaminé possuem densidade diferentes do meio receptor. Os agentes dispersantes para um (emissário submarino) corresponde às correntes marinhas e para outro (chaminé) é o vento. A dispersão tanto para o emissário submarino quanto na chaminé são dívidas em dois momentos, sendo eles campo próximo e campo afastado. Onde o primeiro corresponde à trajetória do efluente e a mistura no momento da descarga, controlados pela velocidade de injeção do efluente ou fumaça lançada, pelo empuxo e a geometria do emissário (difusores) ou da chaminé, e o segundo faz referência ao campo afastado, sendo que os processos atuantes na dispersão da pluma do emissário ou da chaminé são advectivos/difusivos e sempre que construído tal artifício, deve considerar que existe uma região para proteger, que 9 no caso do emissário submarino é a praia e para a chaminé pode ser a praia ou uma cidade. Figura 2: Representação esquemática da similaridade de processos ocorridos em uma chaminé com os de um emissário submarino. Fonte: Gonçalves & Souza, 1997 3.2. Campo Próximo e Campo Afastado 3.2.1. Campo Próximo Neste tópico será descrito os processos físicos predominantes no campo próximo. Os três principais processos que serão detalhados posteriormente são: 1) Mistura provocada pelo empuxo positivo do jato; 2) Interações com os limites; 3) Mistura na camada superficial. 3.2.1.1. Mistura provocada pelo empuxo positivo do jato O efluente lançado em uma região submersa causa alterações na velocidade do ambiente. De maneira geral, o efluente lançado possui densidade diferente do meio receptor, uma vez que o efluente doméstico apresenta a mesma densidade próxima da água doce, conseqüentemente este efluente irá sofrer empuxo 10 positivo quando este entra em contato com a água salgada (maio densidade). A partir disso, os jatos tendem a perder profundidade até alcançarem o equilíbrio hidrostático ou a superfície livre, misturando o efluente com o corpo receptor. Gregório, (2009) menciona em seu trabalho que velocidades diferentes entre aquela de injeção do efluente e a do meio provocam descontinuidade (entranhamento) entre ambos fluidos, favorecendo então a formação de muitos vórtices na parte interna do efluente. A mistura entre o efluente e o meio devido ao entranhamento causa uma importante diluição inicial do efluente. 3.2.1.2. Interações com os limites Os limites do oceano são o fundo e a superfície livre. Em alguns casos, em regiões onde existe estratificação vertical da coluna de água, o limite superior encontra-se justamente na profundidade da estratificação. 3.2.1.3. Mistura na camada superficial De acordo com Gregório, (2009) os jatos que alcançam a superfície livre podem ter o processo de mistura acelerado devido aos vórtices formados em seu interior. Uma vez que o efluente sofre entrenhamento nessa região e estes vórtices originam da diminuição abrupta da velocidade do meio causada pelo o efluente na superfície. 3.2.2. Campo Afastado O campo afastado é mais simplesmente explicado, uma vez que os processos atuantes no campo afastado são advecção do efluente, em função da velocidade do ambiente, uma vez que o efluente encontrou seu equilíbrio, e o único agente transportador deste efluente é a corrente local e difusão gerada pela turbulência do corpo receptor. 3.3. Modelagem Computacional 3.3.1. Modelagem Hidrodinâmica Na dispersão de efluente utilizando emissário submarino, dois processos são considerados. O primeiro define-se como campo próximo (near-field), ou seja, processo dependente das condições ambientais existentes (correntes, estratificação e turbulência do corpo receptor), e o segundo como campo afastado. 11 Para prever a dispersão das plumas no campo afastado, emprega-se o programa SisBaHiA®. Rosman (2009), na referência técnica do SisBaHiA®, explica que o modelo hidrodinâmico determina campos de corrente em corpos d’água rasos com superfície livre, cujos gradientes de densidade não são relevantes. O programa permite, ainda, trabalhar com correntes estipuladas na vertical (módulo 2DH) e/ou conhecer o perfil vertical tridimensional de correntes (módulo 3D), que é influenciado pelas tensões de atrito na superfície e no fundo. Ainda Rosman (2009) aponta as três equações, resumidas na sequência, necessárias para determinar as três variáveis na circulação hidrodinâmica em um escoamento 2DH integrado na vertical, (ζ, U, V). Pode-se comparar a descrição dos termos neste item com uma descrição semelhante para o escoamento 3D. Equação de quantidade de movimento 2DH para um escoamento integrado na vertical, na direção x: U U U 1 U V g t x y x 0 H ( H xx ) ( H xy ) 1 ( xS xB ) 2senV x 0 H y (1) Equação de quantidade de movimento 2DH para um escoamento integrado na vertical, na direção y: V V V 1 ( H xy ) ( H yy ) 1 U V g ( yS yB ) 2senU (2) t x y y 0 H x y 0 H Equação da continuidade (do volume) integrada ao longo da vertical: UH VH 0 t x y (3) Utilizando a equação de quantidade de movimento na direção x como exemplo, o seguinte quadro explica o significado de cada termo na Equação 01 e Equação 02. Evidentemente, o significado dos termos semelhantes na equação de quantidade de movimento na direção y é o mesmo. 12 Tabela 2: Explanação dos componentes da equação 1 e 2. U t Representa a aceleração local do escoamento, i.e., em uma dada posição, a taxa de variação temporal do fluxo de quantidade de movimento 2DH por unidade de massa. Em escoamentos permanentes, esse termo é igual a zero. U U U V x y Representa a aceleração advectiva do escoamento, i.e., em um determinado instante, esses termos representam a taxa de variação espacial do fluxo de quantidade de movimento 2DH na direção x por unidade de massa. Em escoamentos uniformes, esses termos são iguais a zero. g x Representa a pressão hidrostática resultante na direção x (gradiente de pressão), devido à declividade da superfície d’água na direção x. Conforme indicado pelo sinal negativo, o escoamento tende a ser de lugares onde o nível da água é mais alto para lugares onde o nível da água é mais baixo. 1 ( H xx ) ( H xy ) oH x y turbulentas 2DH no escoamento. Por exemplo, Representa a resultante das tensões dinâmicas esses termos são responsáveis pela geração de vórtices horizontais em zonas de recirculação. 2senV Representa a força de Coriolis devido ao fato do referencial estar se movimentando na superfície da Terra. 1 oH S Representa a tensão do vento na superfície livre x por unidade de massa. Se o vento estiver na mesma direção do escoamento, esse termo irá acelerar o escoamento; se estiver oposto, irá retardar o escoamento. 13 1 oH Representa a tensão de atrito no fundo atuante B x no escoamento por unidade de massa. Conforme indicado pelo sinal negativo, esse termo sempre tende a desacelerar o escoamento. É sempre oposto ao escoamento. Para a equação da continuidade 2DH, tem-se: Tabela 3: Explanação da equação 3. Evidentemente, possui o mesmo significado da equação semelhante no módulo 3D. Entretanto, h HU HV t x y reescrevendo da forma que está escrita à esquerda, pode-se observar que a altura da coluna d’água (ζ+h) varia no tempo como resultado dos fluxos efetivos através da coluna d’água nas direções x e y respectivamente, HU e HV . x y Como exemplo, considera-se o caso de escoamento permanente e uniforme na direção x em um canal largo e longo, sem a ação do vento. A partir das explicações dadas acima, observa-se que a Equação 03 ficaria reduzida a: 0 g Substituindo a U U Ch 2 definição 1 x oH de (4) B x tensão de 2 H U 2 C h H U Ch H x x x atrito, obtêm-se: (5) No escoamento permanente e uniforme, em canal largo e longo, a declividade da superfície livre é aproximadamente a mesma que a do fundo (I), ou seja, I x . Além disso, o raio hidráulico do canal é aproximadamente igual à profundidade média da seção transversal, ou seja, H≈Rh. Dessa forma, utilizando também a relação entre os coeficientes de Chézy e Manning o resultado anterior pode ser escrito como: 14 U Ch Rh1 / 6 H U C h IRh U IRh x n Chézy (6) Manning Essas são as conhecidas equações de Chézy e Manning para escoamento em condutos livres abertos. Observa-se que essas duas equações são, na verdade, formas simplificadas das equações de Navier–Stokes, que por sua vez, representão nada mais nada menos do que a segunda lei de Newton escrita em um referencial Euleriano. 3.3.2. Modelagem de transporte de efluentes (Lagrangeano Advectivo-Difusivo) Rosman (2009), na referência técnica do Sisbahia® cita as características do modelo Lagrangeano Advectivo-Difusivo bem como as suas formulações, que são descritas na sequência. Este modelo apresenta grande vantagem por utilizar as correntes simuladas no modelo hidrodinâmico, sem restrições em relação aos limites impostos pelo modelo. Deste modo, o modelo pode ser aplicado a problemas de pequena escala em relação ao domínio modelado, bem como altos gradientes de concentração. Para sua aplicação, a pluma contaminante é representada por partículas lançadas na região fonte, com o mesmo intervalo de tempo entre as dispersões. Para tal, as partículas são lançadas aleatoriamente e, então, são advectadas pela corrente calculada pelo modelo hidrodinâmico. Os caminhos que as partículas percorrem se dão através da soma de uma componente advectiva determinística e outra aleatória, que reproduz o efeito da difusão turbulenta. A posição da partícula, P n1 , no instante de tempo (n 1)t é calculada a partir de uma expansão de série de Taylor partindo da posição anterior P n no instante nt . P n 1 P n t dP n t 2 d 2 P n t 3 d 3 P n . ... 3 dt 2! dt 2 3 ! dt (7) TAO Onde: T.A.O. são termos de alta ordem desprezados. Adotam também que, as partículas deslocam-se na mesma velocidade das correntes do corpo receptor e as derivadas temporais da posição são obtidas a partir do campo de velocidades calculado pelo modelo hidrodinâmico (2DH ou 3D) da seguinte forma: 15 dP V (U ,V ,W ) dt d 2 P dV V V V V U V W dt t x y z dt 2 (8) (9) Ainda pode-se acrescentar um termo de aceleração na determinação da posição, o que proporciona um intervalo de tempo bem maior e com uma boa acurácia. Após determinada a posição da partícula, tem se a opção de introduzir um desvio aleatório, este causado pelos movimentos em escalas não resolvíveis que geram velocidades difusivas. A magnitude deste desvio é função das derivadas espaciais das difusividades turbulenta (equações 10, 11 e 12). Para compreender este processo segue a equação de transporte Euleriano: (10) (11) (12) Como visto no esquema acima, as “velocidades difusivas” são de fato função da variação espacial da difusão turbulenta. Para determinar a dispersão da pluma, o modelo estabelece uma grade de distribuição do contaminante. A partir da distribuição de massa da pluma por cada célula da grade, a concentração de cada célula e dada pela razão entre a massa de contaminante da determinada célula pelo seu volume. Se a mancha associada a uma partícula é grande em relação ao tamanho das células, pode-se usar uma função Gaussiana. 16 ( xi x ) 2 ( y i y ) 2 ( z i z ) 2 f ( xi , yi ) exp 2 2 z2 x y (13) Onde: as variâncias relacionam-se com os coeficientes de dispersão através de: 1 d x , y 2 dt 2 Dx, y (14) A massa equivalente de contaminante em cada partícula lançada pela fonte é dada por: M0 Onde: NP t Qe C e t NP (15) é o número de partículas lançadas por unidade de tempo, Qe e C e são a descarga e a concentração do efluente na fonte, respectivamente. Em um determinado instante após o lançamento da partícula de massa M 0 , a parcela de massa mi na posição xi yi é dada por: mi ( xi , yi ) M (t ) f ( xi , yi ) N f (x , y n 1 n n (16) ) A massa da partícula irá variar em função do tempo se houver reações cinéticas de produção e consumo. No caso das bactérias indicadoras, um decaimento de primeira ordem é usualmente especificado como: M (t ) M 0 exp( k t v ) (17) Onde: t v é o tempo de vida da partícula e k é o coeficiente de decaimento bacteriano. 17 3.3.3. Modelagem do Decaimento Bacteriano – T90 Esta variável é relativamente bem conhecida e discutida na literatura. Deste modo, é relativamente bem conhecido o comportamento das bactérias quando deixam o organismo de animais de sangue quente e são despejadas em um ambiente mais hostil (água com alta salinidade), estas começam a sofrer mortandade. Além destes, vários outros fatores estão associados ao processo de decaimento bacteriano, podendo citar: fatores físicos (diluição através de correntes, ventos, correntes de maré e etc.), foto-oxidação (maior representatividade no processo de decaimento bacteriano), radiação solar, temperatura da água, adsorção, floculação, coagulação e sedimentação. Tal desfecho é estabelecido pelos processos físico-químicos, bem como gradiente de salinidade e pH e fatores biológicos (predação, nível de nutrientes, vírus bacteriófagos, algas e presença de materiais fecais) (McFETERS; STUART, 1972; BELLAIR et al., 1977; CHAMBERLIN; MITCHELL, 1978; MANCINI, 1978; FUJIOKA et al., 1981; McCAMBRIDGE; McMEEKIN, 1981; KAPUSCINSKI; MITCHELL, 1981; EVISON, 1988; EL-SHARKAWI et al., 1989; ALKAN et al., 1995; CANTERAS et al., 1995; YANG, et al. 2000; JANNASCH, 1968, apud CARVALHO et al, 2006). Há possibilidade de ocorrer um aumento destas bactérias na coluna de água adjacente, através da ressuspensão de sedimentos, potencializando a reprodução destas em ambiente marinho (THOLMANN; MUELLER, 1987). Deste modo, Chamberlin & Mitchell (1978) apud Carvalho (2006) descrevem um modelo de decaimento bacteriano, onde a única variável é a luminosidade, e a extinção vertical de luz na coluna de água é exponencial, conforme mostra a equação 18. (18) k= Taxa de decaimento bacteriano (hora-1); kt= Coeficiente de proporcionalidade que mede a sensibilidade de um organismo especifico (cm2/cal); Io= Intensidade de luz descendente na superfície da água (cal/(cm2 .hora)); = Coeficiente de atenuação vertical da luz a água do mar (m -1); Z= Profundidade de Sechhi (m) 18 Porém, esta fórmula apresentava uma limitação, algo que não representava a pluma como um todo, nem pluma em ambientes estratificados. Diante disto, tornou-se necessária a introdução de um novo termo (H – Espessura da pluma), bem como uma simplificação considerando-se a pluma homogênea, o que é representado na equação 19. (19) Esta fórmula considera o decaimento bacteriano médio ( , tendo unidade representada por hora-1) dentro da pluma, onde esta está limitada a H metros de profundidade. Não é possível representar a estratificação, já que, como a pluma encontra-se a certa profundidade, a luz que por ventura chegue ao seu topo já sofreu diminuição ao longo da coluna de água. Deste modo a equação 20 e a Figura 3 demonstram esquematicamente a condição a ser modelada. (20) Aplicando as simplificações chega-se a seguinte equação, equação 21 (21) Onde: = Profundidade do topo da pluma; = Espessura da pluma; = Intensidade da luz no topo da pluma (cal/(cm2.hora)); = Coeficiente de atenuação vertical da luz dentro da pluma (m -1). 19 Figura 3: Esquema proposto para a modelagem do decaimento bacteriano. O mesmo é promediado para espessura da pluma, He, a partir da luminosidade que alcança a profundidade do topo Ze. Fonte: Carvalho, 2006. Chamberlin & Mitchell (1978) apud Carvalho (2006), também apresentam coeficientes de proporcionalidade para diversos organismos. Este parâmetro expressa a sensibilidade dos organismos a foto-oxidação, a Tabela 4 apresenta esses valores. 20 Tabela 4: Comparação de estimativas de Carvalho 2006. . Resumido de Chamberlim & Mitchell (1978) apud Mancini (1978) apud Carvalho (2006), aprimorou a formulação de Chamberlin & Mitchell (1978), uma vez que, em sua formulação, acopla a salinidade e a temperatura, mas desconsidera o termo . (22) Onde: = Porcentagem em relação à salinidade padrão; = Temperatura (ºC); = Radiação incidente na superfície (cal/(cm2hora)). Neste contexto, Carvalho et al.(2006) apresentam uma formulação que une as duas equações acima discutidas, sendo que a parte respectiva a temperatura e 21 salinidade, origina-se da equação de Mancini (1978) e Chamberlin & Mitchell (1978) fornecem o termo respectivo a luminosidade. Segundo os autores, o decaimento bacteriano é dado por: k Ze, He,S ,T , I 0,8 0,006(%águadomar) 1,07 T 20 k t I Ze Ze( p ) He e 1 e p (23) He p Onde: k = taxa de decaimento bacteriano (hora-1); Ze = profundidade do topo da pluma (metros); He = espessura da pluma (metros); T = Temperatura (°C); I Ze = Intensidade da luz no topo da pluma (cal/(cm 2.hora)); -1 p = coeficiente de atenuação vertical da luz dentro da pluma (m ); = coeficiente de atenuação vertical da luz na água do mar (m -1); k t = coeficiente de proporcionalidade que mede a sensibilidade de um organismo específico (cm2/cal); 3.4. Circulação Oceânica Um zoneamento existente na região oceânica em frente ao Brasil, denominase Plataforma Continental Sudeste Brasileira (PCSB), que, segundo Castro Filho & Miranda (1998), é limitada ao norte pelo Cabo Frio – RJ sobre a latitude de 23°S, a sul pelo Cabo de Santa Marta Grande – SC na latitude de 28°40’S, a leste pelas isóbatas que variam de 120 a 180 metros de profundidade e a oeste pela costa do Brasil. As isóbatas deste zoneamento assumem uma forma côncava com orientação NE-SO (Nordeste-Sudoeste), aquém, Carvalho (2003) adverte que existem duas intervenções nessa distribuição: uma é a orientação do litoral do Rio de Janeiro, que assume uma direção de E-O (Leste-Oeste) e outra em Santa Catarina com orientação N-S (Norte-Sul). Um trabalho realizado no âmbito de massas d´água sobre a PCSB foi realizado por Emilson, (1961), onde caracterizaram-se quatro diferentes massas d’água: Água Tropical (AT), Água Continental (AC) e Água Central do Atlântico Sul (ACAS). Para AT a temperatura e salinidade são maiores que 20° e 36,4, respectivamente. Isto representa uma massa d’água bastante influenciada pelo 22 aporte continental, portanto sem características definidas. Para ACAS tanto a temperatura quanto a salinidade são menores que os valores impostos pela AT e a Água de plataforma não teve características desta massa de água apresentadas pelo autor. Após Emilson, (1961), Matssura, (1986) apresentou esquematicamente a distribuição das massas de água sobre a PCSB, demonstrada na Figura 4. Figura 4: Reprodução esquemática da estrutura de massas d’água na Plataforma Continental Sudeste do Brasil, nas situações de inverno e verão (modificado de Matsuura, 1986). Em relação ao esquema antigo, nos estudos mais recentes, como no de Castro Filho (1987), a AP não é definida como uma massa de água específica e sim como uma mistura das outras três (AC+AT+ACAS). O mesmo autor ainda recomenda que a PCSB seja subdivida em PI (Plataforma Interna) e PE (Plataforma Externa). No entanto, a primeira seria delimitada pela costa brasileira e as isóbatas de 40 a 50 metros de profundidade, ocorrendo nesta área uma estratificação de salinidade e temperatura. Este fato ocorre pela infiltração da ACAS por sobre a PCSB, acarretando em um termoclina sazonal. 23 No entanto, a circulação ocorrente sobre a PCSB foi descrita por Mesquita (1983) apud Mesquita (1997) e apresenta um fluxo residual com direção Sudoeste, visto na Figura 5. . Figura 5: Distribuição esquemática das correntes de superfície da PCSB. Fonte: Mesquita, 1983. Em todo caso, a Corrente do Brasil é representada pela área mais escura na Figura 5, onde as setas indicam o sentido mais provável, bem como os prováveis vórtices no sentido horário e anti-horário. Embora as correntes de maré sejam representadas pelas setas curvilíneas, as tracejada representam áreas com corrente de maré não predominante, as cheias representam valores significativos em relação aos movimentos da água ocasionados por vento, densidade ou outros fatores. 3.5. Legislação CONAMA n°357/2005 A legislação CONAMA n°357/2005 foi a base de comparação para os dados obtidos neste trabalho. O documento define e classificar os tipos de água, bem como delimita concentrações permitidas. Há quatro classes de água nesta resolução, que são: Águas doces (salinidade igual ou inferior a 0,5%), águas salobras (água com salinidade superior a 0,5% e inferior a 30%) e águas salinas (salinidade igual ou superior a 30%). 24 Como não existe uma legislação específica para emissários submarinos no Brasil, adotaram-se os parâmetros de classificação de água da resolução CONAMA n°357/2005, e padrões de balneabilidade da CONAMA n°274/2000, que se insere na resolução mais atual (Tabela 5). Tabela 5: Padrões de balneabilidade adotados pela Resolução CONAMA n°274/2000, considerando que tal resolução esta contida na CONAMA n°357/2005. Coliformes Fecais (NMP/100ml) Categoria Própria Excelente < 250 em 80% do tempo Muito Boa < 500 em 80% do tempo Satisfatória < 1000 em 80% do tempo Imprópria > 1000 em mais de 20% do tempo Para melhor compreensão do leitor, optou-se por apresentar a resolução CONAMA n°357/2005 por inteiro no. 4. Metodologia 4.1. Área de Estudo A planície do Campeche, localizada a sudeste da Ilha de Florianópolis, conta com uma área aproximada de 50 km 2. O potencial hídrico da Ilha de Florianópolis foi descrito por Caruso Jr (1993), que divide a hidrografia local em três bacias: Rio Ratones, Rio Tavares e Rio Itacorubi. Sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Tavares está à planície do Campeche. Villanueva (2003) define os limites da região do Campeche em seu trabalho: ao norte a restinga da Joaquina, sul com a região da Lagoa do Peri, leste com o oceano Atlântico e a oeste com o Maciço da Costeira. A linha de costa e o gradiente de batimetria apresentam orientação Sudoeste-Nordeste, sofrendo modificação apenas, entre as Ilhas de Florianópolis e Campeche (Figura 6, e Figura 12). 25 Figura 6: Localização da área de estudo e difusores do emissário submarino. Conforme visto na Figura 6, a região de instalação do emissário está localizada em mar aberto, onde a descarga do efluente será feita com distância de aproximadamente três quilômetros da linha de costa (Praia do Campeche). Para determinar as variáveis ambientais de possível interferência na dispersão da pluma, foi efetuada uma campanha mensal para quantificar correntes, e uma para determinar a estratificação da coluna de água. A campanha que teve como objetivo quantificar correntes marinhas ocorreu durante 22/03/2007 a 22/04/2007. Enquanto a que visava identificar a diferença de densidade ao longo da coluna de água, foi efetuada em 22/02/2010 a 07/04/2010. 4.2. Campanhas Oceanográficas Ludwing (1979) em seu trabalho lembra que os emissários submarinos, antes de sua instalação, devem realizar campanhas oceanográficas, a fim de dimensionar com precisão a dispersão da pluma poluente. Além de envolver todos os ramos da oceanografia, estas devem ser realizadas simultaneamente. As atividades respectivas a cada área serão descritas na Tabela 6. 26 Tabela 6: Áreas da oceanografia e suas atribuições durante as campanhas oceanográficas. Fonte: Ludwing, 1979. Oceanografia Física Ventos; Correntes; Ondas; Marés; Estratificação da coluna de água. Oceanografia Química OD (Oxigênio Dissolvido); Ortofosfatos; Nitratos; ClorofilaA; Sólidos Gorduras; em suspensão; pH; Transparência; Colimetria (praias). Oceanografia Geológica Topografia; Identificação do tipo de fundo, Dinâmica de sedimento; Perfis praias. Oceanografia Biológica Decaimento Bacteriano (T90); Estudo de plânctons e bentos. Considerando que este trabalho refere-se à oceanografia física. 4.2.1. Correntes A fim de quantificar as correntes marítimas foi utilizado um ADCP (“Acoustic Doppler Current Profiler”), que está representado na Figura 7. Este equipamento foi fundeado nas coordenadas, -27° 25' 26,59047" e -48° 22' 44,02956", em latitude e longitude, respectivamente. Estas coordenadas estão localizadas sobre Datum WGS 84. O ADCP ficou posicionado durante os dias 22/03/2007 a 22/04/2007 à profundidade de aproximadamente 20 metros e configurado para a coleta de células a cada metro de coluna d’água com intervalo de 20 minutos, onde cada valor armazenado não corresponde a uma medida instantânea, e sim a uma média de 2 minutos anterior a amostragem. 27 Figura 7: Equipamento utilizado para aquisição dos valores de correntes. Os dados foram submetidos a uma análise de consistência, a fim de detectar valores espúrios, bem como corrigir a declinação magnética para a região no período amostrado (17,98° Oeste). Em posse dessas informações, as análises dos dados de corrente foram desenvolvidas em ambiente Matlab, que compreende análise espectral simples, proposta por Carvalho (2003), e também análise de consistência da série temporal, a fim de eliminar qualquer valor espúrio. Por fim, vale salientar que os dados utilizados neste trabalho correspondem a uma região que dista em muito da região de interesse, bem como apresenta características oceanográficas distintas b, ou seja, foram coletados valores de correntes na Praia dos Ingleses (Norte de Ilha de Florianópolis) e a área de interesse é a Praia do Campeche (Centro-Sul da Ilha de Florianópolis). 4.2.2. Maré As séries de maré correspondem a dois pontos de coleta, uma na Enseada da Praia da Pinheira (Sul do domínio de modelagem) e outra na Ilha João da Cunha (Norte do domínio de modelagem), posicionadas sobre o DATUM WGS 84 e uma projeção cartográfica nas posições 27° 53.0’ 4.20” S e 048° 35.0’ 30.12” W 27° 8.0’ 37.32” S e 048° 32.0’ 40.20” W, respectivamente. 28 Em seguida estas séries foram submetidas a um filtro passa-baixa quadráticas, confeccionado por Emery & Thomson (1998) e modificado por Carvalho (2002). Este filtro propicia a eliminação das altas frequências, ou seja, maré astronômica. Para filtrar a série de dados, utilizou-se um intervalo de amostragem de 20 minutos (o intervalo de tempo que o equipamento foi configurado para coletar dados) e um período de corte de 40 horas (1,67 dias). Segundo Carvalho (2003), neste contexto, períodos menores do que 0,3 ciclos.por.dia (3,3 dias) não são afetados, embora ciclos maiores que 0.8 c.p.d (30 horas) são eliminados. Para obter a maré astronômica, foram diminuídos, da série bruta, os valores filtrados. Estes dados, também foram submetidos à análise espectral, com objetivo de facilitar a compreensão dos fenômenos ali ocorrentes, já que com esta ferramenta (analise espectral) há demonstração da amplitude do fenômeno em cada classe de frequência. Os valores de maré de cada local foram submetidos à análise harmônica de maré, objetivando a identificação das constantes harmônicas presentes na região. A análise da maré foi efetuada no próprio SisBaHiA®, que possui um módulo baseado nas rotinas propostas por M. Foreman do Institute of Ocean Sciences, British Columbia. Tais rotinas também constituem a base do sistema TOGA utilizada pela Universidade de Honolulu – Hawaii para o controle de qualidade dos dados do programa GLOSS (Global Sea Level Observing System), o qual é gerenciado pelo IOC (Intergovernmental Oceanographic Commission) com o patrocínio da UNESCO. Acredita-se, atualmente, que esse conjunto de rotinas é o mais largamente utilizado em todo o mundo para a análise e previsão de dados de marés (ROSMAN, 2009). Com objetivo de conhecer as constantes harmônicas nas estações maregráficas da Praia Pinheira e da Ilha João da Cunha, utilizaram dos dados de elevação do nível de água referentes aos dias 22/03/2007 a 22/04/2007. Essas constantes estão sumarizadas na Tabela 7. 29 Tabela 7: Constantes harmônicas para estações maregráficas da Ilha João da Cunha e da Praia da Pinheira. Constante Mm MSf alpha1 2Q1 Q1 O1 M1 K1 J1 OO1 KQ1 MNS2 mu2 N2 M2 L2 S2 KJ2 MO3 M3 MK3 SK3 MN4 M4 SN4 MS4 S4 2MK5 2SK5 2MN6 M6 2MS6 2SM6 3MK7 M8 Ilha João da Cunha Periodo (s) Amplitude (m) 2380713.365 0.1138 1275721.423 0.0122 104661.5988 0.005 100822.4008 0.0032 96726.08376 0.0229 92949.6301 0.1034 89399.69357 0.0058 86164.09058 0.0703 83154.51628 0.0041 80301.86721 0.0027 77681.65186 0.0004 47258.16272 0.0026 46338.32735 0.0173 45570.05357 0.0347 44714.16431 0.1791 43889.83274 0.0145 43200.00002 0.0959 42316.2782 0.0064 30190.69067 0.007 29809.44289 0.0179 29437.70382 0.0152 28773.74003 0.003 22569.02603 0.0114 22357.08217 0.0294 22176.694 0.0059 21972.02139 0.0094 21600 0.0021 17751.16878 0.0059 17270.54296 0.0032 14998.622 0.001 14904.72144 0.0041 14732.59513 0.0036 14564.39902 0.001 12706.70687 0.0023 11178.54108 0.0006 Fase (grau) 345.68 136.35 330.52 61.84 53.11 72.15 131.01 117.95 213.37 298.25 129.61 50.46 57.06 149.76 61.48 338.1 42.95 48.73 3.62 163.55 19.63 215.11 350.01 24.07 14.41 107.24 73.95 253.4 289.98 236.54 176.7 148.23 88.3 152.25 355.97 Constante MSf 2Q1 Q1 O1 M1 K1 J1 OO1 KQ1 N2 M2 S2 KJ2 MO3 M3 MK3 SK3 MN4 M4 MS4 S4 2MK5 2SK5 2MN6 M6 2MS6 2SM6 3MK7 M8 - Pinheira Periodo (s) Amplitude (m) 1275721.423 0.02 100822.4008 0.0166 96726.08376 0.0411 92949.6301 0.11 89399.69357 0.0093 86164.09058 0.0512 83154.51628 0.0031 80301.86721 0.0021 77681.65186 0.002 45570.05357 0.0425 44714.16431 0.1717 43200.00002 0.162 42316.2782 0.0047 30190.69067 0.0036 29809.44289 0.0183 29437.70382 0.0073 28773.74003 0.0079 22569.02603 0.0205 22357.08217 0.0282 21972.02139 0.0155 21600 0.0015 17751.16878 0.0031 17270.54296 0.0021 14998.622 0.0021 14904.72144 0.0007 14732.59513 0.0069 14564.39902 0.0043 12706.70687 0.0014 11178.54108 0.0042 - Fase (grau) 226.719 50.217 67.769 75.195 112.607 120.378 287.608 25.209 151.938 149.169 65.837 46.369 6.779 280.644 133.935 327.712 116.601 336.78 27.116 98.786 284.013 211.397 24.839 103.24 190.772 183.803 229.861 212.766 24.991 - 4.2.3. Ventos Com o objetivo de caracterizar o padrão dos ventos ao largo da Ilha de Santa Catarina, foi obtido, junto a EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) dados de velocidade e direção dos ventos relativos à estação meteorológica instalada na Ilha do Arvoredo (27° 17.0’ 45.0” S e 048° 21.0’ 22.0” W) a 73 metros de altitude, no mesmo período da campanha que possui objetivo de quantificar correntes marinhas. 4.2.4. Estratificação da coluna de água A estratificação da coluna é mensurada a partir de informações dos termistores distribuídos ao longo da coluna de água. Desta forma foi aplicada uma linha com 8 termômetros equiespaçados em 3 metros e configurados para armazenar 30 informações a cada 10 minutos. Sua extremidade inferior foi fixada junto ao fundo, e a superior presa em uma boia a 2 metros de profundidade, para manter o cabo tencionado. O posicionamento se deu nas coordenadas, 752615,86 m e 6936949,17 m, em longitude e latitude, respectivamente, as quais estão localizadas sobre a zona 22J no Hemisfério Sul da projeção UTM (Universal Transverso de Mercator) e Datum WGS 84. 4.3. Rugosidade do Fundo Para a região estudada foi utilizada rugosidade de 0,0285m, ou seja, a média aritmética do intervalo 0,0070 < < 0,0500 metros, que corresponde a categoria “Leito com transporte de sedimentos”, definida a partir da Tabela 8 (Rosman, 2009). Tabela 8: Valores recomendados para rugosidade equivalente do fundo no módulo 2DH. Fonte: Referência Técnica SisBaHiA, 2009. 4.4. Decaimento Bacteriano (T90) Para o cálculo do decaimento bacteriano, foi obtido junto a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S. A. (EPAGRI), 31 dados relativos à incidência de luz solar na superfície de uma região próxima à área de interesse. Os valores de extinção vertical de luz na coluna d’água foram retirados do Estudo de Impacto Ambiental e estudo oceanográfico para emissários submarinos de esgoto tratado do SES Lagoa da Conceição (praia da Joaquina). Sendo que esta variável foi quantificada com discos de Secchi ao largo da Praia da Joaquina, seguido de um ajuste ao histograma de profundidades de Sechii (Figura 8). A fim de permitir uma aleatoriedade de números que seguem, esta distribuição ajustouse a um modelo de Weibull, para proporcionar valores randômicos de profundidade de Sechii. Tal procedimento, embora não reproduza a profundidade de Secchi real, permite incorporar a variabilidade estatística desta variável aleatória na série temporal do T90. 0.5 Frequência de Ocorrência 0.4 Função Weibull ajustada 0.3 0.2 0.1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Profundidade de Sechii (m) 10 11 12 13 Figura 8: Histograma de profundidades de Sechii obtidas ao largo Praia da Joaquina durante a fase de diagnóstico ambiental. O mesmo variou de 2 a 13 metros no período com pico entre 3 e 4 metros. Uma função densidade de probabilidade tipo Weibull foi ajustada ao histograma para geração de números randômicos que seguem essa distribuição. O T90 é função de algumas variáveis, sendo estas: luz solar e temperatura. (24) k Ze, He,S ,T , I 0,8 0,006(%águadomar) 1,07 T 20 Onde: k = taxa de decaimento bacteriano (hora-1); Ze = profundidade do topo da pluma (metros); He = espessura da pluma (metros); T = Temperatura (°C); k t I Ze Ze( p ) He e 1 e p He p 32 2 I Ze = Intensidade da luz no topo da pluma (cal/(cm .hora)); -1 p = coeficiente de atenuação vertical da luz dentro da pluma (m ); = coeficiente de atenuação vertical da luz na água do mar (m -1); k t = coeficiente de proporcionalidade que mede a sensibilidade de um organismo específico (cm2/cal); Para o cálculo do decaimento bacteriano optou-se por assumir a coluna de água homogênea, permitindo a pluma permanecer sempre à superfície e com espessura de 14 metros. Foram utilizados valores referentes ao mês de Janeiro (Verão) e Julho (Inverno) de 2007, e essa aproximação foi adotada por se tratar do único período onde constava uma série de dados de interesse (Figura 9). Radiação Verão 120.00000 (cal/cm 2.hora) 100.00000 80.00000 60.00000 40.00000 20.00000 0.00000 Janeiro 2007 Radiação Inverno 120.00000 (cal/cm 2.hora) 100.00000 80.00000 60.00000 40.00000 20.00000 0.00000 Julho de 2007 Figura 9: Séries de radiação solar na superfície do mar dos meses de janeiro e julho de 2007, representando o verão e o inverno respectivamente. Valores esses adotados no cálculo do decaimento bacteriano. Valores de salinidade e temperatura também foram constantes, adotando-se as características do litoral catarinense, como descrito por Carvalho et al. (1998) Através destas variáveis foram determinadas duas curvas de decaimento bacteriano, uma para o inverno e outra para verão. 33 4.5. Concentração e Descarga A fim de mensurar a concentração e a vazão dos efluentes lançados por um suposto emissário submarino na região do Campeche, foi obtido junto à empresa interessada (CASAN – Companhia Catarinense de Água e Saneamento), valores de concentração e Escherichia coli e enterococos existentes em suas estações de tratamentos. A partir destes dados, efetuou-se uma análise estatística, visando identificar a concentração mais realística a ser inserida na simulação numérica, para não utilizar o valor usual (108 NPM/100 ml) nem a máxima concentração encontrada nas estações de tratamento, objetivando a simulação mais próxima da realidade. Deste modo, efetuou-se uma análise estatística desses valores para gerar uma possível série de valores correspondentes as concentrações encontradas. Esta análise é composta de uma função densidade de probabilidade Weibull, ajustada ao logaritmo das concentrações (Figura 10). A partir desse modelo, é possível criar uma série randômica que segue esta distribuição. 0.4 Frequência de ocorrência 0.3 0.2 0.1 1.0E+012 1.0E+011 1.0E+010 1.0E+009 1.0E+008 1.0E+007 1.0E+006 1.0E+005 1.0E+004 1.0E+003 1.0E+002 1.0E+001 1.0E+000 0 Concentração Scherichia Coli (NPM/100 ml) Figura 10: Histograma das concentrações de Escherichia coli nas estações de tratamento da CASAN (n=160). Fonte: Estudo de Impacto Ambiental e estudo oceanográfico para emissários submarinos de esgoto tratado do SES Lagoa da Conceição (praia da Joaquina). 34 Em posse dos dados de Escherichia coli, adotou-se uma aproximação para Coliformes. Considerando as concentrações aceitáveis dos dois organismos na Resolução CONAMA N°357/2005, foi encontrada uma relação entre eles (Coliformes 25% superior a Escherichia coli) e aplicou-se esta à série randômica de concentração, ou seja, em qualquer momento da simulação, a concentração de Coliformes está 25% acima da Escherichia coli. O valor de descarga utilizado foi retirado do projeto executivo de construção do emissário submarino da Praia do Campeche (2.20 m 3/s). Esta série de descarga considera a descarga de projeto como a média e varia em 20% para os horários de pico e o de menor demanda (Figura 11). Figura 11: Série de descarga adotada na simulação numérica 4.6. Batimetria A fim de mensurar a batimetria da área de estudo, foram digitalizadas cartas náuticas referentes à área de estudo, seguindo da extração de valores destas. As Cartas Náuticas utilizadas serão da DHN nº 1900, 1902, 1903, 1904 e 1905. Além destas, o Laboratório de Oceanografia Geológica da UNIVALI, em seu contínuo levantamento de dados batimétricos da costa de Santa Catarina, cedeu gentilmente a batimetria da área de estudo (compilação de dados primários e secundários, não havendo uma época específica do levantamento batimétrico), que está disposta na Figura 12. 35 Figura 12: Batimetria da região do Campeche, e conseqüentemente da área modelada. A cruz preta sobre a Ilha do Campeche e profundidade de 30 metros, indica a posição dos difusores. 4.7. Modelo Hidrodinâmico Para execução do modelo hidrodinâmico SisBaHiA®, Rosman (2009) sugere um diagrama explicando os processos necessários (Figura 13). Deste modo tornou-se necessário confeccionar um domínio de modelagem, ou seja, área onde o modelo atuou, contendo as áreas de interesse e adjacente, para evitar a não simulação de uma possível interferência local. 36 Figura 13: Diagrama do processo de modelagem em recursos hídricos. A parte realçada é a rota usual. Fonte: Rosman, 2009. Dentro do domínio, torna-se necessário a criação de uma malha quadrática de elementos finitos. Elaborada no programa Argus One® e que subsidia os cálculos do modelo (Figura 14). Suas características são demonstradas na Tabela 9. 37 Figura 14: Malha de elementos quadráticos finitos adotados no modelo. 38 Tabela 9: Características apresentadas pela malha de elementos quadráticos finitos adotados no modelo. Elementos Totais 1707 Quadrangulares 1707 Triangulares 0 Nós Totais 7150 Interno 6493 Contorno de Terra 582 Contorno Aberto 77 Terra/Aberto 2 Banda Máxima 265 Domínio Discretizado Área 3222063977.809 m² Volume 103271791941.539 m³ Profundidade Média 32.051 m Além da malha, do conhecimento dos dados de entrada do modelo, série temporal de vento, corrente e nível de água, os dados precisam estar no formato adequado, com a realização de uma análise prévia, a fim de verificar coerência nos valores inseridos. Foram adotados dois cenários para a simulação, o de inverno e o de verão. Para tais intervalos simulados, a diferenciação será a curva de decaimento bacteriano. 4.8. Condições iniciais de simulação Para iniciar o modelo, fez-se necessário a inserção de algumas séries temporais de algumas variáveis, tais como: variação do nível da água ao longo do contorno aberto, ventos e correntes. As séries utilizadas serão demonstradas nos resultados, no tópico que aborda a validação do modelo. Como condição inicial do modelo, adotou-se velocidades da componente U e V nulas (zero) e a elevação de superfície livre correspondente ao primeiro valor da série de nível de água utilizado (-0,12). 39 4.9. Validação do Modelo A fim de quantificar a eficiência do modelo hidrodinâmico, adotou-se como padrão utilizar o coeficiente de determinação R2, equação 23. (23) n R2 1 dado i 1 modelo i 2 i dado n i 1 i dado 2 Esse parâmetro estatístico foi descrito por Spiegel e Stephens, (1999) apud ASA, (2008) como sendo uma comparação entre o erro do modelo e uma variação total dos dados. Os valores obtidos através da comparação das séries reais com a simuladas, variam de zero a um, adotado como 100% de eficiência o valor um, diminuindo sua eficiência até 0 (zero) 40 5. Resultados e Discussão 5.1. Validação e análise do modelo hidrodinâmico Na Figura 15 encontram-se dispostos os pontos utilizados na medição dos valores inseridos no contorno aberto e o local de validação do modelo hidrodinâmico, enquanto que a Figura 16 demonstra de forma sumarizada uma comparação dos valores de elevação do nível do mar nos extremos do domínio modelado, com os valores simulados. Uma vez que os valores inseridos no contorno aberto do modelo são os dados de maré dos extremos do domínio modelado, os mesmos não servem para validação, enquanto que a Figura 18 apresenta tal validação. 41 Figura 15: Local de validação e análise dos dados obtidos através de amostragem in-situ, e da simulação computacional. 5.2. Elevação do Nível de água Um comparativo entre as séries de nível d’água medido, simulado e nos dois locais de validação; diagrama de dispersão (confrontando os dados simulados com os reais) e espectro simples de maré podem ser visualizados na Figura 16. Apesar de ter sido utilizada uma série de elevação de nível de água no contorno aberto do modelo, a mesma reproduziu com perfeição esta variação ao longo do domínio modelado, cuja semelhança entre os dados medidos e os simulados pode ser verificada na Figura 16 “A” e “B”. Tal ferramenta foi adotada, em virtude da difícil previsão de maré meteorológica. Concordando com o 42 Uiassone, (2004), onde o mesmo adverte que a maré prevista por constantes harmônicas difere dos registros observados para uma mesma região, isso em virtude dos efeitos meteorológicos exercerem influência na oscilação do nível do mar. Em adição ao acima mencionado, a Figura 16, nos itens C e D, por meio de regressão linear, entre os valores de nível d’água medidos e simulados para a Praia da Pinheira (R² = 0,9771 ) e a Ilha João da Cunha (R² = 0,8377 ), reitera-se que o modelo reproduziu satisfatoriamente a elevação da superfície livre, bem como a defasagem de maré entre os extremos da malha. A diferença dos valores de R² para os dois pontos de medição de maré pode ser explicado por algumas hipóteses. Uma delas é uma é a distância do ponto de medição de maré para o contorno externo, onde a maior distância localiza-se no ponto ao norte (Ilha João da Cunha). Outra hipótese é a não interferência de maré meteorológica no local de instalação do marégrafo, podendo justificar esa diferença. Por se tratar de um projeto de engenharia, um dos objetivos do modelo é representar as forçantes existentes no ambiente, tornando livre a inserção de séries temporais. Um exemplo é a aplicação de séries de maré nos nós do contorno aberto. Para melhor visualização e compreensão das forçantes de maré, executou-se uma análise espectral, tornando possível assim a análise no domínio da frequência como proposto por Miranda, (1984), e as rotinas empregadas foram as descritas por Carvalho, (2003). O resultado desta análise é disposto na Figura 16 “E” e “F”. 43 Figura 16: Série temporal de elevação de nível d’água na Praia da Pinheira, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. B) Série temporal de elevação do nível d’água na Ilha João da Cunha, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. C) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para Praia da Pinheira. D) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para Ilha João da Cunha. E) Análise espectral das séries medidas e simuladas para os dados referentes à Praia da Pinheira. F) Análise espectral das séries medidas e simuladas para os dados referentes à Ilha de João da Cunha. 44 A análise dos dados de maré no domínio da freqüência demonstra que na região estudada, a maior energia de alta freqüência refere-se justamente ao ciclo de maré semi-diurna, seguida da maré diurna, e, em períodos menores do que um ciclo por dia observa-se forçantes de bastante intensidade, correspondentes diretamente à ocorrência de maré meteorológica. Trucollo, (1998), menciona que na Baia da Babitonga, ao norte do estado de Santa Catarina, a maré astronômica representa 77% de toda variação do nível do mar, restando 22% para maré meteorológica (e 1% remete ao que o autor denomina tendência). As análises espectrais, nas freqüências respectivas a marés de origem meteorológica, sugerem que quando comparadas as duas estações maregráficas, ocorre uma atenuação da amplitude no sentido Praia da Pinheira – Ilha João da Cunha (sul – norte). Forte indicador de que a região do estudo é fortemente influenciada pelas variações meteorológicas, evidenciando assim a dificuldade de validação do modelo hidrodinâmico em relação ao nível do mar. 5.3. Correntes A corrente residual que representa o padrão de correntes originadas sem interferência de fatores externos, como: ventos, correntes de maré e agentes meteorológicos apresentada pelo modelo, Figura 17, demonstra que correntes para norte predominam ao longo do domínio modelado. Cabe lembrar que, os vetores dessa figura demonstram uma baixa velocidade do escoamento hidrodinâmico, justamente por não apresentar os valores verdadeiros de correntes, e sim uma corrente residual. Assim é possível determinar que a corrente longitudinal à costa prevaleça sobre a perpendicular, caracterizando uma forte deriva litorânea. O mesmo padrão de correntes ao longo da costa foi encontrado por Menezes, et al, (2006) ao norte do estado, em Barra Velha – SC e Silva, (2009) no Rio da Madre, Palhoça – SC a sul do domínio modelado. 45 Figura 17: Escoamento residual obtido através da modelagem numérica. A validação do modelo, em respeito ao escoamento hidrodinâmico, mostrou-se moderadamente eficiente para componente U e insatisfatória para a componente V. Esta diferença é demonstrada na Figura 18 “A” e “B”. A Figura 18 “C” e “D” ratifica a desigualdade das eficiências de validação nas duas componentes, uma vez que o R² apresenta valores de 0,5458 e 0,1253 respectivamente para as componentes U e V, que corresponde a 54,58% e 12,53% de correlação entre os valores medidos e simulados nas respectivas componentes U e V. Mesmo que as energias de correntes descritas pelo modelo hidrodinâmico não sejam condizentes com as intensidades reais, o escoamento hidrodinâmico apresentou correlação com a maré. Conforme a Figura 18 “E” e “F”, pode-se notar que as maiores intensidade de correntes encontram-se sobre a frequência de dois ciclos por dia, demonstrando que as correntes de maré são bastante significativas neste ambiente. 46 Figura 18: Série temporal da componente U na Praia dos Ingleses, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. B) Série temporal da componente V na Praia dos Ingleses, inicia em 22/03/3077 12:00:00 e termina em 22/04/2007 12:00:00. C) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para a componente U. D) Diagrama de dispersão entre as séries medidas e simuladas pelo modelo hidrodinâmico para a componente V. E) Análise espectral das séries medidas e simuladas para os dados referentes à componente U da Praia dos Ingleses. F) Análise espectral das séries medidas e simuladas para a componente V da Praia dos Ingleses. 47 A partir do modelo hidrodinâmico, foi possível analisar o escoamento hidrodinâmico da região do Campeche, desta forma, extraiu-se valores de correntes e maré sobre a posição dos difusores, sendo estes abordados a seguir. 5.4. Escoamento hidrodinâmico do Campeche Os dados da Região do Campeche demonstram uma corrente predominante para norte, em concordância com o escoamento hidrodinâmico residual. O diagrama do padrão de correntes está disposta na Figura 19 “D” e “E”, apresentando uma distribuição modal para norte entre as direções de 0 a 40° com uma intensidade máxima de 0,1761 m/s, mínima de 0 m/s (estofa de maré) e uma média de 0,0461 m/s conforme a Figura 19 “F” e Tabela 10. Outro indício da predominância da corrente longitudinal à costa pode ser observado no diagrama de dispersão das componentes U e V (Figura 22 “C”). Tabela 10: Valores máximos, mínimos e médios para intensidade de corrente na região do Campeche. Intensidade de Corrente – Campeche Máxima 0,1761 m/s Mínima 0,0000 m/s Média 0,0461 m/s Embora a maré na região do Campeche apresente as mesmas características das marés dos extremos do domínio modelado, ela demonstra que o modelo propagou de forma concreta a onda de maré, já que as amplitudes observadas na região do Campeche representam valores intermediários em relação às estações maregráficas, como explícito na Figura 19 “A” e “B”. 48 N Figura 19: Dados oceanográficos retirados do modelo hidrodinâmico na região dos difusores do Campeche. A) Série de elevação do nível de água durante o período simulado. B) Espectro de elevação do nível da água. C) Diagrama de dispersão das componentes U e V, indicando a direção predominante da corrente. D) Série de direção das correntes na região do Campeche. E) Histograma de ocorrência de direções. F) Série intensidade de correntes retiradas do modelo na Região do Campeche. 49 5.5. Ventos Segundo Gomes (2010), a latitude da Ilha de Santa Catarina (Florianópolis) é divisora dos principais sistemas atmosféricos atuantes na região. Sendo possível diferenciar os diferentes padrões de ventos ocorrentes no estado, um para região Norte e outro para a região Sul, que também se diferenciam sazonalmente: um correspondente as estações quentes (Primavera e Verão) e outro as estações Frias (Outono e Inverno). Sob um olhar mais pontual, na Ilha de Santa Catarina os padrões de vento encontrados são bem diferentes do resto do estado, isso porque esta região é a que limita o anticiclone tropical do Atlântico e ventos originados por passagens de frentes frias (Ventos de sul) (Gomes, 2010). Com isso, é possível verificar que a série de ventos utilizada (representada na Figura 20), corresponde com o padrão encontrado por Gomes, (2010), uma vez que, durante estações quentes (série utilizada) os ventos predominantes encontram-se variando de Nordeste a Sudeste, representando justamente essa mudança de direção entre o Norte e o Sul do estado (Figura 21). Figura 20: Intensidade e direção dos ventos inseridos no modelo numérico. 50 Figura 21: Rosa dos ventos cumulativas entre dados de Estações Meteorológicas CIRAM/INMET (a) e satélite QuikSCAT SeaWinds (b) para Ilha do Arvoredo. Cores representam classes de intensidade de vento (m/s) e barra de porcentagem representa porcentagem de ocorrência durante o período.. Fonte: Gomes, 2010 Embora a série de ventos utilizada apresente uma maior ocorrência no primeiro quadrante (entre Norte e Leste), os ventos de sul são mais intensos, demonstrando que esta região sofre forte influencia de frentes frias, o que justifica a necessidade de inclusão da maré meteorológica no modelo. 5.6. Decaimento Bacteriano A curva média de decaimento bacteriano está esquematizada na Figura 22, enquanto que a série de decaimento bacteriano empregada no modelo de transporte Lagrangeano está disposta na Figura 23. T90 Médio 50 Verão Inverno T90 (horas) 40 30 20 10 0 0 5 10 15 Horas do Dia 20 25 Figura 22: Curvas médias de decaimento bacteriano calculado. As curvas de decaimento bacteriano forma obtidas através da formulação proposta por Carvalho et al., (2006). Onde as estações consideradas foram Verão e Inverno, cujo meses que representaram estas estações no processo de simulação numérica foram os meses de Janeiro e Julho de 2007 respectivamente. 51 Justamente por ser o ano de coleta dos dados de correntes. Com isso a EPAGRI cedeu uma serie temporal de radiação sobre a superfície do oceano para os respectivos meses, através da aproximação estatística da profundidade de Sechhi e valores constantes de temperatura da água (inverno=18°C e verão=24°C), espessura da pluma e coluna não estratificada, foi possível obter curvas temporais para decaimento bacteriano, este demonstrado na Figura 23. Série T90 Verão 50.00 45.00 40.00 T90 (horas) 35.00 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 Janeiro 2007 Série T90 Inverno 50.00 45.00 40.00 T90 (horas) 35.00 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 Julho de 2007 Figura 23: Curvas de decaimento bacteriano utilizado no processo de simulação numérica A curva de decaimento bacteriano referente à estação de verão possui um valor mínimo de 0,34 horas, máximo de 30,08 horas e uma média 15,80 horas, enquanto, o valor mínimo de decaimento para o inverno encontra-se em 0,56 horas, máximo de 45,14 horas e a média de 28,62 horas, conforme demonstrado na Tabela 11. 52 Tabela 11: Demonstração dos valores máximos, mínimos e médio encontrados para o decaimento bacteriano nas duas estações estudadas. Verão (Horas) Inverno (Horas) Mínino 0,34 0,55 Máximo 30,07 45,14 Média 15,80 28,62 A obtenção da feição das curvas se deu por intermédio de registros de extinção vertical de luz na coluna de água. Estes valores de extinção vertical de luz apresentaram uma distribuição entre 2 e 13 metros, com moda na profundidade de três metros e meio, conforme a Figura 8. Conforme explanado na metodologia, a salinidade e a temperatura adotadas seguem o padrão encontrado por Carvalho et al., (1998), onde a salinidade adotada é igual a média da salinidade dos oceanos (35), pois a área de estudo não apresenta nenhuma aporte significativo de água doce. A temperatura adotada no modelo de decaimento bacteriano também foi constante (em 18°C para o inverno e 24°C para o verão). Considerou também que a pluma se manteve com dimensões constantes (14 metros de espessura). A curva de T90 adotada apresenta as mesmas características das curvas encontradas na literatura. Como demonstrado à Topázio (2003), na costa oceânica de Salvador, Figura 24. 53 T90 -VERÃO T90-INVERNO T90 (horas) 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 0 6 12 Horas do Dia 18 24 Figura 24: Valores de T90 Horário no decorrer de um dia em situação de verão e inverno. Podemos observar que os T90 noturno são praticamente iguais no verão e no inverno. Isto ocorre em função de o fator determinante na variação do T90 na região é a quantidade de radiação solar que atinge o corpo d´água, considerando que a variação anual da temperatura dá água é desprezível. Fonte: Adaptado de Topázio, 2003. Deve-se atentar que a curva apresentada por Topázio (2003), durante o período noturno e nas diferentes estações apresenta praticamente os mesmos valores (Figura 24), enquanto que a curva empregada no presente estudo apresenta, para o período noturno valores diferentes ao longo das estações (Figura 22). Outro aspecto relevante, é que o ciclo global de decaimento bacteriano, apresentado para a região do Campeche, Santa Catarina (Figura 22) é superior ao ciclo encontrado na região estudada por Topázio (2003) (Figura 24). O fato das curvas de ciclo de decaimento bacteriano possuírem dimensões diferentes está associado às características oceanográficas locais, uma vez que na costa nordeste do Brasil, a temperatura da água é praticamente constante ao longo do ano, enquanto que na costa Sul, segundo a GAPLAN (1987), o litoral catarinense apresenta clima característico subtropical, e grandes variações de temperatura ao longo do ano são registradas, tornando as temperatura na coluna d’água fortemente influenciáveis pelas estações do ano. 5.7. Estratificação da coluna d’água Com os valores de temperatura ao longo da coluna de água datados de 22/02/2010 a 22/04/2010 é possível analisar a estratificação da coluna de água espaço-temporalmente, conforme Erro! Fonte de referência não encontrada.. 54 Figura 25: Demonstra a estratificação da coluna de água na região do Campeche. 5.8. Modelo de Transporte Lagrangeano Advectivo/Difusivo A simulação matemática da pluma de bactérias considerou situações típicas de inverno e de verão, ponderando que, tanto o escoamento hidrodinâmico quanto os valores de descarga foram iguais para as duas estações do ano simuladas (inverno e verão), sendo que a única diferença entre os modelos foi à curva de decaimento bacteriano. Os resultados da distribuição espacial da pluma de Coliformes Fecais serão demonstrados referenciando-os a legislação CONAMA 357/2005, que segundo o Art. 1° dispõe sobre classificação e diretrizes ambientais para enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamentos de efluentes. Os mapas com a máxima excursão espacial da pluma bacteriana, qual possui a concentração igual ou acima do limite instantâneo permitido pela legislação pertinente (CONAMA 357/2005), são representados pelas Figura 26 Figura 28 para inverno e verão respectivamente. Enquanto que os mapas com gradiente de cor demonstram a concentração que excede em 20% do tempo com concentrações de coliformes fecais termotolerantes acima ou igual permitido pela legislação citada, Figura 27 para situação de verão e Figura 29 para situação de inverno. . 55 Figura 26: Cenário em situação típica de verão. A linha vermelha representa a máxima excursão da pluma com concentração maior ou igual ao limite máximo instantâneo estabelecido na Resolução CONAMA N° 357/2005 para Coliformes Fecais em Águas Salinas de Classe 1 (2500 NPM/100ml). 56 Figura 27: Cenário em situação típica de Verão. Freqüência de excedência superior Coliformes Fecais. A isolinha externa mostra o enquadramento para Águas Salinas enquadramento para Águas Salinas de Classe 2 (2500 NPM/100ml) e a isolinha interna NPM/100ml). Esta macha demonstrada na figura seria o local com condições de a 20% dos limites estabelecidos na Resolução CONAMA N° 357/2005 para de Classe 1 (1000 NPM/100ml). A isolinha do meio mostra o limite do mostra o limite do enquadramento para Águas Salinas de Classe 3 (4000 balneabilidade insatisfatória. Obs.: Os detalhes não estão em escala. 57 Figura 28: Cenário em situação típica de Inverno. A linha vermelha representa a máxima excursão da pluma com concentração maior ou igual ao limite máximo instantâneo estabelecido na Resolução CONAMA N° 357/2005 para Coliformes Fecais em Águas Salinas de Classe 1 (2500 NPM/100ml). 58 Figura 29: Cenário em situação típica de Inverno. Freqüência de excedência superior a 20% dos limites estabelecidos na Resolução CONAMA N° 357/2005 para Coliformes Fecais. A isolinha externa mostra o enquadramento para Águas Salinas de Classe 1 (1000 NPM/100ml). A isolinha do meio mostra o limite do enquadramento para Águas Salinas de Classe 2 (2500 NPM/100ml) e a isolinha interna mostra o limite do enquadramento para Águas Salinas de Classe 3 (4000 NPM/100ml). Esta macha demonstrada na figura seria o local com condições de balneabilidade insatisfatória. Obs.: Os detalhes não estão em escala. 59 A simulação procedeu-se durante 2592000 segundos em lançamento contínuo de partículas, onde existiam valores de T 90 para cada período de uma hora do dia (3600 segundos), caracterizando um mês de modelagem numérica. A partir destes, nota-se que as máximas excursões da pluma de coliformes fecais com concentrações acima ou igual ao limite máximo instantâneo permitido pela legislação pertinente, foi maior no cenário de inverno do que no de verão. Esse fato está claramente associado às diferentes curvas de decaimento bacteriano. Uma vez que a formulação adotada para calcular esse parâmetro (como descrita por Carvalho et al., (2006)) tanto a incidência de radiação solar na superfície do mar quanto a temperatura da água do oceano são levadas em consideração. Quando analisado estas máximas excursões, associadas às isolinhas de porcentagem com excedência superior a 20% acima do limite permitido pela Resolução CONAMA N° 357/2005, nota-se que a máxima excursão, possivelmente pode estar associada às bactérias que foram lançadas ao final da tarde (pôr do sol), prolongando-se durante toda noite, período do dia em que aumenta drasticamente a sobrevida das bactérias. Pois os mapas de isolinhas demonstram a concentração considerada imprópria pela legislação durante um período de 80% do tempo simulado, onde estes apresentam distribuição espacial reduzida em relação à máxima excursão. As plumas bacterianas possuem sua maior excursão durante a noite, tocando ou atingindo proximidade com a costa, desta forma é possível identificar um risco eminente de contaminação da população, pois se trata de uma região com forte apelo turístico. Embora exista esse risco de contaminação, ele é minimizado, pois a estação onde a pluma alcançou maiores distâncias trata-se do inverno, o que diminui a ocupação da região (consequentemente a disposição de esgoto doméstico). É importante frisar que na área de estudo, há atuação de estratificação de densidade na coluna d’água, porém os resultados foram gerados sem considerar este fator, em virtude da limitação deste tipo de modelo (modelo barotrópico). Aliado a uma subestimação da energia de correntes, esta simulação pode não representar o verdadeiro padrão de distribuição espacial da pluma bacteriana. 60 6. Conclusão Para o cálculo do decaimento bacteriano foram utilizados valores constantes de espessura da pluma bacteriana, salinidade e temperatura da água. No entanto, este cálculo se mostrou eficiente, pois variou conforme os padrões mencionados na literatura, ou seja, aumentando a sobrevida bacteriana nos períodos noturnos e mais frios, e diminuindo ao longo do dia com o aumento gradativo de luminosidade e/ou temperatura. Os dados cedidos pela EPAGRI mostraram-se altamente confiáveis, já que tanto os dados de radiação solar, inseridos no cálculo de decaimento bacteriano, quanto a série de vento utilizada, foram satisfatórios, seguindo os mesmos moldes da literatura. A modelagem numérica mostrou-se bastante eficiente em representar a elevação da superfície livre, o que pode estar associado à robustez dos dados utilizados na condição de contorno, ou seja, a maré nos extremos do domínio modelado, permitindo calcular com precisão a defasagem da maré e transpor esses valores para cada nó do contorno aberto, no entanto é pouco eficiente para energia total das correntes. Essa falha pode estar associada à ausência de valores reais de rugosidade do fundo e batimetria desatualizada uma vez que estes parâmetros são importantes artifícios no processo de calibração do escoamento hidrodinâmico, ou à baixa densidade de pontos de série temporal de correntes, considerando que este modelo necessitou assimilar os dados de corrente obtidos junto a Praia dos Ingleses, para aumentar a proximidade do escoamento hidrodinâmico simulado com o real. Contudo, se houvesse uma maior abrangência de dados referentes a correntes marinhas, seria possível melhorar a validação dos dados de corrente. Por fim, conclui-se que diante dos resultados apresentados, o emissário submarino na Região do Campeche apresenta alguns pontos negativos para sua implantação, isso baseando-se na legislação pertinente (CONAMA N°357/2005), uma vez que a pluma de limite instantâneo permitido pela legislação alcançou à costa em determinados momentos. Mas vale ressaltar que para o correto dimensionamento do emissário submarino seria necessário proceder com o cálculo do modelo de campo próximo, uma vez que este processo é um importante agente na depuração dos coliformes fecais lançados no ambiente hídrico. Podendo assim, com o devido cálculo este emissário tornar-se viável para 61 esta região. Tornando-se-se necessário uma análise detalhada dos padrões hidrodinâmicos, ou simular novas alternativas de construção do emissário. O modelo utilizado apresentou limitações como a não inserção da estratificação da coluna de água, além de subestimar o escoamento hidrodinâmico, o que pode acarretar em uma distribuição espacial subestimada da pluma bacteriana, já que esta é fortemente influenciada pelos processos de advecção e difusão, tornando assim necessária uma análise meticulosa destes resultados. 62 7. Considerações Finais Quanto à validação do escoamento hidrodinâmico, o mesmo mostrou-se insatisfatório, pois o R² apresentado para os diagramas de dispersão das componentes não apresentaram boa correspondência. Tornando o modelo limitado em reproduzir a energia do ambiente, bem como a dispersão da pluma poluente. A fim de aprimorar os resultados de simulações futuras, sugere-se: Utilizar um modelo 3D para melhor representar o escoamento hidrodinâmico ao longo do domínio modelado, bem como inserir a presença de estratificações da coluna de água; Acoplar um modelo de ondas ao modelo de transporte. Já que este fenômeno possui significativa energia, o que favorece o transporte da pluma contaminante; Coletas simultâneas de dados meteo-oceanográficos, em vários pontos ao longo do domínio modelado, visando melhorar a calibração do modelo, que por sua vez melhorará a validação do mesmo; Acoplar ou utilizar os dados de um modelo de campo próximo ao modelo hidrodinâmico tri-dimensional, a fim de permitir uma melhor acurácia dos resultados de dispersão da pluma bacteriana. 63 Referências BLENINGER, T.; JIRKA, G. H. Naer-and-far-field model coupling methodology for wastewater discharges. Environmental Hydraulics and Sustainable Water Management, London, p.447-453, 2005. CARUSO JR, F. G. Mapa Geológico da Ilha de Santa Catarina. Textos Básicos de Geologia e Recursos Minerais de Santa Catarina. Textos e Mapa, escala 1:100.000. Notas Técnicas, Porto Alegre, n. 6, p. 28, Dez. 1993. CECO/UFRGS/DNPM. CARVALHO, J. L. B. 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