China das 18 Províncias
Carlos Eduardo Paulino
Rodolfo Navarro da Silva
Sudeste da China, uma das regiões mais populosas do mundo. Enfim
adentramos a China propriamente dita, pois em todos os artigos anteriores
tratamos da China exterior.
Devido à antiguidade – mais de 9 mil anos de núcleos populacionais –
esta região recebeu inúmeros nomes ao longo da história: China Original,
China propriamente dita, China Verdadeira, China Imperial, China das 18
Províncias, China das Monções, Planícies Chinesas, China do Leste, China do
Sudeste, Sudeste Chinês. Todos são nomes dessa região, que fizemos
questão de trazer ao leitor para que entenda que, no fundo, são sinônimos.
A região se estende da ilha de Hainan, no Golfo de Tonkim, até o rio
Amarelo (Hoang-Ho), e dos contrafortes do Himalaia, juntos aos montes
Taliang, Tsin Ling e Nan Shan, até o Mar da China Oriental, destacando-se,
claramente, as terras baixas dos vales dos rios Hoang-Ho, Yang-Tsé-Kiang e
Sikiang. Neste espaço vivem 1bilhão e 100 milhões de pessoas, um verdadeiro
“formigueiro humano”, com média superior a 500 hab./Km². E vale lembrar que
em Hong Kong a média é de 6.000 hab./Km².
Região
de
solos
excelentes,
com
chuvas
abundantes,
porém
concentradas no curto verão de quatro meses (de maio a agosto), e que por
isso mesmo podem ser catastróficas, como revela a história, ou mesmo
cataclísmicas, como ocorre no verão com os furacões, lá conhecidos como
‘Willy-Willies’.
Foi nessa região que nasceu e floresceu a civilização chinesa. Na
confluência dos rios Hoang-Ho e Wei-Ho, há cerca de 9.000 anos, apareceram
as primeiras concentrações humanas que superaram o nomadismo. Eram os
primeiros aglomerados Han. Os chineses originais, a etnia ‘amarela’, é
conhecida pelo nome Han. Eram gregários, sedentários, acreditavam em uma
religião que, aos olhos do ocidental, mais se parecia com filosofias.
A religião chinesa, é na verdade, o resultado de um sincretismo que se
coseu ao longo dos últimos 28 séculos, e revela muito o modo de ser e de
pensar desse povo único. Entre as crenças destacam-se o Taoismo, de LaoTsé, que contribuiu com a disciplina à qual o chinês está tão habituado, a
paciência de entender que nem sempre a vida está ao nosso favor, mas que
com o trabalho e estudo é possível se alcançar o objetivo almejado.
Gostamos muito de uma máxima taoista que diz: “O dia é imenso: dura
24 horas. Portanto, temos 8 horas para trabalhar, 8 horas para estudar e 8
horas para descansar”. É amplamente conhecido um dos símbolos do Taoismo
no mundo todo, que é o círculo preto e branco, simétrico e harmônico,
chamado Tai Chi Tu, composto pelos símbolos complementares chamados
Ying e Yang.
Este demonstra muito as ideias de paciência, disciplina, organização,
harmonia e do complementar, tão presente na natureza, e que nós, como parte
dela, deveríamos seguir, mas insistimos em contrariá-la e assim sofremos.
Lao-Tsé observava muito a natureza e entendia que ela era duradoura
exatamente por funcionar dentro de uma lei harmônica, e dizia que o galho foi
feito para curvar ante o vento e não o contrário, pois toda vez que o galho tenta
resistir ao vento este se parte e morre.
Assim, os mais novos devem se inspirar naqueles que deram certo, que
sabem o caminho, que já sofreram para que eles não sofressem. No entanto,
dentro de sua ingenuidade, arrogância e pretensão, os jovens continuam
desobedecendo ao mais forte, e desta forma ‘quebram’ e ‘morrem’. E, vale
lembrar, tudo isso foi dito sete séculos antes de Cristo!
Além no Taoismo, contribuíram para o pensamento chinês também o
Budismo e o Confucionismo, temas que abordaremos no próximo artigo.
Até a próxima viagem ao Império do Meio. Tenham sorte.
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