The Market Woman/Quitandeira by Agostinho Neto translated into English by Chandani Patel The market Much sun the market woman in the shade of the mulemba. — Orange, my lady excellent orange! The light plays in the city from lights to darks your hot game and life plays in distressed hearts the game of blind-man’s bluff. The market woman who sells fruit sells herself: — My lady Orange, excellent little orange! absorbed in the cotton threads that cover me; as effort was offered to the safety of the machines, to the beauty of the asphalted roads with buildings of various floors and to the comfort of rich gentlemen. To the happiness dispersed through cities and I I was getting confused with the very problems of existence. There will go the oranges as I offered myself to alcohol to anesthetize me and I handed myself over to religions to desensitize me and stunned me to live. Buy sweet oranges Buy me also the bitterness of this torture: life to crawl. I have given everything even though my pain and the poetry of my naked breast was entrusted to the poets. Buy me the childhood spirit that rose bud that didn’t open; beginning impelled still for a start. Now, I sell my own self. — Buy oranges, my lady! Ah! Orange, my lady! The smiles were exhausted With which I cried I don’t cry now. Bring me to the markets of Life. My price is unique: — blood. And there will go my hopes like the blood of my children went mixed in the dust of the streets buried in the plantations and my sweat 82 | ANAMESA — Orange, my lady excellent orange! Perhaps selling myself I possess myself. — Buy oranges! A quitanda Muito sol a quitandeira à sombra da mulemba. –– Laranja, minha senhora laranja boa! A luz brinca na cidade de claros e escuros o seu quente jogo e a vida brinca em corações aflitos o jogo da cabra-cega. A quitandeira que vende fruta vende-se: –– Minha senhora Laranja, laranjinha boa! Compra laranjas doces Compra-me também o amargo desta tortura: a vida a rastejar. Compra-me a infância de espírito este botão de rosa que não abriu; princípio impelido ainda para um início. Ah! Laranja, minho senhora! Esogtaram-se os sorrisos Com que chorava Eu já não choro. E aí vão as minhas esperanças como foi o sangue dos meus filhos amassado no pó das estradas, enterrado nas roças e o meu suor embedido nos fios de algodão que me cobrem; como o esforco foi oferecido à segurança das máquinas, à beleza das ruas asfaltadas, de prédios de vários andares e à comodidade de senhores ricos. À alegria dispersa por cidades e eu me fui confundindo com os próprios problemas da existência. Aí vão as laranjas como eu me ofereci ao álcool para me anestesiar e me entreguei às religiões para me insensibilizar e me atordoei para viver. Tudo tenho dado até mesmo a minha dor e a poesia dos meus seios nus entreguei-a aos poetas. Agora, vendo-me eu própria. –– Compra laranjas, minha senhora! Leva-me para as quitandas da Vida. O meu preço é único: –– sangue. –– Laranja, minha senhora laranja boa! Talvez vendendo-me eu me possua. –– Compra laranjas! THE CULTURE ISSUE | 83