Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Culturas Oleaginosas de Outono/Inverno e
Integração Lavoura/Pecuária como
Alternativas para Região Sul de Mato Grosso do Sul
18
Dirceu Luiz Broch1
Carlos Pitol2
Sidnei Kuster Ranno3
Ivye Mota Baes4
Odemar Mendonsa da Silva5
18.1. Introdução
A região Sul do estado de Mato Grosso do Sul caracterizada pelo domínio de um único
sistema de produção rural, a pecuária, enfrenta sérios problemas econômicos e sociais causados
pela ocorrência de focos de febre aftosa.
Com o objetivo de buscar alternativas de produção para esta região, o Ministério da
Agricultura Pecuária e do Abastecimento - MAPA efetuou um convênio com a Fundação MS para a
implantação de projetos que viabilizem alternativas econômicas para os produtores rurais,
principalmente os assentados e agricultores familiares, através de implementação, demonstração e
busca por inovações tecnológicas para o setor agrícola, tendo em vista que esta região possui solos
de boa fertilidade, com potencial de produção e clima favorável. O convênio constitui-se da
execução de um projeto para difundir tecnologias especificamente nos municípios: Mundo Novo,
Japorã, Iguatemi, Eldorado e Itaquiraí, com a implantação de campos demonstrativos com
Integração Lavoura-Pecuária e com a implementação de novas culturas oleaginosas, visando criar
alternativas econômicas para a região e o desenvolvimento do Programa Biodiesel.
A demanda de biodiesel a partir de culturas oleaginosas já é uma realidade, portanto o
cultivo destas plantas torna-se viável desde o princípio econômico até o social. Para tanto,
considera-se fundamental o desenho e a definição deste novo cenário, no tocante aos sistemas
produtivos, comercialização, etc.
Uma boa opção que pode ser inserida nos sistemas produtivos de outono/inverno e,
facilmente implementada em pequenas e médias propriedades, são as culturas oleaginosas visando
a produção de biodiesel como: Girassol, Crambe, Canola, Nabo Forrageiro.
Da mesma forma que estes novos sistemas produtivos trazem melhorias econômicas e
sociais para esta região, por serem alternativas de produção economicamentes viáveis quando
implantadas e conduzidas corretamente, consegue-se oferecer ao mercado um novo pólo produtor
de matéria-prima, que atenda esta nova demanda de óleo vegetal para produção de biodiesel.
18.2. Objetivos
Implantação de um sistema de “Integração Lavoura-Pecuária” com finalidade de criar
condições para o cultivo de plantas oleaginosas, visando a produção de Biodiesel, agregando novas
fontes de renda para a classe produtora viabilizando a agricultura e pecuária na região Sul do Mato
Grosso do Sul, afetadas pela febre aftosa.
Demonstração das tecnologias de produção e comportamento destas culturas através
de Dias de Campo, publicação de resultados de pesquisa e visitas técnicas a pequenos e médios
produtores rurais e assentados.
1
4
2
5
Engº Agrº M. Sc. (CREA 80130/D-RS - Visto 8018/MS) Pesquisador da FUNDAÇÃO MS.
Engº Agrº (CREA 42784/D-RS - Visto 2392-MS) Pesquisador da FUNDAÇÃO MS.
3
Engº Agrº M. Sc. (CREA 130898/D - Visto 12.776 /MS) Pesquisador da FUNDAÇÃO MS.
Engª Agrª Pesquisadora da FUNDAÇÃO MS.
Técnico Agrícola (CREA 8057/TD )da FUNDAÇÃO MS.
183
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Os trabalhos foram conduzidos nos municípios de Mundo Novo/MS, Eldorado/MS, Japorã/MS, Itaquiraí/MS e Iguatemi/MS,
com área experimental de 05 hectares cada. A primeira etapa consiste na avaliação de culturas oleaginosas de outono/inverno para
produção de óleo vegetal e também como rotação de culturas no preparo do solo para as culturas de verão (soja e milho). A segunda etapa
do projeto consiste na demonstração e difusão do sistema de “Integração Lavoura-Pecuária” para cada processo de produção introduzindo
novas culturas, com viabilidade econômica e social. Implantação da cultura do Pinhão Manso como complementação de renda em
pequenas propriedades, que podem se utilizar de tratos culturais e colheita pela mão-de-obra familiar.
18.3. Avaliação de culturas oleaginosas para produção de biodiesel
18.3.1. Metodologia
Girassol
Data de Plantio 10/04 e 29/04/2007
Data de Colheita 02/08 a 04/09/2007
Data de Plantio 10/04 e 29/04/2007
Data de Colheita 14/08 a 04/09/2007
Data de Plantio 09/04 e 28/04/2007
Data de Colheita 02/08 a 04/09/2007
Data de Plantio 10/04 e 29/04/2007
Data de Colheita 01/08 a 04/09/2007
Data de Plantio 10/04 e 29/04/2007
Data de Colheita 15/08 a 04/09/2007
Girassol
Espaçamento
Sistema de plantio
Cultura anterior
Tratam. de sementes
Tamanho da parcela
Tam. parcela colhida
Adubação de plantio
Adubação cobertura
75 cm
Plantio direto mecanizado
Soja
Standak + Derosal
8 linhas de 50m x 0,75m
2 linhas x 5m x 0,75m
-1
400 kg.ha 08-20-20
-1
200 kg.ha 21-00-00+
-1
20 kg.ha Boro
Número de repetições 03
Crambe
Canola
Mundo Novo-MS
29/04/2007
04/09/2007
Eldorado-MS
01/05/2007
04/09/2007
Japorã-MS
28/04/2007
04/09/2007
Itaquiraí-MS
03/05/2007
04/09/2007
Iguatemi-MS
02/05/2007
04/09/2007
Nabo Forrageiro
29/04/2007
02/10/2007
29/04/2007
02/10/2007
01/05/2007
02/10/2007
01/05/2007
02/10/2007
28/04/2007
02/10/2007
28/04/2007
02/10/2007
03/05/2007
02/10/2007
03/05/2007
02/10/2007
02/05/2007
02/10/2007
02/05/2007
02/10/2007
Crambe
Canola
Nabo Forrageiro
21 cm
Plantio direto mecanizado
Soja
Standak + Derosal
3 linhas de 40m x 0,20m
3 linhas de 5m x 0,20m
380 kg.ha-1
-
21 cm
Plantio direto mecanizado
Soja
Standak + Derosal
3 linhas de 40m x 0,20m
3 linhas de 5m x 0,20m
380 kg.ha-1
-
21 cm
Plantio direto mecanizado
Soja
Standak + Derosal
3 linhas de 40m x 0,20m
3 linhas de 5m x 0,20m
380 kg.ha-1
-
03
03
03
Tabela 18.1. Descrição dos tratamentos, culturas, cultivares e metodologia de implantação nos campos demonstrativos e experimentais conduzidos nos
municípios de Mundo Novo, Eldorado, Japorã, Itaquiraí e Iguatemi. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Tratamento
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
2.0
3.0
4.0
184
Cultura/Variedade
Girassol/Híbrido Morgan 734
Girassol/Híbrido Atlântica Aguara
Girassol/Híbrido Morgan MG2
Girassol/Híbrido Embrapa 122
Girassol/Híbrido Catisol 1
Nabo Forrageiro Gigante/NFG-FMS
Canola/Hyola 401
Crambe/Cultivar FMS Brilhante
Densidade
-1
4,0 Kg.ha
-1
4,0 Kg.ha
4,0 Kg.ha-1
4,0 Kg.ha-1
4,0 Kg.ha-1
-1
12,0 kg.ha
-1
4,0 kg.ha
15,0 kg.ha-1
Sementes/m
Profund. Semente
4a5
4a5
4a5
4a5
4a5
25
5
30
2,5 a 3,0 cm
2,5 a 3,0 cm
2,5 a 3,0 cm
2,5 a 3,0 cm
2,5 a 3,0 cm
2,5 a 3,0 cm
2,5 a 3,0 cm
2,0 a 4,0 cm
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
18.3.2. Resultados e discussão
Mundo Novo/MS
Tabela 18.2. Produtividade das culturas/cultivares (kg.ha-1) conduzidas no campo demonstrativo e experimental do município de Mundo Novo/MS, região sul do
Estado de Mato Grosso do Sul. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Tratamento
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
2
3
4
Cultura/Variedade
Girassol Morgan 734
Girassol Atlantica Aguara
Girassol Morgan MG2
Girassol Embrapa 122
Girassol Catisol 1
Nabo forrageiro NFG-FMS
Canola/Hyola 401
Crambe FMS Brilhante
A
Repetições (kg.ha-1)
B
C
Média
Kg.ha-1
2389,0
1663,0
2269,0
1697,0
2011,0
532,0
1472,0
2342,0
2345,0
1782,0
2268,0
1869,0
1622,0
945,0
2567,0
2267,0
1461,0
2435,0
2577,0
1569,0
1916,0
1052,0
2288,0
2239,0
2065,0
1960,0
2371,3
1711,6
2076,0
843,0
2109,0
2283,0
Eldorado/MS
Tabela 18.3. Produtividade das culturas/cultivares (kg.ha-1) conduzidas no campo demonstrativo e experimental do município de Eldorado/MS, região sul do Estado
de Mato Grosso do Sul. FUNDAÇÃO MS, 2008.
-1
Tratamento
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
2
3
4
Cultura/Variedade
Girassol Morgan 734
Girassol Atlantica Aguara
Girassol Morgan MG2
Girassol Embrapa 122
Girassol Catisol 1
Nabo forrageiro NFG-FMS
Canola/Hyola 401
Crambe FMS Brilhante
A
Repetições (kg.ha )
B
C
Média
-1
Kg.ha
1165,0
499,0
1339,0
822,0
791,0
1506,0
974,0
634,0
691,0
738,0
680,0
1436,0
835,0
698,0
1033,0
421,0
1268,0
1630,0
991,0
610,0
1021,0
660,0
913,0
1524,0
* Não houve colheita de canola e nabo forrageiro devido ao grande período de estiagem.
Japorã/MS
Tabela 18.4. Produtividade das culturas/cultivares (kg.ha-1) conduzidas no campo demonstrativo e experimental do município de Japorã/MS, região sul do Estado
de Mato Grosso do Sul. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Tratamento
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
2
3
4
Cultura/Variedade
Girassol Morgan 734
Girassol Atlantica Aguara
Girassol Morgan MG2
Girassol Embrapa 122
Girassol Catisol 1
Nabo forrageiro NFG-FMS
Canola/Hyola 401
Crambe FMS Brilhante
A
Repetições (kg.ha-1)
B
C
Média
Kg.ha-1
1493,0
1040,0
1384,0
697,0
1051,0
1314,0
1353,0
1384,0
1539,0
1342,0
760,0
746,0
1385,0
1752,0
903,0
1903,0
1461,0
793,0
717,0
1254,0
1632,0
1260,0
1494,0
1395,0
750,0
838,0
1317,0
1579,0
* Não houve colheita de canola e nabo forrageiro devido à desuniformidade de maturação e ao déficit hídrico.
185
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Itaquiraí/MS
Tabela 18.5. Produtividade das culturas/cultivares (kg.ha-1) conduzidas no campo demonstrativo e experimental do município de Itaquiraí/MS, região sul do Estado
de Mato Grosso do Sul. FUNDAÇÃO MS, 2008.
-1
Tratamento
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
2
3
4
Cultura/Variedade
Girassol Morgan 734
Girassol Atlantica Aguara
Girassol Morgan MG2
Girassol Embrapa 122
Girassol Catisol 1
Nabo forrageiro NFG-FMS
Canola/Hyola 401
Crambe FMS Brilhante
A
Repetições (kg.ha )
B
C
Média
-1
Kg.ha
905,0
1062,0
1206,0
693,0
1269,0
1183,0
1701,0
1448,0
744,0
993,0
828,0
982,0
855,0
1189,0
1347,0
1344,0
473,0
698,0
816,0
1003,0
578,0
1080,0
973,0
1370,0
707,0
917,0
950,0
892,0
900,0
1150,0
1340,0
1387,0
Iguatemi/MS
Tabela 18.6. Produtividade das culturas/cultivares (kg.ha-1) conduzidas no campo demonstrativo e experimental do município de Iguatemi/MS, região sul do Estado
de Mato Grosso do Sul. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Tratamento
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
2
3
4
Cultura/Variedade
Girassol Morgan 734
Girassol Atlantica Aguara
Girassol Morgan MG2
Girassol Embrapa 122
Girassol Catisol 1
Nabo forrageiro NFG-FMS
Canola/Hyola 401
Crambe FMS Brilhante
A
Repetições (kg.ha-1)
B
C
Média
Kg.ha-1
1006,0
891,0
1274,0
890,0
941,0
1060,0
1841,0
2216,0
1283,0
1254,0
1380,0
858,0
794,0
816,0
1998,0
2461,0
724,0
1055,0
1040,0
925,0
823,0
1081,0
1447,0
2293,0
1004,0
1066,0
1231,0
891,0
852,0
985,0
1762,0
2323,0
As melhores produtividades foram obtidas nos municípios de Mundo Novo, Japorã e Iguatemi. Em Itaquiraí e Eldorado foram
obtidas produtividades menores. Os fatores que influenciaram nestes resultados foram principalmente as variações da precipitação
pluviométrica no decorrer das fases de desenvolvimento das culturas e do nível de fertilidade do solo.
Na avaliação entre culturas, o crambe apresentou os resultados mais satisfatórios, seguido da canola, do girassol e do nabo
forrageiro. Sabendo que estas culturas apresentam diferentes exigências de fertilidade, tolerância à acidez do solo e ao déficit híbrico, o
desempenho das mesmas sofreu variações de acordo com seu potencial produtivo e condições de cultivo.
O crambe por ser uma cultura de ciclo curto, tolerante à acidez do solo e falta de umidade (comum nesta época do ano),
apresentou boa estabilidade e rendimentos de produção.
A canola (híbrido da colza) apresentou boa produtividade, no entanto, por apresentar um custo de produção elevado, estes
níveis de produção podem não estimular o seu cultivo, apesar de que em condições de alta fertilidade, espera-se maiores produtividades.
O nabo forrageiro, uma cultura muito importante como cobertura e melhoradora do solo, é muito tolerante à acidez e baixa
fertilidade do solo. Os resultados obtidos estão de acordo com o seu potencial produtivo, que de certa forma é limitado. Portanto, esta
cultura deve ser empregada como uma alternativa para áreas onde as culturas mais exigentes enfrentam limitações devido à baixa
fertilidade do solo.
18.3.3. Considerações finais
Os resultados de produção das culturas implantadas nos cinco locais demonstram a viabilidade técnica de cultivo na região Sul
de Mato Grosso do Sul, ressalvadas as diferentes exigências técnicas de cada uma delas. Neste período de outono/inverno, estas culturas
portaram-se como alternativa de produção muito interessante, no que diz respeito à época de plantio, ciclo de maturação e colheita e
potencial produtivo de grãos e óleo.
O cultivo destas culturas estará relacionado à expansão da agricultura na região, ao desenvolvimento de sistemas de
produção que as incluam e à sua viabilidade econômica para o produtor.
186
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
18.4. Integração lavoura-pecuária, um sistema de produção sustentável
18.4.1. Introdução
O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária na região Centro-Oeste surgiu no município de Maracaju (MS), nas propriedades
dos produtores Ake B. van der Vinne e Krijn Wielemarker no ano de 1989. Oriundos do sul do país, os dois agricultores tornaram-se adeptos
do sistema plantio direto na palha que estava iniciando por lá. Queriam de toda a forma introduzir o sistema em suas propriedades, mas o
grande desafio era fazer rotação de culturas e obter palhada, que são dois princípios básicos para o sucesso do sistema plantio direto na
palha. Eles tinham em suas propriedades parte da área com atividade pecuária, onde as pastagens de Brachiaria decumbens e Brachiaria
brizantha foram formadas após a correção da acidez e fertilidade do solo e o cultivo de soja e milho. Ao perceberem que as pastagens
poderiam ser a alternativa para fazer ao mesmo tempo rotação de culturas e a produção de palha, fizeram o 1o plantio direto de soja sobre
pastagem.
Surgiu inicialmente pela necessidade de fazer rotação de culturas com a soja, pois na região Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso do Sul, devido à alta temperatura noturna e à ocorrência de veranicos, a cultura do milho verão era de alto risco. Outra necessidade
era a produção de palha para o plantio direto da soja. As plantas forrageiras, principalmente Brachiaria decumbens e B. brizantha, Panicum
maximum cv. Tanzânia, produzem uma maior quantidade de palha, com maior estabilidade (duração), e por um período maior de tempo,
ficando o solo sempre coberto e protegido.
Hoje em dia, além da cobertura do solo para o plantio direto na palha e da rotação de culturas que beneficiam diretamente a
agricultura, a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é utilizada para recuperar e/ou renovar pastagens degradadas, pois o retorno do capital
investido é mais rápido, uma vez que após 4 meses do plantio ocorre a colheita e a comercialização da soja, e o fertilizante químico residual
e o nitrogênio fixado pela soja produzem uma pastagem de alto vigor e valor nutritivo. Assim sendo, com a agricultura na propriedade,
possibilita-se ter uma pecuária eficiente e lucrativa.
A integração esta sendo utilizada em várias regiões do país, mas numa adesão aquém do necessário e do esperado. Isto se
deve ao fato de que o pecuarista possui a maioria das áreas com pastagem e faz uma pecuária extensiva, extrativista e de baixo
investimento, pois está em sua cultura fazer pouco investimento na atividade. Outro fator que limita a velocidade de adesão, é o alto valor
inicial necessário para a correção da acidez e da fertilidade do solo, compra de máquinas, falta de crédito e de seguro agrícola.
18.4.2. Conceitos
Para melhor entender significado da Integração Lavoura-Pecuária estão relacionados a seguir alguns conceitos sobre o tema:
1 - É ter a propriedade voltada para a produção de grãos e carne simultaneamente;
2 - É ter as atividades agrícola e pecuária de forma programada, onde uma atividade beneficia a outra e ambas beneficiam o
produtor rural, o solo e o meio ambiente;
3 - São sistemas de produção de carne, leite, grãos, fibras ou agroenergia, produzidos em consórcios, sucessão ou rotação na
mesma área, buscando efeitos sinérgicos ou complementares para a sustentabilidade do agronegócio.
18.4.3. Benefícios da Integração Lavoura-Pecuária
Benefícios da agricultura (soja) para pecuária
- Retorno mais rápido do capital investido na correção do solo;
- Recuperação da produtividade da pastagem;
- Fornecimento de nutrientes para a pastagem;
- Possibilita a semeadura de pastagens (aveia, milheto,pé-de-galinha, sorgo, etc.) para alimentação animal na entressafra da
soja, época crítica para a pecuária (abril a setembro);
- Facilita a troca de espécie forrageira;
- Rotação de culturas.
187
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Benefícios da pecuária (pastagem) para agricultura
· Recuperação das características físicas do solo (descompactação e estrutura);
· Aumento no teor de matéria orgânica e da atividade biológica do solo;
· Aumento na capacidade de armazenamento de água no solo;
· Cobertura de solo para o plantio direto;
· Rotação de culturas para a soja, diminuindo a ocorrência pragas e doenças.
Benefícios da Integração Lavoura-Pecuária
· Aumento da produção de grãos e carne;
· Melhora e conservação da fertilidade do solo;
· Maior estabilidade econômica;
· Maior sustentabilidade;
- Valorização pessoal, profissional e da propriedade.
18.4.4. Etapas para o sucesso da Integração Lavoura-Pecuária
Conscientização
A primeira etapa para o sucesso da Integração Lavoura-Pecuária é a conscientização do pecuarista e do agricultor para o tal
fato. Desta forma, é imprescindível o conhecimento dos benefícios da agricultura para a pecuária, da pecuária para a agricultura e da
Integração Lavoura-Pecuária, os quais foram apresentados anteriormente.
Informações sobre o tema
Hoje em dia, mais do que nunca, para se obter sucesso no empreendimento é fundamental conhecer os fatores de produção, as
tecnologias para obter os bons resultados. Por isso é fundamental o acompanhamento de um técnico especializado no sistema que possa
auxiliar o produtor.
Levantamento detalhado da características do solo
Levantar informações a respeito da área aonde se irá trabalhar com a tecnologia, tais como:
a) Características Químicas
· histórico da área;
· análise completa do solo nas profundidades de 0-20 cm e de 20-40 cm;
b) Características Físicas
- textura do solo;
· erosão (laminar, sulco ou voçorocas) e trilheiros;
· arbustos, troncos, raízes, tocos e pedras;
· compactação do solo.
Caso houver impedimentos químicos e/ou físicos para a realização do plantio direto da soja na recuperação da pastagem
degradada, deve-se fazer a adequação do solo através do preparo convencional, de preferência no mínimo seis meses antes do plantio da
soja. Com isso, elimina-se o impedimento físico e se necessário os químicos (principalmente a acidez) através da incorporação do calcário e
gesso. Após estes procedimentos, a pastagem forma-se novamente pela sementeira que estava no solo ou pode-se utilizar sementes de
pastagens de Brachiaria ruziziensis ou Brachiaria decumbens ou Panicum maximum cv. Tanzânia, misturadas com sementes de aveia,
milheto ou sorgo forrageiro. Deixa-se o gado pastejar de 3 a 12 meses, retira-se os animais no mês de setembro, desseca-se a rebrota das
pastagens e faz-se o plantio direto da soja com segurança nos meses de outubro a novembro.
Manejo da pastagem
Deve-se manejar a pastagem de forma correta, para que no momento da dessecação a planta forrageira esteja apta para
absorver o herbicida de manejo possibilitando o seu controle (morte), e após permitir a operacionalidade do plantio. Para que isto ocorra é
necessário manejar corretamente a pastagem com os animais, rebaixando-a a mais ou menos 15 cm de altura e que esta apresente intenso
vigor vegetativo por ocasião da aplicação dos herbicidas. A falta ou excesso de palha é prejudicial para a obtenção de boas produtividades
da soja, por isso o manejo adequado da pastagem antes da dessecação e plantio da soja é fator fundamental.
Dessecação da pastagem
Após o manejo adequado, aplicar o herbicida glyphosate ou sulfosate na dose de 4,0 l/ha com antecedência mínima de 7 dias
da semeadura. Geralmente se aplica de 15 a 25 dias antes da semeadura da soja, sendo que, quanto maior a altura das pastagem, maior
deverá ser o período entre a 1ª dessecação e a semeadura da soja. A 2ª aplicação geralmente é feita de 1 a 2 dias antes da semeadura, ou no
188
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
máximo até três dias após, com o objetivo de eliminar rebrotas e plantas provenientes da sementeira do solo, com glyphosate ou sulfosate
na dose de 1,5 a 2,5 l/ha, dependendo da espécie forrageira e da intensidade de rebrota da mesma. Para a Brachiaria humidícula e Paspalum
notatum (grama mato grosso ou batatais) usar na 1ª aplicação glyphosate ou sulfosate, na dose de 4,0 a 5,0 l/ha, e na 2ª aplicação na dose
de 2,0 a 3,0 l/ha, adicionando-se 1,0 l/ha de Assist.
Atualmente, a tecnologia da soja Roundup Ready (soja tolerante ao glifosato) facilitou muito o controle das pastagens,
aumentando a segurança no plantio direto da soja sobre pastagens na Integração Lavoura-Pecuária.
Fertilidade do solo
Em termos de fertilidade do solo, é óbvio, que quanto mais fértil for o solo, maior será o sucesso no sistema de Integração
Lavoura-Pecuária, ou seja, maior será a produção de grãos e carne. No entanto, a realidade das pastagens é outra, pois só no Cerrado
encontram-se em torno de 30 milhões de hectares de pastagem degradadas e destas mais de 60% do solo está ácido e com baixa fertilidade
pelo fato da atividade pecuária ser feita de forma extrativista. Assim, o gargalo para a recuperar pastagens degradadas em plantio direto
está na fertilidade do solo. A FUNDAÇÃO MS pesquisando o sistema há mais de 12 anos, procurou responder a seguinte questão: até que
níveis de acidez e fertilidade do solo pode-se entrar recuperando pastagem com o plantio direto da soja? Os resultados de vários trabalhos
realizados pela FUNDAÇÃO MS podem-se responder parte desta questão. É possível recuperá-las em plantio direto, com níveis de
fertilidade menores do que se imaginava inicialmente, bastando aplicar uma dose correta de calcário e gesso na superfície e uma dose
adequada e equilibrada de nutrientes no sulco de plantio. Mas sempre se deve levar em consideração qual é o objetivo da propriedade, ou
seja, ter uma agropecuária de baixa, média ou alta produtividade? Pois a correção da acidez do solo e dos níveis adequados dos nutrientes,
são fatores primordiais para atingir o objetivo almejado. Para maior chance de sucesso é bom considerar algumas situações: a) Áreas de
média a boa fertilidade que já estão no processo de integração lavoura-pecuária: em termos de fertilidade do solo não há restrição, basta
apenas tomar cuidado com os nutrientes mais limitantes, procurando aplicá-los numa dose certa e equilibrada que a produtividade
certamente será alta; b) Áreas de baixa a média fertilidade que outrora foram cultivadas com soja: tomando-se os cuidados citados
anteriormente, a chance de sucesso será alta, uma vez que já foi introduzido Bradyrhizobium japonicum no solo, e não havendo problemas
climáticos, consegue-se uma produtividade em torno de 50 sc.ha-1 já no primeiro ano de plantio direto sobre a pastagem degradada; c)
Áreas de baixa a média fertilidade e virgens à cultura da soja: deve-se triplicar os cuidados, pois o que vai limitar a produtividade da soja no
primeiro ano de plantio será a fixação biológica do nitrogênio. Nesta situação além dos cuidados citados anteriormente deve-se utilizar 4
doses de inoculante/50 kg de sementes para tentar garantir uma boa nodulação com estirpes eficientes na fixação biológica do nitrogênio,
e de preferência não utilizar fungicida via semente. Portanto, deve-se escolher sementes de soja de boa germinação e vigor e sem
problemas fitossanitários; d) Áreas de baixa fertilidade, onde se encontram impedimentos químicos e/ou físicos: recomenda-se que, no
mínimo seis meses antes do plantio da soja, se faça a adequação do solo através do preparo com grade pesada, eliminando cupins,
arbustos, tocos, voçorocas, etc., aproveita-se nesta ocasioão para incorporar os corretivos de acidez e fertilidade do solo. Após estes
procedimentos, a pastagem forma-se novamente pela sementeira que estava no solo ou pode-se utilizar sementes de pastagens de
Brachiaria ruziziensis, Brachiaria decumbens ou Panicum maximum cv. Tanzânia, misturadas com sementes de aveia, milheto ou sorgo
forrageiro, deixa-se o gado pastar de 3 a 12 meses, retira-se os animais no mês de setembro, desseca-se a rebrotas das pastagens e faz-se
o plantio direto da soja com segurança nos meses de outubro a novembro.
Semeadora
Para garantir uma boa semeadura da soja sobre pastagem, é fundamental a escolha de semeadora com chassi reforçado, com
equipamentos que possibilitem distribuição uniforme das sementes e do adubo. É importante que a semeadora apresente opcionais como
por exemplo: kit com disco de corte e sulcador (facão ou botinha) afastado, kit com disco de corte e sulcador com sistema guilhotina, e kit
com disco de corte e disco desencontrado ou defasado, pois, para cada situação de solo onde envolve textura, quantidade de palha,
compactação e fertilidade, tem um kit (sistema) que melhor se adapta. Por exemplo: solo compactado na superfície, com pouca palha e
deficiente principalmente em fósforo, é fundamental o uso do kit com disco de corte e facão afastado, pois o mesmo permite descompactar
o solo e aplicar o fertilizante (fósforo) em profundidade (9 –15 cm). Em situação de solo fértil e que apresente também bastante palha, o kit
com sistema disco de corte e guilhotina ou disco desencontrado ou defasado, possibilita uma semeadura mais eficiente. Outro cuidado
fundamental para o sucesso do sistema é em relação à velocidade de plantio, pois o solo encontra-se com a superfície irregular e
compactada, devido ao pisoteio dos animais. Por isso a velocidade de plantio tem que ser menor (4 a 5 km/hora) do que num plantio direto
tradicional sobre palhada de aveia, milheto ou milho safrinha. Esta menor velocidade de plantio possibilita uma distribuição uniforme das
sementes, aplicação de adubo em profundidade no sulco de plantio e melhor contato semente solo.
Deve-se saber que nestas condições o trator gasta de 10 a 15% a mais de potência.
Clima e infra-estrutura necessários para a atividade agrícola
· Boa distribuição hídrica;
· Máquinas e equipamentos (trator, semeadora, pulverizador, etc.)
· Estradas de acesso;
· Capital necessário para conduzir a atividade.
189
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Informações adicionais sobre o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária
A compactação do solo sob pastagem é superficial (até 8,0 cm) e temporária. Tomando certos cuidados no plantio, não trás
problema para o desenvolvimento da cultura da soja, pois na linha de plantio, a descompactação é feita pelo disco de corte e sulcador, e
após a morte e decomposição do sistema radicular das plantas forrageiras ocorre a formação de vários canais permitindo a infiltração de
água, ar e o deslocamento de nutrientes em profundidade, descompactando naturalmente o solo. Abaixo dos 8,0 cm superficiais, o solo
encontra-se descompactado pela abundância e agressividade do sistema radicular e ausência de pé de grade.
A maior mudança que ocorre neste sistema em comparação ao plantio direto sobre coberturas tradicionais (aveia, milheto,
trigo, milho safrinha), diz respeito à relação C:N e à alelopatia. A palhada destas plantas forrageiras apresentam alta relação C:N, chegando
a mais de 120:1. Esta alta relação C:N associada a um déficit hídrico no período que vai da dessecação da pastagem até 25 dias após a
emergência da soja, ocasiona um grande déficit de nitrogênio no solo. Isto ocorre porque o nitrogênio fica imobilizado pelos microrganismos
do solo e a falta de umidade atrasa o processo de decomposição da matéria orgânica e conseqüentemente a liberação de nitrogênio e
demais nutrientes ao solo. Por outro lado, não se tem dados de pesquisa que comprovam o efeito da alelopatia (substâncias excretadas
principalmente pelas raízes) ocasionado pelas plantas forrageiras sobre o desenvolvimento da soja. Entretanto, atribui-se também a
alelopatia e não somente a relação C:N, o fato que em certas ocasiões, principalmente no plantio direto da soja sobre B. brizantha
(braquiarão) quando ocorre demora na morte da planta forrageira, aliado ainda à baixa precipitação no período que vai entre a dessecação
até o estádio V4 ( 25 dae), a soja apresenta um desenvolvimento inicial lento e demora em fechar as entrelinhas. Em situações onde a
dessecação foi bem eficiente e boa precipitação pluviométrica neste período, possivelmente a água da chuva lava e/ou dilui estas
substâncias alelopáticas, e o desenvolvimento da soja é normal.
Ao se comparar o desenvolvimento inicial da soja em plantio direto após vários anos de pastagem, com o plantio convencional
na mesa situação, verifica-se que este último, geralmente proporciona um maior desenvolvimento inicial, principalmente quando não se usa
uma correta adubação no sulco de plantio no sistema plantio direto, onde se inclui solubilidade do fósforo e uma dose de nitrogênio para
arranque. Isto porque no sistema convencional ocorre a incorporação da matéria orgânica, aumentando a velocidade de decomposição e
mineralização desta, liberando nutrientes ao solo (principalmente nitrogênio e fósforo), como também diminuem possíveis efeitos
alelopáticos. Mas este maior desenvolvimento inicial da soja não significa maior produtividade.
Para evitar tais problemas recomenda-se: 1) manejar corretamente a pastagem com os animais num período anterior à
dessecação para diminuir a quantidade de palha sobre a superfície do solo, pois o excesso de palha neste sistema traz mais problemas que
benefícios; 2) dar um intervalo maior entre a dessecação da pastagem e plantio da soja (10 a 30 dias), possibilitando o estreitamento da
relação C:N e lavagem de possíveis substâncias alelopáticas.
No plantio direto da soja sobre pastagem de vários anos verifica-se que ao se semear a soja no início do período recomendado
com cultivares de ciclo precoce, a colheita da soja se dá no final do mês de fevereiro e início do mês de março, ocorrendo logo a seguir a
formação espontânea da pastagem pela sementeira que estava no solo. Este é um fator importante no processo de integração, uma vez que
em tono de 80 dias após a colheita da soja, tem-se uma pastagem de excelente qualidade a custo zero, na época mais crítica do ano, ou seja,
nos meses de junho, julho e agosto. Entretanto, ao se utilizar cultivares de ciclo médio, cuja colheita acontecerá após 10 a 20 de março, não
há uma boa formação da pastagem proveniente das sementes que estavam no solo, ocorrendo somente no início da regularização das
chuvas (setembro a outubro). Neste caso, recomenda-se após a colheita da soja o plantio direto de aveia, milheto ou sorgo forrageiro para
garantir a produção de forragem para os animais.
No sistema de integração não há uma regra definida para estabelecer o tempo que o agropecuarista ficará com soja ou
pastagem na mesma área, pois isto depende da realidade e objetivos de cada produtor, bem como do preço de mercado atual de grãos e da
carne, e do tamanho da área com pastagens degradadas que se tem para recuperar. Contudo, cabe algumas sugestões: a) em áreas de
baixa à média fertilidade, é interessante se cultivar soja por um período mínimo de três anos, com o objetivo de elevar os níveis de
fertilidade do solo e obter o retorno mais rápido do capital investido, uma vez que a cada seis meses, é possível se produzir e comercializar
grãos; b) permanecer com pastagem por um período de 1,5 a 3 anos, pois a pastagem se degrada muito rapidamente. Segundo dados
obtidos na fazenda Cabeceira de propriedade do Sr Ake B. van der Vinne, em uma pastagem formada após 3 anos de soja em solo fértil,
obteve-se no primeiro ano o ganho de 25 @ de carne/ha/ano, no segundo ano o ganho foi de 15 @ de carne/ha/ano, no terceiro ano 9 @ de
carne/ha/ano e no quarto ano 4 @ de carne/ha/ano, tendo uma redução no potencial produtivo da pastagem em tono de 40 %/ano. Por ser
produzida em solo fértil, fica claro que o maior motivo para a redução drástica no potencial produtivo da pastagem é a falta de nitrogênio.
No sistema Integração Lavoura-Pecuária, o retorno com pastagem definitiva que permanecerá com pecuária num período de
1,5 a 3,5 anos, geralmente ocorre no final do mês de fevereiro e/ou início do mês de março, após a colheita da soja de cultivar precoce.
Deve-se dar preferência para a formação da espécie forrageira isolada e não em consórcio com milho safrinha, milheto ou aveia, pois isto
garante uma formação melhor e mais rápida, e utilizar em torno de 600 pontos de VC/ha. As espécies forrageiras mais indicadas são:
Brachiaria brizantha cv. xaraés (MG 5); Panicum maximum cv. Tanzânia; Panicum maximum cv. Aruana e Brachiaria ruziziensis
(permanência de 1,5 anos) . Recomenda-se semeadura com semeadora no espaçamento de 17 a 21 cm e profundidade de 1,5 a 2,5 cm, a
utilização de rolo compactador para melhorar o contato das sementes com o solo, possibilitando melhor absorção de umidade pelas
sementes e conseqüentemente melhor germinação e formação das pastagens.
190
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
18.5. Efeito de doses de fertilizantes sobre a produtividade da soja no sistema de ILP - Safra 2007/08
18.5.1. Objetivos
O presente trabalho foi desenvolvido durante a safra 2007/2008 em parceria entre FUNDAÇÃO MS e MAPA.
O objetivo do mesmo foi a resposta da soja a níveis crescentes de adubação no sistema de integração Lavoura-Pecuária e
definir os níveis de adubação para a soja cultivada neste sistema.
18.5.2. Material e métodos
Local e características do solo
Os experimentos foram conduzidos a campo em cinco municípios na Região Sul do estado de Mato Grosso do Sul, sendo eles:
Eldorado (Faz. Laguna), Mundo Novo (Faz. Silvestre II), Iguatemi (Faz. Estrada Velha), Itaquiraí (Faz. Itaquiraí) e Japorã (Faz. II Irmãos) em
solos de textura arenosa, sob pastagem degradada com teores baixos de macro e micronutrientes.
Em 2007, previamente a implantação do experimento, o solo do local apresentava-se coberto por palhada de Brachiaria e os
resultados das análises químicas e físicas do solo dos locais em que foram instalados os experimentos estão apresentados na Tabela 18.7,
abaixo. Para a determinação dos teores de nutrientes no solo antes da instalação do experimento coletaram-se 10 subamostras na gleba
onde estava prevista a instalação do ensaio constituindo uma amostra composta para o experimento.
Tabela 18.7. Estado inicial de fertilidade do solo na camada de 0-20 e 20-40 cm, previamente à instalação dos experimentos. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Atributos
pH CaCl2
pH H2O
M.O g.dm-3
-3
P(M-1) mg.dm
P(Res.) mg.dm-3
-3
K cmol.dm
-3
Ca cmol.dm
Mg cmol.dm-3
-3
Al cmol.dm
-3
H+Al cmol.dm
SB cmol.dm-3
-3
CTC cmol.dm
V (%)
Rel Ca/Mg
Sat K (%)
Sat Ca (%)
Sat Mg (%)
Sat H (%)
Sat Al (%)
S mg.dm-3
-3
Fe mg.dm
-3
Mn mg.dm
-3
Cu mg.dm
-3
Zn mg.dm
-3
B mg.dm
Areia (%)
Silte (%)
Argila (%)
Eldorado
0-20 20-40
5,42
6,04
1,88
4,49
3,44
0,10
1,75
0,90
0,00
1,77
2,75
4,52
60,84
1,94
2,21
38,72
19,91
39,16
0,00
4,34
155,12
90,28
1,38
2,87
0,29
75,0
3,0
22,0
4,89
5,48
0,65
1,83
1,81
0,04
0,90
0,35
0,14
2,12
1,29
3,41
37,81
2,57
1,17
26,38
10,26
58,04
9,89
4,22
-
Mundo Novo
0-20 20-40
Município
Iguatemi
0-20 20-40
4,97
5,60
0,96
2,24
2,53
0,06
1,00
0,50
0,00
1,91
1,56
3,47
44,96
2,00
1,73
28,82
14,41
55,04
0,00
6,52
24,98
66,67
0,65
1,13
0,17
82,0
3,0
15,0
5,24
5,87
1,58
10,68
4,70
0,34
1,35
0,75
0,00
2,48
2,44
4,92
49,59
1,80
6,91
27,44
15,24
50,41
0,00
3,97
95,70
61,70
1,38
2,81
0,29
82,0
3,0
15,0
4,68
5,31
0,57
1,15
1,89
0,04
0,65
0,35
0,24
1,56
1,04
2,60
40,06
1,86
1,54
25,04
13,48
50,85
18,50
13,51
-
4,47
5,10
1,40
4,09
2,57
0,10
0,61
3,04
0,60
3,64
16,47
2,74
66,69
50,56
4,46
-
Itaquiraí
0-20 20-40
5,17
5,78
1,77
7,83
6,31
0,21
1,80
1,15
0,00
2,97
3,16
6,13
51,55
1,57
3,43
29,36
17,76
48,45
0,00
24,02
196,47
22,82
0,40
1,29
0,35
75,0
3,0
22,0
4,42
5,05
1,35
2,89
5,64
0,05
0,70
0,40
0,71
2,62
1,15
3,77
30,52
1,75
1,33
18,58
10,62
50,69
38,11
7,97
-
Japorã
0-20 20-40
5,36
5,98
1,09
4,88
3,65
0,15
1,00
0,65
0,00
1,98
1,80
3,78
47,62
1,54
3,97
26,46
17,20
52,38
0,00
5,35
17,73
79,45
0,90
2,41
0,27
85,0
3,0
12
5,18
5,81
0,44
3,55
3,27
0,09
0,75
0,50
0,00
1,56
1,34
2,90
46,21
1,50
3,10
25,86
17,24
53,79
0,00
8,10
-
Solos: Metodologia pH-1:2.5; MO-K2Cr2O7; H-Acetato de Cácio (pH 7); P e K-Extrator de Mehlich I; Ca e Mg - EDTA; S-Soma de Bases; T-CTC; V-Saturação de Bases; Fe – Mn – Zn – Cu
– Mehlich-1; B-Água quente; S-Fosfato monocálcico.
Data de coleta: Setembro de 2007.
191
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Descrição dos tratamentos e delineamento experimental
O experimento constituiu-se de cinco (5) tratamentos dispostos no delineamento experimental blocos ao acaso com quatro (4)
repetições. A área total de cada parcela ou unidade experimental foi de 27,5 m2 (2,5 m x 11,0 m).
Na Tabela 18.8 está apresentada a descrição dos tratamentos utilizados no experimento.
Tabela 18.8. Descrição dos tratamentos contendo produto e dose.ha-1. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Tratamento
1
2
3
4
5
Sulco de plantio
Fórmula
Dose
-1
--- kg.ha --00-30-15
0
00-30-15
150
00-30-15
300
00-30-15
450
00-30-15
600
Cobertura
KCl
-1
--- kg.ha --0,0
37,5
75,0
122,5
150,0
N
00
00
00
00
00
Total aplicado
P2O5
-1
--- kg.ha --00
45
90
135
180
K2O
00
45
90
135
180
A semeadura da soja em Itaquiraí, Iguatemi, Eldorado, Japorã e Mundo Novo foi realizada em 17/11/07, 20/11/07, 21/11/07,
22/11/07 e 23/11/07, respectivamente. A cultivar utilizada em todos os locais foi a BRS Charrua RR, cujas sementes foram tratadas com
fungicida, inoculadas com duas doses de inoculante (1 dose de inoculante líquido + 1 dose de inoculante turfoso) e receberam Mo e Co.
Realizou-se o controle de plantas invasoras, pragas e doenças de tal modo que estes fatores não comprometessem o potencial produtivo da
cultura.
Avaliou-se a produtividade da soja em março de 2008, sendo que a unidade de observação foi de 5,4 m2, resultante da colheita
de três (3) linhas de quatro (4) metros de comprimento, espaçadas 0,45 m entre si.
Os dados foram submetidos à análise da variância utilizando-se o programa estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1984) e quando os
efeitos foram significativos foram ajustadas equações de regressão. Para a escolha das equações foram testados os modelos linear e
quadrático pelo teste F, escolhendo-se aquele com significância maior que 95% (p<0,05) e, no caso de ambos serem significativos, optouse pelo modelo de maior grau.
18.5.3. Resultados e discussão
Na Tabela 18.9 estão apresentados os tratamentos com a produtividade da soja na safra 2007/08 nos municípios. A produtividade
média dos experimentos nesta safra foi alta, acima da produtividade média do estado nesta e nas últimas safras, que ficou abaixo de 50 sc
ha-1.
Em Eldorado/MS houve uma resposta altamente significativa a adubação, com incrementos na produtividade em função da
adubação até o nível de 90 kg ha-1 de P2O5 e K2O (300 Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 75 kg ha-1 KCl cobertura), embora as maiores taxas de
ganho (acréscimo em sc/kg P2O5 e K2O aplicado) tenham sido obtidos até 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O (150 Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 37,5
kg ha-1 KCl cobertura). A máxima eficiência técnica (MET) calculada ficou em 120 kg ha-1 de P2O5 e K2O. A MET está coerente com as doses
de P2O5 e K2O indicadas em solo com baixos teores de fósforo e potássio, a exemplo dos dados da Tabela 18.7.
Em Mundo Novo/MS também houve uma resposta altamente significativa a adubação, com incrementos na produtividade em
função da adubação até o nível de 135 kg ha-1 de P2O5 e K2O (450 Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 122,5 kg ha-1 KCl em cobertura), embora as
maiores taxas de ganho (acréscimo em sc/kg P2O5 e K2O aplicado) tenham sido obtidos até 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O (150 Kg ha-1 de 00-30-15
no sulco + 37,5 kg ha-1 KCl em cobertura). A máxima eficiência técnica (MET) calculada ficou em 110 kg ha-1 de P2O5 e K2O, coerente com as
doses de P2O5 e K2O indicadas em solo com baixos teores de fósforo e potássio, a exemplo dos dados da Tabela 18.7.
Em Iguatemi/MS houve uma resposta significativa a adubação, com incrementos na produtividade em função da adubação até o
nível de 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O (150 Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 37,5 kg ha-1 KCl em cobertura). A aplicação de níveis superiores de
P2O5 e K2O não resultou em ganhos de produtividade em relação ao nível de 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O. A máxima eficiência técnica (MET)
calculada ficou em 123 kg ha-1 de P2O5 e K2O, coerente com as doses de P2O5 e K2O indicadas em solo com baixos teores de fósforo e
potássio, a exemplo dos dados da Tabela 18.7.
Em Itaquiraí/MS não houve uma resposta significativa a adubação. No entanto, observou-se uma tendência de resposta até 90 kg
ha-1 de P2O5 e K2O (300 Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 75 kg ha-1 KCl em cobertura), que foi maior na dose de 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O (150
192
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 37,5 kg ha-1 KCl em cobertura). A aplicação de níveis superiores de P2O5 e K2O não resultou em ganhos de
produtividade em relação ao nível de 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O. No entanto, a máxima eficiência técnica (MET) calculada ficou em 79 kg ha-1
de P2O5 e K2O, um pouco abaixo das doses de P2O5 indicadas em solo com baixos teores de fósforo, porém coerente com as doses de K2O
indicadas em solo com médio teor de potássio (Tabela 18.7).
Em Japorã/MS houve uma resposta significativa a adubação, com incrementos na produtividade em função da adubação até o
nível de 135 kg ha-1 de P2O5 e K2O (450 Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 122,5 kg ha-1 KCl em cobertura). A máxima eficiência técnica (MET)
calculada ficou em 168 kg ha-1 de P2O5 e K2O, acima das doses de P2O5 e K2O indicadas em solo com baixos teores de fósforo e potássio.
Na média dos 5 municípios, a resposta a adubação foi altamente significativa, porém, os incrementos na produtividade em função da
adubação foram até o nível de 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O (150 Kg ha-1 de 00-30-15 no sulco + 37,5 kg ha-1 KCl em cobertura). A máxima
eficiência técnica (MET) calculada ficou em 121 kg ha-1 de P2O5 e K2O, coerente com as doses de P2O5 e K2O indicadas em solo com baixos
teores de fósforo e, médios a baixos teores de potássio, a exemplo dos dados da Tabela 18.7.
Tabela 18.9. Produtividade da soja (sc.ha-1) cv. BRS Charrua RR, safra 2007/08, em resposta a diferentes formulações de fertilizantes. Maracaju/MS. FUNDAÇÃO
MS, 2008.
Trat.
1
2
3
4
5
Sulco de plantio
Fórmula
Dose
-1
--- kg.ha --00-30-15
0
00-30-15
150
00-30-15
300
00-30-15
450
00-30-15
600
Cobertura
KCl
-1
--- kg.ha --0,0
37,5
75,0
122,5
150,0
Produtividade
Eldorado M. Novo Iguatemi Itaquiraí Japorã
-1
--- sc.ha --1
2
3
4
5
36,5
49,5
60,4
57,4
52,3
51,1
55,3
70,8
67,2
56,6
54,8
56,0
68,0
61,8
54,5
52,0
57,1
70,2
58,5
59,6
53,3
54,3
69,6
58,8
57,3
Média
51,2
60,2
59,0
59,5
58,7
6
1
Sinificativo ao nível de 1% pelo teste F. CV= 7,4%. Equação Ajustada ' y = 37,393 + 0,2925x - 0,0012x2 ** ; R2 = 0,90
Sinificativo ao nível de 1% pelo teste F. CV= 2,5%. Equação Ajustada ' y = 49,264 + 0,1283x - 0,0005x2 ** ; R2 = 0,94
Sinificativo ao nível de 5% pelo teste F. CV= 6,2%. Equação Ajustada ' y = 61,414 + 0,1510x - 0,0006x2 * ; R2 = 0,72
4
Não significativo ao nível de 5% pelo teste F. CV= 7,4%.
5
Sinificativo ao nível de 5% pelo teste F. CV= 5,0%. Equação Ajustada ' y = 52,800 + 0,0306x ** ; R2 = 0,56
6
Sinificativo ao nível de 1% pelo teste F. CV= 5,3%. Equação Ajustada ' y = 52,318 + 0,1455x - 0,0006x2 ** ; R2 = 0,80
2
3
18.5.4. Considerações finais
Nas condições em que foi conduzido o experimento pode-se concluir que:
1) Houve uma resposta expressiva a adubação, com ganhos de produtividade variáveis em função do município em que foi
conduzido o experimento.
2) As maiores taxas de ganho (acréscimo em sc/kg P2O5 e K2O aplicado) foram obtidas com a dose de 45 kg ha-1 de P2O5 e K2O,
embora se registrasse ganhos com doses superiores, dependendo do município.
3) A máxima eficiência técnica (MET) calculada variou de 79 a 168 kg ha-1 de P2O5 e K2O, ficando em 121 kg ha-1 de P2O5 e K2O
na média dos 5 municípios.
4) Sugere-se a continuidade deste trabalho no intuito de avaliar melhor os benefícios da adubação e nutrição adequada da soja
no sistema de ILP. A continuidade do trabalho é de fundamental importância já que a correta avaliação de um novo produto ou uma nova
tecnologia exigem a condução do mesmo trabalho durante pelo menos 3 anos.
193
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
18.6. Efeito de doses de enxofre sobre a produtividade da soja no sistema de ILP – safra 2007/08
18.6.1. Objetivos
O presente trabalho foi desenvolvido durante a safra 2007/2008 em parceria entre FUNDAÇÃO MS e MAPA.
O objetivo do mesmo foi avaliar a resposta da soja a níveis crescentes de enxofre fornecido pela aplicação de gesso agrícola no
sistema de integração Lavoura-Pecuária e, definir os níveis de enxofre para a soja cultivada neste sistema.
18.6.2. Material e métodos
Local e características do solo
Os experimentos foram conduzidos a campo em cinco municípios na Região Sul do estado de Mato Grosso do Sul, sendo eles:
Eldorado (Faz. Laguna), Mundo Novo (Faz. Silvestre II), Iguatemi (Faz. Estrada Velha), Itaquiraí (Faz. Itaquiraí) e Japorã (Faz. II Irmãos) em
solos de textura arenosa, sob pastagem degradada com teores baixos de macro e micronutrientes.
Em 2007, previamente a implantação do experimento, o solo do local apresentava-se coberto por palhada de Brachiaria e os
resultados das análises químicas e físicas do solo dos locais em que foram instalados os experimentos estão apresentados na Tabela 1,
abaixo. Para a determinação dos teores de nutrientes no solo antes da instalação do experimento coletaram-se 10 subamostras na gleba
onde estava prevista a instalação do ensaio constituindo uma amostra composta para o experimento.
Tabela 18.10. Estado inicial de fertilidade do solo na camada de 0-20 e 20-40 cm, previamente à instalação dos experimentos. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Atributos
pH CaCl2
pH H2O
M.O g.dm-3
-3
P(M-1) mg.dm
P(Res.) mg.dm-3
-3
K cmol.dm
-3
Ca cmol.dm
Mg cmol.dm-3
-3
Al cmol.dm
-3
H+Al cmol.dm
SB cmol.dm-3
-3
CTC cmol.dm
V (%)
Rel Ca/Mg
Sat K (%)
Sat Ca (%)
Sat Mg (%)
Sat H (%)
Sat Al (%)
S mg.dm-3
-3
Fe mg.dm
-3
Mn mg.dm
-3
Cu mg.dm
-3
Zn mg.dm
-3
B mg.dm
Areia (%)
Silte (%)
Argila (%)
Eldorado
0-20 20-40
5,42
6,04
1,88
4,49
3,44
0,10
1,75
0,90
0,00
1,77
2,75
4,52
60,84
1,94
2,21
38,72
19,91
39,16
0,00
4,34
155,12
90,28
1,38
2,87
0,29
75,0
3,0
22,0
4,89
5,48
0,65
1,83
1,81
0,04
0,90
0,35
0,14
2,12
1,29
3,41
37,81
2,57
1,17
26,38
10,26
58,04
9,89
4,22
-
Mundo Novo
0-20 20-40
Município
Iguatemi
0-20 20-40
4,97
5,60
0,96
2,24
2,53
0,06
1,00
0,50
0,00
1,91
1,56
3,47
44,96
2,00
1,73
28,82
14,41
55,04
0,00
6,52
24,98
66,67
0,65
1,13
0,17
82,0
3,0
15,0
5,24
5,87
1,58
10,68
4,70
0,34
1,35
0,75
0,00
2,48
2,44
4,92
49,59
1,80
6,91
27,44
15,24
50,41
0,00
3,97
95,70
61,70
1,38
2,81
0,29
82,0
3,0
15,0
4,68
5,31
0,57
1,15
1,89
0,04
0,65
0,35
0,24
1,56
1,04
2,60
40,06
1,86
1,54
25,04
13,48
50,85
18,50
13,51
-
4,47
5,10
1,40
4,09
2,57
0,10
0,61
3,04
0,60
3,64
16,47
2,74
66,69
50,56
4,46
-
Itaquiraí
0-20 20-40
5,17
5,78
1,77
7,83
6,31
0,21
1,80
1,15
0,00
2,97
3,16
6,13
51,55
1,57
3,43
29,36
17,76
48,45
0,00
24,02
196,47
22,82
0,40
1,29
0,35
75,0
3,0
22,0
4,42
5,05
1,35
2,89
5,64
0,05
0,70
0,40
0,71
2,62
1,15
3,77
30,52
1,75
1,33
18,58
10,62
50,69
38,11
7,97
-
Japorã
0-20 20-40
5,36
5,98
1,09
4,88
3,65
0,15
1,00
0,65
0,00
1,98
1,80
3,78
47,62
1,54
3,97
26,46
17,20
52,38
0,00
5,35
17,73
79,45
0,90
2,41
0,27
85,0
3,0
12
5,18
5,81
0,44
3,55
3,27
0,09
0,75
0,50
0,00
1,56
1,34
2,90
46,21
1,50
3,10
25,86
17,24
53,79
0,00
8,10
-
Solos: Metodologia pH-1:2.5; MO-K2Cr2O7; H-Acetato de Cácio (pH 7); P e K-Extrator de Mehlich I; Ca e Mg - EDTA; S-Soma de Bases; T-CTC; V-Saturação de Bases; Fe – Mn – Zn – Cu
– Mehlich-1; B-Água quente; S-Fosfato monocálcico.
Data de coleta: Setembro de 2007.
194
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Descrição dos tratamentos e delineamento experimental
O experimento constituiu-se de cinco (5) tratamentos dispostos no delineamento experimental blocos ao acaso com quatro (4)
repetições. A área total de cada parcela ou unidade experimental foi de 22,5 m2 (2,5 m x 9,0 m).
Na Tabela 18.11 está apresentada a descrição dos tratamentos utilizados no experimento.
Tabela 18.11. Descrição dos tratamentos contendo produto e dose.ha-1. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Tratamento
1
2
3
4
5
Fonte
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Enxofre
Dose Fonte
-1
--- kg.ha --0
88
176
265
352
Dose S
N
0
15
30
45
60
00
00
00
00
00
Total aplicado
P2O5
K2O
-1
--- kg.ha --130
125
130
125
130
125
130
125
130
125
S
00
15
30
45
60
A semeadura da soja em Itaquiraí, Iguatemi, Eldorado, Japorã e Mundo Novo foi realizada em 17/11/07, 20/11/07, 21/11/07,
22/11/07 e 23/11/07, respectivamente. A cultivar utilizada em todos os locais foi a BRS Charrua RR, cujas sementes foram tratadas com
fungicida, inoculadas com duas doses de inoculante (1 dose de inoculante líquido + 1 dose de inoculante turfoso) e receberam Mo e Co. A
adubação fosfatada e potássica constituiu-se da aplicação de 430 kg ha-1 de 00-30-15 no sulco de plantio + 100 kg ha-1 de KCl em
cobertura. A adubação com enxofre foi realizada conforme o planejamento da Tabela 18.11 acima, aplicando-se o gesso agrícola à lanço
em superfície previamente a semeadura da soja. Realizou-se o controle de plantas invasoras, pragas e doenças de tal modo que estes
fatores não comprometessem o potencial produtivo da cultura.
Avaliou-se a produtividade da soja em março de 2008, sendo que a unidade de observação foi de 5,4 m2, resultante da colheita
de três (3) linhas de quatro (4) metros de comprimento, espaçadas 0,45 m entre si.
Os dados foram submetidos à análise da variância utilizando-se o programa estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1984) e quando os
efeitos foram significativos foram ajustadas equações de regressão. Para a escolha das equações foram testados os modelos linear e
quadrático pelo teste F, escolhendo-se aquele com significância maior que 95% (p<0,05) e, no caso de ambos serem significativos, optouse pelo modelo de maior grau.
18.6.3. Resultados e discussão
Na Tabela 18.12 estão apresentados os tratamentos com a produtividade da soja na safra 2007/08 nos municípios. A
produtividade média dos experimentos nesta safra foi alta, acima da produtividade média do estado nesta e nas últimas safras, que ficou
abaixo de 50 sc ha-1.
Analisando-se os dados percebe-se que não houve significância do efeito dos tratamentos, ou seja, não houve respostas a
aplicação de níveis crescentes de S via gesso agrícola a lanço em superfície, independente do município avaliado, fato que também se
confirmou na média dos municípios. No entanto, observou-se uma tendência de resposta ao S, com ganhos de produtividade nos
tratamentos com S comparativamente a testemunha (Sem S) em torno de 1,1 sc ha-1 em Endorado/MS, 1,2 sc ha-1 em Mundo Novo/MS, 2,7
sc ha-1 em Iguatemi/MS, 0,4 sc ha-1 em Itaquiraí/MS, 2,7 sc ha-1 em Japorã e 1,6 sc ha-1 na média dos municípios.
Estes baixas respostas a adubação com S podem estar relacionadas aos níveis de S no solo previamente ao plantio e a
mineralização do S contido na M.O. e na palhada de Brachiaria durante o ciclo da cultura pois, a dinâmica deste elemento está bastante
relacionada com a dinâmica da matéria orgânica e, desta forma, a manutenção de teores adequados de matéria orgânica pode auxiliar no
suprimento gradual de S às plantas, através da sua mineralização.
195
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Tabela 18.12. Produtividade da soja (sc.ha-1) cv. BRS Charrua RR, safra 2007/08, em resposta a níveis crescentes de enxofre fornecidos pela aplicação de gesso
agrícola. Maracaju/MS. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Trat.
1
2
3
4
5
NS
Fonte
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Gesso Agrícola
Enxofre
Dose Fonte
-1
--- kg.ha --0
88
176
265
352
Dose S
0
15
30
45
60
Produtividade
Eldorado M. Novo Iguatemi Itaquiraí Japorã Média
-1
--- sc.ha --NS
NS
NS
NS
NS
NS
53,3
50,5
53,1
51,7
51,3
52,0
56,4
51,3
55,0
52,1
53,3
53,6
54,3
51,7
55,7
52,0
53,9
53,5
52,3
51,3
58,0
51,5
56,1
53,8
54,6
52,4
54,5
53,2
52,6
53,5
Não Significativo ao nível de 5% pelo teste F.
18.6.4. Considerações finais
Nas condições em que foi conduzido o experimento pode-se concluir que:
1) Não houve respostas a aplicação de níveis crescentes de S via gesso agrícola a lanço em superfície, independente do
município avaliado, fato que também se confirmou na média dos municípios.
2) Observou-se apenas uma tendência de resposta ao S, com ganhos de produtividade nos tratamentos com S
comparativamente à testemunha (Sem S) em torno de 1,1 sc ha-1 em Eldorado/MS, 1,2 sc ha-1 em Mundo Novo/MS, 2,7 sc ha-1 em
Iguatemi/MS, 0,4 sc ha-1 em Itaquiraí/MS, 2,7 sc ha-1 em Japorã e 1,6 sc ha-1 na média dos municípios.
3) Sugere-se a continuidade deste trabalho no intuito de avaliar melhor os benefícios da adubação e nutrição adequada da soja
no sistema de ILP. A continuidade do trabalho é de fundamental importância já que a correta avaliação de um novo produto ou uma nova
tecnologia exigem a condução do mesmo trabalho durante pelo menos 3 anos.
18.7. Resposta do milho a doses de fertilizantes no sulco de semeadura
e em cobertura no sistema de ILP – safra 2007/08
18.7.1. Objetivos
O presente trabalho foi desenvolvido durante a safra 2007/2008 em parceria entre FUNDAÇÃO MS e MAPA.
O objetivo do mesmo foi a resposta do milho a níveis crescentes de adubação no sulco de semeadura e em cobertura no
sistema de integração Lavoura-Pecuária e definir os níveis de adubação para o milho cultivado neste sistema.
18.7.2. Material e métodos
Local e características do solo
Os experimentos foram conduzidos a campo em cinco municípios na Região Sul do estado de Mato Grosso do Sul, sendo eles:
Eldorado (Faz. Laguna), Mundo Novo (Faz. Silvestre II), Iguatemi (Faz. Estrada Velha), Itaquiraí (Faz. Itaquiraí) e Japorã (Faz. II Irmãos) em
solos de textura arenosa, sob pastagem degradada com teores baixos de macro e micronutrientes.
Em 2007, previamente a implantação do experimento, o solo do local apresentava-se coberto por palhada de Brachiaria e os resultados das
análises químicas e físicas do solo dos locais em que foram instalados os experimentos estão apresentados na Tabela 18.13. Para a
determinação dos teores de nutrientes no solo antes da instalação do experimento coletaram-se 10 subamostras na gleba onde estava
prevista a instalação do ensaio constituindo uma amostra composta para o experimento.
196
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
Tabela 18.13. Estado inicial de fertilidade do solo na camada de 0-20 e 20-40 cm, previamente à instalação dos experimentos. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Atributos
pH CaCl2
pH H2O
-3
M.O g.dm
P(M-1) mg.dm-3
-3
P(Res.) mg.dm
-3
K cmol.dm
Ca cmol.dm-3
-3
Mg cmol.dm
-3
Al cmol.dm
H+Al cmol.dm-3
-3
SB cmol.dm
CTC cmol.dm-3
V (%)
Rel Ca/Mg
Sat K (%)
Sat Ca (%)
Sat Mg (%)
Sat H (%)
Sat Al (%)
-3
S mg.dm
-3
Fe mg.dm
Mn mg.dm-3
-3
Cu mg.dm
-3
Zn mg.dm
B mg.dm-3
Areia (%)
Silte (%)
Argila (%)
Eldorado
0-20 20-40
5,42
6,04
1,88
4,49
3,44
0,10
1,75
0,90
0,00
1,77
2,75
4,52
60,84
1,94
2,21
38,72
19,91
39,16
0,00
4,34
155,12
90,28
1,38
2,87
0,29
75,0
3,0
22,0
4,89
5,48
0,65
1,83
1,81
0,04
0,90
0,35
0,14
2,12
1,29
3,41
37,81
2,57
1,17
26,38
10,26
58,04
9,89
4,22
-
Mundo Novo
0-20 20-40
Município
Iguatemi
0-20 20-40
4,97
5,60
0,96
2,24
2,53
0,06
1,00
0,50
0,00
1,91
1,56
3,47
44,96
2,00
1,73
28,82
14,41
55,04
0,00
6,52
24,98
66,67
0,65
1,13
0,17
82,0
3,0
15,0
5,24
5,87
1,58
10,68
4,70
0,34
1,35
0,75
0,00
2,48
2,44
4,92
49,59
1,80
6,91
27,44
15,24
50,41
0,00
3,97
95,70
61,70
1,38
2,81
0,29
82,0
3,0
15,0
4,68
5,31
0,57
1,15
1,89
0,04
0,65
0,35
0,24
1,56
1,04
2,60
40,06
1,86
1,54
25,04
13,48
50,85
18,50
13,51
-
4,47
5,10
1,40
4,09
2,57
0,10
0,61
3,04
0,60
3,64
16,47
2,74
66,69
50,56
4,46
-
Itaquiraí
0-20 20-40
5,17
5,78
1,77
7,83
6,31
0,21
1,80
1,15
0,00
2,97
3,16
6,13
51,55
1,57
3,43
29,36
17,76
48,45
0,00
24,02
196,47
22,82
0,40
1,29
0,35
75,0
3,0
22,0
4,42
5,05
1,35
2,89
5,64
0,05
0,70
0,40
0,71
2,62
1,15
3,77
30,52
1,75
1,33
18,58
10,62
50,69
38,11
7,97
-
Japorã
0-20 20-40
5,36
5,98
1,09
4,88
3,65
0,15
1,00
0,65
0,00
1,98
1,80
3,78
47,62
1,54
3,97
26,46
17,20
52,38
0,00
5,35
17,73
79,45
0,90
2,41
0,27
85,0
3,0
12
5,18
5,81
0,44
3,55
3,27
0,09
0,75
0,50
0,00
1,56
1,34
2,90
46,21
1,50
3,10
25,86
17,24
53,79
0,00
8,10
-
Solos: Metodologia pH-1:2.5; MO-K2Cr2O7; H-Acetato de Cácio (pH 7); P e K-Extrator de Mehlich I; Ca e Mg - EDTA; S-Soma de Bases; T-CTC; V-Saturação de Bases; Fe – Mn – Zn – Cu
– Mehlich-1; B-Água quente; S-Fosfato monocálcico.
Data de coleta: Setembro de 2007.
Descrição dos tratamentos e delineamento experimental
O experimento constituiu-se de doze (12) tratamentos dispostos no delineamento experimental blocos ao acaso com quatro
(4) repetições. A área total de cada parcela ou unidade experimental foi de 22,5 m2 (2,5 m x 9,0 m).
Na Tabela 18.14 está apresentada a descrição dos tratamentos utilizados no experimento.
Tabela 18.14. Descrição dos tratamentos contendo produto e Dose.ha-1. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Tratamento
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Sulco de plantio
Fórmula
Dose
--- kg.ha-1 --08-20-20
0
08-20-20
0
08-20-20
0
08-20-20
0
200
08-20-20
200
08-20-20
200
08-20-20
200
08-20-20
400
08-20-20
400
08-20-20
400
08-20-20
400
08-20-20
N Cobertura em V3
Fonte Dose Fonte Dose N
--- kg.ha-1 --Nitrato
0
0
Nitrato
156
50
Nitrato
312
100
Nitrato
468
150
0
0
Nitrato
Nitrato
156
50
Nitrato
100
312
Nitrato
150
468
Nitrato
0
0
Nitrato
50
156
Nitrato
100
312
Nitrato
468
150
N
0
50
100
150
16
66
116
166
32
82
132
182
Total aplicado
P2O5
--- kg.ha-1 --0
0
0
0
40
40
40
40
80
80
80
80
K2O
0
0
0
0
40
40
40
40
80
80
80
80
197
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
A semeadura do milho em Itaquiraí, Iguatemi, Eldorado, Japorã e Mundo Novo foi realizada em 17/11/07, 20/11/07,
21/11/07, 22/11/07 e 23/11/07, respectivamente. Os híbridos utilizados foram o DKB 177, AGN 30 A 09, DKB 177, Pioneer 30 F 98 e o
CD 382, respectivamente. As sementes foram tratadas com inseticida, a semeadura foi realizada no espaçamento de 0,45 m e o estande
de plantas ajustado de acordo com a recomendação da empresa detentora do híbrido. Realizou-se o controle de plantas invasoras, pragas e
doenças de tal modo que estes fatores não comprometessem o potencial produtivo da cultura.
Avaliou-se a produtividade do milho em março de 2008, sendo que a unidade de observação foi de 5,4 m2, resultante da
colheita de três (3) linhas de quatro (4) metros de comprimento, espaçadas 0,45 m entre si.
Os dados foram submetidos à análise da variância utilizando-se o programa estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1984) e
quando os efeitos foram significativos foram ajustadas equações de regressão. Para a escolha das equações foram testados os modelos
linear e quadrático pelo teste F, escolhendo-se aquele com significância maior que 95% (p<0,05) e, no caso de ambos serem
significativos, optou-se pelo modelo de maior grau.
18.7.3. Resultados e discussão
Na Tabela 18.15 estão apresentados os dados dos experimentos conduzidos na safra 2007/2008 em Eldorado/MS, Mundo
Novo/MS, Iguatemi/MS, Itaquiraí/MS e Japorã/MS, cujo objetivo foi avaliar a resposta do milho à utilização de doses crescentes de N em
cobertura (0, 50, 100 e 150 kg ha-1 de N) em V3 (3 folhas) na forma nitrato de amônio, quando se utilizou diferentes doses de adubo no sulco
de semeadura (0, 200 e 400 kg ha-1) na forma de 08-20-20.
Na testemunha, sem a utilização de adubo no sulco de plantio e sem a aplicação de N em cobertura não se atingiu
produtividades satisfatórias, as quais ficaram abaixo de 80% do rendimento potencial, em torno de 65,5 sc ha-1, em média. Nos
tratamentos adubados as produtividades médias foram superiores a 100 sc ha-1, acima das produtividades médias do estado nas safras
anteriores, o que evidencia a viabilidade da cultura do milho no sistema de integração lavoura-pecuária e na rotação de culturas e,
comprova a importância da adubação para a obtenção de produtividades satisfatórias, que permitam rentabilidade.
Houve uma resposta altamente significativa a adubação no sulco de plantio em cada um dos municípios e, na média dos
municípios. Da mesma forma, houve uma resposta altamente significativa a adubação nitrogenada em cobertura em cada um dos
municípios e, na média dos municípios. Além disso, houve interação entre o fator adubação de plantio e o fator adubação nitrogenada em
cobertura de tal modo que a resposta adubação nitrogenada variou em função do nível de adubação no sulco de semeadura e, vice-versa.
Em outras palavras, houve respostas expressivas a adubação nitrogenada em cobertura, que foi maior na ausência de
adubação no sulco. E, as respostas à adubação no sulco foram expressivas e ocorreram de forma mais intensa na ausência de N cobertura.
Estas expressivas respostas estão relacionadas a alta demanda do milho em relação ao N, P e K e, à imobilização temporária do N no
processo de decomposição da palhada de Brachiaria, que o antecedeu.
O nitrogênio é o nutriente absorvido em maior quantidade pela cultura do milho e o nutriente que mais limita a produtividade
desta cultura. Sabendo-se que o fornecimento deste nutriente para a cultura se dá através da mineralização da matéria orgânica (M.O.), da
reciclagem dos resíduos de culturas anteriores e dos fertilizantes nitrogenados minerais ou orgânicos, é fundamental a adoção de sistemas
que possibilitem manter ou até aumentar o teor de matéria orgânica como: rotação de culturas, integração agricultura-pecuária, utilização
de plantas de cobertura de solo, etc. Com um manejo adequado do solo é possível contar com contribuições de N mineralizado e utilizado
pelas culturas de até 180 kg ha-1 (Sousa & Lobato, 2004).
Tabela 18.15. Produtividade do milho (sc.ha-1), safra 2007/08, em resposta a doses de adubo no sulco de plantio e nitrogênio em cobertura. Maracaju/MS.
FUNDAÇÃO MS, 2.008
Tratamento
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
198
N
Cobertura
V3
--- kg.ha-1 --- --- kg.ha-1 --0
0
0
50
0
100
0
150
200
0
200
50
200
100
200
150
400
0
400
50
400
100
400
150
Sulco de plantio
Fórmula
Dose
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
08-20-20
Produtividade
Eldorado M. Novo Iguatemi Itaquiraí Japorã
DKB 177
58,3
85,2
109,7
97,0
81,5
118,9
122,8
114,4
97,9
129,7
113,5
110,8
CD 382
91,1
119,7
126,0
125,9
115,0
131,0
123,1
136,3
141,1
132,5
133,1
132,1
AGN 30A09
--- sc.ha
59,6
75,3
91,9
109,2
75,2
101,1
100,7
104,3
91,7
128,0
112,7
113,2
-1
DKB 177
P30 F 98
Média
--58,6
97,9
108,0
115,0
71,8
96,5
115,5
123,1
95,2
106,9
108,5
108,2
59,8
97,9
108,1
99,8
97,6
110,7
113,4
113,9
90,6
106,1
100,5
103,3
65,5
95,2
108,7
109,4
88,2
111,6
115,1
118,4
103,3
120,6
113,7
113,5
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
A Figura 18.1 ilustra a resposta do milho a adubação no sulco e adubação nitrogenada em cobertura, na média dos 5
municípios. Considerando uma meta de produtividade de 100 sc ha-1, ou 80% do rendimento potencial médio, percebe-se foi possível atingir
esta média de maneiras diferentes, dentre elas:
a) Dose Alta de adubo de plantio (400 kg ha-1 08-20-20) sem a aplicação de N em cobertura, totalizando 32 kg ha-1 N no ciclo da
cultura.
Nesta opção se observou deficiência inicial de N e não se satisfaz a exigência da cultura em N, cuja exportação neste nível de
produtividade é de 95 kg ha-1 e há uma exaustão do solo, embora as exigências em P (75 Kg ha-1 P2O5) e K (50 Kg ha-1 K2O) sejam atingidas.
Esta opção não exige uma operação adicional para aplicação do N em cobertura, mas, há sérios riscos de deficiência inicial de N.
b) Dose Média de adubo no sulco (200 kg ha-1 08-20-20) + 25-30 kg N em cobertura no estádio V3 com Nitrato de amônio,
totalizando 40-45 kg ha-1 N no ciclo da cultura. Nesta opção não se observou deficiência inicial de N, contudo, a mesma não se satisfaz a
exigência da cultura em N (95 Kg ha-1 N), P (75 Kg ha-1 P2O5) e K (50 Kg ha-1 K2O) para este nível de produtividade, repondo apenas
parcialmente os nutrientes exportados. Esta opção exige uma operação adicional após o plantio. Contudo, evitam-se os riscos de
deficiência inicial de N.
c) Ausência de adubo no plantio (0 kg ha-1 08-20-20) + 65-70 kg N em cobertura no estádio V3 com Nitrato de amônio,
totalizando 65-70 kg ha-1 N no ciclo da cultura.
Nesta opção não se observou deficiência inicial de N, porém, ainda não se satisfaz a exigência da cultura em N (95 Kg ha-1 N).
Da mesma forma não se satisfaz as exigências em P (75 Kg ha-1 P2O5) e K (50 Kg ha-1 K2O), havendo um intenso empobrecimento do solo
nestes nutrientes, pois, não há a reposição dos nutrientes exportados. Esta opção não dispensa uma operação adicional em cobertura. É
evidente o empobrecimento do solo pela não aplicação dos nutrientes a serem exportados pela colheita.
130
Adubação Sulco kg ha-1
-1
Produtividade (sc.ha )
120
400
110
200
90
y(400 Sulco) = -0,0017x2 + 0,3094x + 104,85
R2 = 0,6831
0
80
y(200 Sulco) = -0,002x2 + 0,49x + 89,19
R2 = 0,9648
70
y(0 Sulco) = -0,0029x2 + 0,7267x + 65,621
R2 = 0,9996
60
50
0
50
100
150
N em cobertura (kg ha-1)
Figura 18.1. Produtividade média do milho nos 5 municípios, safra 2007/08, Híbridos diversos, em função das doses de adubo no sulco
(fórmula 08-20-20) e das doses de N em cobertura (kg ha-1) em V3 (fornecido através do nitrato de amônio), em solos arenosos
com baixo teor inicial de M.O. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Ainda na Figura 18.1 acima é possível observar que quando se almeja metas superiores de produtividade, próximas a 120 sc
ha-1, faz-se necessária a adubação no sulco com doses entre 200 e 400 kg ha-1 de 08-20-20, associada a adubação nitrogenada em
cobertura com doses em torno de 100 kg ha-1 de N. Estas respostas estão coerentes com a demanda da cultura neste novo patamar de
produtividade, que é de aproximadamente 115 kg ha-1 N, 90 kg ha-1 P2O5 e 60 kg ha-1 K2O, respectivamente.
Do ponto de vista técnico, quando se visa atingir 120 sc ha-1 e fazer uma adubação que não empobreça o solo seria
interessante a utilização da maior dose de adubo (400 kg ha-1 de 08-20-20) associada a doses em torno de 100 kg ha-1 de N em cobertura.
No entanto, apesar de se detectar respostas técnicas até os maiores níveis testados, coerentes com a textura arenosa e os baixos teores
de nutrientes e de M.O. nos solos dos locais em que foram instalados os experimentos, é possível que doses em torno de 300 kg ha-1 de 0820-20 no sulco de plantio associadas a 100 kg ha-1 de N em cobertura proporcionem a melhor viabilidade econômica quando se cultiva milho
sobre palhada de gramíneas, como a Brachiaria.
Para que tenhamos rentabilidade e não apenas produtividade, é fundamental que a meta de produtividade seja estabelecida
considerando fatores como: o histórico da área, a fertilidade do solo na camada superficial (0-20cm) e subsuperficial (20-40 cm), o
potencial produtivo do híbrido a ser utilizado, a altitude da área, o risco de ocorrência de estiagem, entre outros. Normalmente, doses de N
acima de 100 kg ha-1 apenas se viabilizam com a semeadura de híbridos de alto potencial produtivo em solos férteis, sem alumínio na
camada de 0-40 cm, em regiões de maior altitude e com menor risco de estiagem. Então, é necessário adequar a tecnologia às condições
edafoclimáticas disponíveis.
199
Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009
18.7.4. Considerações finais
Nas condições em que foi conduzido o experimento pode-se concluir que:
1) Houve uma resposta expressiva à adubação no sulco de plantio e à adubação nitrogenada em cobertura;
2) Houve interação entre o fator adubação de plantio e o fator adubação nitrogenada em cobertura de tal modo que a resposta
adubação nitrogenada variou em função do nível de adubação no sulco de semeadura e, vice-versa;
3) Metas de produtividade em torno de 100 sc ha-1 são possíveis de serem atingidas com médios investimentos em adubação
(adubação de reposição da exportação) nos solos arenosos pobres em M.O da região Sul do MS, e viabilizam a cultura do milho como uma
alternativa no sistema de ILP;
4) Metas superiores de produtividade, em torno de 120 sc ha-1, também são possíveis de serem atingidas nos solos arenosos
pobres em M.O da região Sul do MS, e são uma opção na ILP quando se dispõe de recursos financeiros para a correção prévia do solo e uma
boa adubação no sulco e em cobertura.
5) Sugere-se a continuidade deste trabalho no intuito de avaliar melhor os benefícios da adubação e nutrição adequada do
milho no sistema de ILP. A continuidade do trabalho é de fundamental importância já que a correta avaliação de um novo produto ou uma
nova tecnologia exigem a condução do mesmo trabalho durante pelo menos 3 anos.
200
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18 culturas oleaginosas e ilp.cdr