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APTIDÃO FUNCIONAL DE IDOSAS PRATICANTES DE
EXERCÍCIOS FÍSICOS: A INFLUENCIA DO PERÍODO
DE INTERRUPÇÃO
Ana Paula Moratelli Prado
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
Giovana Zarpellon Mazo
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
Adilson Sant'Ana Cardoso
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
Giovane Pereira Balbé
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
Resumo
Este estudo teve como objetivo verificar a influência do período de interrupção de
12 semanas na aptidão funcional de mulheres idosas praticantes de natação e hi­
droginástica. Participaram do estudo 47 idosas, avaliadas com a aplicação da bate­
ria American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance, na
pré e pós­interrupção de 12 semanas de exercício. Os resultados das aptidões entre
pré e pós­interrupção não apresentaram diferença significativa para flexibilidade,
coordenação e índice de aptidão funcional geral das idosas. O período de interrup­
ção influenciou significativamente na redução da agilidade e equilíbrio dinâmico,
no aumento da força dos membros superiores e da resistência aeróbia, sendo a últi­
ma associada à prática de caminhada nesse período.
Palavras­chave: Idoso ­ Aptidão Física ­ Exercício físico
E
Introdução
studos de acompanhamento longitudinal (BÄCKMAND et al.,
2009) e de intervenção (AIDAR et al., 2006) realizados com ido­
sos, têm apontado a atividade física como fator provedor da indepen­
dência física nesta população.
Os programas mundiais de promoção da saúde enfatizam a ativida­
de física como aspecto fundamental (FERREIRA; NAJAR, 2005),
principalmente quando voltados ao público idoso (MATSUDO; MAT­
SUDO; BARROS NETO, 2000; REBELATTO et al., 2006). Diferen­
tes países têm incorporado a política de envelhecimento ativo (OMS,
2005), oferecendo programas e ações de atividades físicas para idosos,
com o objetivo de melhorar a aptidão funcional e consequentemente, a
qualidade de vida dessa população (HAUTIER; BONNEFOY, 2007).
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Os benefícios da prática de atividade física regular são irrefutáveis,
sendo comprovada sua influência na aptidão funcional de indivíduos
idosos (OURIANA et al., 2003; ALVES et al., 2004; SIMONS; AN­
DEL, 2006), entretanto, pesquisas que discutam o período de interrup­
ção dessas atividades tornam­se necessários, pois, geralmente, os
programas de atividade física para idosos, oferecidos pelas instituições
públicas e privadas seguem um calendário anual, onde definem o pe­
ríodo de interrupção das atividades, ou seja, o período de férias.
Em relação aos estudos que avaliam os efeitos do período de inter­
rupção das atividades físicas, Raso, Matsudo e Matsudo (2001) de­
monstrou que, em 8 semanas de interrupção de um programa de
exercícios com pesos livres, houve um efeito negativo na força mus­
cular de mulheres idosas, especialmente após a oitava (8ª) semana e
que ocorreu um decréscimo estatisticamente significativo na força
muscular de ambas extremidades. Outro estudo (SILVA; OLIVEIRA;
MADUREIRA, 2006) avaliou 12 semanas de interrupção de um pro­
grama de ginástica para mulheres acima de 55 anos e verificou que
houve diferença estatisticamente significativa na flexibilidade.
Embora existam diversos estudos que demonstrem os efeitos da in­
terrupção subseqüente a um programa de exercícios físicos, ainda são
poucos que analisam a interrupção de modalidades aquáticas, como
hidroginástica e natação. Dessa forma, é necessário que profissionais
da educação física e demais áreas da saúde conheçam a influência do
período de interrupção (férias de verão e/ou inverno) dessas modalida­
des a fim de repensar os calendários das atividades, bem como, as ori­
entações para esses períodos de modo que os idosos não percam a
aptidão funcional adquirida durante o ano.
Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral verificar a influência
do período de interrupção de 12 semanas na aptidão funcional de mu­
lheres idosas praticantes de natação e hidroginástica.
Método
Esta pesquisa obteve aprovação no Comitê de Ética da Universida­
de do Estado de Santa Catarina ­ UDESC em 29/03/2005, processo nº
024/2005. Após esclarecimento sobre o estudo, todos os indivíduos
que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa, assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Participaram do estudo 47 idosas, com idade média de 67,26 anos
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(DP = 5,44), sendo 32 praticantes de hidroginástica e 15 idosas prati­
cantes de natação do programa de atividade física do “Grupo de Estu­
dos da Terceira Idade” (GETI) da Universidade do Estado de Santa
Catarina – UDESC. Entre os critérios adotados para participação no
estudo destacam­se: ser do sexo feminino, idade mínima de 60 e máxi­
ma de 79 anos, praticantes de exercícios físicos aquáticos (natação e
hidroginãstica) no GETI por no mínimo seis meses, e que realizaram
todos os testes físicos em novembro de 2006 (pré­interrupção) e em
março de 2007 (pós­interrupção).
A opção pelo sexo feminino e referido grupo etário, deu­se pelo fa­
to de existirem no Brasil, até o momento, valores normativos da apti­
dão funcional geral, avaliados por meio da bateria de testes físicos da
American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and
Dance – AAHPERD (OSNESS et al., 1990) somente para idosos do
sexo feminino de 60 a 69 anos (ZAGO; GOBBI, 2003) e de 70 a 79
anos (BENEDETTI et al., 2007).
As aulas de hidroginástica e natação eram compostas de exercícios
de aquecimento e alongamento num total de 10 minutos; seguido de
atividades específicas de cada modalidade, como treinamento resistido
(ex.: batida de perna e movimentação de braço, na natação e exercíci­
os resistidos para membros superiores na hidroginástica) e aumento da
capacidade cardiorrespiratória, durante 30 minutos, além de atividades
recreativas e de relaxamento, de no máximo 10 minutos, totalizando
50 minutos cada sessão, realizada duas vezes semanais, com intensida­
de moderada. O controle da intensidade dos exercícios das aulas foi
por meio da Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (BORG, 1982),
considerada uma das mais eficazes para o controle da intensidade de
trabalho (GRAEF; KRUEL, 2006).
Para avaliação da aptidão funcional utilizou­se a bateria de testes
para idosos da American Alliance for Health, Physical Education, Re­
creation and Dance – AAHPERD (OSNESS et al., 1990). Esta bateria
compreende cinco testes físicos que avaliam a flexibilidade – sentar e
alcançar (centímetros); a coordenação (segundos); a agilidade e o
equilíbrio dinâmico (segundos); a resistência de força de membros su­
periores (repetições); e a resistência aeróbia geral – 1/2 milha (segun­
dos). O somatório dos escores dos cincos testes fornece o Índice de
Aptidão Funcional Geral (IAFG) das idosas. Os resultados dos testes
físicos foram classificados de acordo com os valores normativos ela­
borados por Zago e Gobbi (2003) e Benedetti et al. (2007).
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Também foi realizada com as idosas uma entrevista, com o objeti­
vo de investigar a prática de atividade física no período de interrupção
(férias) do programa, com a aplicação das seguintes perguntas: A se­
nhora realizou alguma atividade física regular nas férias? Qual(s)?
Quantas vezes na semana? Duração da(s) atividade(s)?
De posse das informações sobre as atividades físicas realizadas pe­
las idosas durante o período de interrupção, foi possível dividir a
amostra em dois grupos: Grupo 1 (G1) ­ praticantes de atividade física
regular durante o período de interrupção; e Grupo 2 (G2) ­ não prati­
cantes de atividade física no período de interrupção.
A coleta de dados ocorreu em dois momentos distintos. A primeira,
na última semana de novembro de 2006, considerada o período de
pré­interrupção. Nessa data, foram aplicados os testes da bateria
AAHPERD, conforme protocolo pré­estabelecido (BENEDETTI et
al., 2007).
Após as férias, ou seja, primeira semana de março de 2007, quando
as idosas retornaram do período de interrupção, assim chamado de
pós­interrupção de 12 semanas do programa, as idosas foram reavalia­
das, quanto os testes da AAHPERD. Nessa coleta, as idosas foram
questionadas sobre as atividades físicas realizadas no período de inter­
rupção.
Os dados da pesquisa foram armazenados e tratados no programa
estatístico Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão
17.0, utilizando­se inicialmente a estatística descritiva. Em seguida,
verificou­se a normalidade dos dados por meio do teste de Shapiro­
Wilk, observando­se distribuição normal para as variáveis: resistência
aeróbia, flexibilidade e IAFG (p>0,05), e distribuição não­normal para
as variáveis: força, coordenação e agilidade (p<0,05). Utilizou­se o
teste t de Student para amostras pareadas e seu equivalente, o teste de
Wilcoxon quando necessário. Na associação entre as variáveis categó­
ricas dos grupos praticantes de atividade física – G1 e não praticante –
G2 (no período de interrupção de 12 semanas) e a classificação das
aptidões funcionais e do IAFG, utilizou­se o teste do Qui­quadrado.
Adotou­se em ambos o intervalo de confiança de 95%.
Resultados
Na tabela 1 encontram­se os resultados descritivos (frequência
simples, percentagem, média e desvio padrão) referentes às aptidões
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funcionais da amostra no pré e pós­interrupção de 12 semanas.
Ao descrever as aptidões e o IAFG no pré e pós­interrupção, obser­
vou­se uma redução na média da agilidade, da flexibilidade e do
IAFG, entretanto na força, na resistência aeróbia e na coordenação
houve respectivos aumentos.
Tabela 1: Frequência simples (F), percentagem (%), média (x) e desvio padrão
(DP) das aptidões funcionais e do índice de aptidão funcional geral (IAFG) na pré
e pós­interrupção de 12 semanas.
Fonte: Dados da pesquisa. *Repetições; **Segundos; ***Centímetros; IAFG – Ín­
dice de aptidão funcional geral.
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Ao comparar cada aptidão funcional em relação à pré­interrupção e
pós­interrupção de 12 semanas, observa­se diferença estatisticamente
significativa para as variáveis resistência aeróbia (p=0,026) e força
(p=0,001), com ganhos significativos nessas aptidões (tabela 2).
A agilidade e equilibro dinâmico (p=0,001) apresentou diferença
estatisticamente significativa, demonstrando que o período de inter­
rupção de 12 semanas influenciou na redução dessa aptidão (tabela 2).
Em relação à flexibilidade e o IAFG, os mesmos não apresentaram
diferença significativa, observa­se que a maioria das idosas manteve
essas variáveis classificada na categoria fraca ou muito fraca.
A coordenação também não apresentou diferença significativa, en­
tre o pré e pós­interrupção de 12 semanas, entretanto houve uma me­
lhora no desempenho dessa aptidão.
Tabela 2: Comparação das aptidões funcionais e do IAFG na Pré e Pós­interrupção
de 12 semanas.
Fonte: Dados da pesquisa. A = Teste t para amostras pareadas; B = Teste de Wilco­
xon; * Significante ao nível de p<0,05; rp = repetições; s= segundos; cm= centíme­
tros; DP= desvio padrão; = média; IAFG= índice de aptidão funcional geral; gl=
grau de liberdade; t= teste t de Student; p= nível de significância.
Das idosas, 55,3% (n=26) praticaram atividade física regularmente
durante o período de interrupção e 44,7% (n=21) não praticaram. A
atividade física mais praticada foi à caminhada (85,7%), sendo que,
11,11% das idosas caminharam todos os dias da semana e 33,33% du­
as vezes na semana. A maioria das idosas (61,11%) caminhavam por
um período de 30 a 60 minutos.
Com base nos valores normativos de aptidão funcional, para mu­
lheres idosas com idade entre 60 a 79 anos, buscou­se associar o gru­
po de idosas praticantes de atividade física (G1) e não praticantes (G2)
durante o período de interrupção, com as aptidões funcionais e o
IAFG na pós­interrupção de 12 semanas do programa, conforme tabe­
la 3. Constatou­se associação estatisticamente significativa apenas pa­
ra a variável resistência aeróbia geral (RAG) e pratica de atividade
física no período de interrupção (G1). Os resultados demonstram que
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87,5% das idosas que praticaram atividade física regular no período de
interrupção, tiveram uma tendência a assumir um nível “bom” de
RAG no pós­interrupção, enquanto que, apenas 12,5% das idosas que
não praticaram atividade física apresentaram tendência a essa mesma
classificação.
Ao associar a coordenação, força, agilidade e IAFG pós­interrup­
ção com os grupos G1 (praticante) e G2 (não praticante) de atividade
física no período de interrupção de 12 semanas, não se observou dife­
rença significativa.
Tabela 3. Frequência simples (F), percentagem (%) e o teste do Qui­quadrado (X2)
entre as aptidões funcionais e o IAFG pós­interrupção entre o grupo praticante de
atividade física (G1) e não praticante (G2) durante o período de interrupção de 12
semanas da amostra pesquisada.
Fonte: Dados da pesquisa. *Repetições; **Segundos; ***Centímetros; €Ajuste resi­
dual >[2]; £= intervalo de significância de 95%; G1= grupo de idosas praticante de
atividade física no período de interrupção; G2= grupo de idosas não praticante de
atividade física no período de interrupção; x2= teste qui­quadrado; p= nível de sig­
nificância; IAFG= índice de aptidão funcional geral.
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Discussão
Observou­se neste estudo uma redução na agilidade das idosas pes­
quisadas, tendo o período de interrupção de 12 semanas das atividades
aquáticas influenciado negativamente nessa aptidão. Alguns estudos
(FERREIRA; GOBBI, 2003; ALVES et al., 2004; SIMONS; ANDEL,
2006) corroboram com a idéia da influência da prática regular de exer­
cícios físicos na agilidade e equilíbrio dinâmico, explanando acerca da
redução do nível dessa variável quando um programa de exercícios fí­
sicos regular é interrompido.
O período de interrupção de 12 semanas, em nosso estudo, não
acarretou uma diminuição significativa nas aptidões flexibilidade, co­
ordenação e no IAFG das idosas, pois se mantiveram estáveis. Acredi­
ta­se que isto ocorreu, pelo fato das idosas serem independentes e
autônomas nas suas atividades da vida diária, e principalmente, por
manterem­se ativas durante a interrupção do programa, uma vez que a
maioria das idosas relatou ter praticado algum tipo de atividade física
nesse período. Resultados semelhantes foram constatados por Ribeiro
et al. (2009) ao analisarem a influência de 8 semanas de interrupção
na aptidão funcional de 14 idosas participantes de um programa de gi­
nástica, não observando influência significativa do período de inter­
rupção na flexibilidade e na coordenação.
Deste modo, a manutenção da prática de atividades físicas no pe­
ríodo de interrupção, interfere nos efeitos do destreino (RIBEIRO et
al., 2009), pois o mesmo parece possuir efeitos significativos nas apti­
dões físicas (FIATARONE; MARKS; RYAN, 1990; TRAPPE; WIL­
LIAMSON; GODARD, 2002). Todavia, estes efeitos são modulados
pela intensidade na qual a atividade física é realizada, sofrendo perdas
menores os indivíduos que praticam atividades mais intensas (FA­
TOUROS et al., 2006), e pelo estilo de vida adotado no período de
destreino, sendo que os indivíduos que mantém uma atividade física
regular nesses períodos tendem a vivenciarem menores reduções de
suas aptidões físicas (TRAPPE; WILLIAMSON; GODARD, 2002).
Quanto à força, constatou­se no presente estudo uma melhora nesta
aptidão após o período de interrupção de 12 semanas. Pesquisas (LE­
XELL et al., 1995; LEMMER et al., 2000) têm demonstrado que a
força muscular pode ser preservada de cinco a 31 semanas após o pro­
grama de exercícios ter sido interrompido. Ferreira e Gobbi (2003)
destacam que indivíduos idosos, devido às características de utilização
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dos movimentos dos braços na realização das atividades da vida diá­
ria, podem melhorar a força desse membro.
Estudo de Rosa et al. (2008) ao avaliar o efeito do período de inter­
rupção 12 semanas na força muscular de membros superiores de ido­
sas praticantes de atividades aquáticas, verificou aumento da força
após a interrupção, podendo esse estar relacionado às atividades da vi­
da diária realizadas pelas idosas, tais como: limpar a casa, lavar roupa,
varrer/capinar o jardim, entre outras.
Também, no presente estudo, verificou­se um aumento significati­
vo na resistência aeróbia geral (RAG) após o período de interrupção
de 12 semanas das atividades de hidroginástica e de natação, sendo
que este aumento foi associado à prática de caminhada, realizada pelas
idosas durante o período de interrupção das atividades do programa.
Para Matsudo, Matsudo e Barros Neto (2000) e Spirduso (2005) com o
processo de envelhecimento ocorrem uma diminuição da resistência
aeróbia, mas esta torna­se menor em indivíduos fisicamente ativos.
Nesse sentido, estudo de Silva, Oliveira e Madureira (2006) sobre
os efeitos nas variáveis antropométricas e fisiológicas, após um perío­
do de 12 semanas de interrupção de um programa de ginástica, com 11
mulheres com idade entre 55 e 69 anos, verificou diferença estatistica­
mente significativa nas variáveis fisiológicas de consumo máximo de
oxigênio, inferindo que as atividades ministradas no programa tenham
sido de baixo teor metabólico, a ponto de não proporcionar melhora no
consumo máximo de oxigênio e que durante o período de interrupção
os sujeitos passaram a caminhar mais (em tempo e distância), o que
pode ter favorecido a melhora dessa variável.
Também Rosa et al. (2008) referem em seu estudo que o programa
de atividades aquáticas para idosas podem não ter promovido incre­
mento na capacidade aeróbia, sendo que há necessidade de intensificar
o trabalho aeróbio nas aulas de hidroginástica e natação, pois confor­
me Cider et al. (2005) e Chu et al. (2004) estas modalidades melhoram
o condicionamento cardiorespiratório.
Rosa et al. (2008) reforçam a importância do exercício físico no
processo de envelhecimento e da conscientização sobre as vantagens
das idosas se manterem ativas mesmo no período de férias/interrupção
do programa de atividades aquáticas, para que os níveis de aptidão
funcional das idosas mantenham­se ou melhorem.
Assim, torna­se importante rever o programa a fim de proporcionar
maiores benefícios ao seu praticante, principalmente quanto à resistên­
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cia aeróbia e a força muscular, além de orientar as idosas a manterem
ativas durante o período de interrupção do programa, praticando ativi­
dades físicas que envolvam não só grandes grupos musculares, como
a caminhada, mas atividades mais direcionadas, como musculação, gi­
nástica, yoga..., para que ocorram melhoras significativas em suas ap­
tidões funcionais, em especial na agilidade e equilíbrio dinâmico.
Além disso, a manutenção de um estilo de vida ativo no período de in­
terrupção do programa pode ter contribuído para a manutenção dos ní­
veis das aptidões flexibilidade, coordenação e IAFG avaliadas neste
estudo.
Sugere­se que novas pesquisas sejam conduzidas na avaliação da
influência do período de interrupção na aptidão funcional de idosos
praticantes de exercícios físicos, de diferentes modalidades (caminha­
da, ginástica, dança, entre outros), controlando a frequencia dos ido­
sos no programa, a intensidades e a duração dos exercícios, além do
controle das atividades da vida diária e instrumentais, e físicas desem­
penhadas pelas idosas durante o período de realização do programa de
hidroginástica e natação e da interrupção/férias. O conhecimento nes­
ses aspectos possibilitará a estruturação, planejamento, execução, ava­
liação e orientação dos programas de exercícios físicos para idosos,
bem como, para manter e melhorar a aptidão funcional dos mesmos.
Functional fitness of aged women engaged in physical exercises: influences of
the detraining period
Abstract
This study aimed to verify the influence of the interruption period of 12 weeks on
the functional fitness of elderly women engaged in swimming and hydrogymnas­
tics. Study participants were aged 47, evaluated for battery American Alliance for
Health, Physical Education, Recreation and Dance, in pre and post­interruption of
12 weeks of the exercise. The results of the aptitudes between pre and post­inter­
ruption of the program showed no difference statisct for the flexibility, coordinati­
on, and the index of general functional fitness in elderly women. The interruption
period significantly influenced the reduction of agility and balance, increased
strength of the upper and aerobic endurance, the latter being associated with the
practice of walking in that period.
Keywords: Aged ­ Physical Fitness ­ Physical Exercise
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Aptitud funcional de mujeres mayores practicantes de ejercicios físicos: la in­
fluencia del período de interrupcion
Resumen
Este estudio ha como objetivo verificar la influencia del período de interrupción de
12 semanas en la aptitud funcional de las mujeres de edad participan en el natación
y aeróbicos acuáticos. Los participantes del estudio fueron 47 mujeres de edad
avanzada, evaluaron de la batería Alianza Americana para la Salud, la Educación
Física, Recreación y Danza, en pre y post­interrupción de las 12 semanas del pro­
grama. Los resultados de las aptitudes entre el pre y post­interrupción del programa
no mostró una diferencia el flexibilidad, el coordinación, y el índice de aptitud fun­
cional general en mujeres de edad avanzada. El período de interrupción influyen
significativamente en la reducción de la agilidad y el equilibrio, la fuerza creciente
de la resistencia aeróbica y la parte superior, siendo esta última asociada a la prácti­
ca de caminar en ese período.
Palabras clave: Anciano ­ Aptitud Física ­ Ejercicio Fisico
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Recebido em: 01/09/2010
Revisado em: 04/11/2010
Aprovado em: 25/11/2010
Endereço para correspondência
[email protected]
Giovane Pereira Balbé Correio
Universidade do Estado de Santa Catarina
Centro de Educação Física e Desportos.
Rua Paschoal Simone, 358
Coqueiros
88080­350 ­ Florianopolis, SC ­ Brasil
Pensar a Prática, Goiânia, v. 14, n. 3, p. 1­14, set./dez. 2011
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