MÉTODO RACIONAL PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS ENCHENTES Enchente corresponde ao fenômeno da ocorrência de vazões relativamente grandes de escoamento superficial. Normalmente, causam inundação isto é, as águas extravasam o canal natural do rio. A ocorrência desse fenômeno está ligado aos fatores meteorológicos e hidrológicos: Fatores meteorológicos Fatores hidrológicas: Naturais: tipo de precipitação, cobertura vegetal, capacidade de drenagem, forma da bacia. Artificiais. relaciona-se a modificação humana - obras hidráulicas, forma de ocupação do solo, erosão, desmatamentos, entre outros. MÉTODO RACIONAL FORMAÇÃO DAS ENCHENTES Processo de formação das enchentes - trata-se de analisar o escoamento superficial ao longo da bacia. Principais etapas envolvidas (ciclo hidrológico) - escoamento superficial precipitação na bacia. Escoamento superficial - Fatores relevantes distribuição temporal e espacial da precipitação fatores fisiográficos - área, a forma, a permeabilidade e a capacidade de infiltração, e a topografia da bacia. Precipitação – Fatores relevantes intensidade da chuva duração da chuva MÉTODO RACIONAL DEFINIÇÕES BÁSICAS Bacia de Drenagem Uma bacia de drenagem tem um único ponto de despejo, que é o ponto de interseção entre o divisor de água e o talvegue considerado. Logo, para cada ponto de um curso d'água ou de um talvegue corresponde uma determinada bacia de drenagem ou bacia contribuinte. E os pontos de despejo são comumente chamados de enxutórios, esultórios ou deságüe. A bacia de drenagem urbana é a similar da bacia hidrográfica, quando se considera a presença de vias urbanas e a modificação do relevo pelas implantações de edifícios. Em semelhança à bacia hidrográfica, a Bacia de Drenagem é limitada por divisores de água e talvegues. Os divisores de água destas bacias podem ser meios-fios, pontos altos de vias, muros e pontos altos de terrenos, dentre muitas opções. Já os talvegues passam a ser sarjetas, valetas, canaletas, galerias tubulares e celulares, canais, etc. MÉTODO RACIONAL DEFINIÇÕES BÁSICAS Comprimento do talvegue principal Desnível do talvegue principal Estima-se sua declividade, dividindo-se a diferença entre as cotas máxima e mínima do perfil pelo comprimento do talvegue; S1 = ΔH / L [m/km] ou [m/m] ΔH S1 = declividade ΔH = Diferença de cota L = Comprimento MÉTODO RACIONAL DEFINIÇÕES BÁSICAS Tempo de Concentração (tc ) É o tempo de escoamento da água pluvial no talvegue principal, ou seja é o tempo necessário para que a água precipitada, ao atingir o solo, no ponto mais remoto de uma bacia, leva para chegar no enxutório. MÉTODO RACIONAL DEFINIÇÕES BÁSICAS Período de Retorno (T) Período de retorno ou tempo de recorrência de uma chuva é o intervalo de tempo médio em que uma determinada chuva terá a probabilidade de ocorrer ou ser superada em pelo menos uma vez. Quanto maior for o período de recorrência, maior será o valor da vazão de projeto encontrada e, consequentemente, mais segura e cara será a obra. MÉTODO RACIONAL DEFINIÇÕES BÁSICAS Precipitação (P) É a quantidade de água da chuva, ou seja, é o volume da chuva, geralmente medidos através de pluviômetros e pluviógrafos. No trabalho desenvolvido por Otto Pfeifsteter e apresentado no livro Chuvas Intensas no Brasil, foram tratados os dados dos postos pluviométricos brasileiros e geradas equações características para cada posto. Intensidade Pluviométrica (i) Intensidade Pluviométrica: é o fluxo da chuva, ou seja, é a vazão da água que precipita. Deflúvio Superficial (Q) Deflúvio Superficial: é a vazão de água precipitada que efetivamente atinge o enxutório da bacia de drenagem, ou seja, é a vazão de água que efetivamente escorre na superfície da bacia. MÉTODO RACIONAL GRANDEZAS HIDROLÓGICAS Método racional Hidrograma Unitário Triangular Equações específicas de chuva para cidades MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL O método racional é dos mais conhecidos e antigos modelos para o cálculo da vazão de pico à saída de uma bacia hidrográfica. Aplica-se a pequenas bacias hidrográficas, ou seja, as que atendem aos seguintes critérios: - pode-se assumir a distribuição uniforme da precipitação, no tempo e no espaço; - a duração da precipitação usualmente excede o tempo de concentração da bacia; - há predomínio de escoamento superficial, como é o caso em áreas urbanizadas; - efeitos de armazenamento superficial, durante o escoamento, são desprezíveis. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Tempo de Concentração (equação de Kirpich) L3 t c 57 H 0,385 Onde: tc = tempo de concentração, em minutos; L = comprimento do talvegue principal, em Km; H = desnível do talvegue principal, em metros. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Precipitação PT Onde: P= T= a, b, c = a, b = tc = T 0,25 a.tc b.log1 c.tc precipitação, em mm período de retorno, em anos; constantes dos postos pluviométricos; constantes que variam com o tempo de concentração e o posto pluvioétrico; tempo de concentração, em horas. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Período de Retorno Dispositivos de condução de águas superficiais: T = 5 a 10 anos; Galerias tubulares, galerias celulares e bueiros: T = 10 a 15 anos; Bueiros funcionando sob pressão: T = 15 a 25 anos; Canais: T = 50 a 100 anos; Pontes: T = 50 a 100 anos; Vertedores de barragens: T = 1000 a 10000 anos. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Constantes: Constante α tc 5min 15min 30min 1 h 2h 4h 8h 14 h 24 h 48 h 0,108 0,122 0,138 0,156 0,166 0,174 0,176 0,174 0,170 0,166 Constante - Postos pluviométricos P 9 13 15 20 51 52 55 83 87 LOCAL Barbacena Belo Horizonte Bonsucesso Caxambu Ouro Preto Paracatu Passa Quatro Sete Lagoas Teófilo Otoni a b c 0,5 0,6 0,8 0,5 0,6 1,2 0,7 0,4 0,4 18 26 18 23 23 43 21 27 24 60 20 60 20 20 10 20 20 20 5min 15min 0,12 0,12 0,12 0,12 0,04 0,04 0,08 0,08 0,00 0,12 0,04 0,00 0,04 0,04 0,08 0,08 0,00 0,08 30min 1h a 6d 0,08 0,04 0,12 0,04 0,04 0,04 0,08 0,08 0,12 0,04 0,04 0,12 0,04 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Intensidade Pluviométrica P i tc Onde: P= tc = precipitação, em mm tempo de concentração, em horas. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Deflúvio Superficia CiA Q 360 Onde: Q = deflúvio superficial, em m3/s C = coeficiente de deflúvio superficial (run off); i = intensidade pluviométrica; A = área da bacia hidrográfica, em hectares (ha). Q 0,278C i A Quando “ A = [km²]” MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Parâmetro C para Áreas urbanas Oupação do solo C DE EDIFICAÇÃO MUITO DENSA: Partes centrais, densamente construídas de uma cidade com rua e calçadas pavimentadas 0,70 a 0,95 DE EDIFICAÇÃO NÃO MUITO DENSA: Partes adjacentes ao centro, de menor densidade de habitações, mas com ruas e calçadas pavimentadas 0,60 a 0,70 DE EDIFICAÇÃO COM POUCAS SUPERFÍCIES LIVRES: Partes residenciais com construções cerradas, ruas pavimentadas 0,50 a 0,60 DE EDIFICAÇÃO COM MUITAS SUPERFÍCIES LIVRES: Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas, mas com muitas áreas verdes 0,25 a 0,50 DE SUBÚRBIOS COM ALGUMA EDIFICAÇÃO: Partes de arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de construções 0,10 a 0,25 DE MATAS, PARQUES E CAMPOS DE ESPORTES: Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados e campos de esporte sem pavimentação 0,05 a 0,20 MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Parâmetro C para bacias urbanas UTILIZAÇÃO OU COBERTURA DO SOLO Zonas cultivadas: sem conservação do solo com conservação do solo Pastagens ou terrenos em más condições Baldios em boas condições Prado em boas condições Bosques ou zonas de cobertura ruim Florestais: cobertura boa Espaços abertos, relvados, parques, campos de golf, cemitérios, boas condições: com relva em mais de 75% da área com relva de 50 a 75% da área Zonas comerciais e de escritórios Zonas industriais A 72 62 68 39 30 45 25 B 81 71 79 61 58 66 55 C 88 78 86 74 71 77 70 D 91 81 89 80 78 83 77 39 49 89 81 61 69 92 88 74 79 94 91 80 84 95 93 MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Parâmetro C para bacias urbanas UTILIZAÇÃO OU COBERTURA DO SOLO Zonas residênciais; lotes de (m2) -% média impermeável <500 - 65 1000 - 38 1300 - 30 2000 - 25 4000 - 20 Parques de estacionamentos, telhados, viadutos, etc Arruamentos e estradas asfaltadas e com drenagem de águas pluviais paralelepípedos terra A B C D 77 61 57 54 51 85 75 72 70 68 90 83 81 80 79 92 87 86 85 84 98 98 98 98 98 98 98 98 76 85 89 91 72 82 87 89 MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Parâmetro C para bacias urbanas SOLO A: solos argilosos impermeáveis a semi-permeáveis com capacidade de infiltração de 0 a 1 mm/h; SOLO B: solos siltosos de características semi-permeáveis com capacidade de infiltração de 1 a 4 mm/h; SOLO C: solos siltosos de características semi-permeáveis com capacidade de infiltração de 4 a 8 mm/h; SOLO D: solos siltosos de características semi-permeáveis com capacidade de infiltração de 8 a 12 mm/h. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Equação de chuva para belo horizonte Equação geral das chuvas para durações inferiores a 1 hora i 795,18xT (t 5) 0,1598 0, 7039 T 0 , 0106 Equação geral das chuvas para durações superiores a 1 hora 1172,4 xT 0,1454 i t 0,8331 MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL L t c 57 H 3 PT T 0,25 0,385 a.tc b.log1 c.tc P i tc i i 795,18xT 0,1598 (t 5) 0, 7039 T 0 , 0106 1172,4 xT 0,1454 t 0,8331 Q CiA 360 Q 0,278C i A MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Oupação do solo C DE EDIFICAÇÃO MUITO DENSA: Partes centrais, densamente construídas de uma cidade com rua e calçadas pavimentadas 0,70 a 0,95 DE EDIFICAÇÃO NÃO MUITO DENSA: Partes adjacentes ao centro, de menor densidade de habitações, mas com ruas e calçadas pavimentadas 0,60 a 0,70 DE EDIFICAÇÃO COM POUCAS SUPERFÍCIES LIVRES: Partes residenciais com construções cerradas, ruas pavimentadas 0,50 a 0,60 DE EDIFICAÇÃO COM MUITAS SUPERFÍCIES LIVRES: Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas, mas com muitas áreas verdes 0,25 a 0,50 DE SUBÚRBIOS COM ALGUMA EDIFICAÇÃO: Partes de arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de construções 0,10 a 0,25 DE MATAS, PARQUES E CAMPOS DE ESPORTES: Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados e campos de esporte sem pavimentação 0,05 a 0,20 MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Exemplo Encontrar um coeficiente de escoamento adequado para uma área de pequena inclinação, bem urbanizada, onde 22% corresponde a ruas asfaltadas e bem conservadas, 8% de passeios cimentados, 36% de pátios ajardinados e 34% de telhados cerâmicos. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Exemplo Encontrar um coeficiente de escoamento adequado para uma área de pequena inclinação, bem urbanizada, onde 22% corresponde a ruas asfaltadas e bem conservadas, 8% de passeios cimentados, 36% de pátios ajardinados e 34% de telhados cerâmicos. C = 0,22 x 0,95 + 0,08 x 0,80 + 0,36 x 0,10 + 0,34 x 0,90 = 0,615 C = 0,62 MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Exemplo Encontrar um coeficiente de escoamento adequado para uma área de pequena inclinação, bem urbanizada, onde 80.000 m² corresponde a ruas asfaltadas e bem conservadas, 800 m² de passeios cimentados, 60.000 m² de pátios ajardinados e 400.000 m² de casas com áreas verdes. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Exemplo Calcular a vazão de projeto de uma galeria pluvial em Barbacena, para um período de retorno de 20 anos, numa área de 5 km², a ser urbanizada futuramente, com extensão da drenagem de 3 km e com declividade de 3%. Método Racional (Q=CiA) para a vazão na condição do solo natural. Dados: i=70,07 mm/h e C = 0,82. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Exemplo 2 Na figura abaixo está indicada a planta de um conjunto de residências que serão construídas em uma microbacia urbana. Calcular a vazão de projeto pelo método racional para construção de um bueiro no final do canal indicado na figura. MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Exemplo 2 – cont. É ainda informado que: - os lotes residenciais (com iguais dimensões, indicadas na figura) serão totalmente impermeáveis; - as demais áreas serão adotadas com permeabilidade média de 60%; - o bueiro será construído para suportar apenas a drenagem correspondente à área indicada na figura; - para o cálculo da intensidade pluviométrica será adotado um período de retorno de 20 anos; - adotar uma declividade média de 3% MÉTODO RACIONAL MÉTODO RACIONAL Exemplo 3 Um determinado trecho de galeria deverá receber e escoar o deflúvio superficial oriundo de uma área de 185.000 m², banhada por uma chuva intensa, onde 18% corresponde a ruas asfaltadas e bem conservadas, 6% de passeios cimentados, 46% de pátios e canteiros gramados, além de 30% de telhados. A sua inclinação média é de 2%. Se o tempo de concentração previsto para o início do trecho é de 14 minutos, calcular a vazão de jusante do mesmo sabendo-se que a equação de chuva máxima local é dada pela expressão desenvolvida por Otto Pfafstetter para Belo Horizonte (duração até 1 hora).