BANCOS SÃO MAIS LUCRATIVOS DO QUE A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA ( Câmara dos Deputados – Quarta-Feira,18 de maio de 2005) SENHOR PRESIDENTE, A QUEM CUMPRIMENTO, EXPRESSANDO A MINHA ADMIRAÇÃO E RESPEITO A VOSSA EXCELÊNCIA. SENHORAS E SENHORES DEPUTADOS. NA SEMANA PASSADA, OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DERAM AMPLA COBERTURA SOBRE OS LUCROS EXORBITANTES DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, BEM COMO OS ALTOS JUROS BANCÁRIOS, EMBALADOS PELO CRESCIMENTO NO VOLUME DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS, NO AUMENTO DE SUAS PROVISÕES PARA CRÉDITO DE RECEBIMENTOS DUVIDOSOS E NAS SUAS RECEITAS DE SERVIÇOS. EM CONTRAPARTIDA, A CRISE NA AGROPECUÁRIA NACIONAL É TÃO GRAVE ESTE ANO QUE SERÁ PRECISO ESTABELECER CONDIÇÕES ESPECIAIS PARA O PRÓXIMO PLANO DE SAFRA. CASO A SITUAÇÃO DE DIFICULDADES DOS PRODUTORES NÃO SEJA ATENDIDA POR PROGRAMAS ESPECIAIS DE CRÉDITO E DE INCENTIVO À PRODUÇÃO, HÁ RISCO DE O BRASIL REDUZIR SUA PRODUÇÃO DE GRÃOS. ALIÁS, A PRODUÇÃO DESTE ANO SERÁ A MENOR DOS ÚLTIMOS DOIS ANOS, DE ACORDO COM DADOS DA COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, A CONAB. O ESTUDO MOSTRA QUE A SAFRA NACIONAL DE GRÃOS 2004/2005 SERÁ DE 113 MILHÕES E SETECENTOS MIL TONELADAS, QUEDA DE TREZE VÍRGULA QUATRO POR CENTO EM COMPARAÇÃO COM A ESTIMATIVA INICIAL, FEITA EM DEZEMBRO, DE QUE O BRASIL COLHERIA 131 MILHÕES NOVECENTAS MIL TONELADAS. VALE RESSALTAR QUE A SAFRA 2002/2003 FOI A MAIOR DA HISTÓRIA DO PAÍS. DESDE ENTÃO, A PRODUÇÃO VEM CAINDO. O DADO CURIOSO É QUE O PLANTIO NA SAFRA ATUAL FOI O MAIOR DO BRASIL, COM O CULTIVO DE QUARENTA E OITO MILHOES QUATROCENTOS E SESSENTA E DOIS MIL DE HECTARES. HÁ OS QUE, AINDA, INSISTEM EM AFIRMAR QUE ESTE CENÁRIO É RESULTADO DE PROBLEMAS FITOSSANITÁRIOS OU DE CLIMA ADVERSO. SOMBRIO ENGANO. OS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELOS PRODUTORES RURAIS ESTÃO NA INVIABILIDADE DE ATENDEREM COMPROMISSOS COM O PRODUTO COLHIDO. NA ÚLTIMA SAFRA HOUVE QUEBRA DE COLHEITA EM MUITOS ESTADOS DEVIDO À SECA, OS PRODUTORES COMPRARAM INSUMOS NO ANO PASSADO, COM DÓLAR CARO E AGORA VENDEM A PRODUÇÃO COM DÓLAR BEM MAIS BARATO, OU SEJA, RECEBEM MENOS. SÓ NO RIO GRANDE DO SUL, A QUEBRA DE SAFRA GIRA ENTRE 11MILHÕES E 12 MILHÕES DE TONELADAS, O QUE PRODUZ UM PREJUÍZO DE APROXIMADAMENTE R$ 14 BILHÕES. OS PREÇOS DE VENDA DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS ATUALMENTE NÃO COBREM OS CUSTOS DE PRODUÇÃO, GERANDO COMO RESULTADO QUEDA DE RENDA DO PRODUTOR, QUE CONSEQÜENTEMENTE TEM DIFICULDADE PARA PAGAR CRÉDITOS CONTRATADOS NO ANO PASSADO PARA FINANCIAR O PLANTIO. OS PRODUTORES DE TRIGO E DE ARROZ, SENHORAS E SENHORES PARLAMENTARES, ESTÃO ENFRENTANDO DIFICULDADES AINDA PIORES, POIS ESTÃO TENDO QUE ARCAR COM A CONCORRÊNCIA DAS IMPORTAÇÕES, PRINCIPALMENTE DO URUGUAI E ARGENTINA, ONDE OS CUSTOS DE PRODUÇÃO SÃO MAIS BAIXOS. ATÉ O MAQUINÁRIO AGRÍCOLA, MUITAS VEZES IMPORTADO DO BRASIL, CUSTA ENTRE TRINTA E QUARENTA POR CENTO NESSES PAÍSES DO QUE AQUI. FRENTE AOS ALTOS CUSTOS DE PRODUÇÃO, NÃO SE TEM COMO ENCARAR A PRÓXIMA SAFRA. NA ATUAL SITUAÇÃO, HÁ DIFICULDADE PARA HONRAR O PASSADO E PLANEJAR O FUTURO. É UMA SITUAÇÃO EXCEPCIONAL, E PRECISA SER TRATADA COM TAL GRAVIDADE. NO CASO DO ARROZ IRRIGADO, O CUSTO DE PRODUÇÃO É DE TRINTA REAIS PELA SACA DE CINQUENTA QUILOS, MAS OS PRODUTORES ESTÃO OBTENDO PARCOS DEZESSETE POR CENTO NO MOMENTO DA COMERCIALIZAÇÃO. UMA ASSUSTADORA DE CINQÜENTA E SEIS POR CENTO. SERÁ QUE OS BANQUEIROS SÃO MAIS COMPETENTES QUE OS PRODUTORES BRASILEIROS? A QUESTÃO NÃO É ESTA E SIM A DE QUE A ATUAL POLÍTICA ECONÔMICA ESTÁ PRIVILEGIANDO O DINHEIRO DA ESPECULAÇÃO EM DETRIMENTO AO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTADO NO BRASIL. NÃO HÁ ESTÍMULO AO PLANTIO. O PRODUTOR DEVE ADOTAR A POLÍTICA DE PLANTAR SOMENTE SOB ENCOMENDA, PARA EVITAR PREJUÍZOS. SENHOR PRESIDENTE, CONFIO QUE ESTE MEU PRONUNCIAMENTO SEJA ÚTIL AOS QUE SINCERAMENTE NÃO DESEJAM TER UMA ECONOMIA SOLIDIFICADA SOBRE A AREIA DA ESPECULAÇÃO FINANCEIRA. MUITO OBRIGADO .