5 # 11 o Ed iç ã Oásis ANO DA ALEMANHA NO BRASIL Chef alemão vira barriga-verde ATACAMA Um deserto marciano, no norte do Chile ENGOLIR SAPOS FAZ MAL Aprenda a descarregar sua raiva COMPUTADOR A JATO 10 dicas para se ganhar tempo por “Quase todas as atrações do Deserto de Atacama são de tipo geológico. São elas que fazem dele um lugar privilegiado para o turismo ecológico e de aventura” Luis Pellegrini Editor O deserto de Atacama é o tema da nossa matéria de capa. Dizer que se trata de um lugar especial é pouco. É lugar único. Pelo menos, após rodar pelos quatro cantos do mundo, não me lembro de ter visto nada igual. Situado no norte do Chile, na fronteira com Argentina e Bolívia, trata-se de um dos desertos mais áridos e mais altos do mundo. A vantagem é que seu acesso é fácil. Vai-se de carro, ônibus, ou de avião até a cidade de Calama, e daí até San Pedro de Atacama – capital turística da região. De São Pedro partem as excursões para se visitar as muitas atrações disponíveis. Quase todas são de tipo geológico. São elas que fazem do Atacama um lugar privilegiado para o turismo ecológico e de aventura. Vulcões (alguns deles ainda ativos), gêiseres, banhos termais, lagunas de altitude, salares, flamingos, vicunhas, condores, a lista parece ser interminável. Fiquei num hotel também de exceção, o Kunza, situado a poucas quadras da oásis . Editorial 1/33 por Luis Pellegrini Editor oásis . Editorial praça central de San Pedro. Recomendo vivamente. A segunda matéria, “Engolir sapos faz mal”, trata da raiva e, mais propriamente, da tendência que alguns têm de levar desaforos para casa, de não reagir em face das agressões sofridas, de não descarregar a ira que os remói por dentro. Dizem os adeptos da medicina oriental que a raiva não descarregada é a principal causa da formação de cálculos biliares. Mas essa não é sua única consequência: toda uma série de disfunções físicas e psíquicas podem acontecer quando, em vez de “rodar a baiana” e “soltar os cachorros”, preferimos, por timidez ou temor, trancar nossa revolta e não extravasá-la. Saiba mais lendo a matéria. Neste mês de maio tem início o Ano da Alemanha no Brasil, com uma série de festejos e comemorações em todo o país. Mas é no Sul, sobretudo em Santa Catarina, que os germano-brasileiros fervem. Em Florianópolis fomos encontrar o chef alemão Heiko Grabolle, que há poucos anos decidiu se fixar no Brasil. E voltamos de lá inclusive com uma receita de presente para os leitores de Oásis. Confira. Por último, um vídeo educativo da organização TED ensina dez dicas básicas para você agilizar seu trabalho no computador, ganhar tempo e economizar energia. 2/33 VIAGEM ATACAMA Um deserto marciano, no norte do Chile oásis . VIAGEM 3/33 Uma laguna altiplânica oásis . VIAGEM 4/33 Ele começa no mar, quase à beira do Pacífico. Sobe pouco a pouco, até os cinco mil metros, na cordilheira dos Andes. É o Atacama, um deserto que parece ser de outro planeta. Em San Pedro, principal centro urbano, o Kunza Hotel e Spa tornou-se um hospedeiro de exceção O Por Luis Pellegrini, de San Pedro de Atacama, Chile Atacama, no norte do Chile, é um dos desertos mais secos e elevados do mundo. Imenso, aqui e ali, surgem cactos gigantes que parecem sentinelas solitárias de braços eternamente levantados. Tufos de capim jorram do chão e são a base alimentar da vicunha, a dona-do-pedaço, uma prima do camelo que vive em bandos a vagar pelas encostas das montanhas. Nutrem também lebres e alguns roedores que, por sua vez, viram comida de raposas, de pumas, e dos condores que tudo veem lá das alturas. Não fossem esses bravos e teimosos representantes do mundo vegetal e animal, pode- oásis . VIAGEM ríamos achar que estamos na superfície do planeta Marte, exatamente como mostram as fotos enviadas pela sonda Curiosity. Só que em Marte o céu é branco acinzentado. No Atacama ele se mostra em azul incrível, até chegar ao horizonte onde, subitamente, cede lugar ao vermelho da terra. A oeste, vários vulcões da cordilheira dos Andes, alguns ativos, com seus cumes eternamente nevados, exibem penachos de fumarolas e parecem estar muito perto. Impõem respeito. Dentre eles se destaca o Licancabur, com 5.916 metros de altura. Seu nome no idioma kunza, falado pelos antigos moradores do Atacama, significa simplesmente “o homem-montanha”. Porque desde sempre, esse vulcão semiativo é venerado pelos locais como criatura viva, amiga e protetora dos humanos. Ele é uma espécie de bússola onipresente: pode ser avistado o tempo todo e orienta os viajantes, impedindo que se percam na imensidão do deserto. A paisagem, a luminosidade e transparência do ar no Atacama são inigualáveis. De dia, haja óculos escuros, pois tudo brilha como se fosse espelho. À noite, as estrelas parecem próximas, basta levantar o braço e pode-se agarrar uma delas 5/33 Algumas antenas parabólicas do Observatório ALMA – pelo menos essa é a sensação que se tem. Não à toa o Atacama é sede de observatórios astronômicos internacionais. O mais importante deles é o Alma The Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), inaugurado há poucos meses e parcialmente aberto à visitação. O Alma é o maior projeto existente no mundo para a observação astronômica. Seu design revolucionário obrigou a construção de 66 enormes radiotelescópios. Instalado a 5 mil metros de altitude, no Planalto de Chajnantor, esse conjunto de antenas parabólicas gigantes parece diretamente saído dos cenários de “Odisséia no Espaço”, o mítico filme de Stanley Kubrick. Aos pés do vulcão Licancabur está o vilarejo de San Pedro de Atacama, um dos destinos top mais concorridos no Chile. Ali, a temporada turística dura doze meses. Durante o ano todo San Pedro está cheio de pessoas dos mais diferentes países do mundo. É, provavelmente, o endereço mais cosmopolita do Chile. Nas suas velhas ruelas estreitas, hoje repletas de butiques, lojas de artesanato, bares e restaurantes, agências de viagem, ouve-se uma babel de línguas estrangeiras misturadas ao espanhol local. Os estrangeiros sentem e entendem o Atacama como uma região ancestral, mágica, cheia de energia telúrica, muito rica de atrativos naturais. Nela o visitante pode passar semanas e semanas em andanças contínuas e, ainda assim, não consegue visitar tudo. Claro, um lugar tão cheio de charme, tão sedutor, tem seu preço: San Pedro é um dos sítios mais caros do Chile. Mochileiros e andarilhos com pouca plata oásis . VIAGEM 6/33 Spa e piscina do Kunza Hotel, em San Pedro de Atacama À noite, banho tomado, e após uma eventual sessão relax no spa – com piscinas e jacuzzis ao ar livre, sauna, banho turco, academia de ginástica, massagens e terapias – chega a hora de ir ao restaurante. Seu nome é Oásis, com cozinha internacional e regional. Vale a pena pedir ao maître que sugira alguma especialidade chilena. De preferência, como entrada, o “caldillo de congrio al estilo de Pablo Neruda”, uma delícia à base de frutos do mar e congrio, peixe abundante nas águas chilenas. O poeta Neruda gostava tanto que compôs até uma “Ode al Caldillo de Congrio” para celebrar e imortalizar o prato. nos bolsos passam mal, pois a comida e os alimentos em geral não são baratos. Mas existem muitas alternativas de preço e qualidade, desde campings até hotéis 5 estrelas. Uma opção excelente é a oferecida pelo Kunza Ho tel & Spa, um cinco estrelas super confortável que oferece excursões e programas personalizados para que os hóspedes desfrutem de todas as maravilhas naturais da região, com total conforto. Como cada visita às atrações da região leva meio dia, o almoço geralmente é realizado in loco, gênero piquenique, providenciado pelo serviço do próprio hotel. oásis . VIAGEM Depois do jantar, café e conhaque num dos salões junto ao bar e muita conversa com os amigos, antes de se recolher aos quartos. O Kunza dispõe de 60 apartamentos de 52 metros quadrados cada um, equipados com minibar, ar condicionado, internet gratuita, cofre digital, televisão de tela plana, sistema de segurança. E, tesouro dos tesouros, um silêncio profundo que ajuda no descanso. Comece o programa de visitas pela própria cidadezinha de San Pedro de Atacama. Esse pacato vilarejo, considerado a capital arqueológica do país, é um oásis em meio aos vários salares que existem na região. San Pedro fica na chamada depressão pré altiplânica, a 2438 metros acima do nível do mar. 7/33 Restaurante externo e sala de estar do Kunz oásis . VIAGEM 8/33 Com ruelas sem asfalto e casinhas empoeiradas feitas de adobe, uma espécie de tijolo artesanal secado ao sol, San Pedro parece ter parado no tempo. As paredes das construções têm um acabamento feito com uma mistura de barro, palha e água. Como quase nunca chove, os telhados também são feitos dessa mistura, ao invés de serem cobertos com telhas. As construções mais antigas, como a bela igreja da vila, construída em 1774, tem o teto elaborado com madeira de cacto gigante, uma planta típica da região, prática hoje proibida para evitar a extinção da espécie. Outra atração de San Pedro é o Museu Padre Gustavo Le Paige, que conta a história do povo atacamenho que já existia há séculos antes de Cristo. Ao lado do museu, fica a feira de artesanato, com belos trabalhos regionais e agasalhos feitos de pelo de vicunha e de alpaca. A população é constituída pelos descendentes da etnia Lican Antai ou atacamenha, de origem inca, que ainda mantêm seus costumes e ocupações. Na rua principal, a Calle Caracoles, fica a maioria dos restaurantes, barzinhos transados e agências de turismo sempre lotadas. Vale da Morte A apenas 2 quilômetros de San Pedro, o Vale da Morte possui formações rochosas e dunas. O sedimento do solo é composto de sal e gesso, entre outros minerais, com uma coloração de rara beleza, entre o amarelo, rosado e branco. Cordilheira do Sal oásis . VIAGEM Calle Caracoles, a rua principal de San Pedro de Atacama A Cordilheira do Sal foi modelada através de milhões de anos pela chuva e pelo vento surgindo, assim, impressionantes formas e esculturas naturais em variadas cores e com brilho em razão dos minerais que a compõem. A ação abrasiva das intempéries sobre essa formação geológica deu origem a uma sequência de cerros que se assemelham a um fole de acordeão. Pela grande concentração de sal acumulada na superfície das formações, as rochas passam a fazer um escarcéu de estalidos durante o pôr e o nascer do sol em decorrência da mudança de temperatura. É como se centenas de pessoas ficassem estourando aquele plástico de bolhas ao mesmo tempo. Por isso elas são chamadas de “rochas que cantam”. Vale da Lua O lugar faz juz ao nome. Como ele bem diz, o Vale da Lua é famoso por sua conformação parecida com a superfície lunar devido às estratificações e afloramentos salinos ocasionados por agentes naturais. O cenário é um show, mas o espetáculo maior fica por conta do pôr do Sol apreciado por centenas de turistas a partir do topo das dunas do Vale da Lua. De lá tem-se uma visão panorâmica das cordilheiras Domeyko e dos Andes, bem como da cadeia de vulcões que circundam o vale, como o Licancabur, o Águas Calientes, o Lascar, o Línzor e o 9/33 Igreja colonial de San Pedro de Atacama oásis . VIAGEM 10/33 Acima, aspecto dos gêiseres do Tatio. Abaixo, trecho do Salar de Atacama Acamarachi. À medida que o sol se põe a coloração das montanhas vai tomando nuances que vão do amarelo ouro ao escarlate. O esplendor da paisagem causa arrepios, arranca lágrimas e salvas de palmas dos espectadores. Gêisers do Tatio O campo de gêiseres do “El Tatio”, situado 99 quilômetros ao norte de San Pedro, proporciona uma visão “infernal”. A 4.300 metros de altitude, imponentes fumarolas com jatos de água quente emergem na superfície, através de fissuras na crosta terrestre, alcançando uma temperatura de até 85 graus centígrados e até 5 metros de altura. O ápice desse impressionante espetáculo pode ser apreciado nas primeiras horas da manhã entre as 6 e as 7 horas, quando a temperatura fica abaixo de zero. O fenômeno origina-se em razão do contato de um rio subterrâneo gelado com as rochas quentes que recobrem a região de origem vulcânica. Salar de Atacama Mais de 96% do volume da água que escoa para esse salar, vinda das montanhas, se evapora, enquanto 4% se converte em salmoura devido à alta concentração de sais. O sal vai brotando do solo e se acumulando na superfície, formando um relevo oásis . VIAGEM 11/13 Artesanato à venda no povoado de Machuca oásis . VIAGEM 12/33 Uma das piscinas naturais das Termas de Puritama Cejar, onde os visitantes podem cair na água mesmo sem saber nadar. Como no Mar Morto, em Israel, a salinidade das águas é tão alta que ninguém afunda. Termas de Puritama Ao voltar do Tatio, a pedida é parar nas termas de Puritama e passar uma hora dentro de uma das várias piscinas alimentadas por fontes termais vulcânicas. Muito ricas em boro e outros minerais, as águas de Puritama são muito quentes e têm poder medicinal. Vale do Arco Iris de crostas. Grandes bandos de flamingos andinos povoam os salares, alimentando-se de uma espécie de camarão minúsculo chamado artêmia. A artêmia possui um alto teor de beta caroteno, o que dá a coloração rosada ao flamingo. Nem sempre a visita a esse vale faz parte do catálogo de ofertas dos hotéis. Simplesmente porque a zona ainda não está perfeitamente “organizada” para o turismo. Mas é exatamente isso que faz dele uma atração imperdível: o seu estado praticamente virgem. O nome se deve às estranhas formações de paredes rochosas de cor terra, muitas vezes combinada com brancos, amarelos e verdes, devido aos minerais ali existentes. Na ida ou na volta do salar costuma-se visitar os povoados históricos de Toconao e Socaire. A pequena igreja de Toconao, em perfeito estilo atacamenho, é objeto favorito para fotografias. Nas proximidades de Toconao fica também a laguna oásis . VIAGEM 13/33 O Vale da Lua, com suas superfícies recobertas de sal Lagunas altiplânicas Continuando em direção ao sul do Atacama chega -se a um dos sítios mais impressionantes em termos de beleza: as lagunas Miscanti e Meñiques, situadas a 4 mil metros de altitude, quase na fronteira com a Bolívia. O azul turquesa de suas águas simplesmente não tem rival. Infelizmente o turista precisa caminhar apenas em pistas predeterminadas ao redor das lagoas, e não pode ir até as margens. Pela segurança ambiental do lugar: nas margens várias aves de médio porte que nidificam no chão costumam fazer seus ninhos, e elas não gostam da nossa presença. Info: http://www.hotelkunza.cl/ oásis . VIAGEM 14/33 Flamingo solitário voa dinte do majestoso pico do vulcão Licancabur oásis . VIAGEM 15/33 GASTRONOMIA oásis . GASTRONOMIA ANO DA ALEMANHA NO BRASIL Chef alemão vira barriga-verde Heiko Grabolle, mestre-cuca nascido e criado na Vestfália, veio há alguns anos para Santa Catarina. Como se costuma dizer, veio, viu, decidiu ficar e... venceu. No Ano da Alemanha no Brasil, ele se afirma como um nome importante da gastronomia em nosso país N Texto e fotos: Valéria Cunha o mês de maio, o Brasil abre espaço para a chegada da Alemanha. Vermelho, amarelo e preto são as cores da bandeira alemã. Elas irão colorir, por um ano, as nossas ruas. Com o lema “Quando as ideias se encontram”, o Ano da Alemanha no Brasil começa agora, sobretudo nos estados do Sul, onde é maior a presença de germânicos e seus descendentes. Com muita polca, cerveja, salsichões, chucrute e enormes pratos de eisbein - que é como os alemães chamam o oásis . GASTRONOMIA seu tradicional prato de joelho de porco. À parte as delícias da mesa, fortalecer os laços entre os dois países em importantes assuntos como comércio bilateral, ciências e tecnologia, economia, gastronomia e cultura é a expectativa deste ano. Objetivo nada difícil de alcançar, já que no Brasil é visível, há mais de um século, a grande influência cultural exercida pelos imigrantes alemães. Estima-se que, hoje, cinco milhões de brasileiros têm ao menos um antepassado alemão. E mesmo que no sangue não exista uma gota sequer de sangue alemão, é impossível não simpatizar com as festividades deste povo. Elas transmitem uma alegria sem igual. Chef alemão em cozinha brasileira Estabelecido em Florianópolis, muito bem casado com a germano-brasileira Giselle, o alemão Heiko Grabolle acredita não ter antepassados por aqui. Mas não pense que ele perde para os imigrantes já “abrasileirados” no quesito alegria, no gosto pela boa cerveja e no encantamento pela música. Heiko nasceu na Vestfália, no oeste da 17/33 Alemanha. Cresceu num pequeno vilarejo com cerca de mil habitantes, sonhava em ser jardineiro, mas foi pego de surpresa pelos aromas dos temperos da sua terra. Foi seduzido à primeira vista. Inspirado pelas ervas da cozinha dos seus antepassados, Heiko formou-se numa das mais importantes escolas de gastronomia e culinária do seu país, a Fischbacherberg. Sua mente – seu paladar e narinas – abriram-se depois para outras gastronomias do mundo. Viajou e trabalhou em diversos países, mas quando chegou ao Brasil – graças ao charme da terra e aos encantos de uma brasileira, ele confessa - foi fisgado e resolveu ficar. “Cheguei ao Brasil convidado por minha esposa, Giselle, que na época era minha namorada. Já tinha ouvido falar muito sobre este país, sua beleza natural, sobre a felicidade e alegria do seu povo, e suas festas como o carnaval e os eventos religiosos. Era (e ainda sou!) um grande fã da música brasileira popular”, conta Grabolle. Antes de vir ao Brasil, Heiko dedicou três anos de formação profissional em gastronomia no Restaurante Alter Wartesaal, situado no coração da cidade histórica de Colônia. Serviu o exército na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como chef-de-cuisine na base da aeronáutica alemã situada na Sardenha, Itália. Depois, em Londres, ampliou sua experiência. Passo seguinte, foi para a ilha de Maiorca, Espanha, onde abriu um restaurante em sociedade com o irmão Sven Grabolle. Foi Chefe no navio de cruzeiros internacionais MS Bremen. Finalmente, concluiu seu mestrado em gastro oásis . GASTRONOMIA 18/33 nomia na Escola de Hotelaria DeHoGa em Hamburgo, na Alemanha. Um currículo extenso. Em Florianópolis, Santa Catarina - onde surgiu a primeira colônia alemã do Estado, em 1829, seguida por uma outra colônia ainda mais importante, estabelecida em Blumenau, em 1850 - Heiko lançou âncora. Hoje, além de suas atividades como chef, desenvolve uma pesquisa sobre a gastronomia tradicional alemã no Brasil. Este é o foco do seu primeiro livro, que será lançado nas próximas semanas pela Editora Senac. Troca de experiências “Quando cheguei ao sul do Brasil, fui logo visitar as comunidades de descendentes de alemães, sobretudo as localizadas no oeste de Santa Catarina. Foi difícil segurar a surpresa: logo vi que esses germano-brasileiros tinham conservado o repertório completo dos pratos alemães tradicionais, sobretudo os da culinária vigente em meu país no século 19. Pratos como o marreco recheado com toucinho de porco, que na Alemanha é hoje raríssimo, aqui em Santa Catarina fazem parte do repertório culinário do dia-a-dia”, conta Heiko. Ponte gastronômica Heiko sonha em se tornar uma espécie de ponte gastronômica e literária entre o Brasil e a Alemanha. Sente-se também um contador de histórias, e por isso quer contar na Alemanha a história dos seus compatriotas que vieram para a América do Sul, como se adaptaram, como conseguiram preservar os costumes e a língua natal, como se tornaram brasileiros sem deixar de ser alemães. Por outro lado, quer contar aqui suas histórias da Alemanha atual, comentar como foi a evolução desse país no seio da Comunidade Europeia, quais são suas novas tendências (inclusive no campo da gastronomia), suas novas preocupações, os processos acentuados de mudança que a Alemanha atravessa. Em seu livro, que se chama “Gastronomia Alemã”, Heiko já deixa correr soltas suas novas preocupações. A obra estará disponível dentro de poucas semanas, e nela o autor escreverá as principais características da cozinha germânica, suas transformações e sua valorização nos dias atuais. O ano Brasil-Alemanha promete coisas boas para oásis . GASTRONOMIA 19/33 este alemão que se transformou em barriga-verde. No momento, ele dá duro trabalhando como chef nas principais festas da tradição catarinense. Não sabe ainda como fará para conciliar todos os compromissos: acaba de assumir a assumiu a consultoria geral e o cardápio do Sena Restaurante-escola, em Blumenau; nos próximos dias viaja ao México e aos Estados Unidos para participar do evento de turismo Goal to Brasil. Acima e abaixo, aspectos da Festa da Cerveja, grande evento da comunidade alemã de Blumenau, Santa Catarina E aqui vai uma receita do chef Heiko Grabolle, especial para os leitores de Oásis: ROLINHOS DE CARNE RECHEADA (Gefüllte Rinderrouladen) Rendimento: 4 pessoas Ingredientes: 4 bifes de colchão mole de aproximadamente 150 gramas cada; 80 gramas de mostarda alemã; 4 fatias de presunto do tipo Parma; 2 pepinos de conserva grandes cortados ao comprido, em tiras finas; palitos de dente; 40 ml de óleo de canola; 1 cenoura cortada em cubos grandes; 1 talo de salsão costado em cubos grandes; 1 cebola cortada em cubos grandes; 1 colher (sopa) de extrato de tomate; 50 ml de conhaque; 800 ml de caldo de carne; 1 bouquet garni (molho de saisinha, cebolinha, tomilho, etc); 40 gramas de farinha de trigo Modo de preparo: Bater os bifes e pincelar um dos lados com mos oásis . GASTRONOMIA 20/33 tarda. Colocar uma fatia do presunto e uma tira de pepino por cima. Enrolar em forma de rocambole fixar com 2 palitos. Aquecer o óleo numa frigideira e fritar os rolinhos de carne por todos os lados. Acrescentar a cenoura, o salsão e a cebola. Fritar tudo junto de 5 a 10 minutos. Acrescentar o extrato de tomate, misturar bem e em seguida flambar com o conhaque. http://heikograbolle.wordpress.com/2012/11/12/ dicionario-gastronomico-alemao-aprenda-as-palavras-mais-importantes-da-cozinha-alema/ http://heikograbolle.wordpress.com/ oásis . GASTRONOMIA 21/33 oásis . comportamento comportamento ENGOLIR SAPOS FAZ MAL Aprenda a descarregar sua raiva 22/33 A raiva descontrolada é destrutiva. Mas reprimir a emoção também: isso pode causar depressão e problemas de saúde zos à saúde. D Por: Equipe Oásis iversas tradições espirituais veem no domínio das emoções um passo fundamental para evoluir interiormente e espera- se que, com muito esforço pessoal, consigamos atingir esse patamar. Enquanto não chegamos lá, porém, vale a pena rever certas crenças que se têm multiplicado a respeito das chamadas emoções negativas. Diferentemente do que alguns autores propõem, sublimá-las não gera benefícios para a pessoa - essa atitude, aliás, tende mais a trazer-lhe prejuí- oásis . comportamento Pesquisas científicas recentes sobre a raiva reforçam essa linha de pensamento. Uma delas é o Harvard Study of Adult Development, da Universidade Harvard (Estados Unidos), que tem monitorado a vida de 824 homens e mulheres desde 1965. Segundo o trabalho, quem reprime sua frustração é pelo menos três vezes mais propenso a admitir que chegou a um ponto em sua carreira no qual não consegue mais progredir e que tem uma vida pessoal decepcionante. Já as pessoas que aprendem a explorar e canalizar sua raiva apresentam uma probabilidade muito maior de estar bem situadas profissionalmente, além de desfrutar de maior intimidade física e emocional com seus amigos e familiares. Estímulo para a reflexão interior Outro lado benéfico de manifestar a raiva flagrado em pesquisas recentes foi o de levar as pessoas envolvidas a refletir sobre si próprias e, com frequência, manifestar maior tolerância em relação ao motivo que originou a desarmonia. Howard Kassinove, coautor de Anger 23/33 Management: The Complete Treatment Guidebook for Practice (Administração da raiva: o guia de tratamento completo para a prática), publicou recentemente no Journal of Social Behaviour and Personality um trabalho com cerca de 2 mil adultos, dos quais mais de 55% disseram que um episódio de raiva produziu um resultado positivo. Quase um terço dos participantes admitiu que o episódio ajudou-os a ver suas próprias falhas. “As pessoas que são alvo da raiva nesses estudos dizem coisas como: ‘Eu realmente entendo a outra pessoa muito melhor agora; acho que não a estava escutando antes’”, afirma Kassinove. “Embora a expressão assertiva seja sempre preferível a uma expressão de raiva, a raiva pode servir como uma função importante de alerta que leva a uma compreensão mais profunda da pessoa e do problema.” Raiva no cotidiano Para James Averill, psicólogo da Universidade de Massachusetts Amherst, a raiva é malvista por ser erradamente associada à violência. Em seu estudo sobre a raiva no cotidiano, ele descobriu que episódios em que essa emoção se manifestou ajudaram a fortalecer as relações na metade das vezes e só levaram à violência em menos de 10% dos casos. “A raiva pode ser utilizada para auxiliar as relações íntimas, trabalhar as interações e a expressão política”, disse Averill. “Quando você olha para os episódios de raiva do dia a dia, ao contrário daqueles que apresentam desfechos mais dramáticos, os resultados são geralmente positivos.” oásis . comportamento 24/33 “As pessoas pensam na raiva como uma emoção terrivelmente perigosa e são encorajadas a praticar o ‘pensamento positivo’, mas consideramos que essa abordagem é autodestrutiva e, em última análise, uma negação prejudicial da realidade terrível”, assinala George Vaillant, psiquiatra da Escola de Medicina de Harvard que passou os últimos 44 anos como diretor do Harvard Study of Adult Development. “Emoções negativas como o medo e a raiva são inatas e têm enorme importância”, afirma o psiquiatra. “Elas são muitas vezes cruciais para a sobrevivência: experimentos cuidadosos como o nosso têm documentado que as emoções negativas limitam e focam a atenção, de modo a podermos nos concentrar nas árvores em vez de na floresta.” Canalizar positivamente a raiva oásis . comportamento Vaillant considera que exibições de raiva descontrolada são de fato destrutivas, mas internalizar a emoção - uma atitude popularmente conhecida como “engolir sapo” - tampouco é uma solução viável: ela pode causar depressão, problemas de saúde e dificuldades de comunicação. Aprender a canalizar a raiva positivamente, portanto, é vital para nosso bem-estar. “Todos nós sentimos raiva, mas indivíduos que aprendem a expressá-la, evitando as consequências explosivas e autodestrutivas da fúria desenfreada, têm conseguido algo incrivelmente poderoso em termos de crescimento emocional geral e saúde mental. Se podemos definir e aproveitar essas habilidades, podemos usá-las para realizar grandes coisas.” Opinião similar está presente na conclusão de pesquisadores da Universidade de Estocolmo (Suécia) que acompanharam 2.755 trabalhadores do sexo masculino entre 1992 e 2003. Em seu estudo, publicado em novembro no Journal of Epidemiology and Community Health,eles perguntaram aos participantes como lidavam com o tratamento injusto ou conflitos no trabalho e analisaram as respostas obtidas compa rando-as a uma série de formas de avaliação física, como pressão sanguínea, índice de massa corporal (IMC) e níveis de colesterol. No questionário aplicado também havia perguntas sobre o emprego de táticas evasivas, tais como afastar-se de uma discussão, fatores biológicos e a ocorrência de dores de cabeça ou outros sintomas 25/33 físicos. Engolir sapos é um comportamento frequente no ambiente profissional, em especial nos escalões hierarquicamente inferiores, que têm menos controle do trabalho. Durante o período coberto pela pesquisa, 47 participantes morreram por ataque do coração ou doença cardíaca. Depois de analisarem os dados coletados, os pesquisadores descobriram que várias dessas pessoas persistentemente sublimaram sua raiva em vez de expressá-la abertamente. Quem adotou esse comportamento apresentou uma tendência até cinco vezes maior de ter algum distúrbio cardíaco. Qual estratégia seguir Originariamente, a pesquisa também incluiu mulhe- res como objeto de estudo e os resultados colhidos mostraram que reprimir a raiva trazia consequências igualmente danosas para a saúde delas. No entanto, como o número de mortes associadas ao coração foi baixo entre elas, os cientistas decidiram não tirar conclusões sobre esse grupo. Qual estratégia se deveria seguir para não reprimir a raiva e, assim, fugir da armadilha que essa atitude representa para a saúde? Os pesquisadores suecos disseram que não poderiam responder a essa pergunta, mas listaram alguns comportamentos dos participantes de seu estudo diante de um tratamento injusto ou um conflito. A relação inclui “protestar diretamente”, “falar com a pessoa agora mesmo”, “gritar com a pessoa agora mesmo” ou “falar com a pessoa mais tarde, quando as coisas tiverem se acalmado”. A escolha da estratégia a adotar é, em geral, uma questão de personalidade, mas também sofre a influência das circunstâncias pelas quais a pessoa está passando. Talvez as repetidas confirmações da influência negativa sobre a saúde que reprimir a raiva provoca resultem em novas maneiras - inclusive trabalhistas - de abordar o assunto. Constanze Leineweber, do Instituto de Pesquisa do Estresse da Universidade de Estocolmo, que liderou o estudo sueco, ressaltou uma sugestão natural em termos profissionais que pode ser adaptada para outras situações: “Eu não recomendaria gritar com o chefe. Essa não é a melhor solução. Mas é sempre melhor dizer que você se sente tratado injustamente e encontrar soluções construtivas para isso.” oásis . comportamento 26/33 tecno COMPUTADOR A JATO 10 dicas para se ganhar tempo oásis . tecno David Pogue, colunista de tecnologia, compartilha 10 dicas simples e inteligentes com usuários de computadores, internet, smartphones e câmeras. Pode ser que você já conheça algumas delas - mas deve haver pelo menos uma que ainda não conhece D Tradução para o português: Leonardo Silva. Revisão: Pammela Amorim Nascimento oásis . tecno avid Pogue é colunista de tecnologia no jornal The New York Times e correspondente na mesma área para a rede televisiva norte-americana CBS News. Ele é também autor de vários livros de grande sucesso. 28/33 Tradução integral da palestra de David Pogue oásis . tecno 29/33 Tradução integral da palestra de David Pogue “Notei algo interessante no que diz respeito à sociedade e à cultura. Tudo que é arriscado requer uma autorização: aprender a dirigir, ter uma arma, se casar. Isso vale para tudo que é arriscado, exceto para a tecnologia. Por alguma razão, não existe nenhum plano de ensino, não existe nenhum curso básico. Apenas dão a você um computador e depois lançam você fora do ninho. Como você vai aprender isso? Simplesmente por osmose. Ninguém jamais senta-se com você e diz: “É assim que funciona”. Então, hoje vou contar 10 coisas que você achava que todos sabiam, mas na verdade não sabem. Tudo bem. Primeiro, quando navegar na internet e quer rolar a página para baixo, não pegue o “mouse” e clique na barra de rolagem. Isso é uma baita perda de tempo. Só faça isso se receber por hora. Em vez disso, aperte a barra de espaço. A barra de espaço faz descer uma página. Aperte e segure a tecla “Shift” para rolar de volta para cima. Então, barra de espaço para rolar para baixo uma página. Funciona com qualquer navegador, em todo tipo de computador. letra do texto fica maior a cada clique. Funciona em qualquer computador, qualquer navegador, ou “-”, “-”, “-” para diminuir a letra novamente. Se estiver usando um Mac, deve ser a tecla “Command”. Quando estiver digitando em seu Blackberry, Android, iPhone, não se dê ao trabalho de mudar para o leiaute de pontuação para apertar o ponto final, e depois o espaço, e depois colocar letra maiúscula. Basta apertar a barra de espaço duas vezes. O telefone põe o ponto, o espaço e a maiúscula por você. Aperte duas vezes o espaço. É maravilhoso. E, no que se refere a telefones celulares, em todos eles, se quiser discar novamente o número que discou antes, tudo que precisa é apertar o botão de chamada, e aparecerá na tela o último número que você discou e, aí sim, você aperta o botão de chamada Ainda na internet, quando for preencher formulários de dados com seu endereço, creio que já sabem que é possível apertar a tecla “Tab” para pular para os campos seguintes. Mas e o menu suspenso, onde você informa o seu estado? Não abra o menu suspenso. É um baita desperdício de calorias. Digite várias vezes a primeira letra do seu estado. Se quiser “Connecticut”, aperte “C”, “C”, “C”. Se quiser Texas, aperte “T”, “T”, e vá direto sem sequer abrir o menu “pop-up”. Ainda na internet, quando a letra do texto for muito pequena, segure a tecla “Control” e aperte “+”, “+”, “+”. A oásis . tecno 30/33 Tradução integral da palestra de David Pogue novamente, para de fato discar. Então, não precisa acessar a lista de chamadas recentes.Se você quiser ligar para alguém, apenas aperte o botão de chamada novamente. Eis algo que me deixa louco. Quando ligo para alguém e deixo uma mensagem no correio de voz, ouço o seguinte: “Deixe sua mensagem”, e depois vêm uns 15 minutos de instruções idiotas, como se secretárias eletrônicas não existissem há 45 anos! (Risos) Não sou intolerante. Acontece que existe um atalho de teclado que permite que você vá direto ao sinal, assim. Secretária eletrônica: Após o sinal, por favor — BIP. David Pogue: Infelizmente, as operadoras não escolhem a mesma tecla de atalho para isso, então depende da operadora. Aí cabe a você saber a tecla de atalho da pessoa oásis . tecno pra quem você está ligando. Não disse que tudo seria perfeito. Certo. Então, a maioria de vocês acha que o “Google” só serve para procurar uma página na internet, mas também serve como dicionário. Digite a palavra “define” e depois a palavra que você quer verificar. Não precisa nem clicar em lugar nenhum. A definição aparece quando você digita. Também possui informações sobre o espaço aéreo do país. Digite o nome da companhia aérea e o voo. Ele mostra onde o voo está, o portão, o terminal e o tempo de voo. Não precisa de aplicativo para isso. Também é um conversor de moedas e de unidades de medida. Novamente, não precisa clicar em lugar algum. Apenas digite no espaço e a resposta aparece. Já que falamos de textos, quando quiser selecionar -- esse é apenas um exemplo. (Risos)Quando quiser selecionar uma palavra, por favor não perca seu tempo arrastando o cursor sobre ela com o mouse, igual a um novato. Clique duas vezes na palavra. No “200”. Eu clico duas vezes. Assim você seleciona apenas aquela palavra. Também não apague o que você selecionou. Apenas digite por cima. Funciona em qualquer programa. Você também pode dar dois cliques, segurar e arrastar para selecionar palavras consecutivas. Muito mais preciso. Novamente, não precisa apagar. Basta digitar por cima. (Risos) “Atraso” é o tempo entre o pressionar do botão de uma câmera e o momento em que ela de fato tira a foto. É uma característica muito frustrante em qualquer câmera que custa menos de 1.000 dólares. (Clique da câmera) (Risos) Isso acontece porque a câ 31/33 Tradução integral da palestra de David Pogue mera precisa de tempo para calcular o foco e a exposição, mas se ajustar antes o foco com um leve toque no botão, depois aperte fundo e não haverá atraso! Vai funcionar sempre. Acabo de transformar sua câmera de $50 dólares em uma de $1.000 dólares com esse truque. Por fim, geralmente acontece de você estar dando uma palestra e por alguma razão a plateia está olhando para a tela em vez de olhar para você! (Risos) Quando isso acontecer (funciona no Keynote, no Powerpoint, em qualquer programa) você só precisa pressionar a letra “B”, “B” de “blackout”, para deixar a tela preta e fazer todos olharem para você e, quando estiver pronto para continuar, pressione “B” de novo. E se estiver indo muito bem,você pode pressionar a letra “W” de “whiteout”, e deixar a tela toda branca e pressionar “W” de novo para voltar ao normal. Sei que falei muito rápido. Se você perdeu alguma coisa, ficarei feliz em enviar pra vocês a lista dessas dicas. Enquanto isso, meus parabéns. Peguem todos sua habilitação em tecnologia da Califórnia. Tenham um ótimo dia. (Aplausos) oásis . tecno 32/33