São Paulo, 12 de abril de 2006 Na qualidade de representantes dos agentes de turismo, cabe-nos esclarecer vários pontos que ficaram nebulosos nas recentes notícias publicadas sobre a Varig. Em primeiro lugar, esclarecer que, após a aprovação do processo de recuperação judicial aprovado para a Varig, todas as dívidas pendentes até então foram postergadas para daqui há três anos. Reiniciou-se novo processo de andamento da empresa, período em que esta figurou como em uma concordata, devendo honrar seus débitos correntes sob pena de sustação do processo. Ocorre que os fornecedores de serviços, no nosso entender, erroneamente não deram crédito à empresa, obrigando-a a liquidar, à vista, seus compromissos. Na contra-partida, a empresa ficou com seu caixa praticamente zerado e seus créditos, os recebíveis, liquidados no prazo médio de 30 dias. Conclusão: falta à Varig um fluxo de caixa. O que neste momento a Varig, através de sua direção, conselho de credores e colaboradores, pleiteia junto às autoridades não é dinheiro para pagar aquelas dívidas, mas sim crédito para contas correntes, para o seu dia-a-dia. Nada mais justo e necessário, visto que a empresa, concessionária de serviços públicos, como as demais congêneres, só presta serviço de transporte baseado em concessão pública. Logo sob a responsabilidade do Estado. O grande engano, e o que a imprensa tem noticiado como postura governamental, não é colocar mais dinheiro bom em cima de uma empresa ruim, e sim dar fôlego a ela, para continuar prestando os serviços que já vendeu e atender o consumidor que adquiriu transporte de uma empresa autorizada sob concessão. Ocorre que, hoje, a Varig, tem aproximadamente 1.200.000 trechos (legs) entregues no mercado, isso é: existem 1 milhão e 200 mil trechos reservados, já vendidos, com bilhetes emitidos e só faltando serem honrados (voá-los, no jargão do trade turístico). Destes, aproximadamente 200 mil são passageiros que estão no exterior. Já que nossas autoridades entendem que nada tem a ver com a empresa privada, que é questão de mercado, deveriam ter um plano alternativo para atender, em primeiro lugar, os consumidores do serviço público; em segundo, os 17.000 empregados da empresa; e, por fim, o mercado como um todo. Poderiam, como já foi feito em passado não tão remoto com a empresa aérea Cruzeiro do Sul, preparar outra ou outras empresas aéreas para, de pronto, assumir aviões, tripulações e usuários e, com o tempo administrar a encampação. Desconhecemos se estão tomando tal ação. Poderiam, ainda, como parece já estar fazendo a ANAC, preparar as congêneres para trazer de volta para as suas cidades de origem os portadores de bilhetes Varig em território nacional. O mesmo deveria ser preparado para os portadores de bilhetes internacionais. Entretanto, não é tão fácil assim. Não existe capacidade de oferta das congêneres para atender este público e outras empresas não podem assumir, de pronto, as vagas ou “slots” da Varig. De qualquer maneira, o governo ficará com a obrigação de cobrir as despesas geradas pelo transporte deste enorme contingente de passageiros, quer seja pela encampação da empresa, quer seja pelo transporte dos mesmos em congêneres. E já que o governo terá de assumir as despesas geradas pelo o aqui exposto, por que não dar o apoio pedido, de imediato, evitando a paralisação das operações da Varig, com reflexos muito piores? Entrementes, a situação da empresa estampada na imprensa diária leva ao descrédito da mesma para venda de transporte, preocupação de nós, agentes de turismo, em vender Varig. Por conseqüência, gera reduções de ingressos extremamente necessários a continuidade de suas operações e faz com que o caixa da empresa fique mais enfraquecido. Acreditamos que o governo assumirá sua responsabilidade. Portanto, não deixemos que a Varig desapareça. Façamos o possível para que nossas autoridades estejam atentas. Cordialmente, João Pereira Martins Neto Abav-CN - Associação de Agências de Viagens Conselho Nacional Tatiana Visnevski de Carvalho Mendes Belta - Brazilian Educational & Language Travel Association José Zuquim Braztoa – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo Goiaci Alves Guimarães Favecc – Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais Michel Tuma Ness Fenactur – Federação Nacional do Turismo Eduardo Vampré do Nascimento Presidente em Exercício Abav-SP - Associação de Agências de Viagens de São Paulo Eduardo Vampré do Nascimento Sindetur/SP – Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo