Avaliação da viabilidade de Pantoea ananatis sob diferentes condições ambientais. Mayara Fernanda Ferreira de Souza (PIBIC/CNPq-UEL), Luzia Doretto Paccola-Meirelles (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências Biológicas Palavras-chave: Mancha Branca do Milho; sobrevivência; bactérias fitopatogênicas. Resumo: Pantoea ananatis, agente causal da Mancha Branca do Milho, apresenta baixa viabilidade dependendo das condições de armazenamento. Este trabalho teve por objetivo otimizar sua manutenção em laboratório. Foram avaliadas três temperaturas: temperatura ambiente (20ºC á 25ºC), 2 á 3,3oC e -20ºC e os seguintes meios de preservação: glicose 5%, fructose 5%, sucrose 10%, lactose 7%, sodium glutamate 5%, polyethylene glycol (0,05M), solução salina (8,6g NaCl/L água destilada), água, óleo vegetal, glicerol (5M) e leite em pó desnatado reconstituído (10%). A avaliação da viabilidade foi feita em intervalos de 15 dias. Os tratamentos leite em pó desnatado reconstituído (10%) nas três temperaturas, sodium glutamate 5% na temperatura de 2 á 3,3oC, água em temperatura ambiente e 2 á 3,3oC (20ºC á 25ºC), fructose 5% na temperatura 2 á 3,3oC, glicose 5% em temperatura de 2 á 3,3oC e em temperatura ambiente, lactose 7% na temperatura de 2 á 3,3oC, e sucrose 10% na temperatura de 2 á 3,3oC, mostraram-se muito eficazes. Para avaliar a patogenicidade, plantas da cultivar HS200 com 97 dias de idade foram injuriadas e inoculadas com as suspensões bacterianas conservadas durante 50 dias nos diferentes meios. As bactérias preservadas em glicose 5% em temperatura ambiente (20ºC á 25ºC) foram mais eficientes em reproduzir os sintomas. Introdução O milho (Zea mays L.) é uma das culturas de maior importância no país, não só pela extensão da área cultivada, mas por sua diversidade de utilização, em que se destacam a alimentação animal e humana, e por seus reflexos sócio-econômicos. A Mancha Branca do Milho é uma doença que se instalou no país na década de 80 (FERNANDES e OLIVEIRA, 1997) e tem causado perdas significativas na produção e qualidade do milho. A doença caracteriza-se pelo aparecimento de lesões foliares do tipo anasarca que posteriormente tornam-se necróticas, podendo ser circulares a elípticas (PACCOLA-MEIRELLES et al., 1999). Em 2001 PACCOLA-MEIRELLES et al. isolaram a bactéria Pantoea ananatis partir de lesões anasarcas de folhas infectadas. Uma das dificuldades em se estudar a bactéria tem sido a baixa viabilidade da mesma quando armazenada em meio de cultivo. Além da perda da viabilidade também se observa que a bactéria perde a Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 patogenicidade. Desta forma o objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes meios de preservação da bactéria em diferentes temperaturas na preservação da viabilidade e da patogenicidade da mesma. Materiais e Métodos Microrganismos, meios de cultura e soluções utilizados. Foi utilizado o isolado da bactéria P. ananatis EMS05 do banco de linhagens do Laboratório de Genética de Microrganismos da Universidade Estadual de Londrina. Os meios de cultura utilizados foram o Tryptic Soy Broth (TSB) e Tryptic Soy Agar (TSA) . As soluções usadas na avaliação da manutenção da viabilidade e da patogenicidade da bactéria estão descritas no Quadro 1. Quadro 1: Soluções utilizadas na preservação do isolado bacteriano sucrose glicose fructose Lactose (SUC10%) água (GLI 5%) óleo vegetal (FRU 5%) glicerol (GLI 5M) (LAC7%) sodium glutamate (GS 5%,) polyethylene glycol (PG 0,05M) solução salina (SL 0,86%) leite em pó desnatado reconstituído (10%) (LPD 10%). As soluções foram distribuídas em frascos erlemeyers (50 mL) e autoclavadas durante 15 min. á120oC Métodos utilizados O isolado bacteriano foi cultivado em meio TSB á temperatura de 30oC durante 24 horas na ausência de luz. Uma suspensão bacteriana foi feita em solução salina. Agitou-se em vortex e 2mL dessa suspensão, foram inoculados em 30mL de meio TSB. O material foi incubado 24 horas a 30ºC na ausência de luz. Após o crescimento diluiu-se 1mL da cultura em solução salina. Diluições seriadas foram efetuadas para a determinação do número de UFC inicial. Alíquotas de 2mL da cultura bacteriana foram inoculadas nas soluções preservantes. Agitou-se em vortex e cada solução inoculada foi distribuída em 45 ependorfs esterilizados (1mL/ependorf). Os ependorfs, foram assim distribuídos: 15 mantidos em temperatura ambiente (20ºC á 25ºC), 15 mantidos de 2 á 3,3oC e 15 mantidos á -20ºC. Avaliou-se, periodicamente em intervalos de 15 dias a viabilidade. Um ependorf de cada tratamento foi diluído em solução salina, agitado em vortex e plaqueado 0,1 mL em meio TSA. As placas foram incubadas durante 48 horas a 30ºC no escuro. Após esse período, era feita a contagem do número de UFC. Foram feitas 3 repetições por tratamento. Avaliação de patogenicidade Após três meses, os tratamentos que apresentaram uma boa manutenção da viabilidade bacteriana foram submetidos a uma avaliação da patogenicidade em plantas de milho HS200 com 97 dias de idade. Foram feitas suspensões bacterianas em solução salina. Agitou-se em vortex e 0,1 mL da suspensão foram inoculados em 2mL de meio TSB e incubado durante 24 horas a 30ºC na ausência de luz. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 As folhas de milho cultivar HS200 foram injuriadas com espoja antes da inoculação. As culturas bacterianas foram diluídas em solução salina (1:1), agitadas em vortex e borrifadas nas folhas. As folhas foram acondicionadas em câmara úmida durante 48 horas. Após o aparecimento dos sintomas, contou-se o número de lesões resultantes de cada tratamento. Resultados e Discussão Alguns tratamentos mostraram-se ineficazes para manter a viabilidade das bactérias. A avaliação aos 30 dias de preservação os tratamentos GLI (5M) (temperatura ambiente e 2 á 3,3oC), LAC 7% (-20ºC), água (-20ºC), inviabilizaram o crescimento bacteriano. No entanto outros tratamentos apresentaram melhores resultados. Mesmo depois de 5 meses as células bacterianas se mostraram viáveis (Tabela 1). Entretanto, a pesquisa ainda não foi concluída, por esse motivo faltam testes estatísticos. No entanto, nas tabelas abaixo mostra como foi o desempenho das soluções mais eficientes nas duas primeiras e nas duas ultimas avaliações realizadas. Tabela1: Viabilidade de P. ananatis em diferentes soluções e temperaturas Tratamentos Avaliações Início 1ª 2ª 9ª 10ª LPD 10% (20ºC) SG 5% (2 á 3,3oC) ÀGUA (20ºC á 25ºC) LPD 10% (20ºC á 25ºC) FRU 5% (2 á 3,3oC) GLIC 5% (2 á 3,3oC) LPD 10% (2 á 3,3oC) GLIC 5% (20ºC á 25ºC) LACT 7% (2 á 3,3oC) ÀGUA (2 á 3,3oC) SUCR 10% (2 á 3,3oC) 3,93x105 9,63x108 14,32x1011 1,13X1010 13,53x108 14,19x109 6,84x109 4,74x1011 9,63x108 7,72x108 19x107 19,46x1011 1,13X109 1,29X106 4,63X105 3,45x109 2,73X108 8,86X105 11,91X105 9,63x108 16,83x108 1,45X108 7,02X107 2,64X108 2,16x109 9,76x107 2,56X106 6,93X104 3,83X105 3,25x109 5,26x1011 1,51X108 21,42X106 12,58X106 6,84x109 1,69x108 4,84X107 2,1X107 1,85X107 4,76x108 2,59x108 3,14X107 1,16X106 1,06X106 2,16x109 1,13x105 14,16X108 19,56X106 23,22X106 4X108 29X106 9,02x106 30,73X105 10,84X106 22,80X105 Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 Na avaliação da patogenicidade, os tratamentos que obtiveram melhores resultados, comparando-se com o controle, encontram-se na Tabela 2. Tratamentos FRU5% na temperatura 2 á 3,3oC LAC 7% temperatura ambiente (20ºC á 25ºC) LAC 7% na temperatura de 2 á 3,3oC GLI5% em temperatura de 2 á 3,3oC Água em temperatura ambiente (20ºC á 25ºC) LPD (10%) em temperatura -20ºC GLI 5% em temperatura ambiente (20ºC á 25ºC) Controle (TSB) Número de lesões 37 30 78 33 35 40 137 15 Conclusões Podemos concluir que os melhores tratamentos para se manter bactéria viável para estudos em laboratório são: LPD (10%) (temperatura ambiente, de 2 á 3,3oC e -20ºC), SG 5% (2 á 3,3oC) , água (temperatura ambiente, 2 á 3,3oC), FRU 5% (2 á 3,3oC), GLIC 5% (temperatura ambiente, 2 á 3,3oC), LACT 7% (2 á 3,3oC) e SUC 10% (2 á 3,3oC). Estes tratamentos conseguiram conservar a bactéria por mais de 5 meses, mostrando-se muito eficazes. O tratamento glicose 5% em temperatura ambiente (20ºC á 25ºC) mostrou-se muito eficaz também em manter a patogenicidade da bactéria. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq e a Fundação Araucária, pelo suporte financeiro e pela bolsa. Referências Fernandes FT, Oliveira E, 1997. Principais Doenças na Cultura do Milho. Sete lagoas, MG. Brasil: Embrapa-Circular Técnica, 26. 80p Paccola-Meirelles, L.D., Ferreira, A.S., Meirelles, W.F., Marriel, I.E., Casela, C.R., 2001. Detection of a bacterium associated with a leaf spot disease of maize in Brazil. Journal of Phytopatology, 149: 275-279. Paccola-Meirelles LD, Casela CR, Ferreira AS, Marriel IE, Meirelles WF, 1999. Detection of a bacterium associated with a leaf spot disease of maize in Brazil. Fitopatologia Brasileira, v. 24, p.314-315. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009