1218 Cartas ao editor Uma comparação de aparelhos múltiplos para testes cutâneos alérgicos Ao Editor: Os estudos anteriores que comparavam aparelhos para testes percutâneos (de puntura e punção) na pele revelaram diferenças significativas no tamanho das reações com pápulas tanto para os locais de desafio positivo (extrato alergênico ou histamina) como para o negativo (solução salina).I-3 A tendência tem sido de que aparelhos que produzem reações maiores com histamina também são mais propensos a produzir reações nos locais do controle negativo. O tamanho da reação em ambos os locais do controle positivo e negativo parece refletir o grau de trauma causado à pele pelo aparelho, uma interpretação reforçada pelo fato de que esses aparelhos que produzem pápulas maiores também causaram maior desconforto nos pacientes? Até certo ponto, a tendência de causar reações falsonegativas a histamina corresponde à tendência de produzir pápulas menores. No entanto, uma exceção é que para qualquer tamanho de reação da histamina, aqueles aparelhos múltiplos parecem produzir mais reações falso-negativas do que os aparelhos individuais.3 Este comunicado apresenta uma comparação entre 3 aparelhos múltiplos comercializados para testes percutâneos de alergia. São eles o Greer Track, um aparelho de 8 cabeças (Greer Laboratories, Lenoir, Carolina do Norte); DermaPik II, aparelho de 10 cabeças (Biomedixs, Spokane, Washington); e o Quick Test, aparelho com 8 cabeças (Panatrex, Placentia, Califórnia). Esses 3 novos aparelhos foram comparados com o Multitest II (Lincoln Diagnostics, Decatur, Illinois) e uma agulha bifurcada com sonda sólida (Hollister-Steir, Spokane, Washington). Os métodos utilizados foram aqueles usados anteriormente para comparações similares entre aparelhos para teste cutâneo.2-3 Vinte e um pacientes adultos (entre 18 e 70 anos) passaram por duas sessões de testes nos braços e nas costas. Os pacientes não consumiram anti-histamínicos por 1 semana e antidepressivos por 2 semanas antes do teste, e antagonistas de H2 e leucotrienos por 48 horas antes do teste. O profissional que aplicou os testes podia ver o aparelho, mas não sabia se o aparelho estava carregado com histamina ou solução salina (10 mg/mL dicloridrato de histamina em 50% de glicerina ou 50% de solução glicero-salina; Hollister-Steir). Isso foi realizado com um segundo profissional encarregado de carregar o aparelho ou colocar as gotas na pele e também registrar as reações no local do teste. O propósito de não deixar que ele visse o produto a ser aplicado era o de prevenir variação inconsciente da pressão na qual o aparelho era aplicado. Antes de aplicar os testes nos pacientes, o profissional que realizaria os testes recebeu instruções de um representante de cada empresa que comercializa o aparelho e testou em 5 pacientes preliminares a fim de desenvolver uma técnica de reprodutibilidade. Os locais de teste foram rotacionados de forma aleatória para assegurar distribuição uniforme para cada aparelho em diferentes áreas das costas e do antebraço. Na conclusão do teste, o paciente foi solicitado a avaliar o desconforto com cada aparelho numa escala de 0 (nenhum desconforto) a 10 (muito desconforto). Os resultados foram registrados por meio de um traçado feito com caneta esferográfica e transferência da impressão com fita adesiva transparente ao registro clínico. Os resultados do teste da histamina foram registrados após 8 minutos, e os resultados da solução salina foram registrados após 15 minutos. Os diâmetros mais longos e transversais eram medidos mais tarde. As reações nos locais da histamina eram consideradas positivas se a pápula fosse de 3 mm ou maior e a erupção fosse de 10 mm ou maior. Caso ambas fossem menores do que esse tamanho, o resultado do teste era considerado como falso-negativo. Se apenas a pápula ou apenas a erupção não atingisse esse critério para um resultado positivo e outro do mesmo conjunto de testes resultasse numa pápula de 5 mm ou maior e numa erupção de 10 mm ou maior, a reação era denominada de pseudo-falso-negativa. A fim de avaliar o potencial para produção de reações falso-negativas nos locais da solução salina, todas as reações foram medidas, e o 95º e 99º percentis foram calculados. Assim, 95% de todas as reações a solução salina seriam menores do que a 95º figura percentil, e 99% seriam menores do que a 99º figura percentil. Além do cálculo dos percentis nos locais da solução salina, a média e o DP da pápula nos locais da histamina foram calculados. Os resultados para a comparação estão presentes na Tabela I. As únicas diferenças significativas foram o tamanho das pápulas da histamina, que foram significativamente maiores do que com a agulha bifurcada nas costas (P < .05) e significativamente menores com o Greer Track no braço (P <.05). A ANOVA (análise de variância) geral para o tamanho da pápula da histamina nas costas e no braço foi (P < .0001). No braço, as reações a solução salina foram significativamente maiores com o DermaPik II e com o Quick Test do que com os outros 3 aparelhos (P < .0001, ANOVA). Não houve diferenças significativas nas reações a solução salina nas costas. A avaliação dos aparelhos com relação ao desconforto não diferiu significativamente (Tabela I). Os 2 aparelhos que produziram as menores reações da histamina foram associados com o número mais alto de reações falso-negativas e pseudo-falso-negativas. O número de reações falso-negativas e pseudo-falsonegativas que ocorreram em aglomerados localizados na extremidade dos aparelhos e no meio dos aparelhos foi similar. Com o aparelho Greer Track, as reações falsonegativas foram similares com o aparelho sendo carregado automaticamente (ou seja, mergulhado nos frascos) ou carregado por meio de aplicação direta nas cabeças do aparelho. A partir deste estudo, conclui-se que há uma faixa de confiança nos aparelhos ofertados para testes cutâneos alérgicos. Ao contrário de alguns aparelhos testados anteriormente,3 todos os aparelhos testados neste estudo produziram reações negativas a solução salina com um alto índice de consistência. Dois dos aparelhos, no entanto, tiveram índices suficientemente altos de falha na produção de reações positivas a histamina, sugerindo a necessidade da realização de testes repetidos com esses aparelhos, ou então, a realização de testes intradérmicos para confirmar as reações negativas aos alérgenos importantes. J ALLERGY CLIN IMMUNOL VOLUME 113, NUMBER 6 Cartas ao Editor 1219 *Arm – braço *Back - costas Harold S. Nelson, MD Catherine Kolehmainen, RN Jennie Lahr, RT James Murphy, PhD Andrea Buchmeier, AB Centro Médico e de Pesquisa Nacional Judeu 1400 Jackson St Denver, Colorado 80206 REFERÊNCIAS I. Adinoff AD, Rosloniec DM, McCall L, Nelson HS. A comparison of six epicutaneous devices in the performance of immediate hypersensitivity skin testing. J Allergy Clin Immunol 1989;84;168-74. 2. Nelson HS, Rosloniec DM, McCall LL, Ikle D. Comparison performance of live commercial prick skin test devices. J Allergy Clin Immunol 1993; 92:750-6. 3. Nelson HS, Lahr J, Buchmcier A, McCormick D. Evaluation of devices for skin prick testing, j Allergy OM Immunol 1998;101:153-6. doi;10.1016/j.jaci.2004.01.566 Avaliação quantitativa da aderência à imunoterapia sublingual Ao Editor: Por razões históricas, a imunoterapia tem sido administrada de forma subcutânea por muitas décadas. Após sérios acontecimentos adversos causados pela imunoterapia subcutânea (ITSC) serem relatados 1, alternativas de administração mais segura foram estudadas, e a imunoterapia sublingual (ITSL) apareceu imediatamente como uma alternativa promissora. Atualmente, a ITSL é considerada uma alternativa viável à ITSC2 com base em sua eficácia clínica e bom perfil de segurança (vide análise3). A ITSL é auto-administrada em casa, portanto, uma das preocupações mais importantes é a aderência (o grau em que o comportamento do paciente coincide com a prescrição médica)4. Até a presente data, nenhum estudo quantitativo está disponível sobre esse tema. Com a ITSL em forma de drágeas, a aderência poderia ser avaliada ao pedir de forma aleatória aos pacientes para contar os comprimidos restantes em algum momento. Usamos esse método para avaliar a aderência à ITSL na vida real. Este estudo observacional multicêntrico envolveu pacientes externos recebendo ITSL para alergia respiratória. Os pacientes foram diagnosticados com rinite alérgica e/ou asma com base no histórico clínico típico dos sintomas por pelo menos 2 anos, positividade nos testes cutâneos de puntura, e espirometria de desafio com metacolina, quando indicado. O grau de asma e rinite era avaliado de acordo com as orientações da GINA (Iniciativa Global contra a Asma) e da ARIA (Rinite Alérgica e seu impacto na asma) respectivamente.2 A ITSL para um único alérgeno relevante foi prescrita a pacientes com comorbidade de rinite e asma, rinite persistente e teste positivo a metacolina, ou rinite severa durante a exposição ao alérgeno. A ITSL foi preparada com drágeas solúveis a serem tomadas pela manhã, colocadas sob a língua até que dissolvessem (de 1 a 2 minutos), e então engolidas. A vacina era um alergoide monomérico obtido a partir de modificação química.5 Os pacientes alérgicos aos ácaros da poeira receberam tratamento contínuo, enquanto que para os polens, um cronograma de pré-temporada foi usado. Em ambos os casos, a ITSL envolvia uma fase de acúmulo e de manutenção. Instruções detalhadas e impressas, bem como explicação verbal adicional sobre como tomar e administrar a ITSL foram dadas. Todos os pacientes receberam uma terapia padrão de medicamento para os sintomas (oral/nasal antihistamínicos, salbutamol inalado, esteroides inalados/nasais) e foram atendidos para acompanhamento em intervalos regulares. Os pacientes foram contatados por telefone, sem o planejamento de uma data específica. Na entrevista por telefone, eles foram solicitados a contar o número de drágeas restantes na cartela. Com base na data de início da ITSL e do cronograma de administração, um programa de computador calculava o número esperado de drágeas consumidas e o número esperado de drágeas restantes na cartela. A aderência ao tratamento foi avaliada após 1 ano para a ITSL contra ácaros e no começo da estação de pólen para a ITSL contra pólen. Foi calculada a porcentagem do número esperado de drágeas consumidas - drágeas restantes/número esperado de drágeas consumidas X 100. Os pacientes registravam em um diário a ocorrência de efeitos colaterais após cada dose. Efeitos colaterais locais (coceira/inchaço, edema nos lábios/língua, náusea e vômito) e sistêmicos (rinite, conjuntivite, asma, urticária/angioedema)