SUBSTANTIVIDADE DO DIGLUCONATO DE CLOREXIDINA EM DENTINA HUMANA DESMINERALIZADA COM ÁCIDO FOSFÓRICO E HIBRIDIZADA COM UM SISTEMA ADESIVO. Joianne Lopes Melício1, Badyr Moura Naddi2, Ethan Nesadal de Souza3, Andréa Anido-Anido4, Marcela Rocha de Oliveira Carrilho5 Área do Conhecimento: Ciências da Vida (Odontologia/GEO) Palavras-chaves: Dentina humana, clorexidina, substantividade. INTRODUÇÃO Estudos têm demonstrado que, num período relativamente curto (6 meses a 3 anos), a retenção mecânica dos compósitos de resina à dentina pode ser reduzida a valores 50% inferiores àqueles verificados imediatamente, ou seja, obtidos tão logo os procedimentos de adesão sejam concluídos (Hashimoto et al, 2000; De Munck et al, 2003;Carrilho et al, 2005, 2007). Por outro ourtro, demonstrou-se recentemente que a aplicação de clorexidina sobre a dentina desmineralizada, antes da aplicação do sistema adesivo, foi capaz de retardar a degradação morfológica e mecânica das restaurações adesivas (Hebling et al, 2005; Carrilho et al., 2007a,b). OBJETIVOS Este estudo teve por objetivo avaliar a substantividade do digluconato de clorexidina em dentina humana mineralizada e desmineralizada com ácido fosfórico. METODOLOGIA Trinta e dois dentes sadios foram utilizados neste experimento. O esmalte oclusal destes dentes foi removido por meio de um disco de diamante e, da dentina coronária, obtiveram-se “discos” dentina com cerca de 1.0 mm de espessura. Com ponta de diamante, os discos de dentina foram padronizados de forma a terem todos 5.0 ± 0.01 mm de diâmetro e 1.0 ± 0.1 mm. As superfícies de dentina expostas foram desgastadas, planificadas em lixa de SiC #180, condicionadas com ácido fosfórico 37% por 15 s, lavadas e secas com papel absorvente. Os discos foram divididos, aleatoriamente, de acordo com os seguintes tratamentos: 1) aplicação de digluconato de clorexidina 2% 2) aplicação de água destilada (controle). Metade das amostras de dentina foi assim armazenada em 1 ml de solução salina fosfatada e tamponada (pH 7.2), suplementada com 0.02% de ázida sódica, enquanto a outra metade das amostras foi hibridizada com o sistema adesivo XP Bond (Dentsply) e somente então armazenada em 1 ml de solução salina fosfatada e tamponada (pH 7.2). Soluções padrão com concentrações decrescentes de digluconato de clorexidina (0 – 0.2%) foram preparadas a partir da diluição de uma solução estoque de clorexidina 2%. A absorbância de cada solução padrão foi mensurada por espectrofotômetro (Beckman, Coleman) em comprimento de onda de 260 nm, de modo a estabelecer uma curva de calibração que correlacionou valores de absorbância com a concentração de clorexidina em cada solução padrão. Após 6, 24, 168 e 336 horas de armazenagem, a solução de armazenagem de cada uma das amostras também teve sua absorbância mensurada. Os valores de absorbância foram plotados em gráficos de correlação baseados na curva de calibração para que fosse determinada a concentração de clorexidina proveniente de cada amostra em cada um dos períodos de armazenagem avaliados. Os dados foram analisados em combinações de análises de variância, de acordo com os objetivos do estudo. A análise de variância foi seguida do teste de Student-Newman-Keuls para determinação de diferenças individuais. Toda a análise estatística foi realizada ao nível de significância α= 0,05. Estudante do Curso de Odontologia (UNIBAN); e-mail: joiamelicio@hotmail. com 2 Estudante do Curso de Odontologia (UNIBAN); e-mail: [email protected] 3 Estudante de Farmacia (Universidade Oswaldo Cruz); email: nesadal12@ gmail.com 4 Professor da Universidade Bandeirante de São Paulo; e-mail:andrea.carvalho@ uniban.br 5 Professor da Universidade Bandeirante de São Paulo; e-mail: mcarrilho@ uniban.br 1 -- RESULTADOS/DISCUSSÃO As médias de concentração de clorexidina liberada durante o período de análise estão expressas na figura. CONCLUSÕES A substantividade do digluconato de clorexidina à dentina desmineralizada é menor do que à dentina desmineralizada e hibridizada com adesivo XPBond. Apesar disso, para ambos os substratos a concentração de clorexidina parece se manter em níveis, espectrofotometricamente, detectáveis até pelo menos 336 h, o que significa, por sua vez, que a substantividade da clorexidina aos dois substratos estudados pode ser estimada até pelo menos este período de análise. A hibridização da dentina tratada com clorexidina poderia ter seu efeito terapêutico prolongado na durabilidade da interface adesiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Figura. Médias e desvio-padrão da concentração (em micromol - µM) de clorexidina liberada nas primeira 6 horas de armazenagem em solução salina fosfatada tamponada e cumulativamente nos demais períodos de armazanegem de 24, 168 e 336 horas. Grupos identificados por letras diferentes apresentam médias estatisticamente diferentes (p<0.05). DM/C= dentina desmineralizada controle; DM/CHX=dentina desmineralizada tratada com clorexidina 2%; B/C=dentina desmineralizada e hibridizada com adesivo XPBond e B/CHX= dentina desmineralizada, tratadacom clorexidina 2% e hibridizada com adesivo XPBond. N=8/condição experimental. Em qualquer dos períodos de análise, a concentração de clorexidina liberada na solução fosfatada para as amostras de dentina desmineralizada controle (não hibridizada com adesivo XPBond) foi maior do que para as amostras de dentina desmineralizada e hibridizada com o adesivo XPBond (p<0.05). Observou-se que a maior liberação de clorexidina para ambos os substratos (dentina desmineralizada e desmineralizada/hibridizada) ocorreu nas primeiras 6 horas de armazenagem em solução fosfatada. No entanto, considerando a concentração de clorexidina total aplicada aos dois substratos (633 µg/ml), a concentração máxima de clorexidina liberada na solução fosfatada para as amostras de dentina mineralizada foi de (300 µg/ml) e para desmineralizada (3 µg/ml). Estes valores, portanto, representaram respectivamente para dentina desmineralizada e mineralizada cerca de 50% e 0.5% do total de clorexidina aplicada. Hashimoto M, Ohno H, Kaga M, Endo K, Sano H, Oguchi H (2000). In vivo degradation of resin-dentin bonds in humans over 1 to 3 years. Journal Dental Research; 79(6) 1385-1391. De Munck J, Van Meerbeek B, Yoshida Y, Inoue S, Vargas M, Suzuki K, Lambrechts P, Vanherle G (2003). Four-year water degradation of total-etch adhesives bonded to dentin. Journal Dental Research; 82(2) 136-140. Carrilho MR, Tay FR, Pashley DH, Tjäderhane L, Carvalho RM (2005). Mechanical stability of resin-dentin bond components. Dental Materials; 21(3) 232-241. Hebling J, Pashley DH, Tjäderhane L, Tay FR (2005). Chlorhexidine arrests subclinical breakdown of dentin hybrid layers in vivo. J Dent Res 84:741-746. Carrilho MR, Carvalho RM, de Goes MF, di Hipolito V, Geraldeli S, Tay FR, Pashley DH, Tjäderhane L (2007). Chlorhexidine preserves dentin bond in vitro. Journal Dental Research; 86(1) 90-94. Carrilho MR, Geraldeli S, Tay F, de Goes MF, Carvalho RM, Tjäderhane L, Reis AF, Hebling J, Mazzoni A, Breschi L, Pashley D (2007). In vivo preservation of the hybrid layer by chlorhexidine. Journal Dental Research; 86(6) 529-533. --