LUÍSA RICHTER FLUIDOTERAPIA NO CHOQUE HIPOVOLÊMICO JOINVILLE – SC 2010 2 LUÍSA RICHTER FLUIDOTERAPIA NO CHOQUE HIPOVOLÊMICO Trabalho apresentado para o cumprimento de atividades referentes ao curso de Especialização Lato sensu em Clínica Médica e Cirúrgica em Pequenos Animais - UCB JOINVILLE – SC 2010 3 “Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala.” José Saramago 4 RESUMO Na rotina clínica é comum o atendimento de animais gravemente traumatizados apresentando quadros de hipovolemia e hipotensão decorrentes de choque hemorrágico. Durante o tratamento dos animais em estado de choque hipovolêmico a fluidoterapia é decisiva para a recuperação do animal, nesta constante, a escolha da solução fluída adequada é fundamental. Embora existam diversas opções de soluções empregadas na fluidoterapia disponíveis no mercado, os cristalóides ainda constituem o fluido de eleição pela maioria dos clínicos. O presente trabalho procura trazer informações relevantes e práticas a respeito das principais soluções fluidas disponíveis para o tratamento do choque hipovolêmico, disponibilizando ao Médico Veterinário, subsídios para que este possa optar pela melhor expansor de volume, visando o sucesso do tratamento. Palavras chaves: Hipovolemia. Hipotensão. Choque Hemorrágico. Fluido. 5 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Exemplos de Fluidoterapia considerando valores de hematócrito (Ht) e proteína total (PT)......................................................10 Quadro 2 - Relação entre o peso do animal e o diâmetro do cateter a ser utilizado na fluidoterapia venosa.............................................................16 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Canino recebendo fluidoterapia através da via intraóssea pela punção da fossa trocantérica do fêmur.................................................. 16 7 LISTA DE ABREVIATURAS DC = Débito cardíaco HES 130/0,4 = Hidroxietilamido 130/0,4 Ht = Hematócrito NaCl = Cloreto de sódio NaCl 7,5% = Solução salina hipertônica PAM = Pressão arterial média PT = Proteína total PVC = Pressão venosa central 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................... 09 2 CARACTERÍSTICAS DAS SOLUÇÕES ADMINISTRADAS NA FLUIDOTERAPIA DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO.................... 10 2.1 SOLUÇÕES CRISTALOIDECOLOIDES................................. 11 2.2 SOLUÇÃO COLÓIDE.............................................................. 12 2.2.1 Colóides Naturais................................................................. 12 2.2.2 Colóides Sintéticos............................................................... 13 2.2.2.1 Gelatina......................................................................... 13 2.2.2.2 Amido Hidroxietílico....................................................... 13 2.2.2.3 Dextrans ....................................................................... 14 2.2.2.4 Substituto do Sangue.................................................... 15 3 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO....................................................... 15 4 CONCLUSÂO............................................................................. 17 5 REFERÊNCIAS.......................................................................... 18 9 INTRODUÇÃO Muitos são os casos de animais politraumatizados atendidos na rotina clínica de pequenos animais, sendo a hipovolemia, um dos sinais clínicos primários dentre as várias manifestações da síndrome do choque conseqüente destes traumas (RABELO, 2005; NISCHIMORI, 2006). Segundo Clark (1992), perdas rápidas de até 30 % do volume sanguíneo, que frequentemente são causadas por traumatismo tecidual grave, induzem a sinais de choque circulatório. Dentre os diferentes sinais clínicos decorrentes da diminuição no volume circulante de sangue podem ser observados palidez de mucosas, taquicardia e pressão de pulso fraco, decorrentes da diminuição no volume circulante de sangue (FANTONI e CORTOPASSI, 2009). A síndrome insuficiência da de choque perfusão capilar caracteriza-se e por incapacidade uma do grave sistema cardiovascular de levar oxigênio e nutrientes em quantidades suficientes para manter a função normal das células e tecidos, havendo uma redução acentuada do retorno venoso, diminuição da pressão venosa central e arterial e baixa no débito cardíaco (RAISER, 2005; CLARK, 1992). A baixa perfusão tecidual estimula uma série de eventos complexos que provocam alteração do metabolismo celular, insuficiência orgânica e finalmente, morte do animal (DAY; BATEMAN, 2007, p. 523). Nos animais vítimas de traumas que apresentam choque hemorrágico grave, muitas vezes se faz necessário aliar a correção do déficit de volume, ao controle de hemorragias interna e/ou externas (DAY; BATEMAN, 2007). Considerando a necessidade de anestesiar o paciente com hipovolemia grave, esta deve sempre ser realizada após a estabilização e correção da hipovolemia do animal associada à redução das doses dos anestésicos utilizados (MARTIN, 1996). Neste contexto, o conhecimento do estado cardiovascular do paciente em choque e das características dos fluidos disponíveis para serem empregados na restauração da circulação são de extrema importância para escolha do tratamento adequado (MELETTI et al., 2003; SKINNER, 2007). Para Lichtenberger (2004), o resultado do tratamento está relacionado à terapia com fluido apropriado combinado a avaliação periódica incluindo mensuração da pressão sanguínea do paciente. 10 2. CARACTERÍSTICAS DAS SOLUÇÕES ADMINISTRADAS NA FLUIDOTERAPIA DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO O objetivo da reanimação volêmica na síndrome do choque é o restabelecimento dos sinais vitais através da restauração do volume sanguíneo circulante, a fim de normalizar as pressões circulatórias de enchimento cardíaco e déficit de perfusão (RAISER, 2005). “A restauração da circulação melhora, transitoriamente, a condição hemodinâmica do paciente e, conseqüentemente, a perfusão tecidual” (OLESKOVICZ, 2008). Visando a reposição volêmica do paciente em choque, existem diversas opções de soluções disponíveis, diferindo basicamente em características de composição, tempo de duração e capacidade de expansão do volume plasmático. Os fluidos normalmente empregados compreendem as soluções colóides (sintéticos ou naturais) e as soluções de cristalóides (FANTONI; CORTOPASSI, 2009). Dubick et al. (2006), associam complicações na coagulação e função renal, assim como hiponatremia e reações anafiláticas conseqüentes a fluidoterapia em pacientes chocados. Isto vem a reforçar a importância do conhecimento das variáveis das soluções empregadas adicionado ao exame clínico minucioso para escolha da solução parenteral adequada. Para Raiser (2005), a determinação do hematócrito bem como proteínas totais, obtidas a partir do hemograma, representa uma importante ferramenta para a escolha da solução mais apropriada com o propósito de expandir a volemia (Quadro 1). Ht (%) PT (g/dl) Solução <25 >5 Papa de hemácias <25 <5 Sangue total 25-50 >5 Sangue total 25-50 <5 Sangue total >45 >5 Solução salina >45 <5 Plasma ou expansor Quadro 1 – Exemplos de fluidoterapia considerando valores de hematócrito (Ht) e proteína total (PT). Fonte: RAISER, (2005, p. 90). 11 2.1 SOLUÇÕES CRISTALÓIDES As soluções cristalóides pertencentes ao grupo das soluções isotônicas apresentam osmolaridade semelhante a do sangue ou do compartimento extracelular (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). Estas soluções, constituídas basicamente de água, a qual a membrana capilar é permeável, podem chegar a praticamente todos os compartimentos corpóreos. O cloreto de sódio a 0,9%, Ringuer e Ringuer Lactato são as soluções cristalóides isotônicas mais frequentemente utilizadas na rotina clinica de pequenos animais, respeitando a taxa de administração por via intravenosa rápida de 90 e 55 ml/kg em cães e gatos, respectivamente (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). Entretanto, nos pacientes em choque não devem ser considerados como única fonte para a fluidoterapia (RAISER, 2005). Este fato é justificado principalmente por apresentarem menor período de ação e maior necessidade de volume de solução para manter a circulação e perfusão tecidual (DAY; BATEMAN, 2007). Segundo Raiser (2005), as soluções cristalóides isotônicas podem causar diluição das proteínas totais e desencadear um quadro de edema pulmonar. Como alternativa para contrabalançar estes efeitos negativos as soluções isotônicas podem ser associadas a soluções cristalóides hipertônicas, como cloreto de sódio a 7,5%, administradas de forma lenta, que apresenta como vantagem o rápido efeito expansor (DAY; BATEMAN, 2007). Estas soluções cristalóides hipertônicas possuem como principais características o alto teor de sódio (250 a 1200 meq/l) e elevada osmolaridade (600 a 2400 mOsm/l). O emprego de pequenos volumes de soluções cristalóides hipertônicas, foi introduzido na pratica clínica na década de 1980, e tem se mostrado de grande valor na ressucitação de pacientes chocados, promovendo restabelecimento imediato e definitivo dos parâmetros hemodinâmicos dos animais (PAIVA, 2003). Em função de seu uso ser contra-indicado em pacientes moribundos ou com doenças crônicas debilitantes, por predispor a acidose hiperclorêmica, tem-se recomendado a associação de solução salina hipertônica a 7,5% de NaCl e um colóide hiperoncótico (RCHA et al., 2005; OLESKOVICZ et al., 2008). Em seu estudo, Oleskovicz, 2008, preconiza a associação da solução NaCl 7,5% a outros expansores plasmáticos a fim de reduzir o volume necessário da solução hipertônica para restaurar a PAM (Pressão Arterial Média) e o DC (Débito Cardíaco) proporcionando maior estabilidade hemodinâmica no seu uso associado. 12 2.2 SOLUÇÕES COLÓIDES As soluções colóides caracterizam-se por apresentarem alto peso molecular, o que impede sua passagem passiva através da membrana capilar e possibilita uma expansão volêmica com maior duração devido ao aumento da pressão oncótica plasmática. Por este motivo, a administração intravenosa de colóides resulta na melhora da perfusão e distribuição de oxigênio (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). Sua persistência intravascular prolonga a duração dos seus efeitos, diminuem o risco de formação de edema e permitem que pequenos volumes sejam usados para alcançar os mesmos níveis de ressuscitação alcançados com os cristalóides. (GOMES et al., 2005, p.635). Os colóides são classificados em naturais (plasma, sangue total e albumina) e sintéticos (hidrolisados de gelatina, dextranas, amidos hidroxietílicos) (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). O uso destes colóides é indicado associado a uma solução hidroeletrolítica balanceada na proporção de 1:3 nas situações em que o nível de proteínas do plasma sanguíneo for inferior a 3,5 g/dl (RAISER, 2005). 2.2.1 Coloides Naturais Os coloides naturais são obtidos a partir de doadores sendo fracionados de acordo com o produto desejado: sangue total; papa de hemácias (também chamada de concentrado de hemácias); e, plasma ou albumina concentrada (GOMES; TUDURY; RABELO, 2005). Estes, raramente são utilizados de maneira isolada no tratamento do choque. Frequentemente são associados a soluções cristalóides, coloides sintéticos ou soluções hipertônicas (DAY; BATEMAN, 2007). A limitação do uso dos colóides naturais é atribuída ao custo elevado e dificuldade de obtenção de doador compatível bem como estado sanitário satisfatório. Day; Bateman, (2007), citam ainda como possíveis complicações da administração de sangue total, a hemólise, intoxicação por citrato e hipocalcemia. Em seu estudo sobre reações transfusionais, Pincelli (2010), ressalta a vantagem da utilização de componentes específicos na reposição volêmica, minimizando o risco de reações por menor exposição a fatores antigênicos, relacionados, por exemplo, a reações urticariformes. Com o intuito de minimizar os efeitos indesejáveis da reposição volêmica e substituir os colóides naturais, temse utilizado soluções parenterais alternativas (SOARES, 2009). 13 2.2.2 Colóides Sintéticos Constituem um grupo importante de soluções no tratamento de pacientes em choque hipovolêmico, o que desperta interesse dos clínicos e pesquisadores. Os colóides sintéticos, são macromoléculas que tem a capacidade de atrair líquido para o espaço intravascular, restaurando dessa forma a hipovolemia (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). Os colóides sintéticos disponíveis no mercado são derivados de dextranos (Dextran 40 e 70), polímeros de gelatina (Haemacel e Polisocel), amido de hidroxietila (Hetastarch) ou fluídos carreadores de oxigênio à base de hemoglobina (Oxyglobin®, Biopure Corporation, Cambridge, MA). De modo geral, os colóides sintéticos mais utilizados são o hidrolisado de gelatina, a dextrana e os amidos hidroxietílicos. Em estudo comparativo, utilizando-se de solução coloidal de dextran 70, hidroxietilamido 120/0,7 e Ringer com lactato, observou-se que este último possui propriedades extremamente inferiores aos demais, principalmente no que diz respeito ao tempo de duração da reposição volêmica (HIIPPALA; TEPPO, 1996). 2.2.2.1 Gelatina As apresentações disponíveis para o uso clínico deste composto, originárias do colágeno bovino, são soluções a 3,5% de gelatina ligada a ureia e as gelatinas succiniladas (GOMES et al., 2005). A gelatina apresenta baixo peso molecular e raramente são descritas reações anafiláticas associdas ao emprego desta (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). Entretanto a propriedade de baixo peso molecular confere as gelatinas uma curta duração do efeito no volume, por serem rapidamente excretadas pela urina. Sendo assim, consideram-se necessárias grandes quantidades do produto para manter a expansão desejada (GOMES et al., 2005). 2.2.2.2 Amido Hidroxietílico São polissacarídeos naturais extraídos do milho, submetidos a processos de hidroxietilação ou eterificação, o que confere as moléculas estabilidade e capacidade de resistir à hidrólise (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). O amido hidroxietílico (hetamilo) é o colóide sintético 14 mais frequentemente utilizado na clínica de pequenos animais, principalmente devido aos menores efeitos colaterais (DAY; BATEMAN, 2007). Este composto é um colóide de terceira geração, sendo que em cada grupo de 10 glicoses da molécula de amido, 04 sofrem hidroxiacetilação especificamente no carbono 02, o que o caracteriza como hidroxietilamido de peso molecular 130 kDa e grau de substituição molar de 0,4 (OLESKOVICZ, 2008). Sua utilização em associação a soluções cristalóides nos casos onde ha perda de volume e desidratação excessivos, foi recomendada por Rabelo, (2003), pois os colóides ao serem infundidos em pequenos volumes não restabelecem totalmente a pré-carga, nem o volume intersticial. Em um estudo realizado com a administração de hidroxietilamido 130/0,4 em gatas submetidas a hipovolemia foi observado a restauração da pressão arterial com aumento da pressão venosa central (SOARES, 2009). Comparando a ação do hidroxietilamido 130/0,4 com a ação expansora da solução hipersaturada de NaCl 7,5% e sua associação em cães submetidos a hipovolemia, Oleskovicz, (2008), observou o restabelecimento imediato dos parâmetros hemodinâmicos e metabólicos quando estas soluções foram utilizadas em associação. Por outro lado, quando a solução salina hipersaturada foi administrada isolada, esta foi incapaz de elevar a pressão arterial média no período imediato (OLESKOVICZ, 2008). Resultados similares foram obtidos por Regali, (2009), em que a associação de coloide (hidroxietilamido) a solução hipertônica (NaCl 7,5%) mostrou resultado mais eficaz e duradouro no aumento da pressão arterial em felinos domésticos, submetidos ao estado de choque hipovolêmico, quando comparada ao uso isolado destas soluções. 2.2.2.3 Dextrans São colóides sintéticos constituídos por polissacarídeos de resíduos lineares de glicose de alto peso molecular, geralmente encontradas em duas apresentações: dextrana 70 e dextrana 40. Esta última possui maior capacidade de expansão volumétrica, por outro lado, é associada a quadros de falência renal aguda (GOMES, 2005). Por este motivo seu uso é recomendado associado a soluções cristalóides (RAISER, 2005). A duração do efeito clínico dos dextrans é diretamente proporcional ao seu peso molecular, desta forma as dextranas 40 15 apresentam efeito clínico de aproximadamente 20 minutos a 12 horas, já as dextranas 70 apresentam 24 horas de duração do seu efeito (CORTIPASSI; PATRICIO, 2009). O aumento da duração e intensidade da expansão volêmica podem ser obtidos adicionando dextran 70 à solução hiperosmolar e desta forma aumentar o debito cardíaco e conseqüentemente a taxa de sobrevida no choque hemorrágico (PAIVA et al., 2003). Enquanto a solução hiperosmolar expande o espaço vascular mobilizando água das células, inclusive das hemáceas, a adição de um colóide hiperoncótico pode, seletivamente, reter mais água no vaso. (PAIVA et al., 2003, p. 362) As mesmas propriedades foram observadas por Meletti et al., (2006), que ao comparar o uso de NaCl a 7,5 % e sua associação ao dextran 70 a 6% na fase imediata da reanimação em cães com choque hipovolêmico induzido, obteve melhor desempenho hemodinâmico no uso associado especialmente 30 minutos após o início da administração. 2.2.2.4 Substituto Do Sangue A Oxyglobin®, uma hemoglobina bovina polimerizada, apresenta como vantagens: armazenamento em temperatura ambiente; ausência de reação transfusional; e, baixo risco de transmissão de doenças (GOMES et al., 2005). Este composto atua transportando oxigênio, atraves do fornecimento de uma fonte de hemoglobina ao plasma, exercendo adicionalmente um efeito colóide no sangue (DAY; BATEMAN, 2007), combinando desta forma expansão plasmática ao carreamento de oxigênio (JAHR et al., 2002). 3. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Segundo Day; Bateman, (2007), a via intravenosa é a mais indicada para a reposição volêmica. Os principais vasos utiliados para o procedimto são: a veia jugular, cefálica e safena lateral, em cães, e a veia cefálica e a safena média, nos gatos. Raiser (2005), cita que há a necessidade de utilizar um cateter calibroso se faz necessário quando 16 houver indicação de rápida reposição de volume. O calibre do cateter a ser utilizado considerando o peso do animal esta descrito no Quadro 2. Em animais jovens ou pacientes de pequeno porte, pode ser utilizado o acesso através da via intraóssea (Fig. 1), sendo que para este procedimento recomenda-se o emprego de agulhas do tipo trocater com mandril removível.Neste caso, a administração da fluidoterapia pode ser realizada pela tuberosidade tibial, fossa trocantérica do fêmur, asa do íleo ou tuberosidade maior do úmero (BORIN, 2008). Peso (Kg) Diâmetro do cateter Até 5 20 g 6a 10 18 g 11 a 20 16 g Acima de 21 14 g Quadro 2 – Relação entre o peso do animal e o diâmetro do cateter a ser utilizado na fluidoterapia venosa. Fonte: RAISER, (2005, p. 91). Figura 1 - Canino recebendo fluidoterapia atraves da via intraóssea pela punção na fossa trocantérica do fêmur, Fonte: BORIN (2008. p. 38). 17 CONCLUSÃO Na terapia do choque hipovolêmico a escolha da solução fluida é fundamental para o sucesso do tratamento. Os fluidos disponíveis diferem em sua composição, forma e tempo de ação, havendo vantagens e desvantagens no uso de cada solução. Desta forma, na ausência de uma solução ideal, o uso combinado dos fluidos ainda representa o método mais eficaz na expansão volêmica de animais em choque, minimizando desta forma os efeitos indesejáveis e proporcionando perfusão e oxigenação satisfatória aos tecidos. É importante considerar que compete ao Médico Veterinário a definição sobre qual a melhor terapia fluida para cada situação, devendo levar em consideração o estado clínico do paciente, principalmente hemodinâmico, resultado dos exames laboratoriais e conhecimento sobre as características biológicas das soluções. 18 REFERÊNCIAS 1. BORIN, S. et al. Desmistificando a via intra-óssea.Clínica Veterinária, n. 75, p. 38-40, jul-ago, 2008. 2. CLARK, D. R. Tratamento do Choque Circulatório. In: BOOTH, N. H.; MCDONALD, L. E. Farmacologia e Terapêutica em Veterinária. 7. ed. Rio de Janeiro, 1992. p. 449-454. 3. CORTIPASSI, S. R. G.; PATRICIO, G. C. F., Fluidoterapia na Anestesiologia. In: FANTONI, D.T.; CORTOPASSI, S.R.G Anestesia em Cães e Gatos. 2. ed.São Paulo: Roca, 2009. p.131-146. 4. DAY, T. K.; BATEMAN, S. Síndrome Choque. In: DiBartola, S. Anormalidades de Fluidos, Eletrólitos e Equilíbrio Àcido-Básico: na Clínica de Pequenos Animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 2007. p. 523-535. 5. 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