Impressão, Traço e Texto
“A interpretação do Sonho”
(Metapsicologia Freudiana)
Profª. Marta Damen Buzanelo • Extraído do livro de Luiz Alfredo Garcia-Roza.
Metapsicologia
Freudiana, volume 2.
• Introdução a
• ‘A Interpretação do Sonho’
• 7ª edição, Jorge Zahar Editor, RJ, 2004
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Teoria da Memória:
• O histérico padece principalmente de
reminiscências. (Comunicação preliminar)
• Na Carta 52, Freud afirma que o reordenamento
de traços mnêmicos responde pela própria
formação do parelho psíquico.
• Ele fez, a assimilação do lugar central que a
memória ocupa em sua construção teórica.
• A memória de que fala Freud é a do sistema PSI
de neurônios, assim a memória inconsciente.
• Para Freud não há psíquico sem memória!
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‘A memória para FREUD não é memória de
acontecimento de lembranças, mas de traços’
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Lembranças...
• FREUD, mais que BERGSON, faz da
memória o ponto em torno do qual
gravitam suas primeiras
considerações teóricas e clínicas.
• Ambos tem diferentes focos quanto a teoria.
• Freud vê como um sistema.
• Bergson vê como acontecimentos.
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Fatos infantis:
• As lembranças encobridoras são
recordações de acontecimentos infantis que
se caracterizam pela insignificância dos
seus conteúdos, permaneceram na
memória com muita nitidez;
• Sua tese é de que tais lembranças
encobrem outras, estas sim importantes,
numa solução de compromisso
semelhante á do sintoma.
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Apaga a infância
• Outro aspecto importante é a amnésia
infantil, responsável pelo esquecimento
de quase todos os acontecimentos dos
primeiros anos de vida de um indivíduo.
• FREUD, escreve que sem a amnésia infantil,
não haveria amnésia histérica; que significa que
é a partir dessa sexualidade (incide o
esquecimento) que ele vai elaborar a teoria
psicanalítica das neuroses.
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Spur e Eindruck...
• A MEMÓRIA é memória de traço (Spur) é
uma impressão (Eindruck);
• A memória é como um contexto.
• A impressão fica na memória, como um
traço ou uma representação. Por isso ela
tem que ser construída e não lembrada.
• A impressão é muito mais da ordem do
sinal do que da ordem do significante.
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Sinal e significante
• A angustia é da ordem do sinal e não da
ordem do significante;
• Tal como a impressão, a angustia não é
acompanhada de representação.
• O que se repete nos estados de angustia são
precisamente expressões corporais e não
imagens da situação traumática original.
• Não há traço mnêmico, há apenas a expressão de
uma intensidade sem conteúdo.
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A verdade é que
Freud NÃO confunde
impressão com
excitação ou com
estimulo.
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Impressão, excitação e estimulo:
• A impressão é de ordem psicológica e a
excitação é de ordem neurológica.
• O sistema perceptivo (W) é responsável pela
receptividade sensorial; enquanto que o sistema
consciência (BEW) é responsável pela resposta
comportamental.
• A memória não pertence a nenhum
destes sistemas (W e BEW).
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Dois fatores...
• Todo traço é traço de uma impressão.
• O traço é a forma pela qual a
impressão mantém seus efeitos.
• Diferente da impressão ele supõe uma
inscrição, que em seu conjunto forma um
sistema de signos.
• A formação do traço depende de dois fatores:
- intensidade da impressão;
- e da repetição.
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Diferentes facilitações...
• Não é a retenção responsável
pela memória, mas a diferença
das facilitações;
• É a diferença nas barreiras de
contato que dá lugar a um
caminho preferencial.
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A repetição:
• Outro fato responsável pela memória é a repetição.
• Tratamos aqui da memória como processo
interno ao sistema PSI inconsciente.
• Sabemos que a memória é
desprovida de qualidades.
• Se é na Carta 52 que o traço começa a tornarse escritura, é em a Interpretação do Sonho
que o texto psíquico revela sua textura.
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Escritura psíquica:
• O que Freud propõe a partir de Traumdeutung é que
pensemos o sonho como uma escritura psíquica.
• Os sonhos não são ilógicos, ou somente o são se
nos colocamos no lugar da lógica que rege os
processos conscientes.
• Como produções do inconsciente, possuem uma
lógica própria, sendo que cada sonhador cria seu
próprio código, com conteúdos e sentidos diferentes.
• Na maioria das vezes os sonhos seguem antigas
facilitações (Bahnungen)
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Imagens caóticas...
• Freud mostra, no seu trabalho de interpretação dos
sonhos, que o SONHO é um amontoado caótico de
imagens sem sentido se o encaramos apenas na
organização pré- consciente/consciente.
• Porem este mesmo SONHO, quando
submetido a uma análise a partir da teoria
do inconsciente, revelam uma lógica própria
capaz de mostrar toda a sua coexistência e
indicam múltiplos sentidos.
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Rébus e enigmáticas...
• O sonho obedece a um modo de elaboração semelhante
ao das cartas enigmáticas ou, ao do rébus.
• Tal como num ideograma, as imagens do sonho não
remetem as coisas que elas supostamente representariam,
mas produzem um significado diferente.
• O Sonho não é apenas um texto de uma mensagem
cifrada, um enigma, que cabe ao destinatário decifrar.
• Quem é o sujeito do sonho? Não é, certamente,
o EU. Remete ao sujeito do inconsciente.
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Destinatário e interprete:
• Se de fato o parelho psíquico é um
aparelho que se dirige a outros
aparelhos, então justifica-se a tese
de que o SONHO não se esgota em si
mesmo, mas se dirige ao outro,
destinatário - interprete, cuja
relação que irá dar o seu sentido.
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O grande OUTRO
• Aquilo que o sonho faz apelo é a fala.
• A fala do próprio sonhador e a fala do outro, por isso ele
pode ser considerado um texto, ou mais especificamente
uma mensagem.
• Essa mensagem é dirigida ao Outro.
• O grande Outro é a Ordem simbólica.
• O sonho só é um texto, na medida que é
colocado na fala do sonhador por outro.
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