| Caso Clínico
Valorizando o sorriso gengival: Relato de caso
Enhancing the Gingival Smile: Case report
1
Patrícia Hayumi SUZUKI ; Alessandra Medeiros Lobo de VASCONCELOS2; Alex Semenoff SEGUNDO3;
6
4
5
Antônio Carlos Garcia de OLIVEIRA ; Alessandra Nogueira Porto NEVES ; Suzane A RASLAN .
Resumo
Abstract
O presente trabalho tem como objetivo relatar
um caso clínico de aumento de coroa clínica na
região anterior para corrigir o sorriso gengival.
No planejamento cirúrgico periodontal,
visando alterações dos componentes estéticos
do sorriso é importante considerar variáveis
como: sexo, idade, raça, condições musculares e
esqueléticas, aspectos comportamentais e,
como aplicabilidade clínica direta, a relação
dentoperiodontal associada à composição
facial e, em especial, aos lábios. Desta maneira,
o sorriso gengival pode ser o resultado do
crescimento excessivo da maxila e ocorre em
pacientes com altura faciais maiores que a
normal, lábios superiores mais curtos e erupção
anormal de dentes superiores. Na avaliação
estética verifica-se a altura do sorriso, simetria
labial, harmonia das margens gengivais,
tamanho e proporção dos dentes. Após a
avaliação de forma completa deste caso,
realizou-se o planejamento cirúrgico através da
técnica de Retalho Mucoperiostal de Widman
Modificado.
The main purpose of the present work is to
describe a clinical case to increase clinical
crown in previous region to correct the
“gummy smile”. In planning surgical periodontal to amendments of the components of
aesthetic smile is important to consider
variables such as: sex, age, race, skeletal and
muscles conditions, behavioural aspects and,
as clinical direct applicability, the relationship
dentoperiodontal associated with the composition and faciale, in particular to lips. This way,
the “gummy smile” can be the result of excessive growth of the jaw and occurs in patients
with facial height greater than the normal, lips
higher shorter and abnormal teeth eruption.
In the aesthetic evaluation observes the height
of smile, labialis symmetry, harmony contour
of gingival tissue, size and aspect ratio of the
teeth. After the complet evaluation of this case,
the surgical planning through the technical of
mucoperiostal flap of Widman modified.
Unitermos
Key words
Gummy smile; Mucoperiostal Flap of Widman
modified.
Sorriso gengival; Retalho Mucoperiostal de
Widman Modificado.
1- Especialista em Periodontia
3- Professor de Odontologia da UNIC e UNIVAG.
2- Professora das disciplinas de Periodontia Clínica, Clínica
Integrada, e Clínica de Tratamento de Dor da Faculdade de
Odontologia da Unic. Professora do curso de Especialização de
Periodontia do INPEO.
4- Especialista em Periodontia e Implantodontia.
5- Professora de Periodontia da UNIVAG.
6- Mestre e Especialista em Periodontia. Especialista em
Implantodontia.
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Valorizando o sorriso gengival: Relato de caso
Tipo I A – gengivoplastia
Introdução
A estética dental se dá através do
equilíbrio na composição facial, dentofacial,
7
dental e gengival .
O sorriso ideal leva em consideração
lábios, gengiva, mucosa alveolar e alinhamento
dentário. Durante o sorriso deve haver um
paralelismo na curvatura entre as linhas incisal,
a que passa pela área de contato dos dentes, e a
labial inferior, as quais geram forças coesivas
para a composição dentofacial; este grau de
curvatura introduz, também, forças segregativas na composição6.
Considerando a linha do lábio em
máxima abertura durante o sorriso, classifica-o
de acordo com a exposição de tecido gengival
em: sorriso alto (acima de 4mm), em 32% dos
casos, sorriso médio entre 3-4mm) em 42%,
sorriso baixo (abaixo de 3mm) em 26% 5.
Portanto o sorriso gengival é uma
queixa estética comum.
A sua etiologia está relacionado a
diferentes fatores: (I) erupção passiva alterada,
(II) aumento do volume de gengiva devido ao
acumulo de placa ou uso de medicamentos e
(III) excesso vertical de maxila1.
Segundo McGuire (1998), a erupção
passiva pode ser classificada em Tipo I: junção
mucogengival apical à crista óssea; Tipo II:
junção mucogengival no nível ou coronal à
crista óssea. Subtipo A – pelo menos 2 mm
entre a junção cemento-esmalte e a crista óssea;
Subtipo B – menos de 2mm entre a junção
cemento-esmalte e a crista óssea. A classificação é conjugada mostrando IA, IB, IIA e IIB. A
modificação na classificação de Coslet et al. dá
uma previsibilidade de resultado para cada tipo
estabelecido:
Tipo I B - retalho mucoperiosteal com
excisão da margem gengival e osteotomia
Tipo II A – retalho de espessura parcial
deslocado apicalmente
Tipo II B – retalho de espessura total
deslocado apicalmente com osteotomia.
O aumento de coroa estético é realizado
quando existe exposição excessiva da gengiva
ou “sorriso gengival”. Uma vez tendo sido feita a
determinação de que o posicionamento da
gengiva para apical é o caminho natural da
ação, a distância da Junção Cemento-Esmáltica
(JCE) até o osso deve ser determinado. Isso
ajuda a verificar o quanto de cirurgia óssea será
necessário, ou se o procedimento envolve
apenas a gengiva. A quantidade exata de
aumento deve ser determinado na consulta com
o ortodontista, ou clínico geral, ou ambos
(assumindo que os tratamentos ortodônticos e
restaurador são necessários), e baseado nos
desejos estéticos do paciente. A posição do
frênulo deve ser avaliado para determinar se ele
é um fator complicador. Se o frênulo for um
problema, ele deve ser removido por meio de
frenulectomia, seis semanas antes do retalho
ser realizado1.
O aumento de coroa estético pode ser
indicado quando os dentes anteriores são mais
curtos que o normal, ou devido à exposição
excessiva da gengiva ou quando o “sorriso
gengival” é o problema2. Ele está indicado para
estabelecer uma relação adequada da margem
gengival com o lábio e para aumentar os
comprimentos dos dentes, dando uma retenção
melhorada das coroas. O tratamento adequado
pode ser selecionado após o diagnóstico e a
etiologia serem determinados, que pode ser o
aumento gengival, a erupção passiva alterada
ou postergada, coroas clínicas curtas, excesso
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Patrícia Hayumi Suzuki; Alessandra Medeiros Lobo de Vasconcelos; Alex Semenoff Segundo;
Antônio Carlos Garcia de Oliveira; Alessandra Nogueira Porto Neves; Suzane A. Raslan.
vertical da maxila, ou um lábio superior muito
curto.
O aumento gengival pode ser causado pela
inflamação, ou ser complicado pelos problemas
sistêmicos, tais como diabetes, gravidez ou
irritação local proveniente dos aparelhos
ortodônticos.
Relato de Caso Clínico
O presente relato de caso clínico
apresenta o plano de tratamento proposto para
uma paciente do gênero feminino L.A.M,
leucoderma, normorreativa, 20 anos de idade.
Ao exame clínico foi observado presença de
erupção passiva alterada, profundidade de
sondagem de 3 mm, ausência de sangramento
gengival, bom controle de biofilme dental,
porém com abaulamento ósseo vestibular
acentuado, e portadora de aparelho ortodôntico
(Figura 1).
consequentemente seu sorriso.
Após a anestesia local as bolsas
gengivais foram sondadas e marcados os
pontos sangrantes (Figura 2) a partir dos quais
foram realizados incisão primária (bisel
interno) 3mm com finalidade de remoção da
parede interna da bolsa e em seguida foi
realizado a incisão secundária( intra-sulcular) e
a terciária ( interdental) (Figura 3).
Figura 2 - Pontos Sangrantes
Figura 1 - Foto Inicial
O plano de tratamento para aumento
de coroa clínica através da técnica retalho total
(quanto a espessura), convencional (quanto ao
desenho) e reposicionado apicalmente (quanto
ao deslocamento), aplica-se neste caso pela
necessidade de osteotomia e osteoplastia além
da correção da altura gengival pois a paciente
posteriormente será submetida a uma cirurgia
ortognática para melhorar seu perfil facial e
Figura 3 - Incisão primária secundária e terciaria
Após descolamento do retalho e a
remoção do colarinho gengival (Figura 4) foi
realizado remoção de tecido de granulação,
Raspagem e Aplainamento Radicular feitas
com curetas de Gracey e posteriormente
osteotomia e osteoplastia (com mini cinzel de
ochsenbein e brocas esféricas diamantadas com
abundante irrigação com soro fisiológico 0,9%,
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Valorizando o sorriso gengival: Relato de caso
com objetivo de redução do grande volume de
osso vestibular (Figura 5).
Figura 6 - Sutura
Figura 4 - Remoção do colarinho
Figura 7 - 07 dias após a cirurgia
Figura 5 - Osteotomia e osteoplastia
Em seguida sutura do retalho com fio
de nylon shalon monofilamento preto classe II
5,0 foi realizada e finalizada a cirurgia (Figura
6), a paciente recebeu orientações com antibioticoterapia, antiinflamatório, analgésico e
cuidados referentes à higiene bucal com o uso
®
de enxaguatório Periogard (clorexidina 0,12%
®
- Colgate ) por sete dias. Foi orientada a
alimentação pastosa e fria por dois dias.
Após sete dias foi realizado controle
pós cirúrgico e remoção da sutura no qual a
paciente apresentou em condições satisfatórias
de cicatrização (Figura 7).
Discussão
Para o planejamento cirúrgico, se faz
necessário, a classificação do caso clínico, na
qual o indivíduo se enquadrava na classificação
de Mc Guire (1998) como Tipo I Subtipo B.
Portanto, a opção cirúrgica passou a ser aquela
que permitiria acesso aos tecidos de sustentação, para realizar osteotomia e osteoplastia.
Neste caso clínico optou-se pela técnica de
Retalho Mucoperiosteal Widman Modificado,
possibilitando assim corrigir altura gengival,
ter acesso ao tecido ósseo e corrigir as exostoses
na face vesibular da maxila.
O que não seria possível se houvesse
um planejamento errôneo com a execução da
técnica de Gengivectomia, onde permitiria
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Patrícia Hayumi Suzuki; Alessandra Medeiros Lobo de Vasconcelos; Alex Semenoff Segundo;
Antônio Carlos Garcia de Oliveira; Alessandra Nogueira Porto Neves; Suzane A. Raslan.
trabalhar somente em tecido periodontal de
proteção, sem acesso aos tecidos periodontais
de suporte. Como o tratamento do sorriso
gengival inclui a associação dos tratamentos
ortodôntico, periodontal e eventualmente
cirurgia ortognática, neste caso seria ainda
necessário a complementação com cirurgia
ortognática em virtude do prognatismo
vestibular acentuado, melhorando o seu perfil,
embora a paciente já estivesse satisfeita com o
seu sorriso.
Conclusão
ser almejados e alcançados pelo profissional, permitindo a
satisfação pessoal do paciente.
Referências
1. Bottino M A. Clínica Odontológica Brasileira. 1.ed. São
Paulo: Artes Médicas; 2004.
2. Levine RA, Mc Guire M: The diagnosis and tratament of
the gummy smile. Compend Contin Educ Dent 18: 757-764 ,
1997.
3. Lindhe J, Karring T, Lang NP. Tratado de Periodontia
Clínica e Implantologia Oral. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2005.
Os padrões atuais de beleza estão ganhando
maior importância e cada vez mais a estética é exigida pelos
pacientes nos consultórios odontológicos .
4. Loius RR, Brian LM, Robert JG,Cohen DW. Periodontia:
medicina, cirurgia e implante. 1ed. São Paulo: Santos;
2004.
A técnica de retalho total, convencional de
Widman Modificado utilizada mostrou-se bastante eficaz
na correção de tecido duro e mole sendo que o seu resultado
é visivelmente imediato, oferecendo uma condição
favorável para o planejamento da futura cirurgia ortognática que a paciente irá se submeter.
5. Mikami, I. An evaluation of the functional lip posture.
Shigaku; 78:339-76,1990.
Este caso clínico mostrou a viabilidade de
utilização desta técnica e que resultados estéticos podem
6. Rufenacht, CR. Fundamentos de estética. Trat. De
Ritterav . 1.ed. São Paulo: Ed. Santos;1998.
7. Touati, B. Defining form and position. Pract
Periodonttics Aesthet Dent, 10: 800-807, 1998.
Endereço para Correspondência
Patricia Suzuki
Rua Comandante Costa, 1943
Bairro Centro Sul - Ed. Morada de Vila Real
Apto 1131 - Bloco 01
CEP 78.020-400
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