X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável ALOCAÇÃO DE PROFESSORES EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: UM MODELO MATEMÁTICO PARA O PROBLEMA DE ÚNICO CAMPUS E PARA O MULTICAMPI Braulio Lara Universidade Federal de Minas Gerais [email protected] RESUMO Esse artigo descreve dois modelos otimização para a resolução do problema de alocação de professores em instituições de ensino superior brasileiras. Diversos trabalhos sobre timetabling ou criação de quadros de horários são encontrados na literatura. A característica principal dessa abordagem é que baseado em parâmetros definidos na legislação brasileira e em aspectos de gestão administrativo-financeira define-se um modelo capaz de indicar uma alocação eficiente e eficaz, respeitando as exigências legais e critérios de qualidade, tornando-se uma ferramenta útil, principalmente para instituições privadas, as quais se sustentam com recursos próprios, para definição do quadro de horários. O modelo é estruturado a partir de um processo pré-definido para a construção de quadro de horários, atuando na última fase para realizar a alocação de professores. Ao final são apresentados testes de instâncias reais em softwares de otimização comerciais. Palavras Chave: quadros de horários, alocação de professores, gestão educacional. Área: Otimização Combinatória. ABSTRACT This paper describes two optimization models to solve the problem of teacher allocation in brazilian institutions of superior education. A wide variety of works on timetabling are found in the literature. The main characteristic of this work is that it is based in parameters defined in the brazilian legislation and in aspects of administrative and financial management. The model is capable to indicate an efficient allocation, respecting the legal requirements and quality parameters, becoming a useful tool, mainly for private institutions, who has to support with its own resources, to define the timetable. The model is structured based on a process for constructing timetables, running in the final stage to get the teacher allocation. At the end, results of tests with real instances in commercial optimization softwares are showed. Key Words: timetabling, teacher allocation, educational management. XXXIX SBPO [1783] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável 1 – Introdução O problema de alocação de professores é um dos tipos de problema de timetabling. Diversos tipos são abordados na literatura, bem como as estratégias para sua solução [16][18]. Os problemas de timetabling possuem uma estrutura básica que tem como característica evitar colisões nos horários e nas disponibilidades dos recursos envolvidos no escalonamento. Essas restrições, conhecidas como restrições difíceis, são aquelas que não permitem que um mesmo professor seja designado a lecionar em duas turmas ao mesmo tempo, que uma turma não tenha duas ou mais aulas ao mesmo tempo ou que uma sala não seja alocada para duas ou mais turmas ao mesmo tempo. Os problemas de timetabling possuem um aspecto combinatório e pertencem à classe NP[9][11]. Outros tipos de restrição, denominadas restrições desejáveis, são evitar deslocamentos de estudantes de uma sala, atender preferências docentes, etc. Devido a grande número de instituições de ensino e as diversas peculiaridades de cada uma, é impossível estabelecer um modelo único capaz de atender todos os casos. Visto isso, existe uma grande variedade de modelos de timetabling que trabalham situações específicas para cenários distintos, mesmo porque, os objetivos a serem otimizados são de difícil mensuração [7][17]. São objetivos comuns a maximização do atendimento de preferências docentes e a minimização de conflitos nos horários desejados pelos alunos e janelas de tempo. O objetivo desse trabalho é apresentar dois modelos de otimização para o problema de alocação de professores, sendo um aplicável para o cenário com um único campus e o outro para o cenário multicampi. A utilidade dos modelos tem um foco direcionado para as instituições de ensino superior privadas brasileiras visto que toda a fundamentação é balizada na legislação brasileira vigente [2][3][4][5] e os aspectos econômicos da gestão de instituições particulares passam pelas questões de eficiência operacional da alocação dos seus recursos. Na seção 2, é feita uma definição do problema. Na seção 3, é feita uma explanação sintética da legislação específica que deverá ser utilizada na formulação. Já na seção 4, é proposta a modelagem matemática do problema para um único campus. Na seção 5 é definido o modelo multicampi e na seção 6 são reportados alguns testes realizados. Por fim, na seção 7 é apresentada a conclusão sobre o trabalho. 2 – Definição do Problema O processo de elaboração de um quadro de horários em uma instituição de ensino é uma atividade estrutural. Essa atividade pode ser organizada em fases tal que ao final, tem-se como resultado o quadro de horários construído. Para o caso das instituições de ensino superior particulares, as quais adotam normalmente currículos rígidos, ou seja, o aluno é obrigado a seguir uma seqüência de disciplinas obrigatórias, com pré-requisitos e pouca flexibilidade para disciplinas do tipo optativas ou eletivas, até sua formação, o processo para elaboração de um quadro de horários pode ser estruturado como um processo que ocorre em 3 (três) fases [14]. Na primeira fase do processo, denominada Elaboração do Plano de Oferta, está o gerenciamento das grades curriculares que definem, temporalmente, o conjunto de disciplinas que deverão ser ofertadas no período letivo seguinte, de acordo com as turmas de alunos ingressantes em cada processo seletivo realizado e seu respectivo currículo. Na segunda fase, denominada Elaboração do Quadro de Oferta, de acordo com o conjunto de disciplinas que deverão ser ofertadas obtidas na fase anterior, deve-se definir o posicionamento de cada uma das disciplinas na grade de horários semanal considerando também as questões de turmas especiais e disciplinas optativas. Segundo Lara (2006), “essa abordagem permite que as informações sobre a oferta já sejam divulgadas sem mesmo haver a designação dos professores às disciplinas”. Diversos benefícios dessa estratégia são apontados como, por exemplo, a possibilidade do planejamento prévio dos alunos para a matrícula, a possibilidade das alocações prévias de sala de aula para as turmas e segurança do corpo docente de saber que seus XXXIX SBPO [1784] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável horários estão pré-definidos, tal que não ocorram surpresas pouco antes do início das aulas de que seus horários estão sendo trocados. Essa fase pode ser auxiliada por modelos matemáticos que busquem, por exemplo, a minimização de janelas, a otimização de uso de recursos especiais (laboratórios, multimeios, etc.) e a adequação de critérios didático-pedagógicos. Alguns softwares de apoio são apresentados na literatura como por exemplo os apresentados em [8][15][19]. Por fim, a terceira fase consiste na elaboração final do quadro de horários, ou seja, acoplar ao quadro de oferta os recursos docentes para a realização das atividades. Após realizar a alocação de professores as ofertas de disciplinas, já definidas na fase anterior, tem-se o quadro de horários final solução. O objetivo desse trabalho é propor um modelo para resolver o problema de alocação de professores, que atue na terceira fase, e que seja aplicável aos cenários de instituições de um único campus e multicampi, sendo que o quadro de horários solução seja eficiente no ponto de vista do custo operacional e garantindo os critérios de qualidade definidos pela legislação educacional. 3 – Legislação Especifica Observando a legislação educacional brasileira, foram definidas restrições adicionais às clássicas dos problemas de timetabling tal que a solução final do quadro de horários garantisse o cumprimento de todas as exigências legais com excelência. As principais bases para elaboração do modelo matemático foram obtidas em [2][5][3] e [4]. Entre diversos itens abordados pela legislação, apenas alguns aspectos, trabalhados quantitativamente, devem ser contemplados no modelo matemático. Sua incorporação no modelo se deve ao fato de que os mesmos possuem grande relevância na avaliação [3] realizada pelo INEP/MEC. Entre eles estão o indicador Regime de Trabalho, o indicador Titulação, o indicador Publicações e Produções. O indicador Regime de Trabalho (RT) é calculado da seguinte forma: RT = ( PI × N I + PP × N P + PH × N H ) D onde: PI = Peso do Regime Integral = 60 de acordo com [3]. NI = Número de docentes em Regime Tempo Integral PP = Peso do Regime Parcial = 30 de acordo com [3]. NP = Número de docentes em Regime Tempo Parcial PH = Peso do Regime Horista = 10 de acordo com [3]. NH = Número de docentes Horistas D = Número total de docentes Docentes em Regime de Trabalho Integral são docentes contratados com 40 horas semanais de trabalho, sendo que no mínimo 50% do tempo deve ser destinado para atividades complementares. Docentes Regime de Trabalho Parcial são docentes contratados com 12 ou mais horas semanais de trabalho, sendo que pelo menos 25% do tempo deve ser destinado para atividades complementares. Os docentes horistas são docentes contratados pela instituição exclusivamente para ministrar horas-aula, independentemente da carga horária contratada, ou que não se enquadrem nos outros regimes de trabalho anteriormente definidos. Dependendo do valor de RT, o indicador Regime de Trabalho irá obter um conceito. O quadro 1 exibe as faixas de conceitos para cada tipo de IES. XXXIX SBPO [1785] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável QUADRO 1 Tabela de Conceitos do Indicador Regime de Trabalho (RT) Conceito do Indicador Regime de Trabalho (RT) 1 Universidades Centros Universitários Faculdades 0 ≤ RT < 17,5 0 ≤ RT < 15 0 ≤ RT < 12,5 2 17,5 ≤ RT < 26,5 15 ≤ RT < 20 12,5 ≤ RT < 15 3 26,5 ≤ RT < 35 20 ≤ RT < 25 15 ≤ RT < 17,5 4 35 ≤ RT < 40 25 ≤ RT < 30 17,5 ≤ RT < 22,5 5 40 ≤ RT 30 ≤ RT 22,5 ≤ RT O indicador Titulação (MT) é calculado da seguinte forma: MT = ( PE × N E + PM × N M + PD × N D ) D onde: PE = Peso da Especialização = 10 de acordo com [3]. NE = Número de docentes com Especialização PM = Peso do Mestrado = 30 de acordo com [3]. NM = Número de docentes com Mestrado PD = Peso do Doutorado = 60 de acordo com [3]. ND = Número de docentes com Doutorado D = Número total de docentes Dependendo do valor de MT, o indicador Titulação irá obter um conceito. O quadro 2 exibe as faixas de conceitos para cada tipo de IES. QUADRO 2 Tabela de Conceitos do Indicador Titulação (MT) Conceito do Indicador Titulação (MT) 1 Universidades Centros Universitários Faculdades 0 ≤ MT < 13 0 ≤ MT < 12 0 ≤ MT < 11 2 13 ≤ MT < 16,6 12 ≤ MT < 14 11 ≤ MT < 12 3 16,6 ≤ MT < 20 14 ≤ MT < 16,6 12 ≤ MT < 14 4 20 ≤ MT < 25 16,6 ≤ MT < 20 14 ≤ MT < 16 5 25 ≤ MT 20 ≤ MT 16 ≤ MT O indicador Publicações e Produções (N) é calculado da seguinte forma: N= ( PA × na + PL × nl + PT × nt + PR × nr + PPI × n pi + PPT × n pt + PDP × ndp ) ( PA + PL + PT + PR + PPI + PPT + PDP ) × D Onde, PA = Peso atribuído aos artigos publicados em periódicos científicos indexados = 30 de acordo com [3]. na = Número de artigos publicados em periódicos científicos indexados, pelo corpo docente da instituição, nos últimos três anos PL = Peso atribuído aos livros ou capítulos de livros publicados =20 de acordo com [3]. XXXIX SBPO [1786] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável nl = Número de livros ou capítulos de livros publicados, pelo corpo docente da instituição, nos últimos três anos PT = Peso atribuído aos trabalhos publicados em anais = 10 de acordo com [3]. nt = Número de trabalhos completos publicados em anais, pelo corpo docente da instituição, nos últimos três anos PR = Peso atribuído aos resumos publicados em anais = 05 de acordo com [3]. nr = Número de resumos publicados em anais, pelo corpo docente da instituição, nos últimos três anos PPI = Peso atribuído às propriedades intelectuais depositadas ou registradas = 15 de acordo com [3]. npi = Número de propriedades intelectuais depositadas ou registradas, do corpo docente da instituição, nos últimos três anos PPT = Peso atribuído aos projetos e/ou produções artísticas, técnicas, culturais e científicos = 10 de acordo com [3]. npt = Número de projetos e/ou produções artísticas, técnicas, culturais e científicos, do corpo docente da instituição nos últimos três anos PDP = Peso atribuído às produções didático-pedagógicas relevantes = 10 de acordo com [3]. ndp = Número de produções didático-pedagógicas relevantes, do corpo docente da instituição, nos últimos três anos; D = Total de Docentes De acordo com o tipo de instituição, as metas de qualidade para o conceito variam, de acordo com o Quadro 3. QUADRO 3 Tabela de Conceitos do Indicador Publicações e Produções (N) Conceito do Indicador Publicações e Produções (N) 1 Universidades Centros Universitários Faculdades 0 ≤ N < 0,007145 0 ≤ N < 0,004287 0 ≤ N < 0,0021435 2 0,007145 ≤ N < 0,012861 0,004287 ≤ N < 0,007145 0,0021435 ≤ N < 0,004287 3 0,012861 ≤ N < 0,1429 0,007145 ≤ N < 0,07145 0,004287 ≤ N < 0,04287 4 0,1429 ≤ N < 0,2858 0,07145 ≤ N < 0,1429 0,04287 ≤ N < 0,08574 5 0,2858 ≤ N 0,1429 ≤ N 0,08574 ≤ N Outra restrição importante estabelecida na legislação, no art. 52, § 3º, da Lei 9.394 de 1996, a LDB, e no art. 1º do Decreto 5.786 de 2006, é que há um limite mínimo para o número de docentes atuantes em regime de trabalho Tempo Integral. No caso das universidades o mínimo é 33% enquanto nos centros universitários o mínimo é 20%. 4 – Modelagem O objetivo do modelo a ser proposto é alocar os professores de forma eficiente. Para isso, aspectos sobre o corpo docente, sobre os custos de alocação e sobre as informações para a alocação de custo mínimo são consideradas. Para uma determinada instância, deve-se decidir: − Se o docente deverá ou não ser alocado no quadro de horários; − Se for alocado, em qual regime de trabalho o docente deverá atuar; − Se for alocado, em quais unidades de oferta o docente deverá lecionar. XXXIX SBPO [1787] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável Como resultado final do processo, tem-se um quadro de horário de custo mínimo com os níveis de qualidade máximos. Parte-se do pressuposto que o quadro de ofertas de disciplinas já exista (fase 2). Logo, a atividade está em alocar o corpo docente para executar tal oferta. O modelo de Alocação de Professores para um Único Campus (APU) proposto é descrito da seguinte forma: Seja, I = conjunto de docentes. J = conjunto de regimes de trabalho. (Tipicamente: RI – Regime Integral -, RP – Regime Parcial –, e RH – Regime Horista). K = conjunto de unidades de oferta de disciplinas. (Obs: uma disciplina pode estar sendo ofertada várias vezes). H = conjunto de horários de um turno. (Tipicamente: 1 a 4). T = conjunto de turnos. (Tipicamente: Manhã, Tarde e Noite). D = conjunto de dias da semana (Tipicamente: Segunda a Sexta). Deve-se considerar como dados de entrada do modelo as seguintes informações: Fij = custo de ativação de um docente i ao regime de trabalho j. Cik = custo de alocação de um professor i a uma oferta de disciplina k. Pode representar preferências docentes a designação do conjunto de oferta de disciplinas. Tamk = tamanho, em horas, de uma oferta de disciplina k. THj = total de horas do regime de trabalho j. Ej = disponibilidade de horas do regime de trabalho j para alocação em atividades de ensino, ou seja, atividades que vão atender a oferta de disciplinas. Emj = limite inferior de horas do regime de trabalho j para alocação em atividades de ensino, ou seja, atividades que vão atender a oferta de disciplinas. Qdkhtd = quadro de oferta das disciplinas, especificando que a oferta de disciplina k ocorrerá no horário h, do turno t, do dia d, sendo Qdkhtd igual a 1 quando existe a oferta e 0 caso contrário. PRTj = peso do regime de trabalho na avaliação institucional do MEC. MRT = Meta do Indicador Regime de Trabalho na Avaliação Institucional. RTIj = Igual a 1 caso o regime de trabalho seja do tipo tempo integral. MTI = Meta de docentes em regime de trabalho tempo integral de acordo com o tipo de organização acadêmica. Dispihtd = quadro de disponibilidade do docente i, sendo 1 caso o docente i tem disponibilidade para ser alocado no horário h, do turno t, do dia d, sendo 0 caso contrário. Compli = Carga horária pré-alocada para o docente i em atividades complementares. As variáveis de decisão do modelo são: Yij = 0 ou 1, sendo 1 caso o docente i seja atribuído ao regime de trabalho j e 0 caso contrário. Xik = 0 ou 1, sendo 1 caso o docente i seja designado a atender a oferta de disciplina k. O objetivo do modelo é alocar os docentes tal que todas as unidades de oferta sejam atendidas com o mínimo custo operacional, atendendo também aos requisitos de qualidade da avaliação institucional e demais restrições de um quadro de horários. A definição dos coeficientes F e C devem ser balizadas nos aspectos relativos ao corpo docente: status da alocação, disponibilidade de tempo, formação acadêmica e área de atuação, disponibilidade nos horários, titulação, publicações e produções acadêmicas, experiência profissional e carreira institucional. XXXIX SBPO [1788] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável O coeficiente F está relacionado à ativação do professor em um regime de trabalho. Para cada professor é associada uma penalidade de acordo com a ponderação dos aspectos considerados bem como os custos marginais associados ao regime de trabalho junto ao modelo APRAC[13]. Os docentes com menor penalidade terão preferência na alocação. De forma análoga, o coeficiente C está relacionado à designação do professor para atender uma determinada oferta de disciplina, observando sua preferência pela disciplina, o histórico da alocação, a adequação de sua formação e o status da sua contratação. Logo, quanto menor forem os coeficientes F e C, mais propenso um docente i está para ser alocado em um regime de trabalho j e em uma oferta de disciplina k. As restrições serão explicadas a partir da formulação matemática do modelo descrita abaixo: min ∑∑ Fij Yij + ∑ ∑ C ik X ik i∈I j∈J i∈I k∈K sujeito a: ∑Y j∈J ≤1 ij ∀ i ∈I (1) ∑X ik ∑X ik Tamk ≤ ∑ Yij E j ∑X ik Tam k ≥ ∑ Yij Em j ∑X ik Tamk ≤ ∑ Yij TH j − Compli i∈I k∈K k∈K k∈K =1 j ij ik (4) ij (5) X ik ∈ {0,1} ∀ i ∈I (6) ≥ MRT ∑∑ Yij (7) j ≥ MTI ∑∑ Yij (8) Qd khtd ≤ 1 Yij ∈ {0,1} ∀ i ∈I j X ik Qd khtd ≤ Dispihtd ∑X ∀ i ∈I − E j ) ≥ Compl i ∑∑ Y RTI k∈K (3) j∈J ∑∑ Y PRT i∈I j∈J ∀ i ∈I j∈J ij i∈I j∈J (2) j∈J ∑ Y (TH j∈J ∀ k ∈K i∈I j∈J i∈I j∈J ∀ i ∈I, k ∈K, h ∈H, t ∈T, d ∈D (9) ∀ i ∈I, h ∈H, t ∈T, d ∈D (10) ∀ i ∈I, k ∈K (11) ∀ i ∈I, j ∈J (12) As restrições (1) garantem que um docente i estará alocado em apenas um regime de trabalho j. Caso não esteja associado a nenhum significa que ele não está alocado no quadro de horários final. Já as restrições (2) garantem que toda a oferta de disciplina k será exclusivamente atendida por um docente i. As restrições (3), (4), (5) e (6) servem para limitar a quantidade de carga horária alocada a um docente de acordo com seu regime de trabalho. As restrições (3) garantem que a quantidade de horas alocadas a um docente i para atender ofertas de disciplinas não é superior a quantidade de horas disponíveis para atividades de ensino de acordo com o regime de trabalho j. Da mesma forma, as restrições (4) definem um limite inferior para o número de horas de ensino do regime de trabalho j. As restrições (5) garantem que a quantidade de horas alocadas a um docente i para atender ofertas de disciplinas não sobreponha à carga horária complementar (Compli) pré-alocada ao docente i. Já as restrições (6) garantem que o total de carga horária complementar pré-alocado seja sempre enquadrado no montante destinado a esse tipo de atividade para cada regime de trabalho j, ou seja, no saldo de THj - Ej . XXXIX SBPO [1789] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável A restrição (7) garante que o conceito do indicador regime de trabalho da avaliação institucional seja atendido no nível máximo, enquanto a restrição (8) garante o atendimento do percentual de professores em regime de trabalho tempo integral, de acordo com o estabelecido na legislação. As restrições (9) garantem que nenhum docente será alocado caso esteja indisponível em um determinado horário. As restrições (10) garantem que um docente i nunca está alocado mais de uma vez em um mesmo horário. Por fim, as restrições (11) e (12) definem os domínios das variáveis de decisão X e Y, respectivamente. A fim de incrementar o modelo, podem ser adicionadas duas outras restrições, apesar de que seu atendimento está embutido na função objetivo. Yij PTITi ≥ MTIT Yij (13) ∑∑ ∑∑ i∈I j∈J ∑∑ Y PPUB i∈I j∈J ij i i∈I j∈J ≥ MPUB∑∑ Yij (14) i∈I j∈J PTITi corresponde ao peso da titulação e PPUBi corresponde ao peso da publicação do professor i de acordo com o Manual de Avaliação Externa[3]. MTIT e MPUB são as metas para o indicador Titulação e Publicação/Produção respectivamente, de acordo com o tipo de IES. A restrição (13) garante o atendimento do indicador titulação e a restrição (14) garante o atendimento do indicador Publicação/Produção. Como o atendimento dessas restrições está embutido na função objetivo, essas restrições podem ser consideradas desejáveis e por isso não serem utilizadas. Outra observação importante é que as restrições de indisponibilidade dos professores também podem ser relaxadas visto que como o quadro de ofertas está pré-definido, caso um professor esteja indisponível durante o horário de determinada oferta, pode-se simplesmente desabilitá-lo a atender tal oferta. Essa situação corresponde à associar um custo elevado ao coeficiente Cik sempre que o professor estiver indisponível no horário de realização da oferta de disciplina. Nesse caso, as restrições (9) seriam desconsideradas do modelo. Por fim, com o intuito de evitar a criação de variáveis que jamais serão solução do problema, ou seja, aquelas que possuem um custo muito elevado (infinito), pode-se incrementar o modelo tal que apenas as variáveis que podem vir a participar da solução sejam instanciadas e que variáveis de folga sejam inseridas para evitar a inviabilidade na resolução do modelo. Dessa forma é possível trabalhar com instâncias maiores. 5 – Modelagem Multicampi O modelo anteriormente proposto não é aplicável em instituições que trabalham com seus cursos distribuídos em mais de um campus. Isso porque o modelo permite que em um mesmo turno t, de um mesmo dia d, o professor seja alocado em ofertas de disciplinas que ocorrerão em campus diferentes. Normalmente, devido à necessidade de um deslocamento significativo entre essas unidades, torna-se inviável permitir que um professor seja designado a atender a demanda em campus diferentes, no mesmo turno, no mesmo dia. A fim de comportar o problema multicampi, o modelo anteriormente proposto necessita de restrições e variáveis adicionais. Então, seja: L = conjunto de campus ou locais que exigem deslocamento significativo do docente. NH = número de horários de um turno. Qdkhtdl = quadro de oferta das disciplinas, especificando que a oferta de disciplina k será dada no horário h, do turno t, do dia d, no campus l, sendo Qdkhtdl igual a 1 quando existe a oferta e 0 caso contrário. Dispihtdl = quadro de disponibilidade do docente i, sendo 1 caso o docente i tem disponibilidade para ser alocado no horário h, do turno t, do dia d, no campus l, sendo 0 caso contrário. XXXIX SBPO [1790] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável Vitdl = variável auxiliar que representa que um docente i foi alocado para lecionar no turno t do dia d no campus l, sendo 1 quando o docente foi alocado e 0 caso contrário. Reescrevendo as restrições (9) e (10) e adicionando quatro novos conjuntos de restrições, temos o modelo de Alocação de Professores Multicampi (APM): X ik Qd khtdl ≤ Dispihtdl ∑X k∈K ik ∑V l∈L itdl Qd khtdl ≤ 1 ≤1 ∀ i ∈I, k ∈K, h ∈H, t ∈T, d ∈D, l ∈L (15) ∀ i ∈I, h ∈H, t ∈T, d ∈D, l ∈L (16) ∀ i ∈I, t ∈T, d ∈D (17) 1 1 ∀ i ∈I, t ∈T, d ∈D, l ∈L X ik Qd khtdl − Vitdl ≥ −1 ∑ ∑ NH k∈K h∈H NH 1 ∀ i ∈I, t ∈T, d ∈D, l ∈L ∑ ∑ X ik Qd khtdl − Vitdl ≤ 0 NH k∈K h∈H ∀ i ∈I, t ∈T, d ∈D, l ∈L Vitdl ∈ {0,1} (18) (19) (20) As restrições (17) garantem que um professor nunca é alocado dentro de um mesmo turno em dois campi diferentes. As restrições (18) e (19) são responsáveis por atribuir 0 ou 1 à variável Vitdl., que de acordo com as restrições (20), é binária. Quando um docente i foi alocado em um turno t do dia d no campus l, a variável Vitdl assume 1. As restrições (15) e (16) correspondem às restrições (9) e (10) do modelo para um único campus. Da mesma forma, no caso de não se utilizar as restrições de disponibilidade de professores, conforme explicado na seção anterior, as restrições (15) seriam desconsideradas do modelo. 6 – Testes Realizados Foram realizados testes em instâncias de diversos tamanhos. Foram utilizados computadores Pentium IV com 1 Gb de memória RAM, rodando o AMPL [10] e o CPLEX A partir de observações realizadas durante a execução do branch-and-bound do CPLEX, pode-se constatar que o problema tende a convergir para o valor mínimo da função objetivo com uma certa rapidez, mas o gap, que é a distância da melhor solução obtida para o limite inferior computado pelo algoritmo, converge lentamente a partir de um certo ponto. TABELA 1 Instâncias dos Testes Instância 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.10 1.11 XXXIX SBPO C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 P 68 225 291 330 358 404 421 456 463 473 507 O 20 128 188 457 614 697 830 912 981 1.010 1.082 NV 2.591 9.189 11.957 14.142 16.192 18.478 19.544 21.068 21.905 22.341 23.969 NR 2.402 8.005 10.375 12.009 13.146 14.839 15.567 16.874 17.188 17.567 18.829 NVP 537 3.958 5.156 7.603 9.754 11.398 12.695 13.630 14.557 14.682 16.299 NRP 303 1.289 1.640 2.133 2.790 3.173 3.499 3.731 4.072 4.116 4.504 [1791] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável Legenda: C – Número de cursos abrangidos (referência) P – Número de professores disponíveis para a alocação O – Número de ofertas de disciplinas a serem alocadas NV – Número de variáveis da instância NR – Número de restrições da instância NVP – Número de variáveis após pré-processamento NRP – Número de restrições após pré-processamento Para instâncias menores, o algoritmo encontra a solução ótima (gap igual a zero) em um tempo baixo, com poucas iterações. Observando que instâncias do modelo APM são relativamente maiores, o algoritmo precisa de mais iterações para computar a solução ótima. No entanto, para os dois modelos, o comportamento do resolvedor é muito parecido. Para os testes realizados foi considerado um gap de 0,01% para todas as simulações. A TAB. 1 mostra as instâncias utilizadas e a TAB. 2 exibe os resultados computacionais. TABELA 2 Resultados Computacionais Instância 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.10 1.11 Solução APU APM G G G G G G G G G G T G T G G G G T G T G T # Iterações MIP Simplex APU APM 70 89 2.486 2.956 1.319.957 5.265 9.553.020 7.332 254.136 966.872 25.194.943 27.377 25.833.540 12.831.563 11.686.462 70.770 412.895 22.055.477 316.156 14.232.067 703.010 22.718.477 # Nós B&B APU APM 10 142.375 180 490.218 160 16.960 36.000 692.070 960 756.171 592.941 661.875 4.000 21.000 295.427 9.000 212.952 38.000 316.168 Legenda: G – Processamento com solução ótima com gap de 0,01% T – Processamento com solução inteira após tempo limite de 36.000 seg. B&B – Branch-and-bound Pode-se observar pelos testes que mesmo instâncias relativamente grandes, que correspondem a problemas do mundo real, foi possível resolver com um gap pequeno em pacotes de otimização comerciais. 7 – Conclusão Os modelos propostos tratam o problema de alocação de professores pela visão da gestão de custos e do atendimento das exigências de qualidade definidas na legislação educacional. A definição de uma alocação docente eficiente tem grande valia para as instituições de ensino superior, especialmente para as instituições privadas que precisam de se auto-sustentar. Dessa forma, a gestão eficiente de custos pode viabilizar outras atividades e projetos, assim como a competitividade da instituição. Outro aspecto importante é que em diversas instituições, os quadros de horários ainda são montados manualmente. Então, a utilização de um sistema especialista e que zela pela eficiência operacional, tem uma relevância considerável. O fato de abordar parâmetros definidos na legislação brasileira e prover uma modelagem para ambientes multicampi, comum nas instituições universitárias, torna o uso do modelo abrangente. Além disso, visto que a estrutura do processo para o qual o modelo foi desenvolvido permite flexibilidade e adaptações, o modelo pode ser utilizado como um sistema especialista de apoio à decisão. XXXIX SBPO [1792] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável 8 – Referências Bibliográficas [1] BAZARAA, M., JARVIS, J., SHERALI, H., Linear Programming and Network Flows, 2 ed. New York: Wiley, 1990. [2] BRASIL. Congresso Nacional. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Seção 1. p. 27833. Disponível em: http://www.camara.gov.br. Acesso em: 25 mai. 2006. [3] BRASIL. Ministério da Educação. 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XXXIX SBPO [1793] X X X I X SBPO 28 a 31/08/07 Fortaleza, CE A Pesquisa Operacional e o Desenvolvimento Sustentável [15] SANDHU, K., Automating Class Schedule Generation in the Context of a University Timetabling Information System, 2003. 200 f. Tese. School of Management, Griffith University, Australia, 2003. [16] SCHAERF, A., A Survey of Automated Timetabling, Artificial Intelligence Review, Volume 13, Issue 2, Apr 1999, Page 87, URL http://dx.doi.org/10.1023/A:1006576209967 [17] TERRA, I., Uma Solução para a Confecção do Horário Acadêmico, 2001. 59 f. Dissertação. Departamento de Ciência da Computação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001. [18] WERRA, D., An Introduction to Timetabling, European Journal of Operational Research, 19, Amsterdam, 1985, p. 151-162. [19] WONG, K., WHITE, G., Interactive Timetabling in Universities. Computers in Education, 12:4, 1988, p.521-529 XXXIX SBPO [1794]