Artigo Original Paratireoidectomia guiada por fluorescência nova técnica cirúrgica para tratamento do hiperparatireoidismo secundário Fluorescence guided parathyroidectomy - a new surgical technique for secondary hyperparathyroidism Resumo Danilo de Negreiros Freitas 1 Rodrigo Augusto de Souza Leão 2 José Edevanilson de Barros Gueiros 3 Corintho Viana Pereira 4 Rafael Tavares da Hora 5 Abstract Objetivo: Apresentar a técnica de fotossensibilização e fluorescência para paratireoidectomia no tratamento do Hiperparatireoidismo secundário. Relatar casos submetidos a esta técnica. Discutir aplicações e limitações. Pacientes e Método: Paciente 1. MJSM, sexo feminino, 57 anos, com Insuficiência renal crônica por tuberculose renal e em programa de hemodiálise há 8 anos. Portadora de Hepatite C. Paciente 2. PSF, sexo masculino, 21 anos com história de Insuficiência renal crônica de etiologia indeterminada em hemodiálise há 7 anos. Paciente 3. JVM 57 anos, sexo masculino, em programa de hemodiálise há 10 anos por Insuficiência renal crônica secundária a Hipertensão arterial. Submetido a dois procedimentos cirúrgicos para tratamento de hiperparatireoidismo secundário sem sucesso. Administração de ácido 5-aminolevulínico hidroclorado (5ALA) 30mg/kg (Fluka®) por via oral diluído em água 4 horas antes do procedimento cirúrgico. Observação da topografia das paratireoides sob condições luminosas normais e com o uso da fonte de luz com filtro específico (360-440 nm) acoplado. Resultados: Todas as glândulas paratireoides foram claramente identificadas após a exposição do campo cirúrgico com a luz de excitação azul. A resposta induzida pela administração do 5ALA consiste de uma típica luz fluorescente vermelha - 635 nm. As estruturas circunvizinhas como tireoide e gânglios linfáticos permaneceram não fluorescentes. A análise histológica mostrou hiperplasia paratireoidea em todos os tecidos fluorescente removidos. O paratormônio pós-operatório no 15º dia era de 43 no primeiro paciente, 51 no segundo e 57 no terceiro. Conclusão: A técnica de fluorescência para paratireoidectomia é de fácil aplicação metodológica e foi eficaz na detecção das paratireoides hiperplasiadas. Objective: To present the photosensitization and fluorescence guided parathyroidectomy in the treatment of the secondary hyperparathyroidism. Report the cases. Discuss its applications and limitations. Patients and Method: Patient 1. MJSM, 57 year old female with chronic renal insufficient from a renal tuberculosis and hemodialytic treatment since 8 years. She had serology test positive for hepatitis C virus. Patient 2. PSF, 21 year old male with a chronic renal insufficiency from a non-determined etiology and hemodialytic treatment since 7 years. Patient 3. JVM 57 year old male with renal failure and hemodialytic treatment since 1998 secondary to arterial hypertension. He was submitted a two surgical procedures without success. Oral administration of 5-aminolevulinc acid hydrochloride (5ALA) 30mg/Kg (Fluka®) 4 hours before the surgery. Observation of the parathyroid’s sites with normal light conditions and with a specific light filter (360440nm). Results: All parathyroids glands were clearly identified after the blue light exposition. The response induced by 5ALA administration is a typical fluorescent red light- 635 nm. The adjacent structures as thyroid and lymph nodes remained nonfluorescents. The histological analysis showed parathyroid hyperplasia in all removed fluorescent tissues. The parathormone post-surgical in the 15th day were 43 in the first patient, 52 in the second, and 57 in the third. Conclusion: The fluorescence guided parathyroidectomy is easy to apply and was efficient to detect the parathyroids with hyperplasia. Key words: Fluorescence; Parathyroidectomy; Hyperparathyroidism, Secondary; Aminolevulinic Acid; Parathyroid Glands. Descritores: Glândulas Paratireoides; Hiperparatireoidismo Secundário; Fluorescência; Paratireoidectomia; Ácido Aminolevulínico. 1) Médico Residente do 2° ano do Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Hospital Agamenon Magalhães - PE. 2) Mestre em Cirurgia pelo Departamento de Cirurgia - UFPE. Preceptor da Residência em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Hospital Agamenon Magalhães - PE. 3) Mestre em Nefrologia - HC - USP. Médico Nefrologista - HC-UFPE. 4) Mestrando em Cirurgia da UFPE. Cirurgião Maxilo Facial do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital dos Servidores Estaduais - PE. 5) Médico Residente do 2° ano de Otorrinolaringologia do HC-UFPE. Instituição: Hospital Agamenon Magalhães - Recife / PE - Brasil - Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Hospital Agamenon Magalhães. Recife / PE - Brasil. Correspondência: Danilo de Negreiros Freitas - Rua Guedes Pereira,36 – Apto. 301 - Parnamirim – Recife / PE – Brasil - CEP: 52060150. Recebido em 16/05/2010; aceito para publicação em 06/10/2010; publicado online em 16/11/2010. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.39, nº 3, p. 179-183, julho / agosto / setembro 2010 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 179 Paratireoidectomia guiada por fluorescência - nova técnica cirúrgica para tratamento do hiperparatireoidismo secundário. INTRODUÇÃO O hiperparatireoidismo secundário (HP2) é uma complicação frequente em pacientes com doença renal avançada, desenvolvida em resposta ao desequilíbrio nos níveis de cálcio sérico, fósforo e vitamina D, como resultado do metabolismo alterado. É caracterizado por hiperplasia de todas as glândulas paratireoides e concentração elevada de hormônio paratireoideano (PTH)1. A cirurgia está indicada para prevenir consequências cardiovasculares, dor óssea, osteoporose ou ainda calcificações em tecidos moles em pacientes que não respondem ao tratamento clínico. A identificação intra-operatória das glândulas paratireoides é frequentemente um desafio mesmo para cirurgiões experientes. Essa dificuldade justifica-se pelo pequeno tamanho das glândulas, proximidade de estruturas vitais (p.ex., nervo laríngeo recorrente) e variabilidade em número e localização 2. Estudos têm demonstrado que o diagnóstico fotodinâmico é capaz de detectar tecidos malignos em câncer de pulmão, bexiga, estômago e cólon. Esse procedimento baseia-se na detecção de um agente fotoativo por fluorescência em um tecido específico3-6. O Ácido 5-Aminolevulínico (5ALA) é um componente natural virtualmente presente em todas as células do corpo humano. É formado a partir da glicina e succinilcoenzima A e representa o primeiro elemento intermediário envolvido na biosíntese da hemoglobina. É convertido intracelularmente em protoporfirina IX na mitocôndria. Com a administração excessiva do 5ALA existe uma saturação no sistema enzimático mitocondrial e ocorre o acúmulo de protoporfirina IX. Esta, por causas ainda desconhecidas, acumula-se na paratireoide. Acredita-se que o grande número de mitocôndrias e a rica vascularização da paratireoide justificam este acúmulo. A protoporfirina IX é o agente fotossensibilizante. Quando se submete a paratireoide, com a administração prévia do 5ALA, a uma luz azul/violeta de comprimento de onda específico de cerca de 380-440 nm ter-se-á uma “resposta” de luz vermelha (635 nm) nos tecidos paratireoideanos7. O 5ALA tem se mostrado seguro e efetivo nos relatos da literatura. A aplicação tópica é efetiva em terapia fotodinâmica de neoplasias de pele8. Cirurgia guiada por fluorescência após administração oral de agentes tem sido usada em pacientes com gliomas malignos, possibilitando aos neurocirurgiões diferenciar o tumor do tecido cerebral normal9. Injeção intravesicular aumenta a detecção visual de neoplasias de bexiga5. Trabalhos demonstraram a propriedade fluorescente da administração do 5ALA na paratireoide como auxílio em paratireoidectomias10 - 14. Descrições em hiperparatireoidismo primário e secundário com bons resultados desta técnica e com ausência de complicações estimularam a realização deste trabalho. Prosst, em 2006, relatou o primeiro caso em humanos em um paciente do sexo masculino de 72 anos portador de hiperparatireoidismo primário11. O mesmo autor, neste mesmo ano, 180 R�������������������������������������������������������� Freitas et al. descreve a mesma técnica cirúrgica em uma paciente de 52 anos com HP22. Nestes casos descritos não houve complicações e a fluorescência induzida ajudou na detecção da paratireoide. PACIENTES E MÉTODO Pacientes Paciente 1 - MJSM, sexo feminino, 57 anos, natural de Paudalho – Pernambuco, com insuficiência renal crônica (IRC) por tuberculose renal e em programa de hemodiálise há 8 anos. Portadora de hepatite C e HP2 refratário ao tratamento clínico. PTH pré-operatório =1277 Paciente 2 - PSF, sexo masculino, 21 anos, natural de Cotia – Pernambuco, com IRC de etiologia indeterminada, possivelmente glomerulonefrite crônica, em hemodiálise há 7 anos. Portador de HP2 refratário ao tratamento clínico. PTH pré-operatório=1490 Paciente 3 - JVM 57 anos, sexo masculino, em programa de hemodiálise há 10 anos por IRC secundária a Hipertensão arterial. Submetido a dois procedimentos cirúrgicos para tratamento de HP2 sem sucesso (Manutenção dos níveis de PTH após as cervicotomias). Identificação de nódulo em região de transição cérvicomediastinal pela Ressonância magnética nuclear, porém com ausência de captação na cintilografia por sestamibi. PTH pré-operatório=1250. Todos os pacientes deram consentimento escrito para realização do procedimento cirúrgico e o protocolo do estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Hospital das Clínicas – UFPE. Fotossensibilização A fotossensibilização para a cirurgia de paratireoide é alcançada com a administração de 5ALA – 30mg/kg (Fluka®) por via oral diluído em água 4 horas antes do procedimento cirúrgico. Durante o período de fotossensibilização os pacientes foram protegidos de exposição luminosa direta e mantidos em ambiente com pouca luz por 48 horas para evitar reações fototóxicas na pele. Os sinais vitais são monitorizados a cada 30 minutos até o início do procedimento cirúrgico. Operação e técnica de fluorescência É realizada a abordagem do pescoço por técnica padrão para cirurgia de tireoide/paratireoide com extensão cervical delicada, incisão transversa da pele de cerca de 4 cm anterior, inferior e central. Abertura da fáscia cervical na linha mediana e tração lateral dos músculos pré-tireoideanos. Identificação da tireoide e rotação anterior e medial de seus lobos com exposição de suas porções posteriores – região anatômica das glândulas paratireóideas. Primeiramente, o campo cirúrgico foi observado sob condições luminosas normais, com o uso do foco cirúrgico, e após com o uso da fonte de luz de xenônio 300 W e filtro de luz específico acoplado (360440nm) que fornece uma luz de coloração azul/violeta. Neste momento, todas as luzes da sala cirúrgica eram Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.39, nº 3, p. 179-183, julho / agosto / setembro 2010 Paratireoidectomia guiada por fluorescência - nova técnica cirúrgica para tratamento do hiperparatireoidismo secundário. Figura 1. Glândula paratireoide hiperplasiada sob (A) condições luminosas normais, com o uso do foco cirúrgico, e após (B) com o uso da fonte de luz de xenônio 300W e filtro de luz específico acoplado (360440nm) que fornece uma luz de coloração azul/violeta, mostrando a típica fluorescência vermelha induzida pelo 5ALA na glândula. Freitas et al. Figura 2. Glândula paratireoide hiperplasiada sobre a mesa de instrumentação cirúrgica, (A) sob iluminação normal, com o foco cirúrgico e (B) com o uso da fonte de luz de xenônio 300W e filtro de luz específico acoplado (360-440nm), que fornece luz de coloração azul/violeta, mostrando típica fluorescência vermelha induzida pelo 5ALA na glândula. apagadas para melhorar a percepção visual. O autoenxerto foi realizado em membro superior contralateral a fístula arterio-venosa. Durante o pós-operatório eram monitorizados os níveis das transaminases, bem como a presença de sinais e sintomas adversos. RESULTADOS Paciente 1: Foram identificadas 3 paratireoides pelo método fotodinâmico. Paciente evoluiu sem queixas, mas com elevação das transaminases (TGO: 704 e TGP: 151) no 1º dia de pós-operatório, sem icterícia e com retorno aos níveis normais após cinco dias. O nível de PTH reduziu para 43 no 15º dia após o procedimento cirúrgico. Paciente 2: Quatro paratireoides foram identificadas por fluorescência. Durante o processo de fotossensibilização, o paciente apresentou náuseas. E, após o procedimento cirúrgico, evoluiu com fototoxicidade em pescoço e em segmento de membro superior direito (áreas expostas aos focos cirúrgicos). O nível de PTH reduziu para 51 no pós-operatório no 15º dia. As áreas cutâneas sensibilizadas (escurecidas) evoluíram sem repercussões importantes e completa resolução em 10 dias. Paciente 3: Nódulo removido com resposta fluorescente positiva. Paciente evoluiu sem intercorrências e sem queixas. O nível de PTH reduziu para 57 no 15º dia de pós-operatório. Nos três pacientes, todas as glândulas paratireoides foram claramente identificadas após a exposição do campo cirúrgico com a luz de excitação azul/violeta. A resposta induzida pela administração do 5ALA consiste de uma típica luz fluorescente vermelha (635 nm). As estruturas circunvizinhas como tireoide e gânglios linfáticos permaneceram não fluorescentes. A análise histológica mostrou hiperplasia paratireóidea em todos os tecidos fluorescentes removidos. DISCUSSÃO Em 1925, Felix Mandl realizou com sucesso a primeira paratireoidectomia, em Viena, em um jovem con- Figura 3. Fototoxicidade da pele exposta à luz dos focos cirúrgicos, efeito adverso da administração do 5ALA, que evoluiu sem repercussões importantes. dutor de bonde. Tradicionalmente a cirurgia envolve exploração bilateral do pescoço, visando a identificação de todas as glândulas paratireoides e ressecção daquelas patologicamente aumentadas2. Inúmeras são as dificuldades e possíveis complicações da abordagem cirúrgica15. Existe uma importante variabilidade no número e localização das glândulas paratireoides. Esta se deve principalmente a falha na descida ou por descida excessiva durante o desenvolvimento embriológico da glândula2. Mesmo para cirurgiões experientes a correta identificação da glândula pode ser desafiadora. Vários são os métodos que procuram minimizar esta dificuldade. Exames pré-operatórios como a Ultrassonografia com ou sem punção aspirativa, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética nuclear (RMN) e a cintilografia com sestamibi, são exemplos do arsenal disponível para facilitar a correta localização e a identificação de eventuais ectopias16-18. Durante o procedimento cirúrgico, alguns métodos podem ser utilizados para detecção das paratireoides. Podemos citar o exame de PTH intra-operatório, a bi- Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.39, nº 3, p. 179-183, julho / agosto / setembro 2010 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 181 Paratireoidectomia guiada por fluorescência - nova técnica cirúrgica para tratamento do hiperparatireoidismo secundário. ópsia de congelação e o imprint (citologia) que podem confirmar a presença do tecido paratireoideano16-18. Uma técnica de localização intra-operatória descrita é a captação da atividade radioativa do sestamibi com o uso de gamma sonda (cirurgia radio-guiada). No entanto, seu uso ainda permanece controverso mesmo em pacientes com hiperparatireoidismo primário no qual os resultados clínicos são melhores em relação ao HP2. Além de requerer considerável aparato técnico e interação entre a medicina nuclear, a patologia e o cirurgião2. Em resumo, não há ainda dados que assegurem uma técnica de localização como fidedigna para facilitar a identificação intra-operatória das glândulas paratireoides hiperplasiadas. O diagnóstico fotodinâmico vem em crescente uso para distinguir entre tecidos saudáveis e doentes em diversas especialidades médicas. A técnica baseia-se no acúmulo de agentes administrados ou de seus metabólitos, denominados fotossensibilizantes, em tecidos tumorais. Após administração sistêmica ou tópica, o agente fica concentrado em células doentes, permanecendo inativo até que estas sejam expostas à luz em um determinado comprimento de onda13. Ao contrário de gerações anteriores de fotossensibilizantes que se tornam fluorescentes no momento da aplicação (fotossensibilizantes exógenos), o fotossensibilizante 5ALA, um precursor natural na cadeia do HEME, necessita do metabolismo endógeno para a fluorescência da Protoporfirina IX (fotossensibilizante endógeno). Quando a Protoporfirina IX é estimulada em um determinado comprimento de onda dentro de seu espectro de absorção, ela emite uma típica fluorescência vermelha, em torno de 635 nm. Além disso, 5ALA é mais seletivo e tem um intervalo menor entre a administração e o exame (fotossensibilização). Apresenta ainda poucos efeitos adversos, como sensibilidade cutânea (fototoxicidade), náuseas, vômitos e elevação transitória de transaminases. A Protoporfirina induzida pelo 5ALA é metabolizada em 48 horas, diminuindo os riscos de reações cutâneas2. A fluorescência induzida é vista em tempo real e a olho nu ou em um equipamento com filtros de espectro de luz que processam a imagem (D-light system)13. Não dispomos do sistema D-light originalmente descrito como necessário para a realização do procedimento de fotossensibilização. Utilizamos um sistema “artesanal” com um filtro de luz 360-440 da THORLABS® com adaptações realizadas no Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco. Acoplamos o filtro em cabo de fibra ótica e em fonte luz de xenônio 300-W comumente usada em cirurgias videoassistidas. Confirmamos os achados descritos por Dr. Prosst2 e Dr.Haruki Akasu10. Mesmo sem o sistema de câmera com foco específico para luz de alta intensidade de comprimento de onda, conseguimos identificar com os olhos desarmados a fluorescência emitida pela paratireoide com facilidade. A atividade fluorescente permaneceu presente na peça cirúrgica, mesmo fora do sitio anatômico, sendo percebida inclusive na mesa de instrumentação cirúrgica. 182 R�������������������������������������������������������� Freitas et al. Ao contrário da literatura, tivemos elevações das transaminases em um paciente, o que pode ser uma consequência normal do processo de fotossensibilização. Porém, vale ressaltar, que a mesma era portadora de Hepatite C, o que pode ter contribuído para essa alteração2. Em outro paciente houve fototoxicidade da pele exposta à luz dos focos cirúrgicos, sem repercussões importantes e com resolução completa em poucos dias. CONCLUSão A técnica de fluorescência para paratireoidectomia é de fácil aplicação metodológica, desde que se tenha o material necessário, mostrando-se eficaz na detecção das paratireoides hiperplasiadas. Esta técnica é uma ferramenta auxiliar que pode encontrar indicações na complementação de outros métodos, redução do número de reintervenções e do tempo cirúrgico e na prevenção da hipercalcemia persistente. Ressaltamos que a fluorescência não substitui uma dissecção meticulosa e o pleno conhecimento da anatomia e das variações da paratireoide. Agradecimentos: Ao Dr. Daniel Felinto, Professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, pela valiosa ajuda na confecção dos filtros e adaptação dos mesmos. REFERÊNCIAS 1. National Kidney Foundation: K/DOQI Clinical Practice Guidelines for Bone Metabolism And Disease in Chronic Kidney Disease. Am J Kidney Dis 42:S1-S202, 2003(suppl3). 2. Prosst RL, Gahlen J, Schnuelle P, Post S, Willeke F. Fluorescence-guided minimally invasive parathyroidectomy: a novel surgical therapy for secondary hyperparathyroidism.Am J Kidney Dis. 2006 Aug;48(2):327-31. 3. 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