Reforma educativa na Coréia do Sul Enfoques, Desempenho e Desafios Atuais Chong Jae Lee Seoul National University Ⅰ. Introdução Objetivos – Apresentar estratégias que foram usadas para: Expandir o acesso Promover a igualdade Promover o crescimento econômico – Apresentar estratégias para promover qualidade e seus resultados – Salientar fatores críticos e lições aprendidas 2 Ⅱ. Estágios de Desenvolvimento da Reforma (1) A educação coreana moderna começa em 1945 Situação desde 1945 – Liberação do Japão (final da 2ª. Guerra) – País dividido: Coréia do Norte e Coréia do Sul – Governo Militar (USA 1945-1948) – República da Coréia criada em 1948: lutas ideológicas e instabilidade política - Guerra da Coréia (1950-1953): 80% das escolas destruídas - Carência de tudo, menos de alunos - Matrículas em 1945 (64% primário, 3,2% médio, 0,2% superior) 3 Ⅱ. Estágios de Desenvolvimento da Reforma (2) Quatro estágios 1) Estágios de desenvolvimento econômico - 1945~1960 : Desequilíbrio econômico e recuperação 1961~1979 : Exportação, crescimento elevado (Governo Park) 1980~1997 : Ajuste estrutural, estabilização do crescimento 1998~Presente : Transição para sociedade do conhecimento 8) Estágios de desenvolvimento educacional - 1948~1960 : Reconstrução 1961~1980 : Expansão da educação e crescimento econômico 1981~1997 : Busca de melhoria da qualidade 1998~Presente :Reestruturação 4 Ⅱ. Estágios de Desenvolvimento da Reforma (3) Principais Indicadores Econômicos População (1000 habitantes) Emprego (1000 pessoas) GDP (bilhões won) Per Capita GDP($) Exportações ( bilhões $) 1945 25.120 - - - - Reconstrução 1960 24.989 - 243 80,0 - Expansão & 1970 31.435 9.617 2.764 257,6 0,84 1980 37.407 13.683 38.775 1.705,6 17,5 1990 43.390 18.085 186.691 6.077,4 65,0 2000 45.985 21.156 578.665 11.129,6 172,3 2005 47.279 22.856 806.622 16.656,4 284,4 * População de 1945 com base em dados de 1944. 5 Eqüidade Qualidade Reestruturação Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso (2) ▪ Evolução da matrícula (Unid: 1.000 alunos) Primário Intermediário Médio Superior Total 1945 ~1960 +2.247 +449 - +96 +3.067 Reconstrução 1960 ~1980 +2.037 +1.943 +1.424 +501 +5.915 Expansão & 1980 ~2000 -1.638 -611 +374 +2.762 +647 Qualidade 2000 ~2005 +3 +150 -308 +185 -80 Reestruturação Eqüidade 6 Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso (3) N' de alunos 12.000.000 E volução das M atrículas Expansão do primário concluída 10.000.000 Período de expansão da escola intermediária e média Período de expansão do Ensino Superior 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 1948 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 Elementary Middle 7 High Tertiary Total Ano Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso(4) No. of Students 12.000.000 Expansão Reestruturação 10.000.000 Melhoria da Qualidade 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 1948 1950 1955 1960 1965 1970 Elementary 1975 1980 1985 1990 1995 Middle 8 High 2000 2005 2010 2015 Tertiary 2020 2025 Total 2030 Ano Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso(5) Reforma da Educação : principais políticas – Plano de Educação Primária Obrigatória (6 anos) (19541959) – Livre acesso à escola intermediária e média Abolição do Exame de Acesso à Escola Intermediária (1968) Política de Equalização do Ensino Médio (1974) – Livre Acesso ao Ensino Superior Reforma Educativa de 30 de Julho (1980) Política de livre acesso como resposta aos “vestibulares” competitivos e às “aulas particulares” 9 Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso(6) Expandir com baixo custo – Padrões formais foram reduzidos para aumentar o número de alunos (mais alunos por turma, turno dobrado, salários baixos para professores) – Efeito Heyneman: comparar esse tipo de oferta com a alternativa (falta de acesso) – Pais dos alunos conheciam “efeito Heyneman” sem ter lido a pesquisa – Quando foi aplicada essa política : 1) Universalizar o ensino primário (54-68) 2) Expandir ensino intermediário e médio(68) 3) Expandir acesso ao Ensino Superior (80) 10 Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso (9) Expansão das matrículas do Ensino Médio Taxas de Matrícula: Primário Intermediário 1951 69,8 - - - 1960 95,3 32,2 20,0 6,4 1970 97,0 53,3 29,3 9,2 1980 97,7 73,3 48,8 11,1 1990 100,5 91,6 79,4 22,9 2000 97,2 95,0 89,4 50,2 2004 97,7 91,9 90,1 61,7 Médio Fonte: KEDI, Statistical Yearbook of Education 2004 11 Superior Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso(11) Igualdade de Oportunidades: atingindo um nível mínimo de igualdade (enfoque “vamos juntos”) Abolição do Exame de Acesso à Escola Intermediária e Média Admissão pelo sistema de “sorteio” em 1968 e 1974 Igualdade de oportunidade para admissão nas escolas intermediárias e médias Rebaixamento de padrões de serviço: 60 a 70 alunos por classe nas escolas intermediárias Oferta de condições iguais nas escolas (High School Equalization Policy) Extensão gradual do ensino universal gratuito nas escolas intermediárias nas áreas rurais em 1984 e para todo o país em 2004 Prioridade para critérios regionais, nível socioeconômico e alunos de alto risco: políticas de ação afirmativa. 12 Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso(13) Fatores que contribuíram para expandir o acesso: - Universalização do Ensino Primário - Política de custo baixo - Políticas igualitárias - Oferta de matrícula nas escolas privadas - Expansão progressiva, de baixo para cima - Orçamento público garantido em lei para ensino primário e intermediário (12,98% dos impostos domésticos) - Forte apoio dos pais para a educação - Nível elevado de crescimento econômico 13 V. Políticas públicas para promover a qualidade: 4 aspectos positivos e 4 negativos (1) “POSITIVO” (1) Enfoque PCER: busca de novos rumos (2) Infra-estrutura para educação de qualidade - Tamanho de classes - Número de alunos/professor - Remuneração dos professores - Serviços educacionais tornaram-se caros (3) Autonomia local para as escolas (4) Revisão de currículos 14 V. Políticas públicas para promover a qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (2) “NEGATIVOS” (1) Controle de Qualidade Administrativo - Avaliação das escolas, conselhos locais de educação - Controle burocrático (insumos e processos) (2) Reforma do sistema de “vestibular” - O novo sistema (30 de julho de 1980) incluiu: 1) Abolir os exames “vestibulares” operados pelas universidades 2) Substituir o “vestibular” por um exame nacional, como o SAT (Student Achievement Test, EUA). - Início da intervenção governamental nos “vestibulares” 15 V. Políticas públicas para promover a Qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (3) (3) Manutenção da política de equalização do Ensino Médio - Relevância da política de equalização questionada - Conflito entre políticas de qualidade e gerenciamento (4) Fortalecimento da Educação Pública para aliviar o custo de “aulas particulares”. Educação Pública encurralada por um “sistema paralelo” - O risco de ampliar o sistema de “aulas particulares” tornou-se a maior preocupação das políticas públicas 16 Ⅲ. Expansão, Acesso e Eqüidade de Acesso (8) Melhoria da Qualidade da Educação por nível Fundamental Médio Superior Alunos por Classe Alunos por professor Alunos por Classe Alunos por Professor Alunos por Classe Alunos por Professor 1962 62,9 60,0 60,1 40,5 55,8 27,3 1965 65,4 62,4 60,7 39,4 57,0 30,2 1970 62,1 56,9 62,1 42,3 58,1 29,7 1975 56,7 51,8 64,5 43,2 58,6 31,4 1980 51,5 47,5 65,6 45,1 59,4 32,8 1985 44,7 38,3 61,7 40,0 56,9 30,9 1990 41,4 35,6 50,2 25,4 52,8 24,6 1995 36,4 28,2 48,2 24,8 47,9 21,7 2000 35,8 28,7 38,0 20,1 42,5 19,8 2005 31,8 25,1 35,3 19,3 31,0 15,1 Fonte : The Statistical Yearbook of Korean Education. 17 V. Políticas públicas para promover a qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (4) Mudanças no sistema de governo da educação Estágio de transição 1990's: busca por nova visão, ideais, prioridades e estratégias. Introdução de mudanças no sistema de governo da educação propostas pela Comissão Presidencial para Reforma Educativa: - Qualidade x Quantidade Controle burocrático x Controle por desempenho Regulação e controle burocrático x Autonomia Gestão de sistemas educativos: controle profissional, democrático ou via mercado - Eqüidade x Igualdade e Excelência - Orientação do provedor x Consumidor 18 V. Políticas públicas para promover a Qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (6) Comparação de salário de professores - Salário de professores com 15 anos de experiência. Valor em US $ convertido em PPP Primário Intermediário Ensino Médio Salário c/15 anos Salário/ GDP per capita Salário c/15 anos Salário/GDP per capita Salário c/15 anos Salário/GDP per capita Inglaterra 41.807 1,40 41.807 1,40 41.807 1,40 Finlândia 31.785 1,12 36.444 1,29 42.139 1,49 Japão 45.515 1,60 45.515 1,60 45.543 1,60 U.S.A 43.999 1,17 43.999 1,17 44.120 1,17 Coréia 46.640 2,42 46.518 2,42 46.518 2.42 OECD 33.336 1,31 35.786 1,35 38.317 1,43 Brasil 12.005 1,56 14.380 1,87 17.669 2,30 Chile 13.671 1,25 13.671 1,25 14.306 1,31 19 V. Políticas públicas para promover a Qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (2) Gastos na educação comparados com GDP e outros gastos (Unid: 100 milhões won) GDP (A) Orç. País (B) Orç. Educ (C) C/A (%) C/B (%) Total despesas públicas em educação (D) - D/A (%) - 1975 103.861 15.869 2.279 2.2 14,3 1980 387.749 58.041 10.992 2.8 18,9 27.320 7,0 1985 840.610 122.524 24.923 3.0 19,9 46.000 5,5 1990 1.866.909 226.894 50.624 2.7 22,3 85.240 4,6 1995 3.988.377 548.450 124.958 3.1 22,8 192.150 4,8 2000 5.786.645 939.371 191.720 3.3 20,4 310.870 5,4 2005 8.066.219 1.343.704 279.820 3.5 20,8 495.250 6,2 20 V. Políticas públicas para promover a Qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (2)(8) Resultados do PISA - Coréia Leitura Matemática Ciências Todos alunos 6º 2º 1º 5% Sup. 20º 6º 5º Interest in Reading & Math Self-Identification In Reading & Math Todos alunos 190 200 5% Sup. 20º 20º Source: PISA 2000 21 V. Políticas públicas para promover a Qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (9) Desempenho em matemática e o impacto do contexto socioeconômico 22 V. Políticas públicas para promover a Qualidade : 4 aspectos positivos e 4 negativos (10) Análise qualitativa do desempenho no PISA ▪ Caraterística do desempenho dos alunos coreanos no PISA - Média elevada - Menor variância entre alunos e entre escolas - Menor efeito das variáveis socioeconômicas - Desengajamento da aprendizagem - Baixo ranking dos alunos situados entre os 5% melhores ▪ Fatores que contribuíram para o desempenho no PISA: - Ensino e aprendizagem de qualidade - Mais tempo voltado para as tarefas de aprendizagem - “Aulas particulares” adicionais à escola - Testes simulados centrados em ensino e aprendizagem 23 VI. Novos desafios e temas emergentes (1) Exigências da Sociedade Baseada em Conhecimentos – – – – – – Processos cognitivos de alto nível Auto-controle, responsabilidade, independência Criatividade Autonomia para aprender Iniciativas voluntárias → Individualidade Desenvolver valores intrínsecos e capital social Novo foco de atenção para qualidade e igualdade: - Competências, desempenho autêntico 24 VI. Novos desafios e temas emergentes (2) Novo conceito de educação de qualidade ▪ Educação de Qualidade significa mais do que o aspecto físico da escola e a proporção de alunos/professor (1) Relevância e diversidade – Educação de Qualidade deve ser significativa e relevante para as necessidades educacionais dos alunos. – O Programa de Ensino deve ser diversificado para atender à diversidade de necessidades educacionais dos alunos. 25 VI. Novos desafios e temas emergentes (3) (2) Eficácia : a qualidade da educação deve ser suficientemente eficaz para ajudar os alunos a atingir os níveis esperados de aprendizagem: - Variáveis estruturais (tamanho das classes, alunos/professor) - Variáveis cognitivas (competência dos professores, conteúdos curriculares) - Comprometimento e cuidado pelos professores (3) Processos e resultados devem ser monitorados e gerenciados para poder controlar a qualidade da educação. 26 VI. Novos desafios e temas emergentes (2)(4) Resultados Avaliação orientada para resultados - Assegurar “mínimos essenciais” - Manter a “Qualidade Autêntica de Ser” (professor, programa, escola, etc) Medidas de resultados e sistemas de monitoramento a serem aprimorados - PISA, TIMSS - Publicar os resultados das avaliações 27 VI. Novos desafios e temas emergentes (2)(5) Novo conceito de igualdade de oportunidades em Educação ▪ Ir além da orientação de eqüidade que resultou na uniformidade ou padronização da educação escolar ▪ Igualdade de oportunidade ▪ Minimizar a desigualdade dos resultados com “Ações Afirmativas” ▪ Assegurar o nível mínimo de desempenho essencial ▪ Oferecer diversificação e escolhas para promover a igualdade 28 VI. Novos desafios e temas emergentes (6) Velho enfoque para um novo desafio? Desempenho autêntico Competência básica Qualidade Igualdade e Excelência Nova era para a qualidade Contexto de competição global Controle Externo Educação Uniforme Igualdade Medíocre Competição cega (Risco moral) 29 VI. Novos desafios e temas emergentes(7) Novo quadro de referência para as Políticas Educacionais: escolha, avaliação e autonomia. Avaliação baseada em desempenho: Desempenho Indefinido? Escolhas Política de cima-parabaixo: - Currículo Nacional - Gestão Centralizada Autonomia: Mudança de baixo-para-cima - Programa (Magnet) - Pessoal - Orçamento Assignment HEP (Korea) Busing (US) Avaliação Burocrático-formal 30 VII. Conclusão (1) 1. Variáveis críticas para o desenvolvimento da Educação na Coréia 3) “Fase inicial”: universalização da educação primária e secundária com enfoque de baixo custo e forte participação do setor privado 5) Prioridade inicial para expansão, depois para a qualidade. • Planejamento e controle centralizados: enfoque útil para gerenciar a expansão e promover a igualdade. No entanto, tornou-se limitado para promover a qualidade. • Crescimento econômico e recursos financeiros assegurados por lei garantiram os recursos necessários 31 VII. Conclusão (2) 2. Lições 1) - Papel do governo central deve mudar: Para melhorar qualidade é preciso descentralizar e dar autonomia Autonomia é condição necessária para responsabilização. Governo Central deve concentrar em planejamento estratégico e não em controle operacional. 2) Qualidade: uma questão de natureza, não de nível. - Mais atenção às condições que promovem o desenvolvimento de relevância, diversidade e eficácia. . 3) Quando os recursos são escassos, priorizar quantidade, depois qualidade. 4) Igualdade não é uniformidade. - Boas políticas de qualidade podem promover a igualdade de oportunidades - Não há igualdade sem qualidade. - Igualdade não conflita com excelência, se definirmos excelência como a oferta de oportunidades e apoio para cada indivíduo desenvolver seus talentos e capacidades 32 VII. Conclusão (3) O Modelo Coreano de Expansão do Acesso possui as seguintes características – Baixo-custo – Implementação progressiva (primário primeiro) – Enfoque igualitário O crescimento econômico proporcionou recursos para a Reforma Educativa 33 VII. Conclusão (4) Os novos desafios Qualidade, Igualdade, Excelência - Qualidade - Relevância, Diversidade, Escolhas - Igualdade - Além da Eqüidade: Seleção por critérios relevantes, Ação Afirmativa, “Vamos Juntos” (versão coreana do No one left behind) - Excelência - Ser melhor e o melhor em várias dimensões -Da Excelência Vertical para a Excelência Horizontal 34 VII. Conclusion (5) A qualidade do ensino médio precisa ser reavaliada – Desenvolver o conceito de “desempenho autêntico” – Definir competências básicas: básico com diversidade – Desenvolver Escolas Técnico-vocacionais médias de elite GH → incluindo componente vocacional VH → incluindo fundamentos de educação básica – Aprimorar sistema de ingresso no Ensino Portfólio do aluno (versão Coreana) Autonomia da universidade para usar sistema seletivo 35 MUITO OBRIGADO!! 36