o liberal “O governo deve privatizar as estatais”, diz João Amoedo, fundador do Partido Novo o ambientalista “Tenho a ver com um monte de coisas”, diz Eduardo Jorge, do PV tecnologia O relógio da Apple é um computador amarrado ao pulso www.epoca.com.br a petrobras e o mensalão > um Depoimento exclusivo revela o elo entre os Dois esquemas > por que o ex-Diretor paulo roberto costa DeciDiu abrir o jogo 15 setembro 2014 i Nº 850 i r$ 10,90 CArgA TribuTáriA APrOximAdA 3,65% CAPA_850.indd 1 12/09/2014 18:28:58 TEMPO INVESTIGAÇÃO dois enredos, os mesmos personage Um depoimento à polícia revela como o ex-deputado José Janene, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef levaram para a estatal parte do esquema do mensalão 30 I época 15 de de 2014 Montagem sobreI foto desetembro Lula Marques/Folhapress EP850p030_034.indd 30 12/09/2014 19:44:08 Hudson corrêa e Raphael Gomide O s dois períodos de Lula na Presidência foram marcados por crescimento econômico, disseminação de programas sociais – e também por dois grandes escândalos de corrupção. No primeiro mandato, reinou o mensalão. Ele acabou na prisão de seus principais operadores e articuladores, depois de julgados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No segundo mandato – soube-se nos últimos meses, por meio de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) –, floresceu um esquema de pagamento de propina em troca de contratos bilionários com a Petrobras (leia detalhes na reportagem da página 36), esquema que continuou durante o governo de Dilma Rousseff. Neste momento, as autoridades investigam a conexão entre os dois escândalos. Já se sabia que parte da estrutura financeira do mensalão fora usada no esquema da Petrobras. As últimas investigações vão além da questão financeira e se debruçam sobre os personagens comuns aos dois enredos. O ex-deputado federal José Janene (que morreu em 2010), s gens EP850p030_034.indd 31 ElO O ex-deputado José Janene, que morreu em 2010. Em depoimento, o empresário Hermes Magnus afirma que o esquema de propina da Petrobras foi uma “extensão do mensalão” 12/09/2014 19:44:21 INVESTIGAÇÃO o doleiro Alberto Youssef e o executi- Petrobras. Usando um emaranhado de vo Paulo Roberto Costa aparecem no depósitos bancários feitos por laranjas, mensalão e no esquema da Petrobras. fazia o suborno chegar a Paulo Roberto, Um depoimento dado no dia 22 de o homem que tinha a caneta para fazer julho deste ano – revelado por ÉPOCA as contratações – e, agora preso, começa em primeira mão e disponível em vídeo a entregar os participantes do esquema. em epoca.com.br –, ajuda a detalhar o Enquanto isso, Janene, por ser guardião papel dos atores que participaram dos dos segredos do PT, ganhava espaço na dois esquemas. O autor do depoimento Petrobras. Ele continuou como deputaé o empresário Hermes Freitas Magnus, do apenas no início do segundo goverde 43 anos. Ele reafirma a participação no Lula. Por causa de uma doença no do mensaleiro Janene – deputado do coração, Janene arrancou em 2007 uma PP que, em troca de apoio político, aposentadoria por invalidez na Câmara embolsou R$ 4,1 milhões do mensalão dos Deputados, embora já respondespetista – como figura central que liga se à acusação de receber dinheiro do os dois escândalos. Magnus foi sócio mensalão. Continuou ativo na política, de Janene – e, segundo diz no depoi- agindo nos bastidores. mento, frequentava sua casa e ouvia O relato que Magnus fez à Justiça confidências dele. Segundo Magnus, o Federal revela o grau de influência dele esquema da Petrobras “era a extensão na Petrobras. “Lá, mando eu”, costumado mensalão, um cala-boca para que va dizer Janene, conforme o relato de (Janene) permanecesse quieto”. Janene Magnus – embora houvesse outros partidos e esquemas na sempre dizia, segunPetrobras. “Alguns do o depoimento de Magnus, que podedeputados federais ria “derrubar Lula”, queriam falar com porque sabia do esdiretores da Petroquema do PT tanto bras sem a intervenquanto o ex-ministro ção de José Janene, da Casa Civil José e não conseguiam. Então, entravam em Dirceu, condenado por corrupção. contato com Janene Segundo Mag- Hermes Magnus, empresário pelo telefone”, afirnus, na hierarquia mou Magnus. Ele disse ainda que predos dois esquemas, Janene estava acima do doleiro Alber- senciou uma performance debochada to Youssef e do ex-diretor de Abaste- de Janene ao telefone. Ele ironizava um cimento da Petrobras Paulo Roberto parlamentar que tentara contato sem Costa. De acordo com o depoimento sua ajuda. “E aí, a espera tá grande?” de Carlos Alberto Pereira da Costa, Segundo Magnus, Janene tinha “acesso advogado de Youssef – revelado com livre” e intermediava negócios entre a exclusividade na última terça-feira por Petrobras e empresas de grande porte, epoca.com.br –, foi Janene quem apre- como as construtoras Camargo Corrêa sentou Youssef a Paulo Roberto. O trio e Queiroz Galvão. Ele não deu detaoperou junto em dois momentos. Yous- lhes que possam identificar que tipos sef ajudou Janene a lavar o dinheiro do de contrato seriam ou se houve algum mensalão. Ainda no primeiro mandato tipo de ilegalidade. Procurada, a consde Lula, Janene indicou Paulo Roberto trutora Queiroz Galvão afirmou que à Diretoria de Abastecimento da Petro- não há “irregularidades nem ilegalidabras. No segundo mandato de Lula, os des” em seus contratos, que são negotrês operaram juntos no esquema da ciados “dentro das regras estabelecidas Petrobras. Investigações da Operação pela legislação e sem a intermediação Lava Jato revelam que Youssef interme- de terceiros”. A Camargo Corrêa disse diava pagamento de propina na estatal. que só presta serviços à Petrobras por Por meio de empresas de fachada, Yous- meio de licitações públicas. sef recebia dinheiro de empreiteiras inMagnus começou a contar o que teressadas em assinar contratos com a sabia à Polícia Federal ainda em 2009, Oesquema daPetrobrasera umcala-bocapara queJanene ficassequieto SEGUNDO ESCAlÃO O doleiro Alberto Youssef. De acordo com Hermes Magnus, ele estava um degrau abaixo de Janene na hierarquia do esquema quando o escândalo de corrupção na Petrobras ainda era desconhecido. Concluiu a história com riqueza de detalhes no depoimento de julho passado. Ele parece ter credenciais para falar. A Operação Lava Jato teve início justamente a partir da investigação sobre um negócio de Magnus com Janene. De acordo com o MPF, Janene lavou dinheiro do mensalão ao investir parte da quantia recebida na Dunel Indústria e Comércio, fabricante de componen- 32 I época I 15 de setembro de 2014 EP850p030_034.indd 32 12/09/2014 19:44:23 * Segundo Magnus, Janene dizia que “só ele e José Dirceu derrubavam Lula” tes eletrônicos que pertencia a Magnus. Janene usou a empresa de fachada CSA Project Finance, uma sociedade mantida pelo doleiro Youssef, para aplicar R$ 1,16 milhão dos R$ 4,1 milhões que ganhara no mensalão na Dunel. Isso ocorreu em julho de 2008. Era mais um golpe aparentemente perfeito idealizado por Janene. Magnus tinha as características de vítima ideal para operadores experientes do mercado negro. Sua firma de eletrôniFoto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo EP850p030_034.indd 33 cos automotores precisava de dinheiro para crescer, e ele buscava um investidor. Janene e Youssef estavam atrás de uma oportunidade para esquentar dinheiro frio de corrupção. O primeiro encontro com Magnus foi em junho de 2008, na sede da CSA, em bairro nobre de São Paulo. Acompanhado de Youssef, o afável Janene – já ex-deputado – chegou abraçando afetuosamente o futuro sócio, ou melhor, a futura vítima. O doleiro e o mensaleiro traziam soluções rápidas e práticas, quase um sonho para quem precisava de uma injeção de capital. “Olha, podemos viabilizar seu negócio: se quiser dinheiro do Estado do Espírito Santo para cima, tenho a opção do Banco do Nordeste. Se não quiser se meter com banco, temos uma solução mais tranquila, um recurso nosso. Se quiserem, coloco 1 milhão de início”, disse Janene. As imagens do depoimento obtidas por ÉPOCA mostram que, no momento em que Magnus conta essa história, Youssef senta-se ao lado do advogado dele e, apontando para Magnus, reclama: “Ele está mentindo, ele é mentiroso”. O juiz Sérgio Moro, que ouvia Magnus, interrompe Youssef. Ele só se cala quando é ameaçado por Moro de ser retirado da sala. Em pouco tempo, Magnus foi alijado da Dunel e virou, como ele mesmo se definiu, uma espécie de zumbi na firma. Os equipamentos encomendados não chegavam, e a produção emperrava. Ao consultar um advogado, Magnus descobriu que estava no meio de uma trama de lavagem de dinheiro. Resolveu procurar a PF para contar o que sabia. Afirma que Janene o ameaçou de morte e que, na época, um incêndio misterioso destruiu uma casa dele. Youssef, mais uma vez, se deu bem. Lavou o dinheiro para Janene e, ainda naquele ano de 2008, estreitou relações com Paulo Roberto, o executivo dos grandes contratos da Petrobras. Mal se livrara de uma condenação a sete anos de reclusão graças a uma delação premiada, Youssef reincidia em sua especialidade, a lavagem de dinheiro. Tinha o amigo e sócio Janene como cliente. Juntos, tinham um hotel, uma agência de viagens em Londrina e uma locadora de automóveis. A proximidade da dupla ia além dos negócios. Os dois se visitavam e se tratavam pelos títulos de compadre e padrinho. “Youssef chegava à casa de Janene e era padrinho pra cá, padrinho pra lá... Compadre pra cá, compadre pra lá. E era muito íntimo na lida das coisas”, afirmou Magnus à Justiça Federal. Numa dessas reuniões, Janene prometeu pagar o que chamou de “lua de mel” na Europa para Youssef e a mulher. Em seguida, explicou a ele o motivo da generosidade: s 15 de setembro de 2014 I época I 33 12/09/2014 19:44:26 INVESTIGAÇÃO DEBOCHE O empresário Hermes Magnus. Segundo ele, Janene zombava de deputados que procuravam diretores da Petrobras sem sua intermediação “Ela só não pode pensar que você vai fazer aqueles câmbios para mim na França. Não deixe ela sonhar que você está fazendo isso”. Os desvios de dinheiro por meio de contratos superfaturados na Petrobras identificados até agora ocorreram de 2009 a 2014. A morte de Janene por infarto, na fila do transplante de coração, em 2010, não interrompeu a afinada e conveniente parceria entre Youssef e Paulo Roberto. Ao contrário, os laços ficaram ainda mais estreitos. Durante a Operação Lava Jato, a PF interceptou 34 I época I 15 de setembro de 2014 EP850p030_034.indd 34 e-mails recebidos por Youssef. Uma das mensagens veio de um ressentido João Claudio Genu, ex-chefe de gabinete de Janene e um dos condenados do mensalão. Genu expressava seu “inconformismo” com a aproximação de Youssef e Paulo Roberto. Aparentemente, àquela altura, o doleiro e o diretor da Petrobras tinham estabelecido uma linha direta, sem intermediários, e Genu perdera seu quinhão no esquema. Paulo Roberto se tornara milionário. A Justiça descobriu que ele mantinha R$ 51,3 milhões em 12 contas secretas na Suíça. O depoimento de Magnus reitera uma conclusão: o mensalão e o escândalo da Petrobras são dois esquemas distintos, mas com métodos, causas e consequências semelhantes. A causa é o fisiologismo: garantir apoio no Congresso usando cargos que deveriam ser preenchidos por critérios estritamente técnicos. O método: desvio de dinheiro público para financiar campanhas ou enriquecer os políticos envolvidos. A consequência: corrupção. Com a descoberta do mensalão, em 2005, quando o primeiro mandato de Lula se aproximava do fim, foi preciso assegurar a fidelidade dos mesmos partidos – e dos mesmos políticos – ao governo do PT. Com a reeleição de Lula, o governo continuaria a precisar de apoio no Congresso. E o Congresso não mudara. As regras de Brasília também não. Lula e o PT acomodaram-se às práticas políticas de sempre. E distribuíram aos partidos da base os cargos que os políticos tanto queriam. São aqueles que servem tão somente para gerar favores e dinheiro, seja para campanhas, seja para o bolso de quem está no esquema. Nenhum cargo era tão desejado pelos políticos quanto uma diretoria na Petrobras, a mais rica e poderosa empresa do país. No segundo mandato de Lula, a Petrobras, mais que qualquer outra estatal, ocupou o vácuo deixado pelo mensalão. Janene está morto, não pode mais ameaçar nem delatar ninguém. Parentes seus são réus com Youssef na ação penal sobre a lavagem de dinheiro do mensalão. Um deles é Meheidin Jenani, primo de Janene. Magnus, o ex-sócio de Janene, afirma que Meheidin é especialista em assar carneiros e ia constantemente do Paraná a Brasília para preparar carneiros para a então ministra da Casa Civil, e hoje presidente Dilma Rousseff. Procurado por ÉPOCA, Meheidin desconversou. Procurada por ÉPOCA, a assessoria do Planalto disse que Dilma Rousseff não conhece Meheidin, muito menos era fã de carneiros preparados por ele. u Foto: reprodução 12/09/2014 19:44:28 investigação Por que Paulo Roberto decidiu abrirojogo No camburão, o exdiretor da Petrobras avisou o doleiro Youssef que não resistiria. Como foi o caminho até lá 36 I época I 15 de setembro de 2014 EP850p036_042.indd 36 12/09/2014 19:55:28 Macelo Rocha A relutante Paulo roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras. ele não queria entrar no esquema de delação premiada o deixar o prédio da Justiça Federal no Paraná, após uma audiência de testemunhas convocadas para ser ouvidas no caso da Operação Lava Jato, em julho, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, ex-parceiros de negócios e colegas de cela, aproveitaram a viagem de camburão até a Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba para conversar. Paulo Roberto comentou com Beto, apelido de Youssef, que estava propenso a fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Ele tentara, sem êxito, suspender a ação penal contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF). Dias depois, na cela em que dividiam na cadeia, Paulo Roberto voltou a comentar com Youssef que realmente buscaria o acordo.Youssef desejou apenas boa sorte ao amigo. Desde o dia 29 de agosto, Paulo Roberto tem revelado a procuradores da República e delegados da PF detalhes do esquema de corrupção que desviou milhões de reais dos cofres da maior estatal do país. Uma semana antes, a PF e uma forçatarefa do MPF vasculharam casas e escritórios das filhas e dos genros de Paulo Roberto. Os investigadores buscavam mais provas depois de uma devassa no sigilo fiscal das empresas dele, de seus familiares e laranjas. Como ÉPOCA revelou, o principal deles era Marcelo Barboza Daniel. Os documentos descobriram 18 empresas de consultoria, que receberam R$ 17 milhões de 13 empreiteiras. O objetivo da operação na rua era fazer Paulo Roberto falar. Deu certo. Enquanto Paulo Roberto fala, em sua cela Youssef espera. A exemplo da família de Paulo Roberto, a de Youssef quer que ele colabore com as investigações em troca de algum benefício. Por enquanto, Youssef e seu advogado, Antonio Basto, preferem aguardar. Apostam que a colaboração de Paulo Roberto exigirá informações que só Youssef poderá dar. Sua estratégia é tornar-se necessário, para negociar um acordo. Basto teme a possibilidade de vazamento de alguns pontos da delação, como aconteceu com Paulo Roberto. “(As autoridades) Falharam”, afirma. “A colaboração processual deveria estar totalmente protegida pelo sigilo. O Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo EP850p036_042.indd 37 réu ficou completamente exposto com o vazamento dessas informações.” A estratégia de defesa de muitas empreiteiras passa pela tentativa de invalidar a delação de Paulo Roberto por causa do vazamento. Os procuradores ainda relutam também em aceitar Youssef como colaborador. Ele fez uma delação premiada em 2004, quando foi preso pelo envolvimento no caso Banestado, mas descumpriu o trato. Entregou apenas informações que não o comprometiam e, pior, voltou à atividade anterior. Paulo Roberto fez de tudo para não ter de apelar à delação. Foi justamente por medo de estar nessa situação que tomou atitudes desesperadas quando os policiais federais chegaram a seu apartamento no condomínio Riomar IX, na Barra da Tijuca, no final de março. Àquela altura, ele era um próspero consultor de grandes empreiteiras com negócios com a Petrobras. Os policiais que bateram à sua porta tinham a missão de prendê-lo como cliente do doleiro Youssef, alvo de uma operação por lavagem de dinheiro, batizada de Lava Jato. Sem saber que era monitorado pela polícia, assim que soube que seria preso, Paulo Roberto correu para o telefone e ordenou que familiares fossem a seu escritório e destruíssem computadores e documentos. Os federais não sabiam que Paulo Roberto não era um mero cliente de Youssef. Não sabiam que ele fora um poderoso ex-diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, bancado por um consórcio formado por PT, PMDB e PP, detentor de tantos segredos incômodos da Petrobras e de algumas das maiores empresas do país, aquelas que movem o fluxo de caixa de campanhas eleitorais. Ao rastrear os telefonemas dados por ele no momento de desespero, uma equipe da PF foi ao escritório e encontrou tudo vazio. As imagens feitas por câmeras internas identificaram que duas filhas e genros de Paulo Roberto saíram do local carregando um vasto material. Recuperados e esmiuçados pela polícia e pelo MPF, os arquivos agora obrigam Paulo Roberto a contar às autoridades tudo o que sabe e a incriminar políticos e seus antigos clientes, para escapar de uma pena que pode chegar a 50 anos de cadeia. s 15 de setembro de 2014 I época I 37 12/09/2014 19:55:29 investigação No ano passado, antes mesmo de Paulo Roberto ser preso ou do início de qualquer investigação oficial ser deflagrada, ÉPOCA começou a revelar com exclusividade casos escabrosos na Petrobras. Era o início de uma longa investigação sobre os obscuros negócios na estatal. No primeiro caso, a Petrobras pretendia vender parte da Petrobras Argentina, uma de suas subsidiárias no exterior, por US$ 900 milhões, um valor questionado pelo mercado. O mais estranho era o comprador. Apesar de três concorrentes qualificados, o favorito para fechar o negócio era Cristóbal López, um empresário do ramo de cassinos, que chegara ao ramo petrolífero graças à ajuda do casal presidencial Néstor (morto em 2010) e Cristina Kirchner. Meses depois, a Petrobras desistiu da venda. A motivação de negócios desse tipo ficou clara quando o lobista João Augusto Henriques fez revelações a ÉPOCA. Numa conversa surpreendente, ele contou como trabalhava para intermediar negócios entre grandes empresas e a Petrobras. Ele afirmou que, dos negócios que fechava, precisava entregar comissões ao PMDB. João Augusto disse que, se a refinaria San Lorenzo, parte do patrimônio da Petrobras Argentina, fosse vendida ao empresário Cristóbal López, teria de entregar uma comissão de R$ 5 milhões ao PMDB. O mais surpreendente estava num contrato maior, que renderia dividendos ao PT. Segundo João Augusto, a empreiteira Odebrecht deu uma contribuição equivalente a US$ 8 milhões ao caixa dois da campanha eleitoral da então candidata Dilma Rousseff em 2010, por ter sido escolhida para fazer um trabalho de segurança ambiental de ativos da Petrobras no exterior, por US$ 825 milhões. João Augusto afirmou também que o PMDB lucrou na operação. O partido ganhou, segundo ele, uma comissão para encerrar a CPI da Petrobras que corria no Senado na ocasião. Com base na reportagem de ÉPOCA, o MPF no Rio de Janeiro denunciou João Augusto, o ex-diretor Jorge Zelada e um executivo da Odebrecht pelo acordo PetrobrasOdebrecht. A presidente da estatal, Maria das Graças Foster, cortou pela metade o valor do contrato. Procurada por ÉPOCA, a Odebrecht, por meio de nota, disse que a afirmação de João Augusto não corresponde à verdade, que a empresa faz doações eleitorais, em respeito absoluto à legislação e que estão publicadas nos tribunais eleitorais. A prisão de Paulo Roberto, um homem que participava das entranhas de negócios suspeitos, desencadeou uma onda de terror em Brasília. Surgiram nomes que sempre atuaram na sombra, como os lobistas Jorge Luz, Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP, e Fernando Soares. Conhecido como Fernando Baiano, ele foi um dos intermediários entre a diretoria de Paulo Roberto e empresas interessadas em fazer negócios com a Petrobras. Após a prisão de Paulo Roberto, governo e oposição começaram a se enfrentar no Congresso para abrir ou impedir uma CPI para investigar os negócios da Petrobras. Paulo Roberto fora indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o chamava de “Paulinho”. Devia favores às bancadas de PP, PT e PMDB – todos, obviamente, dispostos a evitar CPIs. O presidente do Senado, Renan Calheiros, era uma das forças contrárias à CPI. Renan nega ser padrinho político de Sérgio Machado, presidente da Transpetro, cuja indicação lhe é atribuída há 11 anos. Na Transpetro, uma auditoria recente mostrou que empresas contratadas por milhões não prestaram os serviços acordados. A resistência à CPI contava ainda com os deputados petistas Vander Loubet, Cândido Vaccarezza e André Vargas e do senador Fernando Collor, todos padrinhos de diretores da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras. Os parlamentares temiam a revelação de casos como da Jaraguá, fornecedora da Petrobras que distribuiu contribuições de campanha a deputados do PP em 2010. Logo depois, abocanhou um contrato de R$ 200 milhões para a construção da Refinaria Abreu e Lima, comandada por Paulo Roberto. Nenhuma das duas CPIs instaladas produziu um fiapo de informações sobre a corrupção na Petrobras. As investigações da PF, no entanto, revelam as razões para a falta de empenho dos parlamentares. Planilhas apreendidas pela PF sugerem pagamentos da empreiteira Camargo Corrêa (Consórcio CNCC), da SankoSider, da OAS, da Galvão Engenharia, da Jaraguá e da Odebrecht (Consórcio Tudo pelo óleo da Petrobras Os principais personagens envolvidos em diversos episódios suspeitos na estatal Ex-dirEtorEs Lobistas JoÃo aUGUsto HENriQUEs Responsável por intermediar negócios na área internacional e captar propinas para o PMDB e o PT FErNaNdo baiaNo Intermediário entre Paulo Roberto Costa e empresários interessados em fazer negócios na Diretoria de Abastecimento PEdro PaULo LEoNi raMos Amigo de Collor, tem influência na BR Distribuidora. Uma de suas empresas pagou R$ 4,3 milhões à MO Consultoria PoLÍtiCos rENaN CaLHEiros PMDB-al Presidente do Senado Sustentou Paulo Roberto Costa após o escândalo do mensalão Mario NEGroMoNtE PP-Ba Ex-ministro das Cidades Um dos padrinhos de Paulo Roberto Costa, recebeu contribuições de empresas envolvidas com empresas ligadas ao doleiro Youssef 38 I época I 15 de setembro de 2014 EP850p036_042.indd 38 12/09/2014 19:55:30 PaULo robErto Costa Diretor de Abastecimento entre 2003 e 2012 É suspeito de receber propina de Alberto Youssef para favorecer empresas em contratos na Petrobras e de intermediar pagamento a partidos e políticos NEstor CErVErÓ Diretor da Área Internacional entre 2003 e 2008 Comandou, em 2006, a compra da refinaria Pasadena por US$ 1,2 bilhão JorGE zELada Diretor da Área Internacional entre 2008 e 2012 Em sua gestão, o lobista João Augusto atuou na venda de ativos na Argentina e na África, num esquema suspeito de ter rendido propina a PT e PMDB FErNaNdo CoLLor EdisoN LobÃo CÂNdido VaCCarEzza Senador Ministro de Minas e Energia Deputado federal PtB-al Padrinho de dois diretores da BR Distribuidora. Seu amigo Pedro Paulo Leoni Ramos tem influência em negócios da Petrobras PMDB-Ma Reuniu-se com Paulo Roberto Costa e um lobista para defender a entrada de uma empresa chinesa numa refinaria no Ceará Pt-sP Ligado a Jorge Luz, lobista na Petrobras, participou da indicação de Andurte Duarte, diretor da BR Distribuidora JoÃo PizzoLatti roMEro JUCá rosEaNa sarNEy Deputado federal Senador Governadora PP-sC Assim como Negromonte, apadrinhou Paulo Roberto e recebeu contribuições de campanha de empresas do esquema de Youssef PMDB-rr Ajudou a enterrar a CPI da Petrobras em 2009 e é suspeito de ter intermediado um negócio bilionário da Petrobras com a Odebrecht Fotos: Jonathan Campos/AGP/Folhapress, CB /D.A Press (5) Folhapress (2),Estadão conteúdo e AG Petrobras EP850p036_042.indd 39 PMDB-Ma Liberou precatórios de mais de R$ 100 milhões para a UTC, uma das maiores fornecedoras da Petrobras Conest) à MO Consultoria e à GFD Investimentos, empresas do doleiro Alberto Youssef. Nos papéis, os pagamentos são classificados como “repasses” ou “comissão”.A PF suspeita que seja simplesmente “propina”. A polícia identificou pelo menos R$ 31 milhões em“pagamentos com suspeita de ilicitude”.A Odebrecht afirma que o consórcio Conest não fez depósitos para a GFD e que todos os contratos de prestação de serviços à Petrobras estão da acordo com as disposições legais. Paulo Roberto e Youssef eram detalhistas e organizados, por isso a polícia conseguiu descobrir a extensão de seus negócios. ÉPOCA revelou que, em maio de 2013, Youssef fez um relatório sobre quatro contas secretas mantidas em conjunto com Paulo Roberto no exterior: uma no banco UBS de Luxemburgo; outra no banco Lombard Odier, na Suíça; uma terceira no banco Itaú, não se sabe em que país; e a última no Royal Bank of Canada, nas Ilhas Cayman. O relatório não é exato sobre o valor acumulado nessas contas. Somando apenas o saldo de algumas delas aos depósitos pagos naquele momento pelas empresas com negócios na Petrobras, chegase ao total de US$ 3,7 milhões. A conta no Itaú referia-se, segundo o relatório, à empreiteira Alusa e tinha saldo de R$ 127.400 em agosto de 2011, quando Paulo Roberto estava na Petrobras. A Alusa firmou contratos de R$ 3,5 bilhões com a Petrobras nos últimos anos. O maior deles, de R$ 1,5 bilhão, foi firmado em 2010. Em 2008, a Alusa fechara um contrato de R$ 966 milhões para fazer obras na Refinaria Abreu e Lima. A conta com maior saldo – US$ 2,42 milhões – está no RBC das Ilhas Cayman. A PF apurou que esse dinheiro é fruto de propina arrecadada entre fornecedoras da Petrobras na obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Depois disso, a Suíça bloqueou US$ 23 milhões em contas bancárias de Paulo Roberto no país. Ao deixar a Petrobras, Paulo Roberto se tornou consultor. Planilhas apreendidas com sua filha Arianna Costa detalhavam a contabilidade da Costa Global, sua empresa de consultoria. Paulo Roberto chegou a ter ao menos 81 contratos com fornecedores da Petrobras. Há provas de que ele recebeu milhões de 23 empreiteiras, na maior parte das vezes sem prestar s 15 de setembro de 2014 I época I 39 12/09/2014 19:55:35 investigação Um pré-sal de corrupção A enorme reserva de desvio de recursos da Petrobras descoberta nos últimos meses odebrecht Petrobras argentina (Pesa) Valor do contrato: US$ 900 milhões O grupo Indalo, do argentino Cristóbal López, amigo da presidente Cristina Kirchner, fez um acordo confidencial com a Petrobras para comprar 33% da Pesa e virar sócio da estatal. Em 2002, a Petrobras pagara US$ 1,1 bilhão para entrar no negócio e investiu US$ 2,4 bilhões. O negócio com López não foi finalizado O lobista João Augusto diz que o contrato internacional firmado entre a Petrobras e a Odebrecht para reforma e reabilitação de refinarias em dez países foi feito mediante o pagamento de US$ 8 milhões para o caixa da campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010. A Odebrecht nega com veemência a acusação Maersk abreu e LiMa A Maersk fechou um contrato de US$ 300 milhões para fornecer quatro navios à Petrobras. De cada pagamento feito pela Petrobras à Maersk, segundo a PF, 1,25% era devolvido a Paulo Roberto na forma de propina ÉPOCA revelou que, segundo investigações da Polícia Federal, Paulo Roberto Costa intermediou diversos negócios relacionados à construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Entre os “repasses” e “comissões”, a PF desconfia que pelo menos R$ 31 milhões sejam “propina” Valor do contrato: US$ 300 milhões Suspeita de propina: US$ 6,2 milhões Valor do contrato: US$ 825 milhões Suspeita de propina: US$ 8 milhões Valor do contrato: R$ 8,9 bilhões Suspeita de propina: R$ 31 milhões Pasadena Valor: prejuízo de US$ 792 milhões Em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria americana por US$ 360 milhões – no ano anterior, a belga Astra Oil pagara apenas US$ 42,5 milhões pela refinaria completa. Depois de brigar com a Astra na Justiça, a Petrobras ainda foi forçada a comprar a outra metade da refinaria, com seus estoques, por mais de US$ 820 milhões 40 I época I 15 de setembro de 2014 EP850p036_042.indd 40 nenhum serviço. Para a PF, há indícios de que esses contratos eram apenas acertos de conta por favores feitos nos tempos de Petrobras. É o caso de contratos com empreiteiras como Engevix, Iesa, Queiroz Galvão e, num dos casos, também da Camargo Corrêa. A relação com as empreiteiras era tão próxima, que foi a elas que a turma recorreu na hora do aperto. Em depoimento dado no dia 5 de setembro, a ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, disse à Justiça que recorreu às empreiteiras para bancar despesas com advogados quando o chefe foi preso na Operação Lava Jato.“Não tinha dinheiro para nada”, afirma. Segundo ela, João Procópio Prado, um dos acusados de fazer parte do grupo criminoso, disse que iria até a Camargo Corrêa e que ela se encarregaria de recorrer à UTC/Constran.“O Augusto Pinheiro, da Constran, disse que ajudaria sim, que não teria problema”, diz Meire. Ela diz que João Procópio recebeu da Camargo Corrêa a promessa de que ajudariam a resolver o problema. “João me disse para tentarmos conseguir algum dinheiro. Ele disse que iria até a Camargo Corrêa, para tentar alguma coisa, e me pediu para ir até a UTC”, diz Meire.“Eu tinha contato com o Valmir e com o Augusto (Pinheiro, diretor), da Constran, em função de alguns negócios. Eu tinha o celular dele, liguei e ele me recebeu lá na Constran. Fui até lá para pedir R$ 500 mil, que ajudariam a pagar os advogados.” No próprio depoimento, Meire afirma que a UTC não atendeu a seu pedido. O advogado Ricardo Berenguer, que defende João Procópio, disse que não teve acesso ao depoimento de Meire e que não poderia fazer comentários a respeito. A UTC informou, por meio de nota, que “ninguém da UTC ou da Constran foi encarregado de conversar com pessoas ligadas ao senhor Alberto Youssef para viabilizar auxílio financeiro ao grupo investigado pela Polícia Federal”. A Camargo Corrêa, por intermédio de sua assessoria de imprensa, nega que tenha sido procurada por pessoas ligadas a Youssef interessadas em ajuda financeira. Na última quarta-feira, perto das 15 horas, Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, chegou relaxado e sorridente a sua terceira visita ao Congresso desde que os s Fotos: reprodução[slopes] (2), Willem Oldenburg/shipspotting, Clelio Tomaz e Dave Fehling/Stateimpact Texas 12/09/2014 19:55:40 investigação se houve sangria, ela já foi estancada Dilma Rousseff escândalos na Petrobras começaram a pipocar. Era como se Cerveró acreditasse que sua atuação na compra da refinaria de Pasadena, um negócio que rendeu um prejuízo de US$ 792 milhões, perdera importância. Agora que Paulo Roberto, seu ex-colega da diretoria de Abastecimento, começou a delatar os meandros e os integrantes do esquema mais amplo de corrupção na Petrobras, Pasadena parece um assunto distante. Tanto que, ao depor na CPI mista da Petrobras na semana passada, numa sala lotada, a primeira celeuma instalada entre os parlamentares foi para definir em que condição Cerveró estava ali. Testemunha ou acusado? O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo, titubeou:“Ele está aqui como investigado... Estamos investigando a participação dele no negócio”. O deputado tucano Carlos Sampaio, promotor de carreira, contestou. “Se ele não está indiciado, deveria depor como testemunha. Até para ser obrigado a falar a verdade.”Vital do Rêgo resistiu. Cerveró depôs na condição de “investigado”. O relator da CPI, o deputado petista Marco Maia, fez perguntas por mais de uma hora. Quando a palavra finalmente foi passada aos deputados e senadores, um jogo de bate-assopra se iniciou. Um a um, os inquiridores primeiro criticavam Cerveró por seu papel num escândalo que representa muito dos desmandos na estatal. Em seguida, os mesmos parla42 I época I 15 de setembro de 2014 EP850p036_042.indd 42 faxina a presidente Dilma Rousseff. ela diz que, em seu governo, houve uma limpeza na Petrobras mentares passavam a acarinhar Cerveró e a tentar seduzi-lo a entregar maracutaias que tivesse presenciado. O deputado Fernando Francischini, do Solidariedade, disse: “Vossa Senhoria deixará que sua cabeça seja colocada em uma bandeja? Vossa Senhoria deveria fazer uma delação premiada”. Cerveró seguia impassível, de queixo erguido. Depois, foi a vez de Carlos Sampaio: “Podemos fazer uma sessão reservada, secreta, para que Vossa Senhoria fique à vontade para nos contar o que sabe”. Cerveró mal se mexia. Foram três horas de depoimento. Nenhuma informação nova veio à tona. O que pairava na sala era apenas a sensação de que ainda há muito a desvendar. A presidente Dilma Rousseff afirma ter feito uma limpeza na estatal e diz que “se houve sangria, ela já foi estancada”. Todas as empresas envolvidas negam relações irregulares com Youssef e Paulo Roberto. A Sanko-Sider diz ter contratado a Costa Global, de Paulo Roberto, e as empresas de Youssef para trabalhos técnicos e de representação comercial – e nega irregularidades. Não foi possível encontrar representantes da Jaraguá Equipamentos, que está em recuperação judicial. A empresa já afirmara que os depósitos para a MO, de Youssef, se referem a um contrato para realizar consultoria comercial na licitação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A Iesa afirma ter pagado R$ 300 mil à Costa Global, de Paulo Roberto.“Foram realizadas diversas reuniões com a Costa Global e com empresa de engenharia conceitual e identificados potenciais parceiros fornecedores de tecnologia para o fornecimento de minirrefinarias modulares”, diz a Iesa. O Consórcio CNCC (Camargo Corrêa e CNEC) afirma que não tem nenhum relacionamento com as empresas de Paulo Roberto e Youssef. A Odebrecht nega também ter feito contrato com o lobista João Augusto. Sobre a auditoria interna, a Transpetro afirma que “recebeu as denúncias em questão e as encaminhou para apuração” e que “as não conformidades encontradas foram devidamente sanadas e seis colaboradores foram afastados da Companhia”. Em nota, a Mendes Júnior afirma que seus contratos são feitos de acordo com as normas legais e que é prestadora de serviços de engenharia da Petrobras desde os anos 1970. Diz ainda que faz doações para campanhas eleitorais segundo a legislação vigente. O ministro Edison Lobão confirma que teve uma audiência com Paulo Roberto. O senador Fernando Collor não se manifestou sobre o lobista Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP. O senador Romero Jucá nega ter colaborado para enterrar a CPI da Petrobras em 2009. Os deputados Mário Negromonte e João Pizzolatti não foram encontrados. O deputado Cândido Vaccarezza afirma que é amigo do diretor da BR Distribuidora Andurte de Barros e, com outros deputados, o indicou para o cargo. Vaccarezza nega “peremptoriamente ter recebido recursos” de Paulo Roberto Costa. Em nota, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, disse que nunca participou de nenhum esquema de corrupção nem solicitou “ao ex-diretor da Petrobras recursos de qualquer natureza”. “Tomarei todas as medidas cabíveis para resguardar minha honra e minha dignidade”, diz Roseana. A advogada de Paulo Roberto Costa, Beatriz Catta Preta, foi procurada, mas não respondeu. O lobista Fernando Baiano não foi encontrado. Pedro Paulo Leoni Ramos preferiu não se manifestar. u Foto: João Carlos Mazella/AgÍncia JCM/Fotoarena 12/09/2014 19:57:37