COMUNICADO TÉCNICO
N° 01 - Agosto de 2015
Fertilidade do Solo
FERTILIDADE DO SOLO
Wellington Eduardo Xavier Guerra
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia
INTRODUÇÃO
A fertilidade do solo começou a ser
estudada a milhares de anos, os vegetais
necessitam de dezesseis elementos para completar
seu ciclo de vida e deixar descendentes. Destes,
três são retirados do ar, o carbono (C), hidrogênio
(H) e oxigênio (O), os outros treze nutrientes
essenciais são retiram do solo para o crescimento
e produção de frutos, grãos, forragens.
Figura 1. Elementos essenciais para as plantas.
São vários os fatores responsáveis pelo
crescimento dos vegetais, que podem ser de
ordem genética ou de desenvolvimento. A água e
os nutrientes são fatores que podem ser regulados
pelo homem no controle do crescimento das
plantas.
Um nutriente é considerado essencial, se
a planta não pode completar seu ciclo de vida
sem ele. O trio de nutrientes CHO, a planta obtém
através do dióxido de carbono (CO2) e da água.
A fertilidade do solo pode ser dividida em quatro
tipos:
a) Fertilidade Natural: É a fertilidade
decorrente do processo de formação do solo:
material de origem + ambiente + organismos +
tempo. Fertilidade de um solo nunca trabalhado.
b) Fertilidade Atual: É a fertilidade do solo
após a ação antrópica (do homem). Fertilidade
após práticas de manejo que visam fornecer
nutrientes para as culturas por meio de correção e
adubação mineral ou orgânica.
c) Fertilidade Potencial: É a que pode se
manifestar a partir de determinadas condições.
Nesse caso, alguma característica do solo pode
estar limitando a real capacidade do solo em ceder
nutrientes para as plantas. Ex.: Solos ácidos.
d) Fertilidade Operacional: É a fertilidade
estimada a partir da determinação dos teores de
nutrientes no solo por determinados extratores
químicos. Nem sempre a fertilidade operacional
é exatamente a fertilidade natural ou a atual do
solo. Elas se correlacionam, mas podem não ser
exatamente iguais.
Para que as plantas se desenvolvam
normalmente, alguns fatores são indispensáveis:
temperatura, luz, ar, água, nutrientes. Os
nutrientes são elementos químicos essenciais
ao desenvolvimento das plantas. Carbono (C),
hidrogênio (H) e oxigênio (O) são elementos
essenciais para as plantas, constituindo 90 a
96 % dos tecidos vegetais. Entretanto, não são
considerados no estudo da fertilidade do solo,
pois são, prioritariamente, fornecidos pelo ar e
pela água. Para a fertilidade do solo os nutrientes
são classificados como:
a) Macronutrientes primários: nitrogênio
(N), fósforo (P) e potássio (K).
b) Macronutrientes secundários: cálcio
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(Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).
c) Micronutrientes: boro (B), ferro
(Fe), zinco (Zn), manganês (Mn), cobre (Cu),
molibdênio (Mo) e cloro (Cl).
Os nutrientes absorvidos em grandes
quantidades pelas culturas são considerados
macronutrientes. Aqueles absorvidos em menores
quantidades, são considerados micronutrientes.
No entanto, todos são essenciais e a deficiência
de apenas um deles, pode prejudicar o
desenvolvimento normal das culturas e,
consequentemente, sua produção.
A subdivisão entre macronutrientes
primários e secundários é apenas uma questão
de marketing industrial, dado o advento das
formulações N-P-K. Mas, não há qualquer
relação com a importância dos nutrientes, uma
vez que todos são essenciais e absorvidos em
grandes quantidades.
As leguminosas, devido à fixação do
nitrogênio através das bactérias do gênero
risobium, retiram o N do ar.
Nitrogênio, fósforo e potássio são
classificados como os principais nutrientes, pois
as plantas os retiram em grandes quantidades;
são chamados de “macronutrientes primários”.
Já o cálcio, o magnésio, e o enxofre são
chamados de “macronutrientes secundários”
os outros sete elementos, como o zinco, boro,
cobre, molibdênio, ferro, manganês, cloro são
considerados “micronutrientes”, pois as plantas
os necessitam em pequenas quantidades, mas são
muito importantes e não podem faltar na nutrição
das plantas.
As plantas retiram seus nutrientes através
de fontes existentes no solo: matéria orgânica;
argila e coloides; rochas e minerais; e solução
do solo. O reservatório principal de nutrientes do
solo para as plantas é a argila e as partículas de
húmus. A fração mineral, como areia e rochas,
constitui a maioria dos solos; esta fração mineral
se divide para dar origem a outras partículas
chamadas de silte e argila. As partículas de argila
são muito pequenas e possuem carga negativa.
Os solos arenosos são deficientes em argila e
húmus, e as partículas de areia não possuem
carga; os nutrientes, nestes solos, são perdidos
por lixiviação.
Quando se aplica um fertilizante, como
o cloreto de potássio, o íon K+ tem carga
positiva (cátion) e fica adsorvido na superfície
das partículas de argila; então, ele é liberado
lentamente para a raiz, através da solução do
solo, e desta para a planta. Os cátions, também
se movimentam da solução do solo para a
superfície das partículas de argila e húmus: a
isto chamamos de troca de cátions. Os principais
cátions trocáveis são: o hidrogênio (H+), cálcio
(Ca++), o magnésio (Mg++), o potássio (K+), o
sódio (Na+) e o amônio (NH4+). A planta precisa
de energia; e ela usa esta energia para a absorção
dos nutrientes. Esta energia é derivada do estoque
de açúcares e carboidratos, os quais a produzem
quando discriminados pelas plantas. É o processo
de respiração.
Quando, por condições de deficiência
de oxigênio e de baixas temperaturas, a energia
decresce e com ela há uma queda na taxa de
absorção dos nutrientes.
As superfícies das raízes também são
cobertas por secreções ácidas, formadas pelos íons
H+, OH-, e HCO3. A planta absorve os nutrientes
pelo processo de troca de seus íons com outros
íons da superfície das partículas do solo, ou com
os da solução do solo. Os íons K+ e NH4+ são
rapidamente absorvidos; os íons Ca++ e Mg++
são absorvidos muito lentamente. A rapidez
de absorção dos nutrientes, pelas plantas, está
associada com a idade, atividade de crescimento
e com os tecidos das plantas; as plantas jovens
absorvem mais rapidamente os nutrientes.
A retirada dos nutrientes do solo pelas
plantas varia muito; varia com o tipo de planta,
com as características do solo, condições de
umidade, e nível de fertilidade do solo.
Como o nível de alguns nutrientes diminui
no solo através da remoção pelas plantas, lavagem
pela água da chuva, perdas pela erosão do solo,
as deficiências aparecem na lavoura. Estas
deficiências podem ser detectadas “a olho nu”
pela coloração das folhas; deficiências moderadas
se refletem no decréscimo de produção, e na
menor qualidade dos grãos e frutos durante a
colheita. Estas ocorrências são chamadas “sinais
de deficiências”. Há necessidade do produtor
determinar que nutrientes estão causando as
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deficiências no solo fazendo uma análise do
solo 60 dias após a colheita; ou durante o
desenvolvimento da planta através de uma análise
foliar.
A absorção dos nutrientes pelas plantas é
diferente, em quantidade, conforme o estágio das
mesmas.
Fertilidade do solo e sua produtividade
Solo produtivo é um solo fértil, ou
seja, que contém os nutrientes essenciais em
quantidades balanceadas e adequadas para o
crescimento e desenvolvimento das plantas e
que apresenta características físicas e biológicas,
estando livre de elementos tóxicos e encontra-se
em locais com fatores climáticos favoráveis.
Pode-se dizer que um solo pode ser fértil
sem necessariamente ser produtivo e que ainda a
fertilidade do solo pode advir de causas naturais
ou ser criada pela adição de nutrientes aos solos
durante o cultivo.
Uma consideração importante a ser feita
em relação a fertilidade do solo é que muitos
solos não são naturalmente férteis e que mesmo
aqueles férteis podem, sob manejo inadequado,
transformar-se em solos de baixa fertilidade, e
estas causas podem ser tanto naturais quanto
antrópicas, dependendo do manejo inadequado
do solo pelo homem.
Um estudo do World Resources Institute
(Wood et al., 2001) mostra que, dentre os aspectos
adversos ligados à baixa fertilidade dos solos
do mundo, a alta acidez que pode ser associada
à toxidez por Al, e as baixas reservas de K
merecem destaque. No caso das regiões tropicais
e subtropicais além desses aspectos, também a
alta capacidade de fixação de P é um importante
fator determinante da baixa fertilidade dos solos.
Um trabalho encomendado pela FAO em 2000
(Bot et al., 2000) revela que a toxidez causada
por Al afeta cerca de 63 de toda a área de solos do
Brasil e que 25% do território brasileiro apresenta
solos com elevada capacidade de fixação de P.
REFERÊNCIAS
Braga, G.N.M. Fertilidade do dolo e
nutrição de plantas. Disponível em <http://
agronomiacomgismonti.blogspot.com.
br/2010/04/fertilidade-do-solo-e-nutricao-das.
html >. Acesso em: 09 de março 2015.
Bot, A.J.; Nachtergaele, F.O. & Young,
A. Land resource potential and constraints
at regional ande country levels. Rome, Land
ande Water Development Division, Food and
Agriculture Organization, 2000. 114p.
Lopes, A.S.; Guilherme, L.R.G.;
Fertilidade do Solo, Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo, Viçosa, MG, 2007.
Wood, S.; Sebastian, K. & Scherr, S. Soil
resourse condition. In: Pilot analysis of global
ecosystems: Agroecosystems. A joint study by
the International Food Policy Research Institute.
Washington DC, International Food Policy
Research Institute and World Resourses Institute,
2001.p. 45-54.
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Wellington Eduardo Xavier Guerra
Doutorando em Agronomia (atual)
Universidade do Oeste Paulista
Mestrado em Agronomia (2013)
Graduação em Engenharia Agronômica (2009)
Universidade do Oeste Paulista
- Técnico em Agricultura
Centro Paula Souza Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo
Linha de Pesquisa:
Produção Vegetal, com ênfase em
Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas.
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- GPAGRO Grupo de Pesquisa Agropecuária do Oeste Paulista
Universidade do Oeste Paulista
Presidente Prudente - São Paulo - Campus II
Rodovia Raposo Tavares, km 572 – Bairro Limoeiro
CEP 19067-175 -Bloco B2 Sala 301 C
Fone: (18) 3229 2076
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Editor de Layout:
Alexandrius de Moraes Barbosa
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