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Inor /Ag. Assmann
EXPEDIENTE PUBLISHERS AND EDITORS
EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA.
CNPJ 04.439.157/0001-79
Diretor Presidente: André Luís Jungblut
Diretor de Conteúdo: Romeu Inacio Neumann
Diretor Comercial: Raul José Dreyer
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Site: http://www.anuarios.com.br
ANUÁRIO BRASILEIRO DO ALGODÃO 2011
Editor: Romar Rudolfo Beling
Editora assistente: Angela Zamberlan Vencato
Textos: Erna Regina Reetz, Angela Zamberlan Vencato, Benno
Bernardo Kist, Cleiton Santos, Cleonice de Carvalho, Heloísa Poll e
Romar Rudolfo Beling
Supervisão: Romeu Inacio Neumann
Tradução: Guido Jungblut
Fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann) e
divulgação de empresas e entidades
Projeto gráfico e diagramação: Juliane Mai
Arte de capa: Juliane Mai, sobre fotografia de Inor Assmann
Edição de fotografia e arte-final: Juliane Mai e
Márcio Oliveira Machado
Marketing: Maira Trojan Bugs, Andréa Lenz e Rafaela Jungblut
Supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado
Distribuição: Simone Moraes
Impressão: Coan Gráfica e Editora, Tubarão (SC)
ISSN 1808-2378
É permitida a reprodução de informações
desta revista, desde que citada a fonte.
Reproduction of any part of this magazine
is allowed, provided the source is cited.
A636
Sílvio Ávila
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Anuário brasileiro do algodão 2011 / Erna Regina
Reetz ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul:
Editora Gazeta Santa Cruz, 2011.
144 p. : il.
ISSN 1808-2378
1. Algodão - Brasil. 2. Algodão - Cultivo.
I. Reetz, Erna Regina.
CDD : 633.510981
CDU : 633.51(81)
Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197
Inor /Ag. Assmann
SUMÁRIO Summary
06 Apresentação Intro duction
10 CENÁRIO Scenario
36 ESTADOS States
68 PERFIL Profile
88 PESQUISA Research
112 INDÚSTRIA Industry
134 PAINEL Panel
140 EVENTOS Events
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Inor /Ag. Assmann
Na linha
do horizonte
O Brasil é reconhecido como grande e extremamente competitivo produtor de algodão, habilitado a atender com absoluta qualidade e regularidade ao mercado doméstico e igualmente à clientela internacional. Por conta desse perfil e desse
histórico, o País firmou sua presença na lista dos grandes exportadores, e vem ampliando gradativamente suas parcerias em
todos os continentes.
A desenvoltura que resultou da atuação no ambiente global dotou os agricultores brasileiros de um ímpeto empresarial
e de uma coragem sem precedentes. As fazendas envolvidas com o cultivo de algodão viram nessa cultura um exemplo de
especialização e de inovação tecnológica, que transferiu sua competência e sua expertise para outras atividades, num espelhamento que se traduziu em solidez, modernizando todo o sistema produtivo.
Ao investir em técnicas de vanguarda, e ao prospectar novidades, a cotonicultura brasileira agregou os elementos que faltavam para atender a todos os requisitos de um agronegócio moderno, flexível, dinâmico e competitivo. Nos demais elementos, o País já era dotado de condição rara: havia terras produtivas disponíveis, havia clima e solo apropriados em diferentes
regiões nacionais, e havia vocação para colher fibra de qualidade. O resto, naturalmente, ficaria por conta do mercado e das
oportunidades que ele proporcionasse.
E quando a conjuntura do comércio internacional acena com boas perspectivas de demanda, o setor produtivo rapidamente demonstra o que tem capacidade para protagonizar. É o que ocorre na safra 2010/11, quando a combinação de área
cultivada com clima favorável e adoção de pacote tecnológico resulta em pluma da melhor qualidade e com alta produtividade. A expectativa de que essa produção se traduza em renda – o que, para quem negocia com o exterior, sempre depende do
comportamento do câmbio – é o que agora ocupa o pensamento de todos.
Neste momento, todo o esforço empreendido aguarda por ser coroado por um único arremate: que essa qualidade
excepcional da pluma se traduza em rendimento excepcional no bolso dos agentes de toda a cadeia. Na linha do horizonte,
é a esse ponto que miram o produtor e o exportador, o fornecedor de insumos e o fabricante de equipamentos, e também
cada colaborador – inclusive o que está acomodado no cockpit de cada máquina colhedora de algodão, ponta-de-lança deste
gigante complexo produtor de uma matéria-prima fundamental no mundo.
O horizonte promete coisas muito boas, sim. Que elas se concretizem, é isso o que almeja o Anuário Brasileiro do Algodão
2011. E que elas reverberem seus efeitos positivos para a nova temporada, que logo começará a ganhar contornos.
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Inor /Ag. Assmann
Line on the horizon
Brazil is acknowledged as relevant and extremely competitive producer of cotton, in a position to supply the domestic
and the international clients with absolute regularity and
quality. On account of this profile and background, Brazil
firmly joined the list of the huge exporters, and has gradually
been expanding its partnerships across all continents.
The forwardness that resulted from the performance in
the global marketplace impregnated the Brazilian growers
with unprecedented entrepreneurial drive and courage. The
farms devoted to cotton growing detected in this crop an example of specialization and technological innovation, clearly
reflecting what has translated into solidness and modernization of the entire production system.
By investing in avant-garde techniques, and by prospecting novelties, Brazilian cotton farming incorporated the
elements that were missing to comply with all the requisites of
modern, flexible, dynamic and competitive agribusiness. In all
the other elements, Brazil was already enjoying a unique position: there was productive land available, along with climatic
conditions and appropriate soil in different national regions,
and there was vocation to harvest quality fiber. The rest would
obviously depend on the market and on the opportunities
provided by this market. And when the scenario of the global
market points to favorable perspectives on the demand side,
8
the production sector quickly demonstrates what its performing capacity is. This is what is occurring in the 2010/11 crop,
when the combination of cultivated area and favorable climate
conditions, along with the technological package, are resulting
into a crop of high quality fiber, accompanied by high yields.
The expectation for this production to translate into profit
– which, for those who negotiate with foreign buyers, always
depends on the behavior of the exchange rate - is exactly what
at the moment is on the mind of everybody.
At this moment, every effort done so far is waiting to
be crowned by just one outcome only: the hope that this
exceptional quality of the fiber will translate into exceptional
profits for the agents in the entire production chain. On the
horizon line, this is the point targeted by producers, exporters, input suppliers and equipment manufacturers, and every
collaborator, too – even those who are accommodated in
the cockpit of every cotton harvester, spearhead of this giant
complex, the producer of a raw material of fundamental
importance in the world.
Yes, the horizon has good things in store. Our wish is
for them to materialize, a wish that is also the focus of the
Brazilian Cotton Yearbook 2011. Our wish is for them to
reecho their encouraging effects over the new season, which
will soon gain shape.
Cenário
Scenario
Superbranco
Com acréscimo de 70%, colheita brasileira de algodão
será recorde na safra 2010/11, resultado de aumento
de área e de melhoria na produtividade
Uma safra para ser lembrada. Provavelmente esse será o comentário para se referir à temporada 2010/11 da cotonicultura
nacional, que é marcada por uma conjuntura positivamente atípica. Depois de obter colheita recorde no período 2007/08,
com 1,602 milhão de toneladas em pluma, as lavouras de algodão passaram por um período de forte retração, com queda
tanto em área quanto em produção. Frente a isso, não poderia deixar de impressionar o acréscimo de 70,7% na colheita
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Inor /Ag. Assmann
estimado para o ciclo em andamento.
Os dados do 8º Levantamento de Safra da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), divulgado em maio, apontam para produção de
2,037 milhões de t em pluma, 843,5 mil t a mais que as 1,194 milhão de
t obtidas no ciclo 2009/10. O maior volume previsto deverá ser beneficiado pelo acréscimo de 3,5% na produtividade. Conforme a Conab, o
rendimento médio do algodão em caroço poderá alcançar a 3.762 quilos
por hectare, ultrapassando os 3.634 kg/ha do período anterior. Em fibra,
o rendimento deverá ser de 1.490 kg/ha, superando o maior volume de
1.487 kg/ha, registrado em 2007/08.
Além do clima favorável, também contribui para a perspectiva de
maior produtividade o pacote tecnológico aplicado pelos agricultores das
diversas regiões do País, especialmente nos estados de Mato Grosso do
Sul, Bahia e Goiás, com médias estimadas de 3.900 kg/ha em caroço. “O
produtor de algodão usa tecnologia de ponta e é muito cuidadoso, pois
a cultura tem um custo muito elevado. Um hectare custa o equivalente a
três de soja”, compara Djalma Fernandes de Aquino, gerente da Área de
Fibras e Produtos Especiais e Regionais da Conab.
Aquino explica que no plantio adensado o rendimento tende a ser
menor por concentrar um maior número de plantas, gerando maçãs inferiores. “Nesse caso,
o ganho é obtido com a maior produção
PRODUTORES
por área e o gasto menor com inseticidas
DEVEM
e herbicidas, pois o ciclo é 35 dias menor
COLHER 2
que o sistema convencional.”
MILHÕES DE
A produtividade brasileira só compete
TONELADAS
com a de países como Austrália e China.
Mas se a lavoura atual render os 1.490 kg/
ha de fibra estimados, será maior que os 1.422
kg/ha colhidos na Austrália, que teve problemas
com
o clima, e os 1.226 kg/ha da China. Os Estados Unidos, por exemplo,
colheram 900 kg/ha em 2010/11. Para a safra 2011/12, a previsão mantém
o volume atual para Estados Unidos e China em 1.300 kg/ha e para Austrália em 1.990 kg/ha. O gerente da Conab antecipa que a Índia deverá ser uma grande
concorrente do Brasil no futuro. “Só precisa investir em tecnologia para aumentar a sua produtividade de 500 kg/ha.” Os
indianos deverão plantar 11,719 milhões de hectares na próxima temporada.
PREFERIDO Em relação à qualidade da fibra, a brasileira não perde em nada para a produzida na Austrália, defende
Djalma Fernandes de Aquino, da Conab. Segundo ele, o produto nacional é preparado para atender à demanda do comprador. “A qualidade do algodão brasileiro na atualidade é muito boa”, reforça Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, pesquisador da Embrapa Algodão, de Campina Grande (PB).
Beltrão salienta que o produto nacional possui fibra média, com comprimento fibrográfico e HVI de 28,5 mm, finura entre
3,5 a 4,5 de I.M, resistência média entre 28 a 32 gf/tex, uniformidade superior a 81% e percentagem de fibras inferior a 8,7%.
A fibra com essas qualidades atende à fiação de títulos Ne 8/1 a 40/1. A vantagem para o Brasil é que a média é a fibra mais
consumida no mundo todo. O pesquisador da Embrapa também avalia como muito bom o beneficiamento da pluma nacional,
principalmente em Mato Grosso e no Oeste da Bahia. Ressalta ainda a melhoria nas embalagens e na identificação dos fardos.
11
Super white
With a 70-percent increase, Brazil’s cotton crop
will hit a record in the 2010/11 season, as a result
of bigger planted area and higher yield
of-the-art technology and they are very careful, seeing that
A crop to be remembered. This will probably be the comment in any reference about the 2010/11 national cotton farm- the crop is very cost-intensive. One hectare of cotton equals
three hectares of soybean, in terms of production costs”, Says
ing season, which is marked by a positively atypical scenario.
Djalma Fernades de Aquino, manager of the Fiber, Regional
After a record crop in the 2007/08 season, with 1.602 million
and Special Products department at Conab.
tons of fiber, the cotton fields experienced a period of strong
Aquino explains that in dense plantations, yields tend
retraction, with both area and production volume decreasing.
to decrease because of the concentration of a bigger number
Considering this decline, what turns out to be very impressive
of plants, generating smaller bolls. “In this case, gains are
is the 70.7% increase estimated for the current season.
derived from bigger productions per areas and lower
The figures from the 8th crop survey conducted by the
costs with insecticides and herbicides, since the
National Supply Company (Conab), disclosed
cycle is 35 days shorter than in the convenin May, point to a volume of 2.037 million
tional system”.
tons of fiber, 843.5 million tons more than
PRODUCERS
Brazilian productivity rates only compete
the 1.194 million tons harvested in the
ARE TO
with
countries like Australia and China. But if
2009/10 crop year. The expected higher
HARVEST 2
the current crop confirms the estimated 1,490
volume is to benefit from the 3.5-percent
MILLION TONS
kg of fiber per hectare, it will surpass the 1,422
increase in productivity. According to
kg/ha harvested in Australia, which experienced
Conab, average yields of seed cotton may
climate problems, and the 1,226 kg/ha in China.
reach 3,762 per hectare, outstripping the 3,634
The United States, for example, harvested 900 kg/ha in
kg/ha of the previous period. In terms of fiber, the
2010/11. For the 2011/12 crop year, the forecast maintains
projection is for 1,490 kg/ha, surpassing the highest volume
the present volume for the United States and China at 1,300
of 1,487 kg/ha, registered in 2007/08.
kg/ha and for Australia, at 1,990 kg/ha. The manager of
Besides the favorable climate, another factor that has a say
Conab anticipates that India is poised to become a tight
in the perspective for higher productivity rates is the technocompetitor of Brazil in the future. “For this country, it is
logical package incorporated by the farmers in the different
just a matter of investing in technology if the 500 kg/ha
regions across the Country, especially in the states of Mato
productivity rate is to be surpassed”. The growers in India
Grosso do Sul, Bahia and Goiás, with averages estimated at
3,900 kg/ha of seed cotton. “Cotton producers resort to state- are to plant 5.530 million hectares in the next crop.
PREFERRED In terms of fiber quality, Brazil is
not lagging behind Australia, argues Djalma Fernandes
de Aquino, from Conab. According to him, our national
product is prepared to meet buyer requirements. “At present, the quality of Brazil’s cotton is very good”, strengthens
Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, Embrapa Cotton
researcher, based in Campina Grande (PB).
Beltrão stresses that our national product has plenty of
medium-weight cotton, with fibrograph length and HVI of
12
28.5 mm, fineness from 3.5 to 4.5 of I.M, medium resistance from 28 to 32 gf/tex, uniformity higher than 81% and
percentage of fibers inferior to 8.7%. Fiber with such qualities
meets the requirements of weaving number from 8/1 to 40/1.
Brazil’s edge lies in the fact that the medium-weight cotton
is the most consumed in the world. The Embrapa researcher
also views our national cotton processing is very good, particularly in Mato Grosso and Western Bahia. He also stresses
the improvements to bale packaging and bale identification.
Uma imensidão
Plantio brasileiro de algodão estende-se por 1,38
milhão de hectares na safra atual, representando
acréscimo de 66% em relação ao ciclo anterior
A cotonicultura brasileira deu um salto monumental na
temporada 2010/11, que começou em agosto de 2010 e segue
até julho de 2011. Em relação ao período anterior, a área foi
ampliada em 550,5 mil hectares, significando crescimento de
65,9%. O cultivo atual soma 1,38 milhão de hectares, contra
os 835,7 mil ha plantados no ciclo 2009/10. Os dados do 8º
Levantamento de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em maio, mostram que a elevação
se refletirá em uma colheita 70% maior, devendo totalizar
2,037 milhões de toneladas em pluma.
Os produtores optaram pelo aumento de área influenciados pelos fundamentos do mercado mundial, que apontava para um volume
de oferta de matéria-prima inferior
ao consumo, estoques de passagem
LAVOURA É
baixos e preços em elevação. No
AMPLIADA
entanto, as cotações começaram
EM 550,5 MIL
a declinar depois de atingirem,
HECTARES
em março último, o valor médio
de R$ 131,47 a arroba, conforme
índice do Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq). Mesmo assim, o
valor de R$ 76,69 a arroba, verificado em maio, estava bem
acima do preço mínimo de R$ 44,60. “Antes de decidirem
o plantio, os produtores avaliam os resultados das safras de
países do hemisfério norte e os aspectos conjunturais do
mercado, além de analisar de forma detalhada o quadro
de oferta e demanda mundial, dando ênfase aos números
finais de estoques de passagem”, explica Djalma Fernandes
de Aquino, gerente da Área de Fibras e Produtos Especiais e
Regionais da Conab.
Nos estados de Mato Grosso e Goiás, por exemplo, o
algodoeiro ocupou a lavoura destinada para a segunda safra
de soja. “Qualquer área que o produtor deixar de plantar
para cultivar o algodão é um espaço grande para a cultura”,
lembra Aquino. Em São Paulo, a cotonicultura avançou
sobre outros plantios, como o de cana-de-açúcar, passando
de 4,9 mil ha para 18 mil ha na atual temporada.
Conforme Aquino, em maio, a situação climática confirmava a tendência favorável para o bom desempenho da cultura. A exceção era o plantio adensado em Mato Grosso, que
necessitava mais chuva. As lavouras convencionais, semeadas
entre novembro e dezembro, estavam indo bem e representam 55% do cultivo nacional. O restante foi plantado na
segunda safra, que ocorreu entre o fim de janeiro e o início
de fevereiro. Dos 45% de segunda safra ou safrinha, entre
15% e 20% foram semeados no sistema adensado.
NA PONTA A região Centro-Oeste lidera a lavoura nacional com participação de 64% sob o total. Além disso,
segundo a Conab, a região registrou aumento de 65,7% em área no período 2010/11, com destaques para os estados de
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com incrementos de 82%, 69% e 61,1%, respectivamente.
Em Mato Grosso, principal produtor nacional, a extensão foi maior, principalmente, na primeira safra ou convencional.
A janela de plantio para o algodão de segunda safra foi prejudicada pelo cultivo tardio de soja em função da falta de chuva.
Até o fim de abril, as lavouras de Mato Grosso estavam em fase de floração e frutificação, beneficiadas pelo clima normal e a
previsão de que continuaria favorável. Com isso, mantinha a expectativa de bons índices de produtividade média.
A região Nordeste está em segundo lugar no ranking, contribuindo com 32% da colheita brasileira. O aumento
do plantio foi verificado nos estados da Bahia (região de Barreiras), Piauí e Maranhão, na ordem de 50,5%, 185,3%
e 55,6%, respectivamente. Em termos de crescimento de área, de uma temporada para outra, a região Sudeste foi
extremamente longe, com avanço de 267% em São Paulo e de 110,7% em Minas Gerais.
As lavouras mineiras também encontravam-se em fase de floração e início de frutificação no fim de abril. A
produtividade média estimada era de 3.696 quilos por hectare, cerca de 0,65% menor que o período anterior, face
ao aumento do cultivo no Norte do Estado, que historicamente apresenta menor rendimento quando comparado às
demais regiões produtoras.
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In plentiful supply
Brazilian cotton plantations cover 1.38 million hectares
in the current crop, up 66% from the previous cycle
Brazilian cotton farming business made huge strides in the 2010/11 crop year, which started in August 2010 and ends in
July 2011. With regard to the previous period, the area was expanded by 550.5 thousand hectares, meaning a 65.9-percent
growth rate. Current cultivations amount to 1.38 million hectares, compared to 835.7 thousand hectares in the 2009/10
cycle. The data from the 8th crop survey conducted by the National Supply Company (Conab), disclosed in May, show that
the increase in area will reflect into a 70-percent bigger harvest, totaling 2.037 million tons of fiber.
The producers made the option for expanding their planted areas under the influence of the international scenario, which was pointing to supplies lagging behind consumption, low carryover stocks and
soaring prices. However, prices began to recede after reaching a maximum of R$ 131.47 an arroba,
last March, according to figures released by the Center for Advanced Studies on Applied EconomPLANTATIONS
ics at the Luiz de Queiroz Higher Agriculture School (Cepea/Esalq). Nonetheless, the value of R$
SOAR BY 550.5
76.69 per arroba, practiced in May, was way above the minimum price of R$ 44.60 an arroba.
THOUSAND
“Before taking decisions regarding their plantations, the farmers take into consideration the crops in
HECTARES
the countries of the Northern Hemisphere and market structural aspects, besides analyzing in detail
the global supply and demand picture, placing emphasis on the final carryover stocks figures”, explains
Djalma Fernandes de Aquino, manager of Conab’s Fiber, Special Products and Regional Products Area.
In the states of Mato Grosso and Goiás, for example, cotton occupied areas which had previously been
earmarked for soybeans. “Any area growers destine for cotton, instead of other crops, represents a huger area for cotton”,
Aquino recalls. In São Paulo, cotton replaced other plantations, like sugar cane, jumping from 4.9 thousand hectares to
18 thousand in the current crop. According to Aquino, in May, the climate was confirming a favorable trend for the good
performance of the crop. Exceptions included the dense plantations in Mato Grosso, where more rain was needed. The conventional fields, planted from November to December, were shaping up well and they represent 55% of the entire national
crop. The remaining fields were planted for the second crop, from late January to early February. Of the 45% of the second
crop, also known as winter crop, from 15% to 20% were seeded in the dense cultivation system.
DE FARDO EM FARDO • FROM BALE TO BALE
Suprimento brasileiro de algodão em pluma (em mil t)
Discriminação
2006
2007
2008
2009
*2010
**2011
1.643,8
1.976,7
2.203,2
1.889,2
1.634,1
2.284,5
524,4
355,9
567,3
661,1
400,7
106,7
1.037,8
1.524,0
1.602,2
1.213,7
1.194,1
2.037,8
Centro/Sul
702,8
1.044,4
1.062,2
804,1
755,2
1.373,9
Norte/Nordeste
335,0
479,6
540,0
409,6
438,9
663,9
Importações
81,6
96,8
33,7
14,5
39,2
140,0
1.287,9
1.409,4
1.542,1
1.488,5
1.527,4
1.695,6
Consumo interno
983,4
990,0
1.009,2
983,6
1.014,9
1.065,6
Exportações
304, 5
419,4
532,9
504,9
512,5
630,0
Estoque final
355,9
567,3
661,1
400,7
106,7
588,9
3,3
4,8
5,1
3,2
0,8
4,2
Oferta
Estoque inicial
Produção
Inor /Ag. Assmann
Demanda
16
Meses de consumo
Fonte: Conab/Secex/SRF-MF/Sinditêxtil-Abit/Anea/Cooperativas
Elaboração: Conab /*Preliminar /**Estimativa
Desde 1999 não é mais considerado o resíduo, cerca de 10%, no consumo
FRONT RUNNER The Center-West region leads
our national plantations, with a share of 64% of the total.
Furthermore, according to Conab, the region’s planted
area went up 65.7% in the 2010/11 crop, Particularly in
the states of Goiás, Mato Grosso and Mato Grosso do Sul,
with increases of 82%, 69% and 61.1%, respectively. Mato Grosso, leading national producer, celebrated
bigger expansions, especially in the first or conventional
crop. The time period for planting the second crop was
affected by the delay of the soybean crop, induced by dry
weather conditions. By the end of April, the fields in Mato
Grosso were going through the flowering and fruiting
stage, taking advantage of the normal climate conditions
and the forecast for prolonged good weather. This gave rise
to expectations for good average productivity rates.
The Northeast ranks second, with a share of 32%
in Brazil’s total crop. Soaring plantations were detected
in the states of Bahia (Barreiras region), Piauí and
Maranhão, in the following order: 50,5%, 185.3%
and 55,6%, respectively. In terms of area growth, from
one season to the next, the Southeast made exceptionally huge strides, with advances reaching 267% in São
Paulo and 110.7% in Minas Gerais.
The plantations in Minas Gerais were also in the
flowering and fruiting stage by the end of April. Estimated average productivity was 3,696 kilos per hectare,
down 0.65% from the previous season, in light of the
area increases in the North of the State, whose performance has historically been lower than in the other
cotton producing regions.
NAS ALTURAS • IN THE HEIGHTS
Comparativo de área, produtividade e produção - Algodão em pluma - Safras 2009/10 e 2010/11
Região/UF
Área (mil ha)
Produtividade (kg/ha)
Produção (mil t)
09/10
10/11
Var. (%)
09/10
10/11
Var. (%)
09/10
10/11
Var. (%)
Norte
4,0
5,5
37,5
1.346
1.421
5,6
5,4
7,8
44,4
TO
4,0
5,5
36,6
1.346
1.421
5,6
5,4
7,8
44,4
Nordeste
288,3
440,4
52,8
1.504
1.490
(0,9)
433,5
656,1
51,3
MA
11,3
17,6
55,6
1.486
1.470
(1,1)
16,8
25,9
54,2
PI
5,9
16,8
185,3
1.363
1.488
9,2
8,0
25,0
212,5
CE
2,7
3,1
14,8
263
420
59,7
0,7
1,3
85,7
RN
3,0
3,9
30,0
175
233
33,1
0,5
0,9
80,0
PB
0,5
3,4
580,0
64
224
250,0
-
0,8
-
PE
2,5
1,5
(40,2)
210
252
20,0
0,5
0,4
(20,0)
AL
1,6
1,6
-
105
126
20,0
0,2
0,2
-
BA
260,8
392,5
50,5
1.560
1.533
(1,7)
406,8
601,6
47,9
Centro-Oeste
523,4
889,6
70,0
1.389
1.462
5,3
726,7
1.300,8
79,0
MT
428,1
723,5
69,0
1.363
1.447
6,2
583,5
1.046,5
79,3
MS
38,6
62,2
61,1
1.445
1.521
5,3
55,8
94,6
69,5
GO
56,7
103,2
82,0
1.542
1.536
(0,4)
87,4
158,6
81,5
DF
-
0,7
-
-
1.513
-
-
1,1
-
Sudeste
19,9
49,6
149,2
1.424
1.445
1,5
28,4
71,7
152,5
MG
15,0
31,6
110,7
1.458
1.449
(0,6)
21,9
45,8
109,1
SP
4,9
18,0
267,0
1.318
1.439
9,2
6,5
25,9
298,5
Sul
0,1
1,1
1.000,0
779
1.240
59,2
0,1
1,4
1.300,0
PR
0,1
1,1
998,0
779
1.240
59,2
0,1
1,4
1.300,0
Norte/Nordeste
292,3
445,9
52,5
1.502
1.489
(0,9)
438,9
663,9
51,3
Centro-Sul
543,4
940,3
73,0
1.390
1.461
5,1
755,2
1.373,9
81,9
Brasil
835,7
1.386,2
65,9
1.429
1.470
2,9
1.194,1 2.037,8
70,7
Fonte: Conab/Levantamento de maio de 2011
17
Recorde em dobro
Desempenho das exportações brasileiras de
algodão no ciclo 2011/12 pode ser o melhor já
obtido, com o embarque de 900 mil toneladas
Se a exportação de 900 mil toneladas de algodão em pluma prevista para o período 2011/12 for confirmada, será o
maior volume já embarcado pelo Brasil, além de ser o dobro
do vendido no ciclo anterior. O dado é uma projeção da
Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea),
realizada em maio de 2011 e que aponta para receita de US$
1,6 bilhão. A perspectiva positiva está atrelada à colheita
recorde de 2,037 milhões de toneladas em pluma estimada
para a safra 2010/11, 70,7% acima da produção antecedente. De acordo com a Anea, o maior volume já enviado a
outros países foi 600 mil t na temporada 2007/08.
Segundo o presidente da associação, Marcelo Escorel,
conta a favor do produto brasileiro a excelente aceitação no
mercado internacional devido à boa qualidade e à confiança
que o setor conquistou por cumprir prazos e leis. “Em termos físicos, é um algodão absolutamente confiável”, ressalta.
Os negócios externos ainda são favorecidos pela estimativa
de menor produção em países exportadores, como Estados
Unidos. Porém, o dirigente da Anea destaca que, devido
ao recente aumento de preços, houve redução na demanda
mundial, inclusive da China, grande importadora do Brasil.
“A nossa forte exportação continua firme, pois a grande
maioria dessa venda futura já foi contratada”, afirma Escorel.
Segundo estatísticas da Anea, de julho a dezembro de 2010
os embarques somaram 377 mil t. A expectativa era enviar
para fora do País mais 65 mil t e totalizar 442 mil t até junho
de 2011, quando é finalizado o ciclo 2010/11. Nesse período,
as regiões que mais importaram a pluma nacional foram Ásia,
América do Sul e União Europeia. Entre os países compradores
destacam-se Indonésia, Coreia do Sul, China, Turquia, Tailân-
dia, Paquistão, Taiwan, Bangladesh, Japão e Vietnã.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
também apura dados de exportação, com a diferença de o
cálculo ser feito por ano. Em 2010, as vendas externas foram
de 512.507 t, resultando em US$ (FOB) 821.608. No ano
anterior, foram enviadas 504.916 t, o que rendeu US$ (FOB)
684.577. Para 2011, a Conab estima o embarque de 630 mil
t. “As exportações brasileiras vêm mostrando, desde 2000,
uma trajetória de crescimento, com exceção de 2002, 2006 e
2009, que apresentaram diminuição em relação ao ano anterior”, destaca Djalma Fernandes de Aquino, gerente da Área
de Fibras e Produtos Especiais e Regionais da Conab.
O presidente da Anea explica que as vendas externas são
mais fortes de julho a novembro por ser o período de entressafra dos países do hemisfério norte, que respondem por 90%
da produção mundial. “Com isso, o mercado internacional
passou a contar com o algodão do Brasil, que só concorre com
o da Austrália, pela alta qualidade, e com o da África, mas este
ainda não tem a mesma confiança do brasileiro”, compara.
O setor exportador nacional enfrenta problemas relacionados à logística. Conforme Escorel, as dificuldades incluem
as condições precárias de estradas e a falta de equipamentos,
como caminhões. Cita o estrangulamento nos portos com a
demanda crescente e a falta de investimento na modernização.
Outra necessidade é a disponibilização de linhas marítimas
internacionais para todos os portos que teriam capacidade
para realizar exportações. “Esse problema poderia ser solucionado com a cabotagem, que hoje é impedida por regras”, diz.
Ele aponta que os embarques também são prejudicados pela
burocracia existente entre estados produtores e união.
EM CASA A previsão é que o mercado interno consuma ao redor de 1,1 milhão de toneladas de algodão em pluma no
período 2010/11. De julho de 2010 a abril de 2011, a importação somou 97,3 mil t. A Anea prevê que, até junho, o ciclo
seja finalizado com volume total de 146,6 mil t. O produto vem, principalmente, dos Estados Unidos, da Argentina, do
Paraguai e do Egito, entre outros países. A expectativa é que as importações possam ser de até 170 mil t no período 2011/12.
Os preços altos em função da oferta reduzida dificultam, desde 2010, o desempenho da indústria têxtil nacional. Para
amenizar o problema, o governo federal autorizou a importação de até 250 mil t de algodão sem imposto, entre outubro de
2010 e 30 de junho de 2011. Na avaliação de Marcelo Escorel, da Anea, esse é um exemplo da boa relação mantida entre
produtores, comerciantes e indústria. “Quanto maior a safra, mais beneficiados serão todos os setores da economia têxtil.”
18
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Inor /Ag. Assmann
Double record
Performance of Brazilian cotton exports in the
2011/12 season might be the best ever, with
the shipment of 900 thousand tons
If the export of 900 thousand tons of cotton scheduled
for the 2011/12 crop year confirms, it will be the largest
volume ever shipped abroad by Brazil, besides representing
twice as much as the previous year exports. The figure is a
projection by the National Association of Cotton Exporters
(Anea), disclosed in May 2011, which points to revenue of
US$ 1.6 billion. The positive perspective is chained to the
record harvest of 2.037 million tons of fiber estimated for
the 2010/11 crop, up 70.7% from the previous production.
According to Anea, the biggest volume ever shipped abroad
took place in the 2007/08 crop year.
According to the president of the association, Marcelo
Escorel, what comes in favor of the Brazilian product is its
20
excellent reputation in the international marketplace due to
its good quality and the confidence the sector has conquered
resulting from its compliance with timeframes and laws. “In
physical terms, it is absolutely reliable cotton”, he stresses.
The foreign businesses also take advantage of the smaller
crop projections in exporting countries, like the United
States. Nonetheless, the Anea official recalls that, in light of
the recent price increases, global demand declined, including China, a huge importer or Brazilian cotton. “Our steady
exports continue on track, as most of these future sales have
already been contracted”, says Escorel.
According to data released by Anea, from July to December 2010 shipments amounted to 377 thousand tons. The
expectation is for shipping abroad 65 thousand
tons, totaling 442 thousand tons until June,
when the 2010/11 cycle comes to a close. During this period, the regions that led purchases of
Brazilian cotton were Asia, South America and
the European Union. The purchasing countries
that stand out over the others are Indonesia,
South Korea, China, Turkey, Thailand, Pakistan,
Taiwan, Bangladesh, Japan and Vietnam.
The National Supply Company (Conab) also
ascertains export figures, with the difference that
the calculations are done on a yearly basis. In
2010, foreign sales reached 512,507 tons, resulting into US$ (FOB) 821,608. In the previous
year, shipments totaled 504,916 tons, bringing
in US$ (FOB) 684,577. For 2011, Conab estimates shipments at 630 thousand tons. “Since
2000, Brazilian exports have been pointing to a
soaring trajectory, with the exception of 2002,
2006 and 2009, when exports were down from
the previous year”, says Djalma Fernandes de
Aquino, manager of Conab’s Fiber and Special
and Regional Products Division.
The president of Anea explains that foreign
sales normally get more intense from July to November, as it is off-season time in the northern
hemisphere countries, where 90% of global cotton is produced. “Due to this, the international
market began to rely on Brazilian cotton, which
only competes in quality with Australia and
Africa, but the latter does not enjoy the same
confidence level as Brazil”, he compares.
The national export sector faces problems
related to logistics. In the words of Escorel, the
difficulties include roads in poor condition and
the lack of equipment, like trucks. He cites
bottleneck problems in ports stemming from
rising demand and the lack of investments in
modern structures. Another need has to do
with the availability of international maritime
services at all ports in a position to carry out
exports. “This problem could be solved through
coastwise shipping service, which is currently
suffering restrictions”, he says. He also blames
bureaucracy procedures between States and the
federal government as shipping hurdles.
AT HOME The forecast is for the domestic market to
consume 1.1 million tons of cotton fiber over the 2010/11 period.
From July 2010 to April 2011, imports reached 97.3 thousand
tons. The product comes mainly from the United States, Argentina, Paraguay and Egypt, and other countries. Imports over the
2011/12 period are estimated at 170 thousand tons.
The high prices by virtue of tight supplies have been jeopardizing the performance of the national textile industry since 2010. To
cushion the problem, the federal government authorized imports
of up to250 thousand tons in the 2011/12 period, from October
2010 to 30th June 2011. In Marcelo Escorel’s evaluation this is an
example of good relations between growers, dealers and industries.
“The bigger the crop, the more benefits will be reaped by all the
sectors of textile economy”.
ENCAMINHADO • FORWARDED
Exportação de algodão em pluma por país (janeiro a dezembro)
2009
2010
País de destino
Quant.
(t)
Valor US$
1.000 FOB
Quant.
(t)
Valor US$
1.000
FOB
Argentina
14.480
19.047
12.505
19.303
Bangladesh
4.622
6.075
16.090
25.939
China
49.066
66.797
84.583
140.152
Coreia Rep. Sul
96.965
135.736
99.718
158.585
Indonésia
128.405
174.751
121.187
194.595
Japão
12.042
17.270
16.378
25.252
Paquistão
43.089
58.372
35.953
56.528
Tailândia
30.087
41.592
34.436
53.884
Taiwan (Formosa)
29.416
40.920
18.989
30.184
Turquia
11.921
16.750
35.362
55.745
Vietnã
13.721
17.381
12.646
20.340
Outros
71.103
89.885
24.660
41.100
Total
504.916
684.577
512.507
821.608
Fonte: Secex Elaboração: Conab/Degem/Suinf
21
Um produto
que marca
Cadeia produtiva vem desenvolvendo forte
campanha para divulgação e projeção do
algodão e de seus produtos no mundo todo
O algodão brasileiro conquista espaços em nível mundial institucional, envolvendo todas as associadas.
A primeira viagem ocorreu entre o fim de abril e o
graças à sua qualidade e também à promoção que vem
sendo feita em torno do produto. À frente desse trabalho se
início de maio de 2011 a Singapura e Hong Kong. Além da
encontra a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
associação nacional (através do presidente, Sérgio De Marco;
(Abrapa), criada em 1999. Ela inclusive está atuando no
do assessor para marketing e coordenador do grupo, Andrew
reposicionamento de marca da instituição e do produto
Macdonald; do vice-presidente, Eduardo Silva Logemann; e
nacional para o público estrangeiro, inspirada em atributos
do tesoureiro, Paulo Kenji Shimohira), participaram dirigencomo leveza, maciez, suavidade e resistência.
tes das associações: mato-grossense (Ampa), Carlos Ernesto
Entre as ações promocionais desenvolvidas pela
Augustin; sul-mato-grossense (Ampasul), Darci
entidade destacam-se as missões ao exterior
Agostinho Boff; goiana (Agopa), Marcelo Jony
Swart; baiana (Abapa), Isabel da Cunha; mineira
e as relações institucionais. Em termos de
(Amipa), Inácio Carlos Urban; paulista (Appa),
idas de delegações a outros países, as assoMISSÕES NO
ciações estaduais vinculadas atuam há mais
Ronaldo Spirlandelli de Oliveira e piauiense
EXTERIOR UNEM
tempo, num trabalho iniciado de forma
(Apipa), Fábio Pereira Júnior. Também particiA ABRAPA E OS
pioneira pela Associação Mato-grossense
pou o senador Blairo Maggi, como representanESTADOS
de Produtores de Algodão (Ampa). A
te oficial do governo brasileiro.
atual gestão da Abrapa tornou essa meta
Essa missão teve importância especial con-
22
Sílvio Ávila
FORÇA INSTITUCIONAL A Abrapa ressalta que vem
fortalecendo suas relações institucionais com diversas forças do mercado
algodoeiro do mundo. Estabeleceu várias parcerias, entre elas:
• International Cotton Conference Bremen, no qual participa dos debates
técnicos e de análise de qualidade da fibra;
• International Cotton Advisory Commitee (Icac) Trade Event, reunindo toda
a cadeia produtiva mundial, em que a entidade brasileira promove mesa de
negociações com representantes das grandes empresas e, em 2010, percebeu
melhora na visão da indústria em relação ao setor produtivo do País;
• Plenárias do Icac, com participação nos últimos três anos em diversos
painéis e temas, além dos Round Tests, que avaliam e comparam o desempenho dos laboratórios que atuam no mundo todo;
• Federação Internacional de Manufaturados Têxteis (ITMF), com
reuniões anuais; a de 2010 foi promovida no Brasil, com a Abrapa como
patrocinadora e palestrante sobre algodão geneticamente modificado;
• China International Cotton Conference, realizada a cada dois anos, com
participação em 2009, inclusive com material promocional em mandarim
e presença garantida no evento de 2011;
• International Forum for Cotton Promotion (IFCP), entidade americana,
uma das principais organizações não governamentais de incentivo ao
consumo e à produção de algodão, à qual a Abrapa se filiou em 2010 e em
2011 deverá visitá-la para conhecer novas iniciativas de divulgação, além
de projetar ações com o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) relativas à
promoção do consumo nacional da fibra.
PAPEL SOCIAL
siderando-se que o mercado asiático é atualmente o maior
importador mundial da fibra, tendo à frente a China, enquanto a Coreia do Sul e o Japão estão entre os três maiores
importadores da pluma brasileira. “Procurou-se reforçar
a alta qualidade do nosso produto, trocar informações e
conhecer o funcionamento da indústria deles”, destaca De
Marco. “A visita foi importante para entendermos como
atendê-los da melhor forma”, acrescenta Macdonald. Após os
contatos com industriais de Singapura, Bangladesh, Malásia,
China e Hong Kong, bem como traders, a expectativa é de
que as vendas para esses países sejam incrementadas, diante
da boa impressão deixada.
Outras atividades nessa área ainda são realizadas pelas
associações, junto com os governos dos estados, como ocorre na Bahia, trazendo inclusive comitivas de estrangeiros
(coreanos e chineses) à região produtora, com fins comerciais e inclusive industriais.
Igualmente ganham destaque as ações de responsabilidade social, como o Programa Socioambiental de Produção de
Algodão (Psoal), o Better Cotton Iniciative (BCI) e a parceria
com o Instituto do Algodão Social (IAS), que agregam valor
e atendem aos requisitos exigidos pelos importadores do
algodão brasileiro.
Com todas essas iniciativas, destaca o presidente Sérgio
De Marco, a Abrapa, abrangendo 98% da área cultivada,
99% da produção e 100% da exportação do produto no
País, consegue fortalecer-se institucionalmente perante outras
importantes entidades do mercado mundial e firma-se como
a representante oficial do algodão brasileiro no mundo.
Nessa condição, ressalta ainda, foi possível inverter o
gráfico de importação e exportação, de modo que hoje o Brasil
vende mais ao exterior do que compra, ao contrário do que
acontecia no fim dos anos de 1990 na cultura. A perspectiva
é de que se prossiga nesta direção, com a imagem do algodão
nacional cada vez mais forte tanto dentro quanto fora do País
e com o aumento vigoroso dos números das vendas externas.
23
A remarkable
product
Production chain has been engaged in strong campaigns to
promote cotton and cotton products around the world
Sílvio Ávila
Brazilian cotton is finding its way into the global markets
thanks to its quality and to publicity initiatives promoting
the product. This publicity work is under the responsibility
of the Brazilian Association of Cotton Producers (Abrapa),
created in 1999. The association is also engaged in repositioning the brand of the institution and of the national
cotton for people abroad, inspired by such attributes as
fluffiness, lightness, smoothness and resistance.
Among the promotional initiatives carried out by the
entity the ones that stand out are the missions abroad and
institutional relations. In terms of visits of delegations to
other countries, the sector’s state associations have been
involved with them for many years, in a work pioneered
by the Cotton Growers’ Association of Mato Grosso
(Ampa). The present board of directors of Abrapa has
24
turned this target into an institutional act, involving all
the affiliated associations. The first trip occurred in late April and in early May
2011 to Singapore and Hong Kong. Besides the national
association (through its president Sérgio De Marco,
market advisor and group coordinator, Andrew Macdonald; vice-president Eduardo Silva Logemann and treasurer
Paulo Kenji Shimohira), officials of the following associations also took part: Mato Grosso Association (Ampa),
Carlos Ernesto Augustin; South Mato Grosso Association (Ampasul), Darci Agostinho Boff; Association of
Goiás (Agopa), Marcelo Jony Swart; Association of Bahia
(Abapa), Isabel da Cunha; Minas Gerais (Amipa), Inácio
Carlos Urban; São Paulo (Appa), Ronaldo Spirlandelli de
Oliveira and Piauí (Apipa), Fábio Pereira Júnior. Senator
Blairo Maggi took part in his capacity as representative of find out the best manners to serve them”, adds Macdonald.
After the contacts with the industries in Singapore, Banglathe Brazilian government.
desh, Malaysia, China and Hong Kong, as well as with
This mission was particularly important conthe traders, the expectation is for the sales to these
sidering that the Asian market is now the bigcountries to soar considerably, in light of the
gest importer of cotton fiber in the world,
MISSION
good impression we made on them.
where the leading buyers are China, while
ABROAD BRINGS
Other activities in this area are also carried
South Korea and Japan are major buyers
TOGETHER
out by the associations, along with the state
of Brazilian cotton. “The focus was on
ABRAPA AND
governments, like in Bahia, even attracting
the high quality of the Brazilian product,
THE
STATES
foreign delegations (Koreans and Chinese)
on the exchange of information and on
to the producing region, with commercial and
the way their industries operate”, says De
industrial purposes.
Marco. “The visit was important for us to
INSTITUTIONAL POWER Abrapa also
stresses that the association has been strengthening the
institutional relations with several giants of the cotton
market throughout the world, entering into the following partnerships:
• International Cotton Conference Bremen, where the
association participates in the technical debates and fiber
quality analyses;
• International Cotton Advisory Commitee (Icac) Trade
Event, bringing together the entire cotton production chain
in the world, with the Brazilian entity promoting negotiation rounds with representatives of huge companies, while
in 2010 an improvement was perceived in the Country’s
production sector from the point of view of the industries.
• Plenary Sessions at Icac, attending several panels and
theme sessions over the past three years, besides the
Round Tests, which evaluate and compare the perfor-
mance of the laboratories that act all over the world;
• International Textile Manufacturers Federation (ITMF),
with annual meetings; the one in 2010 was promoted by
Brazil, sponsored by Embrapa, where an official of the
association gave a lecture on genetically modified cotton:
• China International Cotton Conference, held every
other year, attended by Abrapa in 2009, with promotional material in Mandarin Chinese and the presence
already confirmed to the 2011 event; • International Forum for Cotton Promotion (IFCP),
American entity, a major non-government association
focused on encouraging the consumption and production
of cotton, of which Abrapa became a member in 2010
and a visit has been scheduled to it in 2011 in order to
learn about new publicity steps, in addition to projecting
initiatives with the Brazilian Cotton Institute (IBA) relative to national fiber consumption.
SOCIAL ROLE
Social responsibility actions are equally noteworthy, like the Cotton Production
Socio-Environmental Program (Psoal), the Better Cotton Initiative (BCI) and the
partnership with the Social Cotton Institute (IAS), which add value to the product and
comply with the requisites required by the importers of Brazil’s cotton.
With all these initiatives, says president Sérgio de Marco, Abrapa, comprising 98%
of the cultivated area, 99% of the production and 100% of the product exported by the
Country, manages to get stronger before other relevant entities in the international market and achieves the status as official global representative of Brazil’s cotton.
Under such circumstances, he also insists, it was possible to reverse the import and
export chart, and now Brazilian cotton sales abroad outstrip its imports, contrary to what
was happening in the late 1990s.The perspective is for a continuity towards this direction, with the image of the national cotton getting more and more convincing both at
home and abroad, while the foreign sale figures are rising steadily.
25
Grupo seleto
Quarto maior produtor mundial de algodão,
Brasil é referência também entre exportadores pela
qualidade da fibra e ausência de contaminação
sua participação no uso mundial. Além disso, em função da
O Brasil melhora cada vez mais sua posição entre os
menor oferta e da alta dos preços, muitas processadoras estão
principais produtores de algodão do mundo. Atualmente,
esperando pela safra 2010/11 para retomarem as operações
apresenta a quarta maior colheita e é o quinto em exportacom capacidade total.
ções, conforme a Associação Brasileira dos Produtores de
O levantamento do Icac registra que a safra atual iniciou
Algodão (Abrapa). A posição atual é reflexo do avanço pelo
com os menores estoques dos últimos 15 anos, com 8,6
qual a cadeia produtiva passou nos últimos dez anos, perímilhões de t. O consumo, que havia reduzido em 6% no
odo em que o País deixou de se destacar como importador
período 2009/10, continuou firme na primeira metade de
para despontar como exportador. Para o presidente da
2010/11. Além disso, o aumento da produção em 8% no
Abrapa, Sergio De Marco, o bom desempenho é consequhemisfério norte foi menor do que o esperado. Compras
ência da qualidade do produto nacional. “Alcançamos um
apressadas no começo da temporada também contribuíram
nível de qualidade da fibra e de ausência de contaminação
para que os estoques se esgotassem rapidamente.
que já é reconhecido tanto no mercado interno
A colheita no hemisfério sul, particularquanto no externo.”
mente no Brasil e na Austrália, cresceu em
Segundo dados da Abrapa, os principais
PRODUÇÃO
54%, atingindo o recorde de 3,15 milhões de
produtores são China (6,400 milhões de toGLOBAL
DEVE
t, resultado dos bons preços e das condições
neladas), Índia (5,300 milhões de t), Estados
CRESCER 8,83%
favoráveis do clima. O esperado era que a
Unidos (3,940 milhões de t), Brasil (2,037
NA
SAFRA
2011/12
chegada da safra do hemisfério sul, em maio,
milhões de t) e Paquistão (1,910 milhão de
pudesse colocar pressão nas cotações, mas a
t). O boletim de maio do Departamento de
maior parte do algodão já estava negociada.
Agricultura dos Estados Unidos (USDA) previa
O atual cenário aponta queda de até 3% nos
safra mundial de 24,9 milhões de t de pluma. Para
estoques globais em 2010/11, baixando para 8,4 milhões
a temporada 2011/12, a projeção é de 27,1 milhões de
de t, o que significa sobra menor para o início de 2011/12.
t, representando crescimento de 8,83%. Os maiores países
Para este período, a expectativa é que a produção continue
produtores deverão aumentar sua produção, com exceção
crescendo e aumente em 11%, atingindo o recorde de 27,6
dos Estados Unidos, cuja previsão aponta redução de 0,58%
milhões de t, favorecida pelo incremento de plantios na
em função das condições climáticas, principalmente do
maioria dos países produtores.
clima seco registrado no Texas.
A oferta mais elevada de pluma vai suprir a demanda em
O consumo total de algodão no mundo em 2010/11
2011/12, mas os preços altos e a concorrência com as fibras
foi estimado, em maio, em 25,1 milhões de t pelo Internaquímicas irão limitar o crescimento do uso do algodão a 3%.
tional Cotton Advisory Committee (Icac), praticamente o
mesmo volume utilizado no ciclo anterior. Segundo o órgão, O excedente da produção mundial no período é estimado
em 1,7 milhão de t, proporcionando a recuperação dos estoa diminuição nas fiações e a acentuada mudança para as
ques finais, que poderão chegar a 10,1 milhões de t.
fibras químicas estão reduzindo a procura pelo algodão e
26
Selective group
Fourth largest cotton producer in the world,
Brazil is also a reference among exporters for the
quality of the fiber and absence of contaminants
Brazil is climbing from one position to the next among the leading cotton exporters in the world. Currently, the Country
ranks fourth in production and fifth in exports, according to the Brazilian Association of Cotton Producers (Abrapa). The
present position reflects the strides made by the production chain over the past ten years, a period in which the Country
began to shed its importer status while assuming a position as exporter. The president of Abrapa, Sergio De Marco, understands that the good performance stems from the quality of our national crop. “We have managed to achieve a quality level
of our fiber, and absence of contaminants, now acknowledged both and home and abroad”.
According to data by Abrapa, the leading producers are China (6.400 million tons), India (5.300 million tons), the
United States (3.940 million tons), Brazil (2.037 million tons) and Pakistan (1.910 million tons. The United States Department of Agriculture (USDA) bulletin, published in May, estimated the global cotton crop at 24.9 million tons of fiber. For
the 2011/12 season, the projection is for 27.1 million tons, up 8.83%. The leading cotton producing countries are supposed to increase their crops, with the exception of the United States, where unfavorable climate conditions, particularly the
drought conditions in Texas, point to a reduction of 0.58%.
Total cotton consumption in the world in 2010/11 was estimated at 25.1 million tons by the International Cotton
Advisory Committee (Icac), almost a repeat of last year’s consumption. According to the organ, a reduction in weaving
28
Sílvio Ávila
GLOBAL
PRODUCTION
TO SOAR
8.83% IN THE
2011/12 CROP
operations and a steep change for synthetic fiber are putting the brakes on demand
for cotton and its share in global use. Furthermore, By virtue of smaller supplies and
soaring prices, many cotton mills are waiting for the 2011/12 crop to resume their
operations in full capacity.
The survey conducted by ICAC notes that the current crop started with the smallest carryover
stocks in the past 15 years, with 8.6 million tons. Consumption, which had fallen 6% over the
2009/10
season, continued stable in the first half of 2010/11. Moreover, the 8-percent rise in production in the northern hemisphere
did not meet expectations. Hasty purchases early in the season were also a factor in the smaller than normal stocks.
Harvest in the southern hemisphere, especially in Brazil and Australia, went up 54% to a record of 3.15 million tons,
stemming from the rewarding prices and favorable weather conditions. It was expected that the arrival of the crop from the
southern hemisphere, in May, would put pressure on the prices, bust most cotton had already been negotiated.
The current scenario points to a 3-percent drop in global stocks in 2010/11, going down to 8.4 million tons, meaning smaller carryover volumes for early 2011/12. For this period, the expectation is for the volume to soar 11%, reaching a
record of 27.6 million tons, a result of the bigger planted areas in most cotton producing countries. The soaring supplies of
fiber will meet demand in 2011/12, but the high prices and competition with chemical fibers will set a limit of 3% to this
growth rate. World surpluses over the period are reckoned at 1.7 million tons, providing for a recovery of the ending stocks,
which might reach 10.1 million tons.
RESERVAS BAIXAS • LOW STOCKS
Oferta e demanda mundial de algodão em pluma (milhões de t)
Safra
Estoque inicial
Produção
Importação
Suprimento
Consumo
Exportação
Estoque final
04/05
10,5
26,5
7,4
44,3
23,5
7,6
13,2
05/06
13,2
25,3
9,7
48,3
25,0
9,8
13,5
06/07
13,5
26,5
8,3
48,3
26,6
8,2
13,6
07/08
13,6
26,1
8,5
48,1
26,4
8,5
13,2
08/09
13,2
23,3
6,5
43,1
23,4
6,5
13,2
09/10*
13,2
22,1
7,8
43,1
25,8
7,8
9,5
10/11**
9,5
25,1
8,3
43
25,4
8,3
9,3
Fonte: USDA / *Estimativa / **Projeção
29
Nas nuvens
Preço interno do algodão aumenta
165,7% em um ano, alcançando o
valor médio de R$ 130,11 a arroba
as aquisições por conta das contínuas quedas, fazendo com
Os preços cobrados pelo algodão dispararam na safra
que, na média, o mercado apresentasse declínio a partir da
2010/11 influenciados pelo volume de produção inferior
ao consumo e pelos baixos estoques mundiais de passagem. segunda quinzena de março.
Mas nem todos os cotonicultores se beneficiaram dos
No Brasil, o valor atingiu o patamar mais alto em março
preços altos aplicados desde a época do plantio. “Fizemos
de 2011, quando a média do mês chegou a R$ 130,11 a
vendas antecipadas, há um ano, e o mercado reagiu. Tem
arroba, conforme índice do Centro de Estudos Avançados
1,3 milhão de toneladas vendidas. Falta comercializar 600
em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultumil toneladas, que deverão ser melhor remuneradas”, destaca
ra Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq). A cotação representa
aumento de 165,7% se comparada ao valor de R$ 49,69 de Sérgio De Marco, presidente da Associação Brasileira dos
Produtores de Algodão (Abrapa). Além disso, acrescenta que
março de 2010. “Esses preços eram irreais”, analisa Djalma
cerca de 700 mil toneladas da nova safra
Fernandes de Aquino, gerente da Área de Fibras e Produforam vendidas por um valor que é a
tos Especiais e Regionais da Companhia Nacional de
metade do preço atual na bolsa de
Abastecimento (Conab).
ALTA NO PREÇO
valores de Nova York, de US$ 1,4
A tendência de alta foi interrompida a partir
PROVOCA
por libra-peso.
de 15 de março de 2011, quando o produto era
RECUO
NA
Em maio, a Abrapa orientava
comercializado a R$ 132,86 a arroba, registrando
COMPRA DO
que os produtores cumprissem os
decréscimo da ordem de 46%, conforme inforPRODUTO
contratos que foram firmados para
mado na análise de conjuntura da Conab de 16 a
entrega do produto nos próximos
20 de maio. No dia 17, a cotação atingiu o patamar
meses, evitando distorções no mercado. “A
de R$ 71,63 a arroba e, nos dias seguintes, apresentou
associação sempre defendeu que os produtores
pequenas valorizações. Ainda assim, mantinha-se bem
mantivessem a santidade dos contratos, pois a partir dessa
superior ao preço mínimo de R$ 44,60. Segundo Aquino,
postura firme e correta, é possível construir o nome do Brasil
um pagamento entre R$ 50 e R$ 60 por arroba seria justo
como grande player de algodão no mercado internacional”,
ao produtor e aos comerciantes.
argumenta. Por outro lado, a Abrapa também espera que os
A queda foi influenciada pelo comportamento dos
demais elos da cadeia cumpram os acordos e mantenham a
preços no mercado internacional, que contabilizou ganhos
em relação à semana anterior. Os compradores restringiram
relação de confiança e correção estabelecida.
NO MESMO PASSO No mercado internacional, os preços do algodão regrediram em abril de 2011, após
sete meses consecutivos de alta, segundo divulgou o International Cotton Advisory Committee (Icac) em maio. O
índice Cotlook alcançou recorde de US$ 2,44 por libra-peso no dia 8 de março, quase três vezes seu valor em 1º de
agosto de 2010. O índice flutuou entre US$ 2,14 e US$ 2,28 por libra-peso entre 9 de março e 8 de abril de 2011. No
entanto, caiu bruscamente nas três semanas seguintes, alcançando a US$ 1,73 por libra-peso em 28 de abril.
Esses preços continuam muito altos para os padrões históricos. O índice Cotlook A mostrou média de US$ 0,60
por libra-peso na década anterior a 2010/11. A queda dos preços desde o começo de abril foi provocada pelo recuo da
demanda. O uso do produto foi afetado pelos altos preços, problemas com acesso ao crédito e também pelo valor do
fio do produto, que não aumentou tão rápido quanto o do algodão.
30
In the clouds
Domestic cotton prices soar 165.7% in one year,
reaching average value of R$ 130.11 an arroba
Cotton prices skyrocketed in the 2010/11 crop year, influenced by production volumes lagging behind consumption and by small global carryover stocks.
In Brazil, the price reached its highest in March 2011, when the month’s average reached R$ 130.11 an arroba, according to figures released by the Center
for Advanced Studies on Applied Economics (Cepea), an organ of the Luiz
de Queiroz School of Agriculture (Esalq). The quote represents an increase of
165.7% compared to R$ 49.69 in March 2010. “These prices were unreal”,
analyzes Djalma Fernandes de Aquino, manager of the Fibers, Special and Regional Products Department of the National Supply Company (Conab).
The rising trend was interrupted as of 15th March 2011, when the product was
selling for R$ 132.86 an arroba, down 46%, as informed by the structural analysis
conducted by Conab, 16 – 20 May. On the seventeenth, prices reached R$ 71.63
an arroba and, over the following days, prices soared slightly. Even so, they were
much higher than the minimum price of R$ 44.60. According to Aquino, R$ 50 to
R$ 60 per arroba would be a fair price for both growers and dealers.
The fall was influenced by the behavior of the prices in the international
scenario, where gains were registered compared to the previous week. Most
buyers restricted their purchases because of the continuously receding prices,
resulting into an average market decline as of the second week in March.
Not all growers were lucky enough to take advantage of the high prices
in force since planting time. “We anticipated sales, a year ago, and the
market reacted. About 1.3 million tons have been negotiated, and there are
still 600 thousand tons left, which are supposed to fetch better remuneration”, says Sérgio De Marco, president of the Brazilian
Association of Cotton Producers (Abrapa). Furthermore, he adds that about 700 thousand tons
from the new crop were sold for a price that is
PRICE HIKES
half of the present price in the New York Stock
MAKE COTTON
Exchange, of US$ 1.4 per pound. PURCHASES
In May, Abrapa advised the growers to make
RECEDE
good on the contracts that were signed for the
product to be delivered over the next months, avoiding
market distortions. “The association has always recommended the farmers to make good on their contracts, seeing
that, based on such a firm and steady posture, it is possible to present the name
of Brazil as a relevant player in the international cotton scenario”, he argues.
On the other hand, Embrapa also hopes all other links of the production chain
will comply with their agreements, so as to hold on to the reliable relationship
and previously established fair rules.
32
cotton prices receded in April 2011, after they had been
rising for seven consecutive months, from figures released
by the International Cotton Advisory Committee (Icac) in
May. The Cotlook A index reached a record of US$ 2.44
per pound, on 8th March, almost three times as much as
its value on 1st August 2010. The index ranged from US$
2.14 to US$ 2.28 per pound from 9th March to 8th April
2011. Nevertheless, it fell steeply during the next three
weeks, reaching US$ 1.73 per pound on April 28th.
These prices are very high compared to historical
standards. The Cotlook A Index showed an average of
US$ 0.60 per pound in the decade prior to 2010/11.
The price falls since early April were caused by receding
demand. The use of the product was affected by the high
prices, problems with credit lines and also by the prices
fetched by the fiber, which did not keep pace with the
price of cotton.
Inor /Ag. Assmann
KEEPING PACE In the international market,
33
Inor /Ag. Assmann
Mais
em conta
Cotonicultores gastaram menos para produzir
na temporada 2010/11 e ainda foram
compensados com preços mais elevados
A rentabilidade da lavoura brasileira de algodão na safra 2010/11 foi beneficiada por dois fatores: preços mais remuneradores e gastos menores. Uma conta que o produtor gosta de fazer. O custo de produção por hectare na temporada 2009/10
foi de R$ 4.937 ou US$ 2.758, investimento superior ao necessário no ciclo atual, de R$ 4.218 ou US$ 2.481, conforme
a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou em março de 2011. Os valores se referem ao Estado de Mato
Grosso, por ser o maior produtor nacional e por normalmente apresentar os maiores custos com a cultura.
Conforme o gerente da Área de Fibras e Produtos Especiais e Regionais da Conab, Djalma Fernandes de Aquino, os gastos
variam muito de uma região para outra. Nas duas temporadas mais recentes, os fertilizantes e os agrotóxicos foram os que mais
pesaram na diferença de custo de produção de um ciclo para o outro. Para exemplificar, Aquino aponta que no município de
Rondonópolis (MT) os fertilizantes representaram gastos de R$ 1.778 e os agrotóxicos, de R$ 1.630, levando ao investimento
total de R$ 4.993 no período 2009/10. Na temporada posterior, o valor de produção caiu para R$ 4.466, dos quais R$ 1.416
referiram-se a fertilizantes e R$ 1.401 a defensivos.
O custo de produção soma os valores demandados por insumos, operações agrícolas e outros,
que envolvem desde assistência técnica até gastos administrativos. Como os produtos que mais
CUSTO POR
influenciaram na conta são importados, é natural que a cotação do dólar seja determinante nesses
HECTARE EM
resultados. Na safra atual, o produtor beneficia-se ainda de cotações internas bem mais interessanMATO GROSSO
tes, acima de R$ 70 a arroba em maio, quando o preço mínimo estava em R$ 44,60/@. Mesmo
FOI DE R$ 4.218
o valor de R$ 50/@ seria rentável ao produtor, segundo Aquino. Ele exemplifica mostrando que,
com produtividade média de 1.500 quilos por hectare, o rendimento bruto seria de R$ 5.735. Ao
subtrair o custo de R$ 4.218, restaria R$ 1.517.
34
Spending less
Cotton growers cut down production costs in the
2010/11 season and were rewarded with higher prices
Inor /Ag. Assmann
(MT) fertilizers represented a cost of R$ 1,778 and agrochemThe profitability of the 2010/11 Brazilian cotton crop
icals, R$ 1,630, taking into consideration a total investment
took advantage of two factors: highly remunerating prices
of R$ 4,993 in the 2009/10 period. In the following season,
and small expenses. This is an account that pleases the
the production cost dropped to R$ 4,466, of which R$ 1,416
growers. The production cost per hectare in the 2009/10
for fertilizers and R$ 1,401 for agrochemicals.
crop was R$ 4,937 or US$ 2,758, which is more than what
The production cost includes the cost of inputs,
is needed for the current cycle, that is, R$ 4,218
agricultural operations and others, which range
or US$ 2,481, from figures released by the
from technical assistance to administrative
National Supply Company (Conab) in
COST PER
costs. As the products that exerted the biggest
March 2011. These values refer to the State
HECTARE
IN
influence are imported, it is quite natural that
of Mato Grosso, the leading national proMATO GROSSO
the exchange rate is a determining factor in
ducer and also the region with the highest
REACHED
R$
these results. In the current crop, the producproduction costs.
4,218
ers also take advantage of the domestic prices,
According to the manager of Conab’s
quite alluring, over R$ 70 an arroba in May,
Fiber, Special and Regional Products Departwhen minimum prices amounted to R$ 44.60/
ment, Djalma Fernandes de Aquino, production
arroba. Even R$ 50/arroba would means profits for the
costs normally vary greatly from one region to the
growers, says Aquino. He exemplifies showing that, with
other. In the two most recent seasons, fertilizers and agroproductivity rates of 1,500 kilos per hectare, gross income
chemicals make a big difference when it comes to comparing
would reach R$ 5,735. If the production cost of R$ 4,218 is
the production cost of one cycle with the next. Just to give an
deducted, there would be R$ 1,517 left.
example, Aquino recalls that in the county of Rondonópolis
35
Estados
States
Ao ritmo brasileiro
Expansão do plantio em Mato Grosso acompanha
a tendência nacional para aproveitar o bom
retorno financeiro que a cultura proporciona
O Estado que mais produz algodão no Brasil, o Mato Grosso, apresentou crescimento de área plantada na safra 2010/11
em níveis semelhantes ao que o País de modo geral registrou, no embalo da alta dos preços ocasionada pela forte redução
dos estoques mundiais. A variação de uma temporada para outra foi de 69%, chegando a 723,5 mil hectares, de acordo com
o levantamento divulgado em maio pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Instituto Mato-grossense de
36
Inor /Ag. Assmann
Economia Agropecuária (Imea) informa o mesmo índice, porém com
uma base menor: 708,5 mil ha.
A Conab observou que a área cresceu principalmente no cultivo da
primeira safra, devido ao retardamento do plantio da soja, motivado
pela falta de chuva, o que diminuiu a janela do algodão
da
segunda etapa. A produção mato-grossense, que
responde por pouco mais da metade da naMAIOR
cional, pelos números da companhia, deve
PRODUTOR
DO
atingir perto de 2,7 milhões de toneladas
PAÍS COLHERÁ
em caroço e mais de 1 milhão de t em
1 MILHÃO DE
pluma (aumentos próximos a 80%, pouco
TONELADAS
maiores que os do País). A produtividade
situa-se na média brasileira, com 3.767
quilos por hectare em caroço.
O valor bruto da pluma no Estado líder, em
vista da situação favorável de preços e produção deste
ciclo,
poderá ter acréscimo de 144% em relação à temporada anterior, de acordo
com cálculo divulgado em 20 de abril de 2011 pelo Imea. A receita poderá chegar a R$ 4,9 bilhões, ainda que considerando volume de 942,1 mil t
de pluma, conforme os dados do instituto.
INCENTIVO Seguindo a mesma onda de expansão, verificou-se crescimento no número de unidades produtoras certificadas com
vistas à obtenção do benefício fiscal concedido pelo Programa de
Incentivo à Cultura do Algodão de Mato Grosso (Proalmat). Instituído em 1997 pela lei estadual 6.883, o Proalmat foi prorrogado por dez
anos em 2006, conforme a lei 8.621. A iniciativa foi fundamental para o
avanço que o produto alcançou desde o fim da década de 1990 no Estado.
Na atual safra, de acordo com dados registrados até o fim de abril, cadastraram-se
246 produtores com 278 propriedades, significando aumento de 13% sobre os números do período anterior, quando havia 216 produtores e 243 áreas em 35 municípios.
Em 2008, houve outra alteração na legislação de 1997, destinando recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual) para o novo Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt). A instituição, criada em 2007 pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), dedica-se a desenvolver pesquisas em melhoramento genético, fitopatologia, entomologia, qualidade de sementes e proteção de plantas, entre outras áreas. Nessa parte, outros
organismos públicos e privados realizam trabalhos voltados à realidade regional, como a Fundação de Apoio à Pesquisa
Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na destacada atividade algodoeira do Estado, registra-se ainda a presença do Instituto Algodão Social (IAS), criado em
2005 com o propósito de sensibilizar, conscientizar e congregar o produtor em torno de princípios e ações de responsabilidade empresarial social e ambiental. A qualidade da fibra, da mesma forma, é preocupação constante, tendo-se adotado
desde 2003 o sistema de classificação nos padrões universais da cultura e registrando diversos investimentos, por cooperativas, associações, produtores e empresas, quanto à aferição dos resultados por HVI (High Volume Instrument).
37
To the beat
of Brazil
Soaring plantations in Mato Grosso keep pace
with the national trend in taking advantage of
the good financial returns from the crop
Leading producer of cotton in Brazil, the State of Mato Grosso increased its planted area in the 2010/11 crop year in
line with the planted area expansions in the rest of the Country, driven by the high prices that result from the falling global
stocks. The variation from one season to the next reached 69%, totaling 723.5 thousand hectares, according to a survey
released in May by the National Supply Company (Conab). The Agricultural Economy Institute of Mato Grosso (Imea)
confirms the same expansion rates, however, with a smaller basis: 708.5 thousand hectares.
According to Conab, the area soared particularly in the summer crop, due to a delay in soybean
plantations, caused by scarce rainfall, a fact that reduced the amount of available land for the
second crop. The production in Mato Grosso, which accounts for slightly over 50% of the entire
BIGGEST
national crop, based on the figures of the company, should reach over 2.7 million tons of cotton
PRODUCER IN
on the seed and more than a million tons of fiber (up almost 80%, while the increase in the
THE COUNTRY
Country remained slightly below that figure). Productivity matches the average in Brazil, with
IS TO HARVEST
3,767 per hectare of cotton on the seed.
1 MILLION
The gross value fetched by the fiber in the leading producer State , by virtue of the favorable
TONS
prices and high production during this cycle, could be up 144% compared to the previous year,
according to figures released by the Imea, on 20th April 2011. Revenue could amount to R$ 4.9 billion, although considering a volume of 942.1 thousand tons of fiber, according to data from the institute.
INCENTIVE In line with this expansion wave,
the number of certified producing units went up, and
all of them focused on obtaining fiscal benefits granted
by the Cotton Growing Incentive Program in Mato
Grosso (Proalmat). Created in 1997 by state law 6.883,
the Proalmat extended for 10 years in 2006, according
to law 8.621. The initiative played a fundamental role in
the strides made by the product since the late 1990s, in
the State. At the current crop, according to data entered
by late April, 26 growers registered, totaling 278 farms,
up 13% from the figures of the previous year, when there
were 216 producers and 2434 areas in 35 municipalities.
In 2008, there was another alteration to Brazil’s 1997
legislation, earmarking resources from the Cotton Growing Support Fund (Facual) to the New Cotton Institute
in Mato Grosso (Imamt). The institution, created in
2007 by the Mato Grosso Association of Cotton Growers (Ampa), is devoted to conducting research on genetic
38
enhancement, phytopathology, entomology, seed quality
and plant protection, among other areas. Within this
context, there are public and private organs that carry out
works geared towards the regional reality, like the Mato
Grosso Agricultural and Livestock Research Support
Foundation (Fundação MT) and the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa)
In the outstanding cotton farming activity in the
State, there is also room for the Social Cotton Institute
(IAS), created in 2005 with the purpose to sensitize,
make aware and bring the growers to adhere to principles
and actions of social, entrepreneurial and environmental
responsibility. The quality of the fiber is also a constant
concern, and since 2003, the universal grading standards
have been used, while an array of investments were
conducted by cooperatives, associations, producers and
companies, with regard to checking the results by HVI
(High Volume Instrument).
Além das
expectativas
Com crescimento acima do esperado, cotonicultura
baiana passa por momento de prosperidade e
expectativa é receber investimentos em fiação
O bom momento da cotonicultura mostra avanços acima
das expectativas e mantém a atividade em destaque no Estado da Bahia, onde o cultivo está concentrado no oeste. O
segundo maior produtor do País, que se sobressai ainda em
qualidade e produtividade, vem atualizando em plena safra
a área plantada, que pode ultrapassar a 400 mil hectares.
Na temporada anterior, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) registrava 260,8 mil ha, o que significaria
crescimento superior a 53% na comparação entre os dois
períodos. O levantamento do ciclo 2010/11, que a companhia divulgou em maio de 2011, ainda indicava 392,5 mil
ha, dado com o qual o aumento ficaria em 50,5%.
A colheita é calculada em 601,6 mil toneladas de algodão
em pluma, alta de 47,9% em relação ao ciclo anterior. O
rendimento físico também deve superar as 260 arrobas por
hectare projetadas pela instituição, conforme estimativas da
Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Uma
parte do incremento deve-se à retomada de área por aqueles
que se dedicam à cultura no Estado mas haviam reduzido o
plantio no momento anterior, que era desfavorável.
Outra parcela resulta do ingresso de novos investidores
na atividade incentivados pela fase atrativa. Para a próxima
safra, contudo, ainda não há projeções, embora se vislumbre
a possibilidade de mais um pequeno acréscimo. Como outras
culturas, a exemplo da soja e do milho, também registram
bom mercado, cogita-se a diluição de investimentos, mesmo
porque no algodão eles são mais elevados.
A situação atual é muito interessante para o segmento
algodoeiro e a Bahia está procurando aproveitá-la no sentido
de preservar e aprimorar sua reconhecida qualidade na
produção. Ao mesmo tempo, deseja elevar a produtividade e,
consequentemente, a rentabilidade, com possível redução de
custos, que assegure a necessária sustentabilidade em qualquer quadro. A análise é feita pela presidente da Abapa, Isabel da Cunha, que assumiu o cargo ao fim de 2010 e ressalta
o trabalho da entidade nesse sentido, o que vem sendo feito
desde sua criação, em 2000, e em parcerias fundamentais,
como a do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio
do Algodão (Fundeagro), surgido paralelamente ao Programa de Apoio à Cultura do Algodão (Proalba), de âmbito
estadual. Nacionalmente, integra-se à Associação Brasileira
dos Produtores de Algodão (Abrapa).
QUALIFICAÇÃO A presidente da Abapa, Isabel da Cunha, destaca o importante trabalho atualmente em andamento após a ativação, em 2010, do Centro de Treinamento de Mecânicos e Operadores de Máquinas no Complexo
Bahia Farm Show, em Luís Eduardo Magalhães. Dessa forma, está-se indo ao encontro da necessidade de qualificação
e especialização da mão de obra na exigente atividade algodoeira. A mesma atenção recebe a área laboratorial, na qual
está-se reequipando o já moderno Centro de Análise de Fibras de Algodão que a entidade possui.
No plano da responsabilidade social e ambiental, ressalta Isabel, a crescente produção da fibra baiana mostra-se
também na linha de frente, tendo as primeiras propriedades certificadas no Programa Socioambiental da Produção do Algodão (Psoal), implantado juntamente com a Abrapa. É um processo gradativo de certificação por organismo de reconhecimento internacional – o Intertek –, que comprova as ações sustentáveis desenvolvidas pelos produtores na região.
As ações no setor, aponta Isabel, buscam a sua promoção e o seu desenvolvimento da forma mais segura possível,
com o apoio que se requer. O olhar alcança toda a cadeia produtiva, tendo em mente também a agregação de valor.
Nesse sentido a expectativa está em receber investimentos na área da fiação para o oeste da Bahia.
40
Beyond
expectations
With a higher-than-expected
growth rate, cotton farming
in Bahia is going through a
moment of prosperity and
expectation is for investments
in the spinning industry
The good moment in cotton farming shows advances
beyond expectations and the activity keeps its high profile
throughout the State of Bahia, where the crop is mostly
concentrated in the West. The second biggest producer
in the Country, which also stands out for its quality and
productivity rates, now halfway through the season is
increasing its planted area, poised to exceed 400 thousand
hectares. In the previous season, the National Supply
Company (Conab) registered 260.8 thousand hectares,
meaning a higher than 53-percent increase compared to
the previous period. The survey of the 2010/11 crop year,
disclosed by the company in May 2011, was still pointing
to 392.5 thousand hectares, a figure that would represent
a rise of 50.5%. The crop is estimated to reach 601.6 thousand tons of
lint, up 47.9% from the previous year. The physical performance of the crop is also expected to exceed 260 arrobas per
hectare, according to estimates by the Bahian Association
of Cotton Producers (Abapa). A part of this increase stems
from a return to the previous planted areas by the farmers
who invest in this crop, but had reduced their acreage in the
previous crop, when the situation was little encouraging.
Another portion of this rising trend results from new-
42
comers, allured into cotton farming because of its favorable moment. For the next crop, however, no projections
have been made, although the chance for further increases
really exists. As other crops like soybean and corn are also
taking advantage of the good market conditions, diversification initiatives are not ruled out, considering that cotton
requires high investments.
The present situation is very favorable to the cotton
segment and the State of Bahia is trying to make the best
of it by preserving and improving its widely acknowledged
production quality. In the meantime, the target consists
in raising the productivity rates and, consequently, the
profitability of the crop, with possible reductions in costs,
as an assurance of the necessary sustainability status in every
respect. This analysis is done by the president of Abapa,
Isabel da Cunha, who took office in late 2010 and stresses
the work of the entity towards this end, in line with what
has been done since its creation, in 2000, and through
relevant partnerships with such organizations as the Cotton Agribusiness Development Fund (Fundeagro), created
simultaneously with the Cotton Farming Support Program
(Proalba), a state organ. Nationally, this organ is part of the
Brazilian Association of Cotton Producers (Abrapa).
Inor /Ag. Assmann
QUALIFICATION The president of Abapa, Isabel da Cunha, mentions the relevant work going on since the
activation of the Center for Training for Mechanics and Machine Operators at the Bahia Farm Show Complex, in Luís
Eduardo Magalhães. Isabel maintains that this is the best way to meet the specialization and qualification needs of
the workforce in the very demanding cotton farming activity. The same attention is bestowed on the laboratory area,
where the entity’s modern Cotton Fiber Analysis Center is now being re-equipped.
On the social and environmental responsibility side, Isabel points out, the ever-increasing fiber production in Bahia
is also taking the lead in another front, with the first farms undergoing the certification process implemented by the
Cotton Production Environmental Program (Psoal), jointly with Abrapa. It is a gradual certification process by an
internationally acknowledged body – the Intertek –, which corroborates the sustainable initiatives carried out by the
producers in the region.
The initiatives of the sector, Isabel recalls, are intended to promote and develop the crop in the most secure
manner possible, with all the support deemed necessary. The entire production chain is envisaged, where the question of added value is not left out. Within this context, the expectation is for investments in the area of spinning
and weaving in Western Bahia.
NOVO COMANDO
NEW BOARD MEMBERS O Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do
Algodão (Fundeagro) na Bahia renovou a diretoria em 2011.
Em 25 de março, o produtor e empresário rural Ademar
Antônio Marçal assumiu a presidência para os próximos dois
anos. Manifestou firme propósito de fortalecer os diversos
projetos do setor, buscando incessante aprimoramento da
já renomada produção baiana e crescimento sustentável do
agronegócio do algodão em todas as regiões produtoras do
Estado, incluindo o suporte à agricultura familiar. Ênfase
especial deverá ser dada à pesquisa, com a Fundação Bahia
e demais organismos integrados nas áreas privada e pública,
fazendo crescer a importante atividade na economia estadual
em tecnologia, emprego e renda, ampliando ainda mais a
geração de bens e divisas.
The Cotton Agribusiness Development Fund (Fundeagro), in Bahia, has just renewed its board of directors. On
March 25, farmer and rural entrepreneur Ademar Antônio
Marçal took over the presidency for a two-year tenure. He
expressed his firm desire to strengthen all the projects of
the sector, seeking continued improvement to the already
renowned cotton crop in Bahia and sustainable development throughout all the cotton producing regions in the
State, including strong support to family farming operations. Special emphasis is to be given to research, with the
Bahia Foundation, jointly with public and private organs,
promoting the generation of jobs and income in this
important economic activity, further expanding the generation of wealth and dividends.
43
Chão para voar
Estados do Nordeste brasileiro destacam-se pelo
incremento da área com algodão, mostrando
que a região tem fôlego para crescer na atividade
Entre os polos nacionais de produção algodoeira, é no Cerrado do nordeste do País que a
cultura mostra reação marcante nesta safra de mercado motivador. O Estado do Piauí registra
ampliação na área ocupada pela planta de aproximadamente 185%, chegando a l6,8 mil hectares, conforme divulgado em maio pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A
produtividade vai a 3.767 quilos por hectare e a produção, a 63,3 mil toneladas em caroço e
a 25,9 mil t em pluma na temporada 2010/11.
A cultura, assim como nos demais estados nordestinos onde já se destacava, teve presença importante no Piauí em outras épocas (entre os anos 1970-80), em cultivos menores nas
áreas baixas. Há cerca de seis anos, começou a ganhar espaço na região do Cerrado, no sul do
46
TENDÊNCIA DE
CRESCIMENTO
DEVE SEGUIR
EM 2011/12
Inor /Ag. Assmann
BALSAS Outra região próxima de Cerrado apresenta situação
semelhante em relação à cotonicultura. Ao sul do Estado de Maranhão
destacam-se as amplas áreas de expansão de Balsas. Ali, conforme a
Associação Maranhense dos Produtores de Algodão (Amapa), verificou-se crescimento de 58% na extensão plantada com a cultura para 2011,
saindo de 11.500 para 18.122 hectares. O desempenho deve-se à
significativa alta do preço da commodity ocorrida recentemente e, também, à melhoria da produtividade na região nos últimos anos, avalia o
presidente da associação, Arlindo de Azevedo Moura. A Conab, com
dado um pouco inferior em relação à área, aponta rendimento de 3.770
kg/ha na temporada 2010/11.
Para a próxima safra, Moura acredita que o Estado deverá ter novo
incremento no território destinado à cultura. A associação tem incentivado novos produtores a ingressarem na atividade. Inclusive, para o mês
de maio, estava programado o 1º Seminário do Agronegócio Algodão,
na cidade de Balsas, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa
do Corredor de Exportação Norte (Fapcen), pela Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Universidade Estadual do
Maranhão (Uema). O objetivo era divulgar novas cultivares, modernos
defensivos, sistemas de produção, tecnologias de aplicação e perspectivas para desenvolver a cultura na região.
Ainda no Nordeste, vários estados mantêm na agricultura familiar
o plantio de algodão, buscando melhorias e adequações demandadas pelo mercado com apoio de organizações, como a Embrapa. Na
safra 2010/11, conforme a Conab, registrou-se aumento de área no
Rio Grande do Norte, na ordem de 30%, passando a cultivar 3,9 mil
hectares, enquanto no Ceará o incremento foi de 4,4%, atingindo a 3,1
mil ha. O Estado da Paraíba, que no período 2009/10 mantinha apenas
500 ha da cultura, recuperou terreno neste bom momento, chegando
a 3,4 mil ha, de acordo com informações colhidas pela companhia de
abastecimento no fim de abril de 2011, o que representou ampliação de
580% de um ano para outro.
Estado, que representa nova fronteira agrícola, mostra aptidão para a atividade e possibilidade de crescer bastante, destaca o
presidente da Associação Piauiense dos Produtores de Algodão (Apipa), Fábio Pereira Júnior. Ele reside em Barreiras (BA),
região de forte expressão de algodão do Cerrado, e possui terras no sul do Piauí, com a sede da fazenda em Santa Filomena,
onde é pioneiro nessa nova exploração empresarial da fibra.
Para a safra 2011/12, prevê que ocorra uma nova e representativa evolução, de no mínimo 50%, na extensão a ser
plantada com algodão no Cerrado piauiense. Em grande parte, segundo ele, devem se incorporar à atividade novos produtores que já se dedicam à soja e ao milho e possuem terras e demais condições para investir e atender às êxigências da
cultura. A região, lembra Pereira Júnior, tem outro ponto favorável que é a proximidade com o polo têxtil do Ceará.
Por outro lado, crescimento maior só não ocorre, no entendimento do dirigente, em vista dos problemas de infraestrutura que ainda se apresentam, como estradas e acesso ao porto, entre outros. A associação organizada pelo setor
ainda é pequena, pois são poucos os produtores, mas procura atuar no sentido de conseguir a manutenção no mercado,
enfrentar adversidades, buscar incentivos e fazer o que está ao alcance dentro das linhas de ação da entidade nacional, a
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), à qual está vinculada. A expectativa é de continuar avançando no espaço que se apresenta.
47
Inor /Ag. Assmann
Flying long
distances
48
Brazilian Northeastern States stand out for their expanding cotton
plantations, attesting to the region’s power to thrive in the activity
Among the national cotton producing hubs, it is in the
northeastern portion of the Brazilian Cerrado that the crop
is showing a remarkable reaction during this highly motivated crop year. In the State of Piauí, the area devoted to
this crop is up approximately 185%, reaching l6.8 thousand
hectares, according to a survey conducted by the National
Supply Company (Conab), published in May. Productivity
amounts to 3,767 kg per hectare and production volumes
total 63.3 tons of cotton on the seed and 25.9 thousand tons
of fiber in the 2010/11 crop year.
Like in the other northeastern states where the crop had
occupied a prominent position for some years, its presence
in the State of Piauí was remarkable in the past (from 1970
to 1980), in minor cultivations in the lowlands. Some six
years ago, the crop began to gain momentum in the Cerrado
region, in the southern portion of the State, which represents
a new agricultural frontier, and is suitable for the activity,
with chances to soar considerably, says the president of the
Cotton Growers’ Association of Piauí (Apipa), Fábio Pereira
Júnior. He lives in Barreiras (BA), in the Cerrado region
where cotton is remarkably important, and he owns lands in
South Piauí, with his farm is based in Santa Filomena, where
BALSAS Another region located near the Cerrado is
going through a similar situation as far as cotton farming is concerned. In the southern region of the State of
Maranhão, the noteworthy fields are the expanding cotton
growing areas in Balsas. Where, according to the Cotton
Growers’ Association of Maranhão (Amapa), the planted
area soared 58% in size for the 2011 crop, jumping from
11,500 to 18,122 hectares. Significant rises in the prices
of the commodity, along with higher productivity rates
throughout the region, over the past years, are credited
with the good performance, says the president of the association, Arlindo de Azevedo Moura. Conab points to
lower figures regarding the planted area and confirms the
productivity rate of 3,770 kg/ha for the 2010/11 crop year.
For the coming cotton crop, Moura believes in
further planted area increases throughout the State. The
association has allured newcomers into the activity. A
Cotton Agribusiness Seminar had been scheduled for
May, in the town of Balsas, promoted by the Research
he is a pioneer in commercially exploring the fiber.
For the 2011/12 crop, a new and representative evolution is expected, with the cotton area soaring at least 50% in
the Piauí Cerrado region. For the most part, the newcomers comprise soybean and corn growers, who possess land
and are in a position to invest in the new crop and meet its
requirements. Pereira Júnior also recalls that the region also
takes advantage of its proximity to the textile hub in Ceará.
On the other hand, the official concedes, the region
could make further strides if such infrastructure problems
as roads and access lanes to ports were not that serious. The
association organized by the sector is still in its fledgling
stage, as the number of producers is still
small, but its members are deeply
engaged in seeking incentives,
while doing their best in line
UPWARD
with the national association, the
TREND TO
Brazilian Association of CotCONTINUE IN
ton Producers (Abrapa), under
2011/12
whose coordination it operates.
The expectation is for continued
progress within its scope.
Support Foundation for the North Export Corridor (Fapcen), by the Brazilian Agricultural Research Corporation
(Embrapa) and by the Federal University of Maranhão.
The goal was to present new cultivars, modern agrochemicals, production systems, technologies and perspectives
for developing the crop in the region.
Throughout the Northeast, in several states cotton is produced by small-scale family farmers, where
technical assistance is provided by Embrapa, always
in pursuit of crop improvements in line with market requirements. In the 2010/11 crop, according
to Conab, the planted area in Rio Grande do Norte
soared 30% to 3.9 thousand hectares, while in Ceará it
was up 4.4%, totaling 3.1 thousand hectares. The State
of Paraíba, where the planted area reached only 500
hectares in the 2009/10 crop, expanded its plantations
to 3.4 thousand hectares, from data released by the
supply company in late April 2011, which represented
a 580-percent rise from one year to the next.
49
Na esteira da
boa imagem
Algodão goiano desponta em produtividade e
valorização dos preços impulsiona crescimento
de 82% na área plantada no ciclo 2010/11
Inor /Ag. Assmann
Situado como terceiro maior produtor e despontando na
produtividade, bem como em qualidade, o Estado de Goiás
acompanhou o expressivo crescimento do algodão brasileiro
ocorrido na temporada 2010/11. Atingiu índices na ordem
de 82% de acréscimo em área, superando 103 mil hectares
plantados. O rendimento permaneceu na ponta, com 3.960
50
quilos por ha, conforme divulgado em maio pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), resultando em
produção de 408,7 mil toneladas de algodão em caroço e de
158,6 mil t em pluma.
À frente da organização estadual na cultura, a
Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa)
atua para manter as condições produtivas e
limitado, e inseriram-se novos plantadores,
preservar a boa imagem do produto, junto
incluindo o retorno de empreendedores
PRODUÇÃO
EM
com o Fundo de Incentivo à Cultura do
menores na atividade.
PLUMA DEVE
Algodão (Fialgo) e a Fundação de Apoio
A produtividade mantém-se no mesmo
SOMAR
158,6
à Pesquisa e Desenvolvimento Agropee bom patamar da safra anterior, que já
MIL TONELADAS
colocava o Estado no topo nesse item. Essa
cuário de Goiás (Fundação Goiás), com
liderança foi alcançada, lembra o dirigente
a qual se integra a Empresa Brasileira de
da Agopa, com a migração da cultura, acontePesquisa Agropecuária (Embrapa).
cida há alguns anos, das terras baixas para as altas
O aumento de área, avalia o vice-presidente
do Cerrado goiano, em regiões com altitudes superioda Agopa, Luiz Renato Zapparoli, foi consequência
natural da elevação alucinante de preços do produto, o que res a 700 metros e regime de chuvas bastante favorável,
que começa cedo e termina tarde, inclusive antecipando a
começou a se verificar no momento da definição do planentrada da safra. A par disso, sempre se priorizou o uso da
tio, em 2010, com a queda da safra paquistanesa e outros
tecnologia, reiterado também neste momento em que houve
fatores, enquanto a cotação do milho era muito baixa e a
alguma retomada na parte baixa, onde inclusive fica sediado
da soja não oferecia perspectiva nos mesmos níveis. Proo campo de experimentação da Fundação Goiás.
dutores tradicionais ampliaram área, embora com espaço
INTEGRAÇÃO Vários projetos são realizados de forma integrada pelos organismos
vinculados ao algodão em Goiás, como é o caso do controle do bicudo, no qual se registra pioneirismo no Estado. A Agopa, o Fialgo e a Fundação Goiás inclusive atuam no mesmo local,
que está sendo alterado, em 2011, para a sede própria em Goiânia. Lá passarão a contar com
Sala de Classificação de Algodão por HVI (High Volume Instrument), reforçando ainda mais as
ações no plano qualitativo.
Ainda neste ano, a legislação estadual de incentivo fiscal à atividade foi adaptada às necessidades atuais, com a Lei 17.286, de 13 de abril, que alterou a de número 13.506/99, pela
qual havia sido criado o Programa de Incentivo ao Produtor de Algodão (Proalgo) e o Fialgo.
Estabeleceu-se isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
(ICMS) na operação interna de saída, de produção própria de caroço de algodão para industrialização e na de importação, por produtores de algodão ou suas associações, de máquinas e
aparelhos para ensaio têxtil sem similares produzidos no País.
A Agopa ainda se integra a projetos nacionais da Associação Brasileira dos Produtores de
Algodão (Abrapa), como o Programa Socioambiental de Produção do Algodão (Psoal), com a
adequação às questões legais nas áreas trabalhista e ambiental. De modo geral, trabalha fortemente na promoção do produto goiano, na qual tem ação específica – o Programa de Promoção da Qualidade do Algodão de Goiás (Promoalgo), que visa a posicionar e fortalecer a marca
nos mercados nacional e internacional. A grande ação da entidade, existente desde 1999,
constituiu-se na recuperação da imagem da produção local, que se busca preservar em todos
os aspectos, desde a atenção à sua qualidade até o respeito aos contratos de comercialização firmados, procurando assegurar a sua solidez e continuidade, conforme ressalta o vice-presidente,
Luiz Renato Zapparoli.
Quanto à próxima safra de algodão, ainda se estava dependendo de definições. Mas, a não
ser que ocorra fato novo de grande repercussão no mercado mundial, o dirigente da entidade projeta que Goiás deverá permanecer em situação próxima do plantio anterior. O Estado
chegou a plantar 140 mil hectares, mas não mostra condições de retomar esse espaço diante de
realidades como o avanço de outra cultura bem posicionada no mercado – a cana-de-açúcar.
51
Inor /Ag. Assmann
On the
heels of
success
Cotton in Goiás stands out for its
productivity levels and good prices push up
planted area by 82% in the 2010/11 crop year
Ranking third in production volume and standing out
for its productivity rates, and for its quality too, the State
of Goiás kept pace with the expressive increase in Brazil’s
cotton production volumes in the 2010/11 crop year. The
planted area soared 82%, totaling upwards of 103 thousand
hectares. The State also celebrated its leadership in yields,
with 3,960 kg per hectare, according to a survey published
by the National Supply Company (Conab) in May, result-
52
ing into a crop of 408.7 thousand tons of cotton on the seed
and 158.6 tons of cotton lint. Responsible for the state organization for the crop, the
Cotton Producers’ Association of Goiás (Agopa) is engaged in
maintaining the production conditions and preserving the good
reputation of the product, along with the Cotton Crop Incentive
Fund (Fialgo) and the Agriculture Development and Research
support Foundation of Goiás (Goiás Foundation), acting jointly
INTEGRATION Several projects are carried out in integrated
manner by the organisms linked with the cotton business in Goiás, as is
the case of the weevil control project, an initiative pioneered by the State.
Agopa, Fialgo and the Goiás Foundation have operations in the same
place, which is being moved to new premises in Goiânia. The new facility comprises a HVI Cotton Grading Room (High Volume Instrument),
placing more emphasis on the qualitative side. Over the year, state legislation focused on fiscal incentive to cotton
farming was adapted to the present needs, through Law 17.286, of 13th
April, altering Law number 13.506/99, which had created the Cotton
Producer Incentive Program (Proalgo) and the Fialgo. The new legislation set forth the exemption from the State Value-Added Tax (ICMS)
levied on internal shipment operations of cotton seed to industrialization
facilities and on imports, by cotton producers or their associations, of
machinery or devices, not produced in Brazil, for textile trials.
Agopa is also engaged in national projects of the Brazilian Association of Cotton Producers (Abrapa), like the Cotton Production SocioEnvironmental Program (Psoal), with an adjustment of the legal matters
in the labor and environmental area. By and large, it is strongly involved
with promoting the crop in Goiás, where it acts specifically – the Cotton
Quality Promotion Program of Goiás (Promoalgo), intended to position
and strengthen the brand in the markets at home and abroad. The great
initiative of the entity, which has existed since 1999, was the recovery of
the reputation of the local production, which is now being preserved in
every respect, from special heed to quality to compliance with trade contracts, and special emphasis on their solidity and continuity, as stressed
by vice-president Luiz Renato Zapparoli. As for the next crop, it is still depending on definitions. However,
unless a relevant fact takes place in the global market, the entity official
projects a similar crop than last year for the State of Goiás. The planted
area of the State reached 140 thousand hectares, but seems to be in no
condition to repeat the acreage in light of such realities as the strides
made by another crop well-positioned in the market – sugar cane.
with the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa). previous year, where the State was occupying the leading poThe rise in planted area, in the words of the vice-presisition. This leadership was achieved, the president of Agopa
dent of Agopa, Luiz Renato Zapparoli, was a natural conserecalls, with the migration of the crop, some years before,
quence of the impressive increase in prices, which started to
from the low lands to the highlands of the Goiás Cermaterialize at the moment the farmers were defining their
rado region, with altitudes of 700 meters and
crops in 2010, with the crop frustration in Pakistan
favorable precipitation rates, and the good
and other factors, while corn was catching low
rains starting early in the season and only
PRODUCTION
prices and the perspective for soybean was not
ending late, favoring crop anticipations.
OF COTTON
bright. Traditional producers decided to plant
In line with this, the use of technology
LINT
ESTIMATED
more, although limited to their areas, newcomhas always been given priority, reiterated
AT 158.6
ers stepped in, including the return of minor
even when lowland plantings were reTHOUSAND
entrepreneurs of the cotton trade.
sumed, where in fact Goiás Foundation’s
TONS
Productivity matched the good levels of the
experiment station is located.
53
Ganhou impulso
Inor /Ag. Assmann
Atraídos pelo cenário positivo, cotonicultores
ampliam área plantada em Mato Grosso do Sul e
comemoram instalação de indústria esmagadora
56
A boa situação do mercado de algodão no Brasil estimulou os cotonicultores de Mato Grosso do Sul a aumentarem
o plantio na safra 2010/11. O tradicional Estado produtor
registrou acréscimo de 60% na extensão cultivada, chegando
a 62,2 mil hectares, conforme o levantamento de safra da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado
em maio, ou a 62,4 mil ha, se considerados os dados da
Associação Sul-mato-grossense dos Produtores de Algodão
(Ampasul), sediada em Chapadão do Sul.
Com esse incremento, a produção esperada situa-se em
242,6 mil toneladas em caroço e 94,6 mil
t em pluma, incluídos cerca de 20%
da segunda safra. Caso os números
COLHEITA
se confirmem, vão significar elevaESTIMADA
ção de 69% em relação à tempoÉ DE 94 MIL
rada anterior. A boa produtiviTONELADAS
dade já característica no Estado,
EM PLUMA
mesmo com pequeno prejuízo em
abortamento no baixeiro por causa
das chuvas intensas, deve ficar em níveis
de destaque, na ordem de 3.900 quilos por
ha, com ênfase na região norte, de acordo com o secretário
executivo da Ampasul, Adão Hoffmann. Para 2011/12, o dirigente entende que ainda seja cedo para opinar. Acredita que,
no mínimo, irá permanecer a atual área de algodão ou poderá
ocorrer pequeno incremento entre 5% e 10%.
A entidade dos produtores lembra a importância, na produção estadual, do convênio com a Fundação Chapadão para
desenvolvimento de pesquisas e experimentos e no consórcio
antibicudo, que conta com apoio do Estado e prefeituras;
do trabalho do laboratório de análise de pluma com aparelho HVI (High Volume Instrument), para a boa qualidade da
fibra produzida; e da implantação no Estado do Programa
Socioambiental do Algodão (Psoal), de nível nacional. Essa
ação, mais recente, está certificando propriedades sul-mato-grossenses e atestando a sustentabilidade em vários aspectos,
particularmente nas áreas trabalhista e ambiental.
INVESTIMENTO Outra notícia importante
de 2011 para o setor em Mato Grosso do Sul, que
já conta com três pequenas fiações, é a instalação de
indústria esmagadora de algodão no município de Chapadão do Sul, por parte da CFSA Indústria de Rações
Animais, cujo investimento é de R$ 8 milhões. Termo
de acordo de incentivo fiscal com o governo estadual
foi assinado em 17 de março e a previsão era de que
pudesse começar a operar ainda em junho.
Segundo informações da empresa, a unidade, com
aproximadamente 100 empregos diretos, terá capacidade para esmagar 600 toneladas por dia de caroço de
algodão, com a finalidade de extrair óleo para biodiesel
e consumo humano e utilizar a torta residual para ração
animal. O uso do resíduo toma dimensões relevantes
diante do grande rebanho bovino do Estado.
57
Gaining
momentum
Allured by the positive scenario, cotton farmers
expand their planted areas in Mato Grosso do Sul
and celebrate the installation of a crushing industry
The good moment the cotton market is experiencing in Brazil encouraged the cotton growers
in Mato Grosso do Sul to expand their planted area for the 2010/11 crop year. The traditional
cotton producing State registered a 60-percent increase in planted area, reaching 62.2 thousand
hectares, according to a crop survey conducted by the National Supply Company (Conab),
published in May, or 62.4 thousand hectares, from sources of the South Mato Grosso Cotton
Growers’ Association (Ampasul), based in Chapadão do Sul. Such increase in area is supposed to make the volume of the crop soar to 242.6 thousand
58
HARVEST IS
ESTIMATED AT
94 THOUSAND
TONS OF
COTTON FIBER
Inor /Ag. Assmann
INVESTMENTAnother piece of good news in
2011 for the sector in Mato Grosso do Sul, home to
three spinning industries, is the installation of a cotton
crushing industry in the municipality of Chapadão
do Sul, by CFSA Animal Feed Industry, requiring an
investment of R$ 8 million. A Fiscal Agreement Term
with the state government was signed on 17th March
and it was expected to start operating as of June. From
company sources, the unit with approximately 100
direct jobs, will have the capacity to crush 600 tons
of cottonseed a day, with the purpose to extract oil
for biodiesel and human consumption, while utilizing the residual meal for animal feed. The use of the
byproducts reaches huge proportions in view of the big
bovine herd in the State.
tons of seed cotton and 94.6 thousand tons of cotton fiber, including about 20% of the second crop. Should these figures confirm, they will translate into a rise of 69% compared to the previous crop. Good yields, a confirmed characteristic of the State, in spite of slight damages caused by lower plant lodging problems during heavy precipitation periods,
should reach remarkable levels, some 3,900 kg per hectare, particularly in the northern region, says Ampasul chief-executive Adão Hoffmann. For the 2011/12 crop year, the official maintains that it is still too early to issue a comment. He
believes that it should be a repeat of the present planted area, with a slight chance for a 5 to 10-percent increase.
The Growers’ Association recalls the importance, as far as the sate production is concerned, of the agreement with
the Chapadão Foundation for the development of research works and trials, including the anti Weevil consortium,
which relies on support from the state government and municipal administrations. The fiber analysis laboratory with its
HVI device (High Volume Instrument), is also viewed as indispensable for good quality fiber; and so is the implementation of the Cotton Socio-Environmental Program in the State (Psoal), at national level. This more recent initiative
is now certifying farms throughout Mato Grosso do Sul and attesting their sustainability status from different angles,
particularly in the environmental and labor-related areas.
59
Pensando grande
Meta em Minas Gerais é produzir volume
suficiente para abastecer indústrias locais, sem
deixar de negociar com o mercado externo
Com incentivo da associação dos produtores e um empurrãozinho do mercado, Minas Gerais foi um dos estados
que registrou aumento significativo no plantio de algodão na
safra 2010/11, mais que dobrando o espaço ocupado com
a cultura na comparação com a temporada anterior. A Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), com
sede em Patos de Minas, calcula que a área tenha passado
de 14.645 hectares para cerca de 32 mil ha, acréscimo de
118,5%. Os dados ficam próximos aos divulgados em maio
pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que
indicam 31,6 mil ha (110,7% a mais) no ciclo atual. A produção estadual, segundo o órgão federal, alcançaria a 116,8
60
mil toneladas em caroço e 45,8 mil t em pluma.
Além do estímulo proporcionado pelo aumento histórico nos preços da commodity, a Amipa trabalhou forte com
o fomento do plantio no Estado, salienta o presidente da
entidade, Inácio Carlos Urban. O foco foi direcionado principalmente a cotonicultores tecnificados, buscando maior
incremento na produção, que era
EXTENSÃO
ainda extremamente deficiente em
DESTINADA À
relação à demanda. Em 2010, o
CULTURA SUBIU
volume destinado ao mercado
MAIS DE 110%
local ficou em 17 mil t de pluma
REFERÊNCIA Recebe destaque no Estado a
Central de Classificação de Fibra de Algodão – Minas
Cotton, filial tecnológica da Amipa localizada em
Uberlândia, devido às excelentes colocações que obteve
em recentes aferições internacionais realizadas pelo International Cotton Advisory Committee (Icac). Na última, efetuada entre os meses de outubro e dezembro de
2010, alcançou o terceiro lugar entre 80 laboratórios
com 127 máquinas de High Volume Instrument (HVI),
demonstrando grande precisão nos resultados. “Essa
posição da Minas Cotton não nos surpreendeu, pois
são anos de investimentos e aprimoramento técnico”,
assinala o presidente da Amipa, Inácio Carlos Urban. E
acrescenta: “hoje o laboratório é referência não apenas
para o setor produtivo, mas também para indústrias
têxteis, corretores e tradings”.
O algodão de Minas Gerais atende prioritariamente ao forte mercado local, mas normalmente tem
sido destinado em torno de 15% a 25% à exportação,
independente dos preços internos. Apesar de o incentivo
mineiro historicamente ser mais compensador que as
cotações internacionais, analisa o dirigente, a Amipa
sempre manteve as portas abertas em importantes mercados mundiais, o que se prova em sua participação em
eventos no exterior ligados ao setor com vistas à promoção do produto brasileiro e, também, do mineiro.
Inor /Ag. Assmann
para um consumo interno em torno de 140 mil t.
A ação vem ao encontro de um dos objetivos do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), que é o de produzir pluma mineira para as indústrias
locais. Foram realizadas várias atividades de fomento, como
três Dias de Campo, inúmeras reuniões e encontros técnicos
com os cotonicultores. Na programação também constou o
seminário técnico “Fibra”, específico para incentivar o plantio de algodão entre os produtores de soja e milho.
O Proalminas, criado em 2005, está passando por
importantes mudanças e amadurecendo, como observa o
dirigente da Amipa. Nesta safra, por exemplo, os repasses ao
Fundo de Desenvolvimento da Cotonicultura do Estado de
Minas Gerais (Algominas) terão origem na própria indústria têxtil, com uma porcentagem da desoneração fiscal
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços (ICMS). Outro diferencial ora adotado é de
que todo algodão do Estado será certificado pelo Instituto
Mineiro de Agropecuária (Ima) em sua origem e qualidade.
“Essas mudanças provam que o programa não é engessado,
mas está sempre se adaptando ao setor e à legislação estadual,
confirmando ser uma das iniciativas mais inteligentes que
regulamentam o setor produtivo”, afirma Urban.
61
Thinking big
Target in Minas Gerais is to produce a volume
big enough to supply the local industries,
without overlooking the foreign market
Counting on incentive from the association of the growers and a little help from the market, Minas Gerais was one
of the states that celebrated significant increases in cotton
plantations in the 2010/11 crop year, more than doubling
62
the area devoted to the crop, compared to the previous year.
The Cotton Growers’ Association of Minas Gerais (Amipa),
based in Patos de Minas, maintains that the area has jumped
from 14,645 hectares to about 32 thousand, up 118,5%.
Inor /Ag. Assmann
These figures nearly match the ones disclosed in May by the
National Supply Company (Conab) which point to 31.6
thousand ha (up 110.7%). The state production, according
to the federal organ, is expected to reach16.8 thousand tons
of cotton on the seed and 45.8 thousand tons of fiber.
Besides the stimulus provided by the historical price increase of the commodity, the Amipa spared no effort encouraging the farmers to plant more cotton, says the president of
the entity, Inácio Carlos Urban. The focus was particularly
directed towards the technology-oriented cotton farmers, in
pursuit of higher production volumes, which were still lagging
far behind demand. In 2010, the volume destined for the local
market remained at 17 thousand tons of fiber for an internal
consumption of approximately 140 thousand tons.
This initiative is in line with one of the objectives of the
Minas Gerais Program for Stimulating Cotton Farming (Proalminas), which consists in producing fiber in Minas Gerais
for the local industries. Several promotional activities were
conducted, like three Field Days, countless meetings with
technicians and cotton farmers. The program also included
the technical “Fiber” seminar, specific for alluring soybean and
corn growers into cotton farming.
The Proalminas, created in 2005, is now going through
relevant changes, while achieving maturity, says the Amipa official. In the current crop, for example,
the financial grants to the Cotton
Farming Development Fund
of the State of Minas Gerais
PLANTED
(Algominas) will come directly
AREA SOARED
from the textile industry, with
MORE THAN
a percentage of tax exemption
110%
from the State Value-Added
Tax (ICMS). What also makes
the difference in the Cotton produced throughout the State is the certification
by the Minas Gerais Institute of Agriculture and Livestock
(Ima) at its origin and quality. “These changes are real proof
that the program is not stifled, and is always complying with
state legislation, confirming its status as one of the most
intelligent initiatives that sets the rules for the production
sector”, Urban says,.
REFERENCE Noteworthy in the State is the Cotton Fiber Grading
Central Plant – Minas Cotton, technological branch of Amipa, located in
Uberlândia, due to the excellent rankings achieved in recent international
contests conducted by the International Cotton Advisory Committee (Icac).
At the last one, held from October to December 2010, it achieved the third
place among 80 laboratories with 127 High Volume Instrument (HVI)
machines, demonstrating great precision in the results. “This Position of
Minas Cotton was no surprise, as it is the result of years of investments and
technical improvements”, says the president of Amipa, Inácio Carlos Urban.
And he adds: “currently, the lab is a reference not only for the production
sector, but also for textile industries, brokers and tradings”.
Cotton in Minas Gerais gives priority to the strong local market, but
normally 15% to 25% is for exports, regardless of the internal prices. Although incentive given by Minas Gerais has historically been more compensating than international prices, the official analyzes, Amipa’s doors have
always remained open to relevant global markets, which is attested by its
participation in events abroad linked to the sector with an eye towards promoting the Brazilian product and, also the cotton produced in Minas Gerais.
63
Reação de respeito
Plantio de algodão em São Paulo apresenta
acréscimo de 270% e associação trabalha para
que a extensão destinada à cultura siga evoluindo
O Estado que registra o maior consumo de pluma de algodão do País foi o que mostrou reação mais representativa
em incremento no cultivo, considerando-se as unidades com produção mais expressiva, aproveitando o bom momento da
atividade. Os produtores paulistas, que chegaram a ocupar mais espaços com a cultura em outros tempos, agora são responsáveis pelo maior crescimento percentual em área, próximo a 270% na temporada 2010/11. De acordo com os números da
Associação Paulista dos Produtores de Algodão (Appa), com sede em Ituverava, no norte, a área ocupada, que era de 4.800
hectares, chegou a 18.200 ha, com aumento de 13.400 ha.
Em termos de produção, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para colheita de 66,4 mil toneladas em caroço e de 25,9 mil t em pluma, o que significa alta de 300% em relação ao obtido no ciclo anterior. Mesmo que
em termos absolutos não represente tanto, principalmente em comparação ao novo modelo de produção
no
Cerrado, o número é significativo para a realidade de São Paulo e deveria servir de alerta ao governo do Estado, afirma o presidente da Appa, Ronaldo Spirlandelli de Oliveira. Segundo ele,
“se criarmos sinergismo entre iniciativa privada e pública, a exemplo do que temos no âmbito
PRODUÇÃO
federal, poderíamos capitalizar o momento vivido pela cultura e perenizar parte desse aumento
EQUIVALE A
de área, trazendo a diversificação ao Estado, uma das principais ferramentas de gestão e preMENOS DE 10%
venção contra as cíclicas crises no setor agropecuário”.
DO CONSUMO
A associação constata que está ocorrendo o retorno de produtores tradicionais e também
a entrada de novos. A região que mais cresceu, e onde está concentrado o plantio hoje, é a de
64
Inor /Ag. Assmann
VISIBILIDADE A cidade de São Paulo vai sediar o
Congresso Brasileiro do Algodão & Cotton Expo 2011, de 19
a 22 de setembro. A diretoria da Appa espera que a realização do evento traga mais luz e atenção ao setor. A escolha
da capital paulista como sede foi uma das razões para tanto,
na certeza de que vai proporcionar visibilidade ao evento e à
produção estadual.
O propósito da instituição é mostrar à sociedade como é o
setor, a dura realidade e os enormes desafios que enfrenta para
fazer com que a semente plantada venha a se transformar na
roupa que as pessoas usam, assim como a relevância da atividade na geração de postos de trabalho, divisas e renda, o que a
torna merecedora de respeito, cuidado e defesa que ainda não
recebe. Paralelamente, reforça o presidente da entidade, Ronaldo Spirlandelli de Oliveira, deverá ser um momento ímpar
para criar com o governo do Estado uma política e tentar que
a área algodoeira em recuperação não volte a sofrer reduções.
Campos de Holambra, a 140 quilômetros da capital. A atividade também voltou a ocupar espaço da cana-de-açúcar, principalmente na região de Votuporanga, no noroeste, onde a cana ganhara força nos últimos cinco anos, mas não nas mesmas
condições da região de Ribeirão Preto, pois o número de usinas ainda é pequeno.
O dirigente observa que, sem dúvida nenhuma, a robustez dos preços é a principal motivação dos cotonicultores. Ao
mesmo tempo, porém, vê possibilidades de tornar a área consistente se atendidas algumas premissas: investimento em
pesquisa de variedades mais adaptadas ao Estado, para o qual se faz necessário alocar mais recursos ao Instituto Agronômico
de Campinas (IAC), entidade que atua na busca de novas tecnologias, como o sistema adensado; e ativação do programa de
desoneração fiscal, como nos outros estados produtores. Em ambos, afirma, o setor depende da boa vontade do governo.
Oliveira destaca a parceria existente no âmbito federal entre as associações brasileiras dos Produtores de Algodão (Abrapa)
e da Indústria Têxtil (Abit), e conclama o sindicato do segmento industrial em São Paulo (Sinditêxtil-SP) a criar o mesmo
entendimento em nível estadual, pois o Estado é o maior consumidor de pluma – 300 mil toneladas – e tem produção
estimada em 25,9 mil t nesta safra.
O dirigente ressalta a importância da produção local para a indústria nacional e paulista, especialmente neste momento
de falta mundial do produto, e destaca que o Estado tem condições de produzir pelo menos 30% da necessidade da indústria
ali localizada. Para que isso aconteça, entende que “falta apoio e iniciativa, principalmente por parte do governo estadual. A
Appa, dentro de suas limitações, tem empreendido ações para que o algodão se mantenha firme, mas precisa do apoio dos
elos da cadeia”, acrescenta.
65
Powerful reaction
Cotton plantations in São Paulo are up 270% and the
association is engaged in encouraging further area increases
Inor /Ag. Assmann
The State that is leader in cotton fiber consumption
throughout the Country also showed the biggest positive
reaction in cultivations, considering the units with the most
expressive production volumes, taking advantage of the good
moment the activity is experiencing. The producers in São
Paulo, who had a bigger share in the crop in the past, are
now responsible for the highest growth rate in planted area,
up nearly 270% in the 2010/11 crop year. From figures
released by the Cotton Growers’ Association of São Paulo
(Appa), based in the north, the area devoted to cotton
jumped from 4,800 hectares to 18,200 ha, representing an
additional 13,400 ha.
In production terms, the National Supply Company
66
(Conab) points to a harvest of 66.4 thousand tons of cotton
on the seed, and 25.9 thousand tons of cotton fiber, up 300%
from the previous crop. Even though it does not represent
much in absolute terms, particularly in comparison to the new
production model in the Cerrado region, the figure represents
a lot for the reality of São Paulo and should be viewed as a
warning sign for the State Government, says the president of
Appa, Ronaldo Spirlandelli de Oliveira. According to him, “if
we create synergism between private and public initiative, just
like what is happening in the realm of the federal government,
we could capitalize on the moment the crop is going through
and turn part of the increase in area into a perennial operation, bringing diversification into the State, a major tool in
exemption program, following on the heels of other cotton
management and prevention against the cyclical crises faced
producing States. In both, he states, the sector relies on the
by the agriculture and livestock sectors.
good will of the government.
The association understands that traditional farmers are
Oliveira points to the partnership at federal level, beswitching back to cotton, while newcomers are also adhering to
tween the Brazilian Cotton Growers’ Associations (Abrapa)
the crop. The region that grew the most, and where plantations
are concentrated today, is Campos de Holambra, 140 kilometers
and the Textile Industry (Abit), and calls on the Industrial
Segment of São Paulo to create the same understanding at
away from the capital city. The crop also began to replace sugar
state level, since the State is the leading fiber consumer –
cane, especially in the region of Votuporanga, in the northwest,
300 thousand tons – and its production is estimated at 25.9
where sugar cane had gained momentum over the past five years,
thousand tons in this crop year. The official emphasizes the
but not under the same conditions of the Ribeirão Preto region,
importance of the local production for both the national
as the number of spinning mills is still small.
and state industry, especially at a moment like this, when
The official observes that, without any doubt, the rothere is a shortage of the product around the world, and
bust price is a major motivating factor for the growers. In
comments that the State is in a position to produce at least
the meantime, however, he views chances for turning the
30% of the needs of the local industries. For this to happen,
area very consistent, provided some premises are complied
he understands that “there is not enough support or
with: investment in research on varieties adapted to the
initiative from the state government. The Appa,
conditions of the State, which requires more
within its limitations, has spared no efforts
resources to be allocated to the Agronomic
PRODUCTION
towards keeping cotton in its prominent posiInstitute of Campinas IAC), an organ that
IS
EQUIVALENT
tion, but relies on the support of the links of
pursues new technologies, like the dense
TO LESS
the production chain”, he adds.
planting system; the activation of the tax
THAN 10% OF
CONSUMPTION
VISIBILITY The city of São Paulo is to host
the Brazilian Cotton Congress & Cotton Expo 2011,
from 19 to 22 September. Appa’s board of directors
hopes the event will shed more light and attract more
attention on the sector. The choice of the capital city
of São Paulo as the venue for the Congress was one of
the reasons to this end, in the hope that it will bring
the event and the state production into the limelight.
The purpose of the institution is to let society
come to grips with the sector, its blatant reality and the
enormous challenges it faces from seed planting to the
transformation of the fiber into clothes worn by people,
as well as the relevance of the activity in the generation
of jobs, dividends and profits, making it eligible for
respect, care and support not bestowed on it yet. At the
same time, the president of the entity, Ronaldo Spirlandelli de Oliveira, argues that the Congress is likely to
turn into an unprecedented moment to create, jointly
with the state government, a cotton oriented policy,
while providing all the chances for the now recovering
cotton area not to suffer any reductions.
67
Perfil
Profile
Ação
sincronizada
Aumento da produção nacional ampliou o nível
de exigência dos processos de beneficiamento,
melhorando o padrão de qualidade da pluma
68
Inor /Ag. Assmann
O crescimento da lavoura brasileira na última década apresentou aos cotonicultores um grande desafio: produzir algodão
de qualidade para atender às indústrias têxteis do mundo. Até
então as algodoeiras se voltavam apenas ao beneficiamento da
safra colhida manualmente, com capacidade de cinco a sete
fardos por hora, apresentando um mínimo de secagem e de
pré-limpeza e pouca ou nenhuma limpeza da fibra.
A expansão da fronteira agrícola para o Cerrado e a demanda externa pela fibra obrigaram os produtores a adotarem
postura diferente sobre o beneficiamento, com modernização
e melhoria de seus equipamentos, inclusão de novos sistemas
de limpeza, e aquisição de algodoeiras modernas, de alta
eficiência e grande capacidade de trabalho. Medidas que têm
resultado em melhoria substancial da qualidade da pluma.
O pesquisador Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva, da
Embrapa Algodão, de Campina Grande (PB), explica que o
beneficiamento é uma operação prévia à industrialização têxtil
e consiste na separação da fibra das sementes por processos
mecânicos. “Busca-se manter as qualidades intrínsecas da fibra
e conferir à matéria-prima resultante um bom tipo comercial.
Contudo, a falta de cuidado, durante os processos de colheita,
acondicionamento e transporte, origina um algodão em caroço ‘sujo’, com matérias estranhas diversas e indesejáveis pela
indústria têxtil”, revela.
A remoção desses contaminantes dificulta e onera significativamente o beneficiamento, muitas vezes refletindo em um
deságio no preço final do fardo, pois características importantes,
tais como o comprimento, a uniformidade e o índice de fibras curtas, podem
ser comprometidas. “Outro defeito normalmente ocasionado pelos processos de beneficiamento é
o ‘neps’, ou seja, minúsculos emaranhados fibrosos que se formam a partir da
ruptura da fibra quando submetida aos esforços mecânicos característicos
do beneficiamento”, acrescenta.
BENEFICIAMENTO
Além do descaroçamento, o beneficiamento envolve uma série de etapas prévias e subsequentes a esse processo específico, as quais devem estar
ADEQUADO
perfeitamente dimensionadas e trabalhando em sincronia para assegurar a
PRESERVA A
qualidade da fibra e a excelência dos procedimentos. “A eficiência de uma
QUALIDADE DA
algodoeira é a soma das operações de todos os processos, ou seja, cada
FIBRA
etapa desempenha papel importante na proteção e na preservação da qualidade e do valor da fibra”, enfatiza o pesquisador. Normalmente, uma algodoeira
abrange 12 etapas ou processos.
69
Synchronized
action
Soaring national production raised the requirement
levels at processing, thus improving fiber quality
Inor /Ag. Assmann
The soaring production volumes over the past decade
prompted a big challenge to the cotton growers: to produce
quality cotton to meet the requirements of the textile industries around the world. Up to that time, the cotton mills only
used to process the recent crops harvested manually, with a
capacity for five to seven bales an hour, embodying minimum
drying and pre-cleaning levels, or no fiber cleanliness at all.
The expansion of the agricultural frontier towards the
Cerrado and foreign demand for fiber forced the growers to
address the problem of cotton processing from a different angle, modernizing and upgrading their equipment,
70
including new cleaning systems, acquiring modern cotton
mills with higher production capacity and more efficient.
These innovations have resulted into substantial improvement to fiber quality.
Researcher Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva, of
Embrapa Cotton, in Campina Grande (PB), explains that
processing is an operation that comes prior to textile industrialization and consists in separating the fiber from the seed
by means of mechanical processes. “The intrinsic qualities of
the fiber are to be maintained, while conferring the resulting
raw material the required commercial qualities. However,
the lack of care, during the harvesting operation, conditioning and transport, gives origin to cotton with “dirty” seeds,
containing foreign matter and other
elements not desired by the textile
industry”, he comments.
PROPER
The removal of these
PROCESSING
contaminants makes processPRESERVES
FIBER
ing more difficult and more
QUALITY
costly, frequently resulting into
a discount on the final price of
the bale, since important characteristics, like length, uniformity and short
fiber content, might be jeopardized. “Another
flaw normally caused by processing operations is the ‘neps’ –
aggregations of matted fibers created during the mechanical
stress that characterizes the processing operations”, he adds.
Besides the delinting operation, processing involves a
series of tasks prior or subsequent to this specific process,
which should be perfectly dimensioned and carried out in
synchrony so as to ensure the quality of the fiber and the excellence of the procedures. “The efficiency of a cotton mill is
the sum of all operations and processes, that is to say, every
step performs an important role in protecting and preserving the quality and value of the fiber”, the researcher stresses.
As a rule, a cotton mill comprises 12 steps or processes.
Inor /Ag. Assmann
Não parem
as máquinas
Algodoeiras de alta tecnologia e investimentos em equipamentos
reforçam ações pela qualidade da pluma brasileira
Graças à qualidade da fibra produzida em solo nacional,
o Brasil ocupa a quarta posição mundial entre os principais
exportadores da pluma. Parte do êxito alcançado deve-se
aos investimentos realizados na melhoria do processo de
beneficiamento. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indicam que existem no Brasil
265 algodoeiras. Dentre elas, 235 estão em operação e
cadastradas no Sistema Abrapa de Identificação (SAI). Das
30 não registradas, algumas estão inativas e outras operam
em situações temporárias, quando há produção da matéria-prima no seu entorno.
Ainda segundo a Abrapa, entre as cadastradas, cerca de
30 são algodoeiras modernas, de alta capacidade de beneficiamento, dotadas com descaroçadores de 200 serras, em
média, e capacidade de 15 fardos por hora, com produção
de fibra de alta qualidade. Em torno de 50 algodoeiras são
constituídas de descaroçadores de 120 serras, com rendimento de oito fardos, em média, por hora, com fibras de alta
qualidade. As 155 restantes remanescem da década de 1970,
equipadas com descaroçadores de 80 a 90 serras, e produção
de quatro a seis fardos por hora.
O pesquisador Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva, da
Embrapa Algodão, de Campina Grande (PB), destaca que a
qualidade de fibra obtida nas algodoeiras brasileiras pode ser
considerada de boa ou excelente qualidade. “Isso tem sido
possível graças aos investimentos realizados na modernização
da indústria de beneficiamento, nesses últimos anos, com a
implantação de algodoeiras altamente tecnificadas”, explica.
72
Além disso, o pesquisador aponta que as demais empresas têm melhorado suas estruturas com incorporação de
novos equipamentos de abastecimento, controle de umidade, pré-limpeza do algodão em caroço, limpeza da fibra,
umidificação e prensa hidráulica. “Não podemos esquecer
também dos investimentos na otimização dos descaroçadores e demais dispositivos com vistas à redução de energia de
acionamento”, acrescenta.
De acordo com Silva, com a possibilidade do incremento
do cultivo adensado em safrinha, colhido com colheitadeiras do tipo stripper de pente, cuja matéria-prima ainda em
caroço contém teor muito elevado de impurezas em relação
às colhedeiras de fusos, no sistema tradicional, novos investimentos são necessários. “Para viabilizar esse tipo de algodão,
as algodoeiras deverão, obrigatoriamente, agregar em seus
sistemas de beneficiamento novos dispositivos de pré-limpeza e de limpeza da fibra”, cita o pesquisador. “O objetivo
é não afetar a qualidade da fibra e, por consequência, sua
competitividade nos mercados brasileiro e internacional.”
A evolução das variedades também tem implicações
nesse competitivo ambiente de produção. Para o sistema de
cultivo adensado, a Embrapa Algodão e outras instituições
de pesquisa estão desenvolvendo variedades de arquiteturas
mais compactas, porte baixo, precoces, de maior tolerância
ou resistência às doenças e pragas. O objetivo é “compor
um novo sistema de produção, que ainda não tem regras
definidas, mas está sendo trabalhado e validado pelo setor de
pesquisas”, aponta Silva.
Do not stop
the machines
Modern cotton mills and investments in
equipment strengthen the quality-oriented
initiatives towards the Brazilian fiber
panies have improved their structures with the incorporation
of new supply equipment, moisture control, pre-cleaning of
cotton on the seed, fiber cleaning, moisturizing and hydraulic press. “We cannot afford to overlook the investment in
delinter maximization and other devices with an eye towards
the reduction in operational energy”, he adds.
According to Silva, with the chance to increase dense
plantations during the winter crop, harvested by rotary
combing stripper harvesters, whose raw material still on the
seed contains a high level of impurities, compared to the
spindle harvester, in the traditional system, new investments
will be necessary. . “If it comes to making this type of cotton
viable, the cotton mills will necessarily have to add to their
processing systems the new fiber pre-cleaning and cleaning
devices”, the researcher argues. “The objective consists in
leaving the quality of the fiber untouched and, in consequence, without any negative impact on its competitiveness
in the market at home and abroad.”
Variety evolution also poses implications within the
competitive production environment. For the dense cultivation system, Embrapa Cotton and other research institutions
are developing more compact architectural varieties, low in
size, premature, higher tolerance and resistance to diseases
and pests. The goal is “to compose a new production system,
whose standards have not been defined yet, but is being studied and validated by the research sectors”, Silva comments.
Inor /Ag. Assmann
Thanks to the quality of the fiber produced in the
national territory, Brazil ranks fourth among the global fiber
exporters. Part of the success achieved stems from investments in the improvement of the processing facilities. Data
released by the Brazilian Association of Cotton Producers
(Abrapa) indicate that Brazil is home to 265 cotton mills.
Of which, 235 are in operation and registered in the Abrapa
Identification System (SAI). Of the 30 non-registered plants,
some are out of operation and others only operate on a temporary basis, when cotton is produced in the surroundings.
According to Embrapa, among the registered industries,
about 30 are very modern cotton mills, with high processing
capacity, equipped with 200 saw delinters, on average, and
the capacity of 15 bales an hour, resulting into high quality fiber. About 50 cotton mills are equipped with 120 saw
delinters, with a capacity of eight bales per hour, on average,
with high quality fibers. The remaining 155 have been in
operation since the 1970s, equipped with 80 to 90 saw
delinters, and the capacity to process 6 bales per hour.
Researcher Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva, of Embrapa
Cotton, in Campina Grande (PB), maintains that the quality
of the fiber produced in the Brazilian cotton mills is very good.
“This results from investments in the modernization of the
processing industry, over the past years, when highly technologically-oriented cotton mills were installed”, he explains.
Furthermore, the researcher has it that all the other com-
73
DNA da fibra
Inor /Ag. Assmann
Identificação única etiquetada em cada fardo
de algodão permite o rastreamento e informa
sobre a qualidade do produto comercializado
74
O processo de beneficiamento do algodão é finalizado nas algodoeiras com indicadores de origem e qualidade etiquetados para
garantir a rastreabilidade dos fardos e o maior número de informações possíveis ao cliente. De acordo com os pesquisadores Odilon
Reny Ribeiro Ferreira Silva, Valdinei Sofiatti e Orozimbo Silveira Carvalho, da Embrapa Algodão, de Campina Grande (PB), essa
prática é bastante comum no Brasil, o que contribui para a boa imagem do produto nacional no mercado mundial.
Explicam que, por meio de processos eletrônicos, é possível regular o peso médio dos fardos a serem compactados e
amarrados ao final do beneficiamento. O mecanismo retira amostras, que são encaminhadas para classificação visual e análise
em HVI (High Volume Instrument). Assim, é possível obter informações precisas sobre as características daquela fibra.
Os atributos de qualidade mensurados via HVI são diversos. Destacam-se comprimento de fibra, uniformidade, índice
micronaire, resistência à ruptura e graus de cor e de folha. Cada fardo a ser comercializado deve conter essas informações
fundamentais que, por sua vez, devem estar atreladas aos processos que o originaram, garantindo seu rastreamento.
O modelo de rastreabilidade empregado no Brasil (SAI–Abrapa) utiliza etiquetas kanban e foi baseado no sistema referencial
empregado nos Estados Unidos. A maioria das algodoeiras brasileiras possui programas informatizados para que, uma vez informado o número do fardo, sejam fornecidas as características adicionais, como peso, nome da usina, produtor e dados da classificação.
O componente mais importante da identificação é o número de doze dígitos separados em dois grupos. Os primeiros
dois dígitos identificam o Estado onde foi produzido, obedecendo ao seguinte critério: MT – 01, MG – 02, MS – 03, SP
– 04, GO – 05, BA – 06, PR – 07, e MA – 08. Os três seguintes indicam a algodoeira (prensa) onde o fardo foi finalizado.
Os sete restantes identificam o fardo propriamente dito. Além disso, há uma área livre para o uso da usina, além de cupons
picotados, que poderão ser usados pela algodoeira para acompanhar
a amostra nas etapas de classificação visual, HVI, emblocamento e
expedição, entre outras.
Quando a matéria-prima chegar ao seu destino final, a indústria
têxtil, esta passará a ser a responsável pela
manutenção da rastreabilidade, cabendo-lhe guardar as etiquetas e garantir
RASTREABILIo controle eficiente do processo e da
DADE AJUDOU
qualidade da matéria-prima.
A CONQUISTAR
Outra vantagem importante desse
MERCADOS
sistema de identificação é a garantia
de não contaminação do algodão em
virtude da pintura nos fardos, visto que
a taxa média de aumento da contaminação
da
pluma comercializada no mundo tem sido da ordem de
1% ao ano nos últimos 15 anos. A identificação por etiquetas elimina
ainda a possibilidade de haver dois lotes com o mesmo número identificador, pois as etiquetas pré-impressas não podem ser replicadas,
como uma impressão digital ou mesmo como o “DNA” do fardo.
“São ações importantes para a consolidação da qualidade do algodão
brasileiro no mercado internacional”, destaca Silva.
Inor /Ag. Assmann
DNA fiber
Unique identification tag on each cotton bale allows for traceability
and gives information on the quality of the marketed product
The cotton processing operation is finished in the cotton as name of the mill, grower and grading data.
The most important component of the identification is
mills with tags indicating origin and quality so as to allow
for bale traceability, while furnishing the client with as much the twelve-digit number, split into two groups. The first two
digits identify the State where the fiber was produced, cominformation as possible. According to researchers Odilon
plying with the following criteria: MT – 01, MG – 02, MS
Reny Ribeiro Ferreira Silva, Valdinei Sofiatti e Orozimbo
– 03, SP – 04, GO – 05, BA – 06, PR – 07, and MA – 08.
Silveira Carvalho, of Embrapa Cotton, in Campina Grande
The three next ones indicate the cotton mill (press) where
(PB), this practice is rather common in Brazil, a fact that
the bale received its final touch. The remaining seven digits
contributes to the good image the national product enjoys
identify the bale itself. Furthermore, there is free space to be
international marketplace.
used by the mill, besides perforated coupons, to be used by
They maintain that, by means of electronic processes,
the mill to accompany the sample in the visual classification
it is possible to regulate the average weight of the bales to
stage, HVI, packaging and expedition, among others.
be compacted and fastened at the end of the processing
Once the raw material has arrived at the textile industry
operation. The mechanism collects samples, which are sent
of its destination, the latter will be responsible for maintainto visual classification and analysis in HVI (High Volume
ing the traceability standard, and remains under the responInstrument). Thus, precise information is available on the
sibility of storing the tags and assuring an efficient quality
characteristics of a specific batch of fiber.
The quality attributes measured via HVI are diverse. The control process to the raw material.
Another noteworthy advantage of this identification system
most important ones are fiber length, uniformity, micronaire
lies in the fact that the cotton will not be contaminated by bale
index, resistance to rupture and color and leaf degrees. Each
painting procedures, seeing that the average contamination rate
bale to be marketed should contain this basic information,
of fiber marketed in the world has remained at 1% a
which, in turn, should be chained to the processes that genyear over the past 15 years. The identification by
erated the bale, making sure it is traceable.
tags also eliminates the chance for two batches
The traceability model in use in Brazil
TRACEABILITY
to bear the same identifying number, as the
(SAI–Abrapa) utilizes kanban tags and is based
HAS
BEEN
AN
pre-printed tags cannot be duplicated, acting
on the reference system employed in the UnitALLY IN THE
like a finger print impression or a DNA of the
ed States. Most Brazilian cotton mills make
CONQUEST OF
bale. “These are important steps towards conuse of computerized programs so that, once
solidating
the quality of Brazil’s cotton in the
the number of the bale has been entered, all
MARKETS
international marketplace”, Silva concludes.
additional characteristics are furnished, such
75
Inor /Ag. Assmann
Evolução natural
Algodão agroecológico tem mercado certo
no Brasil e no mundo, e cotações chegam a
superar em 30% o valor da fibra convencional
orgânica é praticada de forma organizada em 22 países,
Quando se fala em cotonicultura no Brasil, a imagem que
liderados por Índia, Turquia, Síria, Tanzânia, China, Estados
vem à mente é a das grandes lavouras do Cerrado, com moUnidos, Uganda, Peru, Egito e Burkina Faso. Cerca de 220
dernas máquinas e alta tecnologia. Esse é o perfil que tornou
mil agricultores atuam nessa atividade.
o País um dos mais importantes fornecedores mundiais dessa
As vendas globais do algodão orgânico e produtos têxteis
matéria-prima. Mas, na mesma cadeia produtiva, outro sistema de produção alcança bons resultados, amplia a presença no derivados dessa matéria-prima somaram US$ 4,3 bilhões
em 2009, segundo o Market Report divulgado pela Organic
mercado e gera renda aos produtores: o algodão orgânico.
Exchange em 2010, com alta de 35% sobre o ano anterior.
Na safra 2010/11, o País deve produzir um volume total
No Brasil, projeta-se incremento médio anual de 20% para a
de 2,04 milhões de toneladas de pluma. Destes, só 0,025%,
cotonicultura agroecológica. Essa realidade reflete o crescente
aproximadamente 50 toneladas, advêm do sistema orgânico.
interesse dos consumidores finais. Para atender a esses clientes, a
A quantidade é pouco significativa se comparada à safra
indústria têxtil nacional não só garante a compra de toda a pronacional, mas importantíssima para milhares de agricultores
dução, mas também firma parcerias e incentiva os agricultores.
que seguem os princípios da agroecologia e obtêm renda
No Brasil, a colheita da pluma agroecológica tem destanessa atividade. Pela alta demanda do mercado têxtil por fique em quatro regiões: no Nordeste, com predominância da
bras desse sistema isento de agroquímicos, os preços chegam
fibra naturalmente colorida, principalmente na Paa ser 30% maiores que os da fibra convencional.
raíba; em Minas Gerais; no Noroeste do Paraná;
Os dados mundiais mais recentes dispoe, mais recentemente, na região de Ponta Porã,
níveis mostram que a produção alcançou
PRODUÇÃO
em Mato Grosso do Sul. Esse crescimento é
a 175.113 toneladas em 2009, ou seja,
CRESCE
NO
representou 0,7% da safra mundial naquele
acompanhado pela evolução dos programas
BRASIL CERCA
ano. Estatísticas dessa matéria-prima são
de produção agroecológica e pela adoção de
DE
20%
AO
ANO
normas para rastreabilidade e processamento
raras, pois os países não a contabilizam.
têxtil sustentável.
Sabe-se, contudo, que a cotonicultura
76
Natural evolution
Agro-ecological cotton is in demand in Brazil
and in the world, and fetches up to 30-percent
higher prices compared to conventional fiber
Inor /Ag. Assmann
farming is carried out in organized manner in 22 countries:
When the subject is cotton farming in Brazil, what comes
India, Turkey, Syria, Tanzania, China, the United States,
to mind are the huge plantations in the Cerrado regions,
Uganda, Peru, Egypt and Burkina Faso. Approximately 220
modern machinery and sophisticated technology. This is the
thousand farmers are engaged in this activity.
profile that turned Brazil into one of the most robust global
Global sales of organic cotton and textiles made from
suppliers of this raw material. Nevertheless, in the same
this raw material reached US$ 4.3 billion in 2009, accordproduction chain, another production system also celebrates
ing to a Market Report published by Organic Exchange in
good results, is expanding its presence in the market and gen2010, up 35% from the previous year. Brazil’s
erating income: we are talking about organic cotton.
agro-ecological cotton farming business is
In the 2010/11 crop year, the Country is
expected to soar 20% a year, on average.
supposed to produce a total volume of 2.04
PRODUCTION
This reality mirrors the ever-increasing inmillion tons of fiber. Of which, only 0.025%,
VOLUMES
SOAR
terest of the final consumers. To serve these
approximately 50 tons, come from the organic
ABOUT 20% A
clients, the national industry does not only
system. The amount is little significant if
YEAR
IN
BRAZIL
guarantee the purchase of the entire crop,
compared to the national volumes, but
but also signs partnerships with farmers and
extremely important for thousands of farmers
encourages them.
that comply with agro-ecological principles and
In Brazil, agro-ecological fiber is particularly
make profits from this activity. Because this type
present in four regions: in the Northeast, where naturally
of fiber is free from agrochemicals, prices are sometimes
colored fiber predominates, especially in Paraíba; in Minas
30-percent higher compared to conventional cotton.
Gerais; in Northwestern Paraná; and, more recently, in the
Latest global figures available point to a production volume of 175,113 tons in 2009, that is to say, it accounted for Ponta Porão region, in Mato Grosso do Sul. This rising trend
0.7% of the global crop at that year. Statistical figures of this is followed by the evolution of the agro-ecological production
programs and by the adoption of traceability standards and
raw material are rare, as the countries do not include them
sustainable textile processing methods.
in their records. It is, however, known that organic cotton
77
Inor /Ag. Assmann
Sucesso garantido
Com produção orgânica, cotonicultores de
Ponta Porã asseguram remuneração superior
e venda de toda a colheita para a indústria
to exclusivo, subsidiou os custos que poderiam inviabilizar
Numa atividade de risco como a agricultura, a garantia
o negócio, como o processo de certificação e a compra de
de compra de toda a safra e uma remuneração 30% maior
do que a média dos preços de mercado é uma vantagem que
sementes e insumos. A fibra natural é transformada pela
empresa em confecções de alto valor agregado, atendendo à
pode fazer a diferença entre lucro e prejuízo ao agricultor.
Esse diferencial é obtido por 13 produtores de algodão orgâdemanda crescente de consumidores por roupas isentas de
nico do Assentamento Itamaraty, em Ponta Porã (MS). Na
agrotóxicos tanto no sistema produtivo do algodão branco
safra 2010/11, eles produzirão mais de 10 toneladas em caquanto nos corantes utilizados – todos naturais.
roço, cultivadas em 11 hectares, o dobro das 5 t de 2009/10
Na avaliação do consultor do Sebrae/MS Vamilton
alcançadas por oito cotonicultores em 6 ha.
Santos Júnior, o histórico do grupo de agricultores, que já
O projeto é desenvolvido com apoio da
trabalhavam com soja orgânica, e a tradição da cultura
unidade estadual do Serviço Brasileiro de
na região foram determinantes ao desenvolvimenSAFRA ATUAL
Apoio às Micro e Pequenas Empresas
to do projeto no assentamento a partir de 2008.
(Sebrae/MS) e do Instituto Maytenus,
Por meio da consultoria do Sebrae e do Instituto
DEVE DOBRAR
Maytenus, foi possível identificar um investidor
organizacão não governamental de
E RENDER
para fornecer os insumos e garantir a compra da
apoio à agricultura sustentável. Além
MAIS DE 10
colheita
isenta de aditivos químicos industriais.
desses organismos, foi fundamental
TONELADAS
“Devemos dobrar o número de produtores e a safra
a participação da YD, empresa de
anualmente e incorporar novas culturas”, afirma Jair
confecções que, em troca do fornecimen-
78
Pelegrin, consultor do instituto. Além de gergelim e girassol, os assentados produzirão o índigo (Indigofera tinctória),
corante azul muito demandado pelo setor têxtil.
Pelegrin revela ainda que a proposta é agregar valor à
fibra orgânica, trabalhando a comercialização, gerando renda
às comunidades e estabelecendo parcerias com iniciativas públicas e privadas. Um dos objetivos é evidenciar a qualidade
dessa matéria-prima na Copa do Mundo de futebol de 2014
no Brasil. O consultor descreve um mercado francamente
comprador e importador de matéria-prima. “A qualidade da
fibra natural brasileira é excelente, compatível com as exigências do mercado”, destaca.
As áreas são certificadas por ação do Sebrae e da empresa
compradora, o que também dá suporte à ampliação da lavoura e às tecnologias empregadas para qualificar o produto
final. A evolução produtiva está garantida, pois há mercado
para receber qualquer volume de pluma orgânica cultivada
nos assentamentos.
A FAVOR Além da vantagem de garantia de mercado e preços superiores, o algodão orgânico também tem menor
impacto ambiental. O sistema tradicional de cultivo da fibra é um dos que mais utiliza insumos químicos industriais
na agricultura mundial. “Como não se usam venenos na produção orgânica, essas lavouras podem ser consorciadas
com alimentos”, cita Jair Pelegrin, consultor do Instituto Maytenus. Ele acrescenta que o manejo é um diferencial. “A
produção orgânica dá trabalho e exige cuidados no controle de pragas, doenças e outras ocorrências.”
Um dos membros do assentamento, Vitor Carlos Neves observa que, enquanto nas grandes lavouras o controle de
pragas e doenças é feito com agroquímicos, no plantio agroecológio são utilizados defensivos naturais, encontrados na
natureza. Para Neves, essa é a única forma de o pequeno produtor ingressar na cotonicultura.
A YD Confecções compra a pluma natural produzida no Paraná, em Minas Gerais e no Mato Grosso do Sul. Como a
oferta nacional é insuficiente para suprir a necessidade das empresas têxteis, são feitas importações do Paraguai, do Peru e
da Índia, entre outros países. “O mercado existe e cresce mais rápido que a produção, por causa da demanda dos consumidores pelos produtos mais limpos, naturais, de baixo impacto ambiental e de grande relevância social”, revela Pelegrin.
80
Inor /Ag. Assmann
Inevitable success
With organic production, cotton farmers in Ponta Porã fetch
higher remuneration and sell their entire crops to the industry
In a risky activity like agriculture, where the industry
assumes the responsibility to purchase the entire crop, at
30-percent higher prices compared to regular market prices,
is an advantage that could make the difference between
losses or profits. This edge is now granted to 13 organic
cotton producers at the Itamaraty Settlement, in Ponta Porã
(MS). In the 2010/11 crop, they produced upwards of 10
thousand tons of cotton on the seed, cultivated on 11 hectares, up 100% from the 5 tons in 2009/10, harvested by 8
cotton growers from a total of 6 hectares.
The project relies on the support from the State unit
of the Brazilian Micro and Small Business Support Service
(Sebrae/MS) and from the Maytenus Institute, a non-governmental organization that supports sustainable agriculture.
Besides these organisms, the participation of YD, a textile
company, played a fundamental role. YD is a company that,
in exchange for being the exclusive receiver of the product,
subsidized the costs that could make the business unviable,
like the certification process and the purchase of seeds and
inputs. Natural fiber is transformed into textiles of high added
value, meeting the growing demand of consumers for clothes
free from agrochemicals, both in the cultivation systems of
white cotton and in the dyes utilized – all of them organic.
In the evaluation of Sebrae/MS consultant Vamilton Santos Júnior, the historical background of the group of farmers,
who had already worked with organic soybean, and the tradition of the crop in the region, were determining factors for the
development of the settlement project in 2008. Through the
ENTIRELY FAVORABLE In addition to
guaranteed market and better prices, organic cotton only
causes minor environmental impact. The traditional
cotton cultivation system is very dependant on industrial
chemicals used in global agriculture. “As no chemicals are
used in organic cotton farming, the fields get appropriate
for double cropping, where food crops can be cultivated
consecutively”, says Jair Pelegrin, consultant with the
Maytenus Institute. He adds that management practices make the difference. “Organic production is labor
intensive and requires special cares in the control of pests,
diseases and other occurrences”.
A member of the settlement, Vitor Carlos Neves
consultancy services provided by Sebrae and the Maytenus
Institute, it was possible to identify an investor to supply the
inputs and ensure the purchase of the free from agrochemicals
crop. “We are poised to double the number of producers and
the crop on a yearly basis and incorporate new crops”, says
Jair Pelegrin, consultant with the institute. Besides sesame
and sunflower, the settlers will produce indigo (Indigofera
tinctória), blue dye greatly demanded by the textile sector.
Pelegrin also reveals that the intention is to add value to
the organic fiber, improve marketing
operations, generate income to
the communities and enter into
CURRENT CROP
partnerships with private and
IS POISED TO
public initiatives. One of the goals
DOUBLE IN
is to display the quality of this
VOLUME AND
raw material during the 2014
REACH UPWARDS
Soccer World Cup in Brazil. The
OF 10 TONS
consultant describes the market
as entirely geared towards buying and
importing the raw material. “The quality
of Brazil’s natural fiber is excellent, compatible with market
requirements”, he stresses.
The areas are certified by initiative of Sebrae and by the
purchasing company, a fact that also lends support to field
expansion initiatives and technologies used with the purpose
to qualify the final product. Production evolution has been
assured, since the market is prepared to absorb any volume
of organic cotton cultivated in the settlement.
observes that, while in the commercial fields diseases and
pests are chemically controlled, in organic cotton natural
crop protecting agents, found in nature, are used. Neves
understands that this is the only way for the small-scale
farmers to join cotton farming.
YD Textiles purchases the natural fiber produced in
Paraná, Minas Gerais and Mato Grosso do Sul. As national
supplies are lagging behind the needs of the textile industries,
such cotton is imported from Paraguay, Peru and India, and
from other countries. “There is a market for it, and it is expanding faster than production, as consumers are increasingly
demanding cleaner, natural products, of low environmental
impact and huge social relevance”, Pelegrin reveals.
81
Por tabela
Novo Código Florestal não impactará
diretamente o plantio de algodão, mas
regras trazem mudanças às propriedades
Produzida principalmente em zonas agrícolas do bioma
Cerrado, consolidadas há bastante tempo, a cultura do algodão não sentirá reflexo direto do novo Código Florestal brasileiro. Mas o impacto a alcançará indiretamente como parte
dos sistemas agrícolas. Conforme Paulo Aguiar, membro do
conselho fiscal da Associação Mato-grossense dos Produtores
de Algodão (Ampa) e conselheiro da Associação Brasileira
dos Produtores de Algodão (Abrapa), o setor dá aval à pro-
82
posta do relator do texto, o deputado federal Aldo Rebelo.
A cadeia produtiva, porém, mantém a posição de que o
governo deve ser sensível a futuros ajustes, amparados em
argumentos técnicos. “Mas o avanço da legislação é inquestionável”, avalia Aguiar. Segundo ele, a segurança de uma
legislação clara é um “divisor de águas” para o setor, em razão
da insegurança causada pelas diversas interpretações possíveis
das leis por diferentes órgãos de fiscalização. “O agropecu-
Inor /Ag. Assmann
ILESO Os pesquisadores da Embrapa Algodão,
de Campina Grande (PB), avaliam que não haverá
impacto sobre a produção de algodão no Nordeste em
função do novo Código Florestal brasileiro. Segundo
os analistas da empresa, esse posicionamento parte do
fato de as áreas de cultivo já estarem consolidadas e,
portanto, não há necessidade de desmatamento para
ampliação das áreas plantadas.
Pelo tempo que estão instaladas, algumas há mais
de um século, essas áreas também não demandam
recomposição por conta de recente desmatamento.
Vale salientar que a maior parte do algodão produzido
no semiárido nordestino é cultivada por agricultores
familiares, em sistemas de consórcios agroecológicos,
cujos requisitos principais são inexistência de desmatamento e de queimadas nas zonas de plantio.
arista vem acumulando prejuízos por essa falta de uma lei
clara e objetiva”, observa.
Seja pelas características de produção ou pelo nível de
exigência da cultura, Aguiar explica que o algodão é produzido no Cerrado brasileiro em áreas sem problemas ambientais. “O algodão exige solos melhores e é cultivado sobre
áreas tradicionais da agricultura, substituindo soja e milho,
principalmente. Não ocupa o lugar da floresta ou pastagens
degradadas, solos naturalmente mais pobres”, explica.
O dirigente entende que as novas regras podem, inclusive, estabelecer um avanço da agricultura sobre milhões de
hectares de pastagens degradadas do Cerrado. “A tendência
é a soja, o milho e o arroz avançarem sobre essas áreas. O
algodão pode evoluir um pouco sobre tradicionais regiões
sojicultoras”, projeta. Os produtores defendem, no novo Código Florestal, regras que permitam a manutenção das áreas
já consolidadas do agronegócio, instalação de Áreas de Proteção Ambiental (APPs), com recomposição gradativa próxima
dos mananciais, e criação de maciços florestais, ao invés de
criar reserva legal isolada em cada propriedade. Esta última,
argumentam, tecnicamente não teria eficácia ambiental.
“Há regras defendidas por alguns setores que simplesmente tirariam do mapa a produção agropecuária de importantes regiões brasileiras e municípios, cuja economia é basicamente agrícola, sem que isso trouxesse benefício ambiental
significativo”, frisa. Segundo Aguiar, o que os produtores
querem é um plano de regeneração possível e viável e que a
nova regulamentação determine as dimensões da
lei,
mas também dê segurança às áreas
já constituídas do agronegócio.
LEGISLAÇÃO
“Queremos tranquilidade para
CLARA É
produzir e que as regras do jogo
não mudem de acordo com a
CONSIDERADA
interpretação de cada governo
UM DIVISOR
ou órgão ambiental, como
DE ÁGUAS
aconteceu até agora.”
83
Indirectly
New Forest Code will not impact directly on
cotton farming, but rules impose changes to farms
Inor /Ag. Assmann
Mostly produced in agricultural zones in the Cerrado
biome, consolidated for a long time, cotton crops will not
suffer direct reflections from the new Brazilian Forest Code.
But the impact will come in indirect form, affecting the
agricultural systems.
According to Paulo Aguiar, member of the fiscal council
of the Mato Grosso Association of Cotton Producers
84
(Ampa) and counselor to the Brazilian Association of Cotton
Producers (Abrapa), the sector supports the proposal of the
text’s rapporteur, federal deputy Aldo Rebelo.
The production chain, however, sticks its position
demanding the government to be sensitive to future adjustments, supported by technical arguments. “But the advance
of the legislation is unquestionable”, Aguiar concedes.
According to him, the security of a clear legislation is a
real “watershed” for the sector, by virtue of the insecurity
brought about by the several possible interpretations given
to the laws by different inspection organs. “Farmers and
cattle breeders have been accumulating losses by virtue of
the absence of a clear and objective law”, he observes.
Whether for the production characteristics or for the level
of requirements, Aguiar explains that cotton is produced in the
Brazilian Cerrado in areas where no environmental problems
occur. “Cotton requires good soils and is cultivated in traditional agriculture areas, replacing soybean and corn, for the
most part. The crop does not occupy forest areas or degraded
pasturelands, as these soils are naturally poorer”, he comments.
The official understands that the new rules could even
translate into agricultural advances over millions of hectares
of degraded pasturelands in the Cerrado. “The trend is for
soybean, corn and rice to take over these areas. Cotton might
slowly make it to soybean growing regions“, he projects. In
the New Forest Code, the producers come strongly in favor of
rules that ensure the maintenance of areas already consolidated by agribusiness operations, along with the
establishment of Environmental Protection Areas (EPAs), with gradual
CLEAR
streamside vegetation recovery, the
LEGISLATION
creation of massive forest stands, inIS SEEN AS A
stead of creating isolated legal forest
WATERSHED
reserves on every different farm. The
latter, they comment, would have
no environmental effectiveness.
“Some sectors are strongly in favor
of rules that would simply wipe out from the
map all agriculture and livestock operations in important
Brazilian regions and municipalities, where the economy
basically relies on agriculture, without any significant environmental benefit”, he argues. According to Aguiar, what
the growers want is a viable and possible regeneration plan,
with the new legislation setting the boundaries, along with
an assurance for the continuity of the long existing agribusiness-oriented areas. “We do not want to be disturbed in our
production activities and we do not want the rules of the
game wrongly interpreted by government or environmental
organs, as things have been so far”.
UNSCATHED Researchers at Embrapa Cotton,
in Campina Grande (PB), understand there will be no
impacto n the production of cotton in the Northeast
by virtue of the New Brazilian Forest Code. According
to the analysts of the company, this stance stems from
the fact that the cultivation areas have already been
consolidated and, therefore, there is no need to cut
down forests if cotton plantations are to be expanded.
For the time they have been established, some of them
for more than a century, these areas do not require
any recomposition as a result of recent deforestation.
It is worth mentioning that most cotton produced in
the northeastern semiarid comes from family farmers,
engaged in agroecological consortiums, whose main
requisites include the absence of forest cuttings or forest fires in the planting zones.
85
Divulgação/John Deere
Processo de mutação
Modernas colheitadeiras reduzem manuseio na
lavoura, agilizam a colheita e agregam tecnologias
que favorecem o benefício e o transporte
O lançamento de colheitadeiras com inovações tecnológicas no Brasil está revolucionando o manuseio do algodão
em caroço nas lavouras e reduzindo a necessidade de uso de
outros equipamentos. Essa novidade, muito bem recebida
pela cadeia produtiva, favorecerá o processo de beneficiamento
e manutenção da qualidade da fibra, bem como vai acelerar a
colheita. Nesse sentido, dois exemplos podem ser citados.
Recentemente, a Case lançou o modelo Module Express
625, que, além de fazer a colheita de forma semelhante às
demais máquinas, agregou o enfardamento. “Essa tecnologia
tornou a colheita mais eficiente, pois elimina a operação
de transporte pelo Bass Boy até a prensa enfardadeira, que
também é dispensada, uma vez que a colheitadeira produz
um fardão de aproximadamente cinco toneladas”, frisa
Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva, pesquisador da Embrapa
Algodão, de Campina Grande (PB).
Dessa forma, podem ser carregados no transmódulo,
durante o processo de transporte, dois fardos pequenos produzidos pela colhedora, em vez de um único fardão de até 12
toneladas produzido pela prensa enfardadeira tradicional. “Isso
reduz o número de operações sem a necessidade de outros
86
equipamentos de transporte. É uma vantagem”, acrescenta.
O pesquisador destaca que a John Deere também lançou
recentemente no mercado a colhedora modelo 7760, que
apresenta mecanismos de colheita semelhantes aos dos modelos tradicionais do tipo picker. Porém, nesse caso, o algodão
em caroço é prensado na própria máquina e forma um fardo
cilíndrico com peso de 2,3 a 2,5 toneladas. “O fardo é envolvido por uma cinta de polietileno e descarregado na própria
lavoura, similar aos equipamentos de fenação”, explica Silva.
Essa tecnologia permite que a máquina realize a colheita
de forma contínua, sem paradas para descarregar o produto
colhido. Isso aumenta sua capacidade operacional e elimina o
uso de equipamentos como o Bass Boy e a prensa enfardadeira,
reduzindo os custos da colheita. “Entretanto, essa colhedora requer equipamentos específicos para o transporte dos
fardos até a algodoeira, que podem ser adaptados no terceiro
ponto de tratores ou em carregadeiras”, relata o pesquisador
da Embrapa. Um transmódulo pode levar até quatro fardos
cilíndricos de algodão da lavoura à algodoeira. “É um processo
inovador, que levará as algodoeiras a se adequarem ao novo
sistema, modernizando o desmanche dos fardos”, aponta.
Mutation process
Modern harvesters reduce cotton handling, speed up harvest operations,
employ technologies that enhance processing and favor transport
The researcher mentions that John Deere equally
launched in the market, some time ago, the 7760 model harvester, which is equipped with harvesting mechanisms similar to the traditional models of the picker type. However, in
this case, seed cotton is pressed in the machine itself, forming a cylindrical bale weighing from 2.3 to 2.5 tons. “The
bale is fastened with polyethylene strips and unloaded in the
field, similar to a hay packing machine”, Silva explains.
This technology makes it possible for the machine to
harvest the cotton in continuous mode, without the need to
stop when the harvested product is unloaded. This increases
its operational capacity and eliminates the use of such pieces
of equipment as the Bass Boy and the baling press, lowering
harvest-related costs. “Nevertheless, this harvester requires
specific equipment for hauling the bales to the spinning mill,
which could be connected to the third hitching point of
tractors or forklifts”, the Embrapa researcher comments. A
transmodule carries up to four cylindrical cotton bales from
the field to the spinning mill. It is an innovating process that
will induce the spinning mills to adapt to the new system,
modernizing the bale dismantling process”, he concludes.
Divulgação/Domínio
The launch of harvesters that embody technological innovations in Brazil is revolutionizing the handling of seed in
the fields and reducing the need for other equipment. This
novelty, welcomed by the production chain, will benefit the
processing operations, maintain the quality standards and
speed up harvesting operations. Within this context, two
examples could be cited.
Recently, Case launched the Module Express 625 model,
which, besides harvesting the cotton like all other machines,
is equipped with a baler. “This technology has made harvesting more efficient, since it eliminates the transport operation
through the Bass Boy to the baling press, which is no longer
needed, as the baler produces a bale of approximately five
tons”, explains Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva, Embrapa
Cotton researcher, in Campina Grande (PB).
This allows it for carrying in the transmodule, during the
transporting process, two small bales produced by the harvester, instead of only one huge bale of up to twelve thousand
kilos, produced by the traditional baling press. “This reduces
the number of operations, without the need for other transportation equipment. It is a real advantage”, he adds.
87
Pesquisa
Research
Dose dupla
Novas cultivares aliam características que
prometem plantações ainda mais rentáveis
e de qualidade para as áreas de Cerrado
Produtores de algodão do Cerrado brasileiro poderão semear suas áreas, em breve, com sementes
que prometem elevado potencial produtivo de pluma, sanidade e qualidade de fibra. Por meio de
parceria entre a Embrapa Algodão, de Campina Grande (PB), a Fundação Bahia e a Empresa Baiana
de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), foram desenvolvidas as cultivares BRS 335 e BRS 336.
88
Inor /Ag. Assmann
O diferencial dos novos materiais não está apenas em
qualificar a cotonicultura. Eles também são desenvolvidos
com o intuito de abrir caminhos para novos mercados,
como é o caso da BRS 336. De acordo com o melhorista de
algodão da Fundação Bahia Murilo Barros Pedrosa, atualmente não existem cultivares de fibras longas, no padrão da
variedade obtida, plantadas no Brasil.
O pesquisador destaca que, além da alta produtividade,
ambas as cultivares – desenvolvidas com apoio financeiro
do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do
Algodão (Fundeagro) – são de ciclo e porte médios e adaptadas, especialmente, às condições edafoclimáticas (de solo
e de clima) do Cerrado baiano.
A BRS 335 destaca-se por seu elevado potencial produtivo, com rendimento de pluma superior a 2 mil quilos por
hectare, conforme ressalta o pesquisador da Embrapa Algodão
Camilo de Lelis Morello. Resistência à bacteriose, comprimento médio da fibra (de 29 a 31 mm) e plantas com médio
a baixo vigor de crescimento, com indicação de plantio nas
regiões de Cerrado dos estados da Bahia e do Piauí, também
são atributos do novo material.
Morello explica que a BRS 336 apresenta como diferencial a qualidade de fibra, consiBRS 336
derada média-longa, com valores de 32 a 34 mm de comprimento. Além
DIFERENCIAdisso, seu potencial produtivo é, em média, superior a 1,5 mil quilos de
SE POR
pluma por hectare. Essa cultivar, lembra o pesquisador, é indicada para
PROPORCIONAR
uso em áreas do Cerrado e do semiárido.
FIBRA LONGA
Segundo Pedrosa, da Fundação Bahia, geralmente as cultivares com
esse tipo de fibra apresentam problemas de suscetibilidade a doenças,
porte alto e ciclo tardio. Na cultivar BRS 336, no entanto, esses pontos foram
solucionados, pois apresenta resistência à bacteriose, é medianamente resistente à
doença azul e medianamente suscetível à mancha de ramulária.
O lançamento oficial das cultivares, cujas sementes estão em fase de multiplicação, deverá
ocorrer durante o Dia de Campo do Algodão, no dia 9 de julho, no Centro de Pesquisas Tecnológicas do Oeste Baiano (CPTO), da Fundação Bahia, em Luís Eduardo Magalhães (BA). Um dia que
deverá marcar uma nova era para a cotonicultura brasileira.
89
Double dose
New cultivars bear characteristics that
result into more profitable plantations, with
enhanced quality, in the Cerrado regions
Cotton producers in the Brazilian Cerrado can soon seed their areas with seeds that boast
a potential for high quality and healthy fiber. A partnership between Embrapa Cotton, in
Campina Grande (PB), Bahia Foundation and the Agricultural Development Corporation of
Bahia (EBDA) gave rise to the BRS 335 and BRS 336 cultivars. What makes the difference in these new materials is not just the qualification of cotton
farming. They are also developed with the focus on new markets, as is the case of the BRS 336.
According to cotton enhancer of Bahia Foundation, Murilo Barros Pedrosa, currently there are
no long fiber varieties that match the standard of the plantations in Brazil. The researcher points out that, besides the high productivity rates, both cultivars – developed with the financial support from the Cotton Agribusiness Development Fund (Fundeagro)
– are of medium cycle and size and adapted, particularly, to the edapho-climatic conditions
(soil and climate) of the Bahian Cerrado.
The BRS 335 stands out for its high production potential, reaching a potential of upwards
of 2 thousand kilos of fiber per hectare, says Embrapa Cotton researcher Camilo de Lelis Morello. Resistance to bacterial diseases, average length of the fiber (from 29 to 31 mm) and plants
with medium to low growth vigor, recommended for the Cerrado regions in the States of Bahia
Piauí, are also attributes of this new material.
Morello explains that the quality of the fiber is what makes the difference with the BRS
336, considered as medium-long, from 32 to 34 mm in length. Furthermore, its production
potential is, on average, in excess of 1.5 kilos of fiber per hectare. This cultivar, the researcher
recalls, is recommended for areas of the Cerrado and Semiarid.
According to Pedrosa, of Bahia Foundation, as a rule, cultivars with this type of fiber are
susceptible to diseases, very tall and mature late. With regard to cultivar BRS 336, nevertheless,
these topics have been solved, since it is resistant to bacterial diseases, has medium resistance to
the cotton blue disease and medium resistance to ramularia leaf spot.
The official launching of the cultivars, whose seeds are now in
the propagation phase, should occur during the Cotton Field
Day, on 9th July, in the Western Bahia Technological Research
Center (CPTO), of Bahia Foundation, in Luís Eduardo MagBRS 336 STANDS
alhães (BA). A day that is viewed as a watershed in Brazil’s
OUT FOR THE
cotton farming business.
LENGTH OF ITS
FIBER
90
91
Inor /Ag. Assmann
Em nome
da inovação
“O Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) é diferente”. A afirmação feita pelo presidente
Haroldo Cunha deixa explícito que a entidade, criada em 2010, é sinônimo de inovação
para a cotonicultura do País. Aliada à Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
(Abrapa), tem como foco promover ações direcionadas ao setor produtivo e gerar conhecimento na área, sempre levando em conta a demanda dos produtores.
Sem fins lucrativos, a associação civil foi fundada em junho de 2010, a partir de negociação dos governos do Brasil e dos Estados Unidos decorrente do contencioso do algodão
na Organização Mundial do Comércio (OMC). Por meio dela serão aplicados os recursos
repassados pelos Estados Unidos como forma de compensar o Brasil pelos subsídios pagos
aos cotonicultores estadunidenses. Segundo Cunha, o valor totaliza US$ 157 milhões até
março de 2011, sendo que mensalmente estão previstos US$ 12,275 milhões, enquanto o
Memorando de Entendimento entre os dois países estiver vigente. Em 2011, a expectativa
é que sejam investidos R$ 35 milhões.
As negociações para a aplicação dos recursos iniciaram-se em abril
deste ano. Entre as linhas de ação estão investimentos na área
de concentração de produção, em programas de cooperação
internacional, na promoção do uso do algodão, na capacitação
EM 2011,
de pessoal, na sustentabilidade socioambiental, em melhoria de
INVESTIMENTO
infraestrutura e no sistema de classificação da fibra do algodão
DEVE CHEGAR A
por HVI (High Volume Instrument), no controle de pragas e na
R$ 35 MILHÕES
realização de workshops, eventos, palestras e seminários sobre a
cadeia produtiva.
Em maio, o Conselho Gestor do IBA realizaria a divulgação das
normas e regras estabelecidas para que entidades associadas possam elaborar
projetos e encaminhar à aprovação. Cunha acredita que em junho as primeiras propostas
estarão no mercado. Antes disso, salienta que as regras devem estar bem definidas para que
o trabalho apresente resultados ainda mais positivos.
Com planejamento estratégico definido para 2011, o presidente da instituição ressalta
que a prioridade é utilizar os recursos da melhor forma possível. Para isso, a associação
deve trabalhar com cautela, uma vez que está no primeiro ano de funcionamento. Cunha
ressalta que as atividades centrais do IBA devem girar em torno de capacitação e treinamento. A qualificação de mão de obra poderá desencadear novas atividades e ações. O
grande desafio é gerar conhecimento e informação para que o ambiente algodoeiro no
Brasil seja sinônimo, também, de desenvolvimento, crescimento e inovação.
92
Divulgação/Camídia Produções
Instituto Brasileiro do Algodão dá novo
impulso para o desenvolvimento de
projetos em prol da cotonicultura nacional
POR DENTRO
O Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), cuja sede fica em Brasília (DF), iniciou suas atividades em
7 de junho de 2010. Dois meses depois, foi estruturado o Conselho Gestor, composto por membros
do setor privado e do governo federal. Além da Diretoria Executiva, presidida por Haroldo Cunha,
a entidade é constituída de Conselho Fiscal e de Assembleia Geral, composta por representantes das
associações estaduais, filiadas à Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
As principais funções do IBA consistem em gerenciar e aplicar os recursos para desenvolver projetos
em benefício da cotonicultura brasileira, de acordo com o Memorando de Entendimento entre os
governos dos Estados Unidos e do Brasil, relativo ao Contencioso do Algodão na Organização Mundial
do Comércio (OMC). Após a abertura de edital, as instituições associadas, a diretoria executiva do IBA,
a Abrapa e os orgãos da administração pública federal poderão enviar projetos e programas para análise.
93
In the name
of innovation
Inor /Ag. Assmann
Brazilian Cotton Institute encourages the
development of projects on behalf of our
national cotton farming business
94
“The Brazilian Cotton Institute (IBA) is different”. The statement made by president Haroldo
Cunha makes it clear that the entity, created in 2010, is synonymous with innovation regarding
cotton growing in Brazil. Allied with the Brazilian Association of Cotton Producers (Abrapa),
its focus consists in promoting initiatives geared towards the production sector and towards the
generation of knowledge in the area, always taking into consideration the needs of the growers.
A non-profit organization, the civil association was founded in June 2010, based on
negotiations between the Brazilian and the North-American governments, resulting from
Brazil’s WTO case against the US cotton program. The resources remitted to Brazil by
the US government as a manner to compensate for the subsidies paid to the cotton
growers in the United States will be applied through the association. According to
Cunha, the value amounts to US$ 157 million until March 2011, with monthly
IN 2011,
remittances reaching US$ 12.275 million, during the time the Memorandum
INVESTMENT IS
of Mutual Understanding between the two countries is in force. For 2011, the
TO AMOUNT TO
expectation is for an investment of R$ 35 million.
R$ 35 MILLION
The negotiations for the use of the resources started in April this year. The
action lines include investments in the area of production concentration, international cooperation programs, cotton promotion moves, personnel qualification, socioenvironmental sustainability, infrastructure improvement and the cotton grading system
by HVI (High Volume Instrument), pest control and the organization of workshops, events,
lectures and seminars focused on the production chain.
In May, the managing council at IBA was supposed to disclose the rules and standards set
forth, so as to make it possible for the affiliated entities to devise projects and submit them for approval. Cunha believes that the first proposals will reach the market in June. Before this happens,
he stresses that the rules should be well defined for the work to yield further positive results.
Relying on a strategic plan defined for 2011, the president of the institution stresses that
the priority is to utilize the resources in the best manner possible. To this end, the association
must work with caution, as it is operating in its first year. Cunha points out that IBA’s central
activities should be focused on capacity building and training. The qualification of the workforce might trigger new activities and initiatives. The great challenge consists in generating
knowledge and information, turning the cotton farming segment in Brazil also a synonym
for development, growth and innovation.
AWARENESS
The Brazilian Cotton Institute (IBA), based in Brasília (DF), started its activities on 7th
June 2010. Two months later, the Managing Council was created, consisting of two members
from the private sector and from the federal government. Besides the Chief Executive Board,
presided over by Haroldo Cunha, the entity comprises a Fiscal Council and a General Assembly, whose members are representatives of the state association, affiliated with the Brazilian
Association of Cotton Producers (Abrapa).
IBA’s main attributions consist in managing and applying the resources for the development of projects on behalf of the Brazilian cotton farming business, in compliance with the
Mutual Understanding Memorandum between the governments of the United States and
Brazil, relative to the Cotton Case at the World Trade Organization (WTO). Once the edict
has been opened, associated institutions, the chief executive board of IBA, Abrapa, and public federal administration organs are allowed to submit projects and programs for analysis.
95
Pode mais
Cultivo de algodão transgênico apresenta
crescimento no Brasil, mas depende da liberação de
novas variedades para conquistar mais produtores
Motivos para acreditar que o diferente pode dar certo não faltam aos cotonicultores brasileiros. Desde 2005, quando a
primeira variedade de algodão transgênico foi liberada no País, o número de materiais aprovados e a área semeada com a
tecnologia só crescem, em especial no Centro-Oeste e no Oeste da Bahia, principais regiões produtoras nacionais.
Segundo estimativas da Céleres Consultoria, na safra 2010/11 o algodão geneticamente modificado ocupou 325 mil hectares, o que representa 26% do total plantado no Brasil. Dentro
desse número, são consideradas as tecnologias de resistência a insetos (RI), tolerância a
OITO EVENTOS
herbicidas (TH) e resistência a insetos combinada com tolerância a herbicidas (RI/TH).
TRANSGÊNICOS
Um fator que deve auxiliar no crescimento da adoção do transgênico é a liberação de
ESTÃO
novas cultivares. De acordo com o pesquisador Paulo Augusto Vianna Barroso, da Embrapa
DISPONÍVEIS
Algodão, de Campina Grande (PB), em 2011 a expectativa é de que o Roundup Ready
Flex seja julgado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Para 2012,
NO PAÍS
espera-se que seja avaliada a combinação do Glytol com o Liberty Link.
Caso sejam aprovados, todos os eventos utilizados internacionalmente estarão disponíveis
ao agricultor brasileiro. Hoje, para plantio no País, a CTNBio avaliou e liberou oito tipos diferentes de
algodoeiros geneticamente modificados. Suas principais características são resistência a lagartas e tolerância a herbicidas
de amplo espectro. Barroso acredita que, com as novas variedades, a cotonicultura nacional terá à disposição as melhores
tecnologias baseadas em engenharia genética existentes na atualidade.
Inor /Ag. Assmann
EXPECTATIVA Com a introdução no mercado de eventos de segunda geração, espera-se que haja elevação
96
na área de cultivo com algodão transgênico, afirma Paulo Augusto Vianna Barroso, da Embrapa Algodão. Para ele, o
crescimento depende da disponibilização de novidades. Por esse motivo, a instituição de pesquisa está trabalhando na
negociação de eventos de terceiros e no desenvolvimento de pesquisas próprias. No momento, são realizados trabalhos
de introgressão de Roundup Ready Flex e de Bollgard II. Espera-se, da mesma forma, que cultivares BRS tolerantes a
glifosato e resistentes a insetos estejam no mercado.
Atualmente, a instituição trabalha com o desenvolvimento de eventos de tolerância à seca e a insetos. Barroso explica, no entanto, que a fase das pesquisas ainda é inicial e que não há previsão de liberação. Enquanto isso, os trabalhos
de aperfeiçoamento continuam, visto que hoje o principal entrave na área é a disponibilização dos eventos aprovados
pela CTNBio em cultivares.
Nessa busca, a biologia molecular, nos programas de melhoramento vegetal, é vista como uma boa ferramenta no
desenvolvimento de novas variedades. Segundo o biólogo Leonardo Bitencourt Scoz, do Instituto Mato-grossense do
Algodão (IMAmt), ela vem sendo empregada com sucesso na obtenção de algodoeiros transgênicos.
FIQUE ATENTO
• A transgenia é mais um insumo à disposição do produtor e acrescenta um custo adicional à semente, chamada taxa tecnológica;
• A transgenia não aumenta o potencial produtivo de uma cultivar,
apenas permite que se expresse melhor em condições específicas;
• Antes de buscar uma variedade para plantio, deve-se atentar para
todas as demais características, como sua produtividade na região e
sua resistência a doenças;
• O uso indiscriminado de cultivares BT e tolerantes a herbicidas
pode ocasionar o desenvolvimento de populações de insetos e de
plantas daninhas resistentes;
• Um bom manejo, que inclua o uso de refúgios, rotação de culturas e de eventos, permitirá que os benefícios trazidos pela transgenia sejam duradouros.
Fonte: Paulo Augusto Vianna Barroso, da Embrapa Algodão
97
More is possible
Transgenic cotton cultivations are on the rise
in Brazil, but depend on the liberation of
new cultivars to conquer more consumers
The Brazilian cotton growers have reasons enough to believe that what is different might turn out to be the
right thing. Since 2005, when the first genetically modified cotton cultivar was liberated in Brazil, the number of
varieties approved and the area seeded under the principles of the new technology have been rising, particularly in
the Center-West and western Bahia, leading national cotton producing regions.
According to estimates by Céleres Consultoria, in the 2010/11 crop year genetically modified cotton occupied
325 thousand hectares, representing 26% of the total in Brazil. This number includes insect resistant technologies
(IR), tolerance to herbicides (TH) and resistance to insects combined with tolerance to herbicides (IR/TH).
A factor that is expected to attract more farmers to transgenic cotton is the liberation of new cultivars. According to researcher Paulo Augusto Vianna Barroso, of Embrapa Cotton, in Campina Grande (PB), in 2011 farmers
hope that the herbicide Roundup Ready Flex will be submitted to a judgment by Brazil’s
National Technical Committee on Biosafety (CTNBio). For 2012, the Glytol/Liberty
Link combination will also be voted.
EIGHT
In case of approval, all cultivars used internationally will be available to Brazilian
TRANSGENIC
farmers.
At present, there are only eight varieties of genetically modified cotton that
CULTIVARS ARE
were evaluated and liberated by the CTNBio. Their main characteristics are resisAVAILABLE IN
tance to worms and tolerance to broad-spectrum herbicides. Barroso believes that,
THE COUNTRY
with the new varieties, our national cotton farming business will have better technologies available, based on present time genetic engineering breakthroughs.
98
Inor /Ag. Assmann
EXPECTATION With the introduction in the market of second generation cultivars, it is
hoped that the area planted to transgenic cotton will rise considerably, says Paulo Augusto Vianna Barroso, of Embrapa Cotton. In his opinion, the growth depends on the availability of new
cultivars. For this reason, the research institution is attempting to negotiate cultivars from third
parties, while continuing deeply engaged in doing research. At the moment, introgression works are
conducted with herbicides Roundup Ready Flex and Bollgard II. Likewise, it is also hoped that BRS
cultivars tolerant to glyphosate and resistant to insects will soon reach the market.
Currently, the institution is working on cultivars tolerant to drought conditions and insects.
Nonetheless, Barroso explains that the research work and the outlook for a possible liberation are
uncertain. In the meantime, enhancement works continue, seeing that the main hurdle in the area is
the availability of the cultivars approved by the CTNBio.
Within this context, molecular biology, in the vegetable enhancement programs, is viewed as a good
tool in the development of new varieties. According to biologist Leonardo Bitencourt Scoz, of the Mato
Grosso Cotton Institute (IMAmt), it is being used with success in the search for transgenic cotton plants.
STAY TUNED
• Transgenics is just one more input at the disposal of the farmers and adds an
additional cost to the seed, known as technology fee;
• Transgenics does not increase the production potential of a cultivar, it only allows for it to express itself better, under specific conditions;
• Before going in search of a variety, heed must be paid to all other characteristics, like its productivity in the region and its resistance to diseases;
• The indiscriminate use of BT cultivars tolerant to herbicides might trigger the
appearance of insect populations and weeds resistant to herbicides;
• Good management practices, including refuge sites, crop rotation of cultivars
and varieties, will result into long lasting benefits brought about by transgenics.
Source: Paulo Augusto Vianna Barroso, of Embrapa Cotton
À DISPOSIÇÃO • AT THE DISPOSAL
Eventos liberados pela CTNBio para cultivo comercial
Evento
Empresa
Característica
Bollgard
Monsanto
Resistência a insetos
Ano de liberação
2005
LibertyLink
Bayer
Tolerância a glufosinato de amônio
2008
Widestrike
Dow
Resistência a insetos
2009
Roundup Ready
Monsanto
Tolerância a glifosato
2008
Bollgard II
Monsanto
Resistência a insetos
2009
Roundup Ready + Bollgard
Monsanto
Tolerância a glifosato e resistência a insetos
2009
Twinlink
Bayer
Tolerância a glufosinato de amônio e resistência a insetos
2010
Glytol
Bayer
Tolerância a glifosato
2010
Fonte: Paulo Augusto Vianna Barroso, da Embrapa Algodão
99
O conquistador
Introduzido há poucos anos nas lavouras
brasileiras, o plantio adensado de algodão
cresceu entre 40% e 50% no ciclo 2010/11
O crescimento do cultivo adensado de algodão está
Valdinei Sofiatti, da Embrapa Algodão, de Campina Grande
animando produtores e pesquisadores. Por permitir maior
(PB), acredita-se que a área destinada ao plantio adensado na
densidade de plantas por área – aproximadamente o dobro
temporada 2009/10 tenha sido de aproximadamente 58 mil
da utilizada na lavoura convencional – e reduzir o ciclo
hectares, crescendo entre 40% e 50% no período seguinte.
produtivo, esse sistema ganhou terreno no período 2010/11. Para 2011/12, Sofiatti salienta que o incremento dependerá
Ele se apresenta como uma boa opção para a safrinha, sendo
do comportamento dos preços do algodão e, também, do
plantado após a colheita de uma cultura de verão
milho, já que é uma opção de safrinha.
de ciclo mais curto. Frente a isso, projetos
Os números revelam que a proposta de seADENSADO
de desenvolvimento de novas cultivares e
meadura com espaçamento entre linhas menor
EXIGE
aperfeiçoamento de tecnologias dão indícios
que 76 cm (sendo os mais utilizados de 38 cm
CUIDADOS
de um futuro animador.
e 45 cm) conquistou os cotonicultores. A posESPECIAIS
Conforme o engenheiro agrônomo
sibilidade de obter melhor aproveitamento e,
Inor /Ag. Assmann
DURANTE TODO
O CICLO
100
até mesmo, maior rentabilidade por área são fatores que
influenciam na boa aceitação do adensado, mesmo que
ocasione severas modificações no sistema de produção
em relação ao cultivo convencional.
A disponibilização de novos equipamentos, especialmente aqueles destinados à colheita, auxilia no
processo de adoção desse sistema. Sofiatti e o engenheiro agrícola Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva,
também da Embrapa Algodão, destacam que a falta
de opções para a colheita era um dos principais fatores
limitantes desse tipo de plantio.
Os pesquisadores explicam que, para o algodão adensado, são usadas colheitadeiras com plataforma stripper
de pente, a qual não é seletiva, ou seja, retira o capulho
juntamente com brácteas e ramificações laterais da planta,
o que ocasiona maior quantidade de impurezas no algodão colhido. A maioria desses equipamentos, no entanto,
era importada. Hoje, contudo, existem colheitadeiras de
fabricação nacional que também realizam a pré-limpeza,
reduzindo a quantidade de impurezas na fibra.
O INÍCIO Com o intuito de reduzir custos de produção na safra 2008/09, quando o preço do algodão era
baixo, produtores de Mato Grosso adotaram o sistema
de cultivo adensado, marcando o início da sua utilização no Brasil, segundo Valdinei Sofiatti, da Embrapa
Algodão. Depois da implantação de áreas de testes e
observação no primeiro ano, foi constatada a viabilidade
do sistema, o que levou mais produtores a realizarem o
cultivo em safrinha.
Atualmente, os pesquisadores se veem diante de um
desafio para aperfeiçoar o sistema adensado: a obtenção
de cultivares específicas, mais precoces e compactas. De
acordo com o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Algodão, Carlos Alberto Domingues da Silva, por
meio do programa de melhoramento genético, a instituição trabalha para a criação de cultivares com características
morfofisiológicas adequadas ao sistema.
Nesse sentido, Sofiatti ressalta que a Embrapa Algodão,
assim como outras empresas, está trabalhando para obter
novas cultivares e que elas poderão ser disponibilizadas nos
próximos anos, após processo de avaliação. Além disso,
novas variedades de soja de ciclo precoce estão sendo lançadas no mercado, reduzindo ainda mais o ciclo da cultura
antecessora ao algodão. Com isso, o plantio do adensado
poderá ser antecipado, visando a minimizar a ocorrência de
deficiência hídrica da cultura no final do ciclo, quando as
chuvas na região do Cerrado se tornam escassas.
BOA DIFERENÇA
O sistema de plantio adensado possui algumas características
que o distinguem do modo convencional. Dentre elas destacam-se a maior densidade de plantas por área, ou seja, de 200 mil a
250 mil por hectare; a necessidade de maior controle do crescimento das plantas com fitorreguladores; e a colheita mecanizada
com equipamentos apropriados ao sistema.
Para esse cultivo também é necessário que sejam utilizadas
cultivares mais compactas e com ciclo mais curto. Entretanto,
como o sistema é novo no Brasil, não existem cultivares apropriadas a essa forma de produção. Com isso, os produtores utilizam
os materiais desenvolvidos para a lavoura convencional.
Além disso, faltam mais informações a respeito da população
de plantas adequadas às condições do Cerrado; das épocas mais
recomendadas ao plantio nas diferentes regiões de cultivo; do
manejo do regulador de crescimento, da fertilidade do solo e da
adubação; e do manejo integrado de pragas e doenças.
Fonte: Embrapa Algodão
101
Inor /Ag. Assmann
The conqueror
Introduced in the Brazilian fields some years ago, dense cotton
planting soared 40% and 50% in the 2010/11 crop year
The rising trend in dense cotton plantations is enGrande (PB), it is believed that the area destined for dense
couraging producers and researchers. The system gained
plantations in the 2009/10 crop reached approximately
momentum over the 2010/11 crop year because it allows for 58 thousand hectares, while growing from 40% to 50%
bigger density of plants per area – approximately twice as
over the next period. For 2011/12, Sofiatti stresses that the
many plants as in conventional fields - and it reduces
increase will depend on the behavior of the cotton
the production cycle. It comes as a good option
prices and, equally, on corn, since it is an opfor the winter crop, when it is planted after a
tion for the winter crop.
DENSE
summer crop of a smaller cycle. Within this
The figures reveal that the recommendaPLANTATIONS
context, projects for the development of new
tion for seeding with spacing between rows
REQUIRE SPECIAL
cultivars and technology enhancement point
smaller than 76 cm (although the most
CARES DURING
to an encouraging future.
commonly used spacing standards are 38 cm
THE
ENTIRE
According to agronomic engineer Valdior 45 cm) has conquered the cotton farmers.
CYCLE
nei Sofiatt, of Embrapa Cotton, in Campina
The chance for obtaining a better use, and
102
THE BEGINNING With the intention to reduce production costs in the
2008/09, crop, when cotton prices were lagging behind, producers in Mato Grosso
resorted to dense plantations, pioneering its use in Brazil, says Valdinei Sofiatti, of
Embrapa Cotton. After establishing a year long trial plot, the viability of the system
was ascertained, inducing more growers to plant the winter crop.
Nowadays, researchers are facing the challenge to improve the dense planting system: coming up with specific, premature and more compact cultivars. According to
the head of the research department at Embrapa Cotton, Carlos Alberto Domingues
da Silva, through the genetic enhancement program, the institution is engaged in
creating cultivars with physiological characteristics adapted to the system.
Within this context, Sofiatti stresses that Embrapa Cotton, just like other corporations, is working on new cultivars, which are likely to be made available over the
coming years, after going through an assessment process. Moreover, new short cycle
soybean cultivars are now being launched into the market, reducing even further the
cycle of the crop cultivated prior to cotton. This will provide for anticipating the
cultivations under the dense planting system, thus minimizing the dry spells in the
final stage of the crop, when rainfalls in the Cerrado region get scarce.
A GOOD DIFFERENCE
even higher productivity rates per area, and even bigger profitability per area are factors that have an influence on the popularity of the system, even if it brings about severe alterations to
the production system, compared to conventional farming.
The availability of new equipment devices, especially the
ones destined for harvesting operations, helps with adopting
the system. Sofiatti and agronomic engineer Odilon Reny
Ribeiro Ferreira da Silva, also of Embrapa Cotton, point
out that the shortage of options for cotton harvesting was
one of the limiting factors for this type of planting to thrive.
Researchers explain that, for dense cotton, rotary combing
stripper harvesters are used, which is not a selective process,
that is to say, it removes the boll along with the bracts and
lateral ramifications of harvested cotton. Most equipment
of this type was imported. At present, however, there are
harvesters made in Brazil, which also do the pre-cleaning
operation, reducing the amount of impurities in the fiber.
The dense planting system boasts some characteristics
that distinguish it from the conventional plantations. The
most important of them include higher density of plants
per area, that is to say, 200 to 250 thousand per hectare; the
need for intensified control over the growing stage of the
plants, with phytoregulators; and mechanized harvesting
through equipment appropriate to the system.
For this cultivation it is also necessary to utilize more
compact cultivars and with a shorter cycle. Nonetheless, as
the system is new in Brazil, there are no cultivars appropriate for this type of production. Because of this, the farmers
utilize the materials developed for the traditional farms.
Furthermore, more information is needed with regard
to the population of plants appropriate for the conditions of
the Cerrado; and more information on the recommended
time for plantings in the different regions; on the manner
to manage growth controllers, soil fertility and fertilization;
and integrated pest and disease management practices.
Source: Embrapa Cotton
103
Atentos aos vilões
Maior incidência da mancha de ramulária e nova
adaptação da lagarta-da-maçã ameaçam a produtividade
do algodão brasileiro na safra 2010/11
Ao pesquisar sobre as doenças que atingem a cotonicultura brasileira, ela tem
lugar de destaque e, na safra 2010/11, seus sintomas puderam ser vistos no
campo. Ao detectar maior severidade da mancha de ramulária ou ramulariose nas principais regiões produtoras do Cerrado brasileiro, principalmente no Oeste da Bahia, pesquisadores e produtores se viram diante
de mais um desafio para reduzir as perdas de redimento da cultura.
O pesquisador Nelson Dias Suassuna, do Núcleo do Cerrado da Embrapa Algodão, localizado em Santo Antônio
de Goiás (GO), afirma que alguns fatores podem ter
contribuído para o agravamento do problema. O
primeiro deles, salienta, foi a grande ocorrência
de chuvas nos meses de fevereiro e março, o que
dificultou a aplicação de fungicidas e outros produtos. Com as precipitações logo após a pulverização, perdas de aplicação foram ocasionadas.
Além disso, muitas não puderam ser realizadas
no período recomendado.
O número de aplicações de fungicidas, que
cresce a cada ano, comprova a severidade da
doença. De acordo com Suassuna, há dez anos,
por exemplo, eram necessárias de duas a três
utilizações para um controle satisfatório. Hoje,
contudo, esse número pode chegar a doze (em
casos extremos), dependendo da situação da lavoura. Junto a isso, o plantio de cultivares suscetíveis à doença também dificultou o manejo.
Realizar rotação de culturas e plantar variedades
mais tolerantes ou resistentes estão entre as recomendações para controlar a doença. O produtor, porém, também
precisa estar atento ao controle químico. É necessário que a
eficiência dos produtos comerciais para controle da mancha de ramulária seja
testada. De acordo com Suassuna, a prática se torna necessária uma vez que a maioria
desses produtos tem como base apenas dois grupos químicos (triazóis e estrobilurinas) e sua
utilização intermitente pode selecionar isolados do patógeno menos sensíveis aos fungicidas.
Para um controle efetivo da doença, deve-se integrar as táticas de manejo disponíveis.
Nesse sentido, o pesquisador ressalta o uso de cultivares mais resistentes, como FMT 707,
FMT 705 e BRS 269 Buriti. Quanto ao controle químico, algumas recomendações devem ser
observadas. Promover a rotação de fungicidas, evitar sub ou superdosagens e atentar para as
tecnologias de aplicação adequadas e o momento de pulverização são algumas delas.
104
Inor /Ag. Assmann
CARDÁPIO AMPLO Agricultores do
Cerrado brasileiro também notaram um fenômeno recente e preocupante na safra 2010/11.
Historicamente ligada à cultura do algodão, a
lagarta-das-maçãs trilhou caminhos rumo a um
novo alimento: a soja. A adaptação, que torna a
praga mais forte, resulta em prejuízos não só para
a leguminosa, mas também para os cotonicultores.
Mais do que afetar a produtividade, ao se
alimentar da soja uma espécie de “ponte verde” se
estabelece, conforme salienta o pesquisador José
Ednilson Miranda, da Embrapa Algodão. Isso
ocorre porque as populações da lagarta se mantêm, se multiplicam e migram para as plantas de
algodão quando estas começam a produzir botões
florais e maçãs. Dessa forma, podem ocorrer danos
de 20% a 30% na produção, caso não sejam
tomadas medidas eficientes de controle.
De acordo com Miranda, a adaptação da
lagarta-da-maçã à soja pode ser explicada pela coexistência de extensas áreas com as duas culturas ou
em sucessão no mesmo terreno. À medida que várias lavouras passam a ocupar uma mesma região,
os insetos se deslocam entre elas, escolhendo as
culturas que permitem o melhor desenvolvimento
de seus descendentes ou que apresentem menor
resíduo de inseticida.
O pesquisador ressalta que ocorrências pontuais da lagarta na soja já ocorrem há duas ou três
safras. Em 2010, contudo, surtos mais intensos
foram verificados nas áreas produtoras de Goiás,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para que
o controle seja eficiente, é necessário que o
PRAGA DO
produtor adote medidas de caráter cultural
ALGODÃO ESTÁ
(rotação de culturas e vazio sanitário), comAFETANDO
portamental (armadilhas com feromônios)
TAMBÉM A SOJA
e químico (inseticidas registrados) junto ao
manejo integrado.
105
On the look out
for the villains
Higher incidence of ramularia leaf spot and new
adaptations of the cotton bollworm threaten the
productivity rates of Brazil’s 2010/11 cotton crop
Inor /Ag. Assmann
Considering all the diseases that infest Brazilian cotton, the
above one occupies a prominent position and, in the 2010/11
crop, its symptoms were apparent in the fields. By detecting
more severe ramularia leaf spots, also known as ramulariosis,
in the leading producing region of the Cerrado, particularly in
106
Western Bahia, researchers and producers saw themselves facing
a new challenge to reduce the productivity losses of the crop.
Researcher Nelson Dias Suassuna, of the Embrapa
Cerrado Cotton Nucleus, located in Santo Antônio de
Goiás (GO), says that some factors might have contrib-
uted towards aggravating the problem. The first of them,
he argues, was the excessive precipitation in February and
March, which jeopardized the application of fungicides and
other products. With heavy rainfalls right after chemical applications, great losses were incurred. Furthermore, many applications had to be postponed and carried out in non-recommended periods. The number of fungicide applications,
which has been rising year after year, attests to the severity
of the disease. According to Suassuna, ten years ago, for
example, a satisfactory control required no more than two to
three applications. Nowadays, however, this number could
be as high as twelve (in extreme cases), depending on the
situation of the field. Along with this, cultivars susceptible to
diseases have also added to the management problem.
Crop rotation and more resistant or tolerant varieties are
some of the recommendations for keeping the disease under
control. The farmers, nonetheless, must also be prepared for
chemical control practices. It is necessary to test the efficiency of
the products for controlling the ramularia leaf spot. According
to Suassuna, this practice becomes necessary since the majority
of these products are based on two chemical groups (triazoles
and and strobila) and their intermittent use might select isolated pathogens less susceptible to fungicides.
For an effective control of the disease,
an integration of the available manageCOTTON
ment practices is necessary. Within
PEST IS ALSO
this context, researchers strongly
ATTACKING
recommend the use of more resistant
SOYBEAN
cultivars like FMT 707, FMT 705
PLANTATIONS
and BRS 269 Buriti. With regard
to chemical controls, some recommendations should be observed. Fungicide
rotation, under or over applications should
be avoided, and heed should be paid to appropriate application
technologies and the right moment for the application are
some of the guidelines.
COMPREHENSIVE MENU Farmers in the Brazilian Cerrado have also come across a worrying phenomenon in
the 2010/11 crop. Historically linked to cotton crops, the cotton
bollworm has made its way to a new type of food: soybean. The
adaptation, which makes the pest stronger, results into losses not
only for the leguminous crop, but also for the cotton growers.
More than affecting the productivity rates, by feeding on soy,
a kind of “green bridge” is created, says researcher José Ednilson
Miranda, of Embrapa Cotton. This occurs because the worm
populations survive, propagate and migrate to the cotton plants
at the flowering and boll formation stage. This could cause losses
of 20% to 30% to the production volumes, if no efficient control
measures are taken.
According to Miranda, the adaptation of the cotton bollworm to soybean might found an explanation through the
existence of huge planted areas of both crops side by side or
through crop rotation practices on the same plot. As several crops
are grown in the same region, the insects migrate from one to the
next, always opting for the ones that best satisfy their development needs or are submitted to fewer insecticide applications.
The researcher stresses that occasional outbreaks of the
bollworm on soy crops have been occurring for two to three
years. In 2010, however, more severe outbreaks were detected in
the production regions of Goiás, Mato Grosso and Mato Grosso
do Sul. For efficient control, growers are recommended to adopt
measures of cultural character (crop rotation and sanitary gap),
behavioral (pheromone traps) and chemical (registered insecticides) along with integrated management practices.
107
A raiz do problema
Entre as pragas que comprometem as lavouras de
algodão, aumento na incidência do percevejo-castanhoda-raiz pede atenção especial do produtor
De hábito subterrâneo, ao se alimentar das raízes o inseto
Assim como na história de Davi e Golias, ouvida muitas
impede o crescimento das mudas. Dessa forma, causa atraso no
vezes na infância, na cotonicultura brasileira os pequenos
desenvolvimento e prejudica a produção, podendo ocasionar
também podem causar temor. Com aproximadamente oito
perdas de até 60% na produtividade. Segundo Miranda, com
milímetros de comprimento, o percevejo-castanho-da-raiz
o ataque do percevejo observa-se no campo plantas
é capaz de provocar grandes prejuízos aos produtores.
amareladas, raquíticas, murchamento e morte, em
A preocupação aumenta quando pesquisadores
alguns casos. Quando a ação é muito intensa,
constatam que sua presença nas lavouras
também há a necessidade de replantio. Além
ocorre com mais frequência a cada safra, com
PERDAS EM
disso, as plantas que sobrevivem têm seu
destaque para as espécies Scaptocoris castanea e
PRODUTIVIDADE
desenvolvimento comprometido.
Atarsocoris braquiariae.
PODEM CHEGAR
A praga que assombra a cotonicultura se
A chegada das chuvas na primaveA
60%
encontra em qualquer tipo de solo. Miranda,
ra marca o início de um novo ciclo para
no entanto, salienta que ocorre um aumento
culturas como o algodoeiro. Ao mesmo
populacional em solos arenosos, independente se
tempo, porém, a umidade estimula a multiplicao plantio for realizado de modo direto ou convencioção da praga. Com isso, o percevejo-castanho-da-raiz
nal. Segundo o pesquisador, a praga, cujo ataque ocorre de
se estabelece e ataca as plantas recém-emergidas, explica o
forma agregada, está presente nas áreas produtoras de Goiás,
pesquisador José Ednilson Miranda, do Núcleo de Pesquisas
Bahia, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
do Cerrado da Embrapa Algodão, em Goiânia (GO).
CONTROLE Diante do problema, resta a pergunta: é possível eliminar de vez o percevejo-castanho-da-raiz?
De acordo com o pesquisador da Embrapa Algodão José Ednilson Miranda, a resposta é negativa. Os cotonicultores
podem apenas minimizar seus danos por meio de um bom manejo cultural, proporcionando boas condições físicas e
nutricionais aos solos, o que favorece as plantas e aumenta sua tolerância ao ataque das pragas.
Miranda explica que o controle químico do percevejo nem sempre é eficiente, uma vez que o solo deve estar bem
úmido durante as aplicações. Além disso, o hábito de polifagia e a migração, a cada ano, dos locais de infestação
contribuem para dificultar o controle de população da praga. Por isso, a preferência é que sejam adotadas medidas de
prevenção para evitar seu aparecimento.
Entre os itens preventivos estão avaliar o histórico da praga e seus problemas na localidade; efetuar um bom
mapeamento da propriedade, por meio de abertura de trincheiras em toda a área de cultivo logo nas primeiras chuvas
que antecedem o plantio; em áreas de cultivo convencional, efetuar um bom preparo de solo; e antecipar o plantio nas
áreas infestadas, como técnica de escape do sistema radicular pouco desenvolvido à praga, entre outras medidas. Junto
a isso, acredita Miranda, a conscientização dos produtores é essencial. Este ainda é o melhor caminho para evitar maior
número de lavouras infestadas por pragas e outras doenças.
108
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The root of
the problem
Among the pests that jeopardize the cotton
fields, soaring incidence of brown root rot
outbreaks is keeping the growers on the alert
Just like in the history of David and Goliath, frequently heard in childhood, in Brazil’s cotton fields, the little
ones can also cause fear. Caused by a worm approximately eight millimeters long, brown root rot is a disease that
can wreak havoc on the crop. There is mounting concern because researchers have ascertained that outbreaks of this
disease have been occurring more and more frequently year after year, and the most common strains are Scaptocoris castanea and Atarsocoris braquiariae.
The arrival of the rainy season in spring marks the beginning of a new cycle for the cotton crop. At the same
time, nonetheless, the higher moisture levels trigger the propagation of the pest. Brown root rot outbreaks begin
to proliferate and attack recently emerged plants, explains researcher José Ednilson Miranda, of Embrapa Cotton’s
Cerrado Research Nucleus, in Goiânia (GO). The bug is a soil borne insect that feeds on the roots and stunts the growth of the
plants. As a result, it delays plant development and damages production, and losses in
productivity could reach up to 60%. According to Miranda, outbreaks of this bug cause
PRODUCTIVITY
the plants to get yellowish, abnormally small, wilted and sometimes they die. In case
LOSSES MIGHT
outbreaks are very serious, replanting is required. The pest that threatens cotton farming
REACH 60%
is present in any type of soil. Miranda, however, adds that population growth is observed in sandy soils, regardless of the planting system, direct or conventional. According
to the researcher, the pest, whose attacks always happen in aggregated manner, is present in
the cotton producing areas in Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul and Mato Grosso.
110
faces: Is it possible to eliminate brown root rot altogether?
According to Embrapa Cotton researcher José Ednilson
Miranda, the answer is no. The only thing the cotton
growers can do is to minimize its damages through appropriate management practices, providing the soil with
good physical and nutritional conditions, which strengthen the plants and make them tolerant to pest outbreaks.
Miranda maintains that chemical control of the bug is
not always efficient, as the soil should be wet during the
applications. Furthermore, the polyphagia and migration
habit, on a yearly basis, of the infestation sites only make
things more difficult if it comes to controlling the popu-
lation of the bugs. Therefore, it is recommended to adopt
prevention measures, warding off outbreaks.
Prevention measures include an assessment of the background of the pest and the problems it has caused to the
site; it is recommended to thoroughly map the farm, open
trenches around the cultivation areas before the first rains
fall prior to planting; in areas of conventional planting,
proper soil preparation is needed; anticipation of plantings
in infested areas, as a manner for the fledgling root system
to evade the attacks of the bug, among other measures. In
addition, Miranda adds, grower awareness is essential in
this matter. This is still the best course to prevent the cotton fields from being infested by pests and diseases.
Inor /Ag. Assmann
CONTROL In light of the problem, a question sur-
111
Indústria
Industry
Saia justa
Indústrias têxteis nacionais têm convivido, desde
o segundo semestre de 2010, com a escassez de
matéria-prima e os altos preços da fibra
112
Sílvio Ávila
A redução da área plantada com algodão, agravada pela ocorrência
de problemas climáticos, principalmente em Mato Grosso, maior Estado
produtor, ocasionou uma situação atípica para as indústrias têxteis brasileiras na safra 2009/10. A falta de matéria-prima fez com que os preços
internos batessem recordes e obrigou as empresas a importarem a fibra
para evitar o desabastecimento.
Na evolução dos preços internos pode-se ter a exata dimensão dos
efeitos que a escassez de algodão provocou nas indústrias. De acordo com
acompanhamento feito pelo Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), em
janeiro de 2010 o produto estava valendo US$ 0,70 por libra/peso (unidade equivalente a 435 gramas). Em março de 2011, o preço bateu em US$
2,40, uma evolução próxima a 250%.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) avalia o primeiro quadrimestre de 2011, comparando-o ao mesmo período
do ano anterior. Conforme o presidente da entidade, Aguinaldo Diniz
Filho, de janeiro a abril de 2010 a média de preços da fibra praticados no
mercado nacional foi de R$ 1,48 por libra/peso, contra R$ 3,66 em 2011.
O aumento registrado foi de 147%.
O balanço de oferta e demanda da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em maio de 2011, revela que o estoque
inicial de algodão em pluma na safra 2010/11 era de apenas 106,7 mil
toneladas, o suficiente para pouco mais de um mês de consumo da
indústria. Para fins de comparação, no início do período anterior havia
400,8 mil t estocadas.
Essa pouca sobra do produto foi o reflexo
de uma safra menor. No ciclo 2009/10,
COMPRAS
foram plantados 835,7 mil hectares, o que
ANTECIPADAS
resultou em colheita de 1,194 milhão de t em
DRIBLAM
DESApluma. Para a safra 2010/11, a Conab estima área de 1,386
BASTECIMENTO
milhão de ha, o que significa incremento de 66%. Em produção a estimativa é
de aumento de 70%, chegando 2,037 milhões de t.
Em função da previsão de rendimento recorde, o presidente da Abit acredita que a
situação deva começar a se normalizar a partir do segundo semestre de 2011 e no decorrer
de 2012, quando o algodão das novas safras ganharão o mercado. “A expectativa é que a produção seja
suficiente para recompor estoques e regularizar o abastecimento”, enfatiza. No entanto, Diniz Filho alerta que o
ponto-chave será a disponibilidade de matéria-prima para a indústria nacional na entressafra. “Dependendo do
volume a ser exportado de fibra, poderá haver escassez, como ocorreu em 2010”, entende.
Pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), órgão da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), mostra que as indústrias estão atentas. Para evitar o desabastecimento no
segundo semestre de 2011, as empresas ampliaram as compras antecipadas. Até fevereiro já haviam sido negociadas 370 mil t de algodão, que começam a ser entregues somente em agosto, quando se inicia a colheita da nova
safra. No mesmo período em 2010, o volume comprado era de apenas 115 mil t.
113
Sílvio Ávila
A tight spot
Since the second half of 2010, the national
textile industries have been putting up with
shortages of raw material and high fiber prices
The reduction in the area planted to cotton, aggravated
by the occurrence of climate problems, particularly in Mato
Grosso, leading producer in Brazil, gave rise to an atypical
situation for the Brazilian textile industries in the 2009/10
crop year. The shortage of raw material made domestic
prices hit record highs and forced the companies to import
fiber to avoid a total standstill.
Considering the evolution of the domestic prices, one
can have the exact dimension of the effects the shortage of
cotton caused to the industries. According to a follow-up
service conducted by the Brazilian Cotton Institute (BCI),
in January 2010, the product was selling for US$ 0.70 a
114
pound (equivalent to 435 grams). In March 2011, prices hit
the US$ 2.40 mark, up approximately 250%.
The Brazilian Textile and Apparel Industry Association
(Abit) evaluates the first quarter in 2011, comparing it to the
same period of the previous year. According to the president
if the entity, Aguinaldo Diniz Filho, January through April
2010 average fiber prices practiced in the national market
reached R$ 1.48 per pound, compared to R$ 3.66 in 2011.
It represents an increase of 147%. The supply and demand balance of the National Supply Company (Conab), disclosed in May 2011, reveals
that the initial cotton fiber stock of the 2010/11 crop
year was as small as 106.7 thousand tons, just enough to
recompose the stocks and bring supplies back to their
supply the industry for a month. In comparison terms,
normal course”, he stresses. Nonetheless, Diniz Filho warns
at the beginning of the previous period there were 400.8
that the key point is availability of cotton for the national
thousand kilos in stock.
industry during off-season time. “Depending on the
The small amount was the reflection of a smaller
volume of fiber to be exported, shortages might occur, just
crop. In the 2009/10 season, 835.7 hectares were planted,
like what happened in 2010”, he maintains.
resulting into a crop of 1.194 million tons of fiber. For the
A study by the Center for Advanced Studies on Ap2010/11 crop year, Conab estimates the area at
plied Economics (Cepea), a division of the
1.386 million hectares, up 66%. Production
Luiz de Queiroz High Agriculture School
is estimated to soar 70%, reaching 2.037
(Ezalq) shows the industries on the alert. To
ANTICIPATED
million tons.
avoid shortages in the second half of 2011,
PURCHASES
By virtue of the expected record volume,
the companies expanded their anticipated
FIND A WAY
the president of Abit believes the situation
purchases. By February, 370 thousand tons
AROUND TIGHT
had already been negotiated, which are to be
will get back on track as of the second half
SUPPLY delivered as of August, when the new crop is
of 2011 and during 2012, when cotton
harvested. In the same period in 2010, only 115
from new crops reaches the market. “The
thousand tons had been purchased.
expectation is for the crop to be big enough to
ENTRADA PERMITIDA
A indústria têxtil nacional deve faturar, em 2011, US$ 54 bilhões e gerar cerca de 40 mil novos postos
de trabalho, conforme estimativa da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Para
minimizar os prejuízos do setor com a falta de matéria-prima e os altos preços do produto, o governo federal
determinou a isenção do imposto de importação da fibra de algodão, que era de 10%.
A medida, definida pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), está em vigor desde setembro de 2010 para as empresas e foi
estendida para as tradings em março de 2011. A desoneração vale para as declarações de importação registradas até 30 de junho de 2011.
O presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho, explica que a medida governamental permitiu que muitas
empresas pudessem se abastecer com a fibra de algodão. Em certos casos, enfatiza, algumas fábricas optaram
por substituir o material em suas linhas de produção, parcial ou totalmente, por matérias-primas alternativas.
A redução de custos pelas indústrias tem sido sistemática nos últimos anos e tem feito a diferença. O
presidente da Abit lembra que as empresas investem constantemente em modernização, ampliação, inovação
e design, a fim de ganhar mais competitividade. Em 2010, as aplicações para expansão do setor ficaram em
torno de R$ 2 bilhões. Esse mesmo valor deve se repetir em 2011. Para o período, a entidade estima o crescimento de 5% na indústria de transformação, 3,5% no setor têxtil, 4% em confecções e 6% no varejo.
ENTRY ALLOWED
The national textile industry is expected to rake in US$ 54 billion in 2011 and generate about 40 thousand new jobs, according to an appraisal by the Brazilian Textile and Apparel Industry Association (Abit). To
minimize the losses of the sector induced by the shortage of raw material and consequent high prices of the
product, the federal government exempted cotton fiber imports from the 10-percent import tax.
The measure, defined by the Foreign Trade Chamber (Camex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), has been in force for the companies since September 2010, and
in March 2011 was extended to the tradings, too. The tax exemption all imports effected by June 30, 2011.
The president of Abit, Aguinaldo Diniz Filho, explains that the government act made it possible for
many companies to supply their cotton fiber needs. In some cases, he stresses, there were companies that
opted for replacing their production lines, either totally or partly, with alternative raw materials.
The industries have constantly been enacting cost reductions and it has made a difference. The president
of the Abit recalls that the companies are always investing in modernization, expansion and design, with the
aim to boost their competitive edge. In 2010, the expansions in the sector amounted to R$ 2 billion. The
same value is poised for a repeat in 2011. For the period, the entity estimates the growth of the transformation industry at 5%, and 3.5% for the textile sector, 4% for apparel and 6% for retail.
Sílvio Ávila
Reerguidas
Exportações brasileiras de produtos têxteis e
confeccionados voltaram a se elevar em 2010,
gerando receita de US$ 2,2 bilhões
mesmo com a excessiva valorização do real frente ao dólar”,
Depois de um ano ruim, ainda reflexo da crise econôavalia. Ele credita essa “vitória” aos esforços dos empresários
mica mundial, as exportações brasileiras de produtos têxteis
e ao sucesso do programa Texbrasil, que promove a moda
e confeccionados se recuperaram em 2010. Conforme as
estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão brasileira no exterior.
No primeiro quadrimestre de 2011, contudo, a comerciado Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
lização externa dos produtos do setor têxtil fechou
Exterior (MDIC), as vendas externas cresceram
em baixa, comparativamente ao mesmo período
19,5% em faturamento e 1,3% em volume. Em
VENDAS
do ano anterior. A variação foi negativa em
2009, o resultado obtido foi de decréscimo de
EXTERNAS
7,7% em termos de faturamento, que somou
21,8% e 12,8%, respectivamente.
US$ 548,3 milhões, e em 31,5% no volume
Os dados da Secex mostram que em 2010
CRESCERAM
enviado ao exterior (140,4 milhões de quilos
foram embarcados 805,4 milhões de quilos
19,5% EM
líquido).
Para o presidente da Abit, houve
líquido, o que gerou receita de US$ 2,265
FATURAMENTO
influência direta das altas cotações da fibra de
bilhões. O principal item vendido continua
algodão e do forte aumento das importações,
sendo a fibra de algodão, com resultado econôprincipalmente de produtos acabados.
mico de US$ 822 milhões, o que equivale a 35%
Diniz Filho enfatiza que as vendas internas no
do total exportado. Os maiores compradores de produtos
varejo indicam que o consumo está crescendo, porém o
têxteis e confeccionados nacionais são, pela ordem decrescenabastecimento se dá por produtos importados. “A situação
te, Argentina, Estados Unidos, Paraguai, Uruguai e México.
é extremamente preocupante. Esperamos que o governo
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil
e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, considera
tome as medidas emergenciais necessárias para o aumento
como bastante positivo o resultado das exportações em
da competitividade do setor, especialmente as relacionadas à
2010. “O setor conseguiu recuperar as suas vendas externas,
desoneração, bem como as de defesa comercial”, salienta.
118
Rebuilt
Brazilian exports of textile products
and fabrics soared again in 2010,
generating US$ 2.2 billion in revenue
After a bad year, still reflecting the global economic crisis, Brazilian exports of textile products and fabrics
recovered in 2010. According the statistical figures released by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex),
an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), foreign sales went up 19.5% in
revenue and 1.3% in volume. In 2009, the result was down 21.8% and 12.8%, respectively.
Secex data point to the shipment of 805.4 million net kilograms in 2010, generating revenue of US$ 2.265 billion. Cotton fiber is still the leading export item, with
an economic result of US$ 822 million, equivalent to 35% of total cotton exports.
The leading buyers of textile products and national fabrics, in decreasing order, are
FOREIGN SALES
Argentina, the United States, Paraguay, Uruguay and Mexico.
WENT UP 19.5%
The president of the Brazilian Textile Industry Association (Abit), Aguinaldo
IN REVENUE
Diniz Filho, views the 2010 export results as very positive. “The sector managed to
recover its foreign sales, in spite of the rising value of the real against the dollar”, he
evaluates. He credits this “victory” to the efforts made by the entrepreneurs and to the
success of the Textbrasil program, which promotes Brazilian fashion abroad.
In the first quarter in 2011, however, foreign sales of our textile products were down from
the same period of the previous year. The negative variation reached 7.7% in terms of revenue, which totaled US$
548,3 million, and 31.5% in volumes sent abroad (140.4 million net kilos). The president of Abit understands that
direct influence cme from the high prices of cotton fiber and considerable increase in imports of finished products.
Diniz Filho stresses that domestic retail sales point to soaring consumption rates, however, retail shops are
supplied with imported products. “The situation is extremely worrying. We hope the government will take the
necessary emergency measures intended to raise the sector’s competitiveness, especially measures related to tax
exemptions, as well as market defense measures”, he argues.
AO MAR • ACROSS THE OCEAN
Exportações brasileiras de produtos têxteis e confeccionados
Ano
US$ FOB
Kg líquido
2009
1.895.976.937
795.305.206
2010
2.265.485.266
805.420.039
2011*
548.396.719
140.433.015
INVASÃO ESTRANGEIRA • FROM ABROAD
Importações brasileiras de produtos têxteis e confeccionados
Ano
US$ FOB
Kg líquido
2009
3.480.840.714
913.901.656
2010
5.037.977.142
1.220.590.087
2011*
2.185.507.725
474.797.310
Sílvio Ávila
Fonte: Secex / *Janeiro a abril
Fonte: Secex / *Janeiro a abril
119
Torneira aberta
Importações do setor têxtil crescem vertiginosamente,
ampliando o déficit da balança comercial brasileira
A rápida expansão das importações de produtos baratos e de qualidade duvidosa é a principal
preocupação das indústrias têxteis e de confecção do Brasil. A cada ano que passa, o déficit da balança
comercial do setor se amplia. Em 2009, o saldo negativo era de US$ 2 bilhões, subindo para US$ 3,5
bilhões em 2010. Mesmo em franca recuperação, o crescimento das exportações em 2010 não foi suficiente para equilibrar a balança comercial. As importações no período tiveram um incremento muito
maior que as vendas externas. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), houve aumento de 44,7%
em valores e de 33,5% em volume.
A análise do desempenho dos quatro primeiros meses de 2011, em comparação ao mesmo intervalo de 2010, não é nada animadora para o setor têxtil e de confecção nacional. A
entrada de produtos estrangeiros continua em curva ascendente. De janeiro a
abril foi registrada alta de 44,5% no faturamento e de 25,4% na quantidade.
COMPRAS DE
O presidente da Associação Brasileira de Indústrias Têxteis e de Confecção
PRODUTOS
(Abit), Aguinaldo Diniz Filho, avalia como alarmante o nível de crescimenCHINESES
to das importações do setor. “Ações urgentes são necessárias, antes que o
CRESCERAM 455%
processo de substituição da produção nacional por artigos importados seja
EM 5 ANOS
irreversível”, enfatiza.
Diniz Filho considera que a desvalorização do real expôs a indústria nacional
a uma concorrência desigual com os produtos provenientes de países que mantêm
suas moedas desvalorizadas em relação ao dólar e, dessa forma, têm facilidade em inundar
o mundo com produtos baratos. “Além disso, nossa produção está submetida às altas taxas de juros,
à exagerada carga tributária e aos elevados custos logísticos, sem falar do valor da energia elétrica, que
está entre as mais caras do mundo”, analisa. Segundo o presidente da entidade, para reverter essa situação a indústria brasileira precisa avançar rapidamente em busca da competitividade do setor e combater as práticas desleais e irregulares do comércio internacional.
PASSAPORTE • PASSPORT
Principais destinos das exportações brasileiras
de produtos têxteis e confeccionados em 2010
(exceto fibra de algodão)
FORASTEIROS • FOREIGNERS
Principais origens das importações brasileiras de produtos têxteis e confeccionados
em 2010 (exceto fibra de algodão)
País
País
US$
Argentina
392 milhões
China
2,148 bilhões
Estados Unidos
238 milhões
Índia
584 milhões
Paraguai
83 milhões
Indonésia
310 milhões
Uruguai
66 milhões
Estados Unidos
188 milhões
México
61 milhões
Argentina
185 milhões
Fonte: Secex
120
US$ FOB
Fonte: Secex
Sílvio Ávila
FORÇA ORIENTAL A China é a maior fornecedora de produtos têxteis para o mercado brasileiro. Em 2010,
a receita com as importações daquele país chegaram a US$ 2,148 milhões, o equivalente a 43,2% do total comprado.
O valor supera em 57% o negociado em 2009. Não é difícil entender o motivo desse desempenho. O Produto Interno
Bruto (PIB) do país asiático cresce na média de 10% ao ano, a ponto de em 2010 a China ter assumido o posto de
segunda maior economia mundial, deixando o Japão para trás.
Um estudo realizado pela Abit mostra a realidade da relação comercial entre os dois países. Segundo o documento,
em cinco anos as importações do setor, provenientes da China, cresceram 455%. Enquanto vieram de lá mais de US$
2 milhões em produtos têxteis em 2010, especialmente vestuário, foram embarcados ao país oriental apenas US$ 93
milhões, sendo a maior parte de fibra de algodão. O resultado foi uma diferença negativa de US$ 2 bilhões, ou seja,
60% do déficit da balança comercial têxtil.
A vantagem chinesa é colocada no estudo como fruto da evolução da taxa de câmbio de ambos os países. A moeda
brasileira vem se depreciando em relação ao dólar, diferente do iuan, moeda da China, que se mantém fixa. Outros fatores também colaboram para esse cenário favorável ao país asiático, tais como taxas de juros, custos sociais e previdenciários, cuidados com o meio ambiente e a concessão de subsídios aos produtores e exportadores.
O presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho, acredita que a China tenha se favorecido pela sua adesão à Organização Mundial de Comércio (OMC) e pelo fim dos acordos de restrições (cotas), que vigoravam globalmente até 2005.
Essas medidas deram à China o livre acesso a mercados de países membros da OMC. “O Brasil deve trabalhar na sua
agenda interna a fim de reduzir os desequilíbrios existentes nos fatores sistêmicos de competitividade em relação a seus
concorrentes e, ao mesmo tempo, não tolerar o comércio desleal e irregular”, pondera.
121
Running tap
Imports of the textile are soaring dizzily,
broadening the deficit of trade balance
The rapid expansion of imports of cheap products of
value and 33.5% in volume.
questionable quality is the main concern of the textile and
An analysis of the performance of the first four months
fabric industries in Brazil. Year after year, the deficit of the
in 2011, compared to the same period in 2010, is little
commercial sector broadens. In 2009, the shortfall amountencouraging for the national textile and fabrics sector. The
ed to US$ 2 billion, reaching US$ 3.5 billion in 2010.
inflow of foreign products continues on the rise.
Although making a recovery, the increase in
From January to April, there was a 44.5-perexports in 2010 was not enough to bring the
cent rise in revenue and 25.4% in quantity.
PURCHASES
trade balance to a break-even point. Imports
The president of the Brazilian Association
OF
CHINESE
over the period outstripped foreign sales by
of Textile Industries (Abit), Aguinaldo
PRODUCTS WENT
far. According to data from the Brazilian SecDiniz Filho, views the uptrend in imports
UP 455% IN 5
retariat of Foreign Trade (Secex), an organ of
as an alarming factor. “Urgent measures are
the Ministry of Development, Industry and
needed, before the process of replacing our
YEARS
Foreign Trade (MDIC), they soared 44.7% in
national production with imported articles
122
Inor /Ag. Assmann
becomes irreversible”, he stresses.
Diniz Filho maintains that the devaluation of the dollar
exposed the national industry to an unfair competition
with the products produced in the countries that keep their
currencies devalued against the dollar and this gives them a
chance to flood the world with their cheap products. “Furthermore, our production is subjected to high interest rates,
exaggerated tax burden and high logistic costs, not to mention the cost of electric energy, one of the most expensive in
the world”, he analyzes. According to the president of the
entity, if the situation is to be reversed, the Brazilian industry
needs to progress fast in pursuit of competitiveness and fight
the irregular and unfair practices in the international trade.
STRENGTH FROM THE FAR EAST
China is the major supplier of textiles to the Brazilian
market. In 2010, revenues regarding the imports from
that country reached US$ 2.148 million, equivalent to
43.2% of total imports. This value is up 57% from 2009.
It is very easy to understand the reason of this performance. The Gross Domestic Product (GDP) of this Asian
country rises 10% a year, on average, to the extent that
in 2010 China assumed the position as second biggest
economy in the world, leaving Japan behind.
A study conducted by the Abit depicts the reality of
the trade relation between the two countries. According
to the document, in five years the imports of the sector,
coming from China, went up 455%. While imports of
textile products coming from that country amounted to
upwards of US$ 2 million in 2010, especially clothes,
shipments to that eastern country only reached US$ 93
million, mostly cotton fiber. The result was a negative
difference of US$ 2 billion, representing a 60-percent
shortfall in the textile balance trade.
The advantage of China is defined by the study as
the result of the evolution of the exchange rate of both
countries. The Brazilian currency is losing its value
against the dollar, different from the yuan, the Chinese
currency, which continues steady. Other factors also
collaborate towards this favorable scenario in this Asian
country, such as interest rates, social and national health
services, environmental concerns and subsidies given to
producers and exporters.
The president of the Abit, believes that China
managed to get some advantage from adhering to the
World Trade Organization (WTO) and by putting an
end to the restriction agreements (quotas), which were
worldwide in effect up to 2005. Such measures granted
to China free access to markets of WTO member Countries. “Brazil should work on its internal agenda in
order to reduce the existing imbalances in the systemic
competitiveness factors compared to its competitors
and, in the meantime, never tolerate irregular or unfair
practice’ he ponders.
123
Sucesso absoluto
Programa Texbrasil completa 10 anos mostrando
ao exterior o potencial da moda nacional
124
empresas com os compradores, em feiras e rodadas de negócios, encerram o processo.
Um novo passo do Texbrasil, junto com outras entidades
que participam da Apex e têm relação com a moda, será a
formação de parcerias com importantes centros de inovação
tecnológica no mundo. Entre eles estão o Bunka Fashion
College, de Tóquio (Japão); a Universidade de Terrassa, em
Barcelona (Espanha); e o Fashion Institute of Technology, de
Nova York (Estados Unidos).
Sílvio Ávila
O Programa de Exportação da Indústria da Moda
(Texbrasil) completou uma década em 2010 comemorando
excelentes resultados. A iniciativa da Associação Brasileira
da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), em parceria com
a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), promoveu nesse período US$ 330
milhões em negócios no exterior.
O sucesso do programa foi reconhecido, por duas vezes,
por meio do recebimento do Prêmio Apex Brasil, que teve
início em 2008, na categoria Inteligência Comercial. A distinção, dividida em 12 categorias, é conferida pela agência a
entidades, empresas, tradings e jornalistas que contribuíram
para a promoção de produtos brasileiros no exterior. O
Núcleo de Inteligência Comercial do Texbrasil foi responsável pela identificação de mais de mil compradores e apoiou o
planejamento estratégico de várias empresas.
O diretor executivo do Texbrasil, Rafael Cervone, considera que os dez anos de existência do programa foram um
período de muita aprendizagem. Entre elas, destaca Cervone,
a conclusão de que a criatividade, a diversidade cultural e o estilo de vida são diferenciais importantes do Brasil. Ele lembra
que essas características se traduzem, por exemplo, no uso de
corantes naturais e de algodão naturalmente colorido.
Segundo Cervone, o programa envolve ações em
quatro etapas. A primeira é a sensibilização de empresas
que não exportam, por meio de seminários e reuniões nos
estados. Em seguida vem a fase de diagnóstico dos produtos das empresas, com a verificação do potencial para
exportação. “Na maioria das vezes acontece que temos
que adaptar os produtos ou até mesmo criar uma linha
específica para o mercado externo”, afirma.
A etapa seguinte do processo é a
capacitação do exportador. “É preciso
entender como funciona o mercado
internacional, como chegar ao preço
INICIATIVA
final e todas as regras que envolvem a
PROMOVEU US$
exportação. É toda uma cultura que
330 MILHÕES EM
será absorvida pela empresa inteira”,
NEGÓCIOS
ressalta Cervone. Os encontros das
EM DETALHES
Atualmente, participam do Texbrasil 499 empresas. Em 10 anos, outras 1.200
empresas já passaram pelo programa. Confira o balanço de uma década de atuação:
• Feiras internacionais: 177 eventos, 1.460 empresas participantes e US$ 170
milhões em negócios
• Projeto Comprador: 131 eventos, 3.301 empresas participantes, US$ 60 milhões
em negócios e 884 compradores
• Capacitação: 36.942 participantes
• Projeto Imagem: 76 eventos e 893 jornalistas
• Guia Texbrasil: 22.970 empresas nacionais e 17.007 empresas internacionais
• Reuniões de articulação: 252
• Inteligência Comercial: 30 mercados prospectados
Fonte: Texbrasil
125
Absolute success
Texbrasil program completes 10 years, displaying
abroad the potential of our national fashions
recalls that such characteristics translate, for example, in the
The Export Program of the Brazilian Fashion Industry
use of natural dyes and naturally colored cotton.
(Texbrasil) completed a decade in 2010 celebrating excelAccording to Cervone, the program involves four stages.
lent results. The initiative of the Brazilian Textile and Apparel Industry Association (Abit), jointly with the Brazilian The first consists in sensitizing companies that do not export,
through seminars and meetings held in different States. Then
Trade and Investment Promotion Agency (Apex Brasil)
comes a diagnosis of the company’s products, with an eye
promoted over the period businesses amounting to US$
towards their exporting potential. “Most often it happens
330 million in sales abroad.
that we have to adapt the products, or even create a
The success of the program was twice
specific line for the foreign market”, he says.
distinguished with the Apex Brasil Prize,
The following step consists in qualifying the
which started in 2008, in the CommerINITIATIVE GAVE
exporter. “There is a need to understand how the
cial Intelligence category. The distinction,
RISE TO US$
international market works, how to calculate the fisplit into 12 categories, is awarded by the
330 MILLION IN
nal price and all the rules that are inherent to export
agency to entities, companies, trading
BUSINESS
DEALS
operations. It is in fact an entire lot of culture to be
companies and journalists for promotabsorbed by the company” Cervone points out. The
ing the Brazilian products abroad.
meetings of the companies with the buyers, in fairs and
Texbrasil’s Commercial Intelligence
business rounds, are the finishing touch to the process.
Nucleus was responsible for identifying
A new step by Texbrasil, along with other entities that
upwards of one hundred thousand buyers, while
take part in Apex and are related to the world of fashion,
lending support to strategic planning of several companies.
will consist in partnership agreements with important techThe chief executive director of Texbrasil, Rafael Cernological innovation centers in the world. They include the
vone, considers the ten years the program has existed as a
Bunka Fashion College, in Tokyo (Japan); the University of
time for intensive learning activities. Among them, Cervone
Terrassa, in Barcelona (Spain); and the Fashion Institute of
points out, the conclusion that creativity, cultural diversity
Technology, in New York (United States).
and lifestyle make a remarkable difference in Brazil. He
IN DETAILS
Currently, Texbrasil comprises 499 companies. In 10 years, some 1,200 companies have
already taken advantage of the program. The following is the result of a decade in operation:
• International fairs: 177 events, 1,460 participating companies and
US$ 170 million in businesses
• Buyer Project: 131 events, 3,301 participating companies,
US$ 60 million in businesses and 884 buyers
• Capacity building: 36,942 participants
• Image Project: 76 events and 893 journalists
• Texbrasil Guide: 22,970 national companies and 17,007 international companies
• Articulation meetings: 252
• Commercial Intelligence: 30 markets prospected
Source: Texbrasil
126
Sílvio Ávila
Fórmula
mágica
Desenvolvimento de
software ajudou empresa
de confecção do Ceará
a ajustar o padrão de
medidas de suas roupas e
reduzir perdas de material
Um dos grandes problemas para as empresas de confecção está na perda de material em função da falta de um
padrão de tamanhos para a produção em diferentes tipos de
tecidos. Uma fábrica do Ceará resolveu a questão com o uso
de um programa de computador. O Software Padronizador
de Tabelas de Medidas do Vestuário (Vestio) foi desenvolvido
pela Slap Jeans, com sede em Fortaleza, em parceira com o
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
O projeto foi um dos vencedores de uma ação coordenada pelo Senai, junto com o Serviço Social da Indústria
(Sesi), que financia iniciativas inovadoras desenvolvidas pelas
entidades, em conjunto com empresas industriais. Na oitava
edição, o chamado Edital Senai/Sesi de Inovação vai disponibilizar R$ 26 milhões em 2011, o suficiente para apoiar
quase 100 projetos em todo o País. As inscrições encerraram-se em 6 de maio.
A novidade da confecção cearense, que está no mercado
há mais de 15 anos, foi contemplada com R$ 120 mil no
edital de 2007. Segundo a gestora do projeto, Cecília Peixoto
Alves, que é instrutora de modelagem industrial do Senai,
antes de ser efetivamente colocado em prática, foram feitos
testes durante dois anos. “São inseridos dados específicos de
cada tecido, como tipo, composição, encolhimento, elasti-
cidade e beneficiamento, e o software calcula a porcentagem
de aumento ou diminuição nos valores de medidas a serem
utilizados na modelagem das peças”, explica.
De acordo com Cecília, desde a utilização efetiva do programa, a Slap Jeans, que produz em torno de 60 mil peças
mensais de jeans e streetwear, sentiu um impacto positivo
em todas as etapas do processo. Na modelagem ocorreu
economia de tempo, em horas trabalhadas, e aumento da
produtividade dos funcionários, pela redução do retrabalho,
da matéria-prima gasta e da utilização do maquinário de
trabalho e seus insumos. Foi sentida ainda a diminuição do
tempo de preparação do enfesto, na redução da necessidade
de repetição do corte e na qualidade das peças expedidas.
O salto de qualidade na produção ficou evidente.
Conforme a gestora do projeto, como as peças tiveram os
tamanhos ajustados, sem sobras ou faltas, a montagem e
o acabamento foram facilitados. Da mesma forma, houve
economia com a redução do trabalho de troca das etiquetas indicativas nos tamanhos e na finalização das peças
confeccionadas. “Esperamos que esse padrão de redução
de custos e de tempo e o aumento da qualidade sejam
repetidos nas empresas que escolheram contar com esta
colaboração do Senai”, observa.
OPORTUNIDADE O Edital Senai/Sesi de Inovação é dirigido a empresas que desejam implementar projetos
que gerem novos negócios, promovam a melhoria na produtividade ou impactem positivamente nas condições de trabalho
e qualidade de vida dos seus trabalhadores. Os departamentos regionais do Sesi e/ou do Senai, em parceria com as empresas, submetem a proposta à apreciação dos comandos nacionais das duas entidades. Para a obtenção do recurso, o projeto
passa por uma série de análises, como viabilidade técnica, caráter inovador e absorção pelo mercado, entre outras.
128
Magic formula
Development of a software turned out to be a great
help for a textile industry in Ceará, adjusting the
standard clothing measurements and reducing losses
Divulgação/José Sobrinho_SFIEC
One of the huge problems of the textile industries is the loss of material resulting from the lack of size standards for the
production with different types of fabrics. A factory in Ceará solved the problem through the use of a computer. The Standard Software for Tables of Clothing Measurements (Vestio) was developed by Slap Jeans, based in Fortaleza, jointly with the
National Industrial Training Service (Senai).
The project came out a winner from an initiative coordinated by the Industry Social Service (Sesi), which finances innovative
initiatives developed by entities, jointly with companies and industries. At its eighth edition, the so-called Innovation Senai/Sesi
Editorial offers a financial grant of R$ 26 million in 2011, enough to lend support to almost 100 projects throughout the Country.
Applications came to an end on May 6.
The novelty of Ceará’s textile industry, in the market for more than 15 years, was granted R$ 120 thousand in the
2007 edict. According to the manager of the project, Cecília Peixoto Alves, industrial modeling instructor at Senai, before
effectively put into practice, tests were conducted for a period of two years. “Specific data of each fabric are entered, like
type, composition, shrinking rate, resilience and processing, and the software calculates the higher or lower percentages in
the measurement values to be utilized in cloth modeling”, she explains.
According to Cecília, ever since the program has been effectively used, Slap Jeans, with a production of 60 thousand pieces of
Jeans and streetwear garments a month, has experienced a positive impact in every step of the process. At modeling, time savings
were recorded, in number of hours, employee productivity soared, restoration works were reduced, there were savings in raw material, and reductions in the use of machinery and inputs. What also was reduced was the time for superposing layers of fabric, the
number of repetition cuttings, while the quality of the pieces sent to the market improved.
The quality leap in production became evident. According to the manager of the project, as the garments had their
sizes adjusted, with no excesses or shortages, assembling and finishing were made easier. Within this context, less time was
needed for changing the tags indicating the sizes and the finishing touch of the
garments. “We hope that this cost and time saving standard and enhanced
quality will have a repeat in the companies that opted for resorting to this
OPPORTUNITY The incollaborative initiative by Senai”, she observes.
novative Senai/Sesi Edict is directed
to companies willing to implement
projects that generate new businesses,
prompt higher productivity rates
while impacting positively on the
workplace conditions and quality of
life of the workers. The regional Sesi
and/or Senai departments, jointly
with the companies, submit the proposal to the appreciation of the two
national commands of these two entities. If the resource is to be obtained,
the project goes through a series of
analyses, like technical viability, innovative character and absorption by
the market, among others.
129
Plástico
para dormir
Indústria têxtil catarinense utiliza fibra
obtida de garrafas PET na fabricação
de roupas de cama e travesseiros
130
A indústria têxtil brasileira está atenta às novas demandas de mercado. Atualmente, uma das
principais preocupações dos consumidores é com a sustentabilidade do planeta. Para atender a esse
público, cada vez mais exigente, as empresas do ramo passam a oferecer produtos diferenciados, que
trazem no seu processo de confecção a menor agressão possível ao meio ambiente.
A Altenburg, indústria de artigos de cama e banho, fundada em 1922, com sede em Blumenau
(SC), tem em seu catálogo a linha Malha Eco. A novidade, que recebe em sua composição fibras recicladas de garrafas PET (polímero termoplástico de tereftalato de etileno), foi apresentada durante
a Texfair - Feira Internacional da Indústria Têxtil, que ocorreu na cidade catarinense, em maio de
2010. O evento é considerado o maior do País nos segmentos de cama, mesa e banho.
A gerente de marketing da Altenburg, Diva Castro, explica que os produtos foram concebidos
de acordo com o comportamento do consumidor. O primeiro produto lançado foi o travesseiro ecológico, considerado pioneiro no Brasil, feito de fibras de
PET e revestido de percal de puro algodão 200 fios, sem
tratamento químico. Paralelamente, a empresa apresentou
uma roupa de cama em malha, com apenas seis versões:
três estampadas e três cores lisas.
Diva lembra que o sucesso foi instantâneo. “Nossa
percepção estava correta. O mercado ansiava por produtos sustentáveis na linha de cama”, enfatiza. Em um ano
de vendas, a empresa ampliou as opções, com oito novas
estampas e seis cores lisas. Também foi lançado outro travesseiro com fibra de poliéster siliconizada,
com a capa em malha ecológica.
Em 12 meses, os produtos
da linha Malha Eco, comerDOIS MILHÕES
cializados apenas no mercado
DE GARRAFAS
interno, já consumiram mais de
PET JÁ FORAM
dois milhões de garrafas PET.
RECICLADAS
“Esse material deixou de poluir
rios, mares e matas”, destaca a
gerente de marketing. Para o enchimento de cada travesseiro são utilizadas
15 garrafas e para cada lençol, 22 unidades.
Divulgação/Altenburg
A GARRAFA QUE VIRA FIO
• As garrafas PET, recolhidas na coleta seletiva, são
encaminhadas para uma fábrica processadora, que separa
as transparentes das coloridas. No caso da fibra da linha
Malha Eco são usadas apenas as transparentes.
• As garrafas são higienizadas e seguem para um triturador,
onde formam-se os flakes (pequenos pedaços plásticos).
• Os flakes, por um processo de extrusão a altas temperaturas, são derretidos e resfriados, formando os fios.
Fonte: Diva Castro, gerente de marketing da Altenburg
131
Bed linen
made of plastic
Textile industry in Santa Catarina utilizes fiber from
PET bottles for making bed linen and pillows
The Brazilian textile industry is always focused on market demands.
Nowadays, a major concern of the consumers is related to planet
sustainability. To meet the needs of this specific public, getting more
and more discerning, the companies of the sector are beginning to offer
products that make a difference, whose manufacturing process interferes
as little as possible with the environment.
The catalog of Altenburg, an industry that manufactures bed and
bath linen, founded in 1922, based in Blumenau (SC), includes the
Malha Eco line. The novelty, whose composition includes recycled PET
bottle fibers (polyethylene terephthalate ethylene [PET] polymer), was
presented at the International Textile Industry Fair, which occurred in
Blumenau, in May 2010. The event is considered the biggest in the
Country in the segments of bed, bath and table.
The marketing manager at Altenburg, Diva Castro, explains that
the products were conceived in accordance
with consumer behavior. The first product
launched was an ecological pillow, a pioTWO MILLION
neer in Brazil, made from PET fibers and
PET BOTTLES
lined with cotton percale 200 tc, without
HAVE BEEN
any chemical treatment.
RECYCLED
In the meantime, the company presented bed spreads in mesh, with only six
versions: three printed cloth and three plain
cloth. Diva recalls that it was an instantaneous success.
“Our perception was right. The market was longing for
sustainable bed linen products”, she stresses. In one year of sales, the
company expanded the options, with eight new printed cloth and six
new plain cloth articles. A pillow made from polyester fiber was also
launched, with the pillow strip in ecological mesh.
In 12 months, the products of the Malha Eco line, sold only in the
domestic market, have already consumed upwards of two million PET
bottles. “This material was prevented from polluting rivers, sea waters
and forests”, the marketing manager celebrates. For stuffing each pillow,
15 bottles are needed, and for each bed spread, 22 bottles.
132
BOTTLE THAT TURNS INTO THREAD
Divulgação/Altenburg
• The PET bottles, picked up in selective collections, are sent to the processing plant, where the transparent bottles are separated from the colored ones.
In the case of Malha Eco fibers, only the transparent bottles are used.
• The bottles are cleaned and then sent to a shredder, where they turn into
flakes (tiny plastic pieces).
• The flakes, through a high temperature extrusion process, are melted and
cooled, forming threads.
Source: Diva Castro, marketing manager at Altenburg
133
Painel
Panel
Trabalho agilizado
Nova linha de equipamentos da Busa otimiza o processo
de transporte de algodão na lavoura e facilita a logística
Há 55 anos, não se podia imaginar que uma fábrica de
vitrôs e portas de aço no quintal de uma casa, em Ituverava
(SP), iria se tornar uma das maiores empresas fornecedoras
de produtos voltados para colheita, transporte e beneficiamento de algodão. Foi assim que, em 1960, a pequena
serralheria deu lugar a uma empresa voltada à manutenção
de tratores e implementos agrícolas. Estava lançada a base
para a fundação da Busa Equipamentos Agrícolas, tendo o
algodão como sua principal fonte inspiradora.
Nesse período de atuação, a Busa desenvolveu muitas tecnologias que ajudaram no mercado brasileiro. É responsável por
aproximadamente 70% do fornecimento
de produtos voltados para colheita,
transporte e beneficiamento da fibra
LINHA
nacional. Todo esse know-how serviu
COTTON LOG
de base para desenvolver uma nova
FOI LANÇADA
linha de equipamentos para o
NA AGRISHOW
transporte de algodão, a Cotton Log,
lançada durante a Agrishow 2011,
2011
134
realizada em Ribeirão Preto (SP) entre os dias 2 e 6 de maio.
O idealizador da novidade é o presidente da empresa, Luiz
Carlos Rodrigues, conhecido como “seu Busa” e representante
da quarta geração à frente da empresa da família. A linha é resultado de anos de pesquisa e é formada por seis equipamentos
que facilitam a logística da produção. Com tecnologia única
no Brasil, esse conjunto de ferramentas acelera a colheita e
reduz o número de máquinas e operadores. “Queria criar algo
que aumentasse a produtividade do cotonicultor e fosse mais
viável para o transporte”, afirma Rodrigues.
Os fardos redondos, uma das grandes novidades, ocupam
menos espaço e facilitam a logística, pois podem ser transportados em maior quantidade, ampliando em três vezes a
capacidade atual. A linha Cotton Log promete revolucionar e
facilitar a vida do cotonicultor com o aumento da produtividade e a facilidade da logística. É isso que muitos produtores
latino-americanos poderão conferir em breve, pois Rodrigues
costuma viajar para diversos países do continente pilotando
seu próprio bimotor e fechando negócios para a empresa.
Divulgação/Busa
Speedy
work
New Busa equipment line maximizes
on-farm cotton transportation
and facilitates logistics
Fifty-five years ago, it was not possible to imagine a stained glass
window and door factory in the backyard of a home, in Ituverava
(SP), would become a major supplier of articles focused on harvest,
transport and cotton processing. This was how, back in 1960, a small
locksmith shop gave way to an agricultural implements and tractor maintenance
company. It was in fact the basis for the foundation of Busa Equipamentos Agrícolas, with cotton as its main source of inspiration.
During this operational period, Busa came up with different technologies that
lent a helping hand to the Brazilian market. The company is responsible for approximately 70% of products geared towards harvesting operations, transport and
fiber processing in Brazil. All this expertise served as a basis for the development of
a new line of cotton transport equipment, the Cotton Log,
launched at Agrishow 2011, held in Ribeirão Preto
(SP), from 2 to 6 May.
COTTON LOG
The idealizer of the novelty is the president of the
LINE WAS
company, Luiz Carlos Rodrigues, known as “el Busa”,
LAUNCHED AT
representing the fourth generation running this
AGRISHOW 2011
family business. The new line is the result of years of
research work and is made up of six pieces of equipment that facilitate the production logistics. A unique
technology in Brazil, the set of tools speeds up harvest
operations and reduces the number of machines and operators. “I wanted to create
something to increase the productivity rates of the cotton farmers, while providing
for better transport conditions”, says Rodrigues.
The round bales, one of the relevant novelties, occupy less room and facilitate
logistics, as they can be transported in bigger amounts, expanding as many as three
times the present capacity. The Cotton Line promises to revolutionize and facilitate
the life of the cotton farmers through rising productivity rates and enhanced logistics. This is what many Latin-American producers can check soon, since Rodrigo
usually travels to different countries on the continent, piloting his own twin-engine
plane for closing business deals.
135
Sílvio Ávila
Histórico
que promete
Fazenda São Francisco comemora 20 anos de atividade
com planos de expansão e de melhoria da infraestrutura
Com 20 anos de atuação recém-completados, a Fazenda São
Francisco comemora as conquistas do passado enquanto planeja
o futuro. Por isso, a expectativa é de continuar expandindo as
atividades. A trajetória da propriedade, localizada em Riachão
das Neves (BA) e que começou em 6 mil hectares e hoje chega a
50 mil, é fruto da aposta do paulista Ademar Marçal no agronegócio baiano. Filho e neto de agricultores, iniciou na atividade
como sócio da família e, em 1984, passou a ter fazenda própria
no município de Sidrolândia (MS). Os negócios prosperavam,
mas não impediram que optasse por transferir suas atividades
para o Nordeste. Dez dias após conhecer a região onde está a
Fazenda São Francisco, retornou para iniciar a empreitada, em
1º de maio de 1991, acompanhado da esposa, Célia, e da filha,
Priscila, parceiras até hoje nos negócios.
Desde então a estrutura não parou de crescer e assim vai
continuar. Os 28,4 mil hectares previstos para serem plantados
na temporada 2011/12 devem subir para 32 mil até 2015.
Atualmente, o território divide-se em 14 mil ha para algodão,
outros 14 mil para soja e 400 ha para milho. Além de contar
com espaço para incrementar a lavoura, a fazenda também
tem áreas de preservação e de reserva legal. Pelo terreno passam dois rios e há uma nascente – todos bem preservados.
Está sendo implantado um silo horizontal com capacidade para armazenar 60 mil toneladas de grãos. Além disso,
a usina de beneficiamento de algodão terá sua capacidade
136
ampliada em 50%, com a produção passando de 30 fardos
por hora para 45 fardos/hora, como destaca o diretor administrativo financeiro, Paulo Sarracini. Entre os projetos estão
a instalação de estrutura para esmagamento do caroço de
algodão e soja, dentro da proposta de verticalizar a produção,
e a criação de gado em confinamento.
A produção é comercializada nos mercados interno e externo.
Para 2011, Sarracini diz que a perspectiva é de exportar 50% da
colheita de algodão. Em 2010, receberam o produto países como
China, Indonésia e Tailândia. Na safra 2011/12, tendo em vista
a produtividade em torno de 1.700 quilos por ha, deverão ser
beneficiados cerca de 24 mil t de pluma. Em soja, o rendimento médio é calculado em 55 sacas por ha. Para tocar em frente
as atividades da empresa, o quadro funcional conta com cerca
de 280 colaboradores. Recentemente, a Fazenda São Francisco
passou a contar com a certificação do Programa Socioambiental
da Produção de Algodão (Psoal), iniciativa que visa a orientar os
produtores quanto ao cumprimento das legislações trabalhistas e
às ações de responsabilidade socioambiental.
O espírito empreendedor de quem iniciou essa trajetória,
entretanto, não se restringe ao território da propriedade.
Marçal tem um histórico de atuação no fomento da cotonicultura baiana e, nesse sentido, assumiu em março de 2011
a presidência do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro).
Promising history
Fazenda São Francisco celebrates 20 years of activities,
driven by infrastructure improvement and expansion plan
tons of fiber are to be processed. Soybean yields reach 55
sacks per hectare. The entire farm is operated by 280 collaborators. Recently, Fazenda São Francisco was granted the
certification standard by the Cotton Production Socioenvironmental Program (Psoal), an initiative intended to guide
the growers towards complying with socioenvironmental
responsibility principles.
The entrepreneurial spirit of the person that started this
trajectory is not limited to the territory of the farm. Marçal is
well known for promoting cotton farming in Bahia and, within this context, in March 2011 he took over the presidency of
the Cotton Agribusiness Development Fund (Fundeagro).
Sílvio Ávila
After 20 years in operation, Fazenda São Francisco
celebrates the achievements of the past and plans the future.
Therefore, the expectation is for carrying on with its expansion moves. The trajectory of the farm, located in Riachão das
Neves (BA), which started with 6 thousand hectares and now
comprises 50 thousand, is the result of a bet on Bahia agribusiness by Ademar Marçal, a São Paulo born entrepreneur.
Son and grandson of farmers, he started in the activity
is a partner of the family and, in 1984, purchased his own
farm in the municipality of Sidrolândia (MS). Businesses
thrived, a fact that did not prevent him from moving his activities to the Northeast. Ten days after coming to know the
region where Fazenda São Francisco is located, he returned
in order to start exploring this uncharted frontier. It was
May 1st, 1991, when he arrived there, with his wife Célia
and daughter Priscila, still his business partners now.
Since then, the structure has never stopped improving,
and will not stop in the future, either. The 28.4 thousand
hectares scheduled for the 2011/12 crop year, are poised
to soar to 32 thousand by 2015. Currently, the territory
is split into 14 thousand hectares of cotton, 14 thousand
hectares of soybean and 400 hectares of corn. Besides
boasting enough land to increase the farm operations, the
farm is also home to preservation and legal reservation
areas. Two rivers cross the estate, and there is also a water
source – all of them well preserved.
A horizontal silo is now being constructed, with the
capacity to store 60 thousand tons of grain. Furthermore,
the cotton processing mill will have its capacity increased by
50%, with production jumping from 30 bales an hour to 45
bales, says administrative financial director Paulo Sarracini.
The new projects include a cottonseed and soybean crushing
facility, in line with the production verticalization project,
and raising livestock in confinement.
The entire production is marketed at home and abroad.
For 2011, Sarracini maintains that the perspective is for exporting 50% of the cotton produced on the farm. In 2010,
the product was shipped to countries like China, Indonesia
and Thailand. In the 2011/12 crop year, in light of the productivity of about 1,700 kg per hectare, around 24 thousand
137
Informe especial
Assegurando a reputação de seu
algodão num mercado global
Por David McAlister, Uster Technologies, Inc.
and Jean-Luc Chanselme, Cotimes do Brasil
Uma boa reputação é tudo num mercado, especialmente num mercado global. Boas reputações são construídas a
partir de forte comprometimento com a qualidade, no decorrer do tempo. No entanto, em questão de minutos, esta
reputação pode ser destruída, quando este comprometimento com a qualidade é perdido ou se desfaz. Para um cliente,
qualidade significa que aquilo que eles compraram ou lhes foi entregue está de acordo com suas exigências. Eles estão
emitindo um julgamento sobre a justeza do propósito do produto comprado e o valor do dinheiro gasto na compra do
produto. Quando se trata de algodão, há muitas exigências, mas a mais importante é a qualidade real da fibra nos fardos. A
qualidade da fibra é extremamente importante para a fábrica de fiação, uma vez que irá determinar o custo da fábrica para
transformar a fibra em fio. As fiações têm experiência de sobra com instrumentos para testar a fibra e conhecerem os
limites de variação da qualidade da fibra que podem tolerar para seu cenário específico de produção, a fim de produzirem
um produto de qualidade a um determinado custo. Qualquer desvio para o lado negativo em termos de qualidade da fibra
terá consequências negativas relativas à estrutura dos custos da fiação. Uma experiência negativa como esta para uma fiação
com algodão produzido numa região específica, dará um motivo para esta fiação não comprar aquele algodão e isto será
comunicado a todos os interessados, a fim de não mais comprarem tal algodão, com base na experiência negativa.
O mundo do algodão está indo para a classificação da fibra através de instrumentos para determinar o valor de mercado
do algodão. Esta iniciativa tem tido resultados positivos para aqueles que a encararam sistematicamente no sentido de um
valor de mercado melhorado.As organizações mais bem-sucedidas são os programas centralizados de classificação do algodão
do governo, como os dos Estados Unidos (USDA), China (CFIB), e Uzbekistan (SIFAT), que estão usando exclusivamente
o USTER® HVI’s. Aproximadamente 60% da produção global de algodão é classificada no sistema USTER® HVI’s. Estes
programas não são bem-sucedidos apenas por serem um programa centralizado do governo, mas por terem um forte
comprometimento com a produção confiável e dados exatos. Como qualquer operação de produção que produz produtos,
elas têm uma função de segurança de qualidade que assegura que a qualidade do produto irá satisfazer as exigências do usuário
final. No caso da classificação do algodão, o produto é um dado de qualidade de mercado, que é usado pelo usuário final para
negociar o preço ou para estabelecer os valores de mercado. No caso da USDA, este dado é usado para estabelecer valores
especiais ou descontos para o algodão dos Estados Unidos. Desta forma, o dado precisa ser exato e confiável para que estas
decisões monetárias sejam tomadas. Qualquer erro no dado produzido pode custar ao vendedor ou comprador do algodão
milhões de dólares numa transação. É assim que uma reputação é destruída em questão de minutos.
Se o dado não for exato e confiável, o mercado não pode depender dele para fazer decisões de compras. Precisão
e confiabilidade do dado são asseguradas com um programa centralizado de segurança de qualidade. Este programa
deve ser controlado por uma entidade independente por que é necessário que a função da segurança de qualidade seja
exercida por uma parte neutra, com uma missão primária de assegurar dados de qualidade.
Um programa de benchmark para Garantia de Qualidade na classificação do algodão é o Programa de Garantia de
Qualidade da USDA. Usando o programa da USDA como referência, os elementos chaves de um programa de segurança
de qualidade para operações de classificação do algodão por instrumento são os seguintes:
1. Controles ambientais confiáveis e exatos e condicionamento em todos os laboratórios.
2. Instrumentos confiáveis e exatos de teste de algodão em todos os laboratórios.
3. Procedimentos padronizados de calibração.
4. Testes de pré-temporada dos instrumentos de classificação
do algodão, antes que sejam usados.
5. Orientações de pré-temporada para operador, de modo
que todos os operadores sejam treinados nas mesmas práticas.
6. Checagens internas em cada laboratório de classificação
para assegurar que níveis adequados de teste sejam mantidos
entre os instrumentos.
7. Um programa de checagem entre laboratórios para garantir
a reprodutibilidade dos resultados de todos os instrumentos
entre os laboratórios.
Com se pode ver, a questão da classificação do algodão requer
um forte comprometimento com a qualidade e um programa
robusto de garantia de qualidade.
Insuring the reputation of your
cotton in a global market
By David McAlister, Uster Technologies, Inc.
and Jean-Luc Chanselme, Cotimes do Brasil
A good reputation is everything in a marketplace, especially a global one. Good reputations are built with a fierce
commitment to quality over time. However, in a mater of minutes that reputation can be destroyed when that
commitment to quality is lost or lapses. For a customer, quality means assurance that what they purchased and was
delivered meets their requirements. They are making a judgment on the fitness of purpose for the product purchased
and the value for the money they spent on purchasing the product. When it comes to cotton, there are many
requirements, but the most important is the actual fiber quality of the bales. Fiber quality is extremely important to
the spinning mill as it will determine the mill’s cost to convert the fiber into yarn. Mills are experienced enough with
instrument fiber testing to know the range of fiber quality they can tolerate for their particular production scenario
to produce a quality product at a given cost. Any deviation towards the negative side on fiber quality will have negative
consequences to the cost structure for a mill. A negative experience like this for a mill with cotton from a particular
growth area will give the mill a reason not to buy that cotton and it will be communicated to all who will listen to not
buy that cotton based on their negative experience.
The world of cotton is moving towards instrument classification of fiber to determine the market value of cotton.
This move has had positive outcomes for those who have approached it systematically in the way of improved market
value. The most successful of those organizations are the centralized government cotton classification programs like
those in the United States (USDA), China (CFIB), and Uzbekistan (SIFAT) who are using exclusively USTER® HVI’s.
Approximately 60% of global cotton production is classed on USTER® HVI’s. These programs are not successful just
because they are a centralized government program, but because they have a fierce commitment to produce reliable
and accurate data. Like any production operation that produces products, they have a quality assurance function that
insures that the quality of the product will fulfill the requirements of the end-user. In the case of cotton classification,
the product is market quality data, which is used by the end user to negotiate a price or for establishing market values.
In the case of USDA, this data is used to establish the premiums and discount values for US cotton. So, the data
needs to be accurate and reliable in order to make these monetary decisions. Any mistake in the data produced can
cost either the selling or buying party in a cotton trade transaction millions of dollars. And this is how a reputation
is destroyed in minutes.
If the data is not accurate and reliable, then the market cannot depend on it to make trading decisions. Accuracy and
reliability of the data is ensured with a well-organized and managed centralized quality assurance program. This program
should be controlled by an independent entity because it is necessary that the quality assurance function is a neutral
party with a primary mission of insuring data quality.
A benchmark program for Quality Assurance in cotton classification is the USDA’s Quality Assurance program. Using
the USDA’s program as a reference, the key elements of a quality assurance program for instrument cotton classification
operations are the following:
1. Reliable and accurate environmental controls and conditioning in all laboratories.
2. Reliable and accurate cotton testing instruments in all laboratories.
3. Standardized calibrations procedures.
4. Pre-season testing of cotton classing instruments before
they go into service.
5. Pre-season operator orientations so that all operators are
trained in the same practices.
6. In-house checks at each classification laboratory to ensure
proper levels of testing are maintained between instruments
7. Between lab check program to ensure reproducibility of
results of all instruments between labs
As you can see, the business of cotton classification
requires a fierce commitment to quality and a robust quality
assurance program.
Eventos
Events
Tecendo sabores
Anea Cotton Dinner chega à décima edição integrando
cada vez mais a cadeia produtiva do algodão
A capital do Ceará, Fortaleza, irá recepcionar com suas
belezas naturais e turísticas os 400 participantes esperados
para o décimo Anea Cotton Dinner. O evento ocorre de
24 a 26 de junho, no Resort Vila Galé Cumbuco, situado a
33 quilômetros do centro da capital cearense. “Em um ano
o evento ocorre em um lugar mais descontraído e familiar,
como em um resort; no outro, em um local mais voltado aos
negócios”, explica Marcelo Escorel, presidente da Associação
Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). A iniciativa,
promovida pela entidade, tem o propósito de integrar representantes das áreas de exportação, indústria e produção.
Em 2011, o evento vai sediar a reunião da Câmara
Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seus Derivados.
Segundo o secretário da câmara, Manoel Galvão, na ocasião
serão apresentadas as prioridades de infraestrutura e de
logística para o escoamento de safras. Além disso, será abordado o panorama da período 2010/11 e a perspectiva para a
temporada 2011/12.
A competição do tradicional torneio de golfe vai ocorrer
no Aquiraz Riviera, empreendimento imobiliário e turístico
localizado a 35 quilômetros de Fortaleza. O presidente da
Anea ainda destaca que haverá uma reunião do conselho de
140
ética, mantido há cinco anos. “Tem auxiliado na resolução
de pequenas desavenças que poderiam atrapalhar a imagem
do algodão brasileiro”, salienta Escorel. Essas atividades estão
marcadas para a sexta-feira, dia 24.
Workshop e torneios de futebol e de tênis são as atrações
definidas para o sábado, dia 25. Para palestrar aos participantes, foram convidados Ivan Bezerra Filho, presidente do Sindicato da Indústria da Fiação e Tecelagem em Geral no Estado
do Ceará (Sinditêxtil), e Fernando Silva, diretor da Intermar.
Bezerra Filho abordará a importância do aumento da produção brasileira de algodão para a indústria local, enquanto Silva
falará sobre o desafio de exportar 1 milhão de toneladas.
À noite, os presentes serão brindados com o coquetel de
entrega de prêmios e com o badalado jantar. O caráter beneficente do torneio de golfe será mantido nesta edição. Os valores arrecadados com patrocínio e inscrições dos competidores serão revertidos para a Casa da Paz, entidade filantrópica
que há 17 anos desenvolve programas socioeducativos com
crianças e adolescentes no município de Embu Guaçu, em
São Paulo (SP). O site da instituição (www.casadapaz.org.br)
informa que são atendidos diariamente a 120 crianças de 5 a
10 anos e 40 adolescentes de 11 a 18 anos.
Weaving
tastes
Sílvio Ávila
Anea Cotton Dinner reaches its
tenth edition increasingly integrating
the cotton production chain
The capital city of Ceará, Fortaleza, with its natural and tourists attractions, will play host to 400 delegation members who will be attending
the tenth Anea Cotton Dinner. The event occurs from 24 to 26 June, at
Resort Vila Galé Cumbuco, located 33 kilometers from the capital city in
Ceará. “One year, the event is held in a familiar and friendly venue, like a
resort; the next, it is held in a business-oriented environment”, explains Marcelo Escorel, president of the National Association of Cotton Exporters (Anea). The
initiative, promoted by the entity, is aimed at integrating representatives of the export areas, industry and production.
In 2011, the event includes the meeting of the Sectorial Chamber of the Cotton Production Chain and its
Derivatives. According to the secretary of the chamber, Manoel Galvão, the meeting also features the infrastructure and logistics priorities for crop transportation. Furthermore, the 2010/11 crop panorama is addressed and the
perspective for the 2011/12 crop year.
The traditional golf contest Aquiraz Riviera is going to take place at the tourist and real estate enterprise located 35
kilometers from Fortaleza. The president of Anea also refers to a meeting of the ethical committee, now happening for the
fifth time. “This meeting has been a good help in solving minor problems that could eventually have a negative impact on
the image of Brazilian cotton”, Escorel stresses. These activities have been scheduled for Friday, 24.
Workshops, soccer and tennis tournaments are attractions defined for Saturday, 25. The slate of lecturers includes Ivan Bezerra Filho, president of the Weaving and Apparel Industry Union of Ceará (Sinditêxtil), and Fernando Silva, director of Intermar. Bezerra Filho will address the importance of the higher Brazilian cotton crop for
the local industry, while Silva will dwell on the challenge to export 1 million tons.
In the evening, prizes will be delivered to winning contestants at a cocktail, followed by a dinner party, open to all
attendees. The charity-oriented tournament will hold for this edition, too. The proceeds from sponsorships and registration fees will be given to Casa da Paz, a philanthropic institution devoted to socio-educational programs for children and
adolescents in the county of Embu Guaçu, em São Paulo (SP). The site of the institution (www.casadapaz.org.br) informs
that 120 children, 5 to 10 years old, are assisted on a daily basis, plus 40 adolescents, 11 to 18 years old.
PRESENÇA MARCADA A Editora
REMARKABLE PRESENCE Editora
Gazeta Santa Cruz será representada no Anea Cotton
Dinner por Maira Bugs e Andréa Lenz, da equipe
comercial da empresa. Na ocasião será lançado oficialmente o Anuário Brasileiro do Algodão 2011. Mais
informações sobre o evento podem ser obtidas pelos
telefones (11) 3039-5592 e 3039-5593 ou pelo e-mail
[email protected].
Gazeta Santa Cruz will be represented at the Anea
Cotton Dinner by Maira Bugs and Andréa Lenz, of
the Gazeta commercial team. On the occasion, the
Brazilian Cotton Yearbook 2011 is to be officially
launched. More information can be obtained by
phones (11) 3039-5592 and 3039-5593 or by e-mail
[email protected].
141
Sílvio Ávila
Ponto de inovação
São Paulo sedia a oitava edição do Congresso Brasileiro
do Algodão & Cotton Expo 2011 de 19 e 22 de setembro
O 8º Congresso Brasileiro do Algodão & Cotton Expo
2011 será mais uma oportunidade para manter-se atualizado
sobre as novidades referentes ao setor. O evento ocorre entre
os dias 19 e 22 de setembro, no Pavilhão Amarelo do Expo
Center Norte, em São Paulo (SP). A expectativa é receber
mais de 4.500 congressistas e visitantes.
Estão programados cerca de 45 minicursos, fóruns,
conferências, mesas redondas, salas especializadas e atividades paralelas. Em uma das conferências será debatido o tema
do congresso Evolução da cadeia para construção de um setor
forte. Ao todo o evento envolverá mais de 100 palestrantes
nacionais e internacionais.
A comissão científica da iniciativa, composta por pesquisadores da Embrapa Algodão e do Instituto Agronômico
de Campinas (IAC), selecionará os trabalhos científicos que
serão expostos na sessão de pôsteres. Será lançada durante a
142
programação a segunda edição do livro Algodão no Cerrado,
editado por Eleusio Curvelo Freire, pesquisador da Embrapa
Algodão, de Campina Grande (PB).
O presidente da Associação Paulista dos Produtores de
Algodão (Appa), Ronaldo Spirlandelli de Oliveira, conduzirá a solenidade de abertura, dia 19 de setembro, a partir
das 19h30min. A entidade é a organizadora do 8º CBA &
Cotton Expo 2011, promovido pela Associação Brasileira
dos Produtores de Algodão (Abrapa).
No decorrer da programação, a Cotton Expo 2011 apresentará produtos, serviços e novas tecnologias, reunindo fabricantes
de máquinas e equipamentos e implementos agrícolas, veículos
de movimentação e carga, fornecedores de sementes, fertilizantes e serviços na área financeira, de corretagem e seguros, entre
outros. A grade completa com horários, data e palestrantes pode
ser verificada no site www.cba2011sp.com.br.
Innovation point
São Paulo hosts the eighth edition of the Brazilian Cotton
Congress & Cotton Expo 2011, from 19 to 22 September
The eighth edition of the Brazilian Cotton Congress &
Cotton Expo 2011 represents just one more opportunity for
people to keep updated on the novelties of the sector. The event
has been scheduled for 19 – 22 September, in the Yellow Pavilion of Expo Center Norte, in São Paulo (SP). Upwards of 4,500
congress delegations and visitors are expected at the event. The program features about 45 mini-courses, forums, lectures, negotiating rounds, specialized rooms and parallel activities. One of the conferences will specifically be focused on the
theme of the congress, Evolution of the chain for the construction of a strong sector. In all, the event includes a full slate of
lecturers, more than one hundred, from Brazil and from abroad.
The scientific committee of the initiative, consisting of researchers from Embrapa Cotton and the Agronomic Institute
of Campinas (IAC), is responsible for selecting the scientific
papers to be exhibited at the posters session. The program also
features the launching of the second edition of the book, Cotton in the Cerrado, edited by Eleusio Curvelo Reire, Embrapa
Cotton researcher, in Campina Grande (PB).
The president of the Cotton Producers’ Association of
São Paulo (Appa), Ronaldo Spirlandelli de Oliveira, has been
chosen to preside over the opening ceremony, at 7.30 p.m.
The entity is the organizer of the 8º CBA & Cotton Expo
2011, promoted by the Brazilian Association of Cotton
Producers (Abrapa).
During the event, Cotton Expo 2011 will present
products, services and new technologies, bringing together
manufacturers of machinery, equipment, agricultural implements, cargo and passenger vehicles, seed suppliers, fertilizers
and financial services, insurance brokers, and others. The
complete program, containing dates and lecturers can be
accessed at site www.cba2011sp.com.br.
No calendário On the calendar
10º Anea Cotton Dinner
Data: 24 a 26 de junho de 2011
Local: Fortaleza (CE)
Contatos: 11 3039-5599 - aneacotton@
aneacotton.com.br - www.aneacotton.com.br
8º Congresso Brasileiro de Marketing
Rural e Agronegócio
Data: 27 e 28 de julho de 2011
Local: São Paulo (SP)
Contato: 11 3812-7814 - [email protected].
br - www.abmra.org.br
70th Plenary Meeting of the International Cotton
Advisory Commitee (70ª Reunião Plenária do Icac)
Data: 4 a 9 de setembro de 2011
Local: Buenos Aires (Argentina)
Contato: www.icac.org
ITMF Conference and World Textile Summit
Data: 19 a 21 de setembro de 2011
Local: Barcelona (Espanha)
Contato: www.itmf.org
Inor /Ag. Assmann
8º Congresso Brasileiro do
Algodão & Cotton Expo 2011
Data: 19 a 22 de setembro de 2011
Local: São Paulo (SP)
Contato: 11 5084-1383 - contato@cba2011sp.
com.br - www.cba2011sp.com.br
144
ICA International Trade Dinner
Data: 20 e 21 de outubro de 2011
Local: Liverpool (Reino Unido)
Contato: www.ica-itd.org
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