TRATAMENTO DE EFLUENTE HOSPITALAR POR PROCESSO DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANA Thiago Lopes da Silva (IC-balcão/CNPq-UEM), Elenice Tavares Abreu (Pesquisadora), Célia Regina Granhen Tavares (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Maringá/Centro de Tecnologia Palavras-chave: tratamento de efluente, efluente hospitalar, tratamento por membrana. Resumo: Neste trabalho avaliou-se a remoção de parâmetros físico-químicos em efluente hospitalar por tratamento com membrana. Foi avaliado o tempo de operação, e verificou-se que o tempo de uma hora se mostrou suficiente para reduções significativas de todos os parâmetros analisados. O estudo, embora preliminar, se mostrou eficiente para o tratamento de efluentes hospitalares. Introdução A dificuldade de biodegrabilidade de medicamentos, metais pesados, produtos químicos e também a presença de bactérias resistentes, tornam o efluente de hospital bastante agressivo para o ambiente. O grande volume gerado destes elementos é um outro agravante, para o meio em que são lançados. Mensalmente o Hospital Universitário de Maringá (HUM), gera em média 2985 m3 de efluente, que são lançados na rede pública coletora de esgotos. De acordo com EMMANUEL et al. (2002) um dos principais problemas ambientais, causados pela disposição de efluentes hospitalares, é o seu lançamento nas redes coletoras de esgoto, sem nenhum tratamento prévio. O avanço tecnológico trouxe processos alternativos de tratamento para efluentes como, por exemplo, o processo de separação por membranas. Segundo MIERZWA (2006), a tecnologia de separação por membranas envolve a utilização de membranas sintéticas, orgânicas, inorgânicas de modo a separar de um fluido, partículas sólidas de pequeno diâmetro, bactérias, vírus, moléculas orgânicas, compostos iônicos de baixo peso molecular e até gases. O transporte através da membrana ocorre devido a uma pressão exercida na alimentação. Isto promove a separação das duas correntes, a concentrada e a permeada ou purificada. Em muitos casos a taxa de permeado é proporcional a força motriz aplicada na alimentação. O módulo Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 utilizado consiste em membranas de fibra oca, que se caracteriza por centenas de fibras de pequeno diâmetro altamente empacotadas que garantem um pequeno espaço requerido e uma área de permeação satisfatoriamente grande. O objetivo desse estudo é avaliar a eficiência do tratamento de efluente hospitalar por processo de separação por membrana. Materiais e Métodos Foram realizadas duas coletas compostas para se avaliar a eficiência do tratamento com membranas do efluente do Hospital Universitário de Maringá (HUM), coletadas em 2008 e 2009. As coletas foram realizadas das 8:00h as 11:30h, com intervalos de 30 minutos, totalizando 16 amostras nas duas coletas. Foram retirados, a cada 30 minutos, 2,5 litros. Analisou-se a temperatura e o pH a cada amostragem. Segundo ABREU (2008) as características dos efluentes gerados no HUM não variam, entre os períodos matutino e vespertino, dessa forma o período escolhido representa satisfatoriamente as características gerais do efluente analisado. Foram realizadas análises de Cor, Turbidez, Sólidos, Demanda Química de Oxigênio (DQO), pH e temperatura. O efluente tratado foi submetido as mesmas análises realizadas na caracterização, para a avaliação de sua qualidade e das eficiências de remoção dos parâmetros analisados. A medida do pH foi realizada por meio de pHmetro Digimed modelo DM20. Os testes de DQO foram realizados em triplicata de acordo com a metodologia do “Standard Methods” (APHA, 1998). A leitura de cor “aparente”, turbidez e a leitura de DQO foram realizadas em um espectrofotômetro marca HACH - modelo DR/2010, conforme descrição do manual do aparelho para cada parâmetro analisado. O efluente foi tratado num módulo de microfiltração com membrana sintética de fibra oca de poliamida (fabricada pela PAM – Membranas Seletivas Ltda). O diâmetro de poros na superfície externa das fibras é de 0,1 a 0,4 micrometros. O módulo tem diâmetro de 3,2 cm e comprimento de 44 cm, com área de permeação no módulo de 0,14 m2. Foi utilizada uma pressão transmembrana de 1 bar. Resultados e Discussão As amostras coletadas apresentaram temperaturas em acordo com o estabelecido pela Resolução n° 357/05 do CONAMA, que regulamenta como 40ºC a temperatura máxima para o lançamento de efluente. A média das temperaturas foram 23ºC e 26ºC, para a primeira e segunda coleta, respectivamente. Os valores medidos de pH oscilaram entre 6,86 e 9,28. Nas 16 amostras coletadas apenas 2 ultrapassaram a faixa de pH estabelecida pela Resolução n° 357/05 do CONAMA (entre 6 e 9). Os resultados preliminares do tratamento por membrana, encontramse dispostos na tabela 1. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 Tempo Início 1h 2h ST 720 407 530 SF 281 201 213 Início 1h 2h 737 509 496 215 135 90 Coleta 10/10/2008 SV Cor Turbidez 439 728 166 206 42 0 318 41 0 Coleta 10/2009 522 838 232 374 52 3 406 57 8 DQO 834,0 473,1 475,0 812,3 472,7 471,4 TABELA 1 – Resultados obtidos das análises do efluente no início e após o tratamento. ST (sólidos totais), SF (Sólidos fixos), SV (Sólidos Voláteis), DQO (Demanda Química de Oxigênio). Unidades: Turbidez (FAU); Cor (uH); ST, SF e SV (mg/L); DQO (mg/L). A concentração média de sólidos suspensos totais presente na amostra composta do HUM foi de 729 mg/L. Segundo VON SPERLING (1996) as concentrações de sólidos suspensos presentes nos esgotos domésticos variam na faixa de 200 a 450 mg/L, e os valores típicos são de 400mg/L. O limite estabelecido pela companhia de saneamento de Maringá, para lançamento de efluentes industriais na rede coletora de esgotos em relação aos sólidos totais é de 1000mg/L. Conforme se observa o valor de sólidos suspensos presente nas amostras do HUM são maiores que os determinados em esgotos domésticos e menores que os estabelecidos pela Companhia de Saneamento do Estado do Paraná (SANEPAR) para efluentes industriais. Após o tratamento, para o tempo de 1h, a redução obtida foi de 43% e 31% e para 2h a redução observada foi de 26% e 33%, para a primeira a segunda coleta, respectivamente. Portanto, em uma análise preliminar, conclui-se que o tempo de uma hora mostrou-se mais adequado para a remoção de sólidos totais no efluente estudado, uma vez que não houve aumentos significativos de remoção, ao se aumentar o tempo de operação. Quanto à cor aparente e turbidez, a redução observada foi acima dos 90%, para os dois parâmetros. Para a cor observou-se uma redução média de 94% entre a primeira e a segunda hora de tratamento e para a turbidez, a redução média observada foi de 99% na primeira hora e de 98% na segunda. Uma hora de tratamento mostrou-se altamente eficiente para a remoção desses parâmetros. O limite máximo de DQO para lançamento nas redes de esgotos, estabelecido pela empresa de saneamento básico do estado do Paraná, para vazões acima de 50 m3/dia, é de 1.000 mg/L O 2 . O valor médio de DQO foi de 823,2 mg/L. A redução desse parâmetro após o tratamento de uma e duas horas foi de 43% na primeira coleta e de 42% nos dois tempos na segunda coleta. Como a remoção de DQO observada foi constante para o tempo de uma e duas horas, conclui-se que uma hora de tratamento seria suficiente para a remoção desse parâmetro pela membrana. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 Conclusões Os resultados preliminares obtidos neste trabalho, levam a concluir que o processo de tratamento com membranas tem grande potencial de utilização no tratamento deste tipo de efluente, justificando estudos complementares, uma vez que foram obtidos eficiências de remoção bastante promissoras. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro ao projeto, e a todos aqueles que de alguma forma tornaram possível a realização deste trabalho. Referências Abreu, E. T. Tese de Doutorado: Proposta de Gerenciamento de efluente de Serviços de Saúde gerados no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), Universidade Estadual de Maringá, 2008 Von Sperling, M. Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Ed. UFMG Vol.1, 3º ed. Belo Horzonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental: Universidade Federal de Minas Gerais; 2005 Mierzwa, J.C. Contribuição ao estudo da remoção de cianobactérias e microcontaminantes orgânicos por meio de técnicas de tratamento de água para o consumo humano (PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico), Coordenador: Valter Lúcio de Pádua; Ed.: Sermograf Artes Gráficas e Editora Ltda. Vol.1, cap 8. Belo Horizonte, MG, 2006 CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - Resolução no 05, de 05 de agosto de 1993. Dispõe sobre os resíduos sólidos gerados em portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários e estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. Emmanuel, E.; Perrodin, Y Blanchard, J-M.; Keck, G. e Vermande, P. Effects of hospital wastewater on aquatic ecosystem - XXVIII Congreso Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambiental Cancún, México, 27 al 31 de octubre, 2002. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009