Análise de Desempenho Baseada em Provas de Carga Estática em
Tubulões: Estudo de Caso
Vinícius Resende Domingues
Centro Universitário de Brasília, Brasília, Brasil, [email protected]
Neusa Maria Bezerra Mota
Centro Universitário de Brasília, Brasília, Brasil, [email protected]
RESUMO: A Engenharia de Fundações recentemente deparou-se com a atualização da norma NBR
6122/2010 - Projeto e Execução de Fundações – e com a inclusão do item 9 que relata as condições
para determinação do “desempenho” das fundações. O estudo compreende a avaliação de 7 (sete)
edifícios em um empreendimento residencial, localizado em Águas Claras/DF, executado em tubulão.
As fundações supracitadas foram submetidas ao total de 12 (doze) ensaios de prova de carga
estática, realizados conjuntamente a execução dos elementos de fundação no início da obra. A área
em estudo compreende aproximadamente 50.000 m² e foi submetida a 41 furos de sondagem que
permitiram uma investigação satisfatória do subsolo. Segundo os critérios previstos pela norma de
Projeto e Execução de Fundações, as fundações apresentaram desempenho satisfatório e estimativa
de carga de ruptura obtida pelo método de Van der Veen. Com isso, a pesquisa demonstra o estudo
de caso de um empreendimento de porte relevante, executado em tubulão, que obteve desempenho
satisfatório mediante as preposições da NBR 6122/2010.
PALAVRAS-CHAVE: Desempenho, Fundação, Tubulão.
1
INTRODUÇÃO
A Engenharia Civil busca soluções que possam
atender às necessidades humanas por meio da
inserção de construções no meio ambiente. As
estruturas existentes, em geral, recebem um
fluxo diário de pessoas que necessitam de tal
espaço para praticar suas funções cotidianas. No
caso dos engenheiros há a necessidade de dar
confiabilidade a obra para assegurar as pessoas
que irão utilizar o espaço.
A norma NBR 6122/2010 – Projeto e
Execução de Fundações – prevê que a
determinação do desempenho dos elementos de
fundação faz parte da função do profissional
responsável pela subestrutura da obra. Segundo
a norma, para correta verificação do
desempenho das referidas fundações, o solo de
apoio deve ser aprovado por engenheiro antes
da concretagem.
Neste enfoque, o estudo relata análises de
desempenho baseadas em provas de carga
estática (PCE) realizadas em tubulão. O critério
de ruptura adotado, para os elementos de
fundação, que não apresentaram carga última
evidente no carregamento ensaiado, foi o
método de Van der Veen.
2
NORMA ABNT-NBR-6122/2010
A partir do dia 20 de outubro de 2010 entrou
em vigor a nova norma “Projeto e Execução de
Fundações”, ABNT-NBR-6122/2010. Essa
norma tem o intuito de adequar as atuais
atividades relacionadas a projetos e execução de
fundações que careciam de revisão perante o
que era regido pela NBR 6122/96. Dentre as
alterações previstas pode-se ressaltar: o
acréscimo de um novo item referente ao
desempenho das fundações e a possibilidade de
redução dos fatores de segurança de acordo
com a quantidade de sondagens e provas de
cargas executadas a priori na obra. No caso da
obra em estudo, as provas de carga foram
realizadas com intuito de projetar a
subestrutura, portanto, os dados obtidos em
campo permitiram uma redução no fator de
segurança e deram confiabilidade a estrutura
proposta.
3
PROVA DE CARGA ESTÁTICA
A prova de carga estática, regida pela norma
NBR 12.131, é um ensaio adotado para se
avaliar a capacidade de carga de uma estaca ou
tubulão. O processo consiste, basicamente, em
aplicar esforços estáticos crescentes à estaca e
registrar os deslocamentos correspondentes,
segundo metodologia definida na norma
brasileira NBR 12.131/92. Os esforços aplicados
podem ser axiais de tração ou compressão, ou
transversais.
A capacidade de carga do elemento de
fundação é retratada quando ocorrer ruptura
nítida
caracterizada
por
deformações
continuadas sem novos acréscimos de carga. Em
cada estágio, a carga é mantida até a
estabilização dos deslocamentos ou, no mínimo,
por 30 minutos. A estabilização dos
deslocamentos ocorre quando em duas leituras
consecutivas o recalque não excede 5% do
recalque total observado no mesmo estágio de
carregamento (ABNT NBR 12131, 2006).
Caso o elemento de fundação não indique
uma ruptura clara, deve-se extrapolar a curva
carga-recalque para se avaliar a carga de
ruptura. O descarregamento, sempre que o
ensaio não atinge a ruptura, é iniciado depois de
decorridas 12 horas de manutenção da carga
máxima aplicada. Para este procedimento, a
ABNT NBR 12131:2006 recomenda que sejam
realizados pelos menos quatro estágios de
descarregamento.
A Figura 1 apresenta a montagem do ensaio
de prova de carga estática no empreendimento
em estudo.
Figura 1. Montagem da prova de carga estática.
3.1
Método de Van der Veen
O método de Van der Veen (1953) é um dos
mais utilizados no Brasil e determina a carga
última através de soluções matemáticas. Este
método foi utilizado na pesquisa para prever a
carga última dos tubulões submetidos a prova de
carga estática. A metodologia é embasada nas
equações 1 e 2.
(1)
(2)
Onde:
P = carga aplicada;
Púlt = carga última; e
ρ = recalque correspondente à carga
aplicada.
Van der Veen propõe a obtenção da carga
última arbitrando-se diversos valores de carga
última, até que o gráfico “-ln(1-P/Púlt) x ρ” seja
uma reta.
4
CARACTERIZAÇÃO DA OBRA
O empreendimento situa-se em Águas Claras –
DF em um lote de aproximadamente 65.000 m².
A obra compreende 17 (dezessete) torres
residenciais e área de lazer, sendo que cada
bloco apresenta 29 (vinte e nove) pavimentos
com 2 (dois) subsolos, 1 (um) térreo, 25 (vinte e
cinco) pavimentos tipo e 1 (uma) cobertura.
A presente pesquisa irá avaliar o desempenho
de 7 (sete) edifícios desse empreendimento.
Dentre os Blocos em estudo, foram realizadas
12 (doze) provas de carga estática (PCE),
correspondentes a 1ª e 2ª fase do
empreendimento.
As fundações dessas torres, executadas em
tubulão, tem diâmetro do fuste de 0,60m e uma
variação no diâmetro da base. Os elementos de
fundação correspondentes da PC1 a PC6
apresentam diâmetro da base de 1,20m enquanto
os da PC7 a PC12 é de 1,30m. Com relação à
profundidade, a variação acontece da seguinte
forma: 8,0m na PC1, 15,30m na PC2, 12,60m
na PC3, 10,10m na PC4, 14,40m na PC5,
16,10m na PC6, 10,10m na PC7, 8,90m na PC8,
8,70m na PC9, 9,10m na PC10, 9,50m na PC11
e 8,90m na PC12. A altura da base é de 0,70m
para todas as subestruturas.
Os blocos de coroamento dos tubulões das
provas de cargas PC1 a PC6, correspondentes a
primeira fase do empreendimento, medem
0,90m x 0,90m e 0,75m de altura. Já os blocos
representados pelas provas de carga PC7 a
PC12, ensaiados na segunda fase, medem 0,95m
x 0,95m x 0,75m de altura.
5
Figura 3. Vista superior com identificação dos blocos
PERFIL GEOTECNICO
O perfil geotécnico do terreno que será
implantado a obra apresenta os horizontes
estratigráficos divididos, sequencialmente, da
seguinte forma: argila arenosa vermelha, silte
arenoso variegado, silte argiloso variegado,
arenito, siltito e quartzito (rocha sã). O nível
d’água (NA) foi encontrado em uma
profundidade média de 13 metros. Para
possibilitar melhor visualização foi realizada
uma extrapolação do nível d’água (Figura 3) e
exposto um mapa de implantação do
empreendimento (Figura 2) delimitando a área
em estudo. As Figuras 3 e 4 apresentam
modelos estratigráficos gerados através do
software Rockworks.
Figura 4. Vista superior Sudoeste
6
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
O empreendimento sujeito a análise de
desempenho apresentou a avaliação dos ensaios
de prova de carga estática (PCE), executadas no
tipo lento, em tubulão. Além disso, destaca-se
que o método de Van der Veen constitui apenas
uma estimativa cabendo ao projetista definir se
nestes casos ele seria ou não aceitável como
referência.
Os tubulões foram ensaiados sem a
escavação do fuste, sendo necessário considerar
que nos resultados apresentados, há uma
considerável contribuição da parcela do atrito
lateral. Para auxiliar o projetista neste sentido,
foram instrumentados três tubulões (Blocos E, F
e G) com strain gages, para obtenção da
transferência de carga e parcela do atrito lateral.
6.1
Figura 2. Mapa de implantação do empreendimento
(PENINSULA LAZER & URBANISMO, 2014).
Bloco A (PC3)
O tubulão ensaiado na PC3 tem diâmetro do
fuste de 0,60m, diâmetro da base de 1,20m,
altura da base de 0,70m e profundidade de
12,60m. A Figura 5 apresenta os resultados da
prova de carga em termos do recalque último
medido em função da carga aplicada. Nesta
figura observam-se, de modo aproximado, duas
mudanças de comportamento para o tubulão. A
primeira referente à carga de 900 kN (91,7 tf)
que indica o ponto onde o conjunto bloco de
coroamento+fuste+base começa a trabalhar
conjuntamente, e a segunda a 1470 kN (149,8
tf) que indica o início de possíveis deformações
plásticas na interação solo-estaca ensaiada.
Na Figura 5 observa-se que para a carga de
1785,3 kN (182,1 tf) tem-se dois pontos de
recalque, o primeiro referente ao tempo de
estabilização da carga, e o segundo ponto
referente ao recalque total do estágio, após 12
horas em carga.
O tubulão apresentou recalque final de 8,27
mm. Para a carga de trabalho que é de 981 kN
(100 tf) o valor do recalque obtido foi de 1,44
mm.
6.2
Bloco B (PC2/PC5)
O tubulão ensaiado na PC2 tem diâmetro do
fuste de 0,60m, diâmetro da base de 1,20m,
altura da base de 0,70m e profundidade de
15,30m. O tubulão ensaiado na PC5, por sua
vez, tem diâmetro do fuste de 0,60m, diâmetro
da base de 1,20m, altura da base de 0,70m e
profundidade de 14,40m. A Figura 7 apresenta o
recalque imediato acumulado em função da
carga aplicada. Nesta figura, observam-se, de
modo aproximado, duas mudanças de
comportamento para cada tubulão. Para o
tubulão da PC2 a primeira alteração é referente
à carga de 500 kN (51,0 tf) que indica o ponto
onde
o
conjunto
bloco
de
coroamento+fuste+base começa a trabalhar
conjuntamente, e a segunda a 1120 kN (114,2
tf) que indica o início de possíveis deformações
plásticas na interação solo-estaca ensaiada. Com
relação ao tubulão da PC5, a primeira mudança
é referente à carga de 680 kN (69,3 tf) que
indica o ponto onde o conjunto bloco de
coroamento+fuste+base começa a trabalhar
conjuntamente, e a segunda a 1320 kN (134,6
tf) que indica o início de possíveis deformações
plásticas na interação solo-estaca ensaiada.
Figura 5. Curva carga x recalque com carga em escala
logarítmica.
A Figura 6 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura obtida pelo
Método de Van der Veen. O valor estimado
para a capacidade de carga do tubulão foi de
1800 kN (183,6 tf).
Figura 7. Curva carga x recalque com carga em escala
logarítmica – PC2 e PC5.
Os tubulões da PC2 e da PC5 apresentaram,
respectivamente, recalque final de 4,08 mm e
6,29 mm. Para a carga de trabalho que é de 981
kN (100 tf) o valor do recalque obtido foi de
1,19 mm para o tubulão da PC2 e 1,37 mm para
o elemento de fundação da PC5.
A Figura 8 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC2, obtida pelo Método de Van der Veen. O
Figura 6. Resultado segundo Método de Van der Veen.
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 2450 kN (249,7 tf).
referente à carga de 925 kN (94,3 tf) que indica
o ponto onde o conjunto bloco de
coroamento+fuste+base começa a trabalhar
conjuntamente, e a segunda a 1490 kN (151,9
tf) que indica o início de possíveis deformações
plásticas na interação solo-estaca ensaiada.
Figura 8. Resultado segundo Método de Van der Veen
A Figura 9 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC5, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 2450 kN (249,7 tf).
Figura 9. Resultado segundo Método de Van der Veen
6.3
Figura 10. Curva carga x recalque com carga em escala
logarítmica – PC1 e PC6.
Os tubulões da PC1 e da PC6 apresentaram,
respectivamente, recalque final de 4,62 mm e
5,20 mm. Para a carga de trabalho que é de 981
kN (100 tf) o valor do recalque obtido foi de
1,85 mm para o tubulão da PC1 e 1,41 mm para
o elemento de fundação da PC6.
A Figura 11 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC1, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 3200 kN (326,2 tf).
Bloco C (PC1/PC6)
O tubulão ensaiado na PC1 tem diâmetro do
fuste de 0,60m, diâmetro da base de 1,20m,
altura da base de 0,70m e profundidade de
8,00m. O tubulão ensaiado na PC6, por sua vez,
tem diâmetro do fuste de 0,60m, diâmetro da
base de 1,20m, altura da base de 0,70m e
profundidade de 16,10m. A Figura 10 apresenta
os resultados da prova de carga em termos do
recalque último medido em função da carga
aplicada. Neste ensaio, inicialmente trabalha-se
o conjunto bloco de coroamento+fuste+base até
o patamar de aproximadamente 1450,0 kN
(147,8 tf) a partir do qual se indica o início de
possíveis deformações plásticas na interação
solo - tubulão. Com relação ao tubulão da PC6,
apresentou-se duas mudanças. A primeira
Figura 11. Resultado segundo Método de Van der Veen.
A Figura 12 apresenta o resultado da
estimativa de carga apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC6, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 2150 kN (219,2 tf).
Figura 13. Curva carga x recalque com carga em escala
logarítmica.
Figura 12. Resultado segundo Método de Van der Veen
6.4
Bloco D (PC4)
O tubulão ensaiado na PC4 tem diâmetro do
fuste de 0,60m, diâmetro da base de 1,20m,
altura da base de 0,70m e profundidade de
10,10m. A Figura 10 apresenta os resultados da
prova de carga em termos do recalque último
medido em função da carga aplicada. Nesta
figura observam-se, de modo aproximado, duas
mudanças de comportamento para o tubulão. A
primeira referente à carga de 1050 kN (107,0 tf)
que indica o ponto onde o conjunto bloco de
coroamento+fuste+base começa a trabalhar
conjuntamente, e a segunda a 1450 kN (147,8
tf) que indica o início de possíveis deformações
plásticas na interação solo-estaca ensaiada.
Na Figura 13 observa-se que para a carga de
1964,5 kN (200,3 tf) tem-se dois pontos de
recalque, o primeiro referente ao tempo de
estabilização da carga, e o segundo ponto
referente ao recalque total do estágio, após 12
horas em carga.
O tubulão apresentou recalque final de 12,80
mm. Para a carga de trabalho que é de 981 kN
(100 tf) o valor do recalque obtido foi de 2,25
mm.
A Figura 14, a seguir, apresenta o resultado
da estimativa de carga de ruptura obtida pelo
Método de Van der Veen. O valor estimado
para a capacidade de carga do tubulão foi de
2100 kN (214,1 tf).
Figura 14. Resultado segundo Método de Van der Veen.
6.5
Bloco E (PC7/PC8)
O tubulão ensaiado na PC7 tem diâmetro do
fuste de 0,60m, diâmetro da base de 1,30m,
altura da base de 0,70m e profundidade de
10,10m. O tubulão ensaiado na PC8, por sua
vez, tem diâmetro do fuste de 0,60m, diâmetro
da base de 1,30m, altura da base de 0,70m e
profundidade de 8,90m. A Figura 15 apresenta
os resultados da prova de carga em termos do
recalque último medido em função da carga
aplicada. Para o tubulão da PC7 na carga de 900
kN (91,8 tf) e para o tubulão da PC8 na carga
de 1100 kN (112,2 tf) o conjunto bloco de
coroamento+fuste+base começam a trabalhar
conjuntamente. Segue-se este comportamento
da PC7 até a carga de 1400 kN (142,8 tf) onde
se inicia uma fase de plastificação na curva.
Figura 15. Curva carga x recalque com carga em escala
logarítmica – PC1 e PC6.
Os tubulões da PC1 e da PC6 apresentaram,
respectivamente, recalque final de 4,62 mm e
5,20 mm. Para a carga de trabalho que é de 981
kN (100 tf) o valor do recalque obtido foi de
1,85 mm para o tubulão da PC1 e 1,41 mm para
o elemento de fundação da PC6.
A Figura 16 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC1, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 3200 kN (326,2 tf).
Figura 17. Resultado segundo Método de Van der Veen.
A Figura 18 apresenta os resultados obtidos
para a prova de carga realizada no Bloco E.
Figura 18. Transferência de carga ao longo do fuste e da
base (Bloco E)
Figura 16. Resultado segundo Método de Van der Veen.
A Figura 17 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC6, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 2150 kN (219,2 tf).
Através da análise da transferência de carga,
apresentada acima, observa-se que o
carregamento total foi de 1991,7 kN (203,1 tf)
transferindo ao fuste instrumentado uma carga
máxima de 1496,0 kN (152,5 tf) equivalente a
76,2%. A carga medida na profundidade de
9,6m foi de 467,0 kN (47,6 tf) equivalente a
23,8%. Houve mobilização da base do tubulão a
partir do primeiro carregamento (199,1 kN ou
20,3 tf) sendo os valores da ordem de 14 kN
(1,4 tf) equivalente a 7,0%, atingindo o valor
máximo de 23,8% no último estágio.
6.6
Bloco F (PC9/PC10)
O tubulão ensaiado na PC9 tem diâmetro do
fuste de 0,60m, diâmetro da base de 1,30m,
altura da base de 0,70m e profundidade de
8,70m. O tubulão ensaiado na PC10, por sua
vez, tem diâmetro do fuste de 0,60m, diâmetro
da base de 1,30m, altura da base de 0,70m e
profundidade de 9,10m. A Figura 19 apresenta
os resultados da prova de carga em termos do
recalque último medido em função da carga
aplicada. Para o tubulão da PC9 na carga de
1100 kN (112,2 tf) e para o tubulão da PC10 na
carga de 1300 kN (132,6 tf) o conjunto bloco de
coroamento+fuste+base começam a trabalhar
conjuntamente.
Figura 21. Resultado segundo Método de Van der Veen.
Os resultados obtidos por meio da
instrumentação, no Bloco F, estão apresentados
na Figura 22.
Figura 19. Curva carga x recalque com carga em escala
logarítmica – PC9 e PC10.
A Figura 20 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC9, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 3000 kN (305,8 tf).
Figura 22. Transferência de carga ao longo do fuste e da
base (Bloco F)
Figura 20. Resultado segundo Método de Van der Veen.
A Figura 21 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC10, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 3200 kN (326,2 tf).
Através da análise da Figura 22, nota-se que
o carregamento total foi de 1991,7 kN (203,1 tf)
foi transferido ao fuste instrumentado uma carga
máxima de 917,0 kN (93,5 tf) equivalente a
46,0%. A carga medida na profundidade de 8,2
m foi de 1075,0 kN (109,6 tf) equivalente a
54,0%. Houve mobilização da base do tubulão a
partir do primeiro carregamento (204,9 kN ou
20,9 tf) sendo os valores da ordem de 26 kN
(2,7tf) equivalente a 12,6%, atingindo o valor
máximo de 54,4% na carga de 1184 kN (120,7
tf).
6.7
Bloco G (PC11/PC12)
O tubulão ensaiado na PC11 tem diâmetro do
fuste de 0,60m, diâmetro da base de 1,30m,
altura da base de 0,70m e profundidade de
9,50m. O tubulão ensaiado na PC12, por sua
vez, tem diâmetro do fuste de 0,60m, diâmetro
da base de 1,30m, altura da base de 0,70m e
profundidade de 8,90m. A Figura 23 apresenta
os resultados da prova de carga em termos do
recalque último medido em função da carga
aplicada. Para o tubulão da PC11 na carga de
900 kN (91,8 tf) e para o tubulão da PC12 na
carga de 850 kN (86,7 tf) o conjunto bloco de
coroamento+fuste+base começam a trabalhar
conjuntamente. Segue-se este comportamento
da PC12 até a carga de 1500 kN (152,9 tf)
aonde se inicia uma fase de plastificação na
curva.
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 2300 kN (234,5 tf).
Figura 25. Resultado segundo Método de Van der Veen.
Por fim, a instrumentação do Bloco G é
apresentada na Figura 26.
Figura 23. Curva carga x recalque com carga em escala
logarítmica – PC11 e PC12.
Os tubulões da PC11 e da PC12
apresentaram, respectivamente, recalque final de
6,53 mm e 11,47 mm.
A Figura 24 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC11, obtida pelo Método de Van der Veen. O
valor estimado para a capacidade de carga do
tubulão foi de 2500 kN (254,9 tf).
Figura 26. Transferência de carga ao longo do fuste e da
base (Bloco G)
O carregamento total foi de 1964,2 kN
(200,3 tf) transferindo ao fuste instrumentado
uma carga máxima de 722,0 kN (73,6 tf)
equivalente a 36,8%. A carga medida na
profundidade de 8,6 m foi de 1242,0 kN (126,6
tf) equivalente a 63,2%. Houve mobilização da
base do tubulão a partir do primeiro
carregamento (204,0 kN ou 20,8 tf) sendo os
valores da ordem de 48 kN (4,9 tf) equivalente a
23,8%, atingindo o valor máximo de 63,2% no
último estágio.
Figura 24. Resultado segundo Método de Van der Veen.
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Figura 25 apresenta o resultado da
estimativa de carga de ruptura, do tubulão da
PC12, obtida pelo Método de Van der Veen. O
Os elementos de fundação estudados
apresentaram fator de segurança maior ou igual
a 2 com relação a carga de ruptura obtida na
prova de carga estática e um recalque na carga
de trabalho admissível pela estrutura. Com isso,
sabendo que o processo executivo foi realizado
segundo as recomendações da norma, as
fundações
apresentaram
desempenho
satisfatório.
Em resumo tem-se a Tabela 1 com os
resultados referente ao desempenho das
fundações, com a tensão admissível calculada
sem descontar a parcela de atrito lateral.
Tabela 1. Resumo dos resultados obtidos nas provas de
carga estáticas.
No geral os tubulões apresentaram
desempenho acima do esperado. De qualquer
forma, ressalta-se que, para a realização do
ensaio, o fuste não foi desconfiando, assim a
maior parte das cargas foram absorvidas por
atrito lateral conforme pode-se observar nas
instrumentações dos Blocos E, F e G.
Conclui-se ainda que as provas de carga
estáticas realizadas a priori fornecem segurança
ao projetista, além de possibilitar a redução do
fator de segurança previsto na norma NBR
6122/2010.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os colegas e professores que
contribuíram para o desenvolvimento dessa
pesquisa, em especial a Professora Neusa Mota
e ao Engenheiro Henrique Leoni.
REFERÊNCIAS
ABNT NBR 12131 (2006). Estaca – Prova de carga
estática – Método de ensaio: NBR 12131, Associação
Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
ABNT NBR 6122 (2010). Projeto e execução de
fundações, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, Rio de Janeiro.
Peninsula Lazer & Urbanismo (2014) Acesso em 10 de
Março
de
2014,
disponível
em
http://www.peninsulalazer.com.br/principal/OProjeto
Van der Veen, C. (1953) The bearing capacity of pile,
3rd International Conference on Soil Mechanics and
Foundation Engineering, Zurique, Suíça.
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Análise de Desemprenho Baseada em Provas de