Refletômetros de Umidade: Mitos e Realidade Disciplina LCE 5702 Métodos Instrumentais de Análise Física do Ambiente Prof. Sérgio Oliveira Moraes Carlos Eduardo Pinto Juhász Mestrando do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas Introdução Objetivo principal: • Medida da umidade volumétrica do solo por um ano Aplicações: • Medição em profundidade no perfil de solo; • TDR: também mede condutividade elétrica; • Irrigação; Distribuição do tamanho de partículas do solo. Dificuldades: • Transporte do equipamento (TDR); • Instalação e calibração dos aparelhos; • Altos teores de matéria orgânica e argila; • Elevada condutividade elétrica. WCR Principais tipos TDR FDR TDR: no domínio do tempo WCR: conteúdo de água (~ TDR) FDR: no domínio da freqüência (capacitivo) Instrumento utilizado WCR (Campbell Scientific, Inc., 1996): • Modelo CS615-L • Instalado em diversos horizontes de solo Princípio de Funcionamento Método dependente da constante dielétrica do meio: O sensor é constituído por duas hastes (guia de ondas) conectadas a uma placa de circuito impresso, atuando como “multivibrador biestável”, cuja freqüência de oscilação ou período varia com a cte dielétrica do solo. A leitura é obtida a partir do período da onda que passa pela haste de transmissão ou guia de ondas, como um “TDR automatizado”, de acordo com Hornbuckle (2003). A faixa de leitura é de 0,7 a 1,6 ms, sendo usada na calibração da umidade do solo ou camada específica. Instalação do sensor WCR Percurso da onda Grid = 5cm; Vídeo: tempo do pulso em percorrer a haste. Horizontal, no perfil de solo: Magnitude campo elétrico 2,5 ns após início da simulação. Inclinado/vertical, superfície do solo: * mc = moisture content Centro (haste) 10%mc* Centro (haste) 20%mc* Distinções entre os três tipos FDR1 TDR2 WCR3 O que é medido Capacitância do solo (campo elétrico de alta freqüência); Voltagem de saída. Cte dielétrica aparente, a partir do tempo do pulso aplicado em refletir no “guia de ondas” (hastes), alterando a impedância. Período da onda eletromagnética refletida no “guia de ondas”, variando com a cte dielétrica do meio. Componentes necessários à instalação Datalogger; fonte externa Especificações Testador de Datalogger, cabos com (multiplexador), gerador de pulsos fonte externa Freqüência de oscilação (resultante)* ~ 50-150Mhz ~ 1-20GHz ~15-45Mhz v obtida a partir de: mV Ka ms Fonte: Noborio (20012); Campbell Scientific, Inc. (19963, 20041). Vantagens e desvantagens FDR (ECH2O) Vantagens TDR (CT) WCR Dados contínuos; Fonte própria de energia; Fácil de instalar em profundidade; Reconhece erros; Reutilizável. Reutilizável. Dados registrados continuamente; Reutilizável. Desvantagens Ligeira sensibilidade à temperatura; calibração padrão subestima a umidade; requer fonte adicional e datalogger. Dados pontuais; calibração padrão subestima umidade; sinal interpretado; difícil transporte no campo. Alta variação; calibração padrão não ajusta os dados; requer fonte extra e datalogger; hastes (penetração difícil). Precisão * Relativamente preciso Pouco mais preciso que FDR Não muito preciso Custo < CT, WCR > FDR, WCR** >FDR, <CT** Fonte: Czarnomski et al. (in review). Da(s) tabela(s) anterior(es): * A precisão pode ser explicada pela freqüência em que cada aparelho funciona (ver: distinções entre os três tipos). Isto porque quanto maior a freqüência de oscilação na qual o equipamento trabalha, o formato da onda se torna mais claro, em solos secos especialmente (Noborio, 2001). Além disso, no WCR é preciso reduzir a escala da freqüência na ordem de kHz, para que o datalogger possa monitorar e armazenar os dados (Seyfried & Murdock, 2001). E ainda, estes autores também consideraram o WCR muito preciso. ** O custo do TDR (CT) pode ser considerado menor do que o WCR, pois um maior número de amostras é suprido com apenas a instalação de mais hastes (sensores ou “probes”), de baixo custo de fabricação. Realidade versus Mito • Princípio de Funcionamento do WCR: O WCR é em geral considerado como um “TDR automatizado”: Segundo Hornbluck (2004), o multivibrador transiciona de um nível de voltagem para outro. Esta transição, que ocorre em poucos nano-segundos, propaga o sinal no comprimento da linha de transmissão (haste), é refletida pelo circuito aberto no final da haste e volta ao corpo do sensor. A transição refletida dispara o multivibrador para transicionar novamente e o processo se repete. A saída do WCR é uma onda “quadrada” (ajustada à freqüência) cujo período corresponde à duração do tempo entre as transições do multivibrador, que corresponde ao tempo que o pulso leva para fazer uma volta completa na linha de transmissão (haste). Como a permissividade (cte dielétrica) do solo aumenta quanto mais úmido o solo, então o tempo do percurso da onda será maior. Porém, alguns autores referem-se ao WCR como um FDR: O “guia de ondas” do WCR e o solo adjacente atuam como um capacitor. O solo entre e ao longo das hastes afeta a capacitância, mas este instrumento é mais sensível às condições mais próximas às hastes (Seyfried & Murdock, 2001), o que o diferenciaria de um TDR! Segundo Czarnomski et al. (in review), a alta cte dielétrica da água, relativa ao solo e ao ar adjacentes, influencia a capacitância do solo e assim afeta também a freqüência de oscilação do pulso eletromagnético produzido pelo WCR. Apêndice A: Calibração do WCR Segundo Kim & Benson (2002), a calibração para é feita a partir de amostras de solo deformadas, em diversos níveis de umidade. Apêndice B: Curva de calibração Ajuste dos dados de calibração para as E.E. Caetetus e Assis Umidade Volumétrica (cm 3/cm3) 0,45 y=0.8298-0.6135.x-1 r2=0,82 p<0,0001 0,40 0,35 0,30 0,25 Dados de calibração 0,20 Ajuste 0,15 0,9 1,0 1,1 1,2 Período (ms) 1,3 1,4 1,5 Data 19/10/04 04/10/04 19/09/04 04/09/04 20/08/04 05/08/04 21/07/04 06/07/04 21/06/04 0,6 20 0,3 30 0,1 0,0 50 Chuva (mm) 19/10/04 04/10/04 19/09/04 04/09/04 20/08/04 05/08/04 21/07/04 06/07/04 21/06/04 06/06/04 22/05/04 07/05/04 22/04/04 07/04/04 23/03/04 08/03/04 22/02/04 07/02/04 23/01/04 08/01/04 24/12/03 09/12/03 24/11/03 Data 06/06/04 22/05/04 07/05/04 22/04/04 07/04/04 23/03/04 08/03/04 22/02/04 07/02/04 23/01/04 08/01/04 24/12/03 09/12/03 24/11/03 Umidade volumétrica (m3 m-3) Apêndice C: Resultado-Exemplo Umidade volumétrica x Chuvas, T1 0 0,5 10 0,4 0,2 40 0,10 m 1,00 m Chuva Referências bibliográficas • • • Campbell Scientific, Inc. CS615 Water Content Reflectometer Instruction Manual. Version 8221-07. Logan, UT: Campbell Scientific, Inc, 1996. Campbell Scientific Inc. Soil Volumetric Water Content Probes. Models EasyAG® and EnviroSMARTTM,, Logan, UT: 2004. Czarnomski et al. Precision and accuracy of three alternative soil water content instruments in two forest soils of the Pacific Northwest (in review). www.fsl.orst.edu/~bond/PDF%20files%20of%20papers/Czarnomski%20et%20al.doc • • • • Kim, K.C. & Benson, C.H. Water content reflectometer calibrations for final cover soils. Madison, GeoEngineering Report Nº 02-12, 2002. Hornbuckle, B.K. Radiometric Sensitivity to Soil Moisture Relative to Vegetation Canopy Anisotropy, Canopy Temperature, and CanopyWater Content at 1.4 GHz. University of Michigan, 2003. (Disertation) Noborio, K.Measurement of soil water content and electrical conductivity by time domain reflectometry: a review. Computers and Electronics in Agriculture, 31:213-237, 2001. Seyfried, M.S. & Murdock, M.D. Response of a new soil water sensor to variable soil, water content, and temperature. Soil Sci. Soc. Am. J.