BRICLab DEZEMBRO DE 2011 - EDIÇÃO ESPECIAL DECEMBER 2011 - SPECIAL EDITION The Rise of BRIC: Impact on Global Policymaking BRIC Lab Diretora Executiva Karim Miskulin - [email protected] Diretor Financeiro Marcio Regenin - [email protected] Diretora Comercial Margareth Santana – [email protected] Editora Rosane Frigeri - [email protected] Coordenador Editorial Marcos Prado Troyjo Administrativo Iza Moraes - [email protected] Colunistas convidados Christian Deseglise Felipe Chiarello de S. Pinto Jim O´Neil John Coatsworth Joseph Nye Marcelle Chauvet Marcos Troyjo Mario Garnero Mei Xinyu Revisão Press Revisão - www.pressrevisao.com.br Direção de Arte e Pré-impressão Imagine Design - [email protected] Tradução Adriana Neves Periodicidade: Trimestral BRICLab DEZEMBRO DE 2011 - EDIÇÃO ESPECIAL DECEMBER 2011 - SPECIAL EDITION Impressão: Gráfica Pallotti Endereço: Av. Carlos Gomes, 1155 - Sala 902 - CEP 90480-004 Porto Alegre/RS - Fone: (51) 3028.8286 - Fax: (51) 3028.8285 www.revistavoto.com.br Representação VOTO em São Paulo: RDias Comunicação - Rua Natingui, 1548 Alto de Pinheiros - CEP: 05443-002 - Fone: (11) 3884 2606 The Rise of BRIC: Impact on Global Policymaking Capa Imagine Design Comercial: [email protected]; Assinaturas: [email protected] As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Todos os direitos reservados. EDITORIAL EDITORIAL Karim Miskulin Diretora Executiva Executive Director A primeira edição internacional Apresentamos com prazer a primeira edição internacional da Revista VOTO, publicação trimestral bilíngue de responsabilidade da VOTO Comunicação Aplicada à Política. Esta primeira edição é dedicada à inauguração do BRICLab da Columbia University em Nova York, que está sendo lançado em 2 de dezembro de 2011, ocasião na qual participarão várias lideranças políticas, acadêmicas e empresariais dos países mencionados. Lançamos, assim, uma nova família de produtos jornalísticos internacionais da editora que circularão a partir de 2012 e que estarão englobados no segmento VOTO Mundo. Isso muito nos orgulha. A iniciativa do veículo busca mostrar que está na hora de todos saberem algumas características marcantes do século 21 e as profundas mudanças que ocorrerão no planeta nas próximas décadas. Elas não serão apenas velozes e extensas, como, aliás, também foram as que ocorreram no mesmo período do século passado. Mas o principal é que, desta vez, as formidáveis alterações que estão ocorrendo no planeta são muito mais profundas, generalizadas e, acima de tudo, estão apontadas para a construção de um mundo melhor para todos. Isso significa que, nos próximos anos, se é verdade que nunca terá existido um número tão grande de pessoas habitando o planeta, também será verdade que em nenhum momento da história tantos seres humanos estarão vivendo uma existência livre da miséria, marcada por doenças epidêmicas, ignorância, violência e pela ausência da perspectiva de dias melhores. O acrônimo BRIC, criado em novembro de 2001 pelo economista Jim O’Neill, da Goldman Sachs, designava originalmente os quatro principais países emergentes do mundo – Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011 a reunão política que congrega os chefes de governo desses quatro países passou também a incluir a África do Sul, formando a nova sigla BRICS. E o peso econômico dos BRICs já pode ser denominado de formidável. Em 2003, esses países respondiam por 9% da economia mundial. Em 2009, o PIB dos BRICs aumentou EDITORIAL EDITORIAL para 14% do produto mundial. E, em 2010, o PIB conjunto dos cinco países totalizou 11 trilhões de dólares, 18% da economia mundial! E as perspectivas do BRICS para os próximos anos seguem positivas e demonstram a correção da atenção que se deve dar a eles. Em 2030, com cerca de 40% da população mundial, esses países terão um PIB de quase 90 trilhões de dólares. Isso indica que o ranking da economia mundial será liderado pela China, com os Estados Unidos em segundo lugar, a Índia em terceiro, o Japão em quarto, e, finalmente, o Brasil como o quinto país mais rico da Terra. Para cumprir adequadamente essa missão a que se propôs, é importante registrar que o suplemento VOTO BRICLab terá como matéria-prima editorial o conjunto de informações exclusivas e mais recentes a serem debatidas em uma das mais prestigiadas universidades do mundo. Assim, acreditamos estar levando ao nosso leitor não só uma visão global de futuro, mas, principalmente, estaremos levando às empresas e aos governos um retrato científico com o potencial de evolução de cada um dos países que compõem o BRICS, fato inédito na imprensa nacional. Boa leitura! EDITORIAL EDITORIAL A missão do BRICLab na Columbia University The mission of the BRICLab at Columbia University Christian Deseglise e Marcos Troyjo* Os últimos dez anos viram a transformação dos mercados emergentes (ME), os quais passaram de atores periféricos para atores principais na arena internacional. The last ten years have seen the transformation of Emerging Markets (EM) from peripheral players to major players in the international arena. Indeed: • De fato, seus novos poderes econômicos têm sido reconhecidos pelo G20; • their new economic power has been recognized by the G20; • a assertividade política deles está apontando para um mundo mais multipolar; • their political assertiveness is pointing towards a more multi-polar world; • suas participações estão se tornando críticas para o sucesso de transações comerciais como também nas negociações ambientais; • becoming critical for the success of trade as well as environmental negotiations; • a força de suas economias ajudou a tirar o mundo da última recessão; • e o dinamismo de suas economias está gerando fortes vendas e o crescimento da lucratividade das empresas com sede em MEs, bem como nos mercados desenvolvidos. • the strength of their economies has helped pull the world out of the last recession; and • the dynamism of their economies is generating strong sales and profit growth for companies based in EM as well as in developed markets. Nos mercados emergentes, os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China) desfrutam de um status especial, graças às suas influências econômicas e políticas. Representando mais de 40% da população mundial, eles são a força-motriz dentro dos MEs. Within Emerging Markets, the BRICs (Brazil, Russia, India, China) enjoy special status thanks to their economic and political clout. Representing over 40% of the world population, they are the driving force within EM. A ascensão do BRIC tem o potencial para ser um evento transformador para o mundo. Embora o conceito tenha recebido uma atenção substancial das corporações, com muitas empresas projetando suas estratégias de negócios em torno desses quatro países, sentimos que mais deveria ser feito para a compreensão das consequências da ascensão do BRIC com um ângulo multidisciplinar: quais são as consequências estratégicas, políticas, ambientais, econômicas e financeiras da ascensão do BRIC e quais são as implicações políticas? The rise of BRIC has the potential to be a transforming event for the world. Whilst the BRIC concept has received substantial corporate attention, with many companies designing their business strategy around these four countries, we felt that more needed to be done to understand the consequences of the rise of BRIC with a multi-disciplinary angle: what are the strategic, political, environmental, economic and financial consequences of the rise of BRIC and what are the policy implications? É nossa opinião que o conceito BRIC dependerá em grande escala daquilo que os quatro países irão realizar para: It is our view that the BRIC concept will depend largely on what the four countries themselves undertake in order to: EDITORIAL EDITORIAL 1. tornar-se mais do que países que têm em comum grandes estatísticas geográficas, sociais e econômicas; 1. be more than just countries that share large geographic, social and economic statistics; 2. criar visões e ações conjuntas com base em seus interesses de como o mundo deveria funcionar; e 2. create concerted views and actions on their interests and on how the world should function; and 3. estabelecer instâncias formais e regulares que reúnam os líderes de governo e empresariais na construção de uma agenda comum. 3. establish regular and formal instances that gather government and business leaders in building common agendas. Durante esta etapa formativa do BRIC, sentimos que a Columbia University poderia desempenhar um papel importante, fornecendo as melhores práticas e fóruns, o que iria contribuir para a definição do conceito através do debate desta questão central dos assuntos globais contemporâneos e futuros. A Columbia University tem uma abordagem multidisciplinar e global. Ela possui um currículo exclusivo que mistura assuntos públicos e internacionais e uma rede internacional de centros de conhecimento afiliados a ela. Essa é a razão pela qual a Columbia University é exclusivamente qualificada para desempenhar esse papel. Esperamos também que a Columbia University possa influenciar de maneira favorável a formação daquilo que os BRICs significarão para o mundo, a definição de como eles irão impactar a governança global e orientá-los quanto ao seu desenvolvimento econômico impressionante na direção da sustentabilidade. É por isso que nos propusemos a organizar uma conferência anual na Columbia University em Nova York para discutir assuntos do BRIC com uma abordagem multidisciplinar. A conferência irá reunir estudantes de graduação e pós-graduação, bem como decisores políticos, líderes empresariais, professores, investidores e a mídia. A cada ano, as conferências BRIC da Columbia University irão reunir os principais decisores políticos, diplomatas, ícones dos negócios e acadêmicos especializando em nações BRIC. Acreditamos, portanto, que o BRICLab irá ativamente reunir atores em assuntos atuais e futuros do BRIC, proporcionará uma rede mundial dentro de instituições acadêmicas distintas em cada um dos países BRIC e, assim, contribuirá para aumentar ainda mais o perfil do BRIC na vanguarda de assuntos mundiais. At this formative stage of the BRICs, we felt that Columbia University could play an important role by providing best practices and fora which would contribute to the definition of the concept by debating this central issue of contemporary and future global affairs. Columbia University has a multidisciplinary and global approach. It carries a unique mix of public and international affairs curriculum and international network of affiliated knowledge centers. That is why Columbia University is uniquely qualified to play that role We also hope that Columbia University could exert a favorable influence in shaping what the BRICs will mean to the world, in defining how they will impact global governance and in orienting their impressive economic development towards sustainability. That is why we set out to organize an annual conference at Columbia University in New York to discuss BRIC matters with a multi-disciplinary approach. The conference will gather undergraduate and graduate students as well as policy makers, business leaders, professors, investors and the media. Each year the Columbia University BRIC conferences will gather leading policymakers, diplomats, business icons and scholars specializing on BRIC nations. We therefore believe the BRICLab will actively bring together players in current and future BRIC affairs; provide a worldwide network within distinguished academic institutions from each of the BRIC countries and thus contribute to further raise the profile of BRIC at the forefront of global affairs. *Co-diretor do BRICLab da Columbia University. Diretor do HSBC Global Asset Management e responsável por mercados emergentes. Ensinou no SciencesPo em Paris e no Institute for High Studies for Development em Bogotá, Colômbia. Criou a Foundation Caring for Colombia, uma organização sem fins lucrativos que fornece assistência às vítimas de violência na Colômbia. Co-Director of the BRICLab at Columbia University. Director at HSBC Global Asset Management, in charge of emerging markets. Taught at Sciences Po in Paris and the Institute for High Studies for Development in Bogota, Colombia. Established Foundation Caring for Colombia, a not-for-profit organization that provides assistance to the victims of violence in Colombia. *Co-diretor do BRICLab da Columbia University. Ele é o fundador do Center for Business Diplomacy, e pesquisador no Centre d`Études surl`Actuel et le Quotidien, Université Paris Descartes (Sorbonne) Co-Director of the BRICLab at Columbia University. He is the founder of the Center for Business Diplomacy, and a Visiting Scholar at the Centre d`Études sur l`Actuel et le Quotidien, Université Paris Descartes (Sorbonne) VOTO BRICLab BRICLab: analisando os mercados emergentes através de um centro de estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China BRICLab: cornering the emerging markets with a center for the study of Brazil, Russia, India and China John Coatsworth* Representando 40% da população mundial, essas quatro nações são uma força-motriz nos mercados emergentes. O BRICLab irá examinar as suas influências crescentes nos assuntos globais e as implicações de seus crescentes poderes através da combinação de classes, programas executivos e conferências. Os BRICs têm o potencial de transformar o mundo. É importante compreender as consequências desta emergência a partir de um ângulo multidisciplinar. É aí que a SIPA (Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Columbia) irá representar um papel importante – servindo de fórum para esses estudos. O BRICLab irá promover a SIPA e a Columbia University como um destino para os líderes atuais e futuros do BRIC discutirem tópicos importantes relativos ao desenvolvimento de suas nações. Irá também extrair da SIPA p ç ,q e da Universidade outras fontes de especializações, que incluem o Instituto de Estudos Latino-Americanos, o Centro para Estudos Brasileiros, ileiros, o Instituto Harriman, o Instituto do Sul da Ásia,, o Instituto Weatherhead do Leste da Ásia e outras iniciativas niciativas futuras na SIPA. Christian Deseglise e Marcos Troyjo, ambos professores adjuntos da SIPA, estão dirigindo o novo BRICLab. A SIPA está especialmentee qualificada para sediar o BRICLab devido à sua abordagem multidisciplinar e global, ao seu currículo exclusivo, à sua rede internacional onal e ao seu foco existente nos mercados emergentes. Tem se visto, de fato, nos últimos 10 anos, a transformação mação Representing 40 percent of the world’s population, these four nations are a driving force in emerging markets. The BRICLab will examine their increasing influence on global affairs and the implications of their growing power through a combination of classes, executive programs and conferences. The BRICs have the potential to transform the world. It is important to understand the consequences of that emergence from a multi-disciplinary angle. That is where SIPA will play an important role – by serving as a forum for these studies. The BRICLab will promote SIPA and Columbia University as a destination for current and future BRIC leaders to discuss topics important to their nations’ development. It also will draw on SIPA and the University’s other wells of expertise, including the Institute of Latin American Studies,, the Center ffor Brazilian Studies, the Harriman Institute, the SSouth Asia Institute, the Weatherhead Eas East Asia Institute, and other forthcoming iinitiatives at SIPA. Directing the new BRICLab are Christian Deseglise and Marcos Troyjo, adjunct professors. both SIPA adjunc SIPA is uniquely qualified to host the BRICLab due to its multidisciplinary approach, its unique curand global appro international network, riculum and inte and its existing focus on emerging markets. The last 10 years have indeed seen the transformation of John Coatsworth VOTO BRICLab das forças periféricas em atores principais na arena internacional. Os BRICs gozam de um status graças à sua influência econômica e política. Inauguramos o nosso novo BRICLab com uma conferência examinando o crescimento da influência econômica e política dos BRICs. A conferência irá servir de plataforma de lançamento para o laboratório, uma coleção de cursos acadêmicos, documentos oficiais e outras formas de avaliação das implicações políticas do poder econômico e político crescente dos BRICs. peripheral forces into major players in the international arena.“BRICs enjoy a special status thanks to their economic and political clout. We inaugurate our new BRICLab with a conference examining the BRICs’ rising economic and political influence. The conference will serve as a launch pad for the laboratory, a collection of academic courses, white papers, and other means of assessing the policy implications of the BRICs’ growing economic and political power. O BRICLab na SIPA irá, inicialmente, oferecer um curso de graduação de 14 semanas de duração e palestrantes convidados, programas da SIPA no Picker Center de Educação Executiva e uma conferência anual para decisores políticos, empresas, líderes acadêmicos e alunos. The BRICLab at SIPA will initially offer a 14-week graduate course and guest speakers, programs through SIPA’s Picker Center for Executive Education, and an annual conference for policymakers, business and academic leaders, and students. Quatro das economias de mais rápido crescimento no mundo – Brasil, Rússia, Índia e China, as chamadas nações BRIC – agora possuem um fórum especial na SIPA: o BRICLab Four of the world’s fastest growing economies – Brazil, Russia, India and China, the socalled BRIC nations – now have a special forum at SIPA: the BRICLab *Reitor da SIPA – Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Columbia University *Dean of SIPA – School of International and Public Affairs at Columbia University 10 BRICLab VOTO BRICLab Os BRICS estão à altura do desafio? Are BRICS up to the challenge? Joseph Nye* Em abril,, os BRICS – Brasil,, Rússia,, Índia,, China e África do Sul– reuniram-se no resort chinês de Sanya pedindo mudanças às instituições financeiras internacionais e um distanciamento do dólar. Last April, p the BRICS–Brazil, Russia, India, China and South Africa–met in the Chinese resort of SSanya and called for changes in international financial in institutions and a move away from the dollar. Compreendendo 40% da população mundial e um quarto economia esta organização parece quar qu arto to d daa ec econ onnom omia ia gglobal, loba lo bal,l,, eest stta no nova va o org rggan aniz izaç açção p arec ar ecee and a quarComprising 40% of the world’s population an organization apterr of tthe te h global economy, this new organiz declining Amerpears to represent an important sign of declin misleading. ican influence. But such appearances are mis When Dominique Strauss-Kahn suddenly res resigned this May as director general of the International Monetary Fund, the BRICS were unable to agree on a ccandidate, and despite the rhetoric of change France will retain the position. Goldman Sachs coined the term BRIC in 2001 to call attention to pro profitable opportunities in what tthe investment firm considere considered “emerging markets.” But what was intended as an economic term has taken on a political life of its i own. In VOTO BRICLab representar um sinal importante do declínio da influência norte-americana. Mas tais aparências são enganosas. Quando Dominique Strauss-Kahn, em maio, inesperadamente renunciou ao cargo de diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, os BRICS não foram capazes de chegar a um acordo sobre o candidato, e, apesar da retórica de mudança, a França irá conservar a posição. Goldman Sachs cunhou o termo BRIC em 2001 para chamar a atenção para as oportunidades lucrativas que a empresa de investimento considerava “mercados emergentes”. Mas o que era para ser um simples termo de economia assumiu uma vida política própria. Em junho de 2009, os chanceleres dos quatro países se encontraram pela primeira vez em Yekaterinburg, na Rússia, para tentar transformar uma sigla sugestiva em um fórum político eficaz, e neste ano eles adicionaram a África do Sul ao grupo. Após a recente crise financeira, Goldman Sachs apostou alto fazendo uma projeção de que o Produto Interno Bruto dos BRICS somados poderá exceder ao dos países do G-7 até 2027, aproximadamente 10 anos antes do que acreditavam inicialmente. Tais especulações a respeito de taxas de crescimento econômico, com frequência, revelam-se, ao final, incorretas por motivo de acontecimentos imprevistos. Mas qualquer que seja o mérito dessa projeção econômica linear, o termo faz pouco sentido político. Enquanto uma reunião dos BRICS possa ser conveniente para a coordenação de uma tática diplomática de curto prazo, o acrônimo agrupa países distintos que possuem divisões profundas. Faz pouco sentido incluir a Rússia, uma antiga superpotência, com as quatro economias em desenvolvimento. Dos cinco membros, a Rússia tem a menor e mais alfabetizada população e uma renda per capita muito mais alta. E o mais importante é que a Rússia está em declínio, enquanto os outros estão em ascensão em recursos energéticos. Hoje, a Rússia está em falta de exportações diversificadas, enfrenta problemas severos demográfi mográficos e na saúde, e, nas palavras do próprio presidentee Dmitry Medvedev, necessita imensamente de “modernização”. zação”. Quando se olha atentamente para os números, eros, a economia crescente da China e os vastos recursos são o coração da sigla BRICS, embora o papel do Brasil democrático mocrático seja uma surpresa agradável. Quando a sigla BRICS CS foi inventada pela primeira vez, alguns argumentaram quee um país com um crescimento tão pequeno quanto seus biquínis, e uma instabilidade política crônica, não poderia pertencer. rtencer. Agora, como observa o The Economist,“em m alguns aspectos o Brasil supera os outros BRICS. Diferentemente rentemente da China, é uma democracia. Diferentemente da Índia, não existe insurgente ou conflitos étnicos e nem Joseph Nye June 2009, the foreign ministers of the four countries met for the first time in Yekaterinburg, Russia, to try to transform a catchy acronym into an effective political forum, and this year they added South Africa to the group. After the recent financial crisis, Goldman Sachs upped the ante and projected that the combined gross domestic product of the BRICS might exceed that of the G-7 countries by 2027, about 10 years earlier than they initially believed. Such simple extrapolations of current economic growth rates often turn out to be mistaken because of unforeseen events. But whatever the merits of this linear economic projection, the term makes little political sense. While a meeting of the BRICS may be convenient for coordinating short-term diplomatic tactics, the acronym lumps together disparate countries that have deep divisions. It makes little sense to include Russia, a former superpower, with the four developing economies. Of the five members, Russia has the smallest and most literate population and a much higher per-capita income. More importantly, Russia is declining while the others are rising in power resources. Russia today lacks diversified exports, faces severe demographic and health problems, and in President Dmitry Medvedev’s own words, greatly needs “modernization.” When one looks closely at the numbers, China’s growing economy and vast resources are the heart of the BRICS acronym, though the role of democratic Brazil is a pleasant surprise. When the BRIC acronym was first invented, some argued that a country with a growth rate as skimpy as its bikinis, and chronic political instability, did not belong. Now, as the Economist notes, “in some ways, Brazil outclasses the other BRICs. Unlike China, it is a democracy. Unlike India, it has no insurgents, no ethnic and religious vizinhos hostis. Diferentemente da Rússia, o Brasil exporta mais do que petróleo e armas e trata com respeito os investidores estrangeiros”. Com um bom crescimento e uma série de eleições democráticas, a questão-chave será se o Brasil conseguirá ou não manter a inflação sob controle. conflicts nor hostile neighbors. Unlike Russia, it exports more than oil and arms and treats foreign investors with respect.” With good growth and a series of democratic elections, the key now will be whether Brazil can continue to keep inflation under control. Mas a relevância futura dos BRICS depende dos esforços diplomáticos da China para expandir a sua influência. Alguns anos atrás, o Brasil criou uma organização chamada IBSA, que realizou conferências de cúpula das três grandes democracias: Índia, Brasil e África do Sul. A China, que não é uma democracia, agora sugeriu que a IBSA seja envolvida na estrutura do BRICS. Ao mesmo tempo, a China tem resistido às reivindicações da Índia e do Brasil para membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, o que iria rivalizar com o seu próprio status. But the future relevancy of BRICS depends on the diplomatic efforts of China to expand its influence. Some years ago, Brazil created an organization called IBSA that held summits of the three large democracies: India, Brazil and South Africa. China, not a democracy, has now suggested that IBSA be wrapped into the BRICS framework. At the same time, China has resisted the claims of India and Brazil for permanent membership on the U.N. Security Council that would rival its own status. Quão seriamente deveríamos assumir o papel de BRICS? O Beijing Review afirmou, recentemente, que a organização está “representando o mundo em desenvolvimento” How seriously should we take the role of BRICS? The Beijing Review recently claimed the organization is “representing the developing world” Quão seriamente deveríamos assumir o papel de BRICS? O Beijing Review afirmou, recentemente, que a organização está “representando o mundo em desenvolvimento”. O crescimento econômico da China, da Índia e do Brasil é importante, mas, para decisões econômicas, o que importa é o papel deles no G-20. Acima de tudo, em um fórum maior, o Brasil e a Índia podem reclamar dos efeitos da desvalorização da moeda chinesa em suas economias, o que eles acabam hesitando fazer em reuniões menores dos BRICS. How seriously should we take the role of BRICS? The Beijing Review recently claimed the organization is “representing the developing world.” The economic rise of China, India and Brazil is important, but for economic decisions it is their role in the G-20 that matters. Moreover, in that larger forum, Brazil and India can complain about the effects on their economies of China’s undervalued currency, which they hesitate to do in the smaller BRICS meetings. Em termos políticos, a China, a Índia e a Rússia são competidores pelo poder na Ásia. A Rússia está preocupada com a proximidade da China e de sua influência na Sibéria, e a Índia está preocupada com a invasão chinesa no Oceano Índico, bem como suas disputas de fronteira no Himalaia. Como desafio para os Estados Unidos, é improvável que os BRICS se tornem uma aliança séria ou até mesmo uma organização política de estados que partilham das mesmas ideias. Mais provavelmente, deve ser visto como um local para os críticos ocasionalmente darem uma puxada nas penas da cauda da águia. In political terms, China, India and Russia are competitors for power in Asia. Russia worries about China’s proximity and influence in Siberia, and India is worried about Chinese encroachment into the Indian Ocean as well as their Himalayan border disputes. As a challenge to the United States, BRICS is unlikely to become a serious alliance or even a political organization of like-minded states. More aptly, it should be seen as a locus for critics to occasionally tweak the tail feathers of the eagle. *Professor de Harvard e autor de The Future of Power (PublicAffairs, 2011). *Professor at Harvard and author of “The Future of Power” (PublicAffairs, 2011). BRICLab 13 VOTO BRICLab Fortalecendo o Brasil no contexto do BRIC Strengthening Brazil in the context of BRIC Marcos Troyjo* A ideia de “BRICs” (conjunto de nações emergentes que congrega Brasil, Rússia Índia e China) como categoria válida para a análise do presente e futuro das relações internacionais é um “conceito-em-construção”. O sucesso de cada um desses países na economia política do século 21 resultará essencialmente das respostas de quatro perguntas que cada uma dessas estrelas em ascensão terá de responder: The idea of “BRICs” (a group of emerging nations that combines Brazil, Russia, India and China) as a valid category for the analysis of international relations of the present and future is a “concept-in-the-making.” The success of each one of these countries in the 21st century political economy will essentially result out of 4 questions that the candidates aspiring to become superpowers must answer: (1) Qual é a sua visão para o futuro do seu país? (I) What is your vision for your country´s future? (2) Como perseguirá seus objetivos em um mundo interdependente e conflituoso? (II) How will you pursue your goals in an interdependent and conflicting world? (3) Como está se preparando para a economia digital do conhecimento? (III) How are you getting prepared for the digital economy of knowledge? (4) Que sacrifícios estará disposto a fazer? (IV) What sacrifices are you willing to make? De fato, se os BRICs quiserem, ademais, atuar como grupo, permitindo maior coesão da política interna e externa, Indeed, for BRICs to act as a cohesive group enabling the joining of forces in order to influence international relations 16 BRICLab somando forças para assim influenciar em maior medida as relações internacionais, dependerão daquilo que alcançarem em termos de: • tornar-se mais do que apenas nações que compartilham dimensões geográficas e estatísticas econômicas e sociais semelhantes – grande território, grande população, grande economia, grande potencial para desempenhar papéis construtivos ou fragmentários em suas regiões geopolíticas e na economia global; • construir visões e ações articuladas na busca de seus interesses e acerca do entendimento de como o mundo deve funcionar, e at a higher extent, will basically depend on their achievements in terms of: • becoming more than just nations that share geographical dimensions and similar social and economic statistics – vast territories, large populations, booming economies and great potential to play constructive or fragmentary roles in their geopolitical regions and in the global economy. • building views and articulated actions in pursuit of their interests regarding the understanding of how the world should work. • estabelecer instâncias regulares e formais que congreguem líderes empresariais, a sociedade civil e autoridades governamentais na formulação de agendas comuns. • establishing regular and formal forums, bringing together business leaders, spokesmen of civil society and government authorities in formulating common agendas. Ainda assim, antes mesmo de analisar as motivações individuais de cada integrante do grupo BRIC, ou mesmo do futuro da eventual cooperação entre os quatro países, cabe lembrar aquilo que os BRICs não são (ao menos até agora): Still, even before analyzing the individual motivations of each member of the acronym or even the future of the possible cooperation among the 4 countries, it is worth remembering what BRICs are not (at least until now): (I) Os BRICs não são uma organização internacional. (I) BRICs are not an international organization, (2) Não são, tampouco, um bloco econômico com modalidades de livre comércio. (II) neither an economic bloc with the free trade arrangements, (3) Estão apenas dando o primeiro passo rumo a uma plataforma para construção de consenso quanto a itens da agenda internacional, como direitos humanos, meio ambiente, paz e segurança internacional, regras para o comércio internacional, atuação conjunta na ONU ou OMC, etc. Os BRICs têm de saber o que querem para seus países, para suas elites, o que querem em do mundo e para o mundo. Portanto, é preciso questionar se os BRICs têm: (I) Um projeto de poder? (2) Um projeto de prosperidade? ade? (3) Um projeto de prestígio? A China deseja ser rica e daí poderosa. Ela, seguramente, tem um projeto o de prosperidade em vigor já há mais de 30 anos. Isso contribui para o incremento de seu eu prestígio e poder. Sua performance no campo po dos chamados “novos” itens da agenda internacional nacional (direitos humanos, meio ambiente, etc.) e das mais sofríveis. A China conntinuará a ser a planta de manufatura industrial do mundo ainda por muitos anos. O (III) nor a consensus building platform for issues on the international agenda, such as human rights, the environment, peace and international security, regulations for international trade or a joint effort at the UN and WTO, etc… BRICs must know what they wish for their own countries and for their elites, what they want from the world and for the world. Therefore, it is necessary to ask whether BRICs possess: • A power project? prosperity? • A project of pros prestige? • A project of pr China desires to be rich and consequently powerful. It surely has a prosperity project already in place for over 30 years. This has certainly increase its prestige and power. contributed to inc Its performance in the field of the so called new “issues” on the international agenda (huenvironment, etc…) lags behind its man rights, the environ China will continue to be the economic might. C industrial manufacturing plant for world´s indus many years to come. Investment in China will be driven primarC ily by the creation of local infrastructure focused on Marcos Troyjo VOTO BRICLab investimento na China será motivado essencialmente pela criação de infraestrutura local voltada ao comércio em terceiros países, ao passo que os mercados financeiros chineses continuarão a ser incipientes ainda por muitos anos. Já a Índia deseja ser poderosa e daí ter prestígio. O diferencial competitivo tem vindo da baixa remuneração do fator trabalho (salários) em determinados setores (têxteis, outsourcing, tecnologias da informação). Não possui nenhum projeto articulado de prosperidade. O investimento continuará a vir de empresas que desejam reduzir seus custos salariais e de produção mediante a “offshorização” de suas plantas, call-centers ou operações de web-centers. O investimento será vigoroso em áreas de valor agregado como a indústria química, software e outros segmentos relacionados às TIs, mas em escala insuficiente para fazer um boom que perpasse toda sua estrutura socioeconômica. Ademais, os mercados de caativos quando comparados pitais continuarão pouco significativos cionais. com as suas contrapartes internacionais. A Rússia, por sua vez, quer poder, er, prosperidade e prestígio, mas não sabe como conseguir isso. so. Às vezes, ainda fala e se comporta como uma superpotência. cia. A população de cientistas é imensa. A europeização da Rússia sia irá representar uma tensão entre conflito e cooperação com países dee seu entorno, que acabará por produzir efeitos positivos paraa Moscou. No instante em que a economia europeia reequilibrada, peia estiver ree equilibrada, o investimento da União Europeiaa fluirá fortemente fortem mente à Rússia (que, na verdade, é a última ma fronteira daa Europa). O investimento doméstico internacional o e internacion nal estará focado principalmente em infraestruturaa e indústrias de capital intensivo. trade in export markets, while Chinese capital markets will still remain inchoate for many years. India on the other hand wants first to be powerful and hence enjoy prestige. Its competitive edge has originated from labor issues and low wages regarding certain sectors such as: textile, outsourcing, information technology. It has no coherent prosperity project.Iinvestments will continue to come from companies that wish to reduce labor and production costs through the “offshoring’ of its operations. Investment will be vigorous in fields of valueadded products such as the chemical industry, software and other IT-related industries, but not in a scale sufficient enough to create a boost that pervades all of its socioeconomic caste structure. Moreover, capital markets are still incipient. Russia,, in its turn,, wants power, p , prosperity p p y and prestige, p g , but it doesn´t know how to achieve all of this. Sometimes it speaks as if it still were a superpower. The population of scientists is immense. The Europeanization of Russia will represent tension between conflict and cooperation with countries in the surrounding areas which will ultimately pproduce ppositive effects ff ffor Moscow. The moment Mais comparações entre re o Brasil e a China A comparação entre o Brasil e a China hina é bastante reveladora. Imagine embarcar ar em uma máquina do tempo e voltar para 1971. Você chegaria a uma conferência que une ne Prêmios Nobel, além de alguns dos mais respeitados speitados estrategistas e futurologistas do mundo. do. O objetivo o é profetizar o futuro da China e do o Brasil. Para guiar as projeções, é feita uma série dee perguntas. Se alguém fosse apostarr que, em 20 2011, 011, um desses países iria: • superar até 2020 o PIB nominal al dos Estadoss Unidos e assim tornar-se a maior economia ia mundial; • deter 60% de seu PIB associado do a comércio o exterior; • se tornar o destino principal para ara investimen investimento nto direto estrangeiro (IDE). 18 BRICLab Qual seria o escolhido: a China ou o Brasil? A maioria colocaria as suas fichas no Brasil. No início dos anos 70, o gigante sul-americano estava no meio do “Milagre Brasileiro”, com sua economia crescendo acima de 10% ao ano. Naquela época, como agora, havia um grande entusiasmo pelo Brasil ao redor do mundo. Nos anos 70, a China atraiu a atenção internacional não pela sua produção de bens e serviços, mas por sua produção de problemas. the European economy is rebalanced, the investment from the European Union will flow strongly to Russia which is Europe´s last frontier. The credibility of capital markets and institutions is still very fragile and will take years to become sound. The domestic and international investment will be primarily focused on infrastructure and capital intensive industries. Further Comparing Brazil and China Até mesmo agora com o Brasil totalmente na moda ao redor do mundo e o respeito que se deve ter pelo potencial de outros mercados mercado emergentes, o fato é que, em 2011, The comparison between China and Brazil is indeed revealing. Imagine boarding a time machine back to 1971. You would arrive at a conference that brings together Nobel Laureates, as well as some of the world´s most respected strategists and futurologists. The goal is to prophesize on the future of China and Brazil. Como os grandes países emergentes estão se preparando para a nova economia política global? How are the great emerging countries preparing for the new global political economy? Brasil, Índia e Rússia juntos são economicamente equivalentes a uma China. To guide the projections, a series of questions is asked. If one was to take a bet that, in 2011, which of these two countries would: O que aconteceu durante estas quatro últimas décadas que impulsionou a China à tamanha proeminência? A grande diferença é que o Brasil enfrentou as últimas duas décadas com uma “lanterna de popa” (e, às vezes, a lanterna estava desligada). A China projetou a sua “lanterna para o futuro”. A China criou um plano. O gato, não importando a sua cor, iria caçar rato. Ela escolheu um modelo e se manteve nele. O Brasil não fez isso. A China decidiu irradiar poder e prestígio a partir de uma economia sólida de base. Ela montou um projeto nacional baseado em comércio exterior e a atração IDEs. Ela promoveu – e ainda promove – um sacrifício geracional em nome da poupança e de investimentos, ambos em torno de 50% do PIB. Ela aplica a mão pesada de seu governo centralizado e austero sobre as questões de direitos humanos e do meio ambiente. O transtorno macroeconômico brasileiro dos anos 80 e parte dos anos 90 varreu a ideia de “longo prazo” para bem longe do léxico econômico do Brasil. Os brasileiros vieram a sofrer como consequência disso. O sofrimento que as pessoas vivenciaram, portanto, não pode ser considerado BRICLab - overtake by 2020 the nominal GDP of the U.S. and therefore become the world’s largest economy? - hold 60% of its GDP associated to foreign trade? - become the world´s top destination for foreign direct investment (FDI)? Which one would it be, China or Brazil? Most would bet their chips in Brazil. In the early 70s, the South American giant was in the midst of the “Brazilian Miracle”, with its economy growing at over 10% per year. Then, as now, there was great enthusiasm around the world for Brazil. China in the 70s drew international attention not for its production of goods and services, but for its production of problems. What happened during these past four decades to propel China to such a prominence? Even now with Brazil in full fashion around the world and the respect one must carry for the potential of other emerging 19 VOTO BRICLab O Brasil não tem sido capaz de implementar durante estas quatro últimas décadas um projeto de poder ou de prosperidade Brazil has not managed to implement throughout these four past decades a project of power or prosperity um “sacrifício” em nome de um projeto nacional pela simples razão de que não havia nenhum projeto. markets, the fact is that, in 2011, Brazil, India and Russia together are the economically equivalent to one China. A maneira como, ao longo dos anos, a China tem combinado parcerias público-privadas, o direito do trabalho, a mão de obra barata, a abordagem favorável ao capital estrangeiro e uma carga tributária leve torna o país o maior parque industrial do mundo. The big difference is that Brazil faced the last two decades with a “lantern on the stern” (and sometimes the lantern was off). China projected a “lantern aimed at the future”. China drew a plan. The cat, no matter its color, would hunt mice. It chose a model. It stuck to it. Brazil didn´t. O Brasil não tem sido capaz de implementar durante estas quatro últimas décadas um projeto de poder ou de prosperidade. Hoje, isso é confundido com o projeto nacional PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O PAC é essencial e bem-vindo, mas não é a construção do futuro. É a recuperação do tempo perdido. Infraestrutura física, portos, aeroportos e estradas – é o passado alcançando o presente. O futuro para o Brasil está em tornar suas empresas tecnologicamente intensivas em diversas indústrias. Não há nada mais estratégico para o Brasil do que transformar seu povo criativo em uma sociedade de empreendedorismo e inovação. As vantagens comparativas do Brasil de hoje (bioenergia, mineração, petróleo, pré-sal) devem ser colocadas a serviço da construção de vantagens competitivas do amanhã (a expansão de P&D, patentes, novos produtos, empresas e universidades intrinsecamente conectadas). O novo modelo de crescimento econômico do Brasil E o Brasil? Nosso país se insere em uma atmosfera de incerteza quanto à economia global. Tal cenário pode implicar significativa estiagem internacional de capitais. A dependência que hoje nosso perfil econômico externo mantém com a China é arriscada demais. É com esse ambiente externo que devemos dar sentido prático à continuada expansão da economia brasileira e ao resgate da dívida social. Será preciso aliar esforços de governo e sociedade na construção de um projeto para os próximos 25 anos. Este projeto tem de conjugar: 20 China decided to radiate power and prestige from a solid economic base. It devised a national project based on foreign trade and the attraction of FDI. It promoted – and still promotes – a generational sacrifice on behalf of savings and investment, both at around 50% of GDP. It applies the heavy hand of its centralized and austere government on human rights and the environment. The Brazilian macroeconomic disorder of the 80s and part of the 90s swept the notion of “long term” away from Brazil´s economic lexicon. Brazilians suffered as a consequence. The suffering people underwent though cannot be seen as a “sacrifice” in the name of a national project – for the simple reason that there was no national project. The way China has combined over the years Public-Private Partnerships, labor law, cheap workforce, a favorable approach to foreign capital and a light tax burden makes the country the largest manufacturing park in the world. Brazil has not managed to implement throughout these four past decades a project of power or prosperity. Today, it confuses the concept of a national project with the PAC (the Portuguese language accronym for Brazil´s Growth Acceleration Program). Essential and welcome as it is, the PAC is not the construction of the future. It is the recovery of lost time. Physical infrastructure, ports, airports and roads – it is the past catching up with the present. The future for Brazil lies in making its companies tech-intensive in various industries. There is nothing more strategic for Brazil than transforming its creative people into a society of entrepreneurship and innovation. BRICLab Aquilo que as empresas brasileiras vêm fazendo de melhor em termos de mercado global e uma visão estratégica de como devemos nos inserir na geoeconomia do século 21. O Brasil precisa de um business grade Hoje, há uma espécie de “espiral de otimismo” que envolve o Brasil. Muitos se mostram impressionados com a resiliência e criatividade de algumas empresas brasileiras. Será que existe um modelo de negócios que funciona melhor para aquelas empresas brasileiras que operam no mercado global? As empresas brasileiras que vêm lucrando neste mundo “pós-Lehman Brothers” seguem princípios que as distinguem e as tornam mais fortes? Será que existem elementos comuns em empresas tão diferentes quanto Alpargatas, Marcopolo, Embraer, Petrobras, Vale, Fogo de Chão, BOVESPA, Natura? ç dessas empresas p g dos últiO estudo da evolução ao longo mos 15 anos nos faz concluir que, em graus e aplicações diferentes, podem ser identificadas 3 características que ajudam a mapear o DNA do sucesso dessas corporações. Brazil´s comparative advantages of today (bioenergy, mining, oil, pre-salt) have to be put to the service of building the competitive advantages of tomorrow (expanded R & D, patents, new products, companies and universities inextricably linked). The new brazilian model for economic growth How about Brazil? Our country is inserted in an atmosphere of uncertainty regarding global economy. Such a scenario may imply on significant international capital scarcity. The dependency that our external economic profile holds on China today is much too risky. It is in this global atmosphere that we must make practical sense out of the continuous expansion of the Brazilian economy and the bailout of our social debt. It will be necessary to join forces of both government and society in building a project for the next 25 years. This projeect ctt ha hass to ccombine: (I) everything that Brazilian companies have been doing well in terms of the global market and (II) a strategic view of how we should insert ourselves in the global geo-economy of the 21st century. VOTO BRICLab A primeira dessas características é o que poderíamos chamar de “autodestruição criativa”. São empresas que entenderam a dinâmica radical de aparecimento e transformação de tecnologias e de como isso afeta seu negócio. A Alpargatas deixou de ser uma empresa de calçados para tornar-se uma empresa de design & branding. Há 20 anos, as Havaianas eram produto para as classes D e E. Seu principal atrativo era “não deformar, não ter cheiro e não soltar as tiras”. Hoje, com design apurado e marketing de primeira linha, as Havaianas ostentam loja-conceito no bairro de Saint-Germain-des-Près, em Paris, e adornam os pés de Nicole Kidman ou Carla Bruni. A Petrobras está deixando de ser uma empresa de petróleo para tornar-se uma corporação de múltiplas fontes de energia, com presença importante em biocombustíveis e geradores eólicos e fotovoltaicos. A Vale não é mais uma gigante da mineração, mas da logística, e assim por diante. São empresas que também se tornaram verdadeiros “Hubs de Conhecimento”. Corporações que promovem maciços investimentos em educação empresarial e até mesmo universidades corporativas. Apostaram no pagamento de MBAs a seus executivos e em Mestrados e Doutorados para a ponta técnica e especializada. É comum também o envio de seus principais executivos e pessoal temático a mecas acadêmicas, como INSEAD, IE, London Business School, Harvard, MIT. Outro traço distintivo dessas campeãs brasileiras é o seu conservadorismo financeiro. Em meio à sedução de derivativos e IPOs intempestivos, trabalharam duro para tornar a operação em si, e não milagrosas fontes externas, sua principal base de financiamento. 22 Brazil needs a “business grade” Today there is a kind of “spiral of optimism” which is enveloping Brazil. Many appear to be impressed by the resiliency and creativity of some Brazilian companies. Is there a business model that works best for the Brazilian companies that operate in the global marketplace? Do the Brazilian companies that have been profiting in a “post-Lehman Brothers´ world” follow principles that distinguish them and make them stronger? Are there maybe elements in common shared by companies that are so different from one another such as Alpargatas, Marcopolo, Embraer, Petrobras, Vale, Fogo de Chão, BOVESPA and Natura? The study on the evolution of these companies during the last 15 years leads us to the conclusion that, in different degrees and applications, there are 3 characteristics that help map out the DNA of success of these corporations and can be identified as: The first one of these characteristics is the one we could call “creative self-destruction”. These are companies that understood the radical dynamics of the emergence and transformation of technologies and how this can affect their businesses. Alpargatas ceased to be a shoe company to become a branding and design company. During 20 years, Havaianas was a product mainly consumed by the lower social classes. Its main appeal was that it did not “warp, had no smell and that the straps did not fall off.” Today with its elaborate design and first class marketing, Havaianas flaunts a concept store in Saint-Germain-des-Près, Paris, and adorns the feet of Nicole Kidman or Carla Bruni. BRICLab A última característica dessas empresas é que, sem abandonar o presente, já se encontram com olhos voltados para o futuro. E o amanhã para elas é movido por três condutores: internacionalização, capital humano e planejamento de longo prazo. Elas escolheram o caminho da internacionalização, seja através do modelo de “empresa-comerciante” (turbinando exportações e importações) ou do modelo de “empresarede” (espraiando a rede de produção e distribuição por todo o mundo, sempre visando ao menor custo e ao máximo retorno). Utilizam seu valioso capital humano para moldar o futuro. A Petrobras hoje tem planos diretores que chegam até mesmo ao ano de 2030. Os pilares de uma nova competitividade externa Outra questão para o êxito do Brasil e seu modelo de negócios é o papel a ser desempenhado pelo Estado. É dizer, o Governo é parte da solução e parte do Petrobras is ceasing to be an oil company to become a multiple power supply corporation, with major presence in biofuels, wind generators and photovoltaics. Vale is no longer a mining giant, but a logistics one and so on. These are companies that have also become true “knowledge Hubs”. They are corporations that promote massive investment in business education and even corporate universities. They have placed their stakes on paying MBAs for their executives and Masters and PhDs for their top technical and specialized team. It´s a common practice to send their main executives and thematic staff to academic meccas, such as INSEAD, IE, London Business School, Harvard and MIT. Another distinct feature of these Brazilian champions is the financial conservatism. Amid the allurement of untimely IPOs and derivatives, they have worked hard to assume the operation and not rely mainly on miraculous external funding sources. The last characteristic of these companies is that without forsaking the present they already have their eyes into the Outra questão para o êxito do Brasil e seu modelo de negócios é o papel a ser desempenhado pelo Estado. É dizer, o Governo é parte da solução e parte do problema Another issue concerning Brazil´s success and its business model is the role that the state will play. This is to say that government is part of the solution and part of the problem problema. Temos de passar do investment grade para o business grade. future. The future for them is basically driven by 3 drivers: internationalization, human capital and long-term planning. Nesse contexto, a opção pelo mercado interno por parte do Brasil tem sido cantada em prosa e verso como a grande responsável pela maneira quase incólume com que o País passou pela crise deflagrada em setembro de 2008. They have chosen the internationalization path through the models of “trading company” (boosting import and export) or “network company” (expanding the production and distribution network throughout the world, focusing on the lowest cost and maximum return). They use their valuable human capital to shape the future. Today Petrobras has master plans that even reach the year of 2030. Isso leva alguns a concluírem que é um erro a internacionalização da economia brasileira. Que não importa a pequena ênfase que o Brasil confere à conquista de mercados externos. Ora, nada mais errado. A China também atravessou a crise de cabeça erguida – e ostenta 60% de seu PIB relacionado ao comércio exterior. Muitos acreditam que a baixa participação do Brasil no comércio mundial (menos de 1% de tudo que se compra e vende no mundo) e do comércio exterior no Brasil (apenas cerca de 17% do PIB) é fruto do protecionismo dos países mais ricos. BRICLab The pillars of new foreign competitiveness Another issue concerning Brazil´s success and its business model is the role that the state will play. This is to say that government is part of the solution and part of the problem. We must move on from investment grade to business grade. In this context, Brazil´s choice for the domestic market has been chanted out loud as being totally responsible for the 23 VOTO BRICLab As lições da história econômica das últimas décadas ensinam claramente que países que buscaram a internacionalização tiveram mais êxito The lessons of economic history in recent decades teach clearly that those countries that sought for internationalization were more successful No entanto, há questões prévias, ainda mais importantes do que o resultado dessas negociações: almost unscathed way that the country went through the crisis of September 2008. (I) O Brasil quer fazer do comércio exterior sua principal via de inserção na economia global? This brings some to conclude that it´s a mistake to internationalize the Brazilian economy. That it makes no difference whether Brazil places little emphasis on conquering external markets. What a mistaken assumption. China also faced the crisis with its head up high and boasts 60% of its GDP related to foreign trade. (2) Desejamos que o comércio exterior se torne nossa ferramenta privilegiada para a construção de poupança nacional e de recursos para investir? Temos, portanto, que substituir noções simplistas, como a ideia de que “o mercado mundial pode ser interessante para o Brasil se barreiras protecionistas forem eliminadas”, por questões como “qual nossa estratégia de promoção comercial mesmo em um mundo protecionista?”. As lições da história econômica das últimas décadas ensinam claramente que aqueles países que buscaram a internacionalização tiveram mais êxito do que os atrelados dogmaticamente ao seu mercado interno. Cabe ao Brasil aprender essa lição. Para esse objetivo, além das reformas trabalhista, previdenciária e tributária, há um “quarteto” de prioridades: • a facilitação da legislação interna para abertura de empresas de vocação exportadora; Many believe that Brazil´s low participation in world trade (less than 1% of everything that is sold or bought in the world) and foreign trade in Brazil (only around 17% of its GDP) is the result of protectionism of rich countries. However, there are preliminary matters, even more important than the results of these negotiations: (I) Brazil wants to make foreign trade its main route of entry into the global market. (II) We hope that foreign trade becomes our privileged tool for the construction of national savings and resources for investment. • ênfase nos aspectos logísticos de projetos a serem contemplados pelas PPPs (parcerias público-privadas); We have therefore, to replace simplistic notions, such as the idea that the “world market can be of interest to Brazil once the protectionist barriers are removed”, for ideas such as “What is our strategy for promoting trade even in a protectionist world.” • formação de recursos humanos especializados, no âmbito do setor privado, para a promoção comercial no exterior e a atração de IEDs (investimentos estrangeiros diretos), e The lessons of economic history in recent decades teach clearly that those countries that sought for internationalization were more successful than those dogmatically tied to their domestic market. It´s up to Brazil to learn this lesson. • fortalecimento da presença das micro e pequenas empresas mediante consórcios exportadores. For this objective, besides the reforms of labor, social security and tax, there is a “quartet” of priorities. Eis os primeiros – e elementares – passos rumo a uma nova inserção externa. • facilitation of national laws for the opening of companies with a calling for foreign trade. O renascimento das teorias e políticas de Raul Prebisch O Brasil contemporâneo testemunha o silencioso renascimento de teorias e políticas primeiramente formuladas 24 • focusing on logistical aspects of projects selected by PPPs (public-private partnerships) • training of specialized human resources, within the private sector, to promote foreign trade and attract FDIs (foreign direct investment) and BRICLab pelo brilhante economista argentino Raul Prebisch (19011986). Esse renascimento pode ser chamado de a “Industrialização Substitutiva de Importação 2.0” ou “ISI 2.0”. A ISI 2.0 pode ser facilmente identificada na forma como as empresas estatais, bancos oficiais, municípios, estados e o Governo Federal interpretam e implementam o interesse do Brasil na economia global. Hoje, a ISI 2.0 é um parâmetro de como o governo brasileiro protege as empresas nacionais da competição estrangeira, fomenta a satisfação local e realiza seus contratos. Nos anos 40 e 50, Prebisch removeu duas das ilusões que permeavam a imaginação dos latino-americanos: – Vantagens comparativas nas commodities iriam permitir que as elites latino-americanas mantivessem o seu padrão de vida similar aos níveis das principais economias. – A evolução tecnológica e material seguiria um curso uniforme. De acordo com esta fantasia, os níveis de desenvolvimento dos Estados Unidos poderiam ser facilmente atingidos por países que fossem equivalentes em população, território e recursos naturais (como o Brasil e a Argentina) em algum momento do futuro. Prebisch argumentou que somente aqueles países que desempenhassem inovação tecnológica maciça poderiam ser considerados “centros cíclicos” da economia global e, consequentemente de forma endógena, poderiam estimular seu próprio crescimento. Devido à relativamente baixa capacidade industrial e de inovação da América Latina e ao declínio comparativo do preço real de matéria-prima, Prebisch inspirou a região a “industrializar ou morrer”. O instrumento concebido por ele foi a política conhecida como substituição de importação. • empowering small businesses through export consortia. These are the first- elementary- steps towards a new international insertion The rebirth of theories and policies formulated by Raul Prebisch Contemporary Brazil witnesses the quiet rebirth of theories and policies first formulated by the brilliant Argentine economist Raul Prebisch (1901-86). This renaissance may be called “Import Substitution Industrialization 2.0 or “ISI 2.0”. ISI 2.0 can be easily identified in the way state-owned enterprises, official banks, municipalities, states and the Federal Government interpret and implement Brazil’s interest in the global economy. Today, ISI 2.0 is the parameter of how government in Brazil protects national companies from foreign competition, fosters local content and goes about procurements. In the 40s and 50s, Prebisch did away with two illusions that surrounded the imagination of Latin Americans: - Comparative advantages in commodities would allow Latin American elites to keep their living standards at similar levels to those of the major Western economies. - Technological and material evolution would follow a uniform route. According to this fantasy, US development levels could be naturally achieved by countries featuring equivalent population, territory and natural resources (such as Brazil and Argentina) sometime in the future. Prebisch argued that only those countries performing massive technological innovation could be considered “cyclic VOTO BRICLab A ISI 2.0 da atualidade possui duas caras. Continua a implicar altas taxas de importação e outras barreiras para proteger grupos nacionais e fomentar as selecionadas prioridades industriais do Brasil (semicondutores, software, eletrônicos, etc.) e outras indústrias mais tradicionais, como a dos automóveis. À medida que a moeda nacional, o real, está claramente supervalorizada, o déficit comercial seria ainda mais alto se não fossem as barreiras tarifárias, o que faz com que os consumidores brasileiros paguem preços absurdos pela maioria de produtos importados. Parecida com o seu protótipo original 50s, a ISI 2.0 é claramente “nacionalista”. Destina-se a reinterpretar e modernizar o conceito de “nacionalismo econômico”. Ao invés de meramente encorajar e abrigar empresários brasileiros, a ISI 2.0 pede pelo “abrasileiramento” de empresas que querem aproveitar o potencial do mercado interno brasileiro. Um conjunto inteiro de incentivos está à disposição daqueles que decidirem criar empregos no Brasil. Para esse fim, sua ferramenta mais poderosa é a política robusta de contratos públicos, os quais encontram total expressão na administração Lula-Dilma. 26 centers” of the global economy and therefore manage to endogenously trigger their own development. Given Latin America´s relatively low industrial and innovative capacity and the comparative decline in real prices of raw materials throughout the years, Prebisch inspired the region to “industrialize or die.” The instrument conceived by Prebisch was the well-known policy of import substitution. Present day ISI 2.0 has two faces. It continues to imply high import tariffs and other barriers to protect national groups and foster Brazil´s elected industrial priorities (semiconductors, software, electronics, etc.) and other more traditional industries, such as automobiles. As the country´s currency, the real, is clearly overvalued, trade balance deficit would be even larger if it weren´t for the tariff shields – which make for outrageous prices paid by Brazilian consumers on most foreign goods. Much as its original 50s prototype, ISI 2.0 is clearly “nationalistic”. It aims nonetheless to reinterpret and update the concept of “economic nationalism”. Rather than merely encouraging or sheltering Brazilian entrepreneurs, ISI 2.0 calls for the “Brazilianization” of companies wishing to harness the potential of Brazil´s domestic market. An entire set of incentives is put to the service of those who decide to create jobs in Brazil. BRICLab A nova posição do Brasil nas relações internacionais virá dos êxitos em setores específicos Brazil´s new position in international relations will result from the success of specific sectors O modelo ISI 2.0 é essencialmente vulnerável ao tempo. Para seu sucesso, precisa depender do fluxo pesado ininterrupto de IDEs derramando sobre o Brasil por muitos anos. To this end, its most powerful tool is the robust policy of Government Procurement which finds full expression in the Lula-Dilma administrations. Para tudo isso funcionar suavemente, além da necessidade de reformas estruturais urgentes, a ISI 2.0 precisará gerar ciclos de aprendizado mais curtos, impulsionando, assim, os ganhos rápidos e volumosos de produtividade. Conclusões Finalmente, o Brasil não possui um projeto sofisticado em termos de poder e prosperidade. A sua ideia de reputação global está primeiramente entrelaçada com o fortalecimento da ONU e a construção de uma Comunidade Sul-Americana de Nações, como também a cooperação Sul-Sul, mas com pequena margem para além de “boas intenções” e relações “equilibradas” com os atores principais mundiais. Recentes tentativas levadas a cabo pelo Brasil de criar relações estratégicas, como com a China e França, têm sido, na maioria dos casos, unilaterais. A nova posição do Brasil nas relações internacionais virá dos êxitos em setores específicos (agroenergia, mineração, perfuração e extração de petróleo offshore, aviões, gigantes conglomerados bancários e os efeitos multiplicadores para a indústria de serviços de investimento em infraestrutura). E, em grande parte, pelo novo status de potência petrolífera, viabilizado pelas descobertas do pré-sal. Com certeza, existe o que chamamos de “hedge do pré-sal”. De acordo com essa noção, os efeitos multiplicadores de novas descobertas de petróleo para os brasileiros e para todos aqueles que apostarem no Brasil serão imensos nos próximos 30 anos, que tal perspectiva “ancora” a decisão de montar operações em longo prazo no país. Eis a grande janela de oportunidades que se for, de forma inteligente, associada ao fomento da economia do conhecimento e da inovação, pode tornar o Brasil nos próximos anos um membro permanente e construtivo do grupo de nações mais dinâmicas, prósperas e influentes do mundo. The ISI 2.0 model is essentially vulnerable over time. For its success, it must rely on heavy, non-stop flows of FDI pouring into Brazil over many years to come. For all this to work smoothly, apart from the urgentlyneeded structural reforms, ISI 2.0 will need to generate shorter learning cycles and thus boost rapid and voluminous productivity gains. Conclusion Finally, Brazil does not have an articulated power or prosperity project. It´s strategic vision is more geopolitical than geoeconomic. Its idea of prestige is intertwined mainly with the strengthening of UN and the construction of a South American Community of Nations, as well as the SouthSouth cooperation, but with little margin to go beyond “good intentions” and “balanced” relations. Attempts carried out by Brazil to build strategic relationships, such as with China or France, are most often unilateral. Brazil´s new position in international relations will result from the success of specific sectors (agro-energy, mining, drilling and offshore oil extraction, planes, huge banking conglomerates and the multiplying effects on service industry of investment in infrastructure). And on a large scale, because of the new status of oil superpower brought about by the pre-salt discovery. Surely there is what we call “ the pre-salt hedge”. According to this, the multiplying effects of new oil discoveries for the Brazilians and for all of those who bet on Brazil will be immense for the next 30 years that such a prospect “anchors” the decision to set up long term operations in the country. Here lies the great window of opportunity, coupled with the economy of creativity, to make domestic reforms, raise investment on R & D to 2% of the GDP and internationalize the brand “Brazil”. This is how Brazil will be definitely included in the framework of the most dynamic, prosperous and influent nations of the 21st century. *Co-diretor do BRICLab da Columbia University. *Co-director of BRICLab at Columbia University . BRICLab 27 VOTO BRICLab Fazendo dos BRICS uma nova estrutura de poder mundial Building BRICS into a new world power structure Mei Xinyu* Os líderes das principais economias emergentes mundiais – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) – estão se unindo. Para compreender a importância do grupo do BRICS e a nova adição para seus membros, teremos que examiná-lo dentro do contexto da mudança de poder global. The leaders of the world’s leading emerging economies -- Brazil, Russia, India, China and South Africa (BRICS) -- are coming together. To understand the significance of the BRICS group and the new addition to its members, we must examine it in the context of the shift of global power. A estrutura de poder mundial nunca foi estática. Uma grande crise frequentemente implica em uma mudança acelerada da estrutura. Crises originárias de novas economias emergentes sempre ajudam a consolidar a posição dominante dos países hegemônicos. O oposto é verdadeiro com crises causadas pelos países dominantes. The world power structure has never been static. A great crisis often leads to an accelerating change in the structure. Crises originating from newly-emerging economies always help consolidate the dominant position of hegemonic countries. The opposite is true with crises originating from the dominant countries. Da crise do México em 1994 até a crise russa em 1997, como também a da Argentina em 2000, e uma série de tempestades financeiras dos anos 90 até o início do século 21, pode-se constatar que quase todas essas crises foram originadas por novos países emergentes. A única exceção foi a crise monetária que resultou do bloco da União Europeia, embora, na verdade, tenha ocorrido na periferia da UE. From the Mexican crisis in 1994 to the Russian crisis in 1997, the 2000 Argentina crisis and the series of financial storms from the 1990s to the early 21st century, one can see that these crises almost all originated from newlyemerging countries. The only exception was the currency crisis that resulted from the EU bloc, though actually it occurred on the edge of the European Union. Em outras palavras, tais crises não aconteceram ao poder hegemônico-chave, os Estados Unidos. Portanto, essas crig ses ainda serviram para fortalecer e consolidar a já existente dominância ocidental da estrutura de poder internacional, especial dos Estados Unidos. e esp em pecciaal do os E sttad dos U nid idoss. In other words, all such crises did not happen in the key hegemon, the United States. Therefore, those crises even g served to strengthen and consolidate the existing western -- especially US -- dominance of o the h international structure. ppower po werr st we truuct ctur ure. ur 28 BRICLab Contudo, a crise do subprime em 2008, que provocou a subsequente turbulência financeira mundial, foi causada pelos países hegemônicos conservadores, em especial os Estados Unidos. A crise do subprime e a tempestade financeira global provocaram sérios danos à força norteamericana tanto no poder rígido quanto no poder suave. However, the 2008 subprime crisis and the subsequent global financial storm it sparked all came from the conservative hegemonic countries, especially the United States. The subprime crisis and the global financial storm did serious damage to US strength in terms of both hard and soft power. Como resultado, a estrutura de poder mundial está se deslocando de forma que os poderes hegemônicos estão observando as suas influências diminuírem. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, tem dito que a crise econômica mundial está mudando as relações de poder do mundo. Tais mudanças, ele afirmou, terão profundos impactos nos mercados financeiros e nas políticas monetárias, nas relações comerciais, como também no papel dos países em desenvolvimento. O que ele disse é um simples reconhecimento da realidade e das tendências em desenvolvimento. As a result, the global power structure is shifting, with the hegemonic powers seeing their influence dwindling. World Bank President Robert Zoellick has said the global economic crisis is changing the world’s power relations. Such change, he said, will have a profound impact on monetary markets and monetary policies, trade relations as well as the role of the developing countries. What he said is simply recognition of the reality and the developing trend. Na última mudança de poder, os Estados europeus e o Japão sofreram perdas maiores quando comparados com os Estados Unidos. Isso ocorre porque os Estados Unidos, apoiados por seu superpoder hegemônico, puderam transferir a sua crise e as suas perdas para essas hegemonias periféricas. Os EUA também possuíam a alavancagem para negociar a redistribuição de poder com as economias emergentes à custa daqueles países na periferia hegemônica a fim de satisfazer uma parte das necessidades das economias emergentes. Na atual reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, os Estados A crise econômica mundial está mudando as relações de poder do mundo. Tais mudanças terão profundos impactos nos mercados financeiros BRICLab In the latest power change, the European states and Japan have suffered greater losses compared to the United States. This is because the United States, backed by its super hegemonic power, can transfer its crisis and losses to these marginal hegemonies. It also had the leverage to negotiate the redistribution of power with emerging economies at the expense of those marginal hegemonic counties to satisfy part of the needs of the emerging economies. In the current reform of the International Monetary Fund (IMF), for example, the United States, faced with the demands by China and other emerging powers to raise their say in the organization, is responding by pressing the EU to reduce their IMF share and voting power. The global economic crisis is changing the world’s power relations. Such change will have a profound impact on monetary markets 29 VOTO BRICLab Unidos, confrontados com as exigências da China e de outros poderes emergentes para aumentar seus poderes de decisão dentro da organização, estão respondendo ao pedido pressionando a União Europeia para reduzir as suas cotas e poder de voto no FMI. Entretanto, nenhum poder hegemônico estaria disposto a curvar-se em retirada do palco mundial e faria sempre todo o possível para conter os países emergentes de colocar em perigo sua posição dominante e seus interesses centrais. O mais preferível seria derrotar os países emergentes. Se não pudesse fazê-lo, então se moveria para compartilhar um grau de poder com eles para aliviar suas preocupações. Em um mundo em que os países avançados ocidentais continuam a exercer o maior poder político e econômico global, os países menos desenvolvidos devem se esforçar para quebrar o seu domínio se eles querem melhorar seus interesses econômicos na arena internacional. A China, por causa de seus interesses próprios, certamente esperaria que esses países dominantes concordassem em dividir o poder, ou que apenas descessem um degrau de suas posições dominantes. Para esse fim, ela deve se certificar de que não será derrotada e, portanto, é necessário forjar alianças. Esse foi o motivo para a China, a Rússia, a Índia e o Brasil estabelecerem um mecanismo multilateral. Neste ano, a África do Sul foi convidada para juntar-se ao grupo. Dos cinco países do BRICS, dois são da Ásia, um é do Leste Europeu, um é da América Latina e o quinto é da África, representando a maior economia naquele continente. Podemos dizer que o grupo do BRICS, ao assumir o papel de fórum econômico que representa as novas economias emergentes mundiais, é mais apropriado em termos de representação geográfica. As economias dos cinco países são altamente complementares e suas escalas econômicas e comerciais são consideráveis. Isso criou uma boa base para os países do BRICS buscarem uma cooperação mais próxima e um desenvolvimento mútuo. Yet no hegemonic power would be willing to bow out from the stage. It would always do everything possible to curb the emerging countries from endangering its dominant position and its core interests. The most preferable thing would be to defeat the emerging countries. If it cannot do so, it then moves to share a degree of power with them to allay their concerns. In a world where the advanced western countries continue to wield the greater global political and economic power, the less developed countries must strive to break their dominance if they want to improve their economic interests in the international arena. China, for the sake of its own interests, would certainly hope that these dominant countries would agree to share power, or just step down from their dominant position. To that end, China must make sure that it must not be defeated and therefore it is necessary to forge alliances. This was this motive for China, Russia, India and Brazil to establish a multilateral mechanism. This year South Africa was invited to join their ranks. Of the five BRICS countries, two are from Asia, one each from Eastern Europe and Latin America and the fifth from Africa, representing the largest economy on that continent. We may say that the BRICS group assuming the role as an economic forum representing the world’s newly-emerging economies is most appropriate in terms of geographic representation. The five countries’ economies are highly complementary and their economic and trade scales are considerable. This has laid a good foundation for the BRICS countries to pursue closer cooperation and mutual development. This notwithstanding, the five countries face one fundamental issue: conflict of basic interests. Some of them are strong in manufacturing while others are rich in natural resources. How to address such differences and devise winwin mechanisms is a major challenge facing the BRICS group in the years ahead. Apesar disso, os cinco países enfrentam uma questão ão fundamental: conflito de interesses básicos. Alguns deles são fortes em fabricação, enquanto outros são ricos em recursos naturais. Como lidar com tais diferenenças e desenvolver mecanismos de ganha-ganha é um dos maiores desafios que o grupo BRICS enfrentará nos próximos anos. *Membro do Centro de Pesquisa para Comércio Internacional e Cooperação Econômica, do Ministério do Comércio da China. *Fellow at the Research Center for International Trade and Economic Cooperation, the Ministry of Commerce, China. Mei Xinyu VOTO BRICLab Os BRICS e a crise da dívida mundial – o novo equilíbrio de poder BRICS and the world debt crisis Mario Garnero e Marcelle Chauvet* Como mostrou a recente crise financeira dos Estados Unidos, intensificada pela falência do Lehman Brothers, o colapso de bancos importantes durante os momentos de incerteza do mercado financeiro pode levar a um contágio disfuncional de todo o sistema bancário que, eventualmente, pode causar reais danos à economia global. Analogamente, a crise fiscal soberana europeia tem se espalhado gradualmente entre os países da região do euro, aumentando o risco de default e ameaçando o futuro do euro. Temor de repetição do colapso financeiro de 2008 tem alimentado a crise de liquidez, o que poderia gerar uma crise de solvência. Essa preocupação tem sido um dos focos principais do recente pacote de resgate da União Europeia. Os países do BRICS no geral têm dado uma contribuição importante para a manutenção de níveis elevados da liquidez internacional. Como uma parcela significativa de suas reservas cambiais é investida em valores mobiliários emitidos por países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os BRICS auxiliam esses países a manterem m as taxas de juros em torno de zero. Os BRICS, RICS, assim, estão ajudando as economias as mais maduras aída mais suave a encontrarem uma saída da crise. As reservass cambiais atuais dos BRICS estão estimadas em ase metade do U$ 4,3 trilhões, quase rvas dos BRICS total mundial. As reservas são o suficiente para comprar 80% nhias listadas na de todas as companhias bolsa de NASDAQ. ervas internacionais No entanto, as reservas ebendo impactos nedos BRICS estão recebendo iversos fatores, gativos através de diversos tais como as políticass de incenrais dos tivo dos bancos centrais Estados Unidos e da União orizaEuropeia, a desvalorizauro e ção do dólar e do euro Mario Garnero As the recent US financial crisis intensified by Lehman Brothers bankruptcy has shown, failure of important banks during times of financial market uncertainty can lead to dysfunctional contagion throughout the banking system that can eventually wreak havoc in the real global economy. Analogously, the European sovereign debt crisis has been gradually spreading among euro area countries, raising the risk of default and threatening the future of the euro. Fears of recurrence of the 2008 financial collapse have been fueling a liquidity crunch, which could engender a solvency crisis. This concern has been a main focus of the recent EU bailout package. BRICS countries have been making an important contribution in keeping overall international liquidity levels upwards. As a significant portion of their foreign exchange reserves is invested in securities issued by OECD countries, the BRICS play a role in keeping these countries’ interest rates near zero. The BRICS, thus, are helping more mature economies build a smoother way out of the crisis. The BRICS current foreign exchange reserves are estimat estimated at US$ 4.3 trillion, nearly half of the world’s total. BRI BRICS’ reserves suffice to buy 80% of all NASDAQ-listed co companies. However, the BRICS internation international reserves are being negatively impacted by several factors, such as the US and EU central banks stimu stimulus policies, devaluation of the dollar and euro, and the increase default risk of US and EU government ddebts. These events have fuelled increa increased concerns over the safety of the US and Euro debt that the BRICS hold. To protect their pos positions from further potential los losses and diversify their foreign reserve exposure from the US dollar, the BRICS hav have intensified talks and ta taken steps towards an aalternative world reserve monetary unity. das dos govero aumento do risco de inadimplência das dívidas nos dos Estados Unidos e da União Europeia. E Esses sses acontecimentos têm alimentado as crescentes preocupações ocupações sobre a segurança da dívida dos Estados Unidos os e do euro mantida pelos BRICS. Para proteger suas posições sições de possíveis perdas futuras e diversificar a exposição o ao dós, lar norte-americano de suas reservas cambiais, os BRICS têm intensificado suas negociações e tomado medidas no sentido de uma unidade mundial de reserva monetária alternativa. Alguns podem argumentar pela volta do pado que o comdrão ouro. No entanto, a história tem mostrado promisso com o padrão ouro tem deixado oss países vulneráveis a ataques especulativos às suas moedas, o que causou go. Além disso, oscilações brutas na produção e no desemprego. a adoção do padrão ouro implicava na perda d dee controle da es era assimépolítica monetária. Por fim, a carga dos ajustes ses com moetrica e recaiu mais pesadamente sobre os países das mais fracas que experimentaram recessõess mais severas. A Reunião de Cúpula do Grupo dos 20 (G-20), na qual foi permitido que o FMI emitisse uma grande quantidade dos Direitos Especiais de Saque (DSEs), preparou o terreno para a possibilidade dos DSEs se estabelecerem como uma nova moeda global de reserva. Já que os DSEs fazem parte das reservas internacionais dos governos e são utilizados como garantias para empréstimos, os DSEs podem efetivamente mudar a oferta monetária global. Os DSEs poderiam se tornar a nova e estável moeda mundial, com a vantagem de não estar sob o controle de nenhum país em particular. No entanto, os BRICS não estão esperando os DSEs se tornarem o novo dólar. Eles já começaram a tomar atitudes que os distanciam do dólar em direção às suas moedas locais através de acordos comerciais transfronteiriços. A China assinou diversos acordos com os outros BRICS, bem como com a Coréia do Sul, com a Malásia e com a Argentina pelo swap de divisas, no qual as suas moedas locais (em particular, o yuan) são utilizadas como meio para comércios bilaterais, evitando o dólar norte-americano. Os países do BRICS no geral têm dado uma contribuição importante para a manutenção de níveis elevados da liquidez internacional BRICLab Some might argue for a return to the gold standard. However, history has shown that commitment to the gold standard left countries vulnerable to speculative attacks on their currencies, which led to abrupt oscillations in production and unemployment. In addition, adoption of the gold standard implied loss of control over monetary policy. Finally, burden of adjustments were asymmetric and fell more heavily on countries with weak currencies, which experienced more severe recessions. The G20 Summit in 2009, in which the IMF was allowed to print a large amount of the Special Drawing Rights (SDR), set the stage for the possibility of SDR being established as a new global reserve currency. Since the SDRs are part of government international reserves and used as collateral for borrowing, SDRs can effectively change global money supply. SDR could be the new stable world currency, with the advantage that is not under the control of any particular country. However, the BRICS are not waiting for the SDRs to become the new dollar. They have already been taking steps to move BRICS countries have been making an important contribution in keeping overall international liquidity levels upwards 33 VOTO BRICLab Esses chamados comércios bilaterais de moedas locais podem aumentar exponencialmente em breve. Tomemos o caso do Brasil e da China. O comércio total entre esses dois países aumentou substancialmente na última década. As exportações do Brasil para a China tiveram um crescimento composto de 47% ao ano, enquanto as importações da China tiveram um crescimento composto de 38% ao ano durante esse mesmo período. Existe uma previsão de crescimento da relação comercial entre Brasil e China de U$ 50 bilhões para U$ 125 bilhões nos próximos cinco anos. Os atuais riscos associados aos problemas da dívida soberana da UE e dos EUA podem estimular o comércio 34 away from the dollar towards local currencies in cross-border trade settlements. China has signed several deals with the other BRICS as well as with South Korea, Malaysia, and Argentina for currency swaps in which their local currencies (particularly the yuan) are used as the means for intratrade, bypassing the US dollar. These bilateral local-currency denominated trades may increase exponentially soon. Take the case of Brazil and China. The total trade between these countries expanded substantially in the last decade. Brazil’s exports to China had a compound growth of 47% a year whereas imports from China had a compound growth of 38% a year during this period. BRICLab O que o futuro reserva para a União Europeia? O modelo Euro implica que a política monetária esteja nas mãos do Banco Central Europeu (BCE) What does the future hold for the EU? The Euro model has implied that monetary policy is in the hands of the European Central Bank (ECB) internacional baseado em moedas denominadas locais entre os próprios BRICS. A tendência natural é que os BRICS se salvaguardem do risco da pesada dependência do dólar, o que pode levar a uma nova ordem de moeda internacional, seja por meio dos DSEs, de acordos comerciais bilaterais ou de uma moeda-país dos BRICS. A consequência seria um acúmulo adicional de reservas por esses países e o declínio em dólar norte-americano. Brazil’s trade relationship with China is predicted to grow from US $ 50 billion to US $125 billion in the next five years. O que o futuro reserva para a União Europeia? O modelo Euro implica que a política monetária esteja nas mãos do Banco Central Europeu (BCE), enquanto cada país-membro segue sua política fiscal individual. Desistir da política monetária em nível de país implica que choques de recessão só podem ser acomodados através da expansão fiscal financiada por dívidas. Por outro lado, a política monetária do BCE pode ser benéfica para alguns países em detrimento de outros. Por exemplo, o BCE pode agir no intuito de conter ameaças inflacionárias em alguns países, o que, ao mesmo tempo, pode causar uma contração econômica grave em outros países. A experiência recente tem mostrado que os custos desse impacto desigual da política monetária e das disparidades na situação fiscal podem levar alguns dos países mais atingidos à inadimplência ou a saírem da União Europeia, o que causaria uma grande crise financeira. A Inglaterra está verbalizando a possibilidade de sair da União Europeia, já sentindo problemas de segurança do euro e os reflexos em sua economia. A alternativa é que os membros da zona do euro harmonizem e coordenem suas políticas fiscais nacionais. A Alemanha e a França estão dando os primeiros passos rumo a uma unidade fiscal, mas a convergência fiscal necessita ser difundida, arriscando, caso contrário, o colapso do euro como moeda única. The current risks associated with the sovereign debt troubles in EU and US may fuel trade in local-denominated currencies among the BRICS. The natural tendency is that the BRICS hedge against the risk of heavy reliance on the dollar, which might lead to a new international currency order, whether through SDRs, bilateral trade-agreements or a BRICS country currency. A consequence would be further accumulation of reserves by these countries and declines in the US dollar. What does the future hold for the EU? The Euro model has implied that monetary policy is in the hands of the European Central Bank (ECB), while each country member pursues their individual fiscal policy. Giving up monetary policy at the country level implies that recessionary shocks can only be accommodated by debt-funded fiscal expansion. On the other hand, ECB monetary policy might be beneficial to some countries in detriment of others. For example, the ECB might act to curb inflation threats in some countries, which at the same time might cause severe economic contraction in others. Recent experience has been showing that the cost of this unequal impact of monetary policy and disparities in fiscal situation might lead some of the most affected countries to either default or leave the EU, leading to a major financial crisis. England is thinking aloud on being out of the EU, already sensing troubles with the euro safety and the reflexes on its economy. The alternative is that the Euro zone members harmonize and coordinate their national fiscal policies. Germany and France are taking first steps towards fiscal unity, but fiscal convergence needs to be widespread, risking otherwise the collapse of the euro as a single currency. *Mario Garnero é o Presidente da Brasilinvest, o banco de negócios pioneiro do Brasil. Marcelle Chauvet é Professora Titular de Economia e Diretora do Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Califórnia, UC Riverside. *Mario Garnero is the Chairman of Brasilinvest, Brazil’s pioneer merchant bank. Marcelle Chauvet is a professor of Economics at the University of California Riverside. BRICLab 35 VOTO BRICLab Direito político e econômico no BRICS Political and economic law in BRICS Felipe Chiarello de S. Pinto* O desenvolvimento do BRICS, bloco Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, traz uma vertente importante de desenvolvimento na economia e nas linhas do direito. The development of BRICS, the bloc of Brazil, Russia, India, China and South Africa brings an important flow of development in economy and in lines of the law. Isso é tanto mais importante na medida em que o BRICS não é um grupo homogêneo. A despeito das afinidades que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul possuem enquanto grandes promessas da economia mundial, os perfis econômicos e regulatórios de cada um desses países são completamente distintos entre si. This is even more important as BRICS is not a homogeneous group. Despite the affinities that Brazil, Russia, India, China and South Africa share, while they are great promises to world economy, the regulatory and economic profiles of each of these countries are quite distinct. Esses países aplicam diferentes estratégias de abertura ao mercado exterior. Essa diferença é evidenciada, por exemplo, na análise das estratégias e dos processos de inclusão no mercado global adotados por países como Brasil, Índia e China. Enquanto a China estabeleceu regimes de parcerias 36 These countries apply different opening strategies to foreign markets. This difference is evidenced, for example, in the analysis of strategies and processes of inclusion in the global market adopted by countries such as Brazil, India and China. While China has established mandatory partnership regimes among nationals and foreigners, targeted BRICLab O Brasil adotou um processo de ampla abertura ao mercado externo Brazil has adopted a broad process of opening to external markets compulsórias (obrigatórias) entre nacionais e estrangeiros, direcionadas para determinados setores do mercado, a Índia optou pela abertura gradual ao mercado. Já o Brasil adotou um processo de ampla abertura ao mercado externo, sem um fortalecimento prévio do mercado interno e do setor produtivo. Com isso, é necessário ter em mente que nem todo tipo de comparação entre os BRICS é possível. at certain sectors, India chose a more gradual opening. On the other hand Brazil has adopted a broad process of opening to external markets, without a previous strengthening of its own domestic market and productive sector. Thus, it is necessary to keep in mind that not every type of comparison among BRICS is possible. Vale também analisar o índice de comparação da OCDE. No que diz respeito ao ambiente concorrencial, a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) criou um índice de comparação para os ambientes de regulação econômica de diversos países, inclusive os BRICS: os índices de Regulação de Mercados de Produtos – RPM (Product Market Regulation – PMR). Os índices de RPM são estruturados a partir da análise de elementos relacionados com (i) controle estatal, (ii) barreiras ao empreendedorismo, e (iii) barreiras ao comércio e investimento. It is also worth analyzing the index of comparison of the OECD. Regarding the competitive environment, the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) created a comparison index for economic regulation environments of several countries, including BRICS: the indexes of Product Market Regulation – PMR. The PMR indexes are structured based on the analysis of elements related to (i) state control, (ii) barriers to entrepreneurship, and (iii) barriers to trade and investment. De acordo com um relatório da OCDE, de 2010 (working paper No 799), o Brasil é o país que possui o menor grau de restrição à competição saudável de mercado, se comparado aos outros BRICS, seguido, respectivamente, pela África do Sul, Índia, China e Rússia. Ainda assim, o grau de restrição que o Brasil apresenta é muito maior do que o grau médio de restrição dos países-membros da OCDE (da qual os BRICS ainda não fazem parte). According to an OECD report of 2010 (Working Paper No. 799), When compared to other BRICS, Brazil is the country that has the lowest degree of restriction on healthy competition on the market, followed respectively by South Africa, India, China and Russia. Still, the degree of restriction that Brazil presents is much higher than the average degree of restriction of OECD member countries (of which BRICS are not yet part). Nesse contexto, se há dúvidas quanto às razões pelas quais os BRICS ainda estão longe da média de índices de RPM dos países-membros da OCDE, o relatório é claro ao sinalizar que o Brasil é o único dos BRICS a apresentar um conjunto de normas similar ao adotado pelos referidos membros da OCDE em 2008. No entanto, resta saber se rezar a cartilha da OCDE – como o Brasil tem feito religiosamente, inclusive com o PL nº 3.937/2004 (“nova Lei do CADE”) – é o rumo correto para o direito econômico brasileiro. In this context, if there are doubts as to why BRICS are still far from the average of PMR indexes of OECD member countries, the report is quite clear as it shows that Brazil is the only BRICS to present a set of standards similar to those adopted by OECD in 2008. However, it remains to be known if following the OECD prime, as Brazil has been doing regularly, including Bill No.3.937/2004 (“New CADE Law”), is actually the proper course for economic law in Brazil. *Mestre e Doutor em direito do estado pela PUC-SP, professor do Mestrado e Doutorado em direito político e econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie, diretor da faculdade de direito da Unimontee, membro do conselho editorial da revista da Procuradoria-Geral do Banco Central. *Master´s and a doctorate degree in State Law from PUC-SP, he is a professor of the Master´s and Doctoral program of Political and Economic Law at the Presbiterian University Mackenzie, Director of the School of Law UNIMONTES and Member of the Editorial Board of the Central Bank Attorney General periodical. BRICLab 37 VOTO BRICLab Bem-vindo a um futuro com os BRICs Welcome to a future with BRICs Jim O´Neill* Em 2001, escrevi um trabalho de pesquisa para os relatórios da Goldman Sachs’ Economics que examinava a relação entre as principais economias mundiais e algumas das maiores economias emergentes do mercado. Eu acreditava que a economia global nas próximas décadas seria impulsionada pelo crescimento de quatro países economicamente ambiciosos e populosos: Brasil, Rússia, Índia e China, e eu criei a sigla BRIC a partir de suas iniciais para descrevê-los. 38 In 2001, I wrote a research paper in Goldman Sachs’s Global Economics series that examined the relationship between the world’s leading economies and some of the larger emerging market economies. I thought the global economy in the coming decades would be propelled by the growth of four populous and economically ambitious countries: Brazil, Russia, India and China, and I coined the acronym BRIC from their initials to describe them. BRICLab Desde então, a minha carreira tem sido moldada em grande parte por esta única sigla. Até mesmo naquela época, eu havia parado de pensar sobre esses quatro países como mercados emergentes tradicionais. Dez anos depois, sinto-me ainda mais ávido para convencer o mundo que eles, juntamente com outras estrelas em ascensão, são os motores do crescimento da economia mundial, hoje e no futuro. Quando a crise do crédito estourou em setembro de 2008, muitos previam que a história do BRIC havia chegado ao fim. Houve momentos que eu me preocupei com isso também. No rescaldo imediato, os mercados de ações do BRIC caíram mais do que o de seus parentes mais desenvolvidos e realmente parecia que o comércio global sofreria de cicatrizes permanentes. Naturalmente, este temor acabou sendo totalmente infundado. Em alguns aspectos foi exatamente quando a tese BRIC amadureceu. Ela resistiu às sacudidas das bases econômicas mundiais, e emergiu mais robusta do que nunca. Since then my career has been shaped in large part by that single term. Even then I had stopped thinking of these four economies as traditional emerging markets. Ten years later I am even more eager to convince the world that they, along with some other rising stars, are the growth engines of the world economy, today and in the future. When the credit crisis erupted in September 2008, many predicted that the BRIC story was over. There were moments I worried about that too. In the immediate aftermath, BRIC equity markets fell more than those of their developed cousins and it did seem as though global trade might suffer permanent scars. Of course, this fear turned out to be completely unfounded. In some ways that is when the BRIC thesis really came of age. It withstood the shakings of the world’s economic foundations, and emerged more robust than ever. My paper did not cause an immediate splash and its main points were not seen as especially profound at the time. Eu acreditava que a economia global nas próximas décadas seria impulsionada pelo crescimento de quatro países economicamente ambiciosos e populosos: Brasil, Rússia, Índia e China I thought the global economy in the coming decades would be propelled by the growth of four populous and economically ambitious countries: Brazil, Russia, India and China O meu trabalho não causou nenhum impacto imediato, e seus pontos principais não foram vistos como especialmente profundos na época. Baseado em minhas análises do PIB global, escrevi que o Brasil, a Rússia, a Índia e a China juntos controlavam 8% do PIB mundial e iriam enxergar a sua parcela da economia mundial crescer significativamente na próxima década. Based on my analysis of global GDP, I wrote that Brazil, Russia, India and China, which then controlled 8pc of the world GDP, would see their share of the world economy grow significantly in the next decade. Pude observar que o PIB da China já era maior do que o da Itália, que era um membro bem enraizado das superpotências econômicas do grupo G7, e na década seguinte, ela iria começar a ultrapassar uma série de outros membros do G7. Durante os 10 anos seguintes, previ que o peso dos BRICs – e especialmente a China – em termos de PIB mundial iria crescer de forma marcante. O mundo teria que prestar atenção. BRICLab I noted that China’s GDP was already bigger than that of Italy, which was a well-entrenched member of the G7 group of economic superpowers, and over the decade ahead it would start to overtake a number of the other G7 members. Over the next 10 years, I predicted that the weight of the BRICs – and especially China – in world GDP would grow quite markedly. The world would have to pay attention. I predicted that Brazil, given highly favourable but what then appeared to be very unlikely conditions, could by 2011 increase its GDP to “not far behind Italy”. 39 VOTO BRICLab O PIB do Brasil ultrapassou o da Itália em 2010, e se tornou a sétima maior economia mundial, com um PIB em torno de US $ 2,1 trilhões (£1,3 trilhões). Brazil’s GDP overtook Italy’s in 2010, making it the seventhlargest economy in the world, with a GDP of around 2.1 trillion (£1.3 trillion). Previ que o Brasil, dadas as condições altamente favoráveis, mas que, na época, pareciam improváveis, poderia até 2011 aumentar o seu PIB e não ficar muito atrás da Itália. Brazil’s GDP overtook Italy’s in 2010, making it the seventh-largest economy in the world, with a GDP of around $2.1 trillion (£1.3 trillion). O PIB do Brasil ultrapassou o da Itália em 2010, e se tornou a sétima maior economia mundial, com um PIB em torno de US $ 2,1 trilhões (£1,3 trilhão). The other three BRICs have made similarly impressive progress. In the first two months of 2011, for example, we learnt that China’s economy had overtaken Japan’s as the world’s second largest; IndiGO, a little-known low-cost Indian airline, had ordered 180 A320s, making it two-thirds the size of Europe’s long-established easyJet; and Russia had become Europe’s largest car sales market. Os outros três BRICs têm feito progressos similares impressionantes. Nos primeiros dois meses de 2011, por exemplo, descobrimos que a economia da China havia ultrapassado a do Japão e se tornado a segunda maior; IndiGO, uma companhia aérea indiana de baixo custo e pouco conhecida, havia encomendado 180 aviões A320, e se tornado dois terços do tamanho da bem estabelecida easyJet europeia; e a Rússia havia se tornado o maior mercado de vendas de automóveis da Europa. Todos os quatro países BRIC superaram as expectativas que eu tinha deles em 2001. Olhando para trás, para as primeiras previsões, que pareciam chocantes para alguns na época, agora parecem um tanto quanto conservadoras. O PIB combinado dos países BRIC quase quadruplicou desde 2001, de em torno de US $3 trilhões para entre US $11 trilhões e US $12 trilhões. A economia mundial duplicou de tamanho desde 2001, e um terço desse crescimento tem vindo dos BRICs. O crescimento do seu PIB combinado foi mais do que o dobro do crescimento do PIB dos Estados Unidos e foi o equivalente à criação de um novo Japão somado a uma Alemanha, ou igual a cinco Reinos Unidos no período de uma única década. Alguns observadores dizem que o efeito BRICs na economia mundial está sendo exagerado, visto que o seu crescimento foi essencialmente motivado pelas exportações para os mercados desenvolvidos, como também pelo aumento dos preços das commodities. As exportações, certamente, desempenharam um papel importante para a China, mas, desde a crise do crédito de 40 All four of the BRIC countries have exceeded the expectations I had of them back in 2001. Looking back, those earliest predictions, shocking to some at the time, now seem rather conservative. The aggregate GDP of the BRIC countries has close to quadrupled since 2001, from around $3 trillion to between $11 trillion and $12 trillion. The world economy has doubled in size since 2001, and a third of that growth has come from the BRICs. Their combined GDP increase was more than twice that of the United States and it was equivalent to the creation of another new Japan plus one Germany, or five United Kingdoms, in the space of a single decade. Some observers say the effect of the BRICs on the world economy has been exaggerated because their growth was primarily driven by exports to the developed markets, as well as the rise in commodity prices. Exports certainly played a major role for China, but since the 2008 credit crisis and the consequent fall in demand in the US and elsewhere, that is no longer the case. For India, domestic demand has been the driver throughout the last decade, and increasingly it is the domestic consumer as well as an increase in infrastructure spending that is fuelling growth in the BRIC economies. The credit-fuelled growth in US demand certainly played its part in their ascent, but even since 2008, and despite the ongoing US struggles, the BRIC economies have continued to power ahead. BRICLab 2008 e a consequente queda da demanda nos Estados Unidos como em outros lugares, esse já não é mais o caso. Para a Índia, durante a última década a demanda interna tem sido a sua força motriz, e progressivamente é o consumidor local, como também é o aumento dos gastos com infraestrutura que estão alimentando o crescimento nas economias BRIC. O crescimento da demanda alimentada pelo crédito nos Estados Unidos, certamente, desempenhou a sua parte na ascensão dos BRICs, mas, mesmo desde 2008, e, apesar da contínua batalha dos Estados Unidos, as economias BRIC continuaram indo para frente com toda a força. However you choose to interpret the data, the importance of the BRICs in global economic growth is beyond dispute. Personal consumption in the BRIC countries has skyrocketed. In China, between 2001 and 2010, domestic spending increased by $1.5 trillion, or roughly the size of the UK economy. The increase in the other three was about the same, perhaps slightly more. BRICs now account for probably close to 20pc of world trade compared with less than 10pc in 2001. Trade between the BRICs has risen far more quickly than global trade as a whole. Independentemente de como se interpretam os dados, a importância dos BRICs no crescimento econômico global vai além da discussão. O consumo interno nos países BRIC cresceu de forma excepcional. Na China, entre 2001 e 2002, os gastos locais aumentaram em US $1,5 trilhão ou aproximadamente o tamanho da economia do Reino Unido. In 2003, my Goldman Sachs colleagues Dominic Wilson and Roopa Purushothaman published a follow-up paper, Dreaming with BRICs: The Path to 2050, extending my earlier analysis to the middle of the century. They wrote that, by 2035, China could overtake the US to become the largest economy in the world, and by 2039 the combined GDP of the BRIC economies could become bigger than that of the G7. O aumento nos outros três foi similar, talvez um pouco maior. Os BRICs agora são responsáveis por algo em torno de 20% do comércio mundial quando comparados com os menos de 10% em 2001. O comércio entre os BRICs cresceu muito mais rápido do que o comércio mundial como um todo. odo. That paper started to command the attention of many, even though most thought it fanciful at the time. But our updated research suggests that it was anything but: China’s economic output – its gross domestic product – could match that of the US as early as 2027, and perhaps even sooner. Em 2003, os meus colegas olegas na Goldman Sachs Dominic Wilson e Roopa Purushothaman hothaman publicaram um artigo, Dreaming with BRICs (“Sonhando onhando com os BRICs”). A caminho para o ano 2050, estendendo tendendo assim a minha análise inicial até a metade do século. culo. Eles escreveram que, até 2035, a China iria superar os Estados Unidos para se tornar a maior economia do mundo, o, e até 2039 o PIB combinado das economias BRIC poderiaa se tornar maior do que o do G7. Since 2001, China’s GDP has risen fourfold, from $1.5 trillion to $6 trillion. Economically speaking, China has created three new Chinas in the past decade. And it’s likely that the combined GDP of the four BRIC nations will exceed that of the US sometime before 2020. çou a chamar a atenção de muitas pesAquele artigo começou soas, embora muitoss pensassem que fosse um tanto fantasioso na época. Mas a nossa pesquisa atualizada sugere que foi tudo, menos fantasioso: asioso: a produção econômica da China no Bruto – poderá igualar à dos Estados – seu Produto Interno anto 2027, ou talvez até antes. Unidos tão cedo quanto B da China quadruplicou de Desde 2001, o PIB US $ 1,5 trilhão paraa US $ 6 trilhões. Falando em a, a China criou mais três termos de economia, ma década, e, provavelnovas Chinas na última nado das três nações mente, o PIB combinado BRIC irá exceder o dos Estados Unidos até 2020. o para mim que Em 2001, era óbvio ional que coa estrutura institucional mia mundial mandava a economia VOTO BRICLab precisava de renovação. Quando criei o acrônimo BRICs, eu argumentei que o G7, G8 e o FMI não eram mais entidades adequadas para lidar com os desafios do novo mundo. Hoje, isso ficou ainda mais óbvio. Há mais do que orgulho político envolvido nesta questão. A não ser que os BRICs sejam inteiramente abraçados pelos poderes que dominam hoje os conselhos de políticas econômicas mundiais, não aproveitaremos todos os benefícios do seu crescimento. Os países que comandaram o mundo durante a segunda metade do século 20 não podem se dar ao luxo de ficarem cheios de melindres ou muito críticos com países que agora são seus rivais econômicos, simplesmente por causa de seus sistemas políticos e sociais diferentes. Se, genuinamente, queremos tirar mais pessoas da pobreza e colocá-las dentro da classe média e aumentar o comércio e a criação de riqueza, então precisamos pensar com afinco em como superar os obstáculos que ainda prejudicam o fluxo livre de comércio. A governança econômica internacional não é mais um simples assunto que estimula os economistas; é um elemento vital da maneira como o mundo j , e um assunto q funciona hoje, que afeta todos nós. O cl club ubee G6 d dos os p paí aíse sess ma mais is rric icos os e iind ndus ustr tria ialiliza zado doss fo foii fu funnclube países ricos industrializados dado em 1975 quando o então presidente norte-americano, 42 Back in 2001, it was obvious to me that the institutional framework for running the world economy needed an overhaul. When I coined the acronym BRICs I argued that the G7, G8 and IMF were no longer suitable entities to deal with the challenges of the new world. Today it is even more obvious. There is more than national or political pride at stake here. Unless the BRICs are embraced more fully by the powers that now dominate the world’s economic policy councils, we cannot enjoy the full benefits of their growth. Those countries which ran the world for the latter half of the 20th century cannot afford to be squeamish or judgmental about countries which now rival them economically, just because of their different social and political systems. If we genuinely wish to pull more people out of poverty into the middle class and facilitate greater trade and wealth creation, then we need to think hard about overcoming the obstacles which still hinder the free flow of commerce. International economic governance is no longer just a subject to excite economists; it is a vital element of the way the world y, and one that affects ff works today, us all. The G6 club of the richest and largest industrialised countries was founded in 1975 when the then US President, BRICLab Gerald Ford, convenceu uma conferência de cúpula a discutir a primeira crise do preço do petróleo. Ele convidou o Japão, o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Itália para dialogarem com os EUA. Em 1976, ele adicionou o Canadá para equilibrar o grande contingente europeu, formandose assim o G7. Os ministros das Finanças dos países e comandantes dos Bancos Centrais praticamente ainda se encontram três ou quatro vezes a cada ano. Por serem grandes economias com níveis de renda per capita razoavelmente similares e por compartilharem os mesmos valores democráticos, os países do G7 são vagamente similares. Mas hoje eles são pouco representativos da economia mundial, diferentemente de como eram nos anos 80. Naquela época, a China era irrelevante economicamente. Hoje, é a segunda maior economia do mundo. O Brasil é maior do que a Itália agora. França, Alemanha e Itália compartilham uma única moeda. Gerald Ford, convened a summit to discuss the first oil-price crisis. He invited Japan, the UK, Germany, France and Italy to talks with the United States. In 1976 he added Canada, to balance the large European contingent, thus forming the G7. The countries’ finance ministers and central bank governors still, typically, meet three or four times each year. As large economies with reasonably similar income levels per head and shared democratic values, the G7 countries are vaguely similar. But they are hardly representative of the world economy in the way they were back in the 1980s. Back then, China was economically irrelevant. Today it is the second-largest economy in the world. Brazil is bigger now than Italy. France, Germany and Italy share a single currency. Brasil, Índia e Rússia são, isoladamente, maiores do que o Canadá. Apesar disso, o G7 ainda se reúne e seus líderes ainda se comportam como se suas nações dominassem o mundo. Se o G7 fosse formado hoje, teria que incluir a China. Poderia facilmente usar-se um argumento a favor do Brasil, da Índia ou da Rússia contra o Canadá e, desde a Each of Brazil, India and Russia is bigger than Canada. Yet the G7 still meet and their leaders still behave as though their nations dominate the world.If the G7 were being formed today it would have to include China. A case could easily be made for Brazil, India or Russia over Canada, and since the introduction of the euro as a common currency in 1999, there seems little logic behind the individual participation of three eurozone members in the G7, especially the smallest of them, Italy. Os países que comandaram o mundo durante a segunda metade do século 20 não podem se dar ao luxo de ficarem cheios de melindres ou muito críticos com países que agora são seus rivais econômicos Those countries which ran the world for the latter half of the 20th century cannot afford to be squeamish or judgmental about countries which now rival them economically introdução do Euro como moeda comum em 1999, parece haver pouca lógica por trás da participação individual de 3 membros da zona do Euro no G7, especialmente o menor deles, a Itália. If membership hinged only on economic criteria rather than political influence, then I would suggest that a new “Growth 8” grouping comprising the Growth Markets [the BRICs plus Mexico, Indonesia, South Korea and Turkey] would be a much more sensible club than the G7. From 2011 to 2020, the change in the aggregate GDP of the Growth 8 is likely to be around double that of the G7 in US dollar terms. Se a adesão se baseasse apenas em critérios econômicos, em vez de influência política, então eu sugeriria um novo agrupamento– “Crescimento 8”–, que incluiria os mercados de crescimento (os BRICs mais o México, a Indonésia, a Coréia do Sul e a Turquia) e seria um clube muito mais sensato do que o G7. De 2011 a 2020, a mudança do PIB combinado do “Crescimento 8” provavelmente será em torno do dobro do crescimento do PIB do G7 em dólares americanos. BRICLab The G7 must find an appropriate forum in which world policymakers can meet regularly in an effective manner to implement better solutions to the economic challenges of our 43 VOTO BRICLab O G7 deve encontrar um fórum apropriado em que os decisores políticos mundiais possam se reunir regularmente de uma forma eficaz para implementar soluções melhores para os desafios econômicos do nosso tempo. Os dias do Clube das democracias “ocidentais” está com seu prazo de validade vencido. Talvez o G20 seja – por enquanto – o melhor que podemos criar. No G20, estão incluídas as 19 maiores economias mundiais (incluindo os BRICs) mais a União Europeia, bem como os chefes do FMI e do Banco Mundial. Enquanto houver um número expressivo de países batendo fortemente às portas dos grupos “G”, existirá um outro problema que é a saída dos países cuja relevância enfraqueceu. Uma vez que um país é admitido em um grupo “G”, fica difícil retirá-lo depois. Tenho pensado seguidamente que uma tarefa principal para o FMI deveria ser a definição de critérios de elegibilidade para os grupos “G”. Deveria haver um sistema de promoção e relegação com base em indicadores claramente objetivos. Os critérios poderiam incluir tamanho, riqueza e talvez algo semelhante a um GES (Growth Environment Score), que mede o progresso sustentável. Seria um grande desafio diplomático para o FMI ou para qualquer um gerenciar os egos nacionais e forçar a implementação de tal abordagem, mas, se bem-sucedida, tornaria os grupos “G” consistentemente relevantes e gerenciáveis. A perspectiva de adesão poderia também servir para motivar países como o Paquistão, o Irã e a Nigéria. A ideia de que, sob certas condições, eles poderiam fazer parte de um clube que comanda os assuntos globais, poderia ser um poderoso incentivo, da mesma forma que a adesão à UE foi cobiçada pelos estados do Leste Europeu que formavam a antiga União Soviética. Seria um grande desafio diplomático para o FMI ou para qualquer um, gerenciar os egos nacionais e forçar a implementação de tal abordagem, mas, se bemsucedida, tornaria os grupos “G” consistentemente relevantes e gerenciáveis 44 times. The days of a “Western” club of democracies is well past its sell-by date. Perhaps the G20 is – for now – the best we can come up with. The G20 members include 19 of the world’s largest economies [including the BRICs] plus the European Union, as well as the heads of the IMF and World Bank. While there are a number of countries hammering on the doors of the “G” groups, another persistent problem is ushering out those countries whose relevance has waned. Once a country has been admitted to a G group, it is hard to force it out again. I have often thought that a major task for the IMF should be setting eligibility criteria for G groups. There should be a system of promotion and relegation based on clear objective indicators. Criteria could include size, wealth and perhaps something akin to a GES (Growth Environment Score) which measures sustainable progress. It would be a tough diplomatic challenge for the IMF or anyone to manage the national egos and force implementation of such an approach but, if successful, it would make the G groups consistently relevant and manageable. The prospect of membership could also serve to motivate countries such as Pakistan, Iran and Nigeria. The idea that under certain conditions they could be part of the club running global affairs might become a powerful incentive, in the same way that EU membership was coveted by the former Soviet states of eastern Europe. As noted, one obvious step towards streamlining the management of the G7 and G20 would be merging the memberships of France, Germany and Italy into a single EU common currency membership. It would be a tough diplomatic challenge for the IMF or anyone to manage the national egos and force implementation of such an approach but, if successful, it would make the G groups consistently relevant and manageable BRICLab Como se observa, um passo óbvio para facilitar a gestão do G7 e do G20 seria a fusão dos membros França, Alemanha e Itália em um único sócio que compartilha uma moeda comum da UE. Quando o G7 interveio para conter o iene em março de 2011, foi o Banco Central Europeu que estava operando nos mercados cambiais, em vez dos Bancos Centrais de cada país. Já que a França, a Alemanha e a Itália agora possuem uma moeda e uma política monetária comuns, parece simplesmente ser força do hábito que eles frequentem reuniões econômicas globais como entidades separadas. A associação do Canadá e da Grã Bretanha no G7 também poderá, em breve, vir a ser avaliada, mas eu não vejo nada de errado com isso. O orgulho político pode levá-los a argumentar que a exclusão do G7 iria diminuí-los internacional e economicamente. BRICLab When the G7 intervened to restrain the yen in March 2011, it was the European Central Bank which operated in the foreign exchange markets, not the central banks of the individual countries. Since France, Germany and Italy now have a common currency and a common monetary policy, it seems simply through force of habit that they attend global economic meetings as separate entities. Canadian and British membership of the G7 might also soon come under scrutiny, but I see nothing wrong with that. Political pride might lead them to argue that exclusion from the G7 would diminish them internationally and economically. But I would disagree. Switzerland plays no role in the G7, and yet its currency is more important than Canada’s and Zurich is a more important financial centre than Toronto. 45 VOTO BRICLab Mas eu discordaria. A Suíça não desempenha nenhum papel no G7, ainda assim a sua moeda é mais importante do que a do Canadá, e Zurique é um centro financeiro mais importante do que o de Toronto; Genebra, Zurique, e mesmo Cingapura são mais importantes do que os centros financeiros da Itália em Milão e Roma. Muitos de nós na área de negócios e finanças crescemos pensando que o consumidor dos Estados Unidos é quem impulsiona o mundo. Até 2020, esta noção será uma mera observação histórica. A próxima década dará poder às economias BRIC para serem maiores do que os Estados Unidos, dará poder às nações do “Crescimento 8” a ser quase tão grandes quanto as do G7, e determinarão o sucesso ou o fracasso global da maioria das multinacionais ocidentais. No início, nos anos tumultuados que seguiram a crise global de crédito, pode parecer para muitos na Europa e nos EUA que o modelo econômico ocidental está falido, que a vida nunca mais será a mesma de novo, e que os BRICs estão tomando conta às nossas custas. Mas meu palpite é que, dentro de alguns anos, esse humor deprimente irá se dissipar. Se os BRICS atingirem seus objetivos, será bom para o mundo, e bom para nós. O meu único arrependimento na minha primeira análise dos BRICs em 2001 é de que nós não fomos mais ousados. no omias BRIC Entre 2001 e 2010, o PIB das economias daamente do aumentou muito mais acentuadamente essmo em um m que eu havia pensado possível, mesmo cenário mais otimista. Além disso, a riqueza de seus cidadãos apresentou aumentos igualmente notáveis, tirando centenas de milhões de pessoas da pobreza. Seu PIB per capita, a melhor indicação de riqueza individual, triplicou coletivamente. daa A China começou a década como o maior dos BRICs e as as-sim permaneceu. rp presa O Brasil foi a segunda grande surpresa m para nós, pelo menos em termoss monetários. Incluindo-o entre os BRICs, Css, foi a minha maior aposta, mas, em 2010, 0,, já havia ultrapassado a Itália para se tornar rnnar a sétima maior economia do mundo, o, com um PIB de US $ 2,1 trilhões (£ 1,3 trilhão). rilhão). Eu nunca imaginei que o Brasil pudesse ud desse crescer tanto e tão rápido. A nossa análise náálise não sugeriu que atingiria este estágio antes nttes de 2020. Geneva, Zurich, and even Singapore are more important than Italy’s financial centres in Milan and Rome. Many of us in business and finance have grown up thinking that the US consumer drives the world. By 2020, this notion will be a mere historical observation. The next decade will power the BRIC economies to be bigger than the US, power the eight Growth Market nations to be nearly as big as the G7, and determine most Western multinationals’ global success or failure. In the early, rocky years following the global credit crunch it might seem to many in Europe and the US that the Western economic model is broken, that life will never be the same again, and that the BRICs are taking over at our expense. But my guess is that within a couple of years this depressing mood will lift. If the BRICs achieve their goals it will be good for the world, and good for us. My only regret on the first BRICS analysis of 2001 is that we weren’t bolder. Between 2001 and 2010, the BRIC economies’ GDP rose much more sharply than I had thought possible even in the most optimistic scenario. Moreover, their citizens’ wealth showed equally remarkable increases, bringing hundreds of millions of people out of poverty. Their GDP per capita, the best indication of individual wealth, collectively trebled. biggest of China started the decade as the bi the BRICs and has remainedd sso. Brazil surprise was the second big surpr rise for us, a least in monetary terms. at term ms. BRICs was IIncluding ncluding it among the BR myy biggest gamble, but by 2010 it m Mesmo não havendo dúvida quanto ao notável progresso das exportações da China na última década, esta não é toda a história. O mais significante é o aumento do consumo chinês While there is no doubting China’s remarkable export progress in the last decade, this is not the whole story. More significant is the rise of the Chinese consumer Índia e Rússia também superaram minhas previsões de crescimento nominal e real do PIB. had overtaken Italy to become the seventh largest economy in the world, with a GDP of $2.1 trillion (£1.3 trillion). Alguns comentaristas afirmam que essas observações exageram com relação ao impacto do crescimento do BRIC, que foi produto de um conjunto bizarro e irrepetível de circunstâncias: o crescimento rápido das exportações, o boom das commodites e a insustentável demanda dos EUA. I never imagined Brazil could grow so big so fast. Our [analysis] did not ]suggest that it would reach that stage until after 2020. India and Russia also surpassed my forecasts for nominal and real GDP growth. Ainda que os números sejam vistos a partir de uma perspectiva de demanda, ao invés do PIB, e se omitirmos as exportações, então uma imagem ainda mais forte do crescimento do BRIC surgiria. Mesmo não havendo dúvida quanto ao notável progresso das exportações da China na última década, esta não é toda a história. O mais significaivo é o aumento do consumo chinês. Até os dados oficiais conservadores chineses indicam um que o individual para US $ 1,5 trilhão entre 2001 e 2011, o equivalente a criar outro Reino Unido. A China já não é apenas um fenômeno de mão de obra barata. O seu povo está escalando rapidamente a escada da receita e dos gastos. O papel do BRIC no comércio mundial também está se expandindo mais rápido do que pensávamos inicialmente, e, certamente, muito mais rápido do que o comércio mundial em geral. O comércio dentro dos BRICs acelerou acentuadamente, principalmente porque o Brasil e a Rússia fornecem muitas das commodities necessárias para China e Índia. Esse padrão parece destinado a continuar na próxima década e, além dela, forçando ajustes das políticas cambiais desses países. BRICLab Some commentators claim these observations overstate the impact of BRIC growth, that it was the product of a freakish and unrepeatable set of circumstances: rapid export growth, the commodity boom and unsustainable US demand. Yet if the numbers are viewed from a demand perspective, rather than GDP, and omitting exports, then an even stronger picture of BRIC growth emerges. While there is no doubting China’s remarkable export progress in the last decade, this is not the whole story. More significant is the rise of the Chinese consumer. Even the conservative official Chinese data indicate that personal consumption rose by $1.5 trillion between 2001 and 2011, the equivalent of creating another UK. China is no longer just a low-cost labour phenomenon. Its people are rapidly rising up the income ladder and spending. The BRICs’ role in world trade is also expanding faster than we first thought and certainly much faster than world trade overall. Trade within the BRICs has accelerated sharply, largely because Brazil and Russia supply so many of the commodities needed by China and India. This pattern looks set to continue in the next decade and beyond, forcing adjustments to these countries’ foreign exchange policies. BRIC leaders are already discussing alternatives to using the US dollar as their main trading currency. 47 VOTO BRICLab Os líderes do BRIC já estão discutindo alternativas ao uso do dólar norte-americano como sua moeda de negociação principal. Os BRICs, em especial a China e o Brasil, têm se tornado poderosos ímãs para o investimento estrangeiro direto. Além disso, eles estão também acumulando reservas cambiais. Em meados de 2011, a China sozinha possuía mais do que US $ 3 trilhões em reservas cambiais, próximo de 50% de seu PIB, muito maior do que qualquer outro país do mundo. É impressionante o quanto mudou em apenas uma década, mas também o quão pouco a estrutura original dos BRICs se alterou. Em todas as minhas análises das economias mundiais, em meio a todas as informações e publicidade exagerada, me mantive focado nos benefícios da expansão de uma força de trabalho mais produtiva. The BRICs, notably China and Brazil, have become powerful magnets for foreign direct investment. Moreover, they have also been piling up foreign exchange reserves. By the middle of 2011, China alone held more than $3 trillion in foreign exchange reserves, close to 50pc of their own GDP, vastly larger than any other country in the world. It is striking how much has changed in just a decade, but also how little the original BRICs’ framework has altered. In all my analysis of world economies, amid all the information and hype, I have stayed focused on the benefits of an expanding, more productive workforce. While the 2001 paper turned out to be the beginning of years of research and analysis on those themes, and my colleagues and I have subsequently refined them, the framework itself has stayed the same. Embora o artigo de 2001 tenha se tornado o início da análise e pesquisa destes temas, eu e meus colegas continuamos aperfeiçoando-o, mas a estrutura em si se manteve inalterada. Even though I had always known it from my basic economics training, I had not fully appreciated the simple but critical importance of demographics and productivity. Mesmo que sempre soubesse desde minha formação básica em economia, eu não havia reconhecido a Simply applying the most credible estimates of long-term demographic trends, especially for the working population, Em todas as minhas análises das economias mundiais, em meio a todas as informações e publicidade exagerada, eu me mantive focado nos benefícios da expansão de uma força de trabalho mais produtiva Even though I had always known it from my basic economics training, I had not fully appreciated the simple but critical importance of demographics and productivity importância simples, mas crítica da demografia e da produtividade. is the intellectual cornerstone of the argument for the BRICs’ potential. Simplesmente aplicar as estimativas mais fidedignas de tendências demográficas de longo prazo, especialmente para a população trabalhadora, é a pedra fundamental intelectual do argumento para o potencial dos BRICs. Between them, the four BRIC countries are home to close on 3 billion people, not far off half the world’s population. In some ways, it shouldn’t be that much of a surprise that anyone should think they would be the potentially largest economies. The world’s largest populated nations probably should have the biggest economies. Entre eles, os quatro países BRIC estão próximos de fechar em 3 bilhões de pessoas, não muito longe da metade da população do mundo. De certa forma, não seria uma surpresa que pensassem que eles seriam potencialmente as maiores economias. As 48 Certainly, for their people to enjoy the wealth that many throughout the rest of the world enjoy, they would need to have big successful economies. BRICLab maiores nações em população provavelmente deveriam ter as maiores economias. Certamente, para que seu povo desfrute da riqueza que muitos em todo o resto do mundo desfrutam, eles precisariam ter grandes economias bem-sucedidas. Como o falecido Angus Maddison, um reconhecido especialista em história e análise do crescimento e desenvolvimento econômico mostrou os dois países mais populosos, a China e a Índia, no passado constituíam uma parcela muito maior do PIB global. Em sua análise pioneira da história econômica, Maddison mostrou que a China dominou o mundo entre os séculos 10 e 15 em termos de tamanho e riqueza. Durante séculos, até então, a Índia era a economia dominante e, por vezes, a parcela combinada do PIB dos dois países ficava acima de 50% do PIB global. BRICLab As the late Angus Maddison, a recognized expert on the history and analysis of economic growth and development, has shown, the two most populous countries, China and India, in the past constituted a much bigger share of global GDP. In his path-breaking analysis of economic history, Maddison showed that China dominated the world between the tenth and fifteenth centuries in terms of size and wealth. For centuries until then, India was the dominant economy and at times, the two countries’ combined share of global GDP was above 50pc. Why couldn’t it happen again? I believe it will. Given the BRICs’ success, it should be no surprise that many other countries are now vying to be dubbed the next BRIC. 49 VOTO BRICLab Dado o sucesso do BRICs, não deveria ser uma surpresa de que muitos outros países estão competindo agora para serem apelidados o próximo BRIC Given the BRICs’ success, it should be no surprise that many other countries are now vying to be dubbed the next BRIC Por que isso não poderia acontecer de novo? Eu acredito que irá. In 2005, my team at Goldman Sachs tried to determine which would be the next group of developing countries to follow in the BRICs’ wake. Dado o sucesso do BRICs, não deveria ser uma surpresa de que muitos outros países estão competindo agora para serem apelidados ‘o próximo BRIC’. Em 2005, a minha equipe no Goldman Sachs tentou determinar qual seria o próximo grupo de países em desenvolvimento a seguir o rastro do BRICs. Nós encontramos um grupo que chamamos de os “Próximos 11”, ou N-11, para encurtar. Eles são Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, Coréia (Sul), México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Turquia e Vietnã. Embora pensássemos que nenhum N-11 corria o risco de atingir o tamanho de qualquer um dos BRICs, previmos que o México e a Coréia tinham a capacidade de se tornar quase tão importantes quanto os BRICs. O conceito N-11 tornou-se uma estrutura importante usada por muitos, de investidores a decisores políticos globais, para a interpretação das mudanças na economia mundial. Os BRICs e o N-11 não explicam tudo, mas provaram que são modelos resistentes e úteis para ajudar a nossa compreensão do que está acontecendo na economia e nos mercados mundiais. No início de 2011, decidi que o termo mercados emergentesjá não mais poderia ser aplicado aos BRICs e a quatro das nações do N-11: Indonésia, Coréia, México e Turquia. Esses são agora os países com dívida pública e posições deficitárias sensatas, robustas redes de comércio e um enorme número de pessoas subindo firmemente a escada econômica. Para que os investidores compreendam a dimensão de oportunidade que aqui se encontra, e para os decisores políticos captarem o que está mudando no mundo, eles precisam enxergar esses países separados dos mercados emergentes tradicionais. Decidi que o termo mais correto seria Mercados de Crescimento. *Presidente da Goldman Sachs Asset Management *Chairman of Goldman Sachs Asset Management We came up with a group that we called the ‘Next Eleven’, or N-11 for short. They are Bangladesh, Egypt, Indonesia, Iran, (South) Korea, Mexico, Nigeria, Pakistan, the Philippines, Turkey and Vietnam. Although we thought no N-11 country was likely to grow to the size of any of the BRICs, we predicted that Mexico and Korea had the capacity to become almost as important as the BRICs. The N-11 concept has become an important framework used by many, from investors to global policymakers, to interpret the changes in the global economy. The BRICs and the N-11 don’t explain everything, but they have proved useful and enduring models to help our understanding of what is happening in the world’s economy and markets. In early 2011, I decided that the term emerging markets could no longer be applied to the BRICs and four of the N-11: Indonesia, Korea, Mexico and Turkey. These are now countries with largely sound government debt and deficit positions, robust trading networks and huge numbers of people all moving steadily up the economic ladder. For investors to understand the scale of the opportunity here, and for policymakers to grasp what is changing in the world, they must see these countries apart p from f the traditional emerging erging markets. I decided that a more accurate ccurate term would be Growth Markets. ets. TRENSURB - RS ESTÁDIO DO CORINTHIANS - SP PROLONGAMENTO DOS MOLHES - RS Organização de origem brasileira, de negócios diversificados, com atuação mundial, presta serviços e fabrica produtos para clientes de cinco continentes. Desde sua fundação em 1944, os integrantes são orientados por uma filosofia própria, baseada em valores humanísticos e consolidada na Tecnologia Empresarial Odebrecht. BARRAGEM DO ARROIO TAQUAREMBÓ - RS Como parte de suas responsabilidades empresariais, ao servir clientes e as sociedades em que está inserida, colabora para a constituição de comunidades e países economicamente prósperos, socialmente inclusivos, ambientalmente sustentáveis, politicamente participativos e culturalmente ricos. Sua presença em países da América do Sul, América Central e Caribe, América do Norte, África, Oriente Médio e Europa, a torna a maior exportadora brasileira de serviços, e sua atuação descentralizada lhe permite satisfazer as necessidades específicas de seus clientes, por ser uma empresa local em cada país onde atua. EMBRAPORT - SP VIA EXPRESSA SUL - SC AQUAPOLO - SP PONTE RIO PARANÁ - PR