Cenário Econômico Economic Scenario Cenário Econômico Economic Scenario A longa estrada da recuperação econômica The long road to economic recovery O mundo se olha no espelho e constata que está ficando velho, acabado e repetitivo The world looks in the mirror and realizes that it is getting old, exhausted and repetitive M ais um ano se passou e o mundo nem sequer ouviu falar da esperada retomada das atividades produtivas. É verdade que algumas pegadas, ao longo do caminho trilhado pelos agentes econômicos, aqui e ali, deixaram entrever, em diferentes momentos, indícios otimistas. Mas a verdade, no entanto, é que os vestígios não foram os esperados. E a crise atual, tão grave quanto o crash da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, vai assumindo, a cada ano que passa, contornos bem parecidos com a primeira derrocada do sistema capitalista. Inclusive naquilo que diz respeito à sua longevidade. Naquela ocasião, é sempre bom lembrar, os Estados Unidos levaram mais de uma década para se reerguer e 40 A nother year has passed and the world has not even heard of the expected resumption of production activities. It is true that some footprints here and there along the path followed by ‘economic agents’ showed, at different times, optimistic signs. But the truth, however, is that the signs were not exactly the expected ones. And the current crisis, as severe as the New York Stock Market’s crash in 1929, takes on, with each passing year, contours very similar to the first collapse of the capitalist system. Even in terms of longevity. At that time, it is always good to remember, the US took more than a decade to rebuild and a few scholars argue that the full Panorama do AÇO • 2014 alguns estudiosos do tema sustentam, inclusive, que a recuperação plena só veio após a II Guerra Mundial, quando, aliás, o gigante da América do Norte assumiu o papel de protagonista da História. Parece que foi ontem. Mas já se passaram cinco anos desde que a desregulamentação das atividades financeiras na economia americana criou as condições necessárias para a chamada bolha ocorrida no mercado imobiliário daquele país. Como se não bastasse, uma série de déficits fiscais em países europeus agravou a crise e mudou, de uma hora para outra, o cenário econômico mundial. As consequências são bem conhecidas: escassez de crédito, uma drástica redução de investimentos e a diminuição do fluxo comercial entre os países. Desnecessário assinalar, os chamados países emergentes, entre eles o Brasil, sofreram e ainda sentem os efeitos do fenômeno. Por último, mas não menos destituído de importância, a China, carro-chefe dos Brics e segunda economia do mundo, deixou de crescer a taxas de dois dígitos. O andar da carruagem não é muito diferente na ainda maior economia do planeta, os Estados Unidos. Epicentro da maior crise financeira internacional, o berço do capitalismo trafega em marcha lenta e muito aquém das necessidades que, na verdade, não são apenas suas. Afinal de contas, o resto do chamado mundo globalizado está umbilicalmente ligado ao país que cresceu à luz dos princípios da livre inciativa. Filosofia que, por conta da recessão que ainda ronda o mundo, foi temporariamente trocada por um receituário estatal. A exemplo, aliás, do que aconteceu em 1929, quando o governo interveio nas atividades dos bancos, criou leis de proteção ao trabalho e executou um programa de obras públicas, os EUA voltaram a impor limites ao sistema financeiro, além de um inédito programa de estímulos à economia. recovery came only after World War II, when, in fact, the giant of North America took over the starring role of history. It seems like yesterday. But 5 years have already passed since the deregulation of financial activities in the US economy created the necessary conditions for the so called bubble occurred in the real estate market in that country. As if that was not enough, a number of fiscal deficits in European countries worsened the crisis and changed from one moment to another the global economic scenario. The consequences are well known: lack of credit, a drastic reduction of investments and trade flow reduction between countries. Needless to point out that the so called emerging countries, including Brazil, have suffered and still feel the effects of the phenomenon. Last but not least unimportant, China, flagship of the BRICs and the second economy in the world, failed to grow at two-digit rates. The turn of events is not very different in the US, the world’s largest economy. Epicenter of the largest international financial crisis, the cradle of capitalism travels idling and far short of the needs actually are not just their own. After all, the rest of the world –-with economies considered globalized-- is inextricably linked to the country, which grew under the principles of free initiative. Due to the recession that still stalks the world, this philosophy was, however, temporarily replaced by a more nationalized economic formula. Moreover, similarly to what happened in 1929, when the government intervened in the activities of the banks, created laws protecting labor and executed a public works program, the US again imposed limits on its financial system, in addition to launching an unprecedented program of economic incentives. Lenta e gradual Os resultados, é verdade, são modestos. De acordo com o chefe da missão de avaliação dos EUA do Fundo Monetário Internacional (FMI), GianMaria Ferreti, a economia americana ainda está no conserto. “Cinco anos depois, o desemprego permanece muito alto, o Produto Interno Bruto (PIB) cresce abaixo do ideal e o mercado imobiliário, o grande estopim da recessão, apresenta nítidos constrangimentos”, argumenta. Já o economista-chefe para EUA do banco HSBC, Kevin Logan, entende que de 18 meses para cá, a crise propriamente dita Slow and gradual The results are, actually, modest. According to the head of the US assessment task force at the International Monetary Fund (IMF), Gian-Maria Ferreti, the US economy is still being repaired. “After five years, unemployment remains too high, the GDP grows less than what would be considered ideal and the real estate market, the major cause of the recession, presents crisp constraints,” he said. The chief economist at HSBC for the US, Kevin Logan, believes that from 18 months ago to today, the crisis itself has been overcome, but the STEEL Panorama • 2014 41 CENÁRIO ECONÔMICO ECONOMIC SCENARIO foi superada, mas o processo econômico americano ainda sofre os efeitos do choque. “A população está excessivamente no vermelho e, por isso, o consumo das famílias, responsável por mais de 70% do PIB, continua desapontando”, disse o analista. Há quem se debruce, no entanto, sobre o outro lado da moeda, a comunidade europeia, e perceba uma certa luz no fim do túnel. No final do ano American economic process still suffers the effects of shock. “The population is heavily indebted and therefore consumer spending, which accounts for over 70% of GDP, remains disappointing,” said the analyst. But for those that analyze the other side of the coin, the European community, there seems to be some light at the end of the tunnel. Late last year, for % ProJEçõEs DE crEscIMEnto growth proJectionS 2009 2010 MUNDO 2009 2010 2012 2013* 2014* 5,2 3,6 3,2 ESTADOS UNIDOS 2,5 2,9 2,6 ZONA DO EURO 2 1,4 0,2 -0,2 0,6 -3,1 -1,3 -4,9 CHINA INDIA 10,4 10,5 1,9 1,7 0,2 1,4 9,2 3,8 7,6 3,2 -5,2 ARGENTINA 7,5 1 Fonte / Source: FMI / IMF 42 PERU 9,2 8,8 5,7 2,8 2,5 2,5 0,9 1,9 5,1 8,5 7,3 7,7 -0,3 -4,2 -6,4 -3,8 -5,1 -0,4 GRECIA -1,6 0,5 BRASIL 1 -4,4 ESPANHA 0,9 2012 2013* 2014* -0,6 -2,8 3,9 REINO UNIDO 2,8 2009 2010 1,6 -0,4 ALEMANHA 2012 2013* 2014* 6,3 5,4 3,5 -0,9 *PROJEçÕES DO FMI / IMF PrOJEctIOnS Panorama do AÇO • 2014 Laymark.com.br A FORÇA DO AÇO NOS FAZ IR ALÉM As Empresas Randon parabenizam a AARS - Associação do Aço do Rio Grande do Sul - pela passagem de seus 50 anos. Sempre defendendo os interesses do setor com ética, a AARS é mais que uma entidade de classe, é um exemplo de trajetória de sucesso, alicerçada em bases sólidas e resistentes. Uma longa e próspera estrada pela frente. É o que desejam as Empresas Randon. STEEL Panorama • 2014 43 Cenário Econômico Economic Scenario passado, por exemplo, a analista econômica Míriam Leitão, do jornal O Globo, destacou em sua coluna a percepção das agências de classificação de risco a respeito dos países europeus. Ela lembrou que o desemprego continua alto e o crescimento na região é baixo, “mas ninguém fala mais em saída da Grécia do grupo, a Espanha já está deixando a recessão após cinco trimestres e a Irlanda anunciou que não example, economic analyst Míriam Leitão, from the O Globo newspaper, pointed out in her column the perception of the risk rating agencies regarding the European countries. She noted that unemployment remains high and growth in the region is low, “but no one talks anymore about the exit of Greece from the group, Spain is now leaving the recession after five quarters, and Ireland announced that further O RETRATO DOS PAÍSES The portrait of countries RATINGS E PERPECTIVAS RATINGS AND PERSPECTIVES INDICADORES DOS BRICS BRICS INDICATORS PIB Média últimos 5 anos Average GDP in the last 5 years Brasil Rússia Grau de Investimento Investment Grade Perspectiva Perspective 3,2% Aaa Aa1 Aa2 Aa3 A1 1,9% Índia 6,5% China África do Sul MOODY’S 9,3% 2,2% Baa1 INFLAÇÃO IPC médio dos últimos 5 anos INFLATION average IPC in the last 5 years Brasil 5,7% 8,7% Rússia Índia Baa2 Baa3 AAA AA+ AAA+ 3,2% 1,9% China África do Sul 6,5% 2,2% BBB+ BBB 9,3% BBB- SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES CURRENT ACCOUNT BALANCE Índia China África do Sul -3,3% AAA AA+ AAA+ A ABBB+ BBB 4,5% -4,7% (% do PIB) Taxa média dos últimos 5 anos Average GDP in the last 5 year Rússia 18,8% 22,4% 35,6% Índia 47,5% China África do Sul Brasil Rússia Africa do Sul Índia Estável Stable Negativa Negative Estável Stable Estável Stable FITCH Grau de Investimento Investment Grade Perspectiva Perspective 4,7% TAXA DE INVESTIMENTO INVESTMENT RATE Brasil Estável Stable Ba1 -2% Rússia China Grau especulativo Speculative Grade (% do PIB) Taxa média dos últimos 5 anos Average GDP in the last 5 years Brasil Estável Stable Negativa Negative Estável Stable Estável Stable STANDAR & POOR’S Grau de Investimento Investment Grade Perspectiva Perspective Taxa média dos últimos 5 anos Average rate in the last 5 years Brasil Índia Rússia África do Sul Brasil Índia Ba1 2,9% África do Sul 6,7% DÍVIDA BRUTA (% do PIB) GROSS DEBT Rússia Estável Stable Grau especulativo 10,4% China China 20,1% BBB- China Estável Stable Brasil Rússia Africa do Sul Índia Estável Stable Negativa Negative Estável Stable Estável Stable Grau especulativo Speculative Grade BB+ Fonte / Source: Austin, BC, IBGE, FMI, MDIC, BID, OCDE, JP Morgan, S&P, Moody’s e Fitch 44 Panorama do AÇO • 2014 A China cresceu acima de dois dígitos durante uma década e isso provocou mudanças no fluxo do comércio mundial China grew above the two-digit line during 10 years and this led to changes in the flow of global trade precisa mais de ajuda do FMI”. Outro dado a favor vem do déficit comercial somado de Itália, Espanha, Grécia e Portugal, que chegou a 180 bilhões de euros em doze meses e caiu para 18 bilhões de euros em setembro do ano passado. PROJEÇÃO E FATO PROJECTED AND ACTUAL RESULTS Mercado foi otimista nos três primeiros anos do governo Dilma Market was optimistic in the first three years of the Rousseff administration 4,50% 2,70% 3,30% 3,26% 2,28%* help from the IMF is no longer required.” Another fact in favor has to do with trade deficits of Italy, Spain, Greece and Portugal, as a group, which reached 180 billion Euros in twelve months and fell to 18 billion Euros in September last year. 1,00% Otimismo moderado Moderate optimism Nem tudo, no enH o w e v e r, n o t tanto, é motivo de otieverything is a cause mismo. Quase nada, na for optimism. Almost Projeção feita em Janeiro Resultado verdade, a julgar pelo nothing is joy, actually, Projection made in January Results judging by the ups and sobe e desce dos indi*Projeção do Boletim Focus de 6 de janeiro de 2014 downs of economic incadores econômicos das *Projection by the Focus Bulletin on January 6th, 2014 dicators in the most imprincipais economias portant economies of the do mundo. Os Estados Unidos são um bom exemplo. Por um lado, é correto world. The US is a good example. On the one hand, afirmar que a economia americana escapou da beira it is correct to say that the US economy escaped the do abismo e surgiu no horizonte como a locomoedge of the abyss and emerged on the horizon as the tiva da esperada recuperação. Por outro, tanto os locomotive pulling the expected recovery. On the números do passado recente, quanto as previsões other hand, the figures of the recent past and those planned for the near future change every month as para o futuro próximo mudam a cada mês como a the formatting of the clouds in the sky. And a quick formatação das nuvens no céu. E uma rápida olhada look on the GDP, investments, unemployment and sobre o PIB, investimentos, desemprego e outros other relevant information gives the impression of dados relevantes deixam entrever uma estrada longa a long road traveled at a slow pace. e uma caminhada em marcha lenta. The situation in China is also symbolic, and leads Já o caso da China é igualmente emblemático e us to reflect on the most important member of the nos remete a uma reflexão sobre o mais importante BRIC countries. As if the world looked in the mirror membro dos chamados BRICs. Como se o mundo se and realize that it is getting old, exhausted and olhasse no espelho e constatasse estar ficando velho, repetitive, he Asian giant is at a crossroads, let’s say, acabado e repetitivo, o gigante asiático está numa repeatedly seen with countries on the rise: how long encruzilhada, digamos, recorrente entre os países the Chinese will sustain the impressive economic em ascensão: por quanto tempo os chineses poderão growth that the country has experienced in recent sustentar o crescimento econômico impressionante decades? After all, growing above a two-digit rate que o país vem experimentando nas últimas décadas? over a solid decade leads, and in fact led, to signifiAfinal de contas, crescer acima de dois dígitos ao longo de dez anos provoca, como provocou, mudanças sigcant changes in the trade relations among several countries. And that is especially true regarding the nificativas nas relações comerciais entre os países. E Brazilian economy, since China, and its formidable isso diz respeito à economia brasileira, já que a China, demand for commodities, has become the main e sua formidável demanda por commodities, passou a destination of our exports. ser o principal destino de nossas exportações. STEEL Panorama • 2014 45 Cenário Econômico Economic Scenario Mas, se por um lado a economia chinesa impulsiona o processo produtivo no resto do mundo, em alguns casos provoca o que já vem sendo chamado de efeito asiático no Ocidente. O mais emblemático deles é a desindustrialização em regiões como a América do Sul. Por aqui, o peso da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) da região, que já foi de 25%, caiu para apenas 13%. Entre outras coisas por causa dos excedentes de sua produção de aço – que é comercializado com preços artificialmente baixos. Esse, no entanto, é um tema que veremos mais adiante. 46 But, if on one hand the Chinese economy boosts the production process in the rest of the world, in some cases it causes what is already being called the Asian effect in the West. The most significant of these is deindustrialization in regions such as South America. This way, the weight of the industry in the region’s GDP, which was once at 25 percent, fell to only 13 percent. Among other things, due to the surplus of its steel production – that is marketed with artificially low prices. This is, however, a subject to be discussed later. Altos e baixos Antes de voltar à estrada e tomar o rumo de casa é oportuno circular um pouco pelas chamadas projeções. Não as domésticas, mas aquelas que vêm de fora. E lá, como cá, elas também mudam da água para o vinho o tempo todo. A conceituada revista The Economist confirma a regra com todas as letras. Em setembro do ano passado, a publicação britânica mudou radicalmente seus prognósticos com relação ao Brasil: após afirmar em matéria de capa, em 2009, que o Brasil estava prestes a decolar, a revista, que na ocasião colocara a estátua do Cristo Redentor alçando voo, voltou a ilustrar sua matéria principal com nosso logotipo mais conhecido. Desta feita, entretanto, o Redentor experimentava uma queda livre rumo ao precipício. Os editores da The Economist não pararam por aí e continuaram debruçados sobre a trajetória da economia brasileira. Mais recentemente, no final de novembro de 2013, a revista voltaria a destacar o tema. Desta vez, no entanto, foi mais comedido: nem muito ao céu, nem muito a terra. A edição impressa da revista semanal afirmou que o setor de infraestrutura brasileiro, enfim, começou a decolar, uma vez que os recentes leilões de privatização de aeroportos e rodovias prometem injetar vultosos recursos nestes segmentos. A presidente Dilma Rousseff foi obrigada a reconhecer que o “Estado sozinho não pode consertar a longamente negligenciada infraestrutura do Brasil”, assinalou a reportagem. Highs and lows Before heading back home and analyzing the course of things in Brazil, it is in some way appropriate to speak of projections. Not the domestic projections, of course, but those related to the international setting. There, as much as here, projections have changed from water to wine, and backwards, all the time. Renowned magazine The Economist confirms it with all letters. In September last year, the British publication radically changed its predictions with respect to Brazil: after stating in a cover story in 2009 that Brazil was about to take off, the magazine, which at the time placed the statue of Christ the Redeemer blasting off into the sky, the magazine used our most well known logo again to illustrate its cover story. This time, however, the statue is displayed in free fall towards a cliff. The editors of The Economist did not stop there and went on analyzing the trajectory of the Brazilian economy. More recently, in late November 2013, the magazine would again emphasize the subject. This time, however, it was more cautious: neither here, nor there; not too close to heaven, and not too close to the earth. The print edition of the weekly magazine claimed that the Brazilian infrastructure sector finally began to take off, since the recent privatization auctions of airports and highways promise to inject considerable resources in these segments. President Dilma Rousseff was forced to acknowledge that “the State alone cannot fix the long-neglected infrastructure of Brazil,” said the report. Consumo ou investimento Qualquer semelhança com o discurso neoliberal, a mais recente versão do sistema capitalista, não é mera coincidência. Aliás, a velha questão Consumption or investment Any resemblance to the neoliberal discourse, the latest version of the capitalist system is no coincidence whatsoever. In fact, the old ideological Panorama do AÇO • 2014 STEEL Panorama • 2014 47 Cenário Econômico Economic Scenario ation GE 48 Infraestrutura habitação Housing Infrastructure Infraestrutura esportiva Sports Infrastructure Outros Other Saneamento Sanitation Óleo e Gás Oil and Gas the Industrial Industrial ture Energia Energy ates Transportes Transportation ideológica, o paradigissue, the paradigm INVESTIMENTOS ATÉ 2017 (Em R$ bilhões) of market laws versus ma das leis de merINVESTMENTS UNTIL 2017 (In BR$ bn) state intervention, is cado versus a inter511,6 an argument long ouvenção estatal, é uma TOTAL tdated. And China, discussão há muito ulR$ 1.26 once our partner, now trapassada. E a China, trilhão 355,9 BR$ 1.26 trillion a competitor, is the ora nossa parceira, most commonly seen ora nossa concorrenMonitored example. It calls itself te, é o exemplo mais Obras works 167,3 communist, but pracrecorrente. Afinal de monitoradas 132,8 11.533 tices capitalism and, contas, é comunista 49,4 45,1 quite often, its excesses. no discurso, mas prati13,9 4,4 ca o capitalismo e, não This necessarily leads raro, seus excessos. us to two conclusions. One of them is quite Isso nos conduz nesimple. The projeccessariamente a duas tions and forecasts, conclusões. Uma delas similarly to paradigé simples. As projeções e os prognósticos, a ms, do change like the exemplo dos paradigwind. The other conmas, também mudam clusion is a bit more ao sabor dos ventos. A complex. The reality, outra é um pouco mais complexa. A realidade, diz a says the philosopher, is never at the extremes. It filosofia, nunca está nos extremos. Ela, na verdade, actually lies somewhere between the ends and is reside em algum ponto entre eles e está permanencontinuously changing. temente em transformação. But what does all this have to do with the matMas, o que tudo isso tem a ver com a questão ters discussed here? Everything, actually. For if the context changes, the speech gets old and fails to aqui discutida? Na verdade, tem tudo a ver. Afinal, se o contexto muda, o discurso envelhece e deixa reflect what is happening. And in Brazil, things are de refletir o que está acontecendo. E no Brasil não not different. Let us return to the recent past. When é diferente. Voltemos ao passado recente. Quando the crisis erupted and investments became scarce, a crise eclodiu e os investimentos escassearam, o the government, supported by an increase in the governo, alicerçado pelo aumento do poder aquipopulation’s purchasing power, bet on domestic consitivo da população, apostou no consumo interno sumption and, therefore, kept the wheel of economy e com isso manteve a roda da economia girando. spinning. The strategy also involved the provision of A estratégia envolveu ainda a disponibilização easy credit and tax reductions in some productive de crédito fácil e desonerações em alguns setores sectors, notably the car making sector. This combiprodutivos, com destaque para o setor automotivo. nation increased the purchase of consumer goods, Essa combinação incrementou a aquisição de bens leading to what economists call a virtuous cycle. de consumo e aquilo que os economistas chamam The move worked, but time passed and the de ciclo virtuoso. crisis worsened. Then the government did what A tática funcionou, mas, com o passar do they do in football, and “did not change the stratetempo, a crise recrudesceu e a máxima “em time que gy was working,” which, unfortunately, no longer está ganhando não se mexe”, expressão cunhada no produced the expected result. Even though the campo futebolístico, deixou de gerar o resultado FIFA World Cup, which is soon to take place, has esperado. Ainda que a Copa do Mundo de Futebol created a range of interventions in infrastructure, Panorama do AÇO • 2014 Desempenho morno do comércio e queda dos financiamentos do BNDES sugerem crescimento moderado em 2014 Tepid trading performance and drop in financing from BNDES suggest moderate growth in 2014 tenha gerado um leque de intervenções em infraestrutura, a aposta no investimento em oposição ao consumo, e a simples troca de um pelo outro, não é uma unanimidade. Esta, aliás, é a conclusão do estudo “O Ambiente Empresarial no Brasil”, da consultoria McKinsey, sobre as transformações do país nos últimos 25 anos. DIFÍCIL DE SUSTENTAR HARD TO MAINTAIN A China viu uma média de crescimento impressionante nas últimas décadas. Outras economias da Ásia não conseguiram sustentar o mesmo ritmo (Em %) China saw an impressive average growth in recent decades. Other Asian economies have failed to keep pace (In %) 12 CHINA 10 8 COREIA DO SUL 6 4 TAIWAN 2 JAPÃO 0 1970 1980 Uma coisa e a outra coisa De acordo com o trabalho, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não vai crescer, nos próximos dez anos, ao ritmo de um leão africano, com altas de 7% ou 8%, nem tampouco ficará próximo à estagnação de um país europeu. O país ficará em algum ponto no meio desse caminho e não vai precisar mudar o seu modelo de crescimento do consumo para o investimento, como sustentam alguns especialistas. “O Brasil deve contar com os dois. Não vai ser preciso trocar a chave, mas adicionar uma, que é a infraestrutura com investimentos que podem chegar a R$ 5 trilhões em 20 anos”, sustenta Nicola Calicchio, presidente da McKinsey para a América Latina. O estudo, que mapeia o ambiente econômico e empresarial brasileiro desde 1988, salienta, no entanto, que a produtividade é uma variável necessária neste processo. Os economistas, diz Carlicchio, vão falar que não dá para fazer as duas coisas, mas dá, desde que a produtividade melhore. “Os países que cresceram rápido fizeram isso”, argumentou. Ainda de acordo com o executivo, o Brasil tem potencial para crescer 7% ao ano, mas com a baixa taxa de investimento, nível de informalidade no mercado de trabalho e de qualidade de mão de obra, não passa de 3%”. STEEL Panorama • 2014 1990 2000 betting on investments as opposed to consumption, with the simple exchange of one for the other, is not a consensus opinion. This, by the way, is the conclusion of a study entitled “The Business Environment in Brazil,” conducted by the consulting firm McKinsey, on the transformation of the country in the last 25 years. One thing and the other According to the study, the Brazilian GDP will not grow in the next ten years at the speed of an African Lion, with increases of 7 or 8%, nor will it be close to the stagnation of the European countries. The country will be somewhere in the middle of the way and will not need to change its growth model from consumption to investments, as argued by some experts. “Brazil should lean on both. It will not be necessary to turn off the switch, but add another, which is infrastructure with investments that may reach BR$ 5 trillion in 20 years,” affirms Nicola Calicchio, McKinsey’s president for Latin America. The study, which maps the Brazilian economic and business environment since 1988, points out, however, that productivity is a necessary variable in this process. Economists, says Carlicchio, will say that it is not possible to join them both, but it is, provided that the productivity improves. “The countries that grew fast did it,” he defended. Also according to the executive, Brazil has the potential to grow by 7% per year, but with the low rate of investments, the level of informality in the labor market, and the low quality of labor, growth is unable to exceed 3%.” 49 Cenário Econômico Economic Scenario Entre os pontos positivos destacados pelo estudo da consultoria McKinsey estão a dívida pública baixa, o índice inflacionário sob controle e um grande volume de reservas. Já os aspectos negativos que podem, inclusive, comprometer a tática consumo/investimento em 2014 vieram à tona no apagar das luzes do ano que passou. Um deles foi o desempenho morno do comércio no período de festas: o crescimento de 2,5% ficou bem aquém dos 4% verificados no final de 2012 e isso indicaria que o consumo, em 2014, será moderado. O outro foi a queda das consultas e dos financiamentos à infraestrutura do BNDES em 2013 em relação ao ano anterior, respectivamente – 3% e – 16,8%. O superintendente de infraestrutura do BNDES, Nelson Siffert adverte, entretanto, que o levantamento não inclui as novas rodadas de licitações de rodovias e aeroportos. “As consultas dos últimos leilões ainda não chegaram ao banco e muitos deles sequer haviam assinado os contratos de concessão no início de janeiro”, minimizou o executivo. Otimismo, aliás, compartilhado com o especialista-sênior em estratégias e finanças corporativas da Mckinsey, William Jones. Ele lembra que na área de recursos naturais o Brasil tem 30% da área potencialmente agricultável do mundo e isso favorece o setor agrícola e as indústrias de apoio, entre elas as fabricantes de caminhões, implementos rodoviários e outros equipamentos. Já o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, tem outros argumentos para justificar seu otimismo. Ele enxerga sinais consistentes de que o mundo está saindo do duplo mergulho que sofreu desde 2008. “Estamos próximos do fim do ciclo recessivo”, comentou ele no final de dezembro na capital Brasília. Mantega acrescentou ser esta inclusive a principal variável do cenário econômico desenhado pelo governo para 2014. “Daqui para frente teremos uma melhoria gradual e a recuperação dos principais parceiros comerciais do Brasil, China e EUA à frente, terá um efeito muito positivo”. Números, estatísticas e projeções à parte, 2014 é um ano repleto de interrogações. Como dizia a velha canção do início dos anos 70, o mundo “procura encontrar”, mas “não sabe onde está você”: a saída da crise. 50 Among the positive points highlighted by McKinsey study are: low public debt, the inflation rate under control and a large volume of reserves. The negative aspects that may even compromise the tactics of consumption/investments in 2014 became clear as soon as the New Year arrived. One was the ‘tepid’ trading performance during the holidays: the growth of 2.5% was well below the 4% recorded by late 2012, and this would indicate that consumption in 2014 will be moderate. The other was the fall in credit inquiries and BNDES financing for infrastructure in 2013 compared to the previous year, – 3 and – 16.8%, respectively. The superintendent of infrastructure at the BNDES bank, Nelson Siffert, warns, however, that the survey does not include the new bidding rounds for highways and airports. “The consultations in recent auctions have not yet reached the bank and many of them had not even signed concession contracts in early January,” said the executive. This optimism is shared by senior expert on strategy and corporate finance at McKinsey, William Jones. He mentions that in the area of natural resources, Brazil has 30% of the potentially arable land in the world. This favors the agricultural sector and supporting industries, such as manufacturers of trucks, highway equipment and other equipment. The Brazilian finance minister, Guido Mantega, has other arguments to justify his optimism. He sees consistent signs that the world is coming out of the double fall occurred since 2008. “We are nearing the end of the recessionary cycle,” he said in late December in the national capital, Brasília. Mantega added that this is indeed the main variable in the economic scenario designed by the government for 2014. “From now on, we will have gradual improvement, and the recovery of Brazil’s main trading partners – China and especially the USA – will have a very positive effect.” Figures, statistics and projections aside, 2014 is a year full of questions. An old Brazilian song from the early 1970s says that the world “looks for you” but it “doesn’t know where you are”: that is the exit of the crisis. Panorama do AÇO • 2014 PROJEÇÕES Projections Um mal (des)necessário A (un)necessary evil A expressão escolhida para dar título a esta matéria foi cunhada no passado para definir o trabalho dos críticos de arte em geral. Um tanto ou quanto irônico em sua origem, o jogo de palavras pode muito bem ser usado no contexto da economia. A final de contas, a chamada ciência econômica trabalha o tempo todo com dados concretos, mas mantém um pé na abstração quando seus analistas projetam o futuro. As projeções domésticas para o ano que passou, produzidas no final de 2012 para 2013 – são um bom exemplo. Governo, Banco Central e mercado previam um crescimento do PIB da ordem de 4% a 3,3%, mas o número final ficou apenas um pouco acima de 2%. A previsão do BC, aliás, foi um bis. O banco já errara as projeções no ano anterior (2012) e repetiu a performance para seu distinto público. Já para 2014, o Banco Central, após ter errado dois anos seguidos, parece ter adotado uma postura mais cuidadosa. A previsão, agora, é de um crescimento menor, em torno de 2,1%. A projeção é menor até do que o percentual estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) – que cravou 2,5%. Tudo vai depender, entretanto, de qual será a reação à retirada dos estímulos injetados na economia americana, o chamado afrouxamento monetário por lá adotado. Na opinião do diretor de Graduação do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Costa Pinto, o cenário mais provável será de retirada gradual. “Se esses estímulos forem retirados muito rapidamente, isso pode ter efeito em emprego e renda e o FED teria que voltar com eles” – advertiu. Para os analistas dos organismos financeiros internacionais, o mundo deve crescer uma pouco mais em 2014. Certeza, apenas uma. É sólida a unanimidade de que a China deve desacelerar sua expansão para 7%. O resto fica atrelado às incertezas da subjetividade. A Europa crescerá em ritmo lento nos próximos cinco anos e os emergentes irão depender principalmente do que acontecer com a economia americana. As projeções econômicas são como a estreia de uma peça de teatro: às vezes são bem recebidas pelo público, mas não têm a mesma sorte com a crítica. Em outras ocasiões são elogiadas pelos críticos e rejeitadas pelo público. Raramente a unanimidade acontece. O que nos resta, então, é torcer para que o Banco Central brasileiro, que errou duas vezes para cima, volte a errar, dessa vez, para baixo, e nosso PIB cresça à luz dos prognósticos feitos pelo FMI. STEEL Panorama • 2014 The expression chosen to be the title of this story was once made in order to define the work of art critics in general. Ironic to the same extent, this combination of words may well be used in the context of the economy. After all, the so called economic sciences do work with actual data but also keep an eye on abstraction when their analysts project the future. The domestic projections for last year, produced in late 2012 to 2013 – are a good example. The government, the Brazilian Central Bank and the market expected a GDP growth of approximately 4 to 3.3 percent, but the final figure stood just above 2 percent. The Central Bank’s forecast was, as a matter of fact, was an encore. The bank had already made a mistake in the previous year’s forecast (2012), and repeated the performance to its very distinct audience. After having it wrong for two consecutive years, the Central Bank seems to have adopted a more cautious approach in 2014. The forecast this time is for less growth, close to 2.1 percent. The projection is even lower than the percentage estimated by the International Monetary Fund (IMF) – which expects exactly 2.5 percent. Nevertheless, it will all depend on the reaction to the withdrawal of incentives injected in the American economy, the said monetary easing adopted by the US. In the opinion of the director for undergraduate studies at the Institute of Economics of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Costa Pinto, the most likely scenario is a gradual withdrawal. “If the incentives are removed too quickly, both employment and income could be affected, and the FED would have to resort to using incentives again” – he warned. For analysts of international financial institutions, the world should grow a little more in 2014. Only one thing is certain. The consensus that China should slow down its expansion at 7 percent is solid. The rest is tied to the uncertainties of subjectivity. Europe will grow at a slower pace in the next five years and the emerging countries will depend mostly on what happens with the American economy. Economic projections are like the premiere of a play: they are usually well received by the public, but do not have the same luck with the critics. At other times they are praised by the critics and refused by the public. Unanimity rarely happens. What remains, then, is our hope that the Central Bank, after two years of mistakenly high estimates, makes another mistake. But this time, may the figure be too low, and Brazil’s GDP grow as much as expected by the IMF. 51 Cenário Econômico Economic Scenario Economia Economy Grandes expectativas Great Expectations Presidente da AARS vê correção nas mudanças de rumo da política econômica e aposta que privatizações e investimentos vão recolocar a economia brasileira nos trilhos The president of the AARS finds the changes in the course of economic policy correct, and bets that privatization and investments will put Brazil’s economy back on track Não é de hoje que o presidente da AARS, José A. F. Martins, se debruça sobre o comportamento da economia brasileira. Atento não só aos números, mas às frequentes mudanças de rumo, o executivo vê com simpatia a mais recente guinada nas prioridades do governo que, segundo ele, vão reativar as atividades produtivas e produzir resultados a partir de 2015. De acordo com o também presidente do Sindicato das Indústrias de Material Rodoviário e Ferroviário (Simefre), a troca da estratégia centrada no consumo pelos investimentos é irreversível. “O crescimento econômico só acontece quando os recursos públicos são direcionados principalmente para setores como os de infraestrutura e educação, gerando assim, entre outros, efeitos saudáveis na produtividade e na competividade de nossos produtos”, argumentou. Durante entrevista concedida a Panorama do Aço, em janeiro último, José Martins adiantou os termos de palestra que desde então vem fazendo em fóruns dos quais vem participando. Em sua opinião, existem mais dúvidas do que qualquer consenso entre os analistas sobre o que vai acontecer no futuro próximo por conta das incertezas que ainda rondam a economia mundial e a de nosso país. “Por isso ainda vamos conviver com um desempenho contido neste ano de 2014, semelhante ao do ano passado, que deve ficar em torno de 2,3%”, disse. Martins identifica em sua análise as duas pedras que obstruíram o crescimento do Produto Interno Brasileiro (PIB) no passado recente. Uma, inevitável, veio de fora em 2011, quando o mercado do euro desabou e a economia americana ainda estava no fundo do poço. Esses dois mercados em recessão provocaram uma forte redução nas exportações brasileiras e também no grande gigante exportador que é a China. A China que depende fundamentalmente de mercados externos, direcionou suas estratégias de exportação para o Brasil, que é um mercado de 200 milhões de habitantes. Essa ação produziu 52 The president of the AARS, José A. F. Martins has long focused on the behavior of the Brazilian economy. Aware not only of the numbers, but of the frequent changes in course, the executive sees sympathetically the latest twist in government priorities that, according to him, will revive the productive activities and produce results by 2015. According to the also president of the Interstate Syndicate of the Material and Road and Rail Equipment Industry (Simefre), the trading of the consumption-oriented strategy for investments is irreversible. “Economic growth only happens when public resources are directed mainly to sectors such as infrastructure and education, thus generating, among other things, healthy effects on the productivity and competitiveness of our products,” he reasoned. During an interview granted to the Steel Panorama last January, José Martins commented on the terms of a lecture that he has been presenting in the forums in which, since then, he has been participating. In his opinion, there is more doubt then agreement among analysts regarding what is to take place in the near future due to the uncertainties that lurk around the world’s economy, and our country’s. “That is why we should still have a shy performance in 2014, similar to last year’s, which should be close to 2.3 percent,” he said. Martins identifies in his analysis two obstacles that hindered the growth of Brazil’s GDP in the recent past. The inevitable difficulty came from abroad in 2011, when the Euro market collapsed and the US economy was still at rock bottom. Both markets being in recession caused a sharp reduction in Brazilian exports and also in the major exporter giant that is China. China, which mainly depends on foreign markets, directed its export strategies to Brazil, which is a 200 million inhabitants market. This action produced a Panorama do AÇO • 2014 Marcos regulatórios e investimentos vão reativar economia Regulatory framework and investments will revive the economy um grande impacto na nossa indústria de transformação, fazendo com que a mesma, que em 2004 representava 18,4% do PIB, caísse em 2013 para não mais que 12% a 12,5%”, explicou. Déficit nas contas O que ocorreu provocou uma recessão no Brasil. O governo, no intuito de impulsionar a economia, criou medidas anticíclic a s d i re c i o n a d a s totalmente ao consumo. Essas medidas incluíram a Desoneração da Folha de Pagamento para 41 setores, redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, eletroeletrônicos, móveis, etc., programa PSI 4 do BNDES para financiamento de caminhões, máquinas agrícolas, operatrizes, ônibus, implementos rodoviários e equipamentos ferroviários. Esperava-se, acrescentou José Martins, que esses incentivos aqueceriam o consumo e o PIB subiria, mas isso não aconteceu. Essas benesses, explicou, abriram um rombo nas contas correntes e acentuaram o déficit entre o que se ganha e o que se tem de pagar. “A diferença, que era de US$ 54 bi em 2012 terá alcançado US$ 82 bi em 2013”, alertou o presidente da AARS. Outro agravante, na opinião de Martins, comprometeu o desempenho da economia brasileira. Além de apostar equivocadamente no consumo, o governo não conseguiu fazer com que os investimentos previstos em 2012 para melhorar a infraestrutura decolassem – entre eles o PAC Mobilidade, recursos destinados às cidades sedes dos jogos da Copa do Mundo e as iniciativas voltadas para a ampliação e modernização dos sistemas rodoviário e ferroviário. “Aliás, só agora, as privatizações das estradas estão acontecendo, porque o governo definiu um marco regulatório e reviu a taxa de retorno dos projetos”. STEEL Panorama • 2014 major impact on our manufacturing industry. In 2004, it represented 18.4 percent of the GDP, falling in 2013 to n o m o re t h a n 1 2 to 12.5 percent,” he explained. Deficit in the accounts The event triggered recession in Brazil. The government, aiming at boosting the economy, created countercyclical measures directed entirely to consumption. These measures included payroll tax exemption in 41 sectors, reduction of IPI tax (on industrialized products) for cars, electric appliances and electronic products, furniture, etc., the PSI 4 program of the Brazilian Development Bank for financing of trucks, agricultural machines, tool-machines, buses, road equipment and railway equipment. According to Martins, the incentives were supposed to increase consumption, making the GDP go up, which did not happen. These advantages, he said, opened a hole in the accounts and accentuated the deficit between what is gained and what must be paid. “The difference, which totaled US$ 54 bn in 2012, is expected to have reached US$ 82 bn in 2013,” warned the president of the AARS. Another aggravating factor, according to Martins, compromised the performance of the Brazilian economy. Not only the government wrongly bet on consumption, it did not manage to make the investments foreseen in 2012 to improve infrastructure take off. The investments include the Growth Acceleration Plan (PAC) for Mobility, resources directed to the cities hosting matches during the FIFA World Cup, and initiatives directed to expanding and modernizing the roadway and railway systems. “In fact, only now the roads are being privatized, on the grounds that the government established a regulatory framework and revised the rate of return for the projects.” 53 Cenário Econômico Economic Scenario 54 Indústria deve se modernizar para enfrentar concorrência Industry must modernize to face competition Mudança de rumo É exatamente daí, no entanto, que vêm nossas melhores expectativas quanto ao futuro, de acordo com o presidente da AARS. Para José Martins, o governo acertadamente desmontou o marco original e a partir daí ocorreram as privatizações dos aeroportos do Galeão e de Confins, os projetos petrolíferos do Campo de Libra e de algumas rodovias. “A presidenta Dilma quando esteve na Fiesp em dezembro último adiantou ainda que 2014 seria o ano de aceleração dos leilões das ferrovias”, acrescentou. Martins inclui entre suas melhores expectativas o crescimento progressivo da taxa de investimentos em relação ao PIB, na casa dos 19,2% em 2013. O percentual (que deve se repetir em 2014), segundo sua análise, é baixo, já que o percentual no mundo é da ordem de 24% e entre os emergentes chega a 32%. “Países como o Peru, por exemplo, destinam 26% de seu Produto Interno Bruto aos investimentos e não é à toa, portanto, que crescem 4% ao ano”, argumentou. Change in course However, our best expectations about the future come precisely from that, said the president of the AARS. For José Martins, the government made the right thing dismantling the original rules and thereafter the privatization of the Galeão and Confins airports (in Rio and Belo Horizonte, respectively) occurred, as well as the oil projects at Libra field and some roads. “When President Roussef was at Fiesp in December, she said that 2014 would be the year to speed up railway auctions,” he added. Martins includes among its best expectations the progressive growth of the rate of investment in relation to the GDP, at around 19.2 percent in 2013. The figure (to be repeated in 2014), according to his analysis, is low, given that the percentage in the world is around 24% and among emerging countries it reaches 32 percent. “Countries such as Peru, for example, direct 26 percent of their gross domestic product to investments. For this reason, they grow 4 percent a year,” he said. Luz no horizonte Ainda segundo José Martins, não há mais espaço para estímulos na área fiscal e o chamado fim das benesses a alguns setores recoloca o governo no caminho certo. Encolhendo as despesas, em 2014, diz ele, vamos não só equilibrar as receitas, mas afastar o perigo de sofrer um novo rebaixamento na nossa classificação pelas agências de Rating – Standard & Poors e Moodys. “O rebaixamento aliado à redução dos estímulos injetados pelos EUA na economia seria, aliás, uma catástrofe”, assinalou. Martins entende também que com a retomada de rumo na política econômica já se pode falar em reindustrialização no Brasil. Afinal de contas, lembra, a América e a zona do euro estão se recuperando, a China decidiu se voltar para o mercado interno e o dólar continua valorizando. “Com isso nossas exportações podem aumentar”, sublinhou. Além disso, existem projetos de inovação e modernização da indústria em curso e o governo está investindo 20% de seu orçamento em educação. “A indústria também tem que fazer sua parte porque foi protegida por políticas aduaneiras elevadas, se acomodou, não evoluiu e foi atropelada pela concorrência chinesa”. É claro, concluiu ele, que “a recuperação da infraestrutura não se faz de uma hora para outra, mas, em 2015, essas ações positivas darão resultado e começarão a surtir efeitos”, concluiu. A bright light on the horizon Still according to José Martins, there is no more room for incentives in the tax area and the generally referred end of incentives to some sectors puts the government back on the right path. By shrinking costs in 2014, he says, we will not only balance the checkbook, but also remove the danger of suffering a new downgrade in our rating by the Credit Rating Agencies – Standard & Poors, and Moodys. “The downgrade, together with the reduction of incentives injected by the US in the economy would be, in fact, a disaster.” Martins also finds that with the economic policy back on track, one can already speak of re-industrialization in Brazil. After all, he says, both America and the Euro Zone are recovering, while China decided to turn its attention to the domestic market, and the price of the US dollar continues to rise. “With that, our exports can increase,” he said. Besides, there are projects for innovation and modernization of the industry in progress, and the government is investing 20 percent of its budget in education. “The industry must also do its share, because it was protected by high customs policies, eventually settling, it did not develop and was run over by Chinese competition.” It is clear that “the recovery of infrastructure systems is not achieved overnight, but in 2015 these positive actions these actions will be successful and will begin to produce effects,” he said. Panorama do AÇO • 2014 Economia Um país que tem tudo para dar certo As expectativas otimistas manifestadas não só pelo presidente da AARS, mas por economistas e dirigentes de instituições financeiras nacionais e estrangeiras não se fundamentam apenas nas mais recentes diretrizes voltadas para o crescimento econômico pautado nos investimentos em infraestrutura. É unânime, entre os principais players do processo econômico, tanto aqui quanto lá fora, que o Brasil tem todos os pré-requisitos para ocupar um lugar de destaque no cenário mundial. Com 200 milhões de habitantes e um mercado interno fortíssimo, o país detém reservas cambiais de US$ 376 bilhões e ocupa o quarto lugar no ranking dos mais atrativos para os Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs), ficando atrás apenas de Estados Unidos, China e Hong Kong. Terceira maior agricultura do mundo, 185 milhões de toneladas de grãos em 2013, só superada por Estados Unidos e Rússia, somos também um grande exportador de carnes. Possuímos ainda a maior reserva florestal do planeta, a maior rede hídrica de água doce, as maiores reservas minerais de ferro e nove mil quilômetros de costa marítima altamente piscosa. Além disso, somos a quinta indústria automotiva mundial e nossos caminhões e máquinas agrícolas são reconhecidos mundialmente por sua excelência. Não se pode esquecer também a estabilidade política e o baixo desemprego. Para José Martins, o país está no caminho certo e qualquer governo que entrar vai respeitar três premissas básicas: marcos regulatórios adequados, investimento na infraestrutura e gastar menos do que se arrecada. O presidente da AARS descarta também qualquer possibilidade de voltar a ocorrer no país aquilo que os cientistas políticos chamam de descontinuidade administrativa. O fenômeno era muito comum no passado: o grupo político que chegava ao poder invariavelmente destruía as realizações do anterior ainda que elas produzissem resultados. “Lula quando chegou à presidência manteve os fundamentos econômicos da gestão de Fernando Henrique Cardoso”, lembrou ele. Martins concorda ainda em gênero, número e grau com recente declaração do ex-ministro Delfim Netto, de acordo com quem “é necessário acreditar um pouco porque um país como este não pode quebrar”. STEEL Panorama • 2014 Economy A country that has everything to succeed The optimistic expectations expressed not only by the president of the AARS, but by economists and leaders of Brazilian and foreign financial institutions, are not based simply on the most recent guidelines aimed at economic growth based on investments in infrastructure. It is a consensus among the major players in the economic process, both at home and abroad, that Brazil has all the prerequisites to occupy a prominent place in the global scenario. With 200 million inhabitants and a very strong domestic market, the country has foreign exchange reserves of US$ 376 bn, and ranks fourth in the ranking of the most attractive countries for Foreign Direct Investment (FDI), only behind the US, China and Hong Kong. Third largest agricultural producers in the world, 185 million tons of grain in 2013, surpassed only by the US and Russia, are also a major exporter of meat. We also have the largest forest reserve on the planet, the largest volume of fresh water, the largest reserves of iron ore, and 9.000 kilometers (over 5.500 mi) of strongly fishy coastline. In addition, we are the world’s fifth largest automotive industry and our trucks and agricultural machinery are recognized worldwide for their excellence. It is also important to mention political stability and low unemployment. For José Martins, the country is on the right path and whatever the new administration may be, it must obey three basic rules: appropriate regulatory frameworks, investment in infrastructure and spending less than earned. The president of the AARS also rules out any possibility of occurring in the country, once again, what political scientists call administrative discontinuity. The phenomenon was very common in the past: the political group coming to power invariably destroyed the achievements of the previous, even though they produced results. “When Lula became president, he maintained the economic foundations of the Fernando Henrique Cardoso administration,” he recalled. Martins also agrees in every way with the recent statement of former Minister Delfim Netto, according to whom “We need to have a little faith, because it is impossible for a country like this to go bankrupt.” 55