The Evolving Agenda of the BRICS: Perspectives from Brazil and South Africa No dia 14 de março de 2014, ocorreu o evento “The Evolving Agenda of the BRICS: Perspectives from Brazil and South Africa”, no BRICS Policy Center, em parceira com o South African Institute of International Affairs (SAIIA), que foi dividido em dois painéis. Segue abaixo uma síntese do que foi apresentado. Painel 1: “Development and Industrial Policies in Brazil and South Africa: what are the implications for their international economic strategy and for the ‘BRICS Group’?” O dr. Pedro da Motta Veiga, representante do CINDES, versou sobre como o paradigma da política de industrialização brasileira, que se refere à identificação do processo de industrialização como o projeto de desenvolvimento nacional, tem dominado a arena política brasileira desde os anos 1950. No entanto, a crise de 2008 e as suas consequências acrescida do aumento das importações levou a uma crescente competitividade industrial no âmbito doméstico, a qual o Brasil respondeu com medidas como o aumento de barreiras comerciais. Para o palestrante, a abordagem brasileira contrasta com a asiática na medida em que o a primeira continua vinculada à substituição de importações e a segunda está voltada para uma mudança estrutural permanente na indústria. Não seria a hora de o Brasil pensar em políticas para além da substituição de importações? Encerrando o primeiro painel, o dr. Wolfe Braude, da SAIIA, também enfatizou uma mudança estrutural na África do Sul, impulsionada por fatores como a diminuição percentual da agricultura no PIB, a geração de empregos, a rápida urbanização e o surgimento de uma economia industrial e de serviços moderna. Enquanto o país viu o modelo de substituição de importações predominar até 1994, o período posterior foi caracterizado pela crescente liberalização. Entretanto, desde 2003, a competitividade na manufatura tem diminuído por causa de fatores como o aumento contínuo dos custos da mão de obra, não acompanhado pelo aumento na produtividade e dos custos tais quais os de energia e de transporte. Mudanças ocorridas entre 1997 e 2012 têm dado sinais de desindustrialização no país: exportações de metais e minérios aumentaram de 8% para 31% com a demanda chinesa e importações de combustíveis aumentaram de 1% para 22%. Tais eventos levaram um posterior retorno à política de substituição de importações. Painel 2: “Consolidating the BRICS: Soft, Hard, and Normative Power” A dra. Yu-Shan Wu, da SAIIA, afirmou que o foco da sua pesquisa é o soft power da China na África do Sul. No início da sua apresentação ela buscou apresentar um conceito para o termo, com foco naquele desenvolvido pelos países emergentes. Apesar de uma tentativa de conceitualização, ela afirmou que devido às diferenças entre os países, um conceito único é difícil de ser estabelecido. Ela utilizou como exemplo de soft power pelos países do BRICS os grandes eventos esportivos em Beijing (Jogos Olímpicos de Verão de 2012) e Socchi (Jogos Olímpicos de Inverno de 2014). De acordo com a pesquisadora é possível haver uma intensificação da conectividade entre os países do BRICS, principalmente com o uso da diplomacia pública. É importante expandir os meios usuais de comunicação entre os países. Por fim, ela afirmou que o grande desafio é encontrar o equilíbrio entre o uso do soft power e da diplomacia tradicional. A dra. Judy Smith-Höhn, também da SAIIA, mostrou que o objetivo do seu trabalho é utilizar documentos, declarações e summits do BRICS para tratar da questão de segurança coletiva. Os principais temas de segurança coletiva tratados pelos países do BRICS como bloco são o terrorismo, a cyber segurança e as forças armadas do BRICS como ferramenta para a cooperação internacional. Para ela uma força armada do BRICS é completamente sem sentido, uma vez que o objetivo do grupo não deve ser de intervenção, mas sim de prevenção. Todas as questões de segurança coletiva são um cálculo custo-benefício, e antes da decisão da intervenção militar ser tomada e a ação concretizada, é necessário que todos os demais meios de obtenção da paz tenham sido esgotados e o cálculo das consequências da ação deve ser muito bem analisado. A dra. Adriana Erthal Abdenur, pesquisadora do IRI-PUC Rio e do BPC, mostrou em sua apresentação se os países emergentes podem empreender em um debate normativo de nível global ou se esses países são apenas rule takers. A principal ferramenta utilizada pelos países emergentes para alterações no status quo é a negociação multilateral, e há um interesse desses países nessas mudanças uma vez que eles consideram as normas e regras injustas ou ineficazes. Foram apresentadas as formas de ação dos países buscando as mudanças na realidade normativa e, de acordo com a pesquisadora, é importante destacar que países do BRICS que não possuem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU tendem a adotar um posicionamento mais contestador, em relação àqueles que possuem a capacidade do veto, que podem adotar uma política de bloqueio. Por fim, o dr. Alfredo Tijurimo Hengari, pesquisador do SAIIA, apresentou um trabalho de pesquisa realizado por ele em que foram entrevistados 60 experts de política externa sul-africana da Etiópia e da África do Sul, sobre o posicionamento desses estudiosos a respeito das estratégias adotadas pelos policymakers sulafricanos. Como conclusão a África do Sul é vista como um líder regional, país que conseguiu atingir sólidos objetivos em seu processo de desenvolvimento, tem o seu foco de ação no continente africano, é um negociador confiável e reativo. Do ponto de vista dos experts etíopes, alguns pontos adicionais foram levantados: a África do Sul é um rival para os etíopes, assim como um enigma, eles também não reconhecem os grandes objetivos alcançados pelo país e o consideram como uma estrela em declínio.