AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA EM ESTUÁRIOS Carlos Roberto Lips Soares DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Aprovada por: _____________________________________________ Profª. Susana Beatriz Vinzon, D.Sc. _____________________________________________ Prof. Afonso de Moraes Paiva, Ph.D. _____________________________________________ Prof. Gilberto Olympio Mota Fialho, D.Sc. _____________________________________________ Prof. José Carlos César Amorim, D.Ing. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO DE 2006 SOARES, CARLOS ROBERTO LIPS Avaliação do Processo de Dragagem por Injeção de Água em Estuários [Rio de Janeiro] 2006 XXI, 126 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia Oceânica, 2006) Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Dragagem por Injeção de Água – WID 2. Processos de Dragagem 3. Dragagem em Leitos Contaminados 4. Detalhamento dos Equipamentos – WID 5. Comparação dos Métodos de Dragagem 6. Análise dos Processos Hidrodinâmicos 7. Discussão da Dragagem no Porto de Itajaí I. COPPE/UFRJ II. Título ( série) ii DEDICATÓRIA A minha esposa Rosangela pelo companheirismo e grande incentivo nos momentos mais difíceis que passei durante esta jornada. As minhas filhas Andrea e Aline tão importantes para o equilíbrio da minha vida. Aos meus pais e irmã pela ajuda e compreensão devido a minha ausência durante o período que se desenvolveu este estudo. iii AGRADECIMENTOS A Professora Susana Beatriz Vinzon pela sua orientação, paciência e dedicação que propiciaram a conclusão deste trabalho. Aos Professores Afonso Paes e Gilberto Fialho por aceitarem em compor a Banca examinadora deste trabalho. Ao Professor do IME, José Carlos César Amorim por aceitar o convite para compor a Banca examinadora deste trabalho, como convidado externo. Ao corpo docente do Programa de Engenharia Oceânica, por sua capacidade intelectual e empenho para manter o elevado nível de seus ensinamentos. Aos funcionários do PEnO e da Engenharia Costeira, em especial as Secretárias Gleice e Marise e os funcionários lotados no sistema de processamento de dados, pelos seus grandes préstimos e constante paciência para ajudar os discentes. Ao corpo discente das turmas de 2003 e 2004 do Programa de Engenharia Oceânica da Engenharia Costeira que sempre me auxiliaram e compartilharam os melhores momentos dos nossos, respectivos, anos letivos. Ao INPH da CDRJ pela gentileza em ceder alguns relatórios que ajudaram no desenvolvimento deste trabalho. Ao DIDEHU da CDRJ que sempre colocou a disposição o seu arquivo técnico para as consultas necessárias. Aos meus familiares por afinidade e consangüíneos pelo constante apoio emocional durante o período deste curso. À Universidade do Vale do Itajaí através do Professor Schettini, Rodrigo e Carla por suas excelentes condutas profissionais para dar o apoio técnico necessário durante a campanha de medições na dragagem do Porto de Itajaí. iv Aos Engenheiros Rodrigo e Raphael, da turma de M.Sc. de 2004, que muito me ensinaram e auxiliaram nas medições da campanha de campo realizada durante a dragagem do Porto de Itajaí. Ao Diretor Superintendente da Ballast Ham no Brasil, Engº Eduardo Figueiredo por sua cordialidade em disponibilizar toda ajuda necessária para o acompanhamento da operação de dragagem no Porto de Itajaí. À Diretoria da CDRJ por permitir o meu afastamento do trabalho, nos momentos necessários, para concluir este curso. Aos colegas de trabalho da CDRJ, principalmente: Adão, Amaral, Lia Mara, Machado, Maiolino e Romeu que estiveram sempre me motivando e ajudando em todas as ocasiões, principalmente, durante o período transcorrido neste curso. v Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA EM ESTUÁRIOS Carlos Roberto Lips Soares Março/2006 Orientadora: Professora Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.) Programa: Engenharia Oceânica Dentro da dragagem hidrodinâmica foi desenvolvido um novo processo aplicado à dragagem de manutenção denominado de dragagem por injeção de água, conhecido pela sigla WID. Neste método o deslocamento do material dragado, até a sua disposição final, depende das correntes naturais e artificiais induzidas na coluna de água do fluido, sendo a geração de correntes de densidade uma das importantes características desta metodologia. Este trabalho descreve os principais tipos de dragagem mais empregados na atualidade e os equipamentos utilizados no processo de dragagem por injeção de água, incluindo sua interferência em relação à biota local e a presença de contaminantes no leito. Os forçantes hidrodinâmicos que interferem com o processo WID são citados e a pluma de sedimentos induzida junto ao fundo é avaliada através do número de Froude densimétrico. Com a finalidade de observar as características da hidrodinâmica num ambiente onde está se utilizando esta metodologia foi realizada uma campanha de medições, durante uma operação de dragagem no Porto de Itajaí, no estuário do Rio Itajaí-Açú, sendo registrados os perfis de velocidade, salinidade e turbidez, em um ciclo de maré. Foram identificados os principais aspectos positivos e negativos inerentes a esta nova tecnologia, além da comparação operacional entre os métodos de dragagem convencionais e o processo de Dragagem por Injeção de Água. vi Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) AVALIATION OF THE PROCESS OF WATER INJECTION DREDGIND IN ESTUARIES Carlos Roberto Lips Soares March/2006 Advisor: Professor Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.) Department: Ocean Engineering Among hydrodynamic dredging processes, a new method is being applied for maintenance dredging, called water injection dredging, WID. In this method the dredging material is moved, until final deposit, by artificial and natural currents in the fluid water’s column and being the generation of the density currents an important characteristic to this methodology. This work describes the method and the equipments required for the water injection dredging process, as well as the principal types of dredging currently used at this moment. A brief analysis of the water injection dredging is presented, including its interference with the local biotic and contaminated materials in the bed. The estuarine hydrodynamic, which may interfere with the WID process, is described, and considerations about the formation of a turbidity current and its relation with the densimetric Froude number is assessed. To address the main hydrodynamic characteristics of a case study, a field campaign was accomplished, which covered a tidal cycle, with a short period during a dredging operation in Itajaí Harbor, in the estuary of Itajaí-Açú River. Velocity, salinity and turbidity profiles were measured, during a tidal cycle. The mainly negative and positive aspects concerning to this new technology are addressed in this work, including a comparison between conventional dredging methods and the process of Water Injection Dredging. vii ÍNDICE DO TEXTO I – INTRODUÇÃO...........................................................................................................1 I.1 – OBJETIVOS.....................................................................................................2 I.2 – ESTRUTURA DO TEXTO................................................................................3 II – CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE DRAGAGEM........................................4 II.1 – HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA DRAGAGEM................................................4 II.2 – TIPOS DE OPERAÇÃO DE DRAGAGEM......................................................5 II.2.1 – Dragagem de Aprofundamento ou Inicial............................................5 II.2.2 – Dragagem de Manutenção..................................................................6 II.2.3 – Dragagem de Mineração.....................................................................6 II.2.4 – Dragagem Ambiental ou Ecológica................ ...................................7 II.2.5 – Dragagens Especiais...........................................................................7 II.2.6 – Dragagens Naturais ou Erosão...........................................................8 II.2.7 – Dragagens para Aterros Hidráulicos....................................................8 II.3 – CASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE DRAGAGEM.................................9 II.3.1 – Processos Mecânicos de Dragagem.................................................10 II.3.2 – Processos Hidráulicos de Dragagem................................................12 II.3.3 – Processos Mistos de Dragagem........................................................14 II.3.4 – Processos Pneumáticos de Dragagem.............................................15 II.3.5 – Processos Hidrodinâmicos de Dragagem.........................................16 II.3.5.1 – Metodologia do Processo Hidrodinâmico...........................17 II.3.5.2 – Tipos de Dragagens Hidrodinâmicas..................................18 A – Dragagem por Agitação................................................19 B – Dragagem por Erosão...................................................19 C – Dragagem por Elevação...............................................20 D – Dragagem por Injeção – “WID”.....................................21 II.4 – DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ............................................................23 II.4.1 – Especificações do Porto de Itajaí......................................................23 II.4.1.1 – Histórico..............................................................................23 II.4.1.2 – Localização do Porto..........................................................24 II.4.1.3 – Acessos às Instalações Portuárias.....................................26 II.4.1.4 – Principais Características Portuárias..................................28 viii II.4.2 – Detalhes da Dragagem no Porto de Itajaí........................................31 II.4.2.1 – Tipos de Materiais encontrados no Leito...........................31 II.4.2.2 – Processos de Dragagem utilizados pelo Porto..................31 II.4.2.3 – Licitações de Dragagem para o Ano de 2005....................35 III – DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA – WID....................................................36 III.1 – ANÁLISE DO PROCESSO DE DRAGAGEM...............................................36 III.1.1 – Histórico da Dragagem por Injeção de Água...................................36 III.1.2 – Operação da Dragagem por Injeção de Água.................................37 III.2 – MONITORAMENTO.....................................................................................39 III.3 – INTERFERÊNCIA DA DRAGAGEM NA BIOTA LOCAL..............................40 III.4 – DRAGAGEM EM LEITOS COM MATERIAIS CONTAMINADOS................42 III.5 – EQUIPAMENTOS DE DRAGAGEM – WID..................................................50 III.5.1 – Configuração e Seleção dos Equipamentos....................................50 III.5.2 – Detalhamento dos Equipamentos....................................................53 III.5.3 – Relação das Principais Dragas de Injeção de Água.......................56 III.5.4 – Versatilidade Operacional dos Equipamentos.................................57 III.6 – DADOS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM................................................58 III.7 – PARÂMETROS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM....................................59 III.8 – DIAGRAMA EM BLOCOS DO MÉTODO POR INJEÇÃO DE ÁGUA..........60 IV – ANÁLISE COMPARATIVA DOS PRINCIPAIS MÉTODOS DE DRAGAGEM......63 IV.1 – DRAGAS DE ALCATRUZES.......................................................................63 IV.2 – DRAGAS AUTOTRANSPORTADORAS......................................................67 IV.3 – DRAGAS DE SUCÇÃO E RECALQUE.......................................................69 IV.4 – DRAGAS DE INJEÇÃO DE ÁGUA – WID...................................................71 IV.5 – TABELA COMPARATIVA DOS MÉTODOS................................................72 V – ANÁLISE DO PROCESSO HIDRODINÂMICO NA METODOLOGIA WID...........74 V.1 – CORRENTE DE DENSIDADE......................................................................74 V.2 – CORRENTES NATURAIS............................................................................81 V.3 – HIDRODINÂMICA NO ESTUÁRIO DO RIO ITJAÍ-AÇÚ..............................83 V.4 – ESTUDO DE CASO – DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ......................85 V.4.1 – Campanha de Medições..................................................................85 V.4.1.1 – Metodologia de Coleta.....................................................85 ix V.4.1.2 – Metodologia de Análise....................................................87 V.4.2 – Instrumentação.................................................................................87 V.4.3 – Análise dos Dados...........................................................................89 V.5 – REGISTROS DE DADOS DA HIDRODINÂMICA LOCAL...........................90 V.5.1 – Registros de Dados das Marés Astronômicas.................................90 V.5.2 – Determinação dos Valores Médios..................................................91 V.5.3 – Velocidades Projetadas no Eixo do Canal.......................................93 V.5.4 – Representação Gráfica dos Principais Parâmetros.........................94 V.5.5 – Análise das Amostras.....................................................................102 V.5.6 – Concentração dos Sedimentos na Coluna de Água......................102 VI – DISCUSSÃO DAS CONDIÇÕES DE DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ.....106 VI.1 – INTRODUÇÃO..........................................................................................106 VI.2 – TRAJETÓRIA DOS SEDIMENTOS RESSUSPENSOS...........................106 VI.3 – INTERFERÊNCIAS NA OPERAÇÃO DE DRAGAGEM...........................107 VI.4 – PERIODICIDADE DAS BATIMETRIAS....................................................108 VI.5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS..........................................108 VII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................................110 VII.1 – CONCLUSÕES........................................................................................110 VII.2 – RECOMENDAÇÕES................................................................................113 REFERÊNCIAS...........................................................................................................115 x ÍNDICE DE FIGURAS Figura II.1 – Ilustração de uma draga dotada com o sistema “SPLIT” que caracteriza a abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte: Bandeirantes........................................................................................................8 Figura II.2 – Ilustração de uma draga hidráulica recalcando sedimentos para restauração de uma área costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem...................9 Figura II.3 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de alcatruzes mostrando o conjunto de caçambas que atuam continuadamente na remoção do material de fundo. Fonte: Sítio eletrônico www.ihc.holland.com..................10 Figura II.4 – Ilustração do esquema operacional de uma draga retroescavadeira mostrando o carregamento de uma barcaça e seu sistema de posicionamento no fundo, através de dois charutos de fixação do flutuante. Fonte: Góes Filho, 2004...................................................................................................................11 Figura II.5 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de caçamba (ClamShell) mostrando o guindaste responsável pela movimentação da caçamba e os cabos presos ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem. Fonte: Góes Filho, 2004....................................................................................11 Figura II.6 – Ilustração do esquema operacional de uma draga autotransportadora mostrando a atuação das duas bocas e dois tubos de sucção durante a dragagem, dispostos em cada lado da embarcação. Fonte: Sítio eletrônico www.lhcholland.com..........................................................................................12 Figura II.7 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção e recalque atuando com um desagregador na ponta da lança de dragagem mostrando as âncoras de arinque que permitem o movimento lateral e, juntamente com os charutos de fixação, propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento. Fonte: www.ihcholland.com...............................................................................13 Figura II.8 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção com roda de caçambas na ponta da lança de dragagem, mostrando as âncoras de arinque que, juntamente com os charutos, são responsáveis pelo ciclo de corte de dragagem. Fonte: www.ihcholland.com.............................................................14 Figura II.9 – Ilustração do esquema operacional de uma draga pneumática mostrando a linha de recalque e o equipamento de sucção pneumático em contato com o leito. Fonte: Sítio eletrônico www.pneuma.it......................................................15 xi Figura II.10 – Ilustração de um dos processos de dragagem hidrodinâmica mostrando a atuação de uma estrutura sólida no leito aquático gerando uma pluma de sedimentos que é carreada para além do sítio de dragagem pela atuação de forçantes hidrodinâmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974)...............16 Figura II.11 – Ilustração dos quatro principais processos de dragagem hidrodinâmica – Injeção, Agitação, Erosão e Elevação. Relatório SEBA 99/12/info.1-E.............19 Figura II.12 – Ilustração de uma draga autotransportadora apresentando o lançamento de sedimentos na superfície do fluido através do vertedor (overflow). Fonte: Sítio www.vanoord.com.....................................................................................21 Figura II.13 – Ilustração do processo de dragagem por injeção de água, mostrando os parâmetros necessários para induzir a formação da corrente de densidade. Fonte: ThamesWeb – Maintenance Dredging...................................................22 Figura II.14 – Ilustração da localização do Porto de Itajaí no litoral de Santa Catarina.............................................................................................................24 Figura II.15 – Ilustração do início do canal interno de acesso ao Porto de Itajaí mostrando a entrada da barra. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br..............26 Figura II.16 – Ilustração do Porto de Itajaí e seu canal de acesso até a sua foz. Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br..........................................................27 Figura II.17 – Ilustração do Porto de Itajaí, ressaltando os meandros do Rio Itajaí-Açú. Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br...............................................27 Figura II.18 – Ilustração dos berços de atracação do Porto de Itajaí mostrando parte da bacia de evolução. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br................................28 Figura II.19 – Ilustração da geografia do Porto de Itajaí, em laranja a área destinada à expansão do Terminal de Contêineres – TECONVI. Fonte: Sítio eletrônico do Porto de Itajaí www.portodeitajai.com.br...........................................................29 Figura II.20 – Ilustração do posicionamento dos berços de atracação e das instalações atuais do Porto de Itajaí. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br.......................30 Figura II.21 – Ilustração das expansões futuras do Porto de Itajaí, previstas para ampliação dos berços de atracação e das retroáreas. Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br...................................................................................30 Figura II.22 – Ilustração de parte da Carta Náutica 1801 mostrando as áreas de dragagem do Porto de Itajaí – berços, bacia de evolução, canal interno e canal externo. Fonte: Sítio eletrônico do Porto de Itajaí www.portoitajai.com.br........33 Figura III.1 – Ilustração da demonstração do processo de dragagem por injeção de água Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br......................................38 xii Figura III.2 – Ilustração da formação da corrente de densidade através do processo de dragagem por injeção de água. Fonte: Winterwerp et al...................................38 Figura III.3 – Ilustração da “Área Confinada na Superfície” para materiais contaminados, sem capeamento. Fonte: Sítio www.portofrotterdam.com........45 Figura III.4 – Ilustração da “Área Confinada Subaquática” para materiais contaminados, com capeamento.......................................................................46 Figura III.5 – Ilustração do arranjo geral de uma draga de injeção de água, de pequeno porte, com propulsão própria. Fonte: Sítio eletrônico www.musing.nl...............52 Figura III.6 – Ilustração e detalhamento de uma draga de injeção de água propelida............................................................................................................53 Figura III.7 – Ilustração de uma draga de injeção de água não propelida e de pequeno porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com...............................................54 Figura III.8 – Ilustração e arranjo geral da draga de injeção de água propelida, de grande porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com...................................55 Figura III.9 – Ilustração do quadro contendo as principais características da draga ANTAREJA. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com.br................................56 Figura III.10 – Ilustração mostrando o diagrama em blocos cujo detalhamento considera as características básicas da operação de dragagem por injeção de água – WID........................................................................................................62 Figura V.1 – Ilustração do diagrama esquemático mostrando a formação da corrente de densidade em um ambiente aquático, através da diferença de densidade entre a pluma de sedimentos localizada no fundo e o fluido ambiente. Fonte: Garcia, 1993......................................................................................................76 Figura V.2 – Ilustração de uma simulação da propagação da corrente de densidade junto ao leito do corpo aquático. (T. Maxworthy, J. Leilich, J.E. Simpson e E.H. Meiburg).............................................................................................................77 Figura V.3 – Ilustração da Corrente de Gravidade – U1, menos densa, interagindo com a Corrente de Gravidade – U2, mais densa.......................................................78 Figura V.4 – Ilustração parcial da Carta Náutica 1801 – visão do Porto de Itajaí, do Estuário do Rio Itajaí-Açú e do registro das coordenadas de campanha onde foram coletados os dados de campo, onde foram coletados os dados de campo................................................................................................................86 Figura V.5 – Ilustração mostrando o “ângulo de projeção das velocidades resultantes” em relação ao eixo principal do canal do Porto de Itajaí...................................93 xiii Figura V.6 – Ilustração mostrando o monitoramento utilizado na campanha de medições no canal de acesso ao Porto de Itajaí.............................................104 xiv ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico V.1 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 07:30h.........................96 Gráfico V.2 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 09:40h......................97 Gráfico V.3 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:10h......................97 Gráfico V.4 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:40h......................97 Gráfico V.5 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e longitudinalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 11:10h......................98 Gráfico V.6 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 12:40h......................98 Gráfico V.7 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:00h......................98 Gráfico V.8 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:40h......................99 Gráfico V.9 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Preamar às 14:10h..................................99 Gráfico V.10 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:00h......................99 Gráfico V.11 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:40h....................100 Gráfico V.12 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 16:50h....................100 Gráfico V.13 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:35h....................100 Gráfico V.14 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(1)...............101 Gráfico V.15 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(2)...............101 Gráfico V.16 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(3)...............101 xv ÍNDICE DE TABELAS Tabela II.1 – Relação dos processos de dragagem já utilizados no Porto de Itajaí......31 Tabela II.2 – Demonstração da situação do edital para Dragagem no Porto de Itajaí. Fonte: Sítio www.transportes.gov.br..................................................................35 Tabela III.1 – Sumário das atividades iniciais de monitoramento para o processo de dragagem por injeção de água. Fonte: Dredging Research – Technical Note – 3 – 10, 1993..........................................................................................................40 Tabela III.2 – Relação dos equipamentos de dragagem por injeção de água da empresa holandesa Van Oord, em operação em vários países. Fonte: Sítio www.vanoord.com.............................................................................................56 Tabela III.3 – Registros dos principais parâmetros obtidos durante a operação de dragagem por injeção de água no Rio Mississipi – EUA. Fontes: Dredging’ 94, 1994 e Sítio eletrônico www.vanoord.com.........................................................58 Tabela IV.1 – Comparação das taxas de produção dos processos de dragagem convencionais, representados pelas dragas de alcatruzes e autotransportadoras, com os processos hidrodinâmicos, representados pela draga por injeção de água.................................................................................73 Tabela V.1 – Valores dos números adimensionais: Froude densimétrico, Richardson e Reynolds, calculados para a corrente de densidade, a partir do conceito de similaridade de escoamentos naturais simulados em laboratórios e com os dados obtidos em campanhas de medição do processo WID...........................80 Tabela V.2 – Registro da Tábua de Marés do dia 9 de março de 2005, no Porto de Itajaí. Fonte: Tábua de Marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN da MB.................................................................................................................90 Tabela V.3 – Relaciona os nomes dos arquivos com os respectivos horários das incursões, para coleta de dados da Campanha de Medições, incluindo as condições da maré astronômica no Porto de Itajaí e a situação operacional dos equipamentos de dragagem..............................................................................92 Tabela V.4 – Indicação da direção convencionada das velocidades médias em relação à coluna de água...............................................................................................95 Tabela V.5 – Registros dos resultados obtidos das amostras recolhidas da coluna de água durante a campanha de medições no canal de acesso ao Porto de Itajaí, no dia 9 de março de 2005..............................................................................105 xvi LISTAGEM DE ABREVIATURAS A= Amostra a.C. = Período da história antes do nascimento de Cristo ADV = Acoustic Doppler Vector – Medidor de Correntes AL = Draga de Alcatruzes ALUMAR = Alumínio do Maranhão AMFRI = Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açú ATM = Draga Autotransportadora de Médio porte B1 = Berço de atracação nº 1 B2 = Berço de atracação nº 2 B3 = Berço de atracação nº 3 B4 = Berço de atracação nº 4 BVQI/in Metro = Bureau Veritas Quality International / Nacional BVQI/RVA = Bureau Veritas Quality International / Internacional C= Concentração de sedimentos no fluido CEDA = Central Dredging Association CODESP = Companhia Docas do Estado de São Paulo COPPE = Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia COSIPA = Companhia Siderúrgica Paulista CTD = Condutividade – Condutivímetro CVRD = Companhia Vale do Rio Doce CS = Clam-Shell – Draga de Caçamba d.C. = Período da história depois do nascimento de Cristo DELFT = Universidade Holandesa especializada em Hidrodinâmica DHN = Diretoria de Hidrografia e Navegação DNIT = Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DRP = Dredging Research Program E= Ponto Cardeal Leste EADI = Estação Aduaneira de Itajaí ebb-WID = Dragagem por Injeção de Água no período da maré vazando EIA = Estudo de Impacto Ambiental EPA = Enviromental Protection Agency F+A = Filtro + Amostra FOSFERTIL = Fertilizantes Fosfatados S/A xvii GPS = Global Position System HOM = Horas de Operação no Mês HPA = Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos IBAMA = Inst. Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis INPH = Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias – atual IPH/CDRJ ISSO = International Standard Organization LD = Linha d‘água LDSC = Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos LISST = Laser In-Situ Scattering and Transmissometry MB = Marinha do Brasil N= Ponto Cardeal Norte NNE = Ponto Cardeal Norte-Nordeste N.Seq. = Número da seqüência OBS = Sensor de Medição da Turbidez OSPAR = Operational and Strategic Planning and Research P+A = Prato + Amostra PAH = Poly Aromatic Hydrocarbons PC = Personal Computer PEnO = Programa de Engenharia Oceânica PORTOBRAS = Empresa de Portos do Brasil Pot. = Potência Rel = Relação RIMA = Relatório de Impacto do Meio Ambiente RO-RO = Navios que possui acesso por rampas laterais ou de popa S= Ponto Cardeal Sul SEBA = Sea-Based Activities SR = Draga de Sucção e Recalque SSW = Ponto Cardeal Sul-Sudoeste T= Turbidez TECONVI = Terminal de Contêineres do Vale de Itajaí TMP = Taxa Média de Produção UFRJ = Universidade Federal do Rio de Janeiro USEPA = U.S. Environmental Protection Agency WID = Water Injection Dredging – Dragagem por Injeção de Água xviii LISTAGEM DE SÍMBOLOS g= Grama h= Hora m= Metro linear r= Radianos t= tonelada u= Velocidade no eixo dos x v= Velocidade no eixo dos y w= Velocidade no eixo dos z C= Concentração de sedimentos T= Turbidez V= Volts gf = Força gravitacional gf(x) = Força gravitacional projetada no eixo dos x gf(y) = Força gravitacional projetada no eixo dos y hb = Altura da camada fluidificada hp = Profundidade h(x) = Altura da pluma de sedimentos u’ = Velocidade u projetada no eixo do canal v’ = Velocidade v projetada na coordenada y referente ao eixo do canal w’ = Velocidade w Cb = Capacidade de carga do batelão Cc = Capacidade da caçamba Cd = Ciclo de dragagem Ce = Coeficiente de enchimento Cec = Coeficiente de enchimento da caçamba Cel = Condutividade elétrica em μ.Siemens.cm-1 Co = Ciclo operacional Cop = Coeficiente operacional D50 = Diâmetro médio das partículas de uma amostra Es = Empolamento sugerido Hop = Horas operacionais Ht = Horas totais – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias) H(x) = Altura da coluna de água xix Lcd = Distância percorrida pela corrente de densidade Nc = Número de ciclos mensais Pd = Produção de dragagem Rr = Rotação do rosário Sa = Salinidade em ppt – ‰ St = Declividade do talude do leito do corpo hídrico Ta = Tempo de atracação Tc = Tempo de carga do batelão Td = Tempo de desatracação Tp = Taxa média de produção Vb = Volume da cisterna do batelão Vc = Volume da cisterna “in situ” Ve = Velocidade média de avanço da corrente de densidade Vm = Volume mensal “in situ” Vt = Volume total da cisterna Ws = Velocidade de queda Fr = Número de Froude Re = Número de Reynolds Ri = Número de Richardson Vu = Velocidade média na direção norte-sul Vv = Velocidade média na direção leste-oeste Vw = Velocidade média na direção da linha de profundidade Vu’ = Velocidade média projetada no eixo do canal Vv’ = Velocidade média projetada perpendicular ao eixo do canal Vw’ = Velocidade média projetada na linha da profundidade Vu’v’ = Velocidade resultante das velocidades projetadas u’ e v’ 2 Metro quadrado 3 m = Metro cúbico kW = Quilowatt km = Quilômetro ml = Mililitro mm = Milímetro linear Hz = Hertz kVA = Quilovolt-amper mHz = Mega-hertz m = xx min = Minuto rpm = Rotações por minuto ton = Tonelada ppt – ‰ = Percentage per thousand g/l = Grama por litro Kg/m3 = Quilograma por metro cúbico kW/m3.h-1 = Quilowatt por metro cúbico por hora m/min = Metro por minuto m/s = Metro por segundo m.s-1 = Metro por segundo m3/h = Metro cúbico por hora 3 -1 m .s = Metro cúbico por segundo mg/l = Miligrama por litro mg.l-1 = Miligrama por litro -1 Micromhos.cm = Unidade de condutividade -1 Micro.Siemens.cm = Unidade de Condutividade α= Ângulo do talude do leito do corpo hídrico ϕ= Ângulo da velocidade resultante Vu’v’ em relação ao eixo do canal γ= Ângulo de defasagem entre o ponto cardeal leste e o eixo do canal ρ0 = Densidade (peso específico) do fluido ambiente ρ1 = Densidade (peso específico) da corrente de densidade ρs = Densidade (peso específico) do sedimento ρ(s,t) = Densidade (peso específico) em função da salinidade e temperatura ρ(s,t,c) = Densidade (peso específico) em função da salinidade, temperatura e concentração ρ(mistura) = Densidade (peso específico) da mistura μS = Micro-Siemens (unidade de condutividade) μ/l = Mícron por litro ≅= Aproximadamente ºC = Grau Celsius >= Maior que <= Menor que ≥= Maior ou igual a ≤= Menor ou igual a ‰= Porcentagem por mil xxi I – INTRODUÇÃO O transporte aquaviário é responsável pela movimentação de aproximadamente 90% das cargas mundiais, tornando-se, portanto, o principal meio de locomoção de cargas do planeta. Atualmente, o transporte marítimo internacional utiliza navios cada vez mais especializados, bem como assistidos de modernas técnicas de gerenciamento e comunicação, direcionando as suas atenções para a nova demanda de navios econômicos. A exploração da economia de escala, refletidas no aumento de porte dos navios, é uma característica marcante na evolução da indústria do transporte marítimo e está intimamente ligada à agilização das operações portuárias, assim como a preservação de seus acessos aquaviários. Para atender as exigências de um mercado mundial altamente competitivo, a maioria dos portos teve que aumentar não somente a profundidade como ainda a largura de seus canais de acesso, berços de atracação e bacias de evolução, de maneira a garantir que as diversas embarcações, cada vez maiores em tamanho e calado, economicamente mais rentáveis, possam trafegar por vias aquáticas naturais ou artificiais, penetrar em baias protegidas e aproximarem-se das áreas portuárias para o embarque e desembarque das cargas transportadas. Várias centenas de milhões de metros cúbicos são dragados anualmente, em todo o mundo (GOES FILHO, 2004), grande parte desta quantidade de sedimentos é removida de portos que apresentam constantes assoreamentos 1, gerados por ações naturais ou antrópicas, atuantes nas proximidades destes ambientes hídricos. Portanto, tornou-se necessário, à preservação destas profundidades, o emprego constante de dragagens de manutenção, principalmente em portos localizados em estuários que necessitam destes serviços em escala cada vez mais crescente. A evolução dos equipamentos e das técnicas de dragagem vem acompanhando as demandas impostas pela modernidade e pela competitividade. Uma nova metodologia foi desenvolvida, na década de 90, para atender as operações de 1 Materiais depositados em leitos aquáticos provenientes da sedimentação de partículas suspensas na coluna de água, oriundas de ações naturais ou artificiais. 1 dragagens de manutenção, dando origem a um novo tipo de dragagem hidrodinâmica denominada dragagem por injeção de água, conhecida pela sigla WID – Water Injection Dredging, onde a versatilidade dos equipamentos e o baixo custo operacional motivaram a grande expansão operacional deste método. Este trabalho visa apresentar as principais características operacionais desta metodologia. I.1 – Objetivos • Descrever as características básicas da dragagem por injeção de água, assim como os equipamentos necessários. • Comparar esta metodologia de dragagem hidrodinâmica com a dragagem convencional. • Observar as características do escoamento no estuário do Rio Itajaí-Açú e sua possível influência na operação de dragagem. 2 I.2 – Estrutura do Texto A descrição do texto foi dividida em sete capítulos, para possibilitar uma melhor estruturação e compreensão dos principais tópicos do processo em estudo: I– Introdução – Detalhamento das motivações que propiciaram a escolha do tema, assim como os objetivos e propostas do estudo apresentado. II – Caracterização dos Métodos de Dragagem – Envolve o histórico da evolução da dragagem, definição dos tipos de operação de dragagem, além da classificação dos processos de dragagem existentes na atualidade, segundo alguns autores. Por fim, descreve várias especificações do Porto de Itajaí, detalhando as características de dragagem no seu acesso aquaviário. III – Dragagem por Injeção de Água – Este capítulo faz uma breve análise operacional desta metodologia, relaciona os equipamentos e acessórios de dragagem, menciona a interferência da dragagem hidrodinâmica em relação à biota local e transcreve os estudos realizados, na Holanda, sobre a atuação do processo WID em leitos com materiais contaminados. Descreve a importância do monitoramento por instrumentos, além de avaliar a corrente de densidade através dos números adimensionais: Froude densimétrico, Richardson e Reynolds. Finalmente ilustra, por meio de um “Diagrama em Blocos”, a interligação das atividades que envolvem o processo WID. IV – Análise Comparativa dos Métodos de Dragagem – Apresenta uma comparação técnica operacional do processo WID com a Dragagem Convencional. V– Análise do Processo Hidrodinâmico da Metodologia WID – Definição teórica de corrente de densidade e a importância das correntes naturais presentes nessa operação de dragagem. São apresentados os resultados da campanha de medições, através de gráficos e tabelas, realizada no Rio Itajaí-Açú, no Porto de Itajaí em 9 de março de 2005, onde a dragagem por injeção de água está sendo realizada. VI – Discussão das Condições de Dragagem no Porto de Itajaí – Analisa a trajetória dos sedimentos e as interferências na operação de dragagem em Itajaí. VII – Conclusões e Recomendações – Descreve os principais aspectos operacionais do processo WID, assim como a necessidade das campanhas de campo, dando ênfase aos resultados encontrados. Faz algumas recomendações sobre a utilização deste método de dragagem. 3 II – CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE DRAGAGEM II.1 Histórico e Evolução da Dragagem Limpar ou desobstruir vias navegáveis com dragas é uma definição clássica para dragagem, já GOES FILHO (2004) define a dragagem como um processo de relocação de sedimentos e solos para fins de construção e manutenção de vias aquáticas, de infraestrutura de transporte, de aterros e de recuperação de solos ou de mineração. De fato, a evolução das metodologias de dragagem possibilitou uma ação de maior âmbito tornando-se mais abrangente e, até mesmo, imprescindível no auxílio para remoção de escombros, na recuperação de achados arqueológicos, em obras que necessitem de aterros especiais, na exploração industrial de depósitos naturais de minerais, pedras preciosas e recursos marinhos de valor comercial (Compton’s Encyclopedia, 1998) ou, ainda, em dragagens de recuperação do meio ambiente aquático (Ge Study Report, 1998). Historicamente, existem referências à abertura de canais para navegação desde a mais remota antiguidade, ou seja, aproximadamente 5.000 anos antes de Cristo, entre os Sumérios (MARTINS, 1974). Podemos mencionar ainda importantes serviços hidráulicos, tais como: a abertura do Canal da Babilônia; o traçado entre os Rios Tigre e Eufrates; a navegabilidade no Rio Eufrates determinada por Nabucodonosor – 600a.C (BRAY, 1997; Compton’s Encyclopedia, 1998); uma ligação predecessora do Canal de Suez, entre o Rio Nilo e o Mar Vermelho; a drenagem do Lago Fucino – 43a.C. Porém, o mais longo e antigo canal aquático ainda existente é o Grande Canal da China, com mais de 1600 km de extensão o que levou cerca de 2000 anos para ser construído – suas obras iniciaram no século 7a.C. e terminaram por volta do ano 1280d.C.. Na Europa, os pioneiros na construção de canais foram os italianos, muito embora os franceses prezem pela quantidade e extensão de suas vias aquáticas. Já na Grécia Antiga, eram construídos canais artificiais com fins de irrigação e também para unir corpos de água. Atualmente, os holandeses são os que mais investem em tecnologia de dragagem, principalmente, na construção de canais para drenagem de seu território (TORRES, 2000; Compton’s Encyclopedia, 1998). 4 Em particular, a dragagem hidrodinâmica objeto deste trabalho e que será descrita posteriormente, remonta da Idade Antiga onde, na Índia, já existia indícios do uso deste método para remover os assoreamentos causados ao Rio Indus (MARTINS, 1974). Na época, esta operação de dragagem era efetuada através do arrastamento de troncos de madeira, posicionados verticalmente em embarcações propulsadas a vela ou remos, atuando em contato com o material de fundo do rio, visando ressuspender os sedimentos que, posteriormente, eram deslocados através da hidrodinâmica natural do corpo hídrico, gerando, com isto, o aprofundamento do leito aquático. II.2 – Tipos de Operação de Dragagem As operações de dragagem mais comuns são definidas pelas características básicas e finalidades operacionais que envolvem o processo de dragagem. Seguindo a concepção de alguns livros e periódicos (USEPA, 1994; GE Study Report, 1998; TORRES, 2000; GOES FILHO, 2004) podemos destacar os seguintes tipos de operação de dragagem: II.2.1 – Dragagem de Aprofundamento ou Inicial É determinada pelo aprofundamento virginal 2 do leito aquático, onde, normalmente, a coesão entre as partículas é mais intensa. Os equipamentos de dragagem são mais robustos e adaptados a cada tipo de situação operacional. A metodologia e o equipamento adequado são condições prioritárias para se obter bons resultados neste tipo de operação. A diversificação é determinada pelas características do material existente no fundo aquático, podendo ser empregada a derrocagem subaquática como parte deste processo operacional. Geralmente, estas operações são caracterizadas por (GOES FILHO, 2004): • 2 Movimentação de grandes quantidades de material dragado. Aprofundamento em locais onde a dragagem nunca foi efetivada. 5 • Remoção de solos compactos. • Dragagem de camadas de solos não alteradas. • Baixa presença de contaminantes. • Camadas para dragagem com espessuras consideráveis. • Atividades de dragagem não repetitivas. II.2.2 – Dragagem de Manutenção É definida como uma operação mais suave 3, onde a remoção dos sedimentos é facilitada devido a pouca coesão das partículas depositadas recentemente 4 no leito aquático. Esta característica facilita a utilização da maioria dos processos de dragagem existentes na atualidade. Geralmente, consiste em uma técnica operacional sucessora à dragagem de aprofundamento. Possui como principais características (GOES FILHO, 2004): • Quantidade de material a ser dragado variável. • Remoção de solos não compactos. • Possível presença de materiais contaminados. • Ocorrência mais freqüente em canais de navegação e portos. • Atividade, normalmente, repetitiva e rotineira. II.2.3 – Dragagem de Mineração É composta por equipamentos especificamente construídos para extração de minerais com valor econômico como: argilas, areia e cascalho, para utilização em indústrias e na construção civil, podendo ainda ser utilizada em aluviões fluviais para extração de ouro e pedras preciosas. 3 4 Caracterização atribuída para dragagens em solos aquáticos de fácil remoção. Definição de tempo insuficiente para consolidar uma forte coesão das partículas. 6 II.2.4 – Dragagem Ambiental ou Ecológica Caracteriza-se pela utilização de dragas ecológicas para remoção, tão somente, da camada de materiais contaminados depositados no fundo do corpo hídrico, como também na linha da água quando ocorrem vazamentos acidentais de óleos ou derivados de petróleo no meio aquático. São equipamentos desenhados para trabalharem induzindo pouco efeito de turbidez na coluna de água, normalmente causados pelos processos de dragagem convencionais. Procedimentos rigorosos são exigidos para a dragagem e deposição final do material. A eficiência da dragagem ecológica está restrita a observação dos seguintes fatores (GOES FILHO, 2004): • Minimização da dispersão de sedimentos contaminados para as áreas adjacentes ao sítio de dragagem; • O manejo, tratamento e despejo do rejeito de dragagem devem ser efetuados de modo seguro do ponto de vista ambiental; • A operação deve ser completada no menor tempo possível, resultando na máxima remoção de sedimentos contaminados e na mínima remoção de sedimentos limpos. Na dragagem ambiental a remoção do material contaminado se procede cuidadosamente, sendo constantemente associada a um programa de tratamento, reutilização ou relocação do mesmo. Possui como características mais usuais: • Volumes reduzidos de dragagem. • Presença de materiais contaminados. • Remoção de solos não compactados. • Atividade com tendência não repetitiva. II.2.5 – Dragagens Especiais São constituídas por equipamentos projetados ou adaptados para casos particularizados de dragagem, como por exemplo, dragagens em grandes profundidades, retirada de escombros e outras operações especiais. Dependendo da situação existe a possibilidade da utilização de equipamentos robotizados. 7 II.2.6 – Dragagens Naturais ou Erosão São identificadas pela ação de forçantes hidrodinâmicos naturais presentes no corpo hídrico, muito comuns em regiões estuarinas, onde o incremento da vazão de águas continentais, devido ao período de fortes chuvas, ou alterações na incidência de ventos e de ondas de marés astronômicas ou meteorológicas, tornam viável o deslocamento dos sedimentos de fundo para outros sítios. Podendo, sob certas condições, haver retorno do material removido ao mesmo ponto inicial, como por exemplo, em lagos ou lagoas, cujos efeitos hidrodinâmicos contornam todo o seu perímetro. Neste tipo de dragagem, normalmente, não existe interferências induzidas artificialmente nas ações que caracterizam o processo. II.2.7 – Dragagens para Aterros Hidráulicos São, basicamente, desempenhadas pela atuação de dragas hidráulicas ou mecânicas, podendo ser utilizados batelões especiais tipo split-barge 5 no intuito de recalcar ou transportar grãos de areia para reurbanização de áreas costeiras, construção de rodovias e aeroportos ou, ainda, para engordamento 6 de praias. Abertura Longitudinal da Cisterna Figura II.1 – Ilustração de uma draga dotada com o sistema “SPLIT” que caracteriza a abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte: Bandeirantes. 5 6 Tipo de embarcação onde a abertura da cisterna é longitudinal em todo seu comprimento. Termo atribuído para definir incremento de areia para acresção ou recomposição de praias. 8 Draga Leblon Cisterna 880 m3 “Clam-Shell” 3 jd3 Jato de água com areia Restauração da Praia de Olinda - PE Figura II.2 – Ilustração de uma draga hidráulica recalcando sedimentos para restauração de uma área costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem. II.3 – Classificação dos Processos de Dragagem A diversificação dos processos de dragagem foi motivada pela necessidade de transpor as dificuldades impostas pela própria natureza. Contudo, a evolução destes métodos continua se desenvolvendo através de estudos e pesquisas em laboratórios ou, até mesmo, em modelagens matemáticas, visando melhorar as técnicas de operação e a eficiência dos equipamentos, no intuito, também, de minimizar os custos operacionais. Segundo alguns autores e periódicos (DAVIS et al., 1990; BRAY et al., 1997; Relatório SEBA, 1999; GOES FILHO, 2004), podemos distinguir, como principais e mais utilizadas técnicas, os seguintes processos de dragagem: 9 II.3.1 – Processos Mecânicos de Dragagem São caracterizados pela atuação mecanizada dos equipamentos para a remoção dos sedimentos de fundo. Os equipamentos de dragagem mais conhecidos que utilizam este processo são: Draga de Alcatruzes (Bucket line Dredge), Draga de Caçamba (Clam-Shell), Caçamba tipo Mandíbulas (Grab Dredge), Escavadeiras Frontais (Dipper Dredges), Retro-Escavadeiras (Hoes), Pás de Arrasto (Draglines). Devido à simplicidade e semelhança com os equipamentos utilizados em terraplenagem, os equipamentos mecânicos de dragagem foram os primeiros a ser desenvolvidos. Geralmente, o material dragado é lançado em cisternas de batelões que transportam estes sedimentos até a área de deposição final. As dragas mecânicas podem possuir propulsão própria ou não, as não propelidas são conhecidas como dragas estacionárias. A seguir ilustramos alguns destes equipamentos, assim como os principais detalhes que permitem sua operação em meios aquáticos. DRAGA DE ALCATRUZES Guindaste de Popa Superestrutura Mastro Principal Tombo Superior Guinchos de Proa Guindaste de Proa Guinchos de Popa Flutuante sem Propulsão Charutos de Popa BB e BE Caçambas do Rosário Dalas BB/BE Cabo do Suspensório Espessura de Corte Lança de Dragagem Charutos de Proa BB e BE Tombo Inferior Figura II.3 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de alcatruzes mostrando o conjunto de caçambas que atuam continuadamente na remoção do material de fundo. Fonte: Sítio eletrônico www.ihcholland.com. 10 DRAGA RETROESCAVADEIRA Retro Escavadeira Caçamba Flutuante sem propulsão Charutos de Fixação para Dragagem Figura II.4 – Ilustração do esquema operacional de uma draga retroescavadeira mostrando o carregamento em uma barcaça e seu sistema de posicionamento no fundo, através de dois charutos de fixação do flutuante. Fonte: Góes Filho, 2004. DRAGA DE CAÇAMBA Cabo de Içamento Guindaste de Dragagem Cabos de movimentação do Flutuante – proa e popa Guincho Caçamba de Dragagem Cabo Guia da Caçamba Flutuante sem Propulsão Figura II.5 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de caçamba (Clam-Shell) mostrando o guindaste responsável pela movimentação da caçamba e os cabos presos ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem. Fonte: Góes Filho, 2004. 11 II.3.2 – Processos Hidráulicos de Dragagem A atuação de bombas hidráulicas para succionar e recalcar os sedimentos, que podem ser fragmentados mecanicamente por desagregadores ou hidraulicamente através de fortes jatos de água, é uma das principais características deste processo. Podemos citar os seguintes tipos de equipamentos: Dragas Autotransportadoras (Hopper Trailing Suction Dredges) e Dragas de Sucção e Recalque (Cutter Suction Dredges), as quais poderão ser propelidas ou não. Durante a remoção do material dragado é formada uma mistura de água com o material sólido do leito, que é bombeado para tubulações flutuantes a distâncias compatíveis com a potência dos equipamentos – no caso de dragas de sucção e recalque – ou em bombeamentos para dentro de cisternas – no caso de dragas autotransportadoras (GÓES FILHO, 2004), que também possuem a alternativa de recalcar os sedimentos em tubulações. Existe ainda a possibilidade de bombear o produto da dragagem para batelões acostados a contrabordo das dragas. As dragas hidráulicas são constituídas de tecnologias mais recentes e, geralmente, possuem maior rendimento operacional que as dragas mecânicas. DRAGA AUTOTRANSPORTADORA Superestrutura Leme Propulsores Principais BB e BE Tubulação de Recalque Para a Cisterna Guindaste de Manutenção Cisterna para armazenamento do material dragado Bomba Sucção Intermediária BB e BE Bocas de Dragagem BB e BE Propulsor Lateral Tubos de Sucção BB e BE Tubos de Jato de água BB e BE Figura II.6 – Ilustração do esquema operacional de uma draga autotransportadora mostrando a atuação das duas bocas e dos dois tubos de sucção durante a dragagem, dispostos em cada lado da embarcação. Fonte: Sítio eletrônico www.ihcholland.com. 12 As dragas de sucção e recalque – cutter suction dredges – são, normalmente, equipamentos sem propulsão que atuam em regiões costeiras, sendo muito utilizadas em aterros hidráulicos para construção de aeroportos ou restauração de praias. Geralmente, são equipadas com um desagregador mecânico instalado na extremidade da lança de dragagem junto ao tubo de sucção, que atua por rotação desagregando o material do leito, o qual é aspirado pela bomba de dragagem. Estas dragas, como as dragas mecânicas, também são conhecidas como estacionárias e a utilização dos charutos, normalmente localizados a ré, juntamente com as lanças e âncoras de arinque, funcionam para dar apoio durante a dragagem, possibilitando o avanço e o giro da draga – swing 7 – movimento responsável pelo ciclo de corte de dragagem. DRAGA DE SUCÇÃO E RECALQUE Mastro Principal Tubo de Recalque Cabine de Dragagem Lanças de Arinque Âncoras de Arinque BB e BE Flutuante sem Propulsão Âncora de Fundeio Tubo de Sucção Charutos BB e BE para Dragagem Lança de Dragagem Suspensório Desagregador Figura II.7 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção e recalque atuando com um desagregador na ponta da lança de dragagem mostrando as âncoras de arinque que permitem o movimento lateral e , juntamente com os charutos de fixação, propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento. Fonte: www.ihcholland.com. 7 Nome do movimento que resulta na largura de corte da draga de sucção e recalque. 13 II.3.3 – Processos Mistos de Dragagem São identificados pela ação conjunta e simultânea dos processos mecânicos e processos hidráulicos. Como exemplo desta tecnologia pode-se registrar as dragas de sucção e recalque com roda de caçambas instalada na ponta da lança. Este mecanismo remove o material de fundo mecanicamente lançando-o diretamente na linha de sucção hidráulica da draga. Uma das características deste tipo de equipamento é de poluir menos que as dragas mecânicas e hidráulicas, pois o processo de remoção mecanizado e a posterior sucção do material dragado fluindo pelo tubo de sucção acarretam em menor dispersão dos sedimentos na coluna de água. Apesar de se constituir em uma draga de processo misto, o seu ciclo de dragagem é idêntico ao das dragas hidráulicas de sucção e recalque. DRAGA DE SUCÇÃO COM RODA DE CAÇAMBAS Mastro Principal Tubo de Recalque Cabine de Dragagem Flutuante sem Propulsão Lanças e Âncoras de Arinque BB e BE Âncora de Fundeio Tubo de Sucção Lança de Dragagem Suspensório Charutos BB e BE de Dragagem Roda de Caçambas Figura II.8 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção com roda de caçambas na ponta da lança de dragagem mostrando as âncoras de arinque que, juntamente com os charutos, são responsáveis pelo ciclo de corte de dragagem. Fonte: www.ihcholland.com. 14 II.3.4 – Processos Pneumáticos de Dragagem São equipamentos muito utilizados em arqueologia náutica para recuperar pequenos objetos submersos, trata-se de um tubo de sucção utilizando um sistema com pressão de ar comprimido na ponta que induz a aspiração de pequenos sedimentos de fundo, este método é conhecido como Air-lift. Existem dragas ecológicas que utilizam, na sucção, sistemas pneumáticos em seus mecanismos para atenuar a dispersão do material dragado, evitando sua elevação na coluna de água. Atualmente, as dragas pneumáticas são consideradas as que menos poluem durante o processo de dragagem, contudo, o maior problema continua sendo a deposição final dos sedimentos removidos, pois se estima que o custo da disposição de sedimentos em áreas confinadas especiais pode ser de 3 a 6 vezes superior a simples descarga no mar (HINCHEE et al., 2001). Há registros de casos de tratamento de materiais contaminados com custos variando de 10 a 100 vezes superiores aos da utilização sem necessidade de tratamento (HINCHEE et al., 2001). DRAGA PNEUMÁTICA ECOLÓGICA Cabos de Içamento Cabo da Lança Cabo de aço Translação Tubo de Recalque Compressor Valv. Distrib. de Ar Flutuante sem Propulsão Flutuante Sistema Pneumático de Sucção Tubulação Pneumática de Sucção Figura II.9 – Ilustração do esquema operacional de uma draga pneumática mostrando a linha de recalque e o equipamento de sucção pneumático em contato com o leito. Fonte: Sítio eletrônico www.pneuma.it. 15 II.3.5 – Processos Hidrodinâmicos de Dragagem Basicamente, estes processos dependem dos recursos hidrodinâmicos induzidos na coluna de água de forma natural ou artificial a fim deslocar, para outro sítio, os sedimentos de fundo, os quais são suspensos do leito aquático por ação de contato mecânico ou hidráulico. É considerada uma operação de baixo custo, pois o transporte do material dragado não é efetuado pelo equipamento, mas sim pelas condições hidrodinâmicas presentes no corpo hídrico. As dragagens naturais também utilizam os recursos hidrodinâmicos do fluido como meio de transporte dos sedimentos ressuspensos, constituindo-se num processo sem intervenções antrópicas, contudo não são consideradas dragagens hidrodinâmicas pela CEDA – Central Dredging Association – organização internacional que se dedica a todo tipo de atividade que envolva a dragagem (Relatório SEBA, 1999). Neste Relatório, só foram considerados como processos de dragagens hidrodinâmicas aqueles que são realizados com a atuação de equipamentos de dragagem. DRAGAGEM HIDRODINÂMICA Embarcação de Tração Fluxo dos Sedimentos Linha da água Sentido da Embarcação Sedimentos Dispersados Cabo de Tração Sedimentos Depositados Estrutura Sólida Leito Aquático Figura II.10 – Ilustração de um dos processos de dragagem hidrodinâmica mostrando a atuação de uma estrutura sólida no leito aquático, gerando uma pluma de sedimentos que é carreada para além do sítio de dragagem pela atuação de forçantes hidrodinâmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974). 16 II.3.5.1 – Metodologia do Processo Hidrodinâmico A dragagem hidrodinâmica é definida como sendo a deliberada suspensão ou ressuspensão de uma fração de sedimentos do leito de um sistema aquático, através de intervenções mecânicas ou hidráulicas, com posterior deslocamento desse material, da área de dragagem até o seu depósito final, utilizando processos hidrodinâmicos naturais ou induzidos no fluido (Relatório SEBA, 1999). A distribuição dos sedimentos liberados na coluna de água do corpo hídrico permite o acompanhamento qualitativo e quantitativo desta metodologia. Neste processo, não há transporte, do material removido 8, por intermédio de equipamentos de dragagem como batelões ou tubos de recalque, a própria coluna da calha hidráulica é utilizada como meio de transporte dos sedimentos até a área de disposição final, tornando esta operação uma atividade de baixo custo operacional (ATHMER, 1996), podendo ser utilizada em dragagens de manutenção de portos e vias navegáveis localizados, principalmente, em rios ou estuários (WINTERWERP et al., 2001). A quantidade de sedimentos que são transportados 9 através da coluna de água é determinada, principalmente, pelas propriedades das partículas, onde: o tamanho, a forma e a massa específica são características fundamentais para estabelecer a velocidade de queda e a densidade da pluma de sedimentos formada durante o processo, possibilitando a manutenção desses sedimentos suspensos no fluido e, consequentemente, um maior carreamento dessas partículas no meio aquático (KNOX et al., 1994). Já à distância percorrida por esses sedimentos ressuspensos depende, ainda, do favorecimento das condições hidrodinâmicas do corpo hídrico para gerar uma corrente capaz de deslocar as partículas suspensas na coluna do fluido (Relatório SEBA, 1999). Portanto, em Dragagens Hidrodinâmicas, sedimentos finos, com baixa coesão, recentemente depositados no fundo e localizados em meios aquáticos que apresentem condições hidrodinâmicas 10 favoráveis , são características que determinam uma boa eficiência operacional desse processo (NETZBAND, 1998). 8 Material desagregado do fundo através de procedimentos de dragagem hidrodinâmica. Refere-se ao deslocamento dos sedimentos em direção ao depósito planejado. 10 São condições que propiciam o deslocamento da pluma de sedimentos em direção à área de despejo, sem que haja dispersão desfavorável na coluna de água. 9 17 Essa metodologia pode ser empregada em conjunto com outros processos de dragagem, no intuito de mover o material dragado para um novo sítio onde a operação convencional possa atuar com melhor desempenho (ATHMER, 1996). As técnicas empregadas nessa dragagem são classificadas em, dragagem por agitação e dragagem por injeção de água (Relatório SEBA, 1999). Suas aplicações requerem condições especiais nas características hidrodinâmicas presentes no corpo hídrico, pois enquanto a dragagem por agitação utiliza a faixa intermediária e superior da coluna de água, a dragagem por injeção de água utiliza a região próxima ao leito para deslocar o material fluidificado. Contudo, em ambos os casos, os sedimentos ressuspensos ficam submetidos às correntes naturais ou artificiais do fluido ambiente, podendo interferir no desenvolvimento da pluma de sedimentos que, uma vez mobilizada, possui limitações no controle direcional até a deposição final das partículas (Relatório SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004). Em geral, os locais onde a dragagem hidrodinâmica apresenta bom desempenho deverão possuir as seguintes características (Relatório SEBA, 1999): • Áreas com alta concentração de sedimentos naturais. • Áreas com materiais provenientes de erosão. • Áreas com bom potencial de velocidade de corrente, seja natural ou artificial. • Áreas próximas às grandes depressões aquáticas. • Áreas com baixo nível de materiais contaminados. II.3.5.2 – Tipos de Dragagens Hidrodinâmicas Como descrito anteriormente a dragagem hidrodinâmica pode ser sintetizada em dragagem por agitação ou dragagem por injeção de água, essas técnicas são precursoras de pelo menos quatro processos de dragagem reconhecidos atualmente: Agitação, Erosão, Elevação e Injeção, respectivamente (Relatório SEBA,1999): 18 PROCESSO MÉTODO TÉCNICA I II/III IV I INJEÇÃO INJEÇAO DE ÁGUA II/III AGITAÇÃO/ EROSÃO IV ELEVAÇÃO LANÇAMENTO ARRASTO/JATO FORTE Figura II.11 – Ilustração dos quatro principais processos de dragagem hidrodinâmica – Injeção, Agitação, Erosão e Elevação. Fonte: Relatório SEBA 99/12/info.1-E. A – Dragagem por Agitação O processo de dragagem hidrodinâmica por agitação é realizado pela atuação mecânica de arraste de uma estrutura sólida no leito de um corpo aquático (Figura II.10). Essa atuação causa uma turbidez de grande intensidade na coluna de água, além de propiciar uma grande dispersão das partículas ao longo da calha hidráulica, dificultando o controle no transporte desses sedimentos, cujo percurso, normalmente, interage com a ação hidrodinâmica 11 presente, naquele momento, no corpo hídrico (Relatório SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004). B – Dragagem por Erosão É um processo que ocorre quando os sedimentos do leito, com forte coesão, são removidos por um fluxo de água de alta pressão. O material no fundo é 11 Nesse caso, se refere as correntes naturais presentes no corpo hídrico. 19 deslocado e suspenso até uma pequena faixa na coluna de água por meio de fortes jatos de água, sendo transportados, normalmente, para curtas distâncias, dependendo das atividades hidrodinâmicas presentes no corpo aquático (Relatório SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004). Esse método pode ser empregado com um jato único ou, em larga escala, com vários jatos de água, os quais são muito utilizados em bocas de dragagem de dragas autotransportadoras, com a finalidade de desagregar os materiais de fundo para aumentar o rendimento das bombas de dragagem (Relatório SEBA, 1999). C – Dragagem por Elevação A remanejamento 12 dragagem hidrodinâmica por elevação consiste em um dos sedimentos do leito do corpo aquático para a superfície da linha de água, onde as correntes naturais do corpo hídrico determinam o transporte dessas partículas. Normalmente, o lançamento do material dragado na superfície é induzido pelos componentes de dragas convencionais. Podemos citar as dragas autotransportadoras e as de sucção e recalque como equipamentos que propiciam este processo de dragagem (Relatório SEBA, 1999). Nas dragas autotransportadoras o lançamento dos sedimentos na superfície é realizado, normalmente, através do vertedor (overflow 13) da embarcação que se constitui num importante acessório para aumentar a densidade da mistura concentrada na cisterna 14 da draga, a remessa de parte desse fluido, juntamente com certa concentração de sedimentos, para a superfície da coluna de água constitui-se no processo de dragagem hidrodinâmica por elevação (Relatório SEBA, 1999). Nas dragas de sucção e recalque a operação se manifesta quando a linha de recalque é aberta na superfície da água gerando o lançamento da mistura na 12 Neste caso, consiste no lançamento do material dragado propositadamente para o ambiente externo da draga, devido às características operacionais do próprio processo de dragagem. 13 Mecanismo responsável pela separação da água e os sedimentos dragados, que são lançados na cisterna de dragas autotransportadoras ou batelões lameiros. 14 Porão da draga autotransportadora ou batelão lameiro onde são depositados os materiais dragados para o seu transporte até a área de despejo. 20 linha da água. Ao final do tubo de recalque poderá ser fixada uma ponteira de redução de diâmetro que agiria como um injetor, aumentando a velocidade do fluxo e propiciando um jato com maior alcance, em relação ao ponto inicial de dragagem. Draga Autotransportadora em operação Sedimentos lançados pelo “vertedor” da Draga Figura II.12 – Ilustração de uma draga autotransportadora apresentando o lançamento de sedimentos na superfície do fluido através do vertedor (overflow). Fonte: Sítio www.vanoord.com. D – Dragagem por Injeção – WID A dragagem hidrodinâmica por injeção de água é caracterizada pela ação de um jato com baixa pressão manométrica e grande volume de água, fluidificando os sedimentos de fundo e gerando uma turbidez próxima ao leito, como ilustrado na figura II.13. Essa operação gera uma pluma de sedimentos com densidade maior que o fluido ambiente favorecendo o surgimento do efeito de corrente de densidade ou corrente de turbidez cujo propósito é direcionar as partículas ressuspensas para águas mais profundas (Relatório SEBA, 1999). Este método de dragagem é o objeto deste trabalho e será descrito com mais detalhes no Capitulo III. 21 DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA Movimento dos Sedimentos Grandes volumes de água são injetados no fundo para suspender os sedimentos Injeção de Água Figura II.13 – Ilustração do processo de dragagem por injeção de água mostrando os parâmetros necessários para induzir a formação da corrente de densidade. Fonte: ThamesWeb – Maintenance Dredging. 22 II.4 – Dragagem no Porto de Itajaí II.4.1 – Especificações do Porto de Itajaí II.4.1.1 – Histórico Segundo registros históricos, os primeiros estudos referentes ao Porto de Itajaí datam de 1905, realizados pela Comissão de Melhoramentos dos Portos e Rios. Por volta de 1914, foi construída a primeira obra, composta dos 700 metros do molhe Sul, seguidas mais tarde das obras do molhe Norte. O porto propriamente dito foi iniciado em 1938, com a construção do primeiro trecho de cais, com 233 metros de comprimento e estrutura em concreto armado, e do primeiro armazém. No início da década de 1950 foi construído o segundo trecho de 270 metros, concluindo-se em 1956 mais 200 metros, além da construção de um armazém frigorífico, voltado, na época, às necessidades da atividade pesqueira. O Porto de Itajaí passou a ser considerado porto organizado em 28 de junho de 1966, quando foi instalada a Junta Administrativa do Porto de Itajaí, subordinada ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis. Em 1976, com a criação da Empresa de Portos do Brasil S.A. – PORTOBRÁS, o gerenciamento do terminal itajaiense passou a ser exercido pela Administração do Porto de Itajaí, diretamente vinculada àquela estatal. A partir desse período verificou-se um crescimento acentuado da sua movimentação e, com a melhoria na sua organização administrativa, a Administração do Porto passou a ser um órgão representativo na comunidade portuária. Com a lei 8.029, de 1990, a PORTOBRÁS foi extinta, e após momentos de incertezas e indefinições oriundas de uma situação não prevista, e ainda, para que pudesse continuar com suas atividades normais sem sofrer solução de continuidade, a Administração do Porto de Itajaí passou a ser subordinada à Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP, situação que perdurou até 1º de junho de 1995, quando o Ministério dos Transportes descentralizou a gestão do porto ao Município de Itajaí, através da Administradora Hidroviária Docas Catarinense. Em dezembro de 1997, o Porto de Itajaí foi delegado ao município pelo prazo de 25 anos. Passou a ser chamado de Superintendência do Porto de Itajaí em 6 de junho de 2000, através da Lei Municipal 3.513. 23 II.4.1.2 – Localização do Porto O Porto de Itajaí está localizado à margem direita do rio Itajaí-Açu, a 3,2km de sua foz, no Município de Itajaí, litoral norte do Estado de Santa Catarina, a meio caminho entre a capital de Santa Catarina, Florianópolis, e a cidade catarinense mais populosa, Joinville, sendo suas coordenadas geográficas: latitude 26º54’02” sul e longitude 48º39’04” oeste. A zona de jurisdição de porto limita-se ao norte pela divisa entre os municípios de Barra Velha e Piçarras e ao sul até o município de Garopaba. A ilha de Santa Catarina, onde se situa a cidade de Florianópolis, capital do Estado, se encontra sob a jurisdição do porto de Itajaí. O porto é administrado, no momento, pela Prefeitura de Itajaí. Porto de Itajaí Figura II.14 – Ilustração da localização do Porto de Itajaí no litoral de Santa Catarina 24 Do embarque de frangos para o exterior, cerca de 90% é realizada pelo Porto de Itajaí. É o terceiro no ranking nacional de movimentação de contêineres, registrado durante o ano de 2003, estando em primeiro o Porto de Santos e segundo o Porto de Rio grande. Assim sendo, é o escoadouro natural da economia estadual e agora também de províncias argentinas limítrofes. Sede da AMFRI - Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu e sede também da Capitania dos Portos de Santa Catarina. É considerado um dos principais pólos de desembarque pesqueiro nacional onde várias industriais de processamento de pescado estão instaladas às margens do estuário, principalmente no Município de Itajaí. A região é constantemente dragada para a manutenção da profundidade do canal de navegação. A dragagem utiliza uma draga que trabalha através do sistema de injeção de água, que promove a fluidificação dos sedimentos finos que constituem o fundo (SCHETTINI, 2002). A superintendência do Porto de Itajaí, após dezoito meses de trabalho, obteve a certificação ISO 15 9001:2000, pelo BVQI/Inmetro 16, BVQI/RVA 17, aceitação nacional e internacional, respectivamente. Tornando-se, assim, a primeira Autoridade Portuária, no Brasil, a obter essa certificação, o que qualifica o Porto como prestador de serviços portuários com padrão de qualidade internacional. Em julho de 1983, em conseqüência de fortes chuvas, houve um grande aumento na vazão e na velocidade das águas fluviais do Rio Itajaí-Açú, gerando uma forte corrente que causou uma erosão superior a doze metros de profundidade na região portuária e, como isto, o afundamento de parte do Cais próximo ao berço nº. 4, além de profundas alterações no leito do estuário. Durante esta cheia, na bacia de evolução do Porto de Itajaí, foi medida a velocidade da corrente que atingiu 3m/s e o nível de água se elevou a cota de 3,80m acima do zero hidrográfico da DHN (DIENG–Relatório INPH 65/99, 1999). As obras de reconstrução do berço danificado encerraram-se em 1988. 15 ISO – “International Standard Organization” – Organização de Padronização Internacional que, através de normas pré-estabelecidas, define a qualificação, através de metodologias, para um tipo de serviço ou para fabricação de mercadorias. 16 BVQI/Inmetro – Órgão brasileiro responsável pela avaliação e acompanhamento das exigências das normas ISO – 9001. 17 BVQI/RVA – Órgão internacional responsável pela avaliação e acompanhamento das exigências das normas ISO – 9001. 25 II.4.1.3 – Acessos às Instalações Portuárias O acesso rodoviário ao Porto de Itajaí pode ser realizado pelas rodovias SC-470 / BR-470, as quais ligam o Município de Itajaí ao oeste catarinense, passando por Blumenau; já a BR-101, a 10 km do porto e a SC-486, atingindo Brusque, estabelecem uma conexão com a malha rodoviária do Estado de Santa Catarina. Contudo, o Porto de Itajaí não possui acesso por via ferroviária. O acesso marítimo inicia-se no canal da barra, na embocadura do rio Itajaí-Açú, que se encontra fixada por dois molhes, norte e sul, e contém a largura mínima de 100m e profundidade de 10,0m. O canal de acesso é constituído de um trecho externo e outro interno, com profundidades próximas a 10,0m. A parte externa (canal da barra) tem cerca de 1,5km de comprimento e largura de 100m a 150m, e a parte interna, 3,2km, com largura variando entre 100m e 230m. Figura II.15 – Ilustração do início do canal interno de acesso ao Porto de Itajaí mostrando a entrada da barra. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br. 26 Figura II.16 – Ilustração do Porto de Itajaí e seu canal de acesso até a sua foz. Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.cpm.br. Figura II.17 – Ilustração do Porto de Itajaí, ressaltando os meandros do Rio Itajaí-Açú. Fonte: Sítio eletrônico www.portoitajai.com.br. 27 Figura II.18 – Ilustração dos berços de atracação do Porto de Itajaí mostrando parte da bacia de evolução. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br. II.4.1.4 – Principais Características Portuárias As principais instalações portuárias consistem em um cais acostável de 740m com quatro berços de atracação, sendo o berço nº. 1 – B1, para atracação prioritária de navios portas-contêiner, ro-ro e navios dotados de pontes rolantes; o berço nº. 2 – B2, para atracação prioritária de navios portas-contêiner ou de carga geral; o berço nº. 3 – B3, para navios com atracação prioritária com cargas frigorificadas e o berço nº. 4 – B4, condicionada a ordem de chegada. Possui três armazéns para carga geral totalizando 15.800m², um armazém frigorífico com 1.180m², pátios asfaltados e alfândegados totalizando 38.000m² e retroporto asfaltado de 25.000m². O terminal de contêineres Teconvi – Terminal de Contêineres do Porto de Itajaí fica localizado atrás dos berços B1 e B2, sendo que um desses berços possui 250m de comprimento e 12m de profundidade e um pátio de contêineres na retaguarda com 22.000m². Na linha do cais os contêineres são movimentados por dois 28 guindastes móveis, sobre rodas, com capacidade nominal de 25 contêineres por hora e no pátio sete empilhadeiras, reach stackers, atendem ao terminal. Nas imediações do porto está a EADI/Itajaí – Estação Aduaneira com área coberta de armazenagem de 31.500m², área externa de 121.450m², além da área para contêineres de 52.499m². Na figura II.19, pode-se observar a geografia do Porto de Itajaí, visualizando os berços de atração e suas retroáreas. Como divulgado no sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br a expansão do Porto está delineada por grande parte da coloração alaranjada, nesta área ainda se encontra a Capitania dos Portos do Estado de Santa Catarina que será transferida dessa localidade. Futuramente o terminal de contêineres - TECONVI será ampliado ocupando toda essa área demarcada. Porto de Itajaí Área de Expansão Figura II.19 – Ilustração da geografia do Porto de Itajaí, em laranja a área destinada à expansão do terminal de contêineres - TECONVI. Fonte: Sítio eletrônico do Porto de Itajaí, www.portodeitajai.com.br. 29 Figura II.20 – Ilustração do posicionamento dos berços de atracação e das instalações atuais do Porto de Itajaí. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br. Área destinada ao Porto Público Operado pelos operadores portuários 2 privados – Área: 41.000m Terminal de Contêiner 2 Área: 105.000m / 17.000TEU/mês Investimento: R$60 milhões / 99-00 Rio Itajaí-Açú ___Área de Arrendamento Em Estudo pelo CAP: Demolição dos Armazéns 1 e 3, na zona portuária Figura II.21 – Ilustração das expansões futuras do Porto de Itajaí, previstas para ampliação dos novos berços de atracação e das retroáreas. Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br. 30 II.4.2 – Detalhes da Dragagem no Porto de Itajaí II.4.2.1 – Tipos de Materiais encontrados no Leito Os principais materiais encontrados no leito do Rio Itajaí-Açu são oriundos de processos sedimentares fluviais e marinhos devido à hidrodinâmica do estuário. Normalmente são evidenciados três tipos de materiais de fundo, principalmente da região da bacia do Porto de Itajaí, onde encontramos: areia fina, silte e argila (VARGAS, 1983), com características de baixa coesividade para uma operação de dragagem. Por serem materiais oriundos de sedimentações freqüentes, a operação de dragagem de manutenção não encontra grandes dificuldades para remoção dos sedimentos de fundo através de equipamentos comuns de dragagem, sejam eles: mecânicos, hidráulicos e hidrodinâmicos, como a seguir são demonstrados: Processo de Dragagem Equipamento Utilizado Hidráulico Draga Autotransportadora de Médio Porte - ATM Mecânico Dragas de Alcatruzes e de Caçamba – AL/CS Hidrodinâmico Draga de Injeção de Água - WID Tabela II.1 – Relação dos processos de dragagem já utilizados no Porto de Itajaí. II.4.2.2 – Processos de Dragagem Utilizados pelo Porto Os métodos de dragagem que antecederam o processo WID, utilizado atualmente no Porto de Itajaí, foram os processos hidráulicos através de dragas autotransportadoras e os processos mecânicos através de dragas de alcatruzes e dragas de caçamba (Clam-Shell). As dragas autotransportadoras foram as mais utilizadas na manutenção do canal e bacia de evolução. Inicialmente, as dragas de pequeno porte com capacidade de cisterna até 1500m3 foram muito empregadas quando o canal possuía ainda profundidades próximas a nove metros, posteriormente, com o aprofundamento do canal, foram empregadas dragas com capacidades maiores chegando até 31 equipamentos com 5.000m3. A draga holandesa Lelystad com capacidade de 10.000m3 chegou a realizar dragagem no local, porém, devido ao seu tamanho físico, apresentou baixo rendimento durante manobras na área operacional, principalmente quando era necessária a sua operação próxima aos berços do cais e bacia de evolução. A maior dificuldade operacional dessas dragas hidráulicas era sua operação nos berços de atracação junto ao cais, pois suas bocas de dragagem nem sempre conseguiam se aproximar o suficiente para remover os sedimentos depositados nessa área, além de necessitar da liberação, para dragagem, dos navios aportados no local, gerando dificuldades operacionais para o porto. Os equipamentos mecânicos, representados pelas dragas de alcatruzes e dragas de caçamba (Clam-Shell), tiveram sua participação na dragagem da bacia de evolução e dos berços de atracação, onde suas atuações eram mais beneficiadas pela concentração de material em áreas próximas, já que estes equipamentos não são propelidos o que dificulta sua operação em locais com grande extensão longitudinal. O material dragado era depositado em batelões que possuíam propulsão própria para se deslocarem até a área de despejo, normalmente localizada a sete quilômetros da embocadura do rio Itajaí-Açú. Estes equipamentos necessitavam da liberação de grande área para posicionamento de seus cabos de tração para movimentos de dragagem, exigindo a restrição do fluxo de embarcações durante a dragagem, o que também gerava dificuldades operacionais ao porto. O depósito do material dragado para os equipamentos de processos mecânicos ou hidráulicos diferencia-se, basicamente, dos equipamentos de injeção de água devido à necessidade de definir, previamente, uma área de despejo ou bota-fora, enquanto que no processo hidrodinâmico, como é descrito no capítulo III, o carreamento dos sedimentos ocorre na coluna de água não possuindo área de despejo com posicionamento rígido, podendo haver depósito, das partículas suspensas, em águas mais profundas, isto é, em depressões no próprio canal ou em direção ao mar aberto na plataforma continental da região costeira. Entretanto, uma outra característica do processo WID é a sua capacidade de operação sem causar interferências significativas na área portuária, liberando os acessos aquáticos rapidamente e não prejudicando as programações dos Navios. 32 33 1 – Berços de Atracação: B1 – 250 m x 12 m B2/B3/B4 – 490 m x 10 m 2 – Bacia de Evolução: 750 m x 250 m x 10 m 3 – Canal Interno: 3,2 km x 100 / 230 m x 10 m 4 – Canal Externo: 1,5 km x 100 / 150 m x 10 m Descrição das Áreas de Dragagem Berços de Atracação Bacia de Evolução Canal Interno Acesso Aquaviário – Dragado para o Porto de Itajaí Canal Externo Carta Náutica 1801 Figura II. 22 – Ilustração de parte da Carta Náutica 1801, mostrando as áreas de dragagem do Porto de Itajaí – berços, bacia de evolução, canal interno e canal externo. Fonte: Sítio eletrônico do Porto de Itajaí – www.portoitajai.com.br I N Desde o final da década de 90, a técnica por injeção de água vem sendo utilizada na dragagem de manutenção do Porto de Itajaí, não somente no canal de acesso como também na bacia de evolução e junto ao paramento do cais. A cobrança destes serviços é efetuada através de um contrato de garantia de profundidade com valores fixos mensais que funciona como uma espécie de securitização para manutenção da profundidade local (Sítio eletrônico da Van Oord – www.vanoord.com, 2005). A dragagem no estuário do Rio Itajaí-Açú utiliza, com certa alternância, a mesma proposta de dragagem utilizada no Rio Crouch, localizado no Reino Unido, onde segundo WINTEWERP et al. (2001) o método por injeção de água emprega a alternativa chamada ebb-WID, significa dizer que o processo de dragagem é mantido somente no período compreendido da preamar até a baixamar, para aproveitar a velocidade gerada pela maré de vazante, mesmo durante os períodos diurno e noturno, com o propósito de deslocar uma grande quantidade de sedimentos em um longo percurso em direção as águas mais profundas. No caso do Porto de Itajaí, a utilização da dragagem no período de vazante visa transportar dos sedimentos ressuspensos para além do canal da barra, em direção a plataforma continental. 34 II.4.2.3 – Licitações de Dragagem para o ano de 2005 A necessidade de constante dragagem no Porto de Itajaí devido aos freqüentes depósitos de sedimentos oriundos, principalmente, da hidrodinâmica fluvial do Rio Itajaí-Açú, determina uma ação constante de dragagem de manutenção para evitar prejuízos com uma possível redução na profundidade do canal, causando uma redução de calado nas embarcações que freqüentam o porto. No período final do ano de 2005, a liberação de verbas para a dragagem depende da aprovação da União, através do DNIT, além de recursos do próprio porto, conforme pode ser registrado após pesquisa nos sites do Porto de Itajaí e do Ministério dos Transportes – Projetos & Programas, www.portoitajai.com.br e www.transpotes.gov.br/ProPro, respectivamente. 1) Recursos da União: R$12.000.000,00 2) Recursos do Porto: R$ 3.000.000,00 3) Total dos recursos financeiros: R$15.000.000,00 Dragagem no Canal de Acesso, na Bacia de Evolução e junto ao Cais de Porto de Itajaí Situação: Edital em análise pelo DNIT Descrição: Edital de licitação em fase de aprovação MT/DNIT Previsão: Início: julho / 2005 Valores: R$ 12.000.000,00 Responsável: Administração Porto Itajaí Término: novembro / 2005 Rubrica: 26.784.0233.3E58.0002 Atualizado em : julho / 2005 Tabela II.2 – Demonstração da situação do edital para dragagem no Porto de Itajaí. Fonte: Sítio www.transportes.gov.br. 35 III – DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA – WID III.1 – Análise do Processo de Dragagem Para uma melhor compreensão dessa tecnologia, a análise do processo foi dividida em dois tópicos: o Histórico da Dragagem por Injeção de Água e os Detalhes da Operação de Dragagem, os quais, a seguir, são descritos. III.1.1 – Histórico da Dragagem por Injeção de Água O processo de dragagem por injeção de água, foi desenvolvido na Europa, mais precisamente na Holanda, em meados dos anos 80 e utilizado a partir de 1987. Esta metodologia foi introduzida nos EUA em 1992, quando uma equipe sênior da U.S. Army Corps of Engenieers (Corps) representando um Programa de Pesquisa de Dragagem – DRP (Dredging Research Program) – esteve na Europa em 1990, reconhecendo o potencial desta nova tecnologia (KNOX, 1994). No Brasil este tipo de dragagem hidrodinâmica foi inicialmente empregado no Porto de Alumínio da Alumar e no Porto de Minério na Ponta da Madeira da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD, ambos localizados em São Luís, no Estado do Maranhão. Posteriormente, sua operação foi iniciada no Porto de Itajaí, aonde vem desenvolvendo atividades de dragagem de manutenção até o momento (Sitio eletrônico da Van Oord: www.vanoord.com, 2005). Neste processo, à distância percorrida pelos sedimentos depende – além da hidrodinâmica do fluido e das propriedades do material a ser removido – do formato do talude e da batimetria do fundo, devido ao deslocamento da corrente de turbidez que é realizado próximo ao leito. Em geral, regiões que possuam leitos com baixa rugosidade e com materiais finos que apresentem baixa velocidade de queda na coluna de água, além de uma favorável hidrodinâmica no fluido, registram transportes desses sedimentos até por alguns quilômetros, enquanto que areias grossas são movidas a curtas distâncias. A superfície remanescente após a dragagem por injeção de água é usualmente plana e com pouca rugosidade (Relatório SEBA, 1999; Ospar Commission, 2004). 36 Outros portos, situados na Holanda, na Alemanha, na Índia e no Reino Unido, entre os demais, também testaram e estão utilizando, desde a década de 90, a metodologia de injeção de água em dragagens de manutenção, principalmente devido seu baixo custo operacional e a versatilidade demonstrada pela atuação de uma draga compacta e com poucos acessórios (ATHMER, 1996). III.1.2 – Operação da Dragagem por Injeção de Água O processo se inicia com a incidência de um jato de água no leito aquático, com rigoroso controle nas condições de pressão e vazão, propiciando o surgimento de uma tensão com capacidade de vencer a coesão das partículas de fundo e gerando uma pluma de sedimentos que se mantém próxima ao leito. Podemos observar, representado na Figura III.2, a existência de três áreas distintas, a primeira área representa o local onde o jato de água incide verticalmente no leito do corpo hídrico, a segunda área é representada por uma zona de transição onde se inicia a fluidificação das partículas de fundo e na terceira área ocorre à remoção e o transporte dos sedimentos através da formação da corrente de densidade (WINTERWERP et al., 2001). Conforme observações de WINTERWERP et al. (2001), através de resultados obtidos por modelagens matemáticas e coletas de dados no campo, indicam que a camada fluidificada de sedimentos gerada pelo processo WID possui uma concentração de partículas na ordem de 50 – 100 g/l. Como a altura da camada fluidificada é bem menor que a altura total do meio fluido, a movimentação dessa pluma de sedimentos não afetaria, de maneira relevante, os movimentos que ocorrem na parte superior restante da coluna de água. A interação mais importante entre as duas camadas fluidas é a tensão superficial na interface devido à diferença de velocidade entre elas. Nesse caso, a melhor solução é manter um gradiente de densidade pequeno entre essas duas camadas, para diminuir os efeitos de uma indesejável redução de velocidade horizontal, além de propiciar uma menor sedimentação das partículas no leito aquático, durante o deslocamento da corrente de turbidez. 37 Equipamento de Dragagem Demonstração do Método de Injeção de Água Corrente de Densidade Lança de Injeção Bicos de Aspersão Câmara de Água Figura III.1 – Ilustração da demonstração do processo de dragagem por injeção de água. Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br. ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO “WID” 1 = Área de Borrifo 2 = Zona de Transição 3 = Área de Transporte 3 2 1 Figura III.2 – Ilustração da formação da corrente de densidade através do processo de dragagem por injeção de água. Fonte: Winterwerp et al. 38 Observando estudos realizados por NETZBAND et al. (1998) durante testes de dragagem utilizando esta metodologia, no Porto de Hamburgo – na Alemanha, foi constatado que a fluidificação da mistura dos sedimentos ressuspensos no perfil vertical da coluna de água depende, substancialmente, do fluxo de velocidades locais e da composição dos tipos de sedimentos que formam a pluma. Em meios fluidos sujeitos a ação de marés, sob determinadas circunstâncias, a ressuspensão dos sedimentos na coluna líquida poderá ocorrer com maior facilidade. Porém acentuadas concentrações de materiais em suspensão na coluna de água tem sido observadas, somente, em curtos períodos e pequenas distâncias. No processo por injeção de água se procura minimizar a concentração de sedimentos na coluna de água, visando buscar o maior deslocamento horizontal do material dragado. Outra observação mencionada e analisada por NETZBAND et al (1998), durante uma operação de dragagem, é que poucas vezes ocorreu o retorno do material dragado em direção oposta à trajetória planejada, essa eficiência foi atribuída, aos estudos prévios efetuados na hidrodinâmica do corpo hídrico e ao constante monitoramento dos parâmetros operacionais, além do bom desempenho nas manobras de dragagem. III.2 – Monitoramento A análise dos parâmetros operacionais no processo de dragagem por injeção de água necessita de um extenso programa de monitoramento para avaliar condições como, o desempenho da dragagem, acurácia dos seus resultados, o controle dos sedimentos ressuspensos na coluna de água, ou seja, a turbidez e, finalmente, a trajetória dos sedimentos transportados pela corrente de densidade (KNOX, 1994). Portanto, um programa de monitoramento inicial deve ser implantado para evitar dificuldades operacionais. Este programa deverá ser o mais completo possível, pois resultará no bom desempenho da dragagem no local desejado. Após a fase inicial, o acompanhamento instrumental poderá ser reduzido, para possibilitar a diminuição de custos operacionais, porém de maneira supervisionada, visando manter um controle operacional satisfatório. 39 A Tabela III.1 relaciona os principais procedimentos recomendados para monitorar o início de uma operação com o processo WID. Atividade Freqüência Local Propósito Batimetria Antes Durante Depois Toda Área de Dragagem; Toda Área de Impacto Monitoramento Sedimentos Antes Depois Área Impacto Área Impacto Correntes do Ambiente Antes Durante Amostras da Coluna de água Antes Durante Turbidez na Coluna de água Antes Durante Amostras Do Leito Antes Depois Coloração dos Sedimentos Antes Depois Três pontos na Área Dragagem Corte Dragagem e Impacto em toda Área Impacto Corte Dragagem e Impacto nas Áreas próximas a Dragagem. Corte Dragagem e Impacto na Área de Dragagem Área de Corte de Dragagem Taxa de Produção; Corte de Dragagem; Direção e distância do transporte de sedimentos. Transporte de Sedimentos – Distância e Direção – Depósito da Pluma em Depressões no Leito. Regime do Fluxo Aquático; Impacto na Operação. Total de Sólidos em Suspensão; Direcionamento da Corrente de Densidade. Medição de mudanças na qualidade da água – considerando-se históricos de medições. Mudanças nas Características e no Transporte dos Sedimentos. Mudanças nas Características dos Sedimentos. Tabela III.1 – Sumário das atividades iniciais de monitoramento para o processo de dragagem por injeção de água. Fonte: Dredging Reaserch – Technical Note–3–10, 1993. III.3 – Interferência da Dragagem na Biota Local A fluidificação dos sedimentos de fundo, caracterizado pela ação dos processos de dragagens hidrodinâmicas, afeta diretamente a comunidade bentônica, principalmente em regiões estuarinas que, por serem ambientes ricos em fauna e flora, possuem características adequadas para este estudo. Para entendermos a interferência deste processo de dragagem em ambientes aquáticos devemos, primeiramente, registrar alguns fatores que interferem com a comunidade bentônica. 40 Devido à condição do estuário em ser um sítio de transição entre ambientes marinhos e fluviais, com a formação de gradientes salinos, as comunidades bentônicas desses locais apresentam padrões de variação em função da sua distribuição local. Essas associações, apesar de apresentarem um comportamento indefinido, podem responder a perturbações de origem natural ou antrópica. Dessa forma, podem ser importantes indicadores e integradores do estado de perturbação do ecossistema (MUCHA & COSTA, 1999). Como exemplos, dessa condição, estão os organismos bentônicos detritívoros de substrato inconsolidado, que revolvem o sedimento em busca de alimento, incorporando parte desse material. Também organismos suspensívoros e filtradores da macrofauna consomem materiais tóxicos e organismos patogênicos da coluna de água (DAY et al., 1989). Um aumento na carga de sedimento na coluna líquida, oriundo de fontes externas ou suspendidas do fundo, através de ações naturais ou antrópicas, diminui a penetração da luz e incrementa a dispersão de oxigênio. O componente orgânico desse sedimento, rico em microorganismos, pode alterar as características químicas da água e prejudicar ou favorecer o crescimento planctônico 18. Além disso, cistos de resistência podem ser ressuspendidos e determinar a ocorrência de espécies nocivas e oportunistas, com impactos na qualidade da água. Essas mudanças na comunidade planctônica podem afetar o ecossistema aquático, pelo menos nos setores diretamente afetados. Os impactos ambientais associados ao processo de dragagem e disposição do material dragado podem ser caracterizados por apresentarem efeitos diretos, sobre habitats e organismos, ou indiretos, atribuídos a alterações na qualidade da água (KENNISH, 1994). Distúrbios físicos, associados à remoção e recolocação de sedimentos provocam a destruição de habitats bentônicos, aumentando a mortalidade desses organismos através de ferimentos causados por ação mecânica durante a dragagem, ou por asfixia conforme esses são sugados pelas bombas hidráulicas das dragas. Quanto ao efeito indireto, a ressuspensão do sedimento de fundo remobiliza contaminantes e nutrientes afetando a qualidade da água e a química global do estuário. 18 Representa a base da teia alimentar pelágica dos oceanos. É constituída de plantas, animais e bactérias. 41 Ainda de acordo com DAVIS et al. (1990) e BRAY et al. (1997), com relação à dispersão e deposição de sedimentos ressuspendidos, há de se considerar que a ruptura dos sedimentos de fundo pode causar uma grande variedade de impactos ambientais. As partículas em suspensão podem redepositar no fundo sufocando os animais bentônicos forçando-os a migrar para outras regiões. Se os sedimentos em suspensão estiverem em alta concentração e persistirem por longo período, o que geralmente está relacionado com o tempo destinado à operação de dragagem hidrodinâmica, a penetração de luz na coluna de água pode reduzir-se, causando danos às algas fotossintetizantes, corais e outros organismos aquáticos. A atuação em fundos moles remove os organismos que vivem no sedimento, se a taxa de sedimentação nessa área for grande, os sedimentos de fundo recentemente depositados podem formar e restaurar esses habitats quando o trabalho de dragagem estiver terminado. O conhecimento prévio da hidrografia (fluxos de correntes e marés) da área a ser dragada é essencial para a identificação de locais mais suscetíveis aos efeitos desses trabalhos. Como precaução inicial, uma padronagem nas ações de dragagem deve ser previamente estabelecida, após estudos direcionados ao ecossistema local. A princípio, uma atuação intermitente é aconselhável, visando dar tempo de adaptação ao meio ambiente local. Muito embora as regiões onde as dragagens por injeção de água atuam são em sítios já continuamente dragados pelos métodos convencionais, principalmente por dragas autotransportadoras, as quais, normalmente, apresentam características operacionais intermitentes devido ao deslocamento do equipamento até a área de despejo. Como o processo WID é caracterizado como dragagem de manutenção (ATHMER, 1996), sua efetiva interferência na comunidade bentônica, traz impactos com menor intensidade que a dragagem de aprofundamento ou inicial. III.4 – Dragagem em Leitos com Materiais Contaminados Os metais pesados associados aos sedimentos são comumentes classificados como residuais e não-residuais (CLARK, 1997). Os metais residuais são definidos como aqueles que fazem parte da matriz silicatada do sedimento e que se encontram principalmente na estrutura cristalina dos minerais. Já os metais traços 42 não-residuais não fazem parte da matriz silicatada e são incorporados aos sedimentos por processos tais como adsorção 19, precipitação 20 e complexação 21 com substâncias orgânicas e inorgânicas. A fase não-residual dos metais inclui os metais trocáveis (aqueles fracamente adsorvidos ao material sedimentar), além dos metais associados aos carbonatos, a matéria orgânica e sulfetos, bem como a óxidos e hidróxidos de ferro manganês. Nessa fase incluem-se os metais de origem antropogênica e o seu estudo tem grande importância à medida que eles representam à fração dos metais que podem eventualmente repassar para o meio aquático através do processo de dessorção 22, solubilização 23 e “destruição de complexos” 24. Os mecanismos pelos quais as substâncias tóxicas movem-se da coluna líquida para o sedimento de fundo e vice-versa são aspectos importantes para o estudo do transporte de poluentes. Um desses mecanismos envolve a água intersticial, ocorrendo em sedimentos estuarinos até uma profundidade de um metro abaixo da superfície do solo. A água retida pelo sedimento fornece um meio propício para a troca de poluentes entre o sedimento e a água (PARTHENIADES, 1992). Muitos contaminantes orgânicos possuem uma baixa solubilidade na água estando, portanto, associados ao material em suspensão e são transportados para o solo através da deposição desses sedimentos. Poluentes metálicos, geralmente, estão associados a dejetos industriais e urbanos que liberam partículas sólidas que ficam em suspensão ou como metais dissolvidos provenientes de práticas agrícolas e atividades industriais (DAVIS et al.,1990). A ruptura e desagregação dos sedimentos de fundo podem causar uma grande variedade de impactos ambientais. Os problemas aparecem principalmente quando os sedimentos estão contaminados por compostos químicos, resíduos domésticos, óleos e graxas. Os produtos tóxicos e contaminantes liberados pelos solos perturbados podem se dissolver ou entrar em suspensão e contaminar ou causar 19 Fixação de moléculas de uma substância na superfície de outra substância. Processo em que se forma um sólido insolúvel em uma solução. 21 Conjunto de substâncias complexas que possuem qualquer ligação entre si. 22 Nesse caso, significa a transposição de moléculas contaminadas para a coluna de água. 23 Propriedade de uma ou mais substâncias que formam solução com outras substâncias. 24 È a dissociação de substâncias complexas que possuíam qualquer ligação entre si. 20 43 grande mortalidade de espécies estuarinas e marinhas de importância pesqueira direta e/ou indireta para a região onde está sendo realizada a dragagem. Conforme descrito por GÓES FILHO (2004), o destino do material dragado considerando o seu grau de contaminação, pode ser estruturado de acordo com as seguintes classes: • Classe 0 – Está baixo do valor alvo e pode ser disposto em terra ou em águas superficiais sem restrições. • Classe 1 – Excede o valor alvo, mas se encontra abaixo do valor limite, sendo permitida sua disposição, desde que a qualidade do solo não esteja significativamente deteriorada. • Classe 2 – Excede o valor limite, mas está abaixo do valor de referência podendo ser disposto em águas superficiais ou em terra, desde que sob cuidados determinados. • Classe 3 – Excede o valor de referência, mas fica abaixo do valor de intervenção, sendo necessária sua contenção sob condições controladas. • Classe 4 – Excede o valor de intervenção e deve ser mantido isolado em poços profundos ou em terra, a fim de minimizar sua influência sobre o ambiente. No Porto de Rotterdam, localizado na Holanda, atualmente o maior da Europa, são dragados, em média, cerca de 20 milhões de metros cúbicos anuais, para manutenção de seus canais de navegação. O Porto se situa na embocadura do Rio Reno, tendo ampla conexão com o mar aberto. O material contaminado dragado em Rotterdam, independente do local no porto onde seja dragado, quando contém altos níveis de metais pesados ou HPA – Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, provocado por fontes locais (Materiais Classe 4), deverá ser disposto em áreas do próprio porto especialmente preparadas para esta finalidade. No caso de Rotterdam foi criada uma área denominada Papegaaiebek (Bico de Papagaio). 44 As Figuras III.3 e III.4 ilustram dois tipos de áreas confinadas utilizadas para depósito de materiais contaminados, os elevados custos de construção, de manutenção e de monitoramento tornam muito dispendiosos estes tipos de disposição, chegando ao custo de cinco vezes mais que uma dragagem convencional sem restrições, conforme já descrito no capítulo II, subitem II.2.4 – “Dragagens Ecológicas”. Área Confinada na Superfície Figura III.3 – Ilustração da “Área Confinada na Superfície” para materiais contaminados, sem capeamento. Fonte: Sítio www.portofrotterdam.com. 45 Draga Autotransportadora Despejo de areia limpa Material contaminado depositado no fundo aquático e confinado Cobertura de areia (Capeamento) Fundo aquático Área Confinada Subaquática Figura III.4 – Ilustração da “Área Confinada Subaquática” para materiais contaminados, com capeamento. A atuação de uma operação de dragagem em leitos aquáticos normalmente possui características bem impactantes. Já existem estudos direcionados a operação em leitos contaminados com o projeto de equipamentos de dragagem especificamente desenhados com a finalidade de gerar pouca turbidez na coluna de água (OSPAR Commission, 2004). A utilização de Equipamentos Mistos de dragagem, a princípio, representava uma boa solução técnica para evitar maior dispersão dos contaminantes no meio aquático (OSPAR Commission, 2004). Atualmente, novos projetos de desagregadores para dragas hidráulicas e até dragas pneumáticas vêm se constituindo numa boa alternativa para esse tipo especial de dragagem, com melhores resultados. A maior dificuldade continua sendo encontrar um meio de reaproveitamento ou de depósito final desse material contaminado, com custos razoáveis, já que o tratamento ou o confinamento em áreas reservadas apresentam grandes dispêndios financeiros, além da necessidade de aprovação, desses projetos, pelos órgãos responsáveis na fiscalização do meio ambiente. Normalmente a dragagem de manutenção, muito empregada pelo processo por injeção de água, quando possível, está sendo tratada com critérios diferenciados, pelos órgãos ambientais, em relação à dragagem inicial ou de aprofundamento (OSPAR Commission, 2004), visto que a própria definição dessas metodologias determinou uma análise particularizada para cada caso. 46 Estudos realizados pela Delft Hydraulics (MC. NAIR, 1994), centro de estudos hidráulicos, em sua respectiva área de estudos de dragagem, definiu um período de duas semanas para analisar e registrar o comportamento da dragagem por injeção de água no Estuário Haringvliet. Este estuário, localizado na Holanda, compreende uma área de 280.000 m2, com uma camada de 0 a 1,2 metros de argila e silte poluídos (contaminados por metais pesados e HPA’s , Classes III e IV, conforme classificação do meio ambiente pelas normas holandesas), a serem removidos em uma profundidade que variava entre 8 e 12 metros, em um canal de 30 metros de largura e com talude avante de 1:1000 e com uma depressão de 40 metros a uma distância de 1000 metros do sítio de dragagem. O acompanhamento dessa campanha ficou sob a responsabilidade da Delft Dredging, sendo definido um plano de operação onde os efeitos na coluna de água e nas proximidades do fundo foram monitorados e registrados para posterior análise. Os principais dados coletados durante a campanha foram: a) os perfis de densidade na coluna líquida; b) percurso, velocidade e direção da corrente de densidade; c) turbidez, temperatura e salinidade na linha da água e próximo ao fundo; d) registros batimétricos com eco-sonda; e) amostras em toda coluna de água para inspeção visual e posterior análise química. Após isso, um programa de manipulação dos dados obtidos foi associado ao plano de dragagem, onde a cada dia, uma revisão das atividades era efetuada para instruir novas tarefas no recolhimento das informações. Baseado em suas experiências e expectativas foram utilizados os métodos mais apropriados para obter as melhores informações ao programa de estudos implantados diariamente. Uma das ferramentas determinantes para a preservação de uma operação de dragagem ecológica ou ambiental é a constante preocupação com a turbidez na coluna de água gerada pelo processo, pois a elevação dos sedimentos de fundo causa impacto ambiental além dos limites da área de dragagem, podendo causar adsorção de contaminantes pelas partículas de silte. 47 Essa parte da poluição poderá ser mobilizada por reação química para águas posteriores ou próximas ao sítio de dragagem. Isso implica registrar que, a partir da turbidez, a composição de poluentes e suas reações químicas em águas próximas também são importantes para se analisar, uma vez que o material de fundo é ressuspenso pelo processo de dragagem. Esses aspectos químicos deflagrados pelo processo de dragagem por injeção de água – WID foram investigados por um programa preliminar de monitoramento, que consiste em coletar amostras de água durante um dia em três localizações, isto é, no sítio de dragagem, em sua trajetória e no local de depósito dos sedimentos. Todas as amostras foram colhidas em vários níveis da coluna de água. O principal questionamento desse programa de monitoramento foi verificar se o comportamento dos componentes químicos, comparados ao comportamento das partículas de sedimentos durante a dragagem, apresenta alguma indicação da mobilização dos sedimentos contaminados na coluna de água além dos sítios operacionais. Um dos resultados finais desse trabalho indicou que o incremento da concentração de PAH – Poly Aromatic Hydrocarbons ou HPA – Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – em relação aos sedimentos suspensos, devido à mistura de partículas poluídas na água, foram determinados primeiramente pela suspensão do material concentrado e posteriormente devido a uma forte indicação de uma substancial ocorrência de dessorção para as partículas suspensas no fluido. Os valores obtidos, nas medições executadas nesse projeto, permitiram concluir que, a dispersão de poluentes durante uma operação de dragagem depende das partículas existentes na própria coluna de água, pois através da adsorção e dessorção dos sedimentos poluídos, mesmo com pouca turbidez, podem gerar uma intensa propagação desses poluentes em grande extensão do corpo hídrico, não somente pelo processo de dragagem hidrodinâmica como também em outros métodos de dragagem (Mc. NAIR, 1994). Particularizando a dedução desses procedimentos para o processo de dragagem por injeção de água, pode-se ainda afirmar que, a “Classe de Materiais 48 Contaminados” nos 3 e 4, citados no capítulo III – subitem III.4, na página 44, não são recomendadas à atuação de dragagens hidrodinâmicas, tendo em vista a possível contaminação de outros ambientes além do sítio operacional. Como o processo estudado na Holanda se baseou somente no aspecto qualitativo da propagação dos materiais contaminados, não se pode afirmar, com convicção, qual a quantidade de poluentes que estariam sendo transferidos para outros sítios, pois, nesse caso, haveria necessidade de se quantificar o quanto os processos de adsorção e dessorção, oriundos de substâncias nocivas, contaminariam outras áreas do estuário. Segundo o sítio eletrônico www.portodesantos.com.br, o projeto da primeira dragagem com controle ambiental do Brasil prevê a dragagem do canal de Piaçagüera em Cubatão, com 5100 metros de comprimento e profundidade mínima de 12 metros, que atende os terminais marítimos da COSIPA e da FOSFERTIL. O princípio básico do Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto do Meio Ambiente (EIA / RIMA) é pioneiro no Brasil por compatibilizar operações da dragagem ambientalmente adequadas com o “gerenciamento de passivos” 25. O estudo final para a dragagem, desses passivos, incorpora os estudos realizados nos últimos cinco anos e também as sugestões obtidas durante as audiências públicas e as recomendações da Secretaria do Meio Ambiente e do IBAMA. Entre as vantagens da solução adotada estão: solução dentro da área de responsabilidade do empreendedor, licenciamento em etapas, diversas áreas de disposição dos sedimentos, isolamento e confinamento do material contaminado, utilização de áreas já impactadas (não gerando novos passivos), concilia a disposição com a recuperação ambiental e prevê soluções para futuras dragagens. Neste contexto, podemos finalizar que, na operação em áreas com materiais contaminados a utilização de dragas ecológicas e o depósito em diques fechados nos próprios sítios de dragagem, conforme já mencionado no capítulo III – subitem III.4, nas páginas 45 e 46, representam a solução mais aceita pelas comunidades ligadas a dragagem e a preservação ambiental, se constituindo na melhor opção tecnológica da atualidade, com recomendações, não somente, em vários países na Europa, como também nos EUA. 25 Trata-se do monitoramento constante dos materiais contaminados devido à permanência em solos preparados para despejo, no próprio sítio operacional. 49 III.5 – Equipamentos de Dragagem – WID A configuração e o detalhamento dos equipamentos que realizam a dragagem por injeção de água são relativamente simples se comparados com a maioria das dragas convencionais (Relatório U.S. Army Engineer DRP-3-10, 1993), no entanto a versatilidade e a produtividade relativa 26 dessas dragas as tornam equipamentos com um bom desempenho operacional, evidenciando, assim, um dos aspectos positivos do processo. A seguir, faremos um breve detalhamento: III.5.1 – Configuração e Seleção dos Equipamentos A configuração básica do equipamento de dragagem se constitui, num flutuante com ou sem propulsão, pelo menos uma moto-bomba hidráulica com capacidade para gerar alta vazão a baixa pressão e um sistema de tubulação de dragagem contendo uma câmara de água na sua extremidade, onde estão instalados vários pulverizadores ou bicos de aspersão (KNOX et al.,1994). Equipamentos mais sofisticados com maior manobrabilidade e mais produtivos contêm, além dos equipamentos singulares já descritos, instrumentação para monitoramento operacional, propulsão própria e sistemas de compensação de ondas que permitem a operação de dragagem até sob certas condições de ondas de marés meteorológicas, além de dois motores-bomba hidráulicos. Para selecionar o equipamento mais adequado a uma operação de dragagem, particularmente pelo método WID, algumas características da draga deverão ser previamente observadas, possibilitando a utilização do mecanismo mais apropriado ao menor custo, para cada necessidade operacional, assim se destacam as seguintes propriedades: • Possuir capacidade de produção operacional para atender o período de obra previsto; 26 Retrata o resultado da relação entre a potência total instalada e a produtividade operacional do equipamento de dragagem (kW/m3). 50 • Possuir capacidade para alcançar a profundidade estipulada no projeto de dragagem, inclusive considerando as condições de marés astronômicas; • Possuir dimensões e recursos mecânicos que permitam acessar e manobrar em todos os locais previstos para a obra de dragagem, como por exemplo, o calado da embarcação para acesso as áreas com pouca profundidade; • Possuir potência de propulsão suficiente para superar as correntes existentes no sítio operacional; • Possuir acessórios que permitam operar sob certas condições de intempéries, como por exemplo, radar, para auxílio na navegação e compensador de ondas para dragagem sob certas condições de ondas de marés meteorológicas; • Possuir alojamentos para abrigar a tripulação, principalmente quando a operação de dragagem for realizada em locais muito distantes das cidades ou de difícil acesso à draga; • Possuir instrumentos adequados ao monitoramento dos principais parâmetros de dragagem, como eco-sondas, para inspecionar as profundidades e GPS – Sistema de Posicionamento Eletrônico, para evitar dragagens fora do projeto. Além desses quesitos, um bom histórico operacional do equipamento pode ser considerado como um acréscimo de grande valor ao critério seletivo, principalmente quando se tratar de obras de dragagem similares. 51 A figura III.5 ilustra, com detalhes, o perfil de uma draga de pequeno porte que utiliza o método de dragagem por injeção de água. Convés Principal Câmara de Injeção de Água Guincho do Tubo de Injeção Lança do Guincho Embarcação com Propulsão Cabine de Comando Bomba Hidráulica Tubo de Sucção Câmara de Injeção de Água Tubo de Injeção de Água Profundidades de Dragagem Figura III.5 – Ilustração do arranjo geral de uma draga de injeção de água, de pequeno porte, com propulsão própria. Fonte: Sítio eletrônico www.musing.nl. 52 III.5.2 – Detalhamento dos Equipamentos O detalhamento de um equipamento de dragagem, normalmente, é caracterizado por sua capacidade produtiva, estando diretamente relacionado ao seu tamanho físico e a potência instalada dos seus mecanismos. Neste caso, a descrição de um equipamento simples do processo WID se torna mais fácil à compreensão do sistema operacional. Assim, são ilustrados três tipos de diferentes capacidades: GERAL Nº. Construção: 2039 Ano de construção: 1999 Embarcação: Draga Injeção de Água DIMENSÕES Comprimento: 15,50 m. Boca: 6,06 m. Calado: 2,25 m. PERFOMANCE Tração: 7,6 ton (m) Velocidade: 8,5 nós SISTEMA DE PROPULSÃO Motores Principais: 2 x Caterpillar Potência Instalada: 448 kW a 1800rpm Redutoras: 2 x Twin Disc – 2,95:1 Hélices: 2 x bronze – passo variável Diâmetro Hélices: 1000 mm EQUIPAMENTOS AUXILIARES Gerador: 51 kVA, 230/400V, 50 Hz Guincho do Convés: 15 t – 5 m/min. Ventilação das máquinas: 16000m3/h Sistema CO2 de combate a incêndio Bombas Hidráulicas: Sterling SIHI Guindaste de Convés: Effer 20000-2S Guincho de Reboque: 15 ton. EQUIPAMENTOS NÁUTICOS Radar: Furuno FR 8031D Ecossonda: MEL 90 Rádio VHF: Shipmate RS 8300 Navegador Navitex: SRH – NAV 5 Agulha Magnética: Observator MK-16 EQUIPAMENTOS DE INSPEÇÃO Duto de Sondagem Registrador Gráfico de Ecossonda Computador de bordo Figura III.6 – Ilustração e detalhamento de uma draga de injeção de água propelida. 53 “Empurrador” “Flutuante” Bomba Hidráulica Cabos de Içamento Draga de Injeção de Água Tubo de água “BALDUR” Nome Baldur Tipo Draga de Injeção de Água Ano de Construção 1990 Dimensões Comprimento Draga 6.00 m Comprimento Total 8.15 m Boca Máxima 3.50 m Calado Empurrador 1.10 m Calado Flutuante 0.60 m Pesos Empurrador 4.50 tons Flutuante 1.50 tons Profundidade Max. Dragagem 6.50 m Largura de Dragagem 2.00 m Potência Total Instalada 75 kW Bomba do Jato 800 m3/h com 3 aletas Figura III.7 – Ilustração de uma draga de injeção de água não propelida e de pequeno porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com. 54 Draga de Injeção de Água “ANTAREJA” Mastro Principal Superestrutura Guincho do Tubo de Injeção Sistema de Governo e de Propulsão Guindaste de Proa Tubo de Injeção de água Bicos de Aspersão Câmara de Água Convés Principal Tubos de Sucção BB e BE Lancha de Sondagem Figura III.8 – Ilustração e arranjo geral da draga de injeção de água propelida, de grande porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com. 55 Nome Tipo Classificação Antareja Draga de Injeção de Água Bureau Veritas I, " Hull, " Mach, draga, navegação irrestrita Ano de Construção 1995 Dimensões Comprimento total 47.17 m Boca 11.20 m Calado Máximo 4.00 m Calado Internacional 2.84 m Prof. Máxima Dragagem 30 m Largura de Dragagem 11 m Potência dos Propulsores 2 x 450 kW Propulsor Lateral 261 kW Potência Total Instalada 2,096 kW Bombas de Jato 2 x 350 kW Figura III.9 – Ilustração do quadro contendo as principais características da draga ANTAREJA. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com. III.5.3 – Relação das Principais Dragas de Injeção de Água A seguir são relacionados os equipamentos WID que fazem parte do parque de dragas da empresa holandesa Van Oord, atual detentora da patente do processo WID, após sua união com a, também empresa holandesa, Ballast Ham. Equipamento Principais Potência Instalada Profundidade de Dimensões (m) (kW) Dragagem (m) Norham Camorim 38.87 x 10.00 x 3.50 2,137 26 Sagar Manthan 40.60 x 11.20 x 4.00 2,106 30 Antareja 40.60 x 11.20 x 4.00 2,096 30 Iguazú 23.15 x 10.00 x 4.20 2,078 27 Jetsed 28.50 x 13.80 x 2.20 1,621 25 Njörd 29.00 x 8.24 x 2.48 1,584 19 HAM 922 14.54 x 6.06 x 2.40 542 20 8.15 x 3.50 x 0.60 75 7 Baldur Tabela III.2 – Relação dos equipamentos de dragagem por injeção de água da empresa holandesa Van Oord, em operação em vários países. Fonte: Sítio www.vanoord.com. 56 III.5.4 – Versatilidade Operacional dos Equipamentos A manobrabilidade das embarcações de dragagem por injeção de água, devido às suas reduzidas dimensões e grande versatilidade operacional, torna-as compatíveis para utilização em pequenos portos ou marinas. Adicionalmente a dragagem de manutenção generalizada, esse processo poderá remover sedimentos onde outros equipamentos são menos producentes, assim podemos destacar sua operacionalidade em diversas áreas que apresentam restrições operacionais (Sítio eletrônico da Van Oord – http://www.vanoord.com, 2005), conforme os seguintes detalhamentos: • Em taludes e caminhos sinuosos de canais de navegação; • Em paramentos de cais nos portos e anteparas de diques secos; • Embaixo de Cais, Piers e no costado de embarcações ou cascos soçobrados; • Em nivelamento de fundo de um corpo aquático, devido existência de tubulações ou seções de túneis; • Em incremento de profundidade localizada e restrita, para assentamento de cabos submarinos e linhas de dutos; • Em nivelamento de áreas dragadas para redução de baixios e com isto a minimização de custos, principalmente em leitos dragados por dragas autotransportadoras. Outro fator de importância operacional é a possibilidade de manter a dragagem em acessos aquaviários com grande fluxo de embarcações, visto que a pluma de sedimentos, que se forma próxima ao leito do fluido, se desloca embaixo dos cascos dos navios sem prejudicar suas trajetórias ou manobras. Além disso, a dinâmica desse processo de dragagem, aliada à versatilidade operacional do equipamento, permite que um berço de cais possa ser efetivamente dragado durante o período que envolve a desatracação e atracação de embarcações no mesmo berço, sem haver necessidade de interrupção das manobras efetuadas pela praticagem 27 (Sítio eletrônico da Van Oord – www.vanoord.com, 2005). 27 Organização responsável pela condução de embarcações, até a área portuária, em sistemas aquaviários com restrições de navegação. 57 III.6 – Dados Operacionais de Dragagem Para garantir que os sedimentos sejam removidos adequadamente com o sistema de dragagem por injeção de água precisamos considerar os seguintes fatores inerentes à execução do processo, identificados no sítio eletrônico da empresa Van Oord (www.vanoord.com, 2005): 1) O diâmetro dos furos de jateamento, localizados na câmara de aspersão. 2) A vazão da água que flui pelos jatos. 3) A velocidade de avanço da câmara de aspersão. 4) A distância da lança de injeção em relação ao fundo. Acompanhamentos em duas campanhas de campo realizadas nos Estados Unidos, no Rio Mississipi, comandadas pela U.S. Army Corps of Engineers juntamente com Gulf Coast Trailing Company of New Orleans (BORST et al., 1994), com a participação da empresa holandesa HAM Holland, registraram os seguintes parâmetros: Item Descrição dos Parâmetros de Dragagem 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 Dimensão da Partícula de Fundo Talude da Área de Dragagem/Canal até boca da barra Produção da Draga Deslocamento da Pluma de Sedimentos Proximidade do Fundo da Corrente de Densidade Trajetória Percorrida pela Pluma de Sedimentos – Max Número de Injetores na Câmara de Aspersão Diâmetro dos Injetores da Câmara de Aspersão Largura da Câmara de Aspersão x Diâmetro tubulação Vazão Máxima das Bombas Hidráulicas Velocidade da Draga Durante Operação de Dragagem Distância dos Injetores em Relação ao Fundo Velocidade da Corrente de Densidade Material em Suspensão na Coluna de Água Material Suspensão durante Atividade de Dragagem Densidade Média da Pluma de Sedimentos Valores Registrados 160 ~ 175 mícron 1:100 ~ 1:350/1:1000 995 ~ 1225 m3/h ~ 250 m 0,5 ~ 1,0 m ~ 250 m 42 60 ~ 75 mm 13,8 m x 800 mm 12000 m3/h 0,5 ~ 2,0 m/s 0 ~ 0,5 m 0,3 ~ 0,5 m/s 15, 20 / 100, 150mg/l 50 ~ 100 g/l 1020 ~ 1100 kg/m3 Tabela III.3 – Registros dos principais parâmetros obtidos durante a operação de dragagem por injeção de água no Rio Mississipi – EUA. Fontes: Dredging’ 94, 1994 e sítio eletrônico www.vanoord.com. 58 III.7 – Parâmetros Operacionais de Dragagem Os principais parâmetros de uma operação de dragagem estão relacionados com a taxa de produção do equipamento, espessura, largura e comprimento de corte. Uma análise de cada um destes itens torna-se necessária para compreensão dos parâmetros operacionais no processo WID. 1 – A taxa de produção de um equipamento é o resultado de seu desempenho operacional. As dragas de injeção de água, de alta capacidade, registram uma produção aproximada de 1110 m3/h (KNOX, 1994). Como exemplo pode-se considerar a draga Iguazú, atualmente dragando o Porto de Itajaí, cuja potência total instalada é 2078 kW, conforme dados da Tabela III.2 deste texto. Neste caso o valor da relação é de 1,87kW/m3. Equipamentos com menor capacidade como a draga Ham 922 com 542 kW (Tabela III.2) apresentam uma melhor relação potência total instalada por produção, porém este equipamento possui limites operacionais por não possuir alojamentos para a tripulação ou facilidades para um trabalho ininterrupto, necessitando, ainda, que o local de operação seja abrigado de intempéries e com fácil acesso à draga para manutenções e permuta da tripulação. 2 – A espessura, largura e comprimento do corte de dragagem são fatores que dependem do volume de material e a dimensão da área de dragagem, dentro dos limites do sítio operacional. A princípio, uma espessura e largura de corte não muito extensas e um bom comprimento de ação, representam boas características da área de dragagem para propiciar um bom desempenho operacional. Quanto à atuação dos equipamentos de dragagem, alguns aspectos adicionais são importantes para fluidificar os sedimentos de fundo e induzir a formação da corrente de densidade, os quais a seguir são transcritos (Sítio eletrônico da Van Oord, 2005; BORST et al., 1994): • Diâmetro dos bicos de aspersão: 60 a 75 mm e 80 a 90mm. • Vazão da água que flui dos jatos: depende da capacidade das bombas hidráulicas da draga (até 2 x 6000m3/h), para a draga Iguazú até 2 x 5500m3/h. • Velocidade de avanço da câmara de aspersão: aproximadamente 2 m/s. • Distância da lança de injeção em relação ao fundo: 0,5 a 1,0m. 59 3 – O deslocamento da corrente de densidade pode ser analisado através da similaridade com as condições de escoamentos naturais. Assim, a utilização dos números adimensionais como: Froude densimétrico, Richardson e Reynolds (ALEXANDER e MULDER, 2002), utilizando, por exemplo, valores obtidos em campanhas de medição desenvolvidas no rio Mississipi (BORST et al., 1994), podem se obter valores para desenvolver os resultados destes parâmetros. III.8 – Diagrama em Blocos do Método Por Injeção de Água Para melhor ilustrar as características básicas de uma operação de dragagem por injeção de água foi montado um diagrama em blocos, ilustrado na Figura III.10, agrupando as suas principais atividades com os seus acessórios operacionais, os quais, juntos, determinam a viabilidade desta metodologia. Dessa forma, iniciando a configuração do diagrama, foram considerados três itens de grande importância, que são responsáveis pela efetivação deste método: 1) o “Sistema Operacional” que envolve os equipamentos e a tripulação, para propiciar a remoção do material dragado, assim como a manutenção da trajetória dos sedimentos; 2) a “Corrente de Densidade” responsável pelas características hidrodinâmicas, introduzidas artificialmente e influenciada pelas correntes naturais, para propiciar o deslocamento do material dragado e 3) o “Material do Leito” que representa o conhecimento dos sedimentos de fundo juntamente com a topografia do leito aquático, para determinar a distância que a pluma de sedimentos poderá ser deslocada, a partir do sítio de dragagem até o seu depósito planejado. Estes três blocos iniciais são condições imprescindíveis para a metodologia WID tornar-se operacional, a ausência de qualquer uma das três citadas atividades inviabiliza este processo de dragagem. Os blocos de atividades e características subseqüentes podem ser alterados a partir do momento em que a área de dragagem ofereça boas condições operacionais, tornando-se desnecessário, por exemplo: a) o monitoramento da descarga de águas continentais, quando não interferir com o processo, b) a utilização de equipamentos como compensadores de ondas, tendo em vista a pouca interferência de ventos e intempéries, c) operação em áreas muito pequenas que não justifiquem o emprego do GPS; assim como outras 60 características que poderiam propiciar uma diminuição no diagrama montado. Contudo, o conjunto de blocos contempla o processo WID da maneira mais completa possível, visando mostrar que apesar de ser um método de dragagem versátil e moderno, as variedades e as interdependências de suas atividades podem se tornar bastantes abrangentes, principalmente em regiões que se encontram influenciadas por processos hidrodinâmicos naturais ou artificiais, além de uma significativa variação na concentração dos sedimentos de fundo, o que, quase sempre, ocorre em regiões costeiras. 61 DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA “WID” Sistema Operacional Corrente de Densidade Força Gravitacional Manutenção da Trajetória Embarcação Hidrodinâmica Equipamentos de Dragagem Correntes do Naturais Instrumentos de Monitoramento Posicionamento Material do Leito Diferença de Densidade Topografia de Fundo Presença de Contaminantes Características das Partículas Coesão dos Sedimentos Radares Descarga Continental Adsorção Tamanho Tensão de Cisalhamento Tubo de Dragagem GPS Maré Astronômica Dessorção Forma Dureza Propulsor Lateral Câmara com Pulverizadores Eco-Sonda Ventos Superfície Peso Específico Plasticidade Sistema Governo Guinchos do Tubo Injeção Folha de Bordo Eletrônica Ondas Marés Meteorológicas Velocidade Queda - Ws Tripulação Treinada Compensador de Ondas Sem Propulsão Com Propulsão Propulsão Auxiliar Propulsores Tripulação Treinada Conjunto Moto-Bomba 62 Figura III.10 – Ilustração mostrando o diagrama em blocos cujo detalhamento considera as características básicas da operação de dragagem por injeção de água – WID. IV – ANÁLISE COMPARATIVA DOS PRINCIPAIS MÉTODOS DE DRAGAGEM Além da variedade de técnicas utilizadas para remoção do material a ser dragado, uma das principais diferenças entre os métodos de dragagem convencionais e os hidrodinâmicos, consiste na maneira como o transporte do material removido é conduzido até o local de sua deposição final. Esta singularidade pode determinar alterações significativas na produção nominal de cada tipo de metodologia. Outros fatores como, o tipo de material a ser dragado, a distância da área de dragagem ao despejo e a distribuição dos sedimentos no sítio de dragagem, dispersos ou aglutinados, juntamente com a capacidade nominal de cada tipo de equipamento, também são determinantes na produtividade de uma operação de dragagem. Para quantificar a produção dos equipamentos de dragagem é necessário considerar certas propriedades operacionais, assim como as características de cada tipo de equipamento. Literaturas específicas como a de BRAY (1979), “Dredging, a Handbook for Engineers”, ajudam na análise operacional de alguns tipos de dragas de diferentes processos, tornando possível a simulação da produção em dragagens de manutenção, com materiais de fácil remoção. Após os resultados, pode-se comparar a produção de cada processo de dragagem, já devidamente identificados no capítulo II: Dragagem Mecânica, Dragagem Hidráulica e Dragagem Hidrodinâmica, que aqui serão representadas por: Dragas de Alcatruzes, Dragas de Sucção e Recalque, Dragas Autotransportadoras e Dragas de Injeção de Água, respectivamente. IV.1 – Dragas de Alcatruzes: Os parâmetros para determinação da taxa de produção deste tipo de draga (figura II.3) são bastante complexos, pois envolvem diversos equipamentos auxiliares que influenciam na produção efetiva de dragagem, como a seguir é demonstrado através de valores adotados para uma draga de alcatruzes, de médio porte, com caçamba de 800 litros e 4 batelões autopropulsados com capacidade na cisterna de 800m3, o que permite fechar o “ciclo de dragagem” 28, para esta condição simulada. Neste cálculo foi considerada a argila mole como principal material de dragagem. 28 Determina a quantidade de batelões necessários para manter a continuidade operacional da draga de alcatruzes, enquanto os outros batelões carregados completam o tempo de viagem de ida e volta ao despejo, seqüencialmente. 63 1.1 – Produção de Dragagem (Pd): Pd = Cc . Rr . Cec Onde: Cc – Capacidade da caçamba = 800 litros Rr – Rotação do rosário = 20 caç/min Cec – Coeficiente de enchimento da caçamba = 75% Pd = 800 x 20 x 0,75 Pd = 720m3/h 1.2 – Cálculo do Volume da cisterna do Batelão (Vb): Vb = Cb . Ce Onde: Cb – Capacidade de carga do batelão = 800m3 Ce – Coeficiente de enchimento = 90% Vb = 800 x 0,90 Vb = 720m3 1.3 – Tempo de Carga no Batelão (Tc): Tc = Vb : Pd Tc = 720 : 720 Tc = 1h 1.4 – Ciclo Operacional (Co): Co = Tc + Tv + Ta Onde: Tc – Tempo de carga no batelão = 1,0h Ta – Tempo de atracação = 0,2h Td – Tempo de desatracação = 0,1h Co = 1,0 + 0,2 + 0,1 C = 1,3h 1.5 – Cálculo do Volume da Cisterna, “in situ” (Vc): Vc = V. Ce. Es Onde: V – Volume total da cisterna = 800m3 Ce – Coeficiente de enchimento = 90% Es – Empolamento sugerido = 70% Vc = 800 x 0,90 x 0,70 Vc ≅ 504m3 64 1.6 – Cálculo das Horas de Operação (Hop) Hop = Ht . Cop Onde: H – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias) = 624h/mês Cop – Coeficiente operacional = 70% Hop = 624 x 0,70 Hop ≅ 437h/mês 1.7 – Cálculo do Número de Ciclos Mensais (Nc) Nc = Hop : Co Nc = 437 : 1,3 Nc ≅ 336 ciclos/mês 1.8 – Cálculo Teórico do Volume Mensal “In Situ” (Vm) Vm = Vc . Nc Vm = 504 x 336 Vm ≅ 169.300m3 1.9 – Determinação da Taxa Média de Produção (Tp) Tp = Vm : Hop Tp = 169.300 : 437 Tp ≅ 387m3.h-1 1.10 – Outros Dados • Potência total instalada: 6.200kW. • Relação Potência-h/Produção: 6.200kWh : 387m3.h-1 = 16,02kW/m3 Diante dos valores atribuídos para determinação da produção de uma dragagem com draga de alcatruzes, algumas observações devem ser evidenciadas: A – Para o coeficiente médio de enchimento de caçambas foi considerado o percentual de 75%, devido: 1) tipo de material dragado, no caso argila mole, que não apresenta forma consistente; 2) inconsistência na distribuição do material no fundo, gerando menor eficiência operacional, em função da espessura de corte variável e 3) perda total do enchimento da caçamba, ao final do corte. 65 B – O coeficiente operacional de dragagem, atribuído em 70%, considera paralisações devido: 1) remanejamentos dos ferros de dragagem, para avanço no corte; 2) remoção de escombros das caçambas; 3) pequenos reparos no rosário 29 e 4) tráfego de navios na área de dragagem. C – Para o coeficiente de empolamento de material dragado foi considerada uma perda de 30% em relação ao volume “in situ”, devido à absorção de água pela argila mole e a nova compactação deste material na cisterna do batelão, quando removida do leito pelo processo mecanizado. D – O valor de 90% para o enchimento volumétrico da cisterna do batelão significa o percentual de carga sólida transportado pelo mesmo após o seu carregamento por uma draga de alcatruzes, dragando argila mole. O percentual restante, 10%, registra o valor médio de água na cisterna do batelão. E – O período despendido na atracação e desatracação dos batelões na draga, foram atribuídos valores para uma ótima sincronização operacional, isto representa seis minutos para desatracação e doze minutos para atracação, de maneira seqüencial, não havendo interferências entre as duas ações. F – Para fixar o período de operação mensal em 26 dias, foram considerados quatro dias para outras atividades: 1) manutenções semanais dos equipamentos de dragagem; 2) abastecimentos de água e óleo e 3) Folga semanal da tripulação. G – Na determinação da potência total instalada dos equipamentos foram consideradas as informações descritas no sítio da Van Oord e IHC Holland. No valor total estão incluídos: 1 ) Uma Draga de Alcatruzes: 1500kW; 2) Quatro Batelões Autopropulsados: 4 x 1000kW; 3) Um Rebocador: 600kW; 4) Uma Cábrea 30 com capacidade de 15 toneladas: 100kW. 29 Conjunto de caçambas da draga de alcatruzes que se constituem na ferramenta de corte do material dragado. 30 Guindaste flutuante, neste caso, sem propulsão. 66 IV.2 – Dragas Autotransportadoras: Este tipo de draga hidráulica (Figura II.6) foi projetada para navegar até o local de despejo a fim de liberar o material dragado depositado em sua cisterna. Para calcularmos a produção deste equipamento serão consideradas as seguintes características operacionais da draga Macapá, de médio porte, de propriedade da empresa de dragagem Dragaport Ltda., conforme dados verificados em seu sítio eletrônico (www.dragaport.com.br, 2006). Para este cálculo foi considerada a areia média como principal material de dragagem: 2.1 – Ciclo Operacional (Co): Co = Tc + Tv + Ta Onde: Tc – Tempo de carga na cisterna = 1,0h Tv – Tempo (ida/volta) à área de despejo = 2,8h Ta – Tempo de descarga = 0,2h Co = 1,0 + 2,8 + 0,2 Co = 4,0h 2.2 – Cálculo do Volume da Cisterna, “in situ” (Vc): Vc = Vt. Ce. Es Onde: Vt – Volume total da cisterna = 5.600m3 Ce – Coeficiente de enchimento = 80% Es – Empolamento sugerido = 85% Vc = 5.600 x 0,80 x 0,85 Vc ≅ 3.800m3 2.3 – Cálculo das Horas de Operação (Hop) Hop = Ht . Co Onde: Ht – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias) = 624h/mês Co – Coeficiente operacional = 90% Hop = 624 x 0,90 Hop ≅ 562h/mês 2.4 – Cálculo do Número de Ciclos Mensais (Nc) Nc = Hop : Co Nc = 562 : 4 Nc ≅ 140 ciclos/mês 67 2.5 – Cálculo Teórico do Volume Mensal “In Situ” (Vm) Vm = Vc . Nc Vm ≅ 532.000m3 Vm = 3.800 x 140 2.6 – Determinação da Taxa de Média de Produção (Tp) Tp = Vm : Hop Tp ≅ 947m3.h-1 Tp = 532.000 : 562 2.7 – Outros Dados • Potência total instalada: 11.500kW (www.dragaport.com.br, 2006). • Relação Potência-h/Produção:11.500kWh : 947m3.h-1 = 12,14kW/m3 Diante dos valores atribuídos para determinação da produção de uma dragagem com draga autotransportadora, algumas observações devem ser consideradas: A – Através de revistas técnicas como World Dredging, publicadas na Europa, podem ser obtidos alguns valores para obtenção dos seguintes coeficientes: 1) Rendimento volumétrico da cisterna: 80%; 2) Taxa média de empolamento para areia: 85%; 3) Rendimento operacional para dragas autotransportadoras: 90%. B – O ciclo de dragagem corresponde ao somatório dos seguintes tempos: tempo de bombeamento ou carregamento, tempo de descarga do material dragado e tempo de ida e volta até a área de despejo. Estes itens variam de acordo com as características de cada obra de dragagem. Neste caso foi definido o tempo de 2,8h, por se tratar de uma média na dragagem dos principais portos brasileiros. C – O rendimento operacional da draga representa um valor que determina uma redução operacional devido, ao tráfego de navios, manobras da draga e descontinuidade dos sedimentos na área de dragagem, afetando o desempenho do equipamento. D – A capacidade da cisterna de 5600 m3 foi escolhida por se tratar de uma draga autotransportadora de médio porte muito utilizada, na atualidade, em diversas partes do Mundo, principalmente no Brasil. 68 IV.3 – Dragas de Sucção e Recalque: São equipamentos que utilizam o processo hidráulico de dragagem através de bombas hidráulicas que succionam e recalcam o material dragado até o seu depósito final. Esse material é constituído por uma mistura de água com sedimentos fragmentados por ação mecânica de componentes denominados de desagregadores que são constituídos por lâminas serrilhadas para melhorar a eficiência da dragagem. A partir do sítio eletrônico www.ihcholland.com foi selecionada a draga (SR) 31 IHC Beaver 3800 NG para, através de suas características de dragagem, processar os cálculos operacionais necessários na simulação da produção deste tipo de equipamento. 3.1 – Cálculo das Horas de Operação (Hop) Hop = Ht . Co Onde: Ht – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias) = 624h/mês Co – Coeficiente operacional = 80% Hop = 624 x 0,90 Hop ≅ 500h/mês 3.2 – Cálculo Teórico do Volume Mensal “In Situ” (Vm) Vm = Qb . Nm . Hop Onde: Qb – Vazão da bomba de dragagem = 1000m3/h Nm – Quantidade de sólidos na mistura = 20% Vm = 1.000 x 0,25 x 500 Vm ≅ 125.000m3/h 3.3 – Determinação da Taxa Média de Produção (Tp) Tp = Vm : Hop Tp = 125.000 : 500 Tp ≅ 250m3.h-1 3.4 – Outros Dados 31 • Potência total instalada: 2.557kW (www.ihcholland.com, 2006). • Relação Potência-h/Produção:2.557kWh : 250m3.h-1 = 10,23kW/m3 SR significa a abreviatura para uma draga de sucção e recalque. 69 Nos valores atribuídos para determinação da produção de uma dragagem com draga de sucção e recalque, algumas observações devem ser registradas: A – Através de revistas técnicas como World Dredging e Terra e Acqua, publicadas na Europa, pode ser obtido o valor do coeficiente de rendimento operacional para dragas de sucção e recalque que, neste caso, foi de 80%. B – O coeficiente de rendimento operacional da draga representa um valor, em percentual, que determina uma redução operacional tendo em vista: tráfego de navios, manobras da draga, além da manutenção e acréscimo da linha de recalque devido o avanço do equipamento no sítio de dragagem. C – As principais características da draga escolhida, obtidas através do sítio eletrônico da IHC Holland (www.ihcholland.com), são as seguintes: Material de dragagem: Areia média com D50 = 0,235mm. Concentração de sólidos na mistura: 25% Distância de recalque: 2.000m. Profundidade de dragagem: 16,00m Bomba Hidráulica: Submersa com 1650kW de potência. Vazão da Bomba Hidráulica: 1.000m3/h. (2.000m / 25% de sólidos). Potência Total Instalada: 2557kW. D – Os valores referentes a bomba de dragagem, com relação a distância de recalque, concentração de sólidos em suspensão e vazão da mistura foram obtidos através da curva característica da bomba hidráulica utilizada na draga selecionada e fornecida pelo fabricante IHC Holland, através do sítio eletrônico www.ihcholland.com. E – A draga (SR) selecionada utiliza a bomba de dragagem submersa, montada na lança de dragagem, o que possibilita dragagens em boas profundidades como ainda o recalque do material dragado para distâncias superiores as dragas que possuem bombas hidráulicas emersas, montadas no interior da embarcação. 70 IV.4 – Dragas de Injeção de Água: O processo de dragagem por injeção de água (Figura III.1) se utiliza de processos hidrodinâmicos para carrear o material dragado, através da corrente de densidade, até a área de despejo. Para determinação da taxa de produção deste tipo de draga foi utilizado o valor do item 3 da tabela III.3. Foram consideradas as características da draga Iguazú, atualmente dragando no Porto de Itajaí, citadas na tabela III.2, para respaldar as relações de potência com a taxa de produção desta metodologia. Para utilização do critério de dragagem durante o período de vazante de maré (ebb-WID), houve redução das horas operacionais para 42% do total, devido ao fato da assimetria entre as marés de vazante e enchente. Este método encontra-se descrito no capítulo II, subitem II.4.2 – Detalhes da Dragagem no Porto de Itajaí. • Capacidade de Bombeamento: 2 x 5.500m3/h. • Potência total instalada: 2.078kW. • Taxa de Produção: 995 a 1.225m3/h (Fonte:Tabela III.2). • Taxa média de produção: 1.110m3/h. • Relação Potência-h/Produção: 2.078kWh : 1.110m3.h-1 = 1,87kW/m3 • Taxa média de produção mensal (WID – 26 dias): 692.640m3. • Coeficiente devido assimetria das marés (ebb-WID): 42%. • Taxa média de produção diária (ebb-WID – 10:00h): 11.100m3 • Taxa média de produção mensal (ebb-WID – 26 dias): 288.600m3. • Taxa média de produção (ebb-WID): 463m3/h. • Relação Potência-h/Produção: 2.078kWh : 463m3.h-1 = 4,49kW/m3 71 IV.5 – Tabela Comparativa dos Métodos. Avaliando os resultados apresentados na tabela IV.1 é possível verificar que as diferenças entre os métodos de dragagem hidrodinâmicos e os convencionais, representados pelos processos mecânicos e hidráulicos, são bem relevantes quando se calcula a relação da potência total instalada com a taxa efetiva de dragagem. O princípio de transporte de sedimentos através da coluna de água, utilizado no método WID, resulta na utilização de uma draga com equipamentos de dragagem com menor potência instalada, porém, com uma significativa taxa de produção. Nos quatro casos analisados a dragagem por injeção de água foi a que apresentou melhor desempenho mediante as circunstâncias sugeridas para cada situação. Pode-se ressaltar ainda que as horas de operação no mês (HOM) do processo WID são superiores aos demais tipos de dragagem, pois a disponibilidade operacional do equipamento é praticamente cem por cento, devido à minimização das horas de paralisações operacionais, resultando na maximização das horas efetivas de dragagem. Porém, no processo ebb-WID, as vantagens citadas são diminuídas devido à redução das horas efetivas de dragagem, pois a operação da draga se restringe ao período de maré de vazante, como foi tratado no capítulo II, subitem II.4.2, deste texto. Com relação aos métodos convencionais, representados pelas dragas de alcatruzes, autotransportadoras e de sucção e recalque, vale ser registrado que para as duas primeiras foi considerada uma área de despejo no mar a uma distância aproximada de 12 milhas náuticas a partir do ponto médio da área de dragagem. Já para a draga de sucção e recalque foi considerado um despejo próximo à área de dragagem com uma distância de dois mil metros lineares. Caso a distância de recalque fosse maior, haveria necessidade de adicionar complementares como bombas de dragagem flutuantes (Boosters) 32 equipamentos em série na linha de recalque, com a finalidade de aumentar a distância de lançamento do material dragado. Nesta situação, dependendo da distância, o valor encontrado para a relação potência/volume dragado poderia ter acréscimos bem significativos, podendo, sob certas condições operacionais, tornar este tipo de processo de dragagem inviável. 32 Equipamentos flutuantes, normalmente não propelidos, que possuem um motor bomba e um grupo gerador. 72 Tipos de Draga Alcatruzes Autotransportadora Sucção e Recalque 33 Injeção de Água Tipo de Processo Mecânico Hidráulico Hidráulico Hidrodinâmico Capacidade Nominal 800 litros 5.000m3 650 mm 11.000m3/h Referência Capacidade Caçamba Cisterna Tubulação de Recalque Bombas Hidráulicas Despejo do Material Quatro Batelões Própria Draga Linha de Recalque Corrente Densidade Potência Total Instalada 6.200kW 11.000kW 2.557kW 2.078kW 3 -1 Taxa Média Produção 387m .h Horas Operação no Mês 437h/mês 3 947m .h -1 3 562h/mês 3 1.110m3.h-1 250m /h 500h/mês 3 624h/mês 3 Relação: Potência-h/TMP 16,02kW/m 12,14kW/m 10,23kW/m 1,87kW/m3 TMP – “ebb-WID” x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x 463m3.h-1 HOM – “ebb-WID” x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x 260h/mês Rel: Pot-h/TMP–“ebb-WID” x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x 4,49kW/m3 Tabela IV.1 – Comparação das taxas de produção dos processos de dragagem convencionais, representados pelas dragas de alcatruzes, autotransportadoras e de sucção e recalque, e com os processos hidrodinâmicos, representados pelas dragas de injeção de água. 33 73 Foram consideradas condições especiais de despejo do material dragado para a draga de sucção e recalque, isto é com lançamento dos sedimentos até uma distância de 2.000 metros, enquanto para as dragas de alcatruzes e autotransportadoras a distância do despejo simulado, em relação ao ponto médio do sítio de dragagem, foi de 12 milhas náuticas. V – ANÁLISE DO PROCESSO HIDRODINÂMICO NA METODOLOGIA WID No processo de dragagem por injeção de água os forçantes hidrodinâmicos, tanto de origens naturais quanto artificiais, presentes no corpo hídrico, representam importantes propriedades para viabilizar o transporte do material dragado. Resumidamente, existem dois tipos principais de forçantes hidrodinâmicos a serem considerados, os quais são: a corrente de densidade e as correntes naturais, que se encontram descritas no contexto a seguir: V.1 – Corrente de Densidade A corrente de densidade é, também, reconhecida por alguns autores como corrente de turbidez. Estes escoamentos são conduzidos pelas diferenças nas pressões hidrostáticas que são causadas pela diferença de densidade entre a camada fluidificada no fundo 34 e o fluido ambiente, podendo ocorrer por causas naturais ou artificiais (SIMPSON, 1997). As correntes de densidade são muito encontradas em aplicações geofísicas, porém seu estudo é também relevante em cenários de engenharia. A corrente de densidade poderá ser simulada pelas equações de águas rasas, com especial cuidado em se desprezar o início da formação da corrente, cujo comportamento representa uma descontinuidade. Nessa região, onde a mistura é intensa e a direção é desorientada, se inicia o deslocamento e possui relativo incremento de volume em relação ao escoamento que segue posteriormente. As correntes de densidade são capazes de transportar sedimentos por longas distâncias horizontais, como exemplo cita-se: a corrente de densidade ou de turbidez, no fundo dos oceanos, que podem carrear sedimentos por milhares de quilômetros; além disso, podem ocorrer em várias escalas na natureza, como: frentes oceânicas, avalanches, fluxos pirogênicos e de lavas vulcânicas (Wikipedia Encyclopedia, 1998). NARDIN et al. (1979) descrevem a corrente de densidade como mecanismos de transporte de sedimentos freqüentes em ambientes hídricos, sendo 34 Camada constituída por um fluido que possui maior massa específica que o fluido ambiente. 74 que algumas, dessas correntes, geram substanciais espessuras e extensos depósitos de sedimentos (HUGHES-CLARKE et al., 1990; MASSON, 1994; SYVITSKI AND SCHAFER, 1996). A formação da corrente de densidade ocorre para um número de Froude densimétrico próximo à unidade, com valores observados entre 0,7 e 1,4. O número de Froude densimétrico representa a taxa entre a força gravitacional e a força inercial (Wikipedia Encyclopedia, 1998). Fr = V ⎛ ρ − ρo g⎜ 1 ⎝ ρo ⎞ ⎟ hb cos α ⎠ Onde g é a aceleração gravitacional (9,81 m.s-1), ρ1 é a densidade da camada se deslocando como corrente de densidade, ρo a densidade do fluido ambiente, hb representa a altura da camada, α representa o ângulo do talude de fundo e V corresponde a velocidade média de avanço da corrente de densidade. Algumas características da corrente de densidade podem ser identificadas como condições básicas para o seu surgimento e deslocamento (GARCIA, 1993): 1 – A condição inicial para o surgimento da corrente de densidade é a existência de, pelo menos, dois fluidos com diferentes densidades ou massas específicas, em um mesmo ambiente, ou seja: ρ0 < ρ1. 2 – A relação entre a espessura da corrente de densidade e a altura da coluna de água, normalmente é bem diferenciada, isto é h << H. 3 – Uma outra característica da corrente de densidade permite relacionar sua espessura com a distância percorrida, expressada por h << L. 75 4 – A inclinação do talude de fundo deverá ser bem pequena, isto é S << 1, para possibilitar uma corrente de densidade mais estável e com propagação horizontal junto ao fundo. Uma abrupta mudança no ângulo do talude irá resultar na formação do ressalto hidráulico que acarretará a deposição dos sedimentos que compõe a corrente (MENARD, 1964). g LD Fluido Ambiente - ρ0 y H(x) Pluma de Sedimentos - ρ1 x Condições Básicas 1) 2) 3) 4) ρ0 < ρ1 h(x) << H(x) h(x) << L(x) S << 1 h(x) Corrente de Densidade S Resultado Desejado g (x) >> g (y) Figura V.1 – Ilustração do diagrama esquemático mostrando a formação da corrente de densidade em ambiente aquático, através da diferença de densidade entre a pluma de sedimentos localizada no fundo e o fluido ambiente. Fonte: GARCIA, 1993. 76 Uma visualização seqüencial da propagação da corrente de densidade encontra-se ilustrada na Figura V.2, onde se pode ressaltar a formação e a propagação horizontal junto ao leito do corpo hídrico. Figura V.2 – Ilustração de uma simulação da propagação da corrente de densidade junto ao leito do corpo aquático. (T. MAXWORTHY, J. LEILICH, J. E. SIMPSON e E. H. MEIBURG). 77 Outro evento a ser considerado no deslocamento da corrente de densidade é a possibilidade de interação com outra corrente em diversos ambientes, como ilustrado na figura V.3. A partir de resultados de laboratório, após a colisão frontal de duas correntes de densidade, a energia é transferida de uma para a outra, sendo que a mais densa se move abaixo da corrente com menor densidade. O raciocínio registrado nesta figura também pode ser aplicado para o meio líquido, fazendo uma analogia entre a pluma de sedimentos, mais densa, e a cunha salina, menos densa. 1 – Corrente U1 em sentido contrário da Corrente U2. U1 U2 2 – Corrente U1 interagindo com a Corrente U2. U1 U2 3 – Corrente U1, menos densa, se sobrepondo a Corrente U2. B1 U1 F2 F1 B2 U2 Figura V.3 – Ilustração da corrente de gravidade – U1, menos densa, interagindo com a corrente de gravidade – U2, mais densa. O comportamento hidrodinâmico da corrente de densidade pode ser avaliado através de experimentos realizados em laboratório. Uma das opções é o estudo apresentado por ALEXANDER e MULDER (2002), através dos números de Froude densimétrico, Richardson e Reynolds que podem ser associados aos registros da campanha de campo do processo WID, realizados no Rio Mississipi – EUA. Os resultados obtidos na manipulação desses números adimensionais servem para 78 demonstrar o tipo de comportamento hidrodinâmico que caracteriza o deslocamento da pluma de sedimentos formada pelo processo por injeção de água. O número de Froude densimétrico poderá ser definido a partir da fórmula na página 75, deste texto, que leva em consideração os parâmetros de pesquisa apresentados por ALEXANDER e MULDER (2002) para definir o tipo de escoamento, assim podemos registrar: • Para Frd < 1 – Escoamento subcrítico. • Para Frd > 1 – Escoamento supercrítico. O número de Richardson exprime a estabilidade da própria interface da corrente de densidade com o fluido ambiente (ALEXANDER e MULDER, 2002). É expressa pelo inverso do quadrado do número de Froude densimétrico, portanto: • Para Ri < 0,25 – A interface do escoamento possui características instáveis. • Para Ri > 0,25 – A interface do escoamento possui características estáveis. O número de Reynolds indica a natureza do deslocamento das partículas no escoamento do fluido, relaciona a velocidade com a viscosidade cinemática. ALEXANDER e MULDER (2002) definiram em laboratório o valor aproximado da ponta da corrente de densidade como Re ≅ 2 x 105, portanto: • Para Re < 500 – Indicam regimes de escoamentos laminares. • Para 500 < Re < 2000 – Indicam regimes de escoamentos em transição. • Para Re > 2000 – Indicam regimes de escoamentos turbulentos. Os seguintes valores foram obtidos a partir da tabela III.3: • Velocidade da Corrente de Turbidez: 0,3 a 0,5m/s – valor utilizado: V = 0,3m/s. • Altura da Corrente de Densidade: 0,5 a 1m – valor utilizado: hb = 1 m. • Massa Específica da Corrente de Densidade: valor utilizado: ρs = 1050kg/m3. • Massa Específica do Fluido Ambiente (Cunha Salina): utilizado ρa = 1028kg/m3. • Talude do estuário: utilizado 1:1000 cos α ~ 1. 79 • Aceleração da gravidade: g = 9,81m/s. Os resultados encontrados para os números adimensionais através das respectivas fórmulas e utilizando os valores identificados nas campanhas de medição, visualizados na tabela III.3, permitem constatar as seguintes características da corrente de densidade: a) velocidade relativa da corrente, inferior a de ondas em águas rasas; b) estabilidade na interface com o fluido ambiente; c) seu fluxo é determinado por regime turbulento, o que permite a fluidificação e suspensão dos sedimentos de fundo. Assim, a partir dos estudos de ALEXANDER e MULDER (2002), essas três características avaliadas e registradas na tabela V.1, demonstram a possível estabilidade no deslocamento da corrente de densidade, desde que não haja interferências em conseqüência de fatores externos adversos. PARÂMETROS VALOR CALCULADO SITUAÇÃO Nº. de Froude densim. (Frd) 0,65 < 1 Escoamento Subcrítico 2,37 > 0,25 Interface Estável 5 Escoamento Turbulento Nº. de Richardson (Ri) Nº. de Reynolds (Re) 0,3 x 10 > 2000 Tabela V.1 – Valores dos números adimensionais: Froude densimétrico, Richardson e Reynolds, calculados para a corrente de densidade, a partir do conceito de similaridade de escoamentos naturais simulados em laboratórios e com os dados obtidos em campanhas de medição do processo WID. 80 V.2 – Correntes Naturais Levando-se em consideração que o processo de dragagem por injeção de água é normalmente utilizado em manutenção das profundidades em marinas, portos e vias navegáveis, principalmente os que se encontram localizados em regiões estuarinas, direcionaremos os estudos para este ambiente. Nos sistemas estuarinos, os processos de mistura, circulação e estratificação são governados basicamente por três forçantes: a descarga de água doce, as correntes de maré e pela transferência da quantidade de movimento através do cisalhamento do vento em sua superfície livre; aos quais se somam as influências exercidas pela geometria do corpo estuarino e pela salinidade e padrões de circulação da região costeira adjacente (KJERFVE, 1990; MIRANDA, 1996). Estes forçantes condicionam a circulação gravitacional (baroclínica e barotrópica), a circulação residual e as correntes geradas pelo vento. Geralmente um desses padrões de circulação predomina num determinado sistema estuarino, entretanto dois ou os três tipos podem ser observados simultaneamente ou sazonalmente num mesmo estuário (KJERFVE, 1990). A grande variabilidade temporal e espacial desses forçantes, e dos processos a eles associados, torna o estudo dos padrões de circulação e distribuição de propriedades nos sistemas estuarinos bastante complexo (KJERFVE et al., 1982). Em estuários, o transporte de material particulado em suspensão, nem sempre ocorre na mesma direção do fluxo principal de água, devido aos processos de mistura (advectivos e difusivos) (KJERFVE, 1990; DAY et al., 1989). A dispersão e advecção das massas de água e de suas propriedades decorrem de vários processos que envolvem o movimento oscilatório das marés, difusão molecular (geralmente pequena), gradientes de densidade, cisalhamento lateral entre massas de diferentes velocidades de corrente, fricção com o fundo e difusão turbulenta (viscosidade do fluido) (KJERFVE & WOLAVER, 1988; DAY et al., 1989; KJERFVE, 1990). Os processos de erosão e ressuspensão apresentam particular importância na ciclagem de sedimentos em estuários, porque promovem um aumento da carga de sedimento em suspensão (aumento do gradiente vertical), intensificando o transporte advectivo (NICHOLS, 1986) e porque atuam na manutenção da zona de máxima turbidez estuarina (DYER, 1988). 81 Durante um ciclo de maré (marés enchente e vazante), geralmente, observa-se uma forte relação entre as velocidades das correntes e o transporte de sedimentos, além das concentrações de material particulado em suspensão (WARD, 1981; NICHOLS, 1986; BAIRD et al., 1987; KJERFVE & WOLAVER, 1988; DYER, 1988; JONGE & BEUSEKON, 1995). A assimetria na velocidade das correntes de maré, quando integrada no tempo, condiciona o transporte líquido do material em suspensão em uma determinada direção do corpo estuarino (importação ou exportação) (WARD, 1981; DYER, 1988). A estratificação estuarina ocorre principalmente em função da diferença de densidade entre a água doce e a água salgada, com essa última tendendo a ficar embaixo da parcela de fluido de água doce em função de sua maior densidade. Com a redução da vazão de água doce os gradientes verticais e longitudinais são alterados, aumentando a intensidade de mistura na direção vertical (turbulência). A hidrodinâmica dos estuários nos conduz a seguinte classificação: a) em cunha salina; b) altamente estratificados; c) parcialmente estratificados e d) verticalmente homogêneos. A morfologia de estuários é muito importante na circulação destes ambientes, portanto, o aumento no aporte de sedimentos em um rio, devido ações naturais ou antrópicas, pode ter como conseqüência o assoreamento da área estuarina. O assoreamento diminui a profundidade do canal modificando o fundo e provocando o amortecimento da onda de maré à medida que esta se propaga para montante, em função do aumento da fricção junto ao fundo. Não se pode esquecer que a alteração da morfologia do fundo, de um corpo hídrico, altera a seção do canal influenciando o prisma de maré, conseqüentemente induzindo modificações nos forçantes hidrodinâmicos, que poderão interferir novamente no processo de transporte de sedimentos, podendo propiciar o depósito das partículas em locais, inicialmente, imprevistos ao longo do canal. As correntes do ambiente estuarino tornam-se aliadas ao processo de dragagem por injeção de água à medida que favorecem a condução da corrente de turbidez, induzida, até a área de deposição final desse material removido. Nesse sentido, como descrito anteriormente, o estudo local das marés de sizígia e quadratura, o conhecimento da vazão de águas continentais em escalas temporal e espacial, bem como o acompanhamento da incidência de ventos na superfície livre, 82 podem gerar correntes capazes de influenciar no transporte de sedimentos da coluna de água de forma indesejável ao projeto de dragagem. Assim, se torna recomendável à implantação de um programa de monitoramento, com auxílio de instrumentos, para avaliar esses forçantes hidrodinâmicos, a princípio, em três períodos distintos, conforme detalhado: • Antes do início da dragagem, visando qualificar e quantificar as correntes presentes no corpo hídrico, tanto na distribuição longitudinal quanto na vertical da calha hidráulica. Com isto, um plano de dragagem poderá ser implantado, presumindo as melhores condições operacionais no tempo e no espaço. • Durante o período de dragagem, para avaliar a estratégia operacional préestabelecida pelo plano de dragagem definido na etapa inicial, modificando ou adaptando os parâmetros que não apresentarem os resultados previstos. • Após a operação de dragagem, para quantificar e registrar os resultados obtidos. V.3 – Hidrodinâmica no Estuário do Rio Itajaí-Açú De acordo com o estudo apresentado por SCHETTINI (2002), o estuário está localizado em uma planície costeira, apresentando morfologia similar a um rio meandrante. Sua descarga média, medida em Indaial, cerca de 90 km a montante da barra, é de 228 m3.s-1, variando de 17 a 5390 m3.s-1. O estuário do Rio Itajaí-Açu é classificado como do tipo estratificado. A altura média da maré astronômica regional, classificada como predominantemente semidiurna, é de 0,8m, variando de 0,4m na quadratura e 1,2m na sizígia (SCHETTINI et al., 1998). DOBEREINER (1986) observou o comportamento salino do estuário do Rio Itajaí-Açú para diferentes situações de vazão. Constatou que essa área estuarina se apresenta normalmente de forma estratificada, sendo que para vazões médias de 225m3.s-1, a cunha salina penetra até, aproximadamente, 18km da foz. Para vazões 83 maiores, entre 400 a 900m3.s-1, a cunha salina oscila em um trecho de cerca de 10km a partir da foz e, finalmente, para vazões acima de 900m3.s-1 a cunha salina é praticamente expulsa do estuário. A influência da maré, de sizígia ou quadratura, se mostra também importante na caracterização dos padrões salinos presentes no estuário e na quantidade de sal existente, assim como a presença de soleiras e depressões na topografia de fundo afetam o deslocamento da intrusão salina (MEDEIROS, 2003). Neste tipo de estuário observa-se a penetração, junto ao fundo, de uma cunha salina perfeitamente definida, cujo ponto nodal, ou seja, o local onde se verifica uma disposição mais intensiva de sedimentos pelo fenômeno de barramento, por efeito das marés, encontra-se localizado próximo à bacia de evolução do Porto de Itajaí, devendo ressaltar que este ponto pode migrar ao longo do estuário, de acordo com as condições das vazões fluviais. Também, próximo à entrada do canal, a jusante do Porto de Itajaí, foi encontrado indícios de outro ponto nodal, devido o acúmulo de material arenoso disposto transversalmente ao canal (VARGAS, 1983). 84 V.4 – Estudo de Caso – Dragagem no Porto de Itajaí O processo de dragagem por injeção de água no Porto de Itajaí, que atualmente é responsável pela manutenção de seu acesso marítimo, merece uma atenção especial no intuito de registrar os parâmetros de dragagem mais relevantes presentes nessa região. Assim, para se obter os dados que auxiliassem a compreensão do funcionamento dessa metodologia, uma campanha de medições foi direcionada para coletar vários parâmetros na coluna de água, tais como: velocidade, turbidez, temperatura e salinidade, antes e durante a dragagem por injeção de água, na intenção de registrar as principais ações hidrodinâmicas no Rio Itajaí-Açú e para analisar uma possível interferência, desses forçantes monitorados, em relação à dinâmica de propagação da corrente de densidade. V.4.1 – Campanha de Medições V.4.1.1 – Metodologia de Coleta As coletas dos diversos parâmetros da coluna de água, antes e durante a operação de dragagem foram realizadas em um dia de maré de sizígia, 9 de março de 2005 – quinta-feira, entre 07:00h e 19:00h, abrangendo quase um ciclo completo de uma maré semidiurna típica do local, totalizando 16 incursões dos instrumentos na coluna líquida. Em cada incursão foram registrados diversos dados através de cinco instrumentos, onde as leituras mais importantes foram: posicionamento, velocidade, condutividade, turbidez, tamanho das partículas, temperatura e pressão. Além disso, foram coletadas amostras de água, com a utilização de uma pequena bomba hidráulica instalada junto à estrutura de fixação dos instrumentos. Estas amostras foram conservadas sob refrigeração até o seu processamento em laboratório, onde foram filtradas através de membranas HA em Ester de celulose, 0,45UM de poro, 47 mm de diâmetro, branca, lisa. Todo o procedimento de coleta foi obtido, embarcado em uma lancha, em um ponto da área de dragagem que apresentava assoreamento para permitir a comparação de dados, após a operação de dragagem, como indicado na figura V.4. O posicionamento variou entre as seguintes coordenadas: 85 1) 13:40h/14:20h Latitude: 26º 54,0765’ Longitude: 48º 39,4133’ 2) 15:00h/15:40h Latitude: 26º 54,0788’ Longitude: 48º 39,4406’ 3) 16:50h/17:35h Latitude: 26º 54,0896’ Longitude: 48º 39,4262’ 4) 17:56h/18:20h Latitude: 26º 54,0910’ Longitude: 48º 39,3884’ N 26º 53’ Carta Náutica Referência 1801 Montante Rio Itajaí-Açu 48º 40’ 48º 39’ 54,091’ S x 39,3884’ W Coordenadas da Campanha 09/Mar/2005 26º 54’ Rio Itajaí-Açu Porto de Itajaí Latitude: 26º 54,0’ S Longitude: 048º 39,7’ W Zona Costeira ITAJAÍ Jusante Rio Itajaí-Açu Figura V.4 – Ilustração parcial da Carta Náutica 1801 – visão do Porto de Itajaí, do Estuário do Rio Itajaí-Açu e do registro das coordenadas da campanha onde foram coletados os dados de campo. 86 V.4.1.2 – Metodologia de Análise Os dados obtidos nas coletas, para análise, foram manipulados e depurados através de procedimentos matemáticos e laboratoriais. Os equipamentos realizaram as medições em modo contínuo, portanto continham registros que deviam ser desprezados. Cada perfil, após visualização gráfica, foi depurado através da remoção de alguns destes registros para depois se obter os valores médios de cada local medido. Estes valores médios foram calculados por camadas da coluna de água, para os seguintes parâmetros: velocidades u, v e w (nos respectivos eixos x, y e z), turbidez, condutividade, temperatura, pressão e profundidade. Em uma segunda etapa, através de cálculos matemáticos utilizando estes dados, foram obtidos os valores de salinidade e das velocidades projetadas no eixo principal do trecho. As amostras foram analisadas através de procedimentos de filtragem, secagem e pesagem, resultando na quantidade, em peso, das partículas sólidas e, conseqüentemente, obtendo a concentração desses sedimentos. V.4.2 – Instrumentação Para programação e coleta de dados dos instrumentos e sensores foram utilizados dois computadores portáteis, sendo um da Compaq e o outro da Toshiba, ambos com sistema operacional Windows XP e processadores Pentium III e Pentium IV, respectivamente. Os instrumentos utilizados durante a campanha foram: 1 – ADV – Acoustic Doppler Velocimeter O princípio de operação se baseia na transmissão de um pulso a partir do centro do transdutor e o efeito Doppler introduzido pela reflexão das partículas suspensas na água e captadas pelos três receptores existentes na parte extrema do instrumento, formando um ângulo de 120º, obtendo, assim, a velocidade da corrente. 87 Fabricante: Nortek Vector Current Meter. Variação de Temperatura para Operação: - 5ºC até +45ºC. Profundidade Máxima de Operação: 300 metros. Principais dados registrados: Velocidades (u, v, w) e profundidade. Taxa de amostragem: até 64 Hz. 2 – LISST – 25X Este instrumento mede o tamanho das partículas em suspensão, porém teve seu uso restrito por problemas de comunicação de dados. - Concentração de Partículas por Volume (μ / l) – de 0,1 até 1000 mg / l. – de 1,25 até 250 μm (Tipo B). - Diâmetro médio das partículas – de 2,50 até 500 μm (Tipo A). - Transmissão ótica: 0 a 100%. - Profundidade em metros. - Máxima Profundidade: 300 metros. - Fabricante: SEQUOIA SCIENTIFIC, INC. - Capacidade de Armazenamento: 28.000 parâmetros medidos. 3 – OBS Consiste em um sensor dotado de um diodo infravermelho de alta intensidade (IRED), com a finalidade de medir a turbidez do fluido. Fabricante: D&A Instrument CO. Modelo: 1C. Alcance do sensor: 0,5 a 2000 FTU. 88 4 – CTD Sensor que registra a condutividade da água fornecendo os resultados em micro Siemens, além de temperatura e profundidade. Faixa de Medição: 0 a 199.900 μS. Salinidade: 0,0 até 80 ppt (o/oo) Sólidos Dissolvidos: 0 a 19900 mg / l. Temperatura: - 0,5º a 105º C Capacidade: 25 dados Fabricante: Valeport Modelo: 115 5 – GPS Instrumento de posicionamento eletrônico global, constituído de 12 canais e 9 teclas frontais no aparelho. Possui capacidade de resolução na tela de 180 x 240 pixel, com quatro tonalidades de cinza. Fabricante: GARMIN V.4.3 – Análise dos Dados A apuração dos registros foi realizada de maneira direta e indireta, de acordo com o tipo de informação que os instrumentos forneciam. A seguir encontramse relacionados esses parâmetros: 1 – Turbidez – obtida através da leitura direta do instrumento OBS. 2 – Condutividade – obtida através da leitura direta do instrumento CTD. 3 – Velocidade u – eixo de coordenadas x – obtida através da leitura direta do instrumento ADV. 4 – Velocidade v – eixo de coordenadas y – obtida através da leitura direta do instrumento ADV. 89 5 – Velocidade w – eixo de coordenadas z – obtida através da leitura direta do instrumento ADV. 6 – Profundidade da coluna de água – obtida através da leitura da pressão da coluna de água do instrumento ADV. 7 – Temperatura – obtida através da leitura direta do instrumento ADV. 8 – Salinidade – obtida a partir dos valores resgatados para condutividade elétrica e transformados através de formulação matemática. Nesse caso foi utilizada a seguinte expressão: S = 5,572.10-4. SC + 2,02.10-9 . SC2 (EPA/600/3-85/040 – Rates, constants and Kinetics), onde: a unidade da salinidade será ppt 0/00 e SC em micromhos.cm-1. 9 – Volume das Amostras – obtido em medições comparativas realizadas em laboratório. 10 – Peso dos Sedimentos – obtido após filtragem e secagem das amostras, em laboratório. 11 – Concentração dos Sedimentos – obtida após filtragem, secagem e pesagem das amostras, realizada em laboratório. V.5 – Registros de Dados da Hidrodinâmica Local V.5.1 – Registros de Dados das Marés Astronômicas As medições foram realizadas no dia 9 de março de 2005. De acordo com a Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN / MB – a área abrangendo o Porto de Itajaí encontrava-se em maré de sizígia, conforme os seguintes dados obtidos na Tábua de Marés, em relação ao nível zero de referência da DHN. Dia da Semana Quarta-feira Dia do Mês 09.03.2005 Horário (h) Maré (m) 01:58 +1,0 09:30 +0,3 14:09 +1,0 20:19 -0,1 Tabela V.2 – Registro da Tábua de Marés do dia 9 de março de 2005, no Porto de Itajaí. Fonte: Tábua de Marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN da MB. 90 Das dezesseis incursões dos instrumentos na coluna de água, onde a primeira foi iniciada às 07:30h e a última encerrada às 18:20h, as primeiras quatorze incursões foram realizadas entre 07:30h até 17:35h, antes do início de dragagem e em marés de vazante e enchente, posteriormente, de 17:56h até 18:20h foram realizadas mais três incursões após a passagem da draga no ponto de observação, ou seja, durante o processo de dragagem hidrodinâmica e no período de maré de vazante. No momento da operação de dragagem foram adotados procedimentos diferenciados para incursão dos instrumentos na coluna de água, conforme, a seguir, é descrito: 1 – 17:56h – incursão dos instrumentos em toda coluna de água, até o leito. 2 – 18:05h – elevação dos instrumentos até 5 metros e nova incursão ao leito. 3 – 18:14h – elevação dos instrumentos até 5 metros e nova incursão ao leito. 4 – 18:20h – encerramento da campanha e recolhimento dos instrumentos. A metodologia adotada, após a passagem da draga, teve como finalidade o acompanhamento, principalmente, da corrente de densidade induzida pela dragagem hidrodinâmica por injeção de água. V.5.2 – Determinação dos Valores Médios Para mensurar a atividade de dragagem por injeção de água, foram adotados os procedimentos que permitiram analisar os dados coletados durante a campanha em Itajaí. A depuração destes dados obedeceu a uma sistemática avaliação após manipulação, através de gráficos, dos valores obtidos pelos sensores. A maioria dos dados de interesse foi registrada a cada metro de profundidade da coluna de água até alcançar o leito do rio. Assim, quando alguns valores registrados no gráfico velocidade x profundidade extrapolaram a concentração mais regular dos dados, estes tiveram de ser desprezados. Já os dados tidos como corretos foram manipulados em outra planilha Excel onde finalmente obtivemos os valores médios das velocidades u, v, w. Continuando com o mesmo raciocínio ainda foram registrados os valores médios para a turbidez, condutividade e salinidade. Os demais parâmetros apurados são resultados matemáticos obtidos a partir destes valores médios. 91 Para melhor visualização dos valores médios apurados, agrupamos os registros finais em tabelas, as quais tiveram sua identificação associadas a um nome de arquivo, cujo número alfanumérico retrata o horário de cada incursão dos sensores na coluna de água, no dia da campanha de medições, no Porto de Itajaí, como é identificado na seqüência abaixo, relacionando a maré astronômica com a situação operacional da dragagem durante o processo: Item Nome do Arquivo Horário (h) Tipo de Maré Situação 01 ve073001 07:30 Vazante Antes da Dragagem 02 ve094001 09:40 03 Ve101001 10:10 Enchente Antes da Dragagem 04 Ve104001 10:40 Enchente Antes da Dragagem 05 Ve111001 11:10 Enchente Antes da Dragagem 06 Ve124001 12:40 Enchente Antes da Dragagem 07 Ve130001 13:00 Enchente Antes da Dragagem 08 Ve134001 13:40 Enchente Enchente – B 35 Vazante – P Antes da Dragagem Antes da Dragagem 36 09 Ve141001 14:10 Antes da Dragagem 10 Ve150001 15:00 Vazante Antes da Dragagem 11 Ve154001 15:40 Vazante Antes da Dragagem 12 Ve165001 16:50 Vazante Antes da Dragagem 14 Ve173501 17:35 Vazante Antes da Dragagem 15 Ve175601(1) 17:56 Vazante Durante a Dragagem 16 Ve175601(2) 18:05 Vazante Durante a Dragagem 17 Ve175601(3) 18:14 Vazante Durante a Dragagem Tabela V.3 – Relaciona os nomes dos arquivos com os respectivos horários das incursões, para coleta de dados da campanha de medições, incluindo as condições da maré astronômica no Porto de Itajaí e a situação operacional dos equipamentos de dragagem. 35 36 Momento próximo a Baixa-mar, projetado pela DHN para o dia 9.mar. 2005, às 09:30h. Momento próximo a Preamar, projetado pela DHN para o dia 9.mar.2005, às 14:09h. 92 V.5.3 – Velocidades Projetadas no Eixo do Canal Considerando os valores das velocidades médias registradas no ponto de incursão dos instrumentos durante a campanha de medições no Rio Itajaí-Açú, com a finalidade de apurar a intensidade dessas correntes naturais em relação ao centro da calha hidráulica, foi adotado o procedimento de projetar esses escoamentos nas linhas longitudinal (u’) e transversal (y’) ao eixo do canal. Para proceder esta operação necessita-se, inicialmente, da real localização da lancha em relação ao eixo do Rio Itajaí-Açú, o que foi obtida pelo instrumento GPS e registrada na Figura V.6. Desta maneira, foi visualizado, com o auxílio da Carta Náutica 1801, um ângulo de defasagem, γ = 40o, conforme ilustrado na figura V.5. Após isso, utilizando os recursos da geometria analítica, pode-se determinar a intensidade do fluxo das velocidades médias devidamente projetadas no eixo principal do canal. Nessa projeção foi utilizado o processo matemático para rotação de eixos através de literatura específica (BRONSHTEIN E SEMENDIAEV, 1973). N Carta Náutica Referência 1801 “Rio Itajaí-Açú” γ = 40º “Porto de Itajaí” Posição da Lancha Itajaí Determinação do “Ângulo de Projeção” das Velocidades Travessia de Barcas 93 Figura V.5 – Ilustração mostrando o “ângulo de projeção das velocidades resultantes” em relação ao eixo principal do canal do Porto de Itajaí. V.5.4 – Representação Gráfica dos Principais Parâmetros As representações gráficas foram plotadas a partir dos dados obtidos dos instrumentos citados no subitem V.4.2, relacionando os seguintes parâmetros: 1 – Gráficos de Velocidades Médias – u, v e w x Profundidade; 2 – Gráficos de Turbidez Média x Profundidade; 3 – Gráficos de Salinidade Média x Profundidade. Analisando os gráficos apresentados, podemos registrar algumas características hidrodinâmicas presentes no Rio Itajaí-Açú, nas coordenadas registradas no capítulo V, figura V.4. Ao todo foram montados dezesseis pares de gráficos onde, à esquerda das páginas subseqüentes, encontram-se projetadas as velocidades médias u, v, w nos eixos x, y, z; destacadas em relação a cada metro da coluna de água, estando os eixos cartesianos associados aos pontos cardeais do globo terrestre, assim convencionados: 1 – Eixo dos valores x, corresponde à velocidade u representada pela linha de cor azul – sentido LESTE / OESTE, onde os valores positivos representam a direção LESTE e os valores negativos a direção OESTE. 2 – Eixo dos valores y, correspondente à velocidade v representada pela linha de cor vermelha – sentido NORTE / SUL, onde os valores positivos representam a direção NORTE e os valores negativos a direção SUL. 3 – Eixo dos valores z, corresponde à velocidade w representada pela linha de cor verde – sentido do fluxo em relação à profundidade do corpo aquático, onde os valores positivos representam a direção para a superfície do fluido e os valores negativos para abaixo da linha de água na direção do leito aquático. Muito embora a vazão das águas continentais, no Rio Itajaí-Açú, determinem, com grande importância, os forçantes estuarinos naturais, os gráficos 94 demonstraram a enorme influência da maré astronômica e da penetração da cunha salina, próxima ao leito, durante a campanha de medições realizada do dia 9 de março de 2005, possivelmente devido a pouca interferência do fluxo fluvial. Nos dezesseis gráficos à direita, estão evidenciados, em azul os valores médios da turbidez ao longo da profundidade e em vermelho os valores médios da salinidade, também ao longo da coluna líquida. Para melhor visualizar a distribuição dos valores significativos das velocidades durante o período de variação da maré, assim como as condições de preamar e baixamar, foram relacionados o sinal destes valores, com as suas respectivas convenções, em relação aos pontos cardeais, nas diferentes fases da maré astronômica. A tabela V.4 indica a direção convencionada desses parâmetros. Item Maré Parâmetro Profundidade (m) Sinal Valor Direção 01 Baixa Velocidade u 0–5 Positivo LESTE 5–9 Negativo OESTE 02 Enchendo Velocidade u 0–9 Pos / Neg 37 L/W 03 Alta Velocidade u 0 – 10 Negativo OESTE 04 Vazando Velocidade u 05 Baixa Velocidade v 06 Enchendo 07 38 0 – 10 Neg / Pos W/L 0–5 Negativo SUL 5–9 Positivo NORTE Velocidade v 0–9 Neg / Pos 39 S/N Alta Velocidade v 0 – 10 Positivo NORTE 08 Vazando Velocidade v 0 – 10 Pos / Neg 40 N/S 09 Baixa Velocidade w 0–5 Negativo Para o Leito 5–9 Negativo Para o Leito 10 Enchendo Velocidade w 0–9 Negativo Para o Leito 11 Alta Velocidade w 0 – 10 Negativo Para o Leito 12 Vazando Velocidade w 0 – 10 Neg / Pos 41 Leito / LD 37 Valores em transição de positivo para negativo durante a manifestação da maré enchendo. Valores em transição de negativo para positivo durante a manifestação da maré vazando. 39 Valores em transição de negativo para positivo durante a manifestação da maré enchendo. 40 Valores em transição de positivo para negativo durante a manifestação da maré vazando. 41 Foram registrados alguns valores positivos durante o período de maré vazando pela vel. w. 38 95 Tabela V.4 – Indicação da direção convencionada das velocidades médias em relação à coluna de água. Com base nos gráficos obtidos nas coordenadas da campanha de medições registradas na figura V.4, bem como na identificação do ângulo de defasagem em relação à linha de eixo do canal do Rio Itajaí-Açú, ilustrado pela figura V.5, foram projetados os valores das velocidades u’ e v’ em relação ao eixo principal do canal, sendo que, as velocidades w’ permaneceram com os mesmos valores de w. A importância do cálculo desses valores no eixo principal do canal, para dragagem por injeção de água, está relacionada com a interferência que estes forçantes hidrodinâmicos podem causar à estabilidade e ao deslocamento da corrente de densidade. A visão dos gráficos das velocidades projetadas (u’, v’, w’) ao lado dos gráficos de salinidade e turbidez permite observar que existe uma relação no comportamento destes forçantes pois, onde houve incremento do valor absoluto da velocidade u’, longitudinal ao canal, também ocorreu o incremento do valor da salinidade e da turbidez, portanto a cunha salina se fazia presente de acordo com o movimento da maré no estuário, seja de vazante ou enchente. Pode-se observar ainda que, a velocidade longitudinal u’ é dominante neste trecho do canal, pois, possui valores absolutos bem superiores aos da velocidade transversal v’. Os três últimos gráficos identificados com os números de perfis, ve175601(1), ve175601(2) e ve175601(3), representam a tentativa de identificar e observar, através da campanha de campo, os valores das velocidades da corrente de turbidez junto ao leito do rio, durante o período de dragagem. Gráfico de Salinidade/Turbidez VE073001 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE073001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 Longitudinal -0,2 0 Transversal 0,2 0,4 0,6 Coluna d' Água 0,8 1 Velocidades Projetadas 0 10 11 Turbidez 0 10000 20000 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.1 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 07:30h. 96 Gráfico de Salinidade/Turbidez ve094001 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE094001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinal 0 0,2 Transversal 0,4 0,6 Coluna d' Água 0,8 1 0 Turbidez 0 11 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.2 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 09:40h. Gráfico de Salinidade/ Turbidez ve101001 0 5 10 15 20 25 30 35 Salinidade 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE101001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinal 0 0,2 Transversal 0,4 0,6 Coluna d' Água 0,8 10 11 Turbidez 0 1 0 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.3 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:10h. Gráfico de Salinidade/Turbidez ve104001 Gráfico VE104001 0 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 1 Profundidade 2 Profundidade 5 0 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 Longitudinais -0,2 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d' Água 0,8 1 Velocidades Projetadas 10 11 Turbidez 0 10000 20000 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.4 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:40h. 97 Gráfico de Salinidade/ Turbidez ve111001 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE111001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinais 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d' Água 0,8 1 0 10 0 Turbidez 11 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.5 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 11:10h. Gráfico de Salinidade/Turbidez ve124001 0 5 10 15 20 25 30 35 Salinidade 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE124001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinais 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d' Água 0,8 11 Turbidez 0 1 0 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 40000 Turbidez 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.6 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 12:40h. Gráfico de Salinidade/Turbidez ve130001 0 5 10 15 20 25 30 35 Salinidade 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE130001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 Longitudinais -0,2 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 Velocidade Projetada 0 10 11 Turbidez 0 10000 20000 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.7 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:00h. 98 Gráfico de Salinidade/Turbidez ve134001 0 5 10 15 20 25 30 35 Salinidade 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE134001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinais 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 0 10 11 Turbidez 0 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 40000 Turbidez 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.8 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:40h. Gráfico de Salinidade/Turbidez ve141001 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE141001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinais 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 10 11 Turbidez 0 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.9 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Preamar às 14:10h. Gráfico Salinidade/Turbidez ve150001 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE150001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 Longitudinais -0,2 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 Velocidades Projetadas 0 10 0 Turbidez 11 10000 20000 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.10 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:00h. 99 Gráfico de Salinidade/Turbidez ve154001 0 5 10 15 20 25 30 35 Salinidade 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE154001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinais 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 0 10 11 Turbidez 0 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.11 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:40h. Gráfico de Salinidade/Turbidez ve165001 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE165001 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinais 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 0 11 Turbidez 0 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.12 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 16:50h. Gráfico de Salinidade/Turbidez ve173501 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE173501 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 Longitudinais -0,2 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 Velocidades Projetadas 0 10 11 Turbidez 0 10000 20000 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.13 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:35h. 100 Gráfico de Salinidade/Turbidez ve175601(a) 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE175601(1) 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinas 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 0 10 11 Turbidez 0 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.14 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(1). Gráfico de Salinidade/Turbidez ve175601(b) 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE175601(2) 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 Longitudinais 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 0 10 0 Turbidez 11 10000 20000 Velocidades Projetadas 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.15 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(2). Gráfico de Salinidade/Turbidez ve175601(c) 0 5 10 15 20 25 30 Salinidade 35 0 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 11 11 Profundidade Profundidade Gráfico VE175601(3) 0 5 6 -1 -0,8 -0,6 -0,4 Longitudinais -0,2 0 0,2 Transversais 0,4 0,6 Coluna d'Água 0,8 1 Velocidades Projetadas 10 0 Turbidez 11 10000 20000 30000 Turbidez 40000 50000 60000 70000 Salinidade Gráfico V.16 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(3). 101 V.5.5 – Análise das Amostras As amostras retiradas da coluna de água durante a campanha foram processadas e analisadas no Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos – LDSC, do Programa de Engenharia Oceânica da área de Engenharia Costeira da COPPE/UFRJ. Após o registro do volume de cada amostra, as seguintes atividades foram realizadas: • Filtragem para determinação da concentração, em massa, dos sedimentos presentes nas amostras. Foram utilizadas Membranas HÁ em Ester de Celulose com 0,45 UM de poro e 47 mm de diâmetro, na cor branca, lisa. • Secagem em estufa. • Esfriamento em recipiente contendo desumidificador (Sílica Gel). • Pesagem final, em balança de precisão. Os valores encontrados em laboratório foram registrados no intuito de complementar os dados obtidos durante a campanha de medições no Porto de Itajaí, além de permitir a comparação com outros dados obtidos da literatura e registrados na tabela III.3 do capítulo III – Dragagem por Injeção de Água – WID. V.5.6 – Concentração dos Sedimentos na Coluna de Água Os resultados obtidos para análise das amostras foram reunidos e registrados na tabela V.5. Assim, obtivemos os registros necessários para calcular as concentrações de partículas em cada amostra, identificando, neste parâmetro, como um importante item para o cálculo da massa específica, em vários níveis da coluna de água. A relação entre a concentração de sedimentos (g/l) e a massa específica da mistura dos sedimentos na água (kg/m3), foi calculada a partir da seguinte relação: ⎛ ρs − ρ (S , T ) ⎞ ⎟ + ρ (S , T ) ρs ⎝ ⎠ ρ (S , T , C ) = C ⎜ 102 Os valores registrados na tabela V.5, permitem uma avaliação sob dois aspectos: antes e durante a dragagem por injeção de água, os quais, a seguir, são descritos: 1) Registros efetuados antes da dragagem – Compreendem um total de quinze amostras numeradas 09:44:00 até 17:45:20, colhidas de incursões dos instrumentos em vários níveis da coluna de água. As amostras processadas, deste período, indicaram que a massa específica do fluido acompanhava os valores da salinidade da água, na superfície e no leito. Todavia, as amostras 09:56:40 e 10:20:55, se constituíram em exceções pois, apresentaram os respectivos valores 1060 e 1104kg/m3, bem acima dos demais resultados encontrados. Estas amostras foram recolhidas durante o período de maré de enchente, no fundo do corpo hídrico, quando a turbidez registrava grande variação através dos seguintes gráficos identificados: ve094001 e ve101001, respectivamente. 2) Registros efetuados durante a dragagem – Compreendem um total de sete amostras numeradas de 18:03:20 até 18:19:00, colhidas das incursões dos instrumentos em dois níveis da coluna de água, um a cinco metros da superfície e outro no leito do rio. As amostras identificadas com os números 18:03:20, 18:05:00, 18:11:30 e 18:17:10 foram colhidas no meio da camada fluida e tiveram seus valores de massas específicas quase idênticos aos da salinidade da água no mesmo local. Entretanto as amostras 18:05:50, 18:12:42 e 18:19:00, registraram, respectivamente, os seguintes massas específicas, 1053, 1050 e 1045 kg/m3. Estas amostras foram recolhidas durante o processo de dragagem, próximas ao leito do rio, confirmando uma maior concentração de sedimentos no local, no entanto os valores registrados para a cunha salina foram em média 1028kg/m3, no mesmo local de coleta destas amostras, conforme dados relacionados na tabela V.5. 103 A Figura V.6 demonstra, de maneira ilustrativa, o procedimento utilizado nas incursões para coleta de dados e amostras, na tentativa de identificar os principais forçantes hidrodinâmicos, presentes durante o processo de dragagem por injeção de água – WID. Monitoramento da Dragagem Draga de Injeção de Água Guincho Lancha de Monitoramento Tubo de Injeção de Água Corrente de Turbidez Leito do rio Itajaí-Açú Estrutura com Sensores Poita de Fundeio Figura V.6 – Ilustração mostrando o monitoramento utilizado na campanha de medições no canal de acesso ao Porto de Itajaí. 104 RESULTADOS OBTIDOS EM ENSAIOS NO LABORATÓRIO DE DINÂMICA DE SEDIMENTOS COESIVOS – LDSC / PEnO / COPPE. ρ (mistura) Perfil Amostra Volume Temperatura Peso Filtro Peso (F+A) Peso Prato Peso (P+A) Peso Amostra Concentração Salinidade (A) Ensaio Identificação (ml) (°C) (g) (g) (g) (g) (g) (g / l) (Kg/m ) (Kg/m ) ve094001 ve094001 ve094001 ve094001 ve094001 ve094001 ve101001 ve104001 ve104001 ve111001 ve111001 ve130001 ve130001 ve134001 ve173501 ve175601 ve175601 ve175601 ve175601 ve175601 ve175601 ve175601 9:44:00 9:47:30 9:50:00 9:51:00 9:52:47 9:56:40 10:20:55 10:49:02 10:50:00 11:19:30 11:21:30 13:08:30 13:14:00 13:48:00 17:45:20 18:03:20 18:05:00 18:05:50 18:11:30 18:12:42 18:17:10 18:19:00 530 255 285 280 270 280 182 268 262 269 264 274 260 262 265 256 261 225 450 425 432 365 27.83 27.43 27.18 27.12 27.10 27.09 27.07 27.00 27.00 26.26 26.28 26.38 27.63 26.55 26.84 26.98 26.90 26.90 26.90 26.89 26.96 26.92 0.0955 0.0934 0.0889 0.0892 0.0884 0.0959 0.0952 0.0942 0.0940 0.1910 0.0864 0.0948 0.1867 0.0945 0.1714 0.0868 0.1720 0.0892 0.1896 0.0854 0.1726 0.0859 0.1023 0.1010 0.1154 0.1631 0.2594 0.2102 0.1264 0.3697 0.4425 0.7162 0.5328 0.3809 1.1401 0.1486 1.2800 0.1571 0.6742 0,7617 0.3380 0.1419 0.4747 0.1212 0 0 0 0 0 3.2759 3.2755 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3.3084 0 3.2757 0 3.304 0 0 0 0 0 19.08 27.82 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11.82 0 18.94 0 13.83 0.0068 0.0076 0.0265 0.0739 0.1710 15.9184 24.5757 0.2755 0.3485 0.5252 0.4464 0.2861 0.9534 0.0541 1.1086 0.0703 0.5022 9.1841 0.1484 15.7208 0.3021 10.5613 0.0128 0.0298 0.0930 0.2639 0.6333 56.8514 135.0313 1.0280 1.3302 1.9524 1.6909 1.0442 3.6669 0.2065 4.1834 0.2746 1.9241 40.8182 0.3298 36.9901 0.6993 28.9351 1020 1020 1020 1022 1023 1026 1022 1026 1015 1028 1015 1017 1028 1028 1028 1022 1028 1028 1026 1028 1026 1028 1020 1020 1020 1022 1023 1060 1104 1027 1016 1029 1016 1018 1030 1028 1030 1022 1029 1053 1026 1050 1026 1045 3 3 105 Tabela V.5 – Registros dos resultados obtidos das amostras recolhidas da coluna de água durante a campanha de medições no canal de acesso ao Porto de Itajaí, no dia 9 de março de 2005. VI – DISCUSSÃO DAS CONDIÇÕES DE DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ VI.1 – Introdução A condição de micro maré, a estratificação e a intrusão salina são características do estuário do Rio Itajaí-Açú que devem ser quantificadas no tempo e no espaço, em relação ao sítio operacional, para propiciar um planejamento adequado ao processo de dragagem por injeção de água. Os resultados registrados na campanha de medições permitiram evidenciar que a maré astronômica, devido à penetração da cunha salina quando a descarga fluvial é baixa (DOBEREINER, 1986), representa um dos fatores relevantes para o processo de dragagem no Porto de Itajaí, pois seu escoamento é realizado próximo ao leito da calha hidráulica, determinando cuidados para garantir uma densidade da pluma de sedimentos maior que esses escoamentos. Já o fluxo das águas continentais permanece na parte superior da coluna de água, a princípio, sem grande interferência sobre o leito. A representação dos gráficos de salinidade x profundidade (Capítulo V – subitem V.5.4) demonstra que, independentemente da maré de vazante ou de enchente, a camada de água próxima ao leito continua apresentando altos valores de salinidade. As águas fluviais só interferem com o fundo quando acontece o período de cheias do rio. Quanto à atuação de ventos na superfície da água e as ondas de marés meteorológicas na área dragagem, a região abrigada do estuário do Rio Itajaí-Açú, normalmente, suaviza a ação dessas interferências. VI.2 – Trajetória dos Sedimentos Ressuspensos O deslocamento da corrente de densidade seria responsável pelo transporte advectivo das partículas ressuspensas, permitindo que a trajetória desejada para esses sedimentos ultrapasse a embocadura do rio para além do canal externo, na região costeira, onde as correntes possam carrear estes sedimentos o mais distante possível do sítio operacional para, então, iniciar o processo de deposição no fundo. No Porto de Itajaí, a utilização do método ebb-WID, já descrito no capítulo II, subitem II.4.2 (WINTERWERP et al., 2001), procura se beneficiar de um período onde as correntes de vazante apresentam os valores mais favoráveis, nas proximidades do leito, na tentativa de se manter a pluma de sedimentos escoando em direção ao mar. 106 VI.3 – Interferências na Operação de Dragagem O processo WID pode sofrer interferências operacionais através de restrições ao equipamento ou ao escoamento da pluma de sedimentos. Interrupções na operação da draga são consideradas mínimas, pois sua versatilidade, a princípio, não encontra dificuldades operacionais em locais de acessos, normalmente, restritos às dragas convencionais, principalmente devido à profundidade do canal e espaço para manobras. Além disso, como a operação ocorre, preferencialmente, em vias aquáticas abrigadas, a paralisação devido à formação de ondas de marés meteorológicas ou mau tempo é desprezível. Porém, o deslocamento da corrente de densidade pode sofrer significativas interferências devido as correntes naturais, já tratadas no capítulo V, subitem V.2. Uma das preocupações da dragagem por injeção de água é fluidificar o material de fundo de maneira que a densidade desta mistura fique maior que a densidade das águas fluviais ou da cunha salina, quando for o caso, levando-se em consideração as características hidrodinâmicas do Rio Itajaí-Açú. Neste raciocínio, a cunha salina, menos densa que a corrente de densidade, deverá se deslocar para uma camada superior do fluido, com isto a pluma de sedimentos permanece junto ao leito evitando um contato com outros forçantes hidrodinâmicos existentes na coluna de água, preservando a sua estabilidade. Por outro lado, se a fluidificação dos sedimentos apresentar valores de densidade muito altos, significa que a corrente de densidade formada se propagará por curtas distâncias, se tornando, também, uma interferência indesejável ao processo de dragagem. Portanto, a densidade da corrente de turbidez deve ser bem controlada durante o processo de dragagem para se obter o melhor desempenho operacional. Valores de massa específica entre 1020 e 1100kg/m3 para a corrente de densidade foram encontrados em campanhas no Rio Mississipi - EUA (BORST et al., 1994), sendo considerados convenientes ao processo WID. 107 VI.4 – Periodicidade das Batimetrias A periodicidade das batimetrias no método por injeção de água é muito importante para visualizar a situação da área de dragagem e da deposição dos sedimentos removidos. Monitoramentos acompanhados por KNOX et al. (1994), durante testes de dragagem pelo processo WID, no Rio Mississipi, nos EUA, indicaram a necessidade de uma freqüência tríplice nas batimetrias iniciais, sendo providenciado uma ação anterior, uma durante e outra posterior ao processo de dragagem, não somente no sítio de operação com ainda em áreas adjacentes. Este procedimento visa avaliar a taxa de produção do equipamento, a espessura do corte de dragagem e a trajetória percorrida pela corrente de densidade até o depósito final dos sedimentos. Após esta fase inicial, os monitoramentos subseqüentes envolvem, normalmente, uma sondagem batimétrica posterior a cada procedimento de dragagem, principalmente quando se trata de operações em áreas constantemente dragadas, onde vários registros já foram efetuados, sendo as condições hidrodinâmicas locais e as características das partículas bem conhecidas. Porém, caso algum fator inoportuno altere os valores já identificados, um incremento na periodicidade das batimetrias será necessário para melhor avaliar as novas condições do corpo aquático, adaptando um novo plano de dragagem 42 para evitar desperdícios com operações inadequadas ou com pouca eficiência. VI.5 – Discussão dos Resultados Obtidos Analisando os resultados obtidos na campanha de medições no Porto de Itajaí, além dos principais parâmetros obtidos na literatura e registrados na Tabela III.3, pode-se destacar: • Velocidade da Corrente de Densidade – Os valores registrados pela literatura afirmam que existe uma variação na velocidade desta corrente entre 0,3 até 0,5m/s, obtidos através de acompanhamento por sonar, no Rio Mississipi – EUA e Rio Thames – UK. No Porto de Itajaí o instrumento utilizado para medir a velocidade das correntes de fundo foi o ADV – Acustic Doppler Velocimeter, citado no capítulo V – subitem V.4.2, que por diversas vezes 42 Contempla as ações pertinentes para aperfeiçoar o desempenho dos equipamentos de dragagem em uma operação planejada. 108 registrou valores, no leito, superiores aos citados na literatura durante o período de dragagem, não só no período de maré de enchente como ainda no período de maré de vazante, causando dúvidas se a dragagem estaria ocorrendo por indução artificial da corrente de densidade ou por deslocamento natural dos sedimentos durante a maré de vazante, aumentando a capacidade de transporte desta corrente através de processos hidrodinâmicos naturais, já definido no capítulo II – subitem II.2.6. Este raciocínio teve como base as curvas de velocidades dos gráficos V.1 ao V.16, cujos valores foram obtidos nas coordenadas de campanha mencionadas na figura V.4. • Material em Suspensão durante a atividade de dragagem – As amostras recolhidas na campanha de campo no Porto de Itajaí indicaram valores menores que as coletas mencionadas na literatura, ou seja, entre 28g/l a 40g/l, enquanto na literatura foi citada a faixa entre 50g/l a 100g/l. No texto foi esclarecido que a pluma de sedimentos formada pelo processo deve permanecer com valores próximos aos das correntes naturais que, neste caso seriam os sais presentes na intrusão salina que alcançaram, em Itajaí, o valor médio de 1028kg/m3, como os valores obtidos para a corrente de densidade (1045kg/m3 a 1053kg/m3) durante o processo de dragagem foram próximos ao da cunha salina e encontravam-se dentro da variação citada pela literatura (1020kg/m3 a 1100kg/m3) pode-se resumir que os parâmetros da corrente de turbidez estariam dentro de uma normalidade aceita literariamente. Contudo, esta situação, também, não possibilita afirmar que, no ponto indicado na campanha de campo (figura V.4), esta pluma de sedimentos estaria sendo formada pela ação da dragagem ou pelas correntes naturais que se encontravam presentes no local, pois, baseando-se na análise feita através do gráfico V.13, já havia indicação de elevada turbidez no fundo com velocidades das correntes próximas a 0,20m/s, antes do início da dragagem. Considerando os gráficos V.14, V.15 e V.16, plotados com dados apurados durante o período de dragagem, ficou constatado que os valores de turbidez e das velocidades, junto ao leito, possuem somente um pequeno incremento em relação aos valores do gráfico V.13, podendo este acréscimo ter sido motivado pela aceleração das correntes de vazante. 109 VII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES VII.1 – Conclusões 1 – Os custos operacionais podem ser considerados pequenos, principalmente no item de combustíveis e lubrificantes, quando se analisa a relação entre a potência total instalada no equipamento e a taxa efetiva de dragagem. Tal evidencia é ressaltada quando se compara o processo WID com outros métodos convencionais de dragagem, conforme detalhado no capítulo IV, subitem IV.5, deste trabalho. 2 – A principal ferramenta de dragagem utiliza uma tecnologia que depende de ações introduzidas pelo equipamento operacional como: vazão e pressão do fluido injetado, deslocamento e distância da câmara de água em relação ao leito, para fluidificar e remover o material de fundo através da formação da corrente de densidade. Tais parâmetros poderão interferir na produtividade do equipamento diminuindo significativamente o seu rendimento operacional se forem conduzidos incorretamente. 3 – Através do registro obtido no item 03 da tabela III.3, pode-se concluir que o processo WID possui alta taxa de produção (aproximadamente 1110m3/h), principalmente considerando a potência média instalada nas dragas de injeção de água, conforme descrito na tabela III.2. Isto ocorre, principalmente, porque o deslocamento do material dragado, até a sua deposição final, independe da atuação do equipamento, propiciando um maior período efetivo de dragagem. Com isto, a potência disponível do equipamento só é utilizada para remoção do material de fundo. 4 – Esta metodologia propicia uma operação de dragagem mais recomendável que as dragagens convencionais nas seguintes ocasiões, já mencionadas no capítulo III, subitem III.5.4: • Em dragagens de áreas portuárias, principalmente junto aos berços de atracação e costados de embarcações, devido à ausência de vários equipamentos e acessórios de dragagem. 110 • Em locais com restrições no leito do corpo hídrico como: existência de tubulações submarinas, presença de pilares de pontes ou, ainda, túneis submarinos. • Em regiões com muita movimentação de navios, pois a pluma de sedimentos se escoa sob o casco das embarcações, sem causar danos ou dificuldades à navegação. • Em incremento de profundidade localizada e restrita, para assentamento de cabos submarinos e linhas de dutos. 5 – Mesmo em regiões estuarinas que possuam grandes interferências dos forçantes hidrodinâmicos, principalmente no leito durante o período de maré de enchente, a metodologia WID poderá ser empregada com uma estratégia alternativa chamada ebb-WID (WINTERWEP et al., 2001), onde o carreamento dos sedimentos para além do sítio de dragagem é realizado somente durante o período entre a preamar até a baixamar, aproveitando-se das correntes geradas pela vazante da maré astronômica. Mesmo reduzindo seu período operacional a metodologia ainda é atrativa, sendo empregada, com muita freqüência, na dragagem do Porto de Itajaí que se utiliza dessa estratégia para possibilitar um maior percurso da pluma de sedimentos, nesse caso, em direção à plataforma continental, evitando as interferências das correntes naturais durante a maré de enchente. 6 – Operações de dragagem que possuam o local de despejo restrito, como por exemplo, em terra ou em meios aquáticos bem delimitados, tornam inviável a utilização desta metodologia, devido à impossibilidade de deposição em terra e a dificuldade de manipular a pluma de sedimentos no meio aquático. 7 – O deslocamento e a trajetória da corrente de densidade dependem das características das partículas do leito, da topografia e talude de fundo do corpo hídrico, além da manutenção dessas características durante o período de dragagem, necessitando um grande monitoramento, superior aos das dragas convencionais, através de constantes sondagens batimétricas para avaliar o desempenho da dragagem e a trajetória dos sedimentos suspendidos. 8 – A literatura indica que a eficiência do processo de dragagem por injeção de água fica restrita a sedimentos de fundo constituídos por partículas com D50 ≤ 0,2 mm. 111 A utilização acima deste limite é possível, porém com limitações crescentes até se tornar inviável. Contudo sedimentos que possuam grande velocidade de queda – Ws – no meio fluido, poderão inviabilizar o processo de dragagem por injeção de água mesmo com uma granulometria D50 ≤ 0,2 mm. 9 – A operação em leitos com materiais contaminados é ainda restrita ao processo WID devido aos efeitos de adsorção e dessorção de sedimentos contaminados para as partículas suspensas, conforme já avaliado no capítulo III – subitem III.4, podendo causar dispersão desses contaminantes na coluna de água com conseqüente contaminação de outros sítios fora da área de atuação da dragagem. Também a interferência na biota local deve ser considerada no planejamento operacional principalmente em regiões estuarinas onde a diversidade da vida marinha é intensa. 10 – Possibilidade de atuação em conjunto com outros tipos de dragas, efetuando o deslocamento do material dragado até outros sítios, onde a dragagem convencional possa atuar com maior eficiência e economia. 11 – Utilizando os resultados encontrados na campanha de medições no Porto de Itajaí, pode-se citar que: • Durante algumas incursões dos instrumentos foram registradas velocidades no fundo superiores a 0,3m/s, correspondente ao avanço da cunha salina para montante do estuário o que indica uma corrente contrária à trajetória desejada para a corrente de densidade. Este fato foi constatado nos gráficos V.6 e V.7, onde foram registradas velocidades de 0,7m/s e 0,3m/s, respectivamente. Estas correntes naturais podem causar interferências na rota da corrente de densidade em direção a embocadura do canal, podendo justificar, nessa situação, a utilização da proposta ebb-WID no rio Itajaí-Açú. • Um dos objetivos da campanha de campo no Porto Itajaí foi tentar identificar as características hidrodinâmicas da corrente de densidade. Os gráficos V.14, V.15 e V.16 tiveram seus valores registrados pelos instrumentos durante o processo de dragagem, sendo encontradas velocidades no fundo próximas a 0,28m/s. As amostras colhidas no leito nestas três incursões registraram pesos 112 específicos de 1053, 1050 e 1045kg/m3 enquanto a cunha salina, no mesmo período alcançou o valor de 1028kg/m3. A tabela III.3 registra os valores da corrente de densidade entre, 0,3 a 0,5m/s para velocidade e 1020 a 1100kg/m3 para a massa específica da mistura fluidificada. Mesmo apresentando resultados bem próximos à literatura, é prematura a conclusão de que os valores registrados são oriundos de uma possível indução de corrente de densidade pelo processo WID, pois os gráficos anteriores à dragagem, durante a maré de vazante, também evidenciaram uma corrente natural no fundo com valores próximos a 0,3m/s. VII.2 – Recomendações 1 – Para iniciar este processo de dragagem, WID, em regiões aquáticas com poucos registros de sua hidrologia, recomenda-se a implantação de um programa de monitoramento hidrodinâmico mais amplo que os utilizados para os métodos convencionais, ou, quando possível, um teste operacional prévio, para avaliar se as correntes locais não irão interferir significativamente com o planejamento de dragagem, introduzindo, nesse contexto, as ações já mencionadas no capítulo III, subitem III.2 – Monitoramento, deste trabalho. 2 – Baseado no Estudo de Caso da Dragagem no Porto de Itajaí, para seleção de uma draga por injeção de água conforme citações registradas no capítulo III, é recomendável, quando disponível, um levantamento histórico das correntes locais e do volume de assoreamento, no sítio operacional e nas áreas adjacentes, devido à necessidade de se conhecer as épocas de cheias e de estiagens da região, assim como a taxa de assoreamento por períodos distintos de sedimentação. Dessa maneira, o planejamento da dragagem torna-se mais confiável, pois a capacidade nominal do equipamento deverá ser suficiente para atender as necessidades de dragagem no local, considerando a pior condição imposta pela natureza. Pode-se também optar pela utilização de mais de um equipamento de dragagem durante o período de pior condição de assoreamento, porém esses custos devem ser analisados e comparados. 113 3 – Quando a taxa de assoreamento do sítio operacional for superior a capacidade nominal da draga por injeção de água e, por algum motivo, as condições de dragagem locais não permitirem a utilização de mais de um equipamento WID, deve-se considerar a possibilidade de utilizar um equipamento de dragagem convencional para atender esta defasagem de produção, ressalvando, neste caso, que a distribuição dos serviços na área de dragagem seja adequada com as características operacionais de cada metodologia. 4 – Apesar da modelagem ser muito útil para indicar o possível local de deposição do material dragado, isto é, onde a corrente de densidade se dispersa, recomenda-se o acompanhamento programado da dragagem através de instrumentos, a fim de evitar alterações na rota pré-estabelecida para a pluma de sedimentos e no planejamento de dragagem, tendo em vista a possibilidade do surgimento intempestivo de forçantes hidrodinâmicos indesejáveis, além de possíveis alterações na topografia do leito aquático, devido ao fundo móvel normalmente presente no sítio operacional. 5 – Torna-se muito recomendável o constante monitoramento batimétrico dos sítios adjacentes ao Porto de Itajaí, mencionado no capítulo VI – item VI.4, para avaliar se a concentração de sedimentos, em áreas adjacentes, tem sido alterada devido o incremento dos sedimentos suspendidos pela ação do processo WID, assim como é necessária uma constante análise dos materiais dragados para descartar a presença de contaminantes no leito aquático, tendo em vista que esta metodologia não possui amparo técnico para atuação em leitos contaminados. 114 REFERÊNCIAS ALEXANDER, J., MULDER, T., “Experimental quasi-steady density currents”, Elsevier, Marine Geology, v. 186, pp. 195 – 210, April 2002. 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