viagem ao fim da cor Journey to the End of Colour Livros e obras impressas Books and prints 06 jul — 27 out oct 2013 Bernard Villers, Figure Paysage Marine, Bruxelas Bruxelles: édition du remorqueur, 1988 Coleção de Livros e Publicações de Artista da Fundação de Serralves Serralves Collection of Artist Books and Publications Fotografia Photo: Filipe Braga, © Fundação de Serralves Português English Nada é mais branco do que a memória do branco. Yasujir Ozu O papel tradicional da cor ao longo da história da arte tem sido o de acentuar a representação dos temas. A presente exposição, “Viagem ao fim da cor”, revela o papel da cor ao serviço de uma ideia. Tendo a perceção visual de uma cor muitas opções, mesmo sem qualquer imagem figurativa, a cor enquanto tal pode dar origem a um largo espetro de evocações; de forma idêntica, composições de palavras impressas a preto induzem a imagem mental de uma cor específica. É comummente aceite que o azul representa o céu, o preto, a noite, o vermelho, o amor ou a violência. O azul também pode representar o mar, embora saibamos que o mar pode estar cinzento ou verde. E o amarelo pode representar o sol, embora saibamos que o sol pode estar branco ou cor de laranja. Por vezes as cores não estão associadas apenas a uma imagem mental mas também a um artista, por exemplo o azul a Yves Klein, o preto a Ad Reinhardt, o branco a Piero Manzoni, o dourado a James Lee Byars e o amarelo a… Vincent van Gogh? O objetivo desta exposição é orientar o visitante através de um labiríntico universo colorido e encorajar as suas próprias interpretações. As publicações de artista mostradas em “Viagem ao fim da cor” datam sobretudo das décadas de 1960 e 70, um período em que a arte conceptual e a poesia visual e concreta adquiriam protagonismo na cena artística internacional. Aqui encontramos desde peças todas brancas, todas negras ou monocromáticas a peças polícromas; desde peças arbitrariamente coloridas a outras cujas cores específicas denotam uma noção precisa. Em Paysage Figure Marine [Paisagem Figura Marinha] (1988) Bernard Villers joga com as formas tradicionais da pintura associadas a três cores. A forma vermelha alta representa a figura, a forma horizontal azul, a marinha e a forma verde intermédia, a paisagem. Em Furrows [Sulcos] (1974), uma série de sete serigrafias de Lourdes Castro onde se veem sete silhuetas idênticas de diferentes cores sobre fundos diferentes, o elemento dominante não é a silhueta mas o jogo de cores. Em Colours (1983/94), um livro e um conjunto de gravuras, Heinz Gappmayr confronta cinco folhas de papel de cor com cinco folhas de papel branco em cada uma das quais está impresso o nome de uma daquelas cores. O seu livro Raum [Espaço] (1977) contém apenas páginas brancas para evocar espaço, neste caso muito prosaicamente o espaço entre a capa e a contracapa do livro. In Passage: Essai sur la couleur [Passagem: Ensaio sobre a cor] (1972), Daniel Buren explora a saturação da cor numa publicação de grandes dimensões composta por sete volumes. Embora obtido pela impressão sobreposta de cores idênticas, o escurecimento progressivo varia de volume para volume. Ernst Caramelle, Anne Deguelle e Sara MacKillop produzem livros e obras impressas em que as formas e as tonalidades são obtidas por exposição solar. Os exemplos ilustram que o uso da cor e a inventiva reconfiguração do formato convencional da publicação são tão infinitos como a paleta do pintor. Revelam também que todas as cores têm significados diferentes em função do contexto histórico e cultural. Muitos de nós associamos a cor vermelha na Rússia ao comunismo. Contudo, em russo ‘vermelho’ significa “bonito”. A Praça Vermelha de Moscovo é, pois, a bonita praça de Moscovo. É evidente que diferentes abordagens à cor podem evocar efeitos díspares e mesmo contraditórios. Quantas palavras temos para designar uma cor? De quantas palavras precisamos para designar todas as combinações possíveis entre as diferentes cores? Artistas na exposição: Robert Barry, Daniel Buren, James Lee Byars, Lourdes Castro, Carlos Cruz-Diez, Anne Deguelle, Heinz Gappmayr, Michael Gibbs, Paul Graham, Ellsworth Kelly, Yves Klein, Robert Lax, Sherrie Levine, Sara Mackillop, Pierre-Lin Renié, Gerhard Richter, Paul Sharits, Ettore Spalletti, Endre Tót, Morgane Tschiember, Uriburu, Jiri Valoch, Philippe Van Snick, Bernard Villers, Herman de Vries, Emmett Williams Texto de Guy Schraenen, editado por Maria Ramos Nothing is whiter than the memory of white. Yasujir Ozu In the history of art making, colour has traditionally been used to accentuate the representation of subjects. The present exhibition, ‘Journey to the End of Colour’, reveals the role of colour in the service of an idea. The visual perception of a colour having many options, even without any figurative image, colour as such can create a large spectrum of evocations; likewise, word compositions printed in black can produce the mental image of a specific colour. Commonly accepted is that blue stands for sky, black for night, red for love or violence. Blue can also stand for the sea, even if we know that the sea can look grey or green. And yellow can stand for the sun, even if we know that the sun can look white or orange. Sometimes colours are not only linked to a mental image, but also to an artist, like blue to Yves Klein, black to Ad Reinhardt, white to Piero Manzoni, gold to James Lee Byars and yellow to… Vincent van Gogh? The aim of this exhibition is to guide the viewer through a colourful labyrinthine universe and to instigate his/her own interpretations. On display will be artists’ publications dating mostly from the 1960s and 1970s, a period when conceptual art and visual and concrete poetry were taking central stage in the global art scene. They range from all white, all black, or monochrome to polychrome pieces; from the arbitrarily coloured, to pieces whose specific colours denote a precise notion. In Paysage Figure Marine (1988) Bernard Villers plays with the traditional forms of paintings in combination with three colours. The high red shape stands for figure, the horizontal blue one for marine and the intermediate green shape for landscape. In Lourdes Castro’s Furrows (1974), a series of seven silkscreens featuring seven identical silhouettes in different colours on different backgrounds, it is not the silhouette but rather the play of colours that dominates the work. In his book and series of prints, Colours (1983/94), Heinz Gappmayr confronts five coloured sheets with five white sheets where the name of each colour is printed. His book Raum (1977) contains only white pages to evoke space, in this case very prosaically the space between the cover and back cover of the book. In Passage: Essai sur la couleur (1972), Daniel Buren works on the saturation of colour in a large seven part publication. Although obtained by overprinting identical colours, the progressive darkening is different in each volume. Ernst Caramelle, Anne Deguelle and Sara MacKillop produce books and prints where forms and nuances in colour are obtained by exposure to the sun. The examples illustrate that the use of colour and the inventive reconfiguration of the conventional format of publications are as infinite as the painter’s palette. They also reveal that all colours have different significations according to the historical and cultural context. Many of us associate the colour red in Russia with communism. But in the Russian language red means ‘beautiful’. Therefore Moscow’s Red Square is in fact Moscow’s beautiful square. It is evident that different approaches to colour can evoke disparate and even contradictory effects. How many words do we have to name a colour? How many words do we need to name all their combinations? Featured artists: Robert Barry, Daniel Buren, James Lee Byars, Lourdes Castro, Carlos Cruz-Diez, Anne Deguelle, Heinz Gappmayr, Michael Gibbs, Paul Graham, Ellsworth Kelly, Yves Klein, Robert Lax, Sherrie Levine, Sara Mackillop, Pierre-Lin Renié, Gerhard Richter, Paul Sharits, Ettore Spalletti, Endre Tót, Morgane Tschiember, Uriburu, Jiri Valoch, Philippe Van Snick, , Bernard Villers, Herman de Vries, Emmett Williams Text by Guy Schraenen, edited by Maria Ramos A exposição é comissariada por Guy Schraenen, consultor da Fundação de Serralves para a Coleção de Livros e Publicações de Artista. The exhibition is curated by Guy Schraenen, Advisor for the Serralves Collection of Artist Books and Publications. Empréstimos Loans: ASPC e and Fond Heinz Gappmayr / Research Centre for Artists’ Publications, Weserburg, Bremen Apoio institucional Institutional support Mecenas Exclusivo do Museu Exclusive Corporate Sponsor of the Museum Fundação de Serralves / Rua D. João de Castro, 210 . 4150-417 Porto / www.serralves.pt / [email protected] / Informações Informations: 808 200 543 PARQUE Entrada pelo Largo D. João III (junto da Escola Francesa) PARKING Entrance by Largo D. João III (next to the French School )