Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Texto para os testes de 1 a 3. Amanhecera um domingo alegre no cortiço, um bom dia de abril. Muita luz e pouco calor. As tinas estavam abandonadas; os coradouros despidos. Tabuleiros de roupa engomada saíam das casinhas, carregados na maior parte pelos filhos das próprias lavadeiras, que se mostravam agora quase todas de fato limpo; os casaquinhos brancos avultavam por cima das saias de chita de cor. (Aluísio Azevedo, O Cortiço) fato: roupa, peça de vestuário. Questão 1 No trecho acima se destaca(m) a) b) c) d) e) a presença do narrador. a objetividade das imagens. o emprego de verbos de ação. a adjetivação redundante. a expressão de emoções. Questão 2 O trecho é ___________ e apresenta linguagem __________. a) b) c) d) e) narrativo – denotativa descritivo – figurada descritivo – denotativa narrativo – conotativa descritivo – conotativa Questão 3 As palavras que no texto caracterizam o substantivo, atribuindolhe qualidade, condição ou estado, são a) alegre, bom, limpos, brancos. b) cortiço, abandonadas, despidos. c) tabuleiros, casinhas, casaquinhos. d) muita, pouco, lavadeiras. e) domingo, luz, calor. Questão 4 A riqueza de um idioma também se revela na possibilidade de atribuir diferentes significações a um mesmo vocábulo, configurando a polissemia, tal como se verifica a seguir no uso da palavra força: I. II. III. IV. Não tenho mais força para executar tal trabalho. A força de suas palavras levou todos ao delírio. Não se sabe exatamente a força que ela tem sobre o marido. Por força do Acordo Ortográfico, tivemos de alterar o material. Nas frases de I a IV, podem ser atribuídos à palavra força, respectivamente, os seguintes sentidos: a) vigor, veemência, influência e causa. b) saúde física, intensidade, agressividade e consequência. c) desejo, significado, poder e motivo. d) luta, sentimento, prestígio e imposição. e) vontade, altura, domínio e condição. Questão 5 O aviso “Ao toque da campainha, não entre nem saia do trem”, constantemente transmitido pelos altofalantes do metrô de São Paulo, contém um defeito de construção que seria evitado se a frase fosse: a) Ao ouvir o toque da campainha, não entre nem saia do trem. b) Ao tocar da campainha, não entre nem saia do trem. c) Quando a campainha tocar, não entrar nem sair do trem. d) Ao toque da campainha, não entre ou saia do trem. e) Ao toque da campainha, não entre no trem nem saia dele. Questão 6 O provérbio ou ditado popular que mais se aproxima do sentido de “Suporta-se com paciência a cólica do próximo” (Machado de Assis) é a) Em terra de sapo, de cócoras como ele. b) Quem com ferro fere com ferro será ferido. c) Desgraça pouca é bobagem. d) Pimenta nos olhos dos outros é refresco. e) A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Questão 7 A alternativa em que o segundo falante, em sua resposta, não usa, na conjugação verbal, o padrão culto da língua é As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão. (Carlos Drummond de Andrade) olvido: esquecimento tangíveis: que se podem tocar Questão 8 Qual das seguintes expressões não pode ser diretamente associada, pelo sentido que tem no poema, ao título “Memória”? a) “perdido” b) “essas ficarão” c) “olvido” d) “coisas findas” e) “confundido” Questão 9 a) – Mantenho a minha oferta. – Se você mantiver a sua oferta, eu também manterei a minha. b) – Lá há um desfile de carros antigos. – Se lá houver um desfile de carros antigos, então não irei. c) – Não me convêm essas contrariedades. – Se essas contrariedades não lhe convierem, também não convirão a mim. d) – Vou ver nossos antigos professores. – Se você vir nossos antigos professores, diga-lhes que estou com saudades deles. e) – Proponho-lhe um pacto. – Se você me propor um pacto, eu também lhe proporei um. De acordo com o poema, a) o amor é baseado no esquecimento. b) a experiência carnal é a única viva e válida. c) toda experiência amorosa é inútil, pois acaba perdida na memória. d) a memória torna o passado mais valioso do que o presente. e) viver obriga-nos a um contato frutífero com as negações existenciais. Texto para os testes 8 e 9. Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. MEMÓRIA Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. Textos para o teste 10. Texto I CANÇÃO DO EXÍLIO Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem quʼinda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. (Gonçalves Dias, século XIX) Texto II Migna terra tê parmeras, Che ganta inzima o sabiá. As aves che stô aqui, Tambê tuttos sabi gorgeá. A abóbora celéstia tambê Che tê lá na mia terra Tê moltos millió di strella Che non tê na Ingraterra. (...) (Juó Bananére, século XX) Questão 10 Considere as proposições: I. O texto II não consegue manter o tom nacionalista do texto I porque não é escrito em português, mas numa espécie de linguajar que pretende imitar o italiano. II. Bananére, ao afirmar, no texto II, que até as estrelas de sua pátria são diferentes das da Inglaterra, ironiza a idealização romântica contida no texto I. III. O poema de Bananére constitui uma paródia porque retoma o de Gonçalves Dias de forma humorística. IV. O poema de Gonçalves Dias é uma descrição realista e minuciosa da pátria, da perspectiva de quem está fora dela. Está correto o que afirma em a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) III e IV, apenas. d) I e IV, apenas. e) I, II, III e IV. Texto para o teste 11. Considere a tirinha abaixo: (Allan Sieber, “Preto no Branco”, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/quadrin/f30802200905.htm) Questão 11 Na tirinha acima se representa uma situação em que a comunicação não se dá em razão a) do conflito entre as diferentes crenças religiosas. b) do autoritarismo do emissor diante do receptor. c) da disparidade entre as expectativas do emissor e dos receptores. d) da diferença entre o que se diz e o que se pensa. e) do choque entre conhecimento e ignorância. Texto para o teste 12. PARÁFRASE* DE RONSARD** Foi para vós que ontem colhi, senhora, Este ramo de flores que ora envio. Não no houvesse colhido e o vento e o frio Tê-las-iam crestado antes da aurora. Meditai nesse exemplo, que se agora Não sei mais do que o vosso outro macio Rosto nem boca de melhor feitio, A tudo a idade altera sem demora. Senhora, o tempo foge... e o tempo foge... Com pouco morreremos e amanhã Já não seremos o que somos hoje... Por que é que o vosso coração hesita? O tempo foge... A vida é breve e é vã... Por isso, amai-me... enquanto sois bonita. crestado – queimado sei – conheço (Manuel Bandeira, A Cinza das Horas) (*) (**) Paráfrase: interpretação ou tradução interpretativa de uma obra. Ronsard: poeta francês. Questão 12 O poema acima apresenta uma razão para que a mulher amada não hesite em entregar seu amor. Nessa razão, mais do que a brevidade da vida, leva-se em consideração a) b) c) d) e) a fuga do tempo. a certeza da morte. a perda da beleza. o fim do amor com a morte. a mudança que sofremos pelo vento e frio. Questão 13 nos, de rosto arredondado e olhos grandes, características que inspiram fragilidade e vontade de proteger. (...) Todos os mamíferos – e principalmente os humanos – já vêm pré-programados para reconhecer esses traços dos filhotes, mesmo que não sejam de sua espécie. Dessa forma, todos os filhotes de mamíferos acabam tendo melhores chances de sobrevivência. Mesmo depois de crescidos, essa necessidade de contato com os outros animais continuaria existindo. (Carlos Chernij, “Instinto natural”, Superinteressante – Emoção & Inteligência, 2007 – texto editado e corrigido) Questão 14 Considere as seguintes proposições a respeito do texto. I. A charge acima ilustra uma das características do momento histórico pelo qual a China está passando. Trata-se do (a) a) desrespeito aos ideais ligados à liberdade, democracia e direitos humanos. b) conciliação entre a doutrina política socialista e a economia capitalista. c) incoerência entre as diretrizes do partido comunista e as relações estabelecidas com o Tibete. d) oposição entre a política praticada para o Ocidente e a para o Oriente. e) neutralidade diante dos problemas que afetam o contexto político-econômico mundial. Texto para o teste 14. Nossos velhos companheiros de evolução, os animais, também nos fazem falta. Tanto que estamos criando inúmeros jeitos de trazê-los para a cidade, na forma de animais de estimação. (...) Mais do que um prazer, esse convívio seria uma necessidade biológica, que ficaria provocando nosso subconsciente constantemente e que nos encheria de satisfação quando atendida. É isso que propôs o biólogo americano Edward Wilson, ao lançar seu livro A Hipótese da Biofilia, em 1984. O termo biofilia significa “amor pelo que é vivo”. O interesse por outras espécies seria préprogramado no cérebro de diversos animais, principalmente nos mamíferos. O principal exemplo disso são as vedetes do mundo natural: os filhotes. Quase todo mundo se derrete por esses bichinhos peque- II. III. Os filhotes de mamíferos, por causa de sua fragilidade, não seriam capazes de sobreviver se não fossem protegidos por mamíferos de outras espécies. O fato de o ser humano ter animais de estimação indicaria, segundo A Hipótese da Biofilia, que o interesse por outras espécies seria uma necessidade biológica. Em “Quase todo mundo se derrete por esses bichinhos pequenos”, o verbo derreter foi usado em sentido conotativo, ou seja, figurado. Está correto o que se afirma em a) b) c) d) e) I, apenas. II , apenas. III , apenas. I e II, apenas. II e III, apenas. Texto para o teste 15. Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo apenas: ver o ovo é sempre hoje; mal vejo o ovo e já se torna ter visto um ovo, o mesmo, há três milênios. No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. Só vê o ovo quem já o tiver visto... ver realmente o ovo é impossível: o ovo é supervisível como há sons supersônicos que o ouvido já não ouve. Ninguém é capaz de ver o ovo... o ovo é uma coisa suspensa. Nunca pousou, foi uma superfície que veio ficar embaixo do ovo... o ovo é uma exteriorização: ter uma casca é darse... o ovo expõe tudo. (Clarice Lispector, “Atualidade do ovo e da galinha”) Questão 15 Apesar de ser um texto literário, esse excerto demonstra uma das atitudes básicas da Filosofia, que é a a) busca do que vai além do familiar e aparente. b) valorização das questões banais do cotidiano. c) aceitação de que a realidade é incompreensível. d) rejeição às preocupações de cunho social. e) expressão do maravilhamento diante do mundo. Texto para o teste 16. Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandre e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Netuno e Marte obedeceram; Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta. Vocabulário: Alexandre: filho do rei Filipe II da Macedônia e conquistador de um vasto império. Trajano: imperador romano que realizou grandes conquistas na Ásia. Musa antiga: literatura clássica, grecolatina. Questão 16 O texto acima é a terceira estrofe de Os Lusíadas, publicado por Luís de Camões em 1572. Nele, o poeta expressa a) a crença de que o século XVI teria superado a herança grecolatina. b) o ideal renascentista de fusão entre o cristianismo e o paganismo de origem greco-romana. c) a ideia de que a técnica é superior ao conhecimento livresco. d) a concepção segundo a qual o saber prático equivale ao saber teórico. e) o ideal do politeísmo como única manifestação religiosa verdadeira. Texto para os testes 17 e 18. MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães [choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador* Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo [deu, Mas nele é que espelhou o céu. * Cabo no norte da África. “O desaparecimento de embarcações que anteriormente o tinham tentado contornar levou ao mito da existência de monstros marinhos e da intransponibilidade do Bojador.” (Wikipédia) Questão 17 Questão 18 O poema acima faz parte de Mensagem, de Fernando Pessoa. De acordo com ele, a) o perigo diminui o valor do que é adquirido com dificuldade. b) as questões espirituais são mais importantes do que as patrióticas. c) a religiosidade determinou o desejo de conquista marítima. d) a expansão marítima se deve ao esquecimento da dor portuguesa. e) grandes conquistas implicam grandes sacrifícios. Sobre o texto, só não se pode afirmar que a) os perigos do mar são apresentados como reflexo dos perigos do céu. b) há um pleonasmo expressivo no primeiro verso (“mar salgado”). c) o eu lírico representado no poema é coletivo (“nós” = os portugueses). d) o emissor do poema se dirige a um receptor personificado (o mar). e) é metafórica a associação entre o sal do mar e as “lágrimas de Portugal”. Texto para os testes 19 e 20. COMO A ENERGIA SOLAR FUNCIONA? (...) Em uma célula convencional de cristal de silício os átomos do cristal estão ligados por elétrons compartilhados. Quando a luz é absorvida, alguns elétrons dessas ligações são excitados para níveis de energia mais altos. Nessas condições os elétrons podem então se mover mais livremente pelo cristal que quando estavam presos aos átomos, permitindo que uma corrente elétrica se forme. Imagine que você pega uma bola e a lança numa estante presa a uma parede. Ela pode cair em qualquer prateleira, dependendo da força com que você a jogou. É praticamente da mesma forma que um elétron é levado a um nível de energia mais alto. Um fóton — um pacote de energia luminosa indivisível — penetra no cristal de silício e “atira” o elétron para a prateleira mais alta, ou o nível mais alto de energia. Lá ele permanece até que sua energia seja coletada e transformada em eletricidade. (...) A eficiência da potência das células de cristais de silício se encontra na faixa de 22% a 23%, o que significa que as células convertem a energia luminosa incidente em eletricidade com essa eficiência. As células disponíveis comercialmente para serem colocadas no telhado das casas têm uma eficiência ainda menor, cerca de 15% a 18%. As células solares de melhor desempenho, como as usadas em satélites, têm eficiência que chega a 50%. Essa taxa de conversão é medida importante, mas os pesquisadores da comunidade solar também estão preocupados com o custo de construção de células e com a escala de produção. Em minha opinião, a tecnologia de silício não atinge as necessidades do mercado de massa porque a matéria-prima e os processos de manufatura são caros. Se os pesquisadores conseguirem produzir uma tecnologia que possa adequarse ao mercado, mesmo que seja menos eficiente na conversão de energia que o silício cristalino, poderemos cobrir milhões de hectares com esse material e gerar uma grande quantidade de energia. Muitas empresas e universidades estão fazendo testes com outros materiais, como plásticos e nanopartículas, com essa finalidade. (Scientific American Brasil, seção “Pergunte ao especialista”, fevereiro, 2009, com adaptações) Questão 19 A revista Scientific American Brasil publicou em fevereiro de 2009 uma explicação sobre o funcionamento da energia solar. A explanação foi feita por A. Paul Alivisatos, diretorchefe do Lawrence Berkeley National Laboratory, líder do projeto de energia solar Hélios do mesmo laboratório. Observe o texto e as seguintes afirmações para responder ao que se pede. I. Embora o entrevistado seja um expoente nas pesquisas sobre energia solar, as informações do texto são consideradas e avaliadas de um ponto de vista pessoal. II. III. IV. A fim de ser claro, Paul Alivisatos compara elementos da Física Atômica com objetos de fácil identificação para leigos, como uma bola e uma estante com prateleiras. Baixar custos é condição necessária para a utilização em massa da energia solar. Como a tecnologia de silício é de alto custo, alguns cientistas buscam a substituição dessa matéria-prima. Alivisatos afirma que os cientistas devam buscar materiais cujas taxas de conversão tenham maior eficiência que as dos cristais de silício na geração de eletricidade a partir da luminosidade incidente. É correto apenas o que se afirma em a) I. c) III e IV. e) I, II e IV. Questão b) II e III. d) I, II e III. 20 Assinale a alternativa incorreta. a) Quando o cristal de silício absorve a luz, alguns elétrons são lançados para níveis de energia mais altos. b) Em níveis mais altos de energia, os elétrons têm maior liberdade de movimento, o que gera energia elétrica. c) Ao ser absorvido pelo cristal de silício, o fóton quebra-se e gera energia elétrica por liberar elétrons. d) O elétron permanece no nível de maior movimentação até que a eletricidade produzida seja coletada. e) As células desenvolvidas para converter diretamente a energia da luz do sol em energia elétrica têm desempenho máximo de 50%. Considere I e II para responder aos testes de 21 a 24. I As rosas amo dos jardins de Adônis, Essas volucres amo, Lídia, rosas, voadoras, velozes Que em o dia em que nascem Em esse dia morrem. A luz para elas é eterna, porque Nascem nascido já o sol, e acabam Antes que Apolo deixe O seu curso visível. Assim façamos nossa vida um dia, Inscientes, Lídia, voluntariamente, Que há noite antes e após O pouco que duramos. (Ricardo Reis*) Adônis: belo jovem amado por Afrodite Apolo: deus grego que dirigia o carro do Sol * Heterônimo de Fernando Pessoa, teria “nascido” em 1912. II 1 Em Naishapur ou Babilônia, alguma taça, ou amarga ou doce, sempre espuma, verte o Vinho da Vida, gota a gota, vão-se as Folhas da Vida, uma a uma. 2 Ah, vem, vivamos mais que a Vida, vem, antes que em pó nos deponham também, pó sobre pó, e sob o pó, pousados, sem Cor, sem Sol, sem Som, sem Sonho [– sem. 3 Inferno ou Céu, do beco sem saída uma só coisa é certa: voa a Vida, e, sem a Vida, tudo o mais é Nada. A Flor que for logo se vai, flor ida. (Omar Khayyam*) * Poeta, filósofo e matemático persa, Omar Khayyam viveu entre 1047 e 1122. Sua poesia, contida na coletânea Rubaiat (quadras), foi revelada ao Ocidente pelo poeta inglês Edward Fitzgerald, em 1859. Essa tradução é considerada uma das obras clássicas da literatura inglesa. A tradução em língua portuguesa das três quadras transcritas é de Augusto de Campos (nascido em 1931) e foi feita a partir da versão inglesa. Questão 21 Apesar da distância que separa os textos de Ricardo Reis e Omar Khayyam no tempo e no espaço, eles guardam semelhanças entre si. Aponte a alternativa que contenha característica que não seja comum a ambos. a) Consciência da fugacidade do tempo e da transitoriedade da vida, expressa em imagens de ciclos. b) Tom predominantemente reflexivo e sentido universalizante das considerações sobre a existência. c) Presença de elementos mitológicos (da cultura grega, no caso de Ricardo Reis, e da persa, no caso de Omar Khayyam). d) Sugestão de que devemos desfrutar a vida, porque ela dura pouco e é só o que temos. e) Convite ao prazer, justificado pela precariedade da vida e pela perspectiva da morte. Questão 22 A tradução de poesia oferece tanto dificuldades intransponíveis quanto possibilidades expressivas não contidas no original. Mesmo sem conhecermos o texto persa, ou sua versão inglesa, é possível afirmar que o tradutor brasileiro de Omar Khayyam, Augusto de Campos, valeu-se claramente de uma dessas possibilidades, em língua portuguesa, quando a) formulou o paradoxo “tudo o mais é Nada”. b) utilizou um lugar-comum: “beco sem saída”. c) se valeu de um jogo de palavras (trocadilho), em “flor ida”. d) se afastou da rima regular. e) construiu a personificação “voa a Vida”. Questão 23 Questão 24 O transitório, o efêmero, no poema de Ricardo Reis, é simbolizado por a) dia b) rosas c) sol d) luz e) noite Lídia, nas duas ocorrências, equivale sintaticamente ao termo destacado em a) “Tu, só tu, puro amor, com força crua, / Que os corações humanos tanto obriga...” (Camões) b) “O velho Andira, irmão do Pajé, a deixou tombar e calcou no chão, com o pé ágil ainda e firme.” (José de Alencar) c) “Ele era o famoso Ricardão, o homem das beiras do Verde Pequeno”. (Guimarães Rosa) d) “Casara-se com um bacharel da Paraíba, o dr. Moreira Lima, juiz em Pilar”. (José Lins do Rego) e) “Somente a Ingratidão, / esta pantera, / foi tua companheira inseparável” (Augusto dos Anjos) Texto para o teste 25. Faltou sempre um elemento transmissor, o mediador plástico do pensamento nacional, um povo suficientemente culto (...) Na constituição de uma literatura o povo tem simultaneamente um papel passivo e ativo: é dele que parte e é a ele que volta a inspiração do poeta ou do pensador. (Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira) Questão 25 Sobre o texto acima, é correto afirmar: a) Segundo o autor, o desenvolvimento de uma literatura depende da mediação exercida pelo público, que é origem e fim da criação literária. Nessa perspectiva, a literatura brasileira carece de um público culto. b) O “povo” a quem se refere o autor é o conjunto de escritores nacionais, que são considerados “menores” se comparados aos escritores da literatura clássica europeia. c) Há três aspectos principais a serem observados no processo de constituição de uma literatura: o poeta (transmissor), o pensador (mediador), o povo (receptor). d) Segundo o autor, faltam três elementos no processo de formação da literatura brasileira: o transmissor, o mediador e um povo culto. e) Para Candido, se o povo fosse culto, a literatura brasileira seria mais bem vista pelos intelectuais, uma vez que a inspiração dos leitores motivaria a inspiração do escritor.