O USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO Ligia de Carvalho Abões Vercelli Stephani Melo Universidade Nove de Julho (Uninove) Programa de Mestrado em Gestão e Práticas Educacionais (PROGEPE) São Paulo – Capital Grupo temático: Currículo, ciência e tecnologia - GT 01 Modalidade: artigo RESUMO: Na contemporaneidade temos, diante de nós, crianças pequenas manejando as diferentes tecnologias com a mesma e, em alguns casos, com mais propriedade que muitos adultos. Presencia-se uma geração que nasce e cresce na era digital, portanto, a escola não tem mais como ficar alheia a esse fato. Dessa forma, as experiências vividas no espaço de Educação Infantil devem possibilitar que a criança possa explicar o que ocorre à sua volta e consigo mesma enquanto desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar problemas, portanto, é preciso considerar que os pequenos necessitam envolver-se com diferentes linguagens e entre elas, as tecnológicas. Assim, deve-se oferecer condições para que eles se apropriem de determinadas aprendizagens que possibilitam o desenvolvimento de diferentes formas de agir, sentir e pensar que vão ao encontro das necessidades do momento histórico atual. Para que a escola satisfaça as inquietações das crianças pequenas é fundamental que utilize as diferentes tecnologias e, para isso é necessário que elas sejam oferecidas desde a mais tenra infância. Esse texto tem por objetivo apresentar como uma escola particular localizada na cidade de São Paulo utiliza as Tecnologias de informação e comunicação (TICs) com as crianças da Educação Infantil. Parte-se do seguinte questionamento: Que recursos tecnológicos a instituição utiliza para desenvolver os conteúdos escolares que norteiam o currículo dessa faixa etária? Para tal, utilizou-se metodologia de cunho qualitativo e como instrumento de coleta de dados fez-se uso da observação participante, uma vez que permite maior interação entre o pesquisador e seu objeto de estudo, pois o pesquisador se aproxima da perspectiva dos sujeitos, observando in loco sua vivência nos momentos de formação. O texto fundamenta-se nos seguintes autores: Barros e Oliveira (2010); Queiróz (2007) Faria (2008), Ramos (2007), Freire (2204) entre outros. Tal escola possui docentes que trabalham especificamente no desenvolvimento de diferentes atividades tecnológicas. O plano de aula é realizado junto com os professores regentes para que este possa apresentar os conteúdos que devem ser desenvolvidos pela equipe de tecnologia, que continuamente está auxiliando, propondo e disponibilizando os recursos tecnológicos para pesquisa e desenvolvimento de projetos. Há uma preocupação acerca da procura de novos aplicativos, bem como a criação de materiais e livros digitais para as aulas, utilizando como recurso os Tablets (iPads). As aulas na informática ocorrem em parceria com os docentes da Educação Infantil e o aprendizado das crianças é ampliado devido à complementação e ao reforço dos conteúdos ministrados em sala de aula. As crianças participam e se interessam mais pelas aulas quando utiliza-se uma nova ferramenta, como por exemplo, o Sistema de Votação juntamente com Lousa Digital. O retorno da associação que elas fazem das temáticas apresentadas na classe é imediato. Durante a apresentação dos recursos e dos assuntos abordados, os alunos ficam satisfeitos e se sentem integrados com o mundo moderno, trazendo experiências, interagindo e desfrutando de todas as possibilidades de aprendizagem que as TICs proporcionam. PALAVRAS-CHAVE: Currículo; Educação infantil; Tecnologia da informação e comunicação. 1. Introdução “A educação, qualquer que seja o nível em que se dê, se fará tão mais verdadeira quanto mais estimule o desenvolvimento desta necessidade radical dos seres humanos, a de sua expressividade”. Paulo Freire A epígrafe de Paulo Freire vem ao encontro de nossas expectativas quando trabalhamos com crianças pequenas. Entende-se que a Educação Infantil deva priorizar atividades nas quais as crianças possam se expressar e que estejam em consonância com o contexto histórico e com a realidade desses educandos. Desde 1996, com a divulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – lei 9394/96), a Educação Infantil é incorporada à educação básica. Os artigos 29 e 30 da referida lei apontam que: Art. 29º. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30º. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. Dois anos depois, em 1998, foi divulgado o Referencial Curricular para a Educação Infantil com o objetivo de sistematizar e direcionar o trabalho com a criança de zero a seis anos de idade esclarecendo a importância do tripé cuidar, educar e brincar para essa faixa etária. Em concomitância com o Referencial, em 1998, o parecer da Câmara de Educação Básica (CEB) nº 22 aprova a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e, no ano seguinte, a CEB por meio da resolução nº 1, outorga as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Nesse documento, no que se refere às práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil observa-se que os eixos norteadores são as interações e a brincadeira a fim de garantir diferentes experiências, entre elas “[...] a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos” (p. 27). Sabe-se que muito do que está colocado nos documentos oficiais ainda não se faz presente nas escolas, necessita ser sistematizado e implementado em âmbito nacional. Esse fato, segundo Kramer e Bazílio (2003) deve-se ao fato de que durante muito tempo, a Educação Infantil foi entendida como um espaço em que as crianças ficavam “depositadas” enquanto os pais trabalhavam ou realizavam outras tarefas. Mas, atualmente a situação é outra e, diante disso, vê-se como necessário que o profissional que irá atuar com crianças pequenas deva, durante seu processo de formação, discutir as especificidades da criança de 0 a 5 anos no que se refere aos aspectos social, emocional e psicológico uma vez que essa faixa etária é fundamental para o desenvolvimento posterior da pessoa. Em função disso, vimos como importante apresentar práticas inovadoras realizadas por instituições que atendem crianças pequenas. Assim, esse texto tem por objetivo apresentar como uma escola particular localizada na cidade de São Paulo utiliza as TICs com as crianças da Educação Infantil. Parte-se do seguinte questionamento: Como tal escola de Educação Infantil tem utilizado as TICs para desenvolver os conteúdos escolares que norteiam o currículo dessa faixa etária? 2. Fundamentação teórica Assiste-se, na atualidade, uma grande mudança na sociedade em todas as áreas do conhecimento devido às diferentes tecnologias de informação e comunicação (TICs), entre elas, a televisão, os computadores, os satélites e a internet. Essas tecnologias têm impactado de maneira profunda a forma de ser das pessoas, suas atitudes e costumes, principalmente das crianças e dos jovens. Na contemporaneidade temos, diante de nós, crianças pequenas manejando as diferentes tecnologias com a mesma e, em alguns casos, com mais propriedade que muitos adultos. Presencia-se uma geração que nasce e cresce na era digital, portanto, a escola não tem mais como ficar alheia a esse fato. Dessa forma, as experiências vividas no espaço de Educação Infantil devem possibilitar que a criança possa explicar o que ocorre à sua volta e consigo mesma enquanto desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar problemas, portanto, é preciso considerar que os pequenos necessitam envolver-se com diferentes linguagens e entre elas, as tecnológicas. Entende-se que a incorporação das novas tecnologias de informação e comunicação na educação como um todo e, principalmente, na Educação Infantil traz uma enorme contribuição para a prática escolar potencializando o processo ensino/aprendizagem, pois por meio delas é possível ter acesso imediato aos acontecimentos do mundo. Hoje é consenso que as novas tecnologias de informação e comunicação podem potencializar a mudança do processo de ensino e de aprendizagem e que, os resultados promissores em termos de avanços educacionais relacionam-se diretamente com a ideia do uso da tecnologia a serviço da emancipação humana, do desenvolvimento da criatividade, da autocrítica, da autonomia e da liberdade responsável. (ALMEIDA & PRADO, 1999, p.1) Assim, deve-se oferecer condições para que as crianças pequenas se apropriem de determinadas aprendizagens que possibilitam o desenvolvimento de diferentes formas de agir, sentir e pensar que vão ao encontro das necessidades do momento histórico atual. Para que a escola satisfaça as inquietações das crianças é fundamental que utilize as diferentes tecnologias e, para isso é necessário que elas sejam oferecidas desde a mais tenra infância. Quanto a isso, Faria (2008, p. 161), ressalta que “[...] a Escola e o Jardim-de-Infância não vivem alheados a estes fenômenos e têm vindo a compreender, gradualmente, que a integração e apropriação das tecnologias digitais por parte das crianças é um caminho sem retorno”. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) de acordo com Ramos (2008) são procedimentos, métodos e equipamentos responsáveis pelo processamento e comunicação de informações que surgiram no contexto da Terceira Revolução Industrial. Podem assumir forma de texto, imagem estática, vídeo ou som. As novas tecnologias da informação proporcionam um estreitamento entre as relações da escola, da família e dos próprios discentes por meio do compartilhamento de experiências já vivenciadas no ambiente escolar. Prensky (2001) chamou esses discentes contemporâneos de Nativos Digitais, ou seja, aqueles que já nasceram em um ambiente envolto em tecnologias digitais e que desde a tenra idade já fazem do uso do mouse como um portal para a entrada em um amplo mundo virtual. É cada vez mais comum nos depararmos com crianças ainda na primeira infância operando com autonomia e excelência objetos tecnológicos, embora orientadas por professores imigrantes digitais que observam as TICs como um recurso didático a ser adaptado, com habilidades que necessitam ser construídas e que causam muitos problemas por não aceitarem a nova exigência de modelos pedagógicos inovadores ofertados pelo ciberespaço. Estar preparado para o universo virtual e digital é um desafio que precisa ser vencido por parte do docente. Apesar de todas as possibilidades e facilidades que as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICs) oferecem em prol da educação, ainda há conforme salienta Alva (2002), uma grande resistência por parte dos professores em não participar da mudança de paradigma para educar na era digital, desde o medo por não saber usufruir, até o tradicionalismo excessivo ainda arraigado em suas aulas; o aluno é quem acaba priorizando e introduzindo as tecnologias. Para que tal fato não ocorra, a escola deve oferecer capacitação aos docentes regentes e/ou contar com profissionais experientes em operar as novas tecnologias a fim de que o ensino vá ao encontro da realidade de nossas crianças e, dessa forma, seja significativo, pois segundo Fonseca (2001, p.2) É preciso lembrar que os computadores são ferramentas como quaisquer outras. Uma ferramenta, sozinha, não faz o trabalho. É preciso um profissional, um mestre no ofício, que a manuseie, que a faça fazer o que ele acha que é preciso fazer. É preciso, antes da escolha da ferramenta, um desejo, uma intenção, uma opção. Havendo isto, até a mais humilde sucata pode transformar-se em poderosa ferramenta didática. Assim como o mais moderno dos computadores ligado à Internet. Não havendo, é este que vira sucata. O ideal é que entendamos que a educação vai muito além do quadro-negro e das paredes da sala de aula, a comunicação e a informação estão presentes em todo o lugar e torna-se inevitável o acompanhar do movimento do uso dos recursos virtuais e tecnológicos por parte da escola. Freire (2004) salienta que a escola negligencia o caráter socializante e informal vivido em outros espaços e que a transmissão de saber por meio de conteúdos sistematizados ainda é realidade. Infelizmente, isso também acontece na Educação Infantil. Segundo o autor é vivenciando a prática que se apreende o mundo. As crianças pequenas necessitam de oportunidades para se desenvolver e as TICs são aliadas nesse processo. Até os seis anos o cérebro da criança tem um aumento substancial na quantidade de neurônios. Em entrevista concedida ao Jornal A Folha de São Paulo - caderno escolha a escola - hora certa de começar - veiculado no dia 22 de setembro de 2013, Paulo Junqueira, especialista em neurologia infantil afirma que “o cérebro vai se esculpindo conforme as experiências passam nessa idade. Se determinados circuitos não forem ativados, há uma poda nos neurônios não utilizados”. Vê-se, portanto, a importância da Educação Infantil para o desenvolvimento global da criança. São as ações dos docentes que irão possibilitar que elas atinjam o máximo da capacidade de que dispõem para a aprendizagem futura e para tal deve-se considerar também as aprendizagens adquiridas fora do âmbito escolar e em diferentes espaços dentro da escola, entre eles as salas de informática. Quanto a isso, Freire (2004, p. 44) afirma: [...] No fundo passa despercebido a nós que foi aprendendo socialmente que mulheres e homens, historicamente, descobriram que é possível ensinar. Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação [...]. Essa fala aponta que o professor deve refletir sobre sua prática de forma crítica sempre no sentido de transformação de algo que foi posto como correto. Freire ressalta que o importante no trabalho docente não é a repetição mecânica de algo e sim a compreensão dos sentimentos, das emoções, dos desejos e da insegurança. Isso poderá ser feito por meio do diálogo entre os profissionais da escola e entre as crianças nas diferentes atividades formais e informais. Afinal, as crianças são seres históricos e produtores de cultura “[...] seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que não sabem. De saber melhor o que já sabem, de saber o que ainda não sabem” (FREIRE, 2000, p. 40). Segundo Moran (2008), a educação não é um processo exclusivo da escola, é um processo de toda a sociedade. Aprende-se em qualquer situação e de maneiras diferenciadas em espaços formais, informais e não formais como na internet, em celulares, por meio de computadores, nas lousas eletrônicas, em livros (impressos e/ou digitais), em Tablets, na televisão, no cinema, no teatro, nos museus e tantos outros espaços. Recorrendo a incorporação dos recursos oferecidos pelas NTICs em seu fazer pedagógico é que o professor pode ampliar o universo do ensinar e do aprender. Nesse sentido, Maraschin & Axt, (2005, p. 43) ressaltam que: [...] as tecnologias se transformam em tecnologias da inteligência, ao se construírem enquanto ferramentas que auxiliam e configuram o pensamento, tendo nele, portanto, um papel constitutivo. Ao mesmo tempo, tornam-se metáforas, servindo como instrumentos do raciocínio, que ampliam e transformam as maneiras precedentes de pensar. Para o autor citado, as tecnologias agem na cognição de duas formas: (a) transformam a configuração da rede social de significação, cimentando novos agenciamentos, possibilitando novas pautas interativas de representação e de leitura do mundo; (b) permitem construções novas, constituindo-se em fonte de metáforas e analogias. Atualmente, a criança já convive com as NTICs em outros espaços de aprendizagem e segundo Mattar & Maia (2007) é preciso mudar e reformular o modelo de ensino e de aprendizagem. Faria (2008) propõe que se crie um ambiente instigante para que o aluno possa pesquisar e ser participante da sociedade com autonomia. A escola precisa de espaços de ensino e aprendizagem motivadores, agradáveis, onde a criança possa ser cada vez mais participativa e interativa. Aretio (2007) destaca e denomina a sociedade contemporânea como a Sociedade da Aprendizagem, uma vez que as TICs dão suporte e aceleram a produção de conhecimento, nos fazendo repensar no modo como ensinamos e no papel da escola diante de tantas mudanças. Sabemos que transições provocam insegurança e não são fáceis de lidar, contudo, podemos verificar que limitar o espaço pedagógico é o mesmo que limitar a criança. Entende-se que para não limitar as crianças, as TICs devem ser usadas de forma problematizadora, tal como propõe Paulo Freire. Isto significa que os pequenos devem opinar a respeito do que estão vendo e fazendo, articulando com a realidade na qual estão inseridos e com as demais áreas do conhecimento. O uso das TICs só fará sentido ao aluno se ele puder vivenciar e manusear os instrumentos que estão a sua volta. 3. Metodologia Para responder ao questionamento a ao objetivo acima expostos analisa-se como uma escola privada localizada na zona sul da cidade de São Paulo utiliza as TICs para desenvolver diferentes conteúdos escolares com as crianças pequenas. Utilizou-se metodologia de cunho qualitativo e como instrumento de coleta de dados fez-se uso da observação participante, uma vez que permite maior interação entre o pesquisador e seu objeto de estudo, pois o pesquisador se aproxima da perspectiva dos sujeitos, observando in loco as atividades desenvolvidas pelas crianças. Vale ressaltar que as observações foram realizadas no decorrer do ano de 2013. 4. Conhecendo a escola na escola na qual ocorreu a pesquisa e o trabalho com as TICs A escola na qual ocorreu a pesquisa fica localizada na cidade de São Paulo e pertence à rede privada de ensino. Atende todos os níveis da educação básica e sua clientela é composta por crianças e adolescentes de classe socioeconômica média e alta. Foi fundada em 1858 e tem por missão formar alunos críticos e solidários. Quanto á estrutura fica possui: laboratórios de ciências naturais, robótica, redação e línguas estrangeiras, além de projetos e processos educativos, que proporcionam novas formas de conhecimento e reflexão. A instituição busca articular o currículo escolar em torno de objetivos pedagógicos e situações didáticas que respondam às novas maneiras de concepção e interpretação da realidade e conhecimento da sociedade. Dessa forma, assume o compromisso de formar o estudante para a pesquisa, sendo capaz de analisar criticamente os problemas do mundo, para a comunicação a fim de estar apto a expressar ideias e sentimentos com clareza, consistência e coerência e para a solidariedade para que possa perceber-se como parte integrante, vinculada, corresponsável pelo seu destino e o destino do planeta. Para complementar o aprendizado em sala de aula a escola realiza atividades extracurriculares. Desde a Educação Infantil, os alunos desenvolvem seu potencial físico, artístico, social e espiritual em aulas de esportes, como natação, futebol, fitness e ginástica artística, e de artes, como dança, música e teatro. Dentre o quadro de profissionais, possui docentes que trabalham especificamente no desenvolvimento de diferentes atividades tecnológicas. O plano de aula é realizado junto com os professores regentes para que este possa apresentar os conteúdos que devem ser desenvolvidos pela equipe de tecnologia, que continuamente está auxiliando, propondo e disponibilizando os recursos tecnológicos para pesquisa e desenvolvimento de projetos. Há uma preocupação acerca da procura de novos aplicativos, bem como a criação de materiais e livros digitais para as aulas, utilizando como recurso os Tablets (iPads). As aulas na informática ocorrem em parceria com os docentes da Educação Infantil e o aprendizado das crianças é ampliado devido à complementação e ao reforço dos conteúdos ministrados em sala de aula. As crianças de dois anos de idade começam a desfrutar das TICs na sala de aula. Na fase de adaptação, elas ficam mais sensíveis com o afastamento dos pais e as tecnologias são nossas aliadas no processo de adaptação. Com a utilização, principalmente, dos tablets, com vídeos com músicas do Cancioneiro Popular Infantil, aplicativos de sons de animais e de objetos, de desenhos, entre outros, os pequenos ficam mais calmos, menos chorosos e se sentem mais à vontade nesse novo ambiente. Ao longo do ano letivo, o dispositivo móvel também é solicitado para que as crianças produzam desenhos, que posteriormente serão impressos e entregues aos pais em um portfólio com as atividades realizadas na escola. Com três anos de idade, os alunos já estão mais adaptados com a rotina escolar e também mais maduros para a utilização dos recursos. Os tablets vão para a sala de aula como um complemento do conteúdo e treino da coordenação motora; para isso, o colégio utiliza-se de aplicativos com quebra-cabeças, jogos da memória, vídeos, e-books, aplicativos de desenho e contornos de formas geométricas. Conforme a faixa etária vai aumentando, percebe-se que as crianças, de um modo geral, se tornam mais autônomas em relação ao uso das tecnologias. Até os três anos de idade os dispositivos móveis são requisitados de acordo com propostas e conteúdos dos docentes da. Educação Infantil, com quatro, cinco e seis anos de idade o colégio já introduz a Educação Tecnológica em seu currículo e uma vez por semana é ministrada uma aula de Informática. Logo nas primeiras aulas, verifica-se uma acentuada dificuldade em manusear o mouse por parte de crianças que não dispõem de um contato com o computador fora do ambiente escolar e ao mesmo tempo percebe-se que elas possuem grande facilidade e autonomia com os tablets. Há uma preocupação em apresentar aulas utilizando softwares que abordem os conteúdos e ao mesmo tempo sirvam como treino de mouse. Essas aulas melhoram o traçado fino da criança, uma vez que o clicar no lugar certo se torna um desafio A lousa digital no laboratório de informática torna-se um atrativo, pois as crianças podem realizar algumas atividades manuseando esse recurso com seus próprios dedos, como se fosse um tablet em tamanho aumentado. O Sistema de Votação integrado com a lousa digital torna-se praticamente uma brincadeira, cada criança recebe um dispositivo para votar e em tempo real um gráfico referente ao que foi votado é gerado. Com isso, a mediação das professoras e a aula ficam bem mais dinâmicas. Com o auxilio das TICs o ensino pode tornar-se bem mais interessante para as crianças da Educação Infantil, isso porque elas gostam de usar o computador e explorar os recursos multimídias que envolvem interatividade, som, imagem, música e vídeo. Nesta perspectiva, Grandi e Paraventi (2011, p. 33) apontam que Aos olhos infantis, os ícones, as janelas, o movimento da tela, dos gifs animados, suscitam a sua curiosidade. As apresentações das linguagens visual, oral e verbal, em movimento, permitem que a criança crie relações interagindo com o computador, consigo mesma e com o grupo. Além da lousa digital, dos tabletes e dos computadores, os vídeos, imagens, e-books, softwares multitarefas (que trabalham lógica, ortografia, associação e incluem quebracabeças, jogos da memória, jogos de completar lacunas), softwares de desenhos, jogos e sites educativos e o planetário móvel do colégio são exemplos de ferramentas utilizadas nas aulas de informática, ou seja, instrumentos que auxiliam na construção do conhecimento, como recursos nos quais os alunos têm a possibilidade de criar, pensar e manejar e conduzir as informações recebidas. O computador, uma das ferramentas mais utilizadas nas aulas em específico, pode ser visto como uma ferramenta pedagógica para criar um ambiente interativo que vai proporcionar aos alunos um investigar e levantar de hipóteses, bem como, pesquisar e criar, contribuindo, assim, para a construção de seus próprios conhecimentos. Percebe-se que o uso adequado das TICs oportuniza o desenvolvimento e a organização do pensamento. Também despertam o interesse e a curiosidade das crianças pequenas. As Novas Tecnologias da Comunicação e Informação se tornam catalisadoras de mudanças e contribuem com uma nova forma de aprender. No caso da Educação Infantil, é visível que essa nova maneira de aprendizagem proposta seja na forma de “brincadeiras” por meio de atividades coloridas que contém sons, isso prende a atenção das crianças e elas saem das aulas ansiosas para saber qual será a próxima atividade. 5. Conclusões Observou-se que as crianças participam e se interessam mais pelas aulas quando utiliza-se uma nova ferramenta, como por exemplo, o Sistema de Votação juntamente com Lousa Digital. O retorno da associação que elas fazem das temáticas apresentadas na classe é imediato. Quanto a isso, Grandi e Paraventi (2011, p.21) afirmam que: A presença de tecnologias no ambiente educacional infantil entendida como meio, como linguagens, permite às crianças desfrutarem “no aqui e agora” os processos de criação, descoberta e comunicação inerentes a uma participação ativa na construção do conhecimento e na produção de cultura. Durante a apresentação dos recursos e dos assuntos abordados, os alunos ficam satisfeitos e se sentem integrados com o mundo moderno, trazendo experiências, interagindo e desfrutando de todas as possibilidades de aprendizagem que as TICs proporcionam. A Equipe de Tecnologia Educacional e os docentes da Educação Infantil com frequência se comunicam para produzir novos materiais com o auxílio das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Os professores estão cada vez mais interessados em utilizar a as TICs em suas aulas e assim como os alunos, eles também ficam satisfeitos com os resultados obtidos e acabam passando adiante o que vivenciam para outros docentes, estreitando ainda mais essa relação da tecnologia com a compreensão da prática pedagógica social, compromissada em resolver problemas do ensino. A cada aula as crianças mostram um amadurecimento tecnológico e assimilam com facilidade o que é apresentado nas aulas de informática. Os alunos demonstram e relatam que a jornada do aprendizado tecnológico de fato não se limita à escola, mas o que é aprendido lá é aplicado no dia-a-dia, em diversas situações. Presenciando o andamento das aulas durante o ano letivo de 2013, foi possível verificar que com os recursos das TICs, os alunos da Educação Infantil puderam desenvolver o pensamento crítico e a criatividade, bem como foram estimuladas à pesquisa e a criatividade nas crianças. Considerações finais Este trabalhou objetivou apontar como uma escola privada localizada na cidade de São Paulo trabalha com as TICs na Educação Infantil. Vimos que é no período de 0 a 6 anos que o cérebro da criança mais se desenvolve e, por isso, quantos maiores os desafios apresentados, melhor para o desenvolvimento cognitivo dos pequenos. A tecnologia faz parte do mundo real da criança e, nesse sentido, não pode ficar fora da programação da escola. Observou-se, na instituição pesquisada, que são várias as possibilidades oferecidas e que o retorno do aprendido é imediato. Além disso, as crianças têm a possibilidade de manusear os instrumentos oferecidos para que possam se apropriar dos conteúdos aprendidos. Hoje em dia no contexto educacional com um novo perfil de aluno, estando ele mais ativo, mais móvel, mais conectado. Esse cenário já existente se expandirá ainda mais. Não pelo uso das Novas Tecnologias, mas pela mudança de expectativa. A cada geração o uso da tecnologia se renova e as crianças já demonstram uma necessidade de ter acesso fácil e rápido às informações. Isso é natural, fazendo farte da expectativa de vida delas. Percebeu-se também que há um maior aproveitamento no tempo investido por parte dos educadores quando as TICs são introduzidas nas aulas, até mesmo como recursos e ferramentas sociais, podendo-se preparar aulas com qualidade e com uma abundância de materiais de pesquisa, melhorando e aperfeiçoando a práxis educativa. Observou-se também que faltam professores preparados para a elaboração e produção materiais, sendo indispensável à atuação da Equipe de Tecnologia Educacional. Com essa vivência é possível notar claramente que as TICs não são uma ameaça à prática pedagógica, ao contrário, podem ser instrumentos para enriquecer a sua práxis educativa. O ideal é que o professor esteja sempre preparado para o uso destas tecnologias, se atualizando continuadamente acerca delas, fazendo capacitações, cursos, oficinas, etc. Os docentes, por outro lado, precisam ser motivados não somente pelo desejo de aprender, mas também pelo desejo de ensinar as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Entende-se que não pode ter medo de questionar, testar e experimentar as NTCIs. Além disso, é importante que os docentes tenham consciência da necessidade de criar e inovar constantemente para que as crianças sejam as mais beneficiadas. Sabe-se que a Tecnologia em si não resolve nada sem a interferência do educador, mas permite que novas pontes sejam criadas entre a aprendizagem e as crianças. Referências ALMEIDA, Maria E. B. & PRADO, Maria E. B. B. 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