¦Jfóv ¦*:~4 ^~-': .'• >•:-¦ . Vol. IS. ¦ JORNAL DO GRÊMIO LITTERARIO PORTüGüEZ, Domingo 24 de Fevereiro de 1856. Pi. 3 E' pois nos monumentos, e não nos códices, deve buscar_dfi=_ que especialmente o historiador cifrara solução das diferentes phases políticas de uma nação; é nos monumentos, ainda, que elle deve dessecar, com o escalpelo da hermiA Igreja de Sao Joaquim, factos, a Índole, o viver e crer das os Ineutica, O COLLECIO DE PEDRO II. quizesse gerações defunetas. Quem por exemplo dos viceafferir e contrastar a influencia política i theocratica das ordens reascendência a e reis, e dos povos A epopea das nações, a chronica os monumentos do Carmo, estudar deveria ligiosas nos ler-se deve a historia cias grandes cidades Antônio, vastos, sumpde Sancto e Bento São de nações, das seus monumentos ; porque o espirito era possível sel-o n'esse artísticos, tuosos, quanto civilisação a porque a Índole dos povos, porque hyreoghphi- tempo, com opaco civil, acanhado, de proporções das cidades ha de revelar-se nesses ousando sahir dos alicerces : mal miniatura, em o escreveu cos de pedra, que ideou o poeta, que levavam milhões para dos náos as que quintos, artista. -.Mafrà e chronisla, e que symbolisa o as dissipações do de para o convento epocha a lê-se Assim, no mosteiro da Batalha, uma dúzia de deixavam não XIV Luiz expeportuguez a Belém cavalleiresca de D. João I, no de um lanço de pamais erguer num mealhas para sumpluodicão da índia, no de Mafrà essa epocha a residência dos decorar mais rede, para mona quanto V, sã! fradesca, e hypocrita de D. João do poder real: a devoção dos representantes reinaõ eqüestre estatua sua derna Lisboa, o na até ao fanatismo, manifestavacrentes dos fieis, de marquez e do severo e grave do severo grave em largas esmolas e ricos donativos ao conse Pombal. ao culto e ao poder theocratico, igreja, á e vento moscada igreja, Também no Brazil cada então lavrava sob já scepticismo o que politico, diííerentes as teiro, cada monumento revelam de hoje, negava os direitos ao do forma diversa annos. epochas da historia de trezentos dava tudo a contribuições: ás negava-se fisco, da omega o e O convento e a igreja são o alpha baculo e : Cezar a pelo nada e guiava-se Deos se igreja que historia do Brasil; é no convento e na obedecia ao capuz, e pouco se bastão, não avenpelo um de intima povo deve estudar a chronica com o chapeo implumado do general importava com ambição de tureiro, colono, cavalleiresco, requinte de cobiça, livre em costumes, dissoluto governador. até ; mas uniforme em relação ao convento e a igreja. Do confissionario e não do gabinete do muitos monumentos, que no Brasil os Entre da tribunal do enão igreja capitão general,-da esta phisionomia política e e attestam o justificam é espada povo da não que justiça, da estola e do século passado, e dos dois sociedade da moral reforma a e civilisação, sua recebia o impulso da a igreja e seminário de São avulta anteriores, da viva letra a era de seus costumes : o sermão — IGREJA DE SAO JOAQUIM E hoje Joaquim, O até. menoscabava-se lei, a provisão illudia-se, IL Esse monumento, -padre-Vieira com a palavra, e amortalhado na COLLEGIO DE PEDRO trarisformações tem passado, essa tantas mais por exerceu que sua roupeta negra de jesúita, religiosos ;*fe recânticos resoòu ps igreja já que suas provisões poder que todos .os vice-reis, com de uma soldadesca grosseifundamentadas, com suas fardas douradas, e pereutio as blasphemias do alviro aos de desabar breve em golpes ra terá real. deslumbrantes pelo brilhantismo do poder 18 A SAUDADE. Manoel Marques Esteves, com porta para a mesma Igreja, por detraz da capella-inór, juntamente com as casas que ao lado da mesma Capella estão fabricadas, e em quanto possa ser necessário para complemento da morada do mesmo Collegio os quaes assistirão no coro da mesma Igreja, rezando com os capellãos d'ella. E terão um sacerdote que nós, ou nossos suecessores escolhein rem e deputarem de boa vida c costumes, o qual , Uma idéa generosa, um pensamento evangélico lera cuidado de crear os dilos meninos ensinande civi1fsacão^presi(lio á fundação do COLLEGIO do-lhes a doutrina christã, e o santo temor de DOS MENINOS OPvPIIÃOS. Um dos mais que- Deos, e os que não souberem ler, escrever econridos e saudosos prelados, que tem honrado^ a (ar ; c depois d'isso mandará ensinar a lingua laigreja fluminense, o virtuoso e illustrado D. Fr. tina, a rezar o oflicio divino c ceremonias da Antônio de Guadalupe foi quem concebeu, quem Igreja, como também musica e tocar instrumenlançou os primeiros alicerces, quem deu impor- tos pertencentes a ella, segundo vir a capacidade tancia e vida a esta philanlropica c caridosa ins- de cada um. E em tudo se conformarão, com o tituição. observa no Collegio de Meninos orphãos quese Para melhor se avaliar o pensamento do illus- da Cidade do Porto, cxceplo na sujeição do dito Ire prelado transcrevemos as próprias palavras da Collegio que fica pertencendo ao ordinário, com sua provisão de 8 de Junho de 1739. cuja licença serão recebidos os meninos de pouca de Provisão Episcopal de 8 de Junho de 1739 ins- idade, o cíiristãos velhos e que sejam brancos tiluindoiim Collegio de meninos orphãos nesta geração, o de nenhuma sorte mulatos; porque como se hão de criar para o estado ccclesiasüco, Cidade do Rio de Janeiro. tendo para isso preslimo e vocação, devem ser de Dom Frei Antônio de Guadalupe, por Merco idade em que possam ser inslruidos nosrudimeude Ocos e da Sancta Sé Apostólica, Bispo do Rio tos da vida ecclesiaslica, ejuntamente de sangue ; de Janeiro, do Conselho de Sua Magcstadc que d'ella não sejão excluídos. E para constar porque Deos Guarde, &c. d'esta nossa instituição mandamos passar a preA experiência que temos de que n'esta ei- sente nós assignada e sellada com o sello das por dade e seus contornos, se perdem muitos moços, nossas armas, nesta Cidade do Rio de Janeiro que, ficando orphãos de pai em tenra idade, aos oito de Junho de mil e setecentos e trinta e não tem quem os instrua nos bons costumes, nove annos. Eu José da Fonseca Lopes, escrivão e nas artes, em que podem aproveitar-se e da Câmara Ecclesiaslica, subscrevi. viver christã e religiosa nente, naquellcs emAntônio — Bispo do Ilio de Janeiro pregos ecclesiaslicos, ou seculares, para que tiverem gênio c preslimo: nos tem movido a procu(Continua.) rar remédio para este damno, não só por meio de um Seminário, a que temos dado principio e o t*Mlos©i&iaSs5aaí3. na fôrma do Sagrado Concilio Tridentino, mas A. €fl-caçfto também por meio da instituição de um Collegio, No principio, antes que houvesse dia, nem em quesejão recebidos ecreados meninos orphãos noite, nem tempo, criou Deos o eco e terra;o vasia, c de pães pobres e desamparados de creação, os porém a terra estava informe e abysmo ao mundo lodo sepultado em um quaes no dito Collegio sejam instruídos na douespirito de Deos fecundava as O trevas. trina christã, ler, escrever, c na lingua latina, águas que envolviam a terra. Disse enlao •musica e instrumentos, como também nas funcDeos: « Faca-se a luz ; » e a luz foi feita, fce chamou Deosá luz dia, eás trevas noite, ções ecclesiaslicas, de que podem ser capazes. d'este modo se fez o primeiro dia que houve Por tanto, em nome d'aquelle Senhor que foi no mundo. servido dar-nos esta vontade, instituímos n'csla (Historia Sagrada. Roqcette.) cidade do Rio de Janeiro um Collegio para crea-ção dos meninos orphãos nas costas da Igreja de A creação do universo, a existência do Ente São Pedro nos chãos que se compraram ao Padre Supremo,*o do espirito humano, a necessidade e da picareta do ineonpclausta, que, em nome da industria e dá civilisação material, vai condemnar ao desapparecimento essa pagina importante da historia monumental do Brasil, a mais importante talvez, porque a esse edifício liga-se o da nossa eduprimeiro verbo, o primeiro fiai lücc cação e illustração. '-: .¦ A SAUDADE. 19 Abi; Yichnou reclinado n'uma folha de íicTuma Religião, opeccado d'órigém, etc, são ver- dor. os annéis da grande serpente, (] H]os augustas her dadas com o ser, luzes que gueira, ou sobre tona d'agua e sahindo-lhe do ventre j)eos acoendeü na alma do homem, e que nem nadando á de loto, no calix. de cuja flor, apparece mesmo hão conseguido marear, nem amortecer, um ramo Braíima, o obreiro completador da crea05 erros de Leueippo, Oemocrito e Empédocles, sentado —será poético, será tudo, mas não é tão aberrações as nem Pyrrho, de ção, scepticismo o nem a cosmogonia da Bibiia. sublime,como e de os finalmente nem grandioso paradoxos deVoltaire, intentaram impu- Os naturalistas do século XIX, por meiod'umacpeseudo-philosophos quantos onar estes dogmas cardeaes da humana essência. curado exame, sobre as diversas slratiíicações do nos interstícios da terra, Trataremos, por agora, sóm :ute «Vesse portento- terreno, que se deparam a narração Genesiana de que so líbenomeno — a Creação— e diligenciaremos convenceram-se, da verdade. As locuconfirmar com o auxilio d-eminentes philosophos tem o caracter incontestável illustres derrocaram, e n-éulogos, a voracidade do texto Moisaieo, no bracões d'esses philosophos as theorias bastardas do Pentatóuco, debelíando assim os botes da ímpio- anniquiiiararn mesmo Buffon e os erros d'Epicuc Leibnitz Demaille.lt, esse do acaso depender faz primeiro dado, que ro e Anaxuriandro. acto do drama da natureza. As subversões do globo, os cataclysmas, os deChampolion, Humboldt, Freretc, Paravoy, e fosseis de diversos animaes, todos os geólogos illustres, que tem profundado tritos das plantas e os historiador dos o estudo da natureza, para n'clla descortinar o secundo se acham descriptos peto o resultado do suas inexpesso véo da historia dos passados séculos, asse- Hebreus, coincidem com illuslre Champolüon veiam unisòhos, que as paginas do Gênesis, são vosügações geológicas. O de demonstrou até a evidencia, que essa antigüidade extrahidos fados ora inspiradas, já phrases em sua slolida vaidade tradições puras remanescentes nas recordações da fabulosa, que os Egypeios altribiviam ao Zodíaco de Donded'autOchtonia, acontecimentos, ora que cercava, cueo áw&>' dc iioerio. Lallisum historiador contemporâneo fiel c consciencio- rah, era posterior ao reinado esse so registrava, ao passo e na ordem, cm que sueco- thenes o Cuvier refutaram exuberantemente astronômicas, diam. W certo, todavia, abstracção feita d'opi~ período vastíssimo d'observações livros Os niões isoladas, que todas as nações possuíam suas que os Chaideus s'arrogavám.sares próprios ou /i32,00í) cosihògonias privativas, que todavia s'aproxima- judeus lhes negam os 120 rei, até Xysuvarri em mais de um ponto. A opinião dos Ato- annos, desde Aloro seu primeiro até o dilúvio. Senistas, que ensinavam ser o mundo o resultado thro, isto é, desde sua origem Babilônia data da 5.a lortuito da conjuneção d'atomos disseminados gundo elles, o império de deve sua fundação a no espaço : a dos Pyíhagoricos, que julgavam o geração depois do dilúvio, c mondo se.npiterno, o que eqüivale dizer, que Ncmrod. não tivera principio, e que sempre existira ; oj Idenlicamente, se ha vantajosamente impugnasystema d'Anaxuriandro, etc, não crearam ade- do a objecção d'aqucl!es, que opinam ser insuílino berço da pios entre os povos Orientaoü. Abi, espaço de seis dias, para a consummação o ciente de rara humana, na terra clássica dos Mysterios tão estupendos, nos astros e nos de phenomenos nossa crença, Iodos combinam em assignar a elementos, como os que acompanharam a obra creação d > mundo, ao Ser Eterno,— Bhagavan— e sublimo da creação dó mundo.' grandiosa mundos dos . que encerra cm si a universalidade Os que opinam destarte, abusam da accepção, das formas c das vidas, e Brahma o architecto incumbido pelo Eterno, de crear e organisar o que abi encerra a palavra dia, que se não devo universo visível. As Cosmogonias do Oriente, se tomar pelo lapso de tempo, intermediário entre í em que mais completas que as do Occidentc, o nascimento do sol e o seu oceaso, porém, sim, abaaccepção por isso que mais se conformam com a letra do por um espaço indeterminado ; caber a que este voGênesis, não deixam d'involver absurdo*, prove- lisados polygraphos reconhecem nientes da adulteração das tradições primevas. cabulo, assim no Hebraico, como em todas as Em algumas cosmogonias orientaes, em vez de línguas orientaes. Bcrzellio fez ver com lucidez, Baghavan éSivaou Vichnou, principio do calor aos°quc negam a possibilidade da vegetação sem os phenomenos, c da luz, que executa as funeções de Grão-Crea- o sol, que para se manifestarem A SAUDADE. 20 ~~ "I/ivi ~ —~ ~" de plumagem mais bella, e aves oiwadaveis as '^f requer-s >(1)1. vidavcgetativa, a io'mais doce, e os pomos mais gratos, oue constituem supetemperatura sem taoigas, e paia P%^?S»^ s*. , acndi maravilhas, J. gosal-as tantas bumido, g0 eslar tao innuineras, venturas ^.•-*•;•; das já ucio . sem e O, complemento que a COmpieuii-mu acrior èsnel, r _ ^ f ^fQ : « A«« *&«!» ,</«,« ° ,lomCB» diz e Deos, contacm.cqm cm appareee igualmente ¦ facamos-lhe uma companheira, semesubstancia^ ^ a só i-iva cr^cenU! que suas occupaçocs. » cm em do ajude po ib o elle, a Ihantè que tencia independente fi o soimio a ma infunde profundo o Apoz que, cm sua geognosiademonsta^ue cm nnUiotó Àdào, ,^-!he uma co?U'Ua' l^*? longe de ser uma creação e m t a d, acorda, diz : tis aqui amelle e ? mulher o quando gorava philo.ophismo se oçp> e a carne de minha ossos meus ddnviana, raocssode terra de Ias o hemem a seu deixara d'esta amor nos carne ; por P--^s^Vevamos ox osto, conentanto a sua mulher; e serão unira clue^x. ese Do asuamãi e nai c veigas planuras. m f , philosòphia 'dous Depois a traído da carne.» sophtsmas^jaLa mesma os nhana clue-sc; que ^ d ,,be,, a homem, piedade do a serpente, queda assassinoa iàmiedade de Caim,—o primeiro sabia jusa mina «Ia humanidade decretada pela tira de Deos. em castigo de seu endurecimento c* impcniteiicia, allim, essa inundarão por terra o segredo ^^^f^lren^dtó .obre toda a superfície do globo, durante quarenexistem cosmogonia, as todas as crealuras engunoUcs," &« j«7-3' UUu SSl íwdS fl ^ a cor^P-( mvUta ;idi;ulo da a qual ca A|tissiin0, prol Z a un na do, scientiheas salvo na Arca para repaddade com as investigações conseqüência, a.unM j V 0h , ineu „eos, como ^^ Salas modernos, e por é aquella o le?.sque veracidade, vósoaulhor do tantos prodígios a 1que reúne ^^ s. Os Judeu miuicn.; no.Gene ->y»j vQ creador legou ^*- da 9 nos d-Israel anuiu, ^ ^^ bUlb ^ lador COU1U r«^ Mg,com agitam no espaço, numa se mundos, de para que professavam ^ tr.butavam ao Enocá igual que veneração admirável c constante M !... ordem uma sua crença. - E com tudo, ainda ha homens, que nao cálogo, e aos dogmas essenciaes de e univcrFinalmente ; a lembrança da catastrophe vendo na natureza senão causas contingentes ou não querem remousabem não sal e da regeneração da humanidade, nao pode phenomenais, Llles traessa inventado, adrede porque uma causa necessária es primordial. ser um mitho, lar a nao acha a ordem e belleza da natureza, c dicão além de confirmada pela sciencia, se observam , na vòcm Deos, detraz d*essns obras magn.hcas. como dizPoirson, na Chaldea, no Egypto, d Lpionde Assyria, na Etruria, na Grécia e na China, vergonha ! quando deixarão os discípulos suas Yao, seu mais antigo Imperador, é representado curo e Spinosa, d'empestar o mundo com <V oecupando-se em esgotar as águas insidiüsas doutrinas 111 Iffsemente se ««SS ml & carneiro homem, ^gggfe^ 1 de Janeiro de 185G. Resende, livro o sobre olhos os Lançai agora um pouco do mais sábio entre os legisladores. A primeira Diar-uiM Augusto Maciel do Am\Ral. estância d'esse poema sublime, é o Fiat do Éterno, é a vivificação da natureza, a incarnação c Paginas intimas. animação do homem ; a ultima é a expiação dos iii descendentes de Caim, inflingída por um Deos O MENDIGO. de justiça — o Dilúvio. — Contemplai por um pouco o primeiro homem, Srs., e Deos vos recomesmola, uma Dai-me vivifirespirarão sua que o Eterno bafejara com estendo a minha devão Em Nada. 1... agrupase onde pensará cante, n'esse Éden maravilhoso, mão—passam todos, nenhum para, tremula e bil mais flores as frondosas, mais vam as arvores nenhum escuta a supplica do pobre mendigo!..uma esmola, Sras.,e Deos vos recompenDai-me século. o Christo perante (1) Jesus A SAUDADE. 21 o reconheci. Foi pobre, mas a também l eu oh meus filhos..-, meus 1 !0h nada sará! Também todos os senlimenlos do honra matòii-ltie ambição d'andracoberto mendigo, o E 1... pobres filhos com que o conheci na mediocridade, virtude e vacillantes seus morte, a como guia ios, e pallido I A sua fronrico, ser preço? d'esporque raio porém quiz um lugar, pequeno passos para outro marca infamante que a da ao te curva-se nem elle, peso disse Vamos, e mais d'uma vez perança o vem reanimar. imprimio, lhe opinião fiesmola uma púbica implorado todos estes a quem hei Uma esmola.... virão os remorsos verá, perseguil-o.... Algum lamentos! carão surdos aos meus também, mas sou eu amigo, meu Tòmae, pobre encovado e faces, pelo pela magreza das minhas tenho devo repartil-p com áquelles o fome medonha que a ... pouco fome a olhos de meus que mais do que eu. necessitam Algum que terríveis suas mim garras. imprime sobre — o pri neiro que se lembrara rio homem o E com os d'ellcs verá as minhas carnes encobertas dia, retira-se apressado, para n'aqnelle mendigo e compaixão a e da pobreza, miseráveis andrajos fugir aos agradecimentos d'este..,. sorriso um E meu o com misturará pranto. se dor comprar o coro tenho Deos; que seja Louvado Passa (Vesperanca paira nos lábios do mendigo. Este ouvio-me. h lilhos. meus de hoje enos cavallos para pão muita genie, os carros cvuzam-sc, das cidades nao impuro ar o mas também, morrer vao pobre contram-se, mas as supplicas do pobre O rico, e coraçãosensível e bom seu manchou homem passa no espaço. Uma esmola, Srl... E o d'nmnnlia. I ara dia do lembra se não lautos, são lançando ao mendigo um olhar de impaciência. - que?... E o mendigo affasta-se d'ali com passos mulher a E senhora! Uma esmola, minha e vae ao miserável casebre compassados, e lentos um com e gesto iovcn ainda, passa também, das estações, erda intempérie abriga se em que d'enfado se aparta d'ali-Uma, duas, quatro, huu.ildade e reconnede votos ao Creador nenhuma mas guer vinte pessoas ouvem o mendigo, ; oh 1 mento.... pára. Tudo é assim, diz este amargamente os eu também como elles fui rico já, mas nunca Fevereiro de 1856. de 21 Rio, Deos imitei. Repartia com os pobres aquillo que Rodrigues Pinto. Xavieu minha á Antônio bateu só porta um nem me concedera, Eu era moço soecorrido. ser de deixasse que então c podia trabalhar, mas não pensei no poreste jflatliilde. vir nem na pouca estabilidade das cousas d figuramundo. Via por um prisma, e tudo se me II attrahentcs e lindas de va brilhante e adornado Elle CONVERSAÇÃO. cores. Castigar-me-hia Deos? não o creio.o meu e em breve a barca impeie é iusto e bom, lô em todos os corações, embarque, o Fez-se * ui cortava, c.no em iámais alimentou a vaidade ou o orgulho. braços vigorosos lovian- lida por quatro depois minutos Dez imprudente, nada mais I Hoje deploro a opposta. margem á as mi- direecão montavam a cavado terra, dade com que tratei aquillo que merecia em estavam viajan.es o be conduz pela m« nhas attencões, todos os meus cuidados.... estrada que Seguiam pela coração jemo 1 gritou br viagem, elles adivinhassem e podessem ler em meu Bôa Fulgosa. á villa da — oh ! veriao com magoa talvez que estendo a hirmieiro do rio, com aquelle accento de voz dos Açoresilhas das minha mão vergonhosa e a tremer. Nao o porque naturaes dos ao Sante espiri- se um pensament» de soberba m'atravesse nos achamos na estrada, continuemos, Agora que -já do .o, que gose. interrompe, to, mas porque já foi oppulento conversação a que aprás, que a se lhe o doutor para o viajante elles gosam agora. Uma natureza mais fraca sorte, disse Regua, entrarna ao de con a minha cederia de promplo aos embates da I Fizeste juramento Para que'! e o Um a gordo. consolações as suicídio no com soph.smas um discutes e procurando tudo, em fiar-me a reseu triste fado. Eu não, eu jamais cederei, ser tratado leal e francamente. deveria que ponto mulher— Vm. ligião dá-me a paz de espirito, e minha consentirei que tio, meu certo, jamais Por gutr rea meus filhos fazem com que eu ame a vida.... conveniências, malditas das causa por Passaepois, não me deis a esmola que vos peço, cPausa dos mancebos, ^f^^gg br.... esmola, Uma interrogueis.... me mas não Vm. apptove de uma a crer Custa que sormas outros, ÇJ^gJ os do doutor filha Este encarou-me como todos da casamento ! Conheceu-me, positiva o projectado espanto do um gesto prehendi-lho 22 A SAUDADE. circunstancias de Luiza. Hasta, S, doutor, nas Liit'uiiü*u>»«v.— nua asno em enRego I Que^o^^^ i "co, tem muita razão ; eu é que sou iim "Sr. morunho está -que - ~Trislao, Luiza também; ; o p..* pai d'esta negócios. Air"! n-estes volver-me nina sua elle se leve a effeito, porque entende que um papagaio ! Como é a custa ganhar quanto sei nao pois vae bem com o meu amigo Tristão ; meu tio ?..., Sim, o brasileiro promutisso, òun, casamento, esse com a cláusula de que porque não devo approvar um leu-me papagaio comtutudo isso é muito bom, e bem raciocinado 1 arece eu o auxiliaria em seus projectos amorosos. do Luiza tem 20 annos, e o brasileiro :?0, o animal, tenho-me canoado Ambicionando de chino de prova ter apenas 3õ ou AO. Usa a impressão que a nova de suas destruir para mais dentes a»e|^da que é careca. Tem ano te mU visid-, natural, os outros calnram-lhe:L ^n sensatas d'cslas d'algumas pessoas J. dinheiro, pirito tem como dizés. E'um simplório ; mas desgraçado de mim ! tenho irritaMas uhancas. o exclamou pateta ! Seja o que lhe approuver d'esses indivíduos, serei um dia ânimos os do o defender doutor um tanto impaciente ; pode e não terei o papagaio l Oh Ulesgraapedrejado, mas eloqüência, brasileiro com sua costumada conheces o sobrinho do hraHenrique ; !.... tal como e ça moço, convencer-me, nunca ! Sou meu tio ; sei apenas que é dotado Não, ? sileiro circunsminhas nas advogarei a causa d'aquelles Alegre, extraha como caracter poucos. de um e Vi»., egoísta, taricias. A velhice, meu tio, é outras vezes triste e sombrio ; mordaz, e vagante carodcelára-se que tem seu tanto d'este defeito, este ganha de qualquer dos modos a estima puencantadora da mão á neao de um tal pretendente o çensurão clogiam-no aquelles e blica que a ; ? chamas Como a Rosa branca. Luizinha Estou impaciente por conhetempo. mesmo ao I oh!... 1 oh viste a Luiza encantadora, e n'unca sempre sunpatliisei original tal ; que ecr um por e retrato, seu penso E' o mesmo, fizerão-me o e volúveis. 1)1expansivas naturezas estas com irmão, meu tem seus defeitos; que este elogio é bem merecido. Vis,o viajante rapaz esse Henrique ; bem, zes que disse o rusguento lio fallando com e para coração um de generoso, dotado é ahsoporem oecupava o centro, e que até ali guardara se appellaráem vão. As raparigas o Universidada qual jamais bancos os como vês luto silencio ; dizer muito a seu respeito mesmo, Eis podem saber. que seu de orgulhosos de fazem os rapazes e mais de uma, me dizem, tem admiram-no, do experiência mais ter aqui teu filhn que pensa uma tia ou uma uma longe bem visitar prima, ido da as illusoès ? mundo do que eu; e porque porque Carlos distambém que Consta-me amiga. mais d'ellas mocidade já passaram, e não conservo a mão da linda e interessai!tio a seu illua-; puta Vivam recordação. vaga pois consentira em que uma doulor o jamais Luiza; te d'esporem soes, e aquelles que as alimentam! Deixem-se simpathia que mosda apesar tal, inpronunciada doutor; do o que sas questões, respondeu pai E Luiza? Não sei, nunCarlos. ter ira filha sua case por Rego doutor o leresse lemos nós que o menor signal de insorprehendi lhe ca Deixal-os Marlinho?! ou com Paulo, Sancho maisque ninguém, mulher, a mas tolligencia ; ohserte lá ; comtudo, meu irmão, permitte que a verdaencobrir impressões, suas moderar sabe revolem razão ve ; pensas mal, Henrique tem e impenetrável ; diz-meo expesso véo um sob de enmeu no idéas, tuas as tar-se contra por que Carlos não obstante lugira ama ella coração desa fará que a elívituar-se, tender esse casamento, lhe é indillen,apparencia que mostrar lhe,e senmuito o Rego, doulor do que graça da filha dizer meu lio, mais me de acaba O rente. e feliz ser de que digna menina tirei, porque é uma e uma vez ; impaciência c curiosidade a desafia Henriatalhou meu respeitada. Obrigado, pai, Vm. tem convicção de que Luiza ama Carconvicção tinha eu que voz commovida ; com que, mas creio que lhe servirei d'ausei, não .... los é isso meu do era que Vm. de que parecer, por uma xiliar. Estamos longe da quinta? Seria de abstido tenho-me pergunlar-UVo. 11 chegamos. E com effeito, o tio Não, tenho que dizer por da minha que inconsequencia parle sempro a dianteiconservava •"•'í! Henrique, de comque tio meu ; mundo, do mais experiência que ao portão de uma eleganfrente cm í tudo tenho a precisa para conhecer apeava-se ra, esses que a qual é situada na margem sobrado, do casa te E resultados... casamentos produzem péssimos da Fulgosa. Os d'espingarda tiro um rio, ca do este sobre mais insista ponto, Vm., meu tio, não entraram por um grande portão que viajantes três detem crer a lugar dar-me-ha que contrario do mesmo instante umereado cno aberto, achava se mulher uma com e também, casar-se sejos de i ;* '»• ¦;i A SAUDADE. tardes, meus tomava contados animaes. Boas Srs. disse elle com essa liberdade de servo oqueSr. ridoVla casa ; chegam a propósito, por que mais doutor acaba de dizer que não contava lhe coma sua visita. E'uma bella sorpresa que ? com o doutor prepararam. AÍTonso, quem está com um perguntou o viajante gordo, sacudindo O brasilenio de seda a poeira de suas bolas, o ]eir"o o Sr. Carlos, o no corredor eneontrareis nrelo d'éste, que parece ter feito juramento de jamais o abandonar. K a sociedade do costume, Os três disse o primeiro interlocutor ; subamos. um extenso encaminharam-se para personagens corredor com quarto* d'arabos os lados. Antônio Xavier Rodrigues Pinto. São flores viçosas, essas que esparziste No solo que grato te soube hospedar... São roxas saudades, mas cheias d^ncantos, Que a pátria amisade te soube inspirar. .Jl»; Agora partiste... não foi longo o tempo Ou' a Lisia adorada carpio tua ausência, Tscptuno em seus braços te leva outra vez, A n ella fruires propicia existência... Partiste, mas ali! deixando no cxilio Irmãos, que le davam amor e amizade, , Irmãos que em distancia jamais deixarão De carpir sentidos a tua saudade. Rio de Janeiro, 7 de Fevereiro de 1856. João Dantas de Souza. §>#ms§J^i* O Seductor. Despedida. PlNUElKO AO MEC AMIGO O POETA BeRNARDIJÍO EM VIAGEM PARA L1SR0A. Poeta, cia vida no fulvo horisonte, Deixaste essa pátria quo céo nos doou... Deixaste esse berço, que grato em seu seio A infância risonha, te leda embalou ! Deixaste, saudoso, da Lisía essas praias, Banhadas por ondas de fino christal; rido lejo Qü' a mil se revolvem de teu qu No leito espaçoso, fluente e caudal. Deixaste esse clima puro, amenisante, d amor ; Que a mus-) inspirou-te tão cheia a terra Teus entes mais caros, em fim, sobre ! Deixaste envolvidos em pranto de dor Sulcando o Amphitrile, vieste, poeta, O pão benv?amargo do exílio comer l E sob os ardentes trópicos da America, Sentidas endeixas na lyra tanger. Distante das plagas que a vida le deram Que viram teu ledo primeiro sorrir, A c'roa de louros vieste, o poeta, Tão joven ainda na fronte cingir !... A' meiga donzella imprudente, inexperta, Fallaz seduclor os seus laços armou; a aperta Jurou-lhe que a amava, em seus braços deixou. Gozou-a, fugio-lhe, p'ra sempre a Deixou-a Por outra Deixou-a O infame ser mais bella por outra, que vio enganar... a quem vai também donzella perdida, e da pobre está rindo, oulro amor a gozar. e gemendo, Que importa que a triste, chorando ? Seus dias amargos na dor vá findando perdendo, Que importa que a misera, a esp'rança ? Sc lance em viver, vergonhoso e nefando viver depravado, Que importa se lance em de dor ? Que a pobre se fine, mirrada se já o malvado Que importa se perca... Colheu a innocente, e angélica flor? o remorso cruento Que importa que morra?... Em orgias infames vai elle apagar : viva em tormento Que importa, que a triste só Se d'outra o amor está elle a gozar ? Rio de Janeiro, 25 de Setembro de 1855. Eugênio Arnaldo de Barros Ribeiro. A SAUDADE. •4 V Ultiilià sorte, Quem Sou Que Esta sou eu ? Qu'importa; quem? um trovador proscripto trago aafronte escripto palavra : — Ninguém! A. E.ZALUAR. A : Onde estou ? Onde é que habito ? Sobre a terra o que cogito ? Que fiz eu ? qual meu delicio P'ra tantas penos merecer ? 1 ? Quem sou eu ? Que nome tenho Carregando sempre o lenho Do marlyrio mais ferrenho Sem meu destino saber 1 Onde estou ? desdito amante, De minha pátria distante ; Estranho a tudo incessante Que m'envolve e me rodeia.... Carpindo, qual pissarinho Quabandonou pais e ninho, E agora triste, louquinho A chilrar triste vagueia. Onde é que habito ? descrido, N'um solo desconhecido ; Vagando n'elle perdido Qual no deserto o leão! Sem uma mão caridosa, Que me guie pressurosa N'esta senda tortuosa, Por ternura ou compaixão !... Sobre a terra o que cogito ? Tão desgraçado proscripto, Eu, qu'o fado agro e desdito ^ Sempre a meu lado encontrei, Kesta senda em que caminho, Entregue a meu mal sosinho, Se mais ando mais definho O que cogito nem sei!... Que fiz eu ? mancebo errante, Triste cantor delirante, Que delido degradante Pude acaso commelter? 1... Ah 1 nenhum .... é minha sorte Sem esperança e sem norte Entre torturas de morte De continuo heide viver. -Qüêm^oueu? ai! vida minha 1 Sou uma tenra fõlhinhãi, Que suecumbe pobresinha. Ao vendaval bravejante l Dura lage despenhada Por uma encosta quebrada D'escolho em escolho rojada Sem um remanço d'instante. O meu nome ? malfadado, Eu, que nem siquer me é dado Trazer na fronte estampado Um sorriso pransenteiro, Em minha voz tão gemente. Um ecco que nem se sente. • • • Só da turba ao som ingente O meu nome é : —Estrangeiro ! João Dantas de Souza. A. innocente. Entre os afagos queridos De teus pais, ó creatura, Te correm e bem serenos Hoje os dias, de ventura. Os males que n'esta vida Com a mortal existência Nós soííremos, não te chegam N'esse teu ser d'innocencia. Mal que a natura um desejo Exposto em ti, os teus pais Te conhecem, e te dão Logo o que necessitais. Um sorriso que desprendes Dos teus lábios, lhes parece Uma faísca divina, Que reflecte e doce aquece... O coração consolado D'elles para o céo s'inclina : Ao Senhor dando mil graças Dos teus encantos, menina. Queira Deos que sempre sejas Feliz assim, innocente; Que os annos te não desformem A condição do presente. Fevereiro 17 de 1856. Barbosa de Castro. Typ. de F. A. de Almeida rua da Valia n. i*fc