RE\ IRTA 38 DO l:\S1'JTUTO BI::;TORICO rlamlo Inda.. a~ proYi<ll'ncin~. ~ó a malta cerrada do morro (mais !ardi' d1. Caslcllo) e n dl'"'<'ecaml.'nlo Jos pantanos deramlhe grande 1r:ibalbo, brin <'OlllO o estabeleciml'nlo dos rudimentares edificios publico~ e pnu~ada-" dos moradores, a quem fav orPcl'l1, 1lando terras sem (01·0 1i,,111 pensiio. nlouma. Obstando an retalhameu•o) do ::olo da no;:;:a patria, ~em de % mere<'r. poü•. de todos o~ Brasileiros muita venera~ão. Ao Ycrdadciro funciallur (k~la capital 'ão, rnfim, os Cariocas pagar :mi iga diYida, dando n ilinFtre nome ele '4rm de Sá a uma importante awnHla Anlrc: larrte do que nunca! ;?:; OI' .JanCÍ!'O d!' 190:;. A RUA ESTREITA T ractando-sc <lc ab1·ir a\en1da". não ha administrador que em 11ericia leve de >enc1<la o nosso aclual prefeito. Mais um inelhoramrnlo importante acaba elle de fazer, inaugurando ·oulra bella aYl'lli<la. que Yai ser o gr·ande successo da pres<'nle semana. Sem dilatação gradual, mas segundo os rapitlos processos modernoc:, o dr. Passos lran.-for rnou em pouco tempo a triste. feia e lu'1'ubre rua Eslrrila <le ~. Joaquiru em larga via de rommunieac::ão, que facilitará o tran!<itO publico entre o antigo sitio <le \'cdPrrcle ,largo de f;:rncla Rita e becco <lo João Baplisla) e a rua Larga, drpois Floriano PPixolo, aberta em terra,, óa thacara de ~lanul'I Casado Yianna, cujo antecessor, o .\nlonio \"irira, P mni t•onhrcidn nas chronicas da te ra pelv seu apPllido. Por mais conhecedor que ~e seja das anlignidac.les desta :=:etasLi~nopol is, custa hojr 1·rr-011hecet• o Jogar r-m que existia a antiga villa, cm cujos pr inc·ipios tivera o sru corLume o José d Co:;la. Qurm dirá haYer alli rxi<>li<lo a eg1·eja dP S. Joaquim, qur .-:ub.-liluiu a antiga rapl'lla doada aos mPninos orpbãos de S . Prdro pl'IO \fanuel dr CamJ)OS Dias? AXTIQUALHAS E MEMORIAS DO RIO DE JANEIRO 39 O l!lelhoramenLo realizado graças á dynami le occupa va a mente dos nossos homens ha mais de cinc-oenLa annos. Demolida n. velha egreja de SancLa Anna e inaugurada a estrada de ferro, fa llava-se na vantagem de prolongar a rua Larga ale\ á Prair.ha, pbr commodidade do commcrcio. Projeclos e projectos foram apresentados, mas lodos naufrágavam anle a vonla.Oe do alto, que não queria se tocasse na egre.ja de S . .Joaquim, anuexa ao Imperial Collegio. InLcrdicla poe muito tempo e srm ;»restar serviços ao culto religioso, abrigou ella sob seus leclos o Lyceu de Attes e Officios. o InsliluLo Commercial, a Dircctoria da Irn;trueção Pubiica, e até uma estação policial, na casa. que serYin de resirlencia aos antigos reitores do boje Gymnasio Nacional. l\las querer é podei·. e o dr. Passos entendeu que esse estado de cousas não podia conlinuar. Como Cesar elle póde exclamai' - vení - vicli - vici. E tu elo foi feito; as baiucas da rua Eslreila, as casas de tavolagens e de quitandeiras, as lobregas lojas de violeiros vão dar togar a bellos edificios, que causarão in\'eja aos da rua Acre e da Avenida Treze de Maio . E por fallar em violeiros. E' uma industria que xai em plena decadcncia . Tantos eram elles a principio e domiciliados na actual rua Theopbilo Ottoni, que fizeram trooar o nome antigo de Domingos Coelho pelo de Violas. Dahi emigraram para a rua ex-EsLreita, hoje alargada. Em 1799, porém, seóundo reza o AI manach de Duarte Nunes. existiam na cidad(' apenas quatro lojas de violas, donde se conclue ser esse mais ou menos .o numero dos industriaes recenLPmenLe desalojados com as demolições . Enlrelanto, com ser feita, tenho saudades da antiga rua FJstreita . Recordações da mocidade do tempo do Collegio Pedro II. Era o caminho favorito de grande numero de collegiaes. Enquanto uns buscavam de preferencia a rua da Imperatriz para enticar com o celebre Alves, o paLriarcba dos cebos, feio como sapo e in~mundo como porco, outros preferiam a rua em questão. Principalmente para apreciarem os trabalhos de <lesobslrucção da aotig~ valla, que fpita uma Yêz por anno durava longos mezcs . Alli, do lado ímpar ainda conservado, existe 40 RE\'IS'l' A DO L'i'STI'l'U'l'O HIS'l'ORICO riequena casa terrca. habitada, ha quarenta e seis annos, pela quitandeira Jo~cpha. que, por dous ou quatro vintens. nos vendia vamonha, pés de moleque, pipocas, amendoins e ba- nanas. A' porta da boa africana faziamos ponto, esperando o togu~ .Je chamada para as aulas. Esse servi!;o era executado, .:om toda a pericia. ás 8 314 da manhã, pelo creoulo Xavier, bonito lypo, de gafo1·i11a reparUda ao centro - est:-ada da liberdade, como então se dizia . O Xavier agarrava-se ao sino grande de S. Joaquim e só largava o badalo depois de tee visLo das ruas circunvizinhas os retardat:irios affluirem á po:'taria . Ainda, ha dias, IJ.Pr lá passei para vt1r os melhoramentos postos em práclica e notei a casa habitada pela celebre 29, l'ival da Vacca B1·ava e da ponto1·a dos Oculos. Para prevenir gracej os do rapazio mun ia-se a megéra de comDr-ida ;varn de marmelleiro, a qual conservava os meninos em distancia respeilcsa . Estes, Livres do alcance da 29, dirigiam- Lhe chufas e. pilherias, o que lhes valia grossas descomposturas, accompanhadas de gestos indecentes . .Não foi ainda demolido o sobradinho de jane llas de peitoril ende i·esidia a Joanninha, Du lcinéa de certo professoi: do Coltegio. Em um bello dia teve aquelle, em plena aula, ligeira syncope. Acode~n os cliscipulos e o sympathico Viegas. in;;pector de alumnos. Um destes, aliás muito bom estudante, no meio do sarilho, ou por ingenuidade oo por malícia, lembra-se de correr a uma das janellas e gritar para que a Joanninha viesse soccorrer o ....... que estava morre11ao. A moça leve o bom senso de não atravessar á rua. O profossor restabeleceu- se e soube do faclo . Jurou rep.r.ovar o rapaz . Este agarrou-se ao Paula Brito e á propria Joanninha, e por muito fa\-Or passou simplesmente l Na esquina da rua do Fogo (Andradas), apresentando tres faces, uma para esta rua. outra para a das Violas (tambem dos Tres Cegos) , e a terceira para a rua Estreita, existe ainda grande sobrado, hOje historico . Pertenceu outr'ora aos l\farinh.Qs, senhores do Engenho de Tapacurá. Foi comprado mais. tarde pelo official de marinha José ANTlQUALH.\$ E ~lEHORL\S DO RlO l>J<: JAi.~EIRO 41 Domingues Moncorvo, bis-avô do de. Arthur Moncorvo. Conquanto Po~·tuguc-z de nascimento, José Domingues adheriu sinceramenLe á causa do Brasil. Pot• vezes cedeu setts soldos para as 1wge11cias do Eslado e contribuiu com avulta~ J as sommas para a construcção de um navio de guerra. Em 21 de Junho de 1821, na casa referida, reuniram-se os paLriolas com o fim de inaugurar a Loja J\Iaçonica Cpmw.e1·c'io e Ai·tes. All i concertaram-se planos cm favor da Indepenclencia, á qual, como é sabido, a i\façonaria prestou importantes e inolvidavcis serviços. Em 1831 foi a rua Eslt'eita lbeatro de um acontecimento, que trouxe em resu ltado a reforma do antigo Seminario de B. Joaquim. Os collegiaes. que não primavam por muita disciplina, deram estrondosa Yaia e desacataram ccrt.o indi\·iduo. Este dirige- se ao Governo pedindo proYidencias. E r a ministro da J usliça o padre Diogo Antonio Feijo, que immediatamenle enviou em 1° Lle Dezembro ao bispo Coulinhc o seguinte aviso : - «Exmo. e Revm. Sr. - A Regcncia em nome do Imperador manda remei.ter a V. Ex. o requerimento incluso de Anacleto Fragoso Rbodcs, queixando-se de ter sido insultado pelos Seminaristas de S. Joaquim; afim de V. Ex . dar as providencias necessarias, não só- para serem punidos os motores daquellc insulto, como para que se não 1·epitam aolos semelhantes. E se os estatutos da casa nau · providencfom a tal 1·espeito, então V. E.e. participe por csla Secretaria de EsLado para se mandar procedee juaicialmentc contt·a · os clelinquentes. > Dlas <l!'!poís appareceu a reforma do Seminario, assignada pelo minislro do Impcrio José Lino Coutinho, lirando i casa da Jurisdicção do diocesano e entregando- a á Gamara Municipal. O sobrado. silo ou tr'ora nos fundos da egreja. lembra certo faclo occon!do entre o reitor Sousa Corrêa e venerando sacerdotu. p1!()fessor de Philosophia. Corrõa, aliás disl.incto official de marinluÍ, era cm demasia a trabil ia rio e s-rosseiro alé á brulal idade. Ern rnáo dia t• lente procurou o reitor afim de combinar eertas all.r•raçõcs no programma de ensino. Corrõa estava no banho, e o criado convidou o sacerdote a esperar. 42 REVIST.... DO l~-STITUTO HJSTORICO Depoi.s <le :onga rlemora appareceu o reilor, mãos no!' bolsoi;:, e sobri>ceuho carregado: - Que quer, seu padrr ? - \' enho le'11l·1·ar a V. S. que não po3so nem davo enlrar cm gran<les p:n'l1cularidades sôhrr a'l donlrinas de Epicuro, porque . .. - Or:i, f.'li para io.lo quo aqui veio ? At·ranjr-se com os rapazes, que en naclu tenho com hislorias tio hicudos e botocudos l l ! 'las Neciso 1; dizer alguma cou1'a .sõbre as antiguidades da rua. qul!' 1.l'or<1 avtinle pa:>::ou a ser alargada. Foi ella aber·ta de um lado Pm parle da mui conhécída llha Sêcca, 1.ona de terrenns enxutos e que existia no meio de pantanos e Jagõa~. De outra pa1·le f'oi ccn:;t:Luida por terras ti1·adas d a grande e antiga chacarn da Co11ceição dos Coqueiros, de Cl'Hl foi dono Antonio Coelho LolJo, e em 1737, seu cunhado Anlunio Vida! tle Caslilhvs. 'l'empos depois era senhor dessa rxlensa superfície ,Talifi•> Jos1\ de Oliveira . ~luito modernamente, <la chacara dos Coq11ei1·os linha o domínio ulil o commc:ntladt'r Jcão AlYes Affonso. A Prefeitura. segundo ultimas noticias, dadas pelos jorna;c>s. :tdquiriu por 60 coutos í::SSa propriedade, que ainda hoje alJrange grau d 3 ex l t·n:,ão . Da rua da Conceição para a egreja, a rua Eslrcitn, salvo êrro, ofoi formada á cmla de terras de Manuel de Campoc; Dias. J~' o que resulta da car la de aforamento, passada pela Camara em .1 de Outubro de li&>, e de lres braças de ohãos d..: te.,tada na nta di! S. J>rdro. da Valla para o Campo com wtr brat;as de ft111<lo para a Ilha Secca. fazendo canto com a rua. que i-ae da Capellinha da Conceição do Coneoo para a pedrefra, pas~ad!l ao alferes Tgnacio da Co;;la Machado, de que poga de fõrn, "m cada um anno, no,•<'crnlos e sessenta róis~. Esses Lerrenos haviuni perlencido ao padre Dionysio Corrêa de Freitas. O alferr'l, cm sua petição, ai lega que taes terras, depois da morte do padre. sP. achm·ão desde mmloa annos devolutas orcttpflflns súme11te por um mo11tt1ro1 que no tempo de ag1Ã(].ç só .~errr rle encharcar as ruo~. Al\TIQU_~l,HAS E l\fE7'fORIAS DO RlO VE JANEIRO 43 Na medição feita pela Gamara diz-se: ~e se achou ter oa frente na rua de S. Pedro ires braças. fazendo can_Lo na rua que atravessa da Capellinha da Conceição do Conego para a Pe<lrefra e de fundos sete braças a dividir com fundos que .í'orão de Manuel Campos Dias, ltnje perlencentcs ao Seminarío de S. Joaquim:1> . Falta-nos espaço para mais . E o que Yai referido basta pa!'a dar aos lei lo1'es lembranças ela an Liga rua Estrei La. !'ião tem ellas, sou o primeiro a reconhecer, grande impo··tancia. São apenas pequeno conlingente de minha admiração por mais e~s(:; nielhoramcnlo, q11r muito vai conoorrcr para dar ao nosso Rio de Janeiro feir:ão moderna, de belleza, confõrto e de hygiene . Não desanime o prefeito e, em CRso de duvida, agarre-.se a Sane ta Rita. qne alli fica á mão. Dizem as velhas ser a beroma de Cassia a sancta elos impossiveis. 3-0 de Janeiro de 1905. --~if-- IlM DESENHO DE HENRIQUE FLEIUSS 'tiMA SESSÃO IMPERIAL Na l'X.trnsa relaçã-0, o"gamzadà pelo Yiscoode de Taunay extrangeiros illustres P. prestimosos, que concorreram com todo o exfõrço e dedicação para o engrandecimento intelleclual, arlíslico. moral, mil iLar, 1iLtcrariÓ, economico, industrial. commercial e material d-0 Brasil, occupa Ioga:- homoso 0 nome d0 inolvidavel Henrique Fleiuss. Era iil ho lcgilimo do dr. Henrique Fleiuss, direcLor geral da In~trucc;.ão Publica úa ·Prussia, e de d. C'..aLharina Yon Drach, ermã rl" rommandante Max OLto Frederico YOn Drach, morfo na batalha de l~ylau. Veio para o Brasil em 1858. Em 1S60, 1s,:ociado a seu crmão Carlos Fleiuss e a Carlos Lindr., fundou a Semana fl.lttslralla, i1osso p~imeiro jornal bumoristico, que duran le 16 annos realizou o ?·idendo ca$tiaat de