RELAÇÕES CULTURAIS INTERNACIONAIS DE TORRE DE MONCORVO (SÉCULOS XV-XVII) Retábulo de Moncorvo apresenta, evidencia-se o encontro com São Joaquim, à Porta Dourada da Muralha de Jerusalém, que foi empedrada e só se abrirá no Dia do Juízo final. A história remata no painel central com Santa Ana no faldistório, já no Paraíso, rodeada pelos seus três maridos, com trajes semelhantes e chapéus iguais. No Céu não há ciúmes nem pecado. Santa Ana foi exaltada pelos humanistas a partir do século XV e largamente durante o século XVI, apontada como esposa ideal, opondo-se à feiticeira tentadora que leva o homem ao pecado. Na Alemanha a caça às bruxas fez mais de 130 000 mortes… Santa Ana tornou-se, pedagogicamente, exemplo da educadora, representando o ideal feminino das Irmandades e Corporações. Em Portugal divulgou-se o nome de Ana, no baptismo, a partir do século XV e igualmente a sua imagem. Por vezes aparece ao lado a Virgem Maria, adolescente, a quem ensina a ler. O livro aberto no regaço diz, normalmente: Deus, Pátria, Platão? O tríptico flamengo da Igreja Matriz da Torre de Moncorvo tem nas costas das tábuas centrais marcas de garantia da qualidade do trabalho dos escultores e da qualidade do ouro usado na pintura, autenticando-o com sinais da corporação dos escultores de Antuérpia. Em que circunstâncias veio para Moncorvo esta peça artística? É evidente a sua anterioridade à data da construção da Igreja matriz. Esta abriu ao culto em finais do século XVI, ou já mesmo nos começos do XVII. Terá o tríptico vindo da primitiva Igreja, situada no lugar da Misericórdia? Mas em que circunstâncias foi adquirido na Flandres? Em troca de produtos da região? O intermediário foi algum mercador de Moncorvo? 65