Boletim Informativo das Pesquisas do Projeto Paleotocas
Número 14 – Janeiro de 2011
Site: www.ufrgs.br/paleotocas
Responsável: Prof. Heinrich Frank
Contato: [email protected]
EDITORIAL
Este ano de 2011 poderá ser muito
proveitoso para as pesquisas do Projeto
Paleotocas. Com a experiência adquirida, com
os contatos já feitos e com o apoio de um
projeto de pesquisa que providencia as verbas
necessárias
ao
trabalho
de
campo,
provavelmente os resultados serão muito
satisfatórios.
E, é claro, desejamos a todos os
amigos e colaboradores que tenham um ano
de muito sucesso, saúde e realização
profissional.
PALEOTOCAS DE
SÃO JOAQUIM - RS
Em novembro, uma equipe do Projeto
Paleotocas visitou São Joaquim, na serra
catarinense, proferindo palestra sobre
paleotocas no Casa de Cultura, em uma
promoção da Gerência de Turismo, Cultura e
Esporte da SDR São Joaquim.
O evento foi amplamente divulgado na
região e o auditório esteve lotado. Com isso,
foram repassadas informações e discutido o
potencial turístico das paleotocas que foram
encontradas em São Joaquim.
Distribuição Dirigida
Fone: 51.30320382
PROJETO PALEOTOCAS
PUBLICOU 12 TRABALHOS
Durante o ano de 2010, as pesquisas
do Projeto Paleotocas resultaram em 12
trabalhos diferentes publicados em eventos
científicos. Estes eventos ocorreram tanto no
Rio Grande do Sul com em outros estados
brasileiros (RJ, PR), além de uma
participação em um encontro no Uruguai.
Trata-se de um número significativo,
que representa tornar público dados e
conclusões obtidos através de muito trabalho
de campo, discussão interna no grupo e
discussão com pesquisadores de outras áreas.
Além disso, todos os trabalhos estão
disponíveis na Internet para os interessados,
na
página
do
Projeto
Paleotocas
(www.ufrgs.br/paleotocas), outra iniciativa
inédita, pois normalmente os trabalhos ficam
guardados
apenas
em
bibliotecas
universitárias e revistas especializadas, de
difícil acesso ao público não-acadêmico.
Esperamos, com isso, retribuir o
interesse e a cooperação que temos recebido
de centenas de pessoas ao longo do ano.
Muitos trabalhos estão em inglês para que
interessados de outros países também possam
acompanhar os trabalhos. A tradução é
simples: basta copiar o texto e colá-lo no
“Google Tradutor”; a tradução é instantânea.
PREGUIÇAS NADA PREGUIÇOSAS
As paleotocas mais freqüentes possuem
diâmetros entre 0,8 e 1,3 metros e podem ser
atribuídas, com pequena margem de erro, às
várias espécies de tatus gigantes que vivam na
América do Sul no último milhão de anos.
E os megatúneis? Paleotocas com 3 metros de largura, 2 metros de altura e até 40 metros de
comprimento? Animais que cavam túneis não cavam túneis muito mais largos que o próprio corpo,
pois isso apenas permitira a entrada de predadores grandes. Portanto, os megatúneis precisam ser
atribuídos a animais muito grandes. Quem poderia ter cavados esses megatúneis?
A fauna que habitou a América do Sul no último milhão de anos é conhecida como
“Megafauna Pleistocênica”, pois inclui mais de uma dúzia de animais de grande porte:
- os tigres de dentes-de-sabre (Smilodon) e ursos muito grandes (Arctotherium)
- os glyptodon – semelhantes a tatus, mas com carapaça rígida, pesando 1 tonelada
- elefantes (Stegomastodon) e animais parecidos com camelos (Macrauchenia)
- animais semelhantes a rinocerantes sem chifres (Toxodon)
- lhamas (Paleolama) e cavalos com 400 quilos de peso (Hippidion)
- várias espécies de preguiças-gigantes (Scelidotherium, Mylodon, Megatherium, etc)
Com exceção das preguiças-gigantes, nenhum destes animais tinha mobilidade e garras para
cavar túneis. Portanto, por exclusão, concluímos que os megatúneis foram provavelmente escavados
por preguiças-gigantes, animais cujo peso variava entre 800 quilos e 5,0 toneladas. Como as
larguras dos corpos das preguiças-gigantes não devem ter sido superiores a 1,3 metros, os túneis são
grandes demais para uma preguiça-gigante só.
Temos que concluir, então,
que os megatúneis foram escavados
e
habitados
por
preguiças-gigantes,
manadas
de
grupos
familiares que incluíam fêmeas,
machos jovens e filhotes, como
acontece hoje em dia com os
elefantes africanos.
Paleotocas em Eventos Científicos
No início de dezembro/2010 transcorreu a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Paleontologia – Seção Rio Grande do Sul (PALEO RS) no auditório do Instituto de Geociências da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Campus do Vale, em Porto Alegre.
O evento reuniu mais de 100 inscritos e contou com a apresentação de 29 trabalhos
científicos em forma de pôster e 23 trabalhos científicos apresentados oralmente. A organização
esteve ao cargo do Laboratório de Paleontologia de Vertebrados da UFRGS.
O Projeto Paleotocas participou com 4 trabalhos:
1. “Riscos de Vida e Saúde em Pesquisa de Paleotocas” – o trabalho detalha as
possibilidades de ficar doente ou morrer em função dos riscos associados a esse tipo de pesquisa. É
a primeira vez que se apresenta esse tipo de abordagem.
2. “Estratégias para Descobrir Paleotocas” – para encontrar as paleotocas, é necessário
considerar o imaginário popular, que atribui as paleotocas a causas naturais, personagens históricos
e entes míticos.
3. “Fungos em Paleotocas” – um dos fungos de paleotocas, identificado por DNA,
representa um risco à saúde daqueles que entram em paleotocas.
4. “Novo Padrão de Marcas de Garra em Paleotocas” – apresentou-se um padrão bem
diferente de marcas de garra que encontramos em uma paleotoca em São José do Hortêncio.
Com isso, o Projeto Paleotocas participou pelo terceiro ano consecutivo da PALEO RS.
NOVAS OCORRÊNCIAS - 1
No TocaNews de abril/2010 relatamos a história do Josoé Amorim, que alinhou um
barranco para a construção de uma casa e que encontrou ali uma paleotoca, um túnel com 21 metros
de comprimento cheio de água cristalina.
A água é tão boa que Josoé trabalhou duas semanas dentro da paleotoca tirando a lama, as
pedras e outros entulhos até deixar o túnel bem limpo. Depois construiu uma cisterna em frente à
paleotoca, colocou uma bomba submersa dentro da toca e abastece sua casa com água da paleotoca.
Deve ser o único poço horizontal do mundo !
Bem, os trabalhos de limpeza daquele barranco continuaram e, uma vez lavada a poeira com
as águas da chuva, apareceram mais paleotocas ! Infelizmente entulhadas com areia, mas sem
dúvida paleotocas. No mínimo 4.
Limpamos o contorno das paleotocas preenchidas com uma enxada, o que mostra bem a posição dos
túneis.O túnel ao lado do nosso colaborador Inácio Weber se estende em direção ao fotógrafo, no chão.
Esse achado confirma um fato que já constatamos em outros locais: onde há uma paleotoca,
tem mais. As paleotocas ocupam lugares bons para habitar, com água por perto, boa insolação,
longe de enchentes, etc. É o caso aqui. Provavelmente todo o barranco está cheio de paleotocas, o
problema é encontrá-las.
NOVAS OCORRÊNCIAS - 2
Durante as viagens que faz, o geólogo automaticamente passa os olhos nos cortes do terreno
ao longo da estrada para ver se não há algo interessante. Neste caso foi assim: estávamos em
viagem a Boqueirão do Leão quando, a 80 km por hora, vislumbramos uma crotovina – paleotoca
preenchida - na altura do quilômetro 343 da BR-386 (Tabaí-Canoas), em Lajeado. A crotovina
estava bem definida e tinha um diâmetro de aproximadamente um metro.
No outro dia, voltando pela mesma rodovia, constatamos que houve retirada de aterro no
corte e que a crotovina tinha sido destruída. Isso foi muito rápido .....
NOVAS OCORRÊNCIAS - 3
A mesmo situação da ocorrência
anterior: passando por Ivoti, constatamos que
foi implantada uma terceira pista na rodovia
que sobe do “Buraco do Diabo” à cidade.
Reduzimos a marcha do carro e
passamos, bem lentamente, pelo barranco
recém-escavado.
Tiro e queda: encontramos duas
crotovinas com mais de um metro de diâmetro
em uma porção do barranco.
Ivoti é pródiga em paleotocas !
NOVAS OCORRÊNCIAS - 4
MAIS UM MEGATÚNEL !
Trabalhamos, em 12-13/12/2010, na paleotoca de Boqueirão do Leão, na propriedade Laudir
Ogliari. Fizemos uma limpeza, obtivemos fotografias de boa qualidade e confirmamos as enormes
dimensões da paleotoca: 3-4 metros de largura, 2 metros de altura e 37 metros de comprimento.
Na ocasião, investigamos uma entrada lateral que já tinha sido vista anteriormente. De fora,
via-se lá dentro uma superfície côncava que muito se parecia ao teto de uma grande paleotoca. A
entrada estava muito entupida, muito desabada, ninguém conhecia ou tinha entrado. Retiramos as
pedras da entrada, alargamos a passagem e entramos no vão.
NOOOOOSSA ! É a porção final de um megatúnel com as mesmas dimensões do outro. A
porção acessível tem 11 metros de comprimento, 3 metros de largura e pelo menos 1,5 metro de
altura. Trata-se, portanto, de uma outra megapaleotoca, provavelmente escavada ao longo do tempo
por manadas de preguiças-gigantes, situada em um nível abaixo da outra e cuja saída em direção à
superfície está completamente entupida. E esse megatúnel era inteiramente desconhecido.
NOVAS OCORRÊNCIAS - 5
Por último, vamos apresentar aqui a ocorrência do Loteamento Paraíso, localizado na cidade
de Gravataí, às margens da RS-118.
Entre o Loteamento e a RS-118 foi aberta uma rua enorme, com duas pistas de cada lado e
um canteiro central, que por enquanto não dá em lugar nenhum. Aparentemente está aguardando a
tão-prometida duplicação da RS-118 para se ligar a ela.
Suspeitamos que, em um corte tão grande, poderia haver paleotocas, abertas ou entulhadas
com areias. E é claro, encontramos um total de 25 túneis, todos eles entulhados.
A ocorrência mostra, mais uma vez, que locais propícios à construção de túneis
normalmente contém uma quantidade grande deles. Locais com boa insolação, sem possibilidades
de enchentes, perto de um arroio ou rio, etc. E, quando a rocha é muito argilosa, como na região de
Gravataí, Cachoeirinha, Canoas, etc, a ocorrência de túneis abertos é quase impossível. Quando se
encontra uma ocorrência, o túnel está entulhado com sedimentos.
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EDITORIAL PALEOTOCAS DE SÃO JOAQUIM - RS