Glauco Alves Pereira Aves da Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil RELATÓRIO TÉCNICO 1 Glauco Alves Pereira Aves da Mata do Estado São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil RELATÓRIO TÉCNICO RECIFE -PE NOVEMBRO, 2009 2 CRÉDITOS CONSULTOR Glauco Alves Pereira REVISÃO TÉCNICA Diele Lôbo Sônia Aline Roda ORGANIZAÇÃO Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste - CEPAN FOTOGRAFIAS Créditos nas legendas APOIO Subprograma Projetos Demonstrativos – PDA/MMA Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste - AMANE Conservação Internacional do Brasil Agencia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Esta publicação está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Atribuição: Uso Não Comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil. Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem obras derivadas sobre esta publicação com fins não comerciais, contanto que atribuam adequadamente crédito aos autores e licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros. Você pode: Copiar e distribuir os textos desta publicação Criar obras derivadas a partir dos textos desta publicação Sob as seguintes condições: Atribuição: você deve dar crédito aos autores originais, de forma especificada no crédito do texto. Uso não-comercial: você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. Compartilhamento pela mesma Licença: se você alterar, transformar ou criar obra com base nesta, você somente poderá distribuir a obra resultante sob uma licença idêntica a esta. Para citação bibliográfica: PEREIRA, G. A. Aves da Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil. Relatório Técnico. Recife: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste. 2009. 3 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 1 2. MÉTODOS ..................................................................................................................... 1 3. AVIFAUNA ..................................................................................................................... 4 3.1. Espécies ameaçadas de extinção e endêmicas.............................................. 7 3.2. Espécies indicadoras da qualidade ambiental ............................................ 10 3.3. Aves cinegéticas e ‘aves de gaiola’ ............................................................. 12 4. ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO E REGENERAÇÃO DA MATA DO ESTADO ...................... 14 5. AMEAÇAS E IMPACTOS À BIODIVERSIDADE ............................................................... 15 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 16 Apêndice: Lista das aves registradas Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. 4 1. APRESENTAÇÃO Este relatório tem como objetivo caracterizar a avifauna da Mata do Estado – fragmento de floresta Atlântica Ombrófila Montana, com cerca de 600 ha, localizada no município de São Vicente Férrer, Pernambuco. A Mata do Estado é uma das cinco áreas selecionadas pelo Projeto Apoio a Criação de Unidades de Conservação na floresta Atlântica de Pernambuco para ser elaborada proposta de criação de uma unidade de conservação pública. Portanto, as informações aqui apresentadas também visam contribuir com subsídios para endossar a proposta de criação de uma unidade de conservação para esta área. 2. MÉTODOS As informações de ocorrência de aves utilizadas neste relatório foram compiladas a partir de consultas às publicações existentes, como estudos ornitológicos publicados (Roda, 2003; Roda et al., 2003; Roda & Carlos, 2004; Roda & Pereira, 2006) e a base de aves do Centro de Endemismo Pernambuco do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN). Também foi realizada uma incursão a campo entre os dias 20 e 21 de março de 2009, na qual foi acrescentada algumas espécies de aves ocorrentes nos diversos ambientes encontrados na Mata do Estado, como o florestal, aquático (açudes e brejos) e áreas abertas (pastos, áreas de cultivo, etc.) (Figura 1). 1 Figura 1 – Ecossistema florestal na Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. Os avistamentos foram realizadas nos períodos da manhã (das 5 às 9:30h), tarde (das 15:00 às 18:00h) e noite, esta última, no intuito de se registrar aves de hábitos noturnos, como corujas e bacurais. Para auxiliar na identificação das espécies, foram utilizados um binóculo Tasco sonoma de aumento 8 x 42 mm, um gravador SONY TCM 5000 – EV e um microfone ultradirecional Sennheiser ME 67 “long shotgun”. Com estes dois últimos equipamentos foi realizado um banco de dados com as vozes das aves gravadas. Para a identificação das espécies florestais, em algumas ocasiões foi realizada a técnica do play back, onde as espécies de comportamentos mais discretos são atraídas pela emissão de sua voz através do gravador. Também foram utilizados guias de campo e livros especializados para auxiliar na identificação das espécies, tais como Ridgely & Tudor (1989, 1994), Sick (1997), Souza (1998), Erize et al. (2006), Sigrist (2006). A nomenclatura científica e classificação taxonômica seguem o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2008). Para os nomes populares das espécies utilizaram-se os nomes presentes na lista das aves do estado de Pernambuco (Farias et al., 2008). As espécies exóticas invasoras foram consideradas de acordo com a lista das espécies encontradas em Pernambuco (CEPAN, 2009). 2 O status de ocorrência das espécies foi obtido seguindo-se os trabalhos de Sick (1997) e RODA (2003), onde as aves foram classificadas em: 1) residente (espécie que se reproduz na região); 2) Migrante meridional (espécie migrante do hemisfério sul); 3) migrante setentrional (espécie migrante do hemisfério norte); 4) introduzida (espécie trazida de outros locais e solta indevidamente na região); 5) status desconhecido (espécie não enquadrada em nenhuma categoria anteriormente citada); e, 6) extinta (espécie que não existe mais na natureza). Quanto ao uso do habitat, as espécies foram classificadas em a) dependentes espécies associadas ao interior de florestas, podendo em alguns casos, também ocorrer em ambientes de borda; b) semi-dependente - compreende as espécies que ocorrem tanto no interior das florestas e suas bordas como em áreas mais abertas da matriz circundante dos fragmentos; e, c) independente - espécies que habitam áreas abertas, áreas antrópicas, não necessitando de áreas florestais para nenhuma de suas atividades. Essa classificação segue principalmente a proposta por Parker et al (1996), Sick (1997) e Roda (2003). A classificação das espécies quanto ao nível trófico foi baseado em seus itens alimentares: a) Frugívoros, quando sua base alimentar são frutos ou, também artrópodes; b) Granívoros, quando se alimentam de grãos; c) Insetívoros, quando se alimentam de artrópodes; d) Nectarívoros, quando a base da sua alimentação é o néctar das flores (inclui-se nesta categoria, também, uma grande quantidade de artrópodes); e) Onívoros, quando os táxons alimentam-se de artrópodes, frutos, grãos e pequenos vertebrados; f) Predadores, quando se alimentam de pequenos vertebrados e/ou grandes insetos; g) Aquáticos, são as espécies que se alimentam na água, podendo ser de artrópodes e suas larvas, algas, brotos, etc; h) Detritívoros, que se alimentam de matéria em decomposição. Essa classificação baseou-se principalmente em Ridgely & Tudor (1989; 1994), Sick (1997) e Roda (2003). O status de conservação foi obtido através de informações de endemismo e de ameaça dos táxons. Os endemismos da floresta Atlântica estão de acordo com Parker et al. (1996) e Roda (2002). Para as espécies restritas ao Centro Pernambuco, seguiu-se Stattersfield et al. (1998), Roda (2002) e Silveira et al. (2003a). A classificação das espécies ameaçadas e as suas categorias foi baseada no Livro Vermelho da Fauna 3 Brasileira Ameaçada de Extinção (Machado et al., 2008) e a lista vermelha global da IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2009). 3. AVIFAUNA Um total de 166 espécies de aves pertencentes a 41 famílias foi registrado na Mata do Estado, sendo a maior parte das espécies pertencentes às famílias Tyrannidae (16,8%), Thraupidae (9%), Thamnophilidae (8,4%) e Trochilidae (7,2%) (Figura 2, Apêndice). Todas as espécies registradas são residentes, reproduzindo na região, ou ao menos realizam pequenas migrações regionais. Nenhuma espécie exótica foi observada. Na Mata do Estado 75.3 % das espécies observadas são dependentes ou semidependentes do ambiente florestal, ou seja, necessitam da floresta para manutenção de pelo menos parte de suas atividades biológicas. O restante não apresenta associação com esse ambiente, sendo encontrados em áreas abertas, como pastos, campos e áreas alagadas, no entanto, ocasionalmente podem ser observados em bordas das matas ou nas copas das árvores (Figura 3). Os grupos tróficos mais representativos quanto ao número de espécie são: os insetívoros e frugívoros, com 68 e 35 espécies, respectivamente. O grupo trófico com menor representatividade foi o dos detritívoros, com apenas duas espécies (Figura 4). 4 Famílias Cardinalidae Coerebidae Scleruridae Conopophagidae Bucconidae Momotidae Trogonidae Nyctibiidae Tytonidae Psittacidae Cracidae Tinamidae Parulidae Polioptilidae Troglodytidae Hirundinidae Vireonidae Tityridae Ramphastidae Alcedinidae Cathartidae Ardeidae Fringillidae Icteridae Caprimulgidae Strigidae Columbidae Turdidae Pipridae Dendrocolaptidae Cuculidae Rallidae Falconidae Furnariidae Picidae Emberizidae Accipitridae Trochilidae Thamnophilidae Thraupidae Tyrannidae 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 5 5 6 10 12 14 15 28 0 5 10 15 20 25 30 Número de espécies Figura 2 - Representatividade geral das famílias de aves assinaladas para a Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. 5 Independente, 41 Dependente, 80 Semidependent e, 45 Figura 3 – Uso do hábitat das espécies de aves na Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. SDE = semi-dependente; DEP = dependente. 80 Número de espécies 70 68 60 50 40 35 30 19 20 16 13 8 10 5 2 0 INS FRU PRE ONI NEC AQUA GRA DETR Categorias Tróficas Figura 4 - Número de espécies por categorias tróficas na Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. INS – Insetívoro; FRU – Frugívoro; ONI – Onívoro; NEC – Nectarívoro; GRA – Granívoro; AQUA – Aquático; PRE – Predador; DETR – Detritívoro. 6 3.1. ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO E ENDÊMICAS Ao todo 21 espécies/subespécies ameaçadas de extinção foram observadas na Mata do Estado, sendo 21 registradas na lista do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (Machado et al., 2008) e sete na lista global da IUCN (2008), merecendo destaque a choquinha-de-alagoas Myrmotherula snowi, espécie classificada como Criticamente Ameaçada em ambas as listas. Quanto aos endemismos foram encontradas dezenove espécies endêmicas ao Centro Pernambuco (porção litorânea da floresta Atlântica entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte) e oito à floresta Atlântica brasileira (Tabela 1). Tabela 1 – Espécie e subespécies ameaçadas de extinção e endêmicas da Floresta Atlântica ou do Centro Pernambuco. Categorias de ameaça: VU = Vulnerável; EP = Em Perigo; CR = Criticamente Ameaçado. Endemismo: CP = restritas ao Centro Pernambuco; FA = restritas à Floresta Atlântica Brasileira. Ameaça Lista Nacional Ameaça Lista Global Endemismo - - FA Cercomacra laeta sabinoi VU - CP Conopophaga melanops nigrifrons VU - CP Curaeus forbesi VU EP FA Dendrocincla fuliginosa taunayi EP - CP Euphonia pectoralis - - FA Florisuga fusca - - FA Hemithraupis flavicollis melanoxantha - - CP Momotus momota marcgraviana EP - CP Myrmeciza ruficauda soror EP EP CP Myrmotherula snowi CR CR CP Penelope superciliaris alagoensis EP - CP Phylloscartes ceciliae EP EP CP Picumnus exilis pernambucensis VU - CP Platyrinchus mystaceus niveigularis VU - CP Pyriglena leuconota pernambucensis VU - CP Ramphocelus bresilius - - FA Schiffornis turdina intermedia - - CP Synallaxis infuscata EP EP CP Tangara cyanocephala corallina VU - FA Espécies Aphanthochroa cirrochloris 7 Tangara fastuosa VU VU CP Terenura sicki EP EP CP Thalurania watertonii VU - FA Thamnophilus aethiops distans EP - CP Thamnophilus caerulescens pernambucensis VU - CP Xenops minutus alagoanus VU - CP Xiphorhynchus fuscus atlanticus VU - FA Entre as aves ameaçadas de extinção, merece destaque a presença de três espécies descritas na década de 1980, na região de Murici, em Alagoas, que foram posteriormente, encontradas em Pernambuco, são elas: o zidedê-do-nordeste Terenura sicki (Figura 5), o cara-pintada Phylloscartes ceciliae e a choquinha-dealagoas Myrmotherula snowi (Figura 6). Essas espécies merecem destaque, pois, além de apresentarem área de distribuição restrita ao Centro Pernambuco, atualmente ocorrem em poucos locais desta região, tendo suas populações diminuídas principalmente pelo desmatamento e perda de hábitats. Durante a visita nos dias 20 e 21 de março, indivíduos do zidedê-do-nordeste foram observados em diversos pontos, vocalizando nas copas das árvores, principalmente nas bordas da mata. O cara-pintada foi ouvido no interior do fragmento em poucas ocasiões. Não detectamos a presença da choquinha-de-alagoas. Outra espécie ameaçada, o anumará Curaeus forbesi (Figura 7), se destacou pela grande quantidade de indivíduos observados, principalmente durante as primeiras horas da manhã. O jacu Penelope superciliaris alagoensis, não foi detectado durante nossa visita, no entanto é uma ave muito conhecida pelos nativos da região pelo valor de sua carne, sendo muito procurada por caçadores. A subespécie de jacu registrada na Mata do Estado ocorre apenas nos estados de Alagoas e Pernambuco. Segundo Silveira et al. (2003a) essa subespécie é capaz de agüentar determinados níveis de desmatamento e caça, sendo encontrados no nordeste do Brasil tanto em fragmentos bem conservados como em fragmentos altamente degradados. Outra espécie encontrada com freqüência nas bordas da mata foi o pintorverdadeiro Tangara fastuosa (Figura 8). Alguns casais foram observados movimentando-se constantemente em árvores que continham bromélias, utilizando-as como local para nidificação. Na floresta Atlântica pernambucana, essa espécie nidifica entre os meses de janeiro e abril (Farias et al., 1996; Silveira et al., 2003b). Algumas 8 espécies e subespécies ameaçadas, porém menos exigentes ao processo de fragmentação foram registradas, principalmente nas bordas das matas, a espantaraposa Thamnophilus caerulescens pernambucensis se destacou por ser constantemente observada. Essa subespécie também é abundante em outros fragmentos florestais do Centro Pernambuco (Farias et al, 2007; Farias, 2009). Figura 5 - Zidedê-do-nordeste Terenura sicki (Foto de Ciro Albano). Figura 6 - Choquinha-de-alagoas Myrmotherula snowi (Foto de Ciro Albano). 9 Figura 7 - Anumará Curaeus forbesi (Foto de Ciro Albano). Figura 8 - Pintor-verdadeiro Tangara fastuosa (Foto de Ciro Albano). 3.2. ESPÉCIES INDICADORAS DA QUALIDADE AMBIENTAL Dois grupos de passeriformes florestais representam importância fundamental para a Mata do Estado, são os insetívoros de sub-bosque e os escaladores de troncos. No primeiro grupo, representados principalmente pelas famílias Thamnophilidae e Tyrannidae, estão espécies como a choquinha-de-alagoas Myrmotherula snowi, a 10 choquinha-de-flanco-branco M. axillaris, a choquinha-lisa Dysithamnus mentalis, o chororó-didi Cercomacra laeta sabinoi, o formigueiro-de-cauda-ruiva Myrmeciza ruficauda soror e a choca-lisa T. aethiops distans, patinho Platyrinchus mystaceus niveigularis, abre-asa Mionectes oleagineus, dentre outros. Esses táxons são importantes indicadores do estado em que se encontra a floresta (Pitarelli et al., 2008), estando ausentes em áreas altamente fragmentadas, que perderam parte dos micro-hábitats existentes anteriormente. No segundo grupo estão os representantes das famílias Picidae e Dendrocolaptidae, como o pica-pau-anão-canela P. fulvescens, o pica-pau-de-topete-vermelho Dryocopus lineatus, o picapauzinho-avermelhado Veniliornis affinis, o arapaçu-pardo Dendrocincla fuligionosa taunayi e o arapaçurajado Xiphorhynchus fuscus atlanticus, dentre outros. De acordo com Soares & Anjos (1999) as espécies escaladoras de tronco também são importantes, cuja presença pode ser empregada para verificar como está a qualidade ambiental de uma floresta. Outro grupo registrado, também considerado importante elemento na análise da qualidade ambiental são os grandes frugívoros representados na Mata do Estado pelos tucanos e araçaris, o jacu Penelope superciliaris alagoensis e o surucuá-debarriga-vermelha Trogon curucui (Figura 9). Esses grandes frugívoros são mais especializados e sensíveis à fragmentação florestal, pois dependem de extensas áreas florestadas onde existe disponibilidade constante de alimentos durante o ano (Willis, 1979; Aleixo & Villiard, 1995). Os frugívoros de porte menor, como os pertencentes à família Thraupidae, Pipridae e Fringillidae também desempenham importante papel no cenário local, atuando como potenciais dispersores de pequenas sementes no ambiente florestal. Os predadores, representados pelos gaviões, falcões e corujas, que estão no topo da cadeia alimentar, são duramente afetados pela fragmentação florestal, dado que muitas dessas espécies necessitam de extensas áreas florestais para reproduzir, caçar e realizar movimentos migratórios (Ferguson-Lee & Christie, 2001). A Mata do Estado merece destaque por apresentar registros de aves de rapinas com poucos registros no Centro Pernambuco, como o gavião-tesoura Elanoides forficatus e o gaviãozinho Gampsonyx swainsonii (Roda & Pereira, 2006). 11 Figura 9 - Surucuá-de-barriga-vermelha Trogon curucui (Foto de Ciro Albano). 3.3. AVES CINEGÉTICAS E ‘AVES DE GAIOLA’ Algumas espécies cinegéticas foram registradas, como o lambu-espanta-boiada Crypturellus parvirostris, o jacu Penelope superciliaris alagoensis (Figura 10), a rolinhacaldo-de-feijão Columbina talpacoti, a juriti-gemedeira Leptotila rufaxilla e a parari Geotrygon montana (Figura 11). Apesar da presença dessas espécies, nenhuma atividade de caça foi observada no interior do fragmento nem nas áreas vizinhas. Também foi assinalada a presença de diversas espécies consideradas como ‘aves de gaiola’, que são espécies procuradas por criadores de aves, seja no intuito de criar ou de comercializá-las em feiras livres da Região Metropolitana do Recife e em outros estados (Pereira & Brito, 2005). As principais espécies encontradas neste trabalho são: tapacu Forpus xanthopterygius, sabiá-gongá Turdus rufiventris, sabiábranco T. leucomelas, sabiá-bico-de-osso T. amaurochalinus, sabiá-golada T. albicollis, encontro-de-prata Tachyphonus rufus, sangue-de-boi Ramphocelus bresilius, sanhaçudo-azul Thraupis sayaca, sanhaçu-do-verde T. palmarum, pintor-verdadeiro Tangara fastuosa, pintor-coleira T. cyanocephala corallina, frei-vicente T. cayana, verdelim Dacnis cayana, saíra Cyanerpes cyaneus, tiziu Volatinia jacarina, papa-capim Sporophila nigricolis, patativa-golada S. albogularis, galo-de-campina Paroaria dominicana, papa-pimenta Saltator maximus, xexéu-de-bananeira Icterus cayanensis, 12 anumará Curaeus forbesi, papa-arroz Molothrus bonariensis, vem-vem Euphonia chlorotica e guriatã E. violacea. Nenhuma captura de aves silvestres foi flagrada, porém algumas espécies foram observadas em gaiolas no terraço de algumas residências próximas à Mata do Estado. Figura 10 - Jacu Penelope superciliaris alagoensis (Foto de Sérgio Leal). Figura 11 - Parari Geotrygon montana (Foto de Ciro Albano). 13 4. ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO E REGENERAÇÃO DA MATA DO ESTADO A Mata do Estado apresenta um avançado estágio de regeneração, estando a maior parte bem conservada. Alguns pontos mostram-se em estágio mais recente de regeneração, principalmente nos locais mais afastados, que foram possivelmente impactados por ação humana no passado. O avançado estágio de regeneração possibilita os mais variados estratos e micro-hábitats no ambiente florestal. Concluindo então, a maior diversidade de microhábitats favorece uma maior diversidade de espécies de aves. O sub-bosque sombrio, por exemplo, pode ser habitado por espécies mais sensíveis a luminosidade, como o formigueiro-de-cauda-ruiva Myrmeciza ruficauda soror (Figura 12). O sub-bosque mais aberto, iluminado, próximo a bordas de matas serve de moradia para espécies menos sensíveis à fragmentação, como o papa-formiga-pardo Formicivora grisea. Árvores mortas na floresta, com buracos servem de refúgio para pica-paus e arapaçus. Grandes cupinzeiros nas árvores são excelentes locais para o sucucuá-de-barriga-vermelha Trogon curucui nidificar. O dossel da floresta, com árvores imensas, é o local preferido dos grandes araçaris e tucanos e de alguns gaviões, como o gavião-pedrês Buteo nitidus e o gavião-da-mata Micrastur semitorquatus, escutados constantemente na Mata do Estado. Nos ambientes de áreas abertas (capinzais e áreas abertas, como pastos, áreas antrópicas com árvores esparsas e plantações) foram encontradas diversas espécies de aves como o lambu-espanta-boiada Crypturellus parvirostris, o gavião-carijó Rupornis magnirostris, o papa-capim Sporophila nigricollis e o papa-arroz Molothrus bonariensis. O ambiente aquático, mesmo com poucas espécies registradas também é importante para a manutenção das aves de hábitos aquáticos e semiaquáticos. Nos brejos com vegetação paludosa foram encontrados jaçanãs e os pequenos ralídeos. No açude, facilmente são observados a andorinha-do-rio Tachycineta albiventer, os martins-pescadores e os socós. Vale salientar que a conservação da Mata do Estado está diretamente relacionada à preservação dos recursos hídricos da região, que fornece água para alguns municípios da região. 14 Figura 12. Formigueiro-de-cauda-ruiva Myrmeciza ruficauda soror (Foto de Ciro Albano) 5. AMEAÇAS E IMPACTOS À BIODIVERSIDADE Apesar dos níveis de regeneração e conservação da Mata do Estado, alguns pontos negativos e impactos sua biodiversidade local devem ser mencionados: Na Mata do Estado não existe nenhum posto de fiscalização, nem sequer vigilantes que possam intervir ações de desmatamento ou outra ação ilegal; Na Mata há algumas trilhas que são utilizadas constantemente pela população nativa, servindo principalmente como atalhos para escolas, passagem de bois e acessos a outros vilarejos; O cultivo da banana, uva, macaxeira, e outras culturas agrícolas ladeiam a Mata do Estado, estando muito próximas da borda da mata; A pecuária, principalmente a criação de gado bovino, caprinos e asininos (burros) é uma ameaça ao fragmento, pois foram encontrados alguns indivíduos desses grupos em áreas de pastos próximas ao açude da Mata do Estado. Apesar da presença desses animais, não foi observada a presença ou mesmo vestígios dos mesmos no interior do fragmento. Em um trabalho realizado na área em 2006, também foi observada a presença desses animais no entorno do açude (Livramento et al., 2006). 15 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEIXO, A.; VIELLIARD, J. M. E. Composição e dinâmica da avifauna na Mata de Santa Genebra, Campinas, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 12 (3): 493-511, 1995. CEPAN. Contextualização sobre Espécies Exóticas invasoras – Dossiê Pernambuco. Recife: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, 2009. CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos). Lista das aves do Brasil. Versão 05/10/2008. Disponível em http://www.cbro.org.br, 2008 ERIZE, F.; MATA, R. R. M.; RUMBOLL, M. Birds of South América. Non Passeriformes: Rheas to Woodpeckers. Princenton, Princenton University Press, 2006. FARIAS, G. B. Variação temporal em uma comunidade de aves em áreas de Mata Atlântica na Estação Ecológica de Caetés, Pernambuco, Brasil. Atualidades Ornitológicas 147: 40-45, 2009. FARIAS, G. B.; SIQUEIRA-FILHO, J. 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Ambientes: FL (Floresta), AB (Áreas abertas), AL (Áreas alagadas). Espécie Família Tinamidae Crypturellus parvirostris Família Cracidae Penelope superciliaris alagoensis Família Ardeidae Tigrisoma lineatum Butorides striata Família Cathartidae Cathartes aura Coragyps atratus Família Accipitridae Leptodon cayanensis Elanoides forficatus Gampsonyx swainsonii Elanus leucurus Geranospiza caerulescens Rupornis magnirostris Buteo nitidus Buteo brachyurus Buteo albonotatus Família Falconidae Caracara plancus Milvago chimachima Herpetotheres cachinnans Micrastur ruficollis Micrastur semitorquatus Família Rallidae Aramides cajanea Laterallus viridis Laterallus melanophaius Pardirallus nigricans Família Columbidae Columbina talpacoti Leptotila rufaxilla Geotrygon montana Nome Popular Status Uso do habitat Grupo trófico FL lambu-espanta-boiada RES IND FRU jacu RES DEP FRU socó-boi socozinho RES RES IND IND AQUA AQUA urubu-de-cabeça-vermelha urubu-de-cabeça-preta RES RES IND IND DETR DETR x x gavião-de-cabeça-cinza gavião-tesoura gaviãozinho gavião-peneira gavião-canela-seca gavião-carijó gavião-pedrês gavião-de-cauda-curta gavião-de-rabo-barrado RES RES RES RES RES RES RES RES RES DEP SDE IND IND SDE IND IND SDE DEP PRE PRE PRE PRE PRE PRE PRE PRE PRE x x carcará carrapateiro acauã falcão-caburé gavião-da-mata RES RES RES RES RES IND IND SDE DEP DEP PRE PRE PRE PRE PRE três-côcos sanã-castanha cambonje saracura-sanã RES RES RES RES SDE SDE IND IND AQUA AQUA AQUA AQUA rolinha-caldo-de-feijão juriti-gemedeira parari RES RES RES IND DEP DEP GRA FRU FRU Ambientes AB AL x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 19 x x Espécie Família Psittacidae Forpus xanthopterygius Família Cuculidae Piaya cayana Crotophaga ani Guira guira Tapera naevia Família Tytonidae Tyto alba Família Strigidae Pulsatrix perspicillata Glaucidium brasilianum Rhinoptynx clamator Família Nyctibiidae Nyctibius griseus Família Caprimulgidae Nyctiphrynus ocellatus Caprimulgus rufus Caprimulgus parvulus Família Trochilidae Glaucis hisurtus Phaethornis ruber Phaethornis pretrei Eupetomena macroura Aphanthochroa cirrochloris Florisuga fusca Anthracothorax nigricollis Chlorostilbon notatus Chlorostilbon lucidus Thalurania watertonii Amazilia fimbriata Heliothryx auritus Família Trogonidae Trogon curucui Família Alcedinidae Megaceryle torquata Chloroceryle amazona Família Momotidae Momotus momota marcgraviana Família Bucconidae Nystalus maculatus Família Ramphastidae Ramphastos vitellinus Pteroglossus inscriptus Família Picidae Nome Popular Status Uso do habitat Grupo trófico FL Ambientes AB AL tapacu RES IND FRU x x x alma-de-gato anu-preto anu-branco peitica RES RES RES RES SDE IND IND IND INS INS INS INS x x x x x x x x x x coruja-rasga-mortalha RES IND PRE coruja-bode caburé coruja-orelhuda RES RES RES DEP SDE IND PRE PRE PRE x x x x x x mãe-da-lua RES SDE PRE x x bacurau-ocelado joão-corta-pau bacurau-chintã RES RES RES DEP IND IND INS INS INS x x x x balança-rabo-de-bico-torto beija-flor-carrapato rabo-branco-acanelado beija-flor-rabo-de-tesoura beija-flor-cinza RES RES RES RES RES DEP DEP SDE IND SDE NEC NEC NEC NEC NEC x x x x x x x x beija-flor-desenhado bizunga beija-flor-de-garganta-azul besourinho-flor-de-bico-vermelho beija-flor-de-costas-violetas beija-flor-de-garganta-verde beija-flor-de-bochecha-azul RES RES RES RES RES RES RES DEP SDE DEP SDE DEP SDE DEP NEC NEC NEC NEC NEC NEC NEC x x x x x x x surucuá-de-barriga-vermelha RES DEP FRU x fura-barreira martim-pescador-verde RES RES IND SDE AQUA AQUA udu-de-coroa-azul RES DEP INS x dorminhoco RES IND INS x tucano-de-papo-amarelo tucano-perereca RES RES DEP DEP FRU FRU x x x x x x x x x x x 20 Espécie Nome Popular Status Uso do habitat Picumnus exilis pernambucensis Picumnus fulvescens Veniliornis affinis Veniliornis passerinus Dryocopus lineatus Família Thanophilidae Taraba major Thamnophilus palliatus Thamnophilus caerulescens pernambucensis Thamnophilus aethiops distans Dysithamnus mentalis Myrmotherula axillaris Myrmotherula snowi Herpsilochmus atricapillus Herpsilochmus rufimarginatus Formicivora grisea Terenura sicki Cercomacra laeta sabinoi Pyriglena leuconota pernambucensis Myrmeciza ruficauda soror Família Conopophagidae Conopophaga melanops nigrifrons Família Scleruridae Sclerurus mexicanus Família Dendrocolaptidae Dendrocincla fuliginosa taunayi Sittasomus griseicapillus Dendroplex picus Xiphorhynchus fuscus atlanticus Família Furnariidae Synallaxis infuscata Synallaxis frontalis Certhiaxis cinnamomeus Xenops minutus alagoanus Xenops rutilans Família Tyrannidae Grupo trófico Ambientes AB x pica-pau-anão-de-pintas-amarelas RES DEP INS FL x pica-pau-anão-canela picapauzinho-avermelhado picapauzinho-anão pica-pau-de-topete-vermelho RES RES RES RES SDE DEP SDE SDE INS INS INS INS x x x x x chorró-olho-de-fogo choca-listrada espanta-raposa RES RES RES SDE SDE DEP INS INS INS x x x x x choca-lisa RES DEP INS x choquinha-lisa choquinha-de-flanco-branco choquinha-de-alagoas chorozinho-de-chapéu-preto chorozinho-de-asa-vermelha RES RES RES RES RES DEP DEP DEP DEP DEP INS INS INS INS INS x x x x x papa-formiga-pardo zidedê-do-nordeste chororó-didi papa-taioca RES RES RES RES SDE DEP DEP DEP INS INS INS INS x x x x formigueiro-de-cauda-ruiva RES DEP INS x cuspidor-de-máscara-preta RES DEP INS x vira-folha-de-peito-vermelho RES DEP INS x arapaçu-pardo RES DEP INS x arapaçu-verde arapaçu-de-bico-branco arapaçu-rajado RES RES RES DEP SDE DEP INS INS INS x x x x tatac tio-antônio casaca-de-couro bico-virado-miúdo RES RES RES RES DEP SDE IND DEP INS INS INS INS x x x x bico-virado-carijó RES DEP INS x AL x x x x 21 Espécie Nome Popular Status Uso do habitat Mionectes oleagineus Leptopogon amaurocephalus Hemitriccus griseipectus Poecilotriccus fumifrons Todirostrum cinereum Phyllomyias fasciatus Myiopagis gaimardii Elaenia flavogaster Elaenia spectabilis Camptostoma obsoletum Phaeomyias murina Capsiempis flaveola Phylloscartes ceciliae Tolmomyias sulphurescens Tolmomyias flaviventris Platyrinchus mystaceus niveigularis Myiophobus fasciatus Myiobius barbatus Lathrotriccus euleri Cnemotriccus fuscatus Fluvicola nengeta Arundinicola leucocephala Legatus leucophaius Myiozetetes similis Pitangus sulphuratus Empidonomus varius Tyrannus melancholicus Myiarchus tyrannulus Família Pipridae Neopelma pallescens Manacus manacus Chiroxophia pareola Pipra rubrocapilla Família Tityridae Schiffornis turdina intermedia Pachyramphus polychopterus Família Vireonidae Cyclarhis gujanensis Vireo olivaceus Família Hirundinidae Stelgidopteryx ruficollis Tachycineta albiventer Grupo trófico abre-asa cabeçudo RES RES SDE DEP FRU FRU FL x x maria-de-barriga-branca ferreirinho-de-testa-parda relojinho pássaro-fantasma maria-pechim maria-já-é-dia guaracava-grande risadinha bagageiro marianinha-amarela cara-pintada bico-chato-de-orelha-preta RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES DEP DEP SDE DEP DEP SDE SDE IND IND SDE DEP DEP INS INS INS FRU FRU FRU FRU INS INS INS INS INS x x x x x x x x x x x x bico-chato-amarelo patinho RES RES DEP DEP INS INS x x x filipe assanhadinho enferrujado guaracavuçu lavandeira viuvinha bem-te-vi-pirata bem-te-vi-do-pequeno bem-te-vi peitica bem-te-vi-de-cercado mané-besta RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES RES IND DEP DEP DEP IND IND DEP SDE IND SDE IND SDE INS INS INS INS INS INS FRU ONI ONI INS INS INS x x x x x bate-caralho rendeira dançarino soldadinho RES RES RES RES DEP DEP DEP DEP FRU FRU FRU FRU x x x x flautim-marrom RES DEP FRU x caneleiro-preto RES DEP INS x x pitiguari chorão-da-mata RES RES DEP DEP INS INS x x x andorinha-serradora andorinha-de-papo-branco RES RES IND IND INS INS x x x x x x Ambientes AB AL x x x x x x x x x x x x x x x x x 22 x x x Espécie Família Troglodytidae Troglodytes musculus Pheugopedius genibarbis Família Polioptilidae Ramphocaenus melanurus Polioptila plumbea Família Turdidae Turdus rufiventris Turdus leucomelas Turdus amaurochalinus Turdus albicollis Família Coerebidae Coereba flaveola Família Thraupidae Nemosia pileata Thlypopsis sordida Tachyphonus cristatus Tachyphonus rufus Ramphocelus bresilius Thraupis sayaca Thraupis palmarum Tangara fastuosa Tangara cyanocephala corallina Tangara cayana Tersina viridis Dacnis cayana Cyanerpes cyaneus Chlorophanes spiza Hemithraupis flavicollis melanoxantha Família Emberizidae Volatinia jacarina Sporophila nigricollis Sporophila albogularis Tiaris fuliginosus Arremon taciturnus Paroaria dominicana Família Cardinalidae Saltator maximus Família Parulidae Basileuterus culicivorus Basileuterus flaveolus Família Icteridae Icterus cayanensis Curaeus forbesi Nome Popular Status Uso do habitat Grupo trófico FL Ambientes AB rouxinol garrinchão RES RES IND DEP INS ONI x x bico-assovelado RES DEP INS x gatinha RES SDE INS x x sabiá-gongá sabiá-branco sabiá-bico-de-osso sabiá-golada RES RES RES RES SDE SDE SDE DEP ONI ONI ONI ONI x x x x x x sebito RES SDE NEC x x saíra-de-chapéu-preto canário-de-folha tiê-galo encontro-de-prata sangue-de-boi sanhaçu-do-azul sanhaçu-do-verde pintor-verdadeiro pintor-coleira RES RES RES RES RES RES RES RES RES SDE SDE DEP SDE DEP SDE SDE DEP DEP FRU FRU FRU FRU FRU ONI ONI FRU FRU x x x x x x x x x x x frei-vicente tangará verdelim saíra bico-doce saíra-galega RES RES RES RES RES RES SDE DEP DEP DEP DEP DEP FRU ONI FRU FRU FRU FRU x x x x x x x tiziu papa-capim patativa-golada cigarra-do-pará salta-caminho-da-mata galo-de-campina RES RES RES RES RES RES IND IND IND DEP DEP IND GRA GRA GRA GRA ONI ONI x x x papa-pimenta RES DEP ONI x pula-pula canário-do-mato RES RES DEP DEP INS INS x x xexéu-de-bananeira anumará RES RES SDE SDE ONI ONI x x AL x x x x x x x x x x x x x x 23 Espécie Nome Popular Status Uso do habitat Molothrus bonariensis Família Fringillidae Euphonia chlorotica Euphonia violacea Euphonia pectoralis Grupo trófico papa-arroz RES IND ONI vem-vem guriatã guriatã-preta RES RES RES SDE DEP DEP FRU FRU FRU FL x x x Ambientes AB x x x 24 AL