Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 144 IMPACTO DO USO DE HERBICIDAS SOBRE A ATIVIDADE MICROBIANA E CRESCIMENTO DA SOJA Ariely Pinheiro CalumbyDelagiustina ¹; Maria Helena Moraes¹; Fábio Fernando de Araújo². ¹Discentes– UNOESTE. ² Docente ‐ UNOESTE RESUMO A utilização de agrotóxicos tem se tornadocada vez mais freqüente nas plantações das mais variadas culturas, ondeestão sendo utilizados para um melhor crescimento das plantações e também na eliminação de ervas daninhas e possíveis pragas.Um uso continuodestes produtos trará malefícios imensuráveis ao meio ambiente, onde aliado a outras atividades potencialmente poluidoras poderá comprometer todo o ecossistema.Neste trabalho avaliou‐se o impacto do uso de herbicida na atividade microbiana no solo com a plantação de soja, onde foram distribuídos dosagens diferentes de herbicidas em diferentes amostras.O experimento foi realizado no Campus II da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), Presidente Prudente – SP durante os meses de novembro e dezembro de 2011. O mesmo foi acompanhado durante trêssemanas, realizando‐se técnicas para contagem de bactérias presentes no solo, respiração do solo, medição e pesagem das plantas.Com os resultados obtidos constatou‐se que a aplicação do herbicida em doses pré‐ determinadas proporcionou um aumento na atividade microbiana e no desenvolvimento das plantas, e estas dosagens não acarretaram danos significativos a microbiota do solo. Palavras‐chave:Atividade microbiana. Glycinemax. Bioremediação. INTRODUÇÃO Há alguns anos, principalmente após a “Revolução Verde”, moléculas orgânicas obtidas por rotas sintéticas, têm sido muito utilizadas na agricultura para o controle de plantas daninhas. Essas moléculas receberam o nome de herbicidas. Grande parte desses compostos é transformada, por processos biológicos por meio de enzimas existentes em animais, plantas e microrganismos, e essas transformações geralmente resultam na degradação da estrutura molecular do composto em formas menos complexas (TAUK, 1990). Mas, se as condições ambientais não forem adequadas para a degradação, as moléculas do pesticida podem permanecer no solo, dando origem ao chamado efeito residual, o que implica em problemas quando se trata de sucessão de espécies sensíveis a esses compostos (PIRES et al., 2005). Quando algum tipo de material orgânico é acrescentado a um solo em que foi aplicado um determinado herbicida, este material poderá atuar de duas maneiras no comportamento da molécula: aumentando a sorção do herbicida, indisponibilizando‐o, ou ativando a microbiota do solo e, assim, promovendo um aumento de sua degradação . Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012 Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 145 As doenças na cultura da soja (Glycinemax) vem aumentando gradativamente a cada ano. A utilização incorreta dessas substâncias juntamente com o manejo inadequado dessas doenças, podem acarretar grande danos aos produtores. As principais doençasda parte aérea da cultura são o oídio, a mancha parda,o crestamento foliar e atualmente destaca‐se a ferrugemasiática (LUDWING, M. P. et al). O herbicida Fulisade ® 250 EW, é um herbicida sistêmico, que se translocaaposimplasticamente, concentrando−se nospontos de crescimento das plantas e acarretando a sua morte (SEAB – PR). É um herbicida muito ativo e específico para ocontrole de gramíneas anuais e perenes nas culturas do algodão, alface, cebola, cenoura, batata, feijão, soja e tomate (LUDWIG, 2010). OBJETIVO Este trabalho teve como objetivo analisar o impacto na atividade microbianae na respiração do solo em função da aplicação de diferentes dosagens de herbicida. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na estufa e no laboratório de microbiologia da UNOESTE, no período de novembro de 2011 a fevereiro de 2012. Montagem dos vasos e aplicação dos tratamentos Peneirou‐se aproximadamente 160,0 quilos de solo local para o enchimento de vinte vasos, que foram divididos em cincotratamentos. Cada tratamento continha quatro vasos (repetições) com 8,0 quilos de solo cada um. Em seguida, distribuiu‐se o herbicida na superfície do solo em doses diferentes caracterizando‐se cinco tratamentos: dose de 0 ml (testemunha), dose de 0,5 ml, dose de 5ml, dose de 10 ml e dose de 50 ml para cada respectivo Contagem das bactérias As avaliações de contagem de bactérias foram realizadas semanalmente, após a adição do herbicida. Primeiramente, retirou‐se amostras de solo de cada vaso de concentrações distintas. Adicionou‐se 1,0 gramas da amostra de solo em um erlenmeyer, que já se encontra com uma solução salina estéril. Agitou‐se a solução por dois minutos. Fez‐se a diluição, retirando, com o auxílio de uma pipeta esterilizada, 1,0 ml da solução e transferindo para um tubo contendo 9,0 ml de solução salina. Agitou‐se bem o tubo. Repetiram‐se os procedimentos de diluição Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012 Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 146 sucessivamente em três tubos. De cada tubo foi retirado 0,1mL espalhando‐se por toda a superfície da placa de Agar, utilizando a alça de Drigalski (de vidro). Levaram‐se, então, as placas para a incubadora, as quais foram analisadas uma semana depois. Efetuou‐se a contagem de bactérias em cada placa manualmente após três dias. Respiração do Solo Foi realizado avaliação semanal, coletando‐se solo dos vasos em cada tratamento. Pesou‐se 50,0 gramas de solo e o colocou dentro de um frasco hermético. Na sequência, colocou‐se 40,0 ml de solução de hidróxido de sódio, de concentração 0,025M, em um Becker, o qual foi colocado sobre o solo dentro do frasco. Paralelamente, colocou‐se 40,0 ml de solução de hidróxido de sódio, de concentração 0,025M, em um outro Becker, que foi colocado em um frasco sem o solo para servir como o Branco da análise. Após 24 horas, fez‐se a leitura da solução de hidróxido de sódio com o aparelho medidor de condutividade. Avaliação do crescimento de soja Foi semeado cinco sementes de soja no solo em cada vaso. As plantas foram conduzidas durante 60 dias. Decorrido este período, coletaram‐se as plantas, retirando a planta por inteiro dos vasos, as quais foram lavadas para a retirada de toda a terra, que estava aderida na planta, levadas então para o laboratório e separadas a parte da raiz e a parte aérea. Em seguida, pesaram‐ se separadamente partes aéreas e partes da raiz de cada planta. Imediatamente, foram anotados os resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa‐se que o aumento das dosesdo herbicida, aumentou a respiração microbianaapenas na terceira semana, com valor de R² significativo.Na segunda semana ocorreu um decréscimo da respiração microbiana no solo com aumento da dosagem de herbicidas (Figura 1) Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012 Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 147 Figura 1. Desenvolvimento da respiração do solo no cultivo de solo em resposta da aplicação de herbicida. Pode ser observado que a adição de herbicida ao solo proporcionou aumento linear crescentesno número de bactérias no solo na terceira semana, na primeira semana ocorreu um decréscimo na quantidade de bactérias.Isto sugere que com o passar das semanasas bactérias podem ter agido na decomposição das moléculas existentes no solo (figura 2) Figura 2. Número de bactérias no solo sob cultivo de soja em resposta à aplicação de herbicida. Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012 Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 148 Pode se afirmar que a adição do herbicida ao solo, não alterou significativamente o comportamento de produção de massa fresca na parte aérea e raiz em soja(Figura 3) Figura 3. Desenvolvimento das plantas de soja em resposta à aplicação de herbicida. CONCLUSÃO Com a realização das análises laboratoriais e de crescimento das plantas pode‐se concluir que a aplicação do herbicida proporcionou aumento na atividade microbiana na terceira semana após sua aplicação e não interferiu no crescimento das plantas. REFERÊNCIAS LUDWING, M. P. et al. Produtividade de grãos da soja em função do manejo de herbicida e fungicidas. Ciência Rural, Santa Maria, v.40, n.7, p.1516‐1522, jul, 2010. TAUK, S. M. Biodegradação de resíduos orgânicos no solo. Revista Brasileira de Geociência, São Paulo, v.20, n.1‐4, p.299‐301, 1990. PIRES, F. R. et al. Interferências sobre atividade rizosférica de espécies com potencial para fitorremediação do herbicida tebuthiuron. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.29, n. 4, p. 627‐634, 2005. www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/defis/DFI/Bulas/Herbicidas/FUSILADE250EW.pdf Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012